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Ariane Hidalgo Mansano Pletsch André Luiz Lopes de Oliveira Maria Amélia Nascimento Braga Gonçalves Walkiria Shimoya-Bittencourt (Organizadores) Manual das Atividades de Estágio Curricular de Atenção Básica: Curso de Fisioterapia, Universidade de Cuiabá UNOPAR Editora 2019 Diretoria de Pós-Graduação Stricto Sensu e Pesquisa da Kroton Hélio Hiroshi Suguimoto Reitoria da Universidade de Cuiabá – UNIC Maria Angelica Motta da Silva Esser Pró-Reitoria Acadêmica de Universidade de Cuiabá – UNIC José Claudio Perecin Coordenação Acadêmica Edirles Mattje Backes Coordenação do Curso de Fisioterapia - UNIC Maria Amélia Nascimento Braga Gonçalves Conselho Editorial Alberto De Vitta – Universidade Anhanguera Uniderp Elias Nasrala Neto – Universidade de Cuiabá Lorena Frange Caldas – Universidade de Cuiabá Mara Lilian Soares Nasrala – Universidade de Cuiabá Maristela Prado e Silva – Universidade de Cuiabá Renata Bini – Universidade de Cuiabá Silvia Regina Barrile – Universidade de Cuiabá Tiago Henrique Souza Nobre – Universidade de Cuiabá Viviane Martins Santos – Universidade de Cuiabá Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Selma Alice Ferreira Ellwein – CRB 9/1558 C658 Manual das atividades de estágio curricular de atenção básica: curso de Fisioterapia, Universidade de Cuiabá / Ariane Hidalgo Mansano Pletsch... [et al.]. (org.). – Londrina: UNOPAR Editora, 2019. ISBN 978-85-71484-011-9 1. Fisioterapia – Graduação. 2. Fisioterapia – Estágios. 3. Atividades Acadêmicas. I. Pletsch, Ariane Hidalgo Mansano. II. Oliveira, André Luiz Lopez. III. Gonçalves, Maria Amélia Nascimento Braga. IV. Shimoya-Bittencourt, Walkíria. V. Título. CDD 615.82 SUMÁRIO Apresentação ................................................................................................................. 03 PARTE I – Introdução ................................................................................................. 04 PARTE II - Cartilha Educativa ................................................................................... 06 2.1 Cartilha Educativa Impressa ................................................................................. 06 2.2 Apresentação na Sala de Espera da UBS .............................................................. 11 PARTE III – Reconhecimento Geográfico ................................................................. 14 PARTE IV – Atendimento em Grupo ......................................................................... 18 PARTE V – Atendimento Domiciliar .......................................................................... 20 Dados dos Autores ......................................................................................................... 24 3 Apresentação O Estágio Supervisionado contempla atividades integradoras dos conteúdos desenvolvidos ao longo do curso de Fisioterapia e objetiva a vivência da atuação profissional em diferentes cenários. É considerado uma modalidade de ensino obrigatória e constante nas Diretrizes Curriculares Nacionais. A promoção da saúde e a prevenção de agravos, fez com que a fisioterapia através da Saúde Coletiva viesse a trabalhar na atenção primária a saúde, sendo esta, a principal porta de entrada no Sistema Único de Saúde. A partir desta caracterização e da necessidade atual das comunidades e do mercado de trabalho, este estágio propõe identificar e priorizar os problemas de saúde da área de abrangência da Unidade de saúde da família. O estágio realizado na Atenção básica foi desenvolvido seguindo modelos de estudos praticados na Saúde pública do Brasil, com o propósito de: compreender a saúde na comunidade, domicílio e Unidade de Saúde da Família; bem como entender e contextualizar os Programas de Saúde Pública, a fim de identificar, priorizar e resolver os problemas de saúde da população alvo. Se propõem a abranger ações na atenção primária obedecendo aos princípios do SUS como também desenvolver habilidade e competências na atenção básica, promovendo uma assistência individual e coletiva com integralidade, equidade e universalidade sob a ótica da Fisioterapia. Diante deste contexto, o curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá, frente aos desafios impostos para atuar na atenção primária, sentiu a necessidade de padronizar o campo de estágio para auxiliar os estagiários do Estágio Supervisionado em Atenção Básica a desenvolver ações em prol da comunidade como atribuição do estágio. Ariane Hidalgo Mansano Pletsch; Maria Amélia Nascimento Braga Gonçalves; e Walkiria Shimoya-Bittencourt 4 PARTE I – Introdução O Estágio Supervisionado é uma atividade que compõe a Matriz Curricular vigente do curso de graduação de Fisioterapia e constitui um instrumento de articulação teórico-prática, desenvolvido no ambiente de trabalho, em situações reais. De acordo com o Regulamento de Estágio de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá, são considerados objetivos do Estágio supervisionado: I. Propiciar o desenvolvimento de habilidades e competências técnica, científica e ética para o exercício profissional; II. Articular a relação entre teoria e prática, possibilitando aos acadêmicos a integração e aplicação dos conhecimentos constituídos e adquiridos ao longo do curso; III. Avaliar o indivíduo em um contexto biopsicossocial, nas condições de saúde ou de doença; IV. Elaborar diagnóstico fisioterapêutico; V. Selecionar, quantificar, qualificar, prescrever e executar recursos, métodos e técnicas de tratamento fisioterapêutico; VI. Atuar na promoção à Saúde; VII. Atuar na prevenção de enfermidades; VIII. Reavaliar o paciente e reestruturar o programa terapêutico; IX. Eleger o momento da alta da fisioterapia; X. Proporcionar ao aluno visão geral e crítica da atuação profissional; XI. Possibilitar maior interação entre o curso de Fisioterapia e a comunidade. O Estágio Supervisionado em Fisioterapia compreende os seguintes níveis de atuação: a. Estágio Supervisionado em Fisioterapia Ambulatorial b. Estágio Supervisionado em Fisioterapia Hospitalar c. Estágio Supervisionado em Fisioterapia Comunitária (Atenção Básica) 5 Considerando que o Estágio Curricular Supervisionado é composto por práticas fisioterapêuticas supervisionadas com objetivo de prevenir, restaurar e promover a saúdo da criança, do adulto, da mulher, do idoso, do trabalhador e do atleta. Nesta temática, ponderando que os conteúdos procedimentais do Estágio Supervisionado em Atenção Básica, estão relacionados às atividades práticas que englobam as ações coletivas na comunidade e unidade de saúde da família (USF) do Praeiro, visitas domiciliares, atividade de reconhecimento geográfico para o entendimento dos determinantes e condicionantes de saúde bem como ações educativas. Outro apontamento é a integração ensino-serviço-comunidade visando: 1- Desenvolver ações de educação em saúde individual e coletiva; 2- Atuar em parceria nos Programas: HIPERDIA, Controle da tuberculose, Prevenção de Incapacidades em Hansenianos; 3- Realizar Fisioterapia na Escola de Coluna, Grupo de Artrose, Cinesioterapia na urgência e incontinência urinária, 4- Reabilitação em pacientes neurológicos e ortopédicos; 5- Atuar na saúde do idoso, da mulher e da criança; 6- Visitar, avaliar e tratar os pacientes acamados a domicilio na área da USF. Sendo assim, compreender a saúde na comunidade, domicílio e USF, bem como entender e contextualizar os Programas de Saúde Pública torna-se necessário para identificar, priorizar e resolver os problemas de saúde. Dessaforma, o estágio foi desenvolvido para compreender ações na atenção primaria, obedecendo aos princípios do SUS. Consequentemente, pretende despertar no estagiário a habilidade para desenvolver competências na atenção básica e também nas atribuições como Fisioterapeuta. Assim como, promover assistência individual e coletiva com integralidade, equidade e universalidade. Nesta perspectiva, este manual visa auxiliar o acadêmico matriculado no Estágio Supervisionado em Fisioterapia Comunitária (Atenção Básica) a desenvolver as atividades práticas nos diversos ciclos de vida assistidos pela atenção secundária. Dentre as atividades desenvolvidas iremos abordar os seguintes assuntos: elaboração de cartilha educativa e apresentação na sala de espera da UBS, realização de um projeto de Intervenção na comunidade no CRAS, reconhecimento Geográfico, café acolhedor, atendimento em grupo, campanhas educativas e projeto de extensão na comunidade para crianças. 6 PARTE II - Cartilha Educativa A metodologia de concepção dos conteúdos teóricos e formatação da cartilha é uma estratégia prática, de baixo custo, de fácil acesso e efetiva para envolver o aluno e o usuário/pacientes, familiares, cuidadores e comunidade na perspectiva da mudança de comportamento para promoção da saúde e prevenção da doença e de suas complicações. De acordo com Lima e colaboradores (2017), com o material educativo impresso é possível melhorar o conhecimento, a satisfação, a aderência ao tratamento e o autocuidado de pacientes. O material de ensino pode ter impacto positivo na educação de pacientes e ser capaz de ajudá-los a responder às perguntas que possam ocorrer quando esse não estiver interagindo com o profissional de saúde, funcionando como como ferramenta de reforço das orientações verbalizadas. Neste contexto, se faz necessário padronizar, normatizar, direcionar e estimular as ações de educação em saúde considerando a realidade do paciente, seu conhecimento prévio e suas dúvidas, bem como, adequar a linguagem científica, para a realidade cultural e social do usuário/pacientes, familiares, cuidadores e comunidade, pois assim o conhecimento será melhor assimilado e possivelmente colocado em prática. Tal fato irá produzir uma real mudança comportamental, para que essa se mantenha ao longo da trajetória de vida do usuário (GALDINO et al, 2019). Reconhecendo a importância deste instrumento para proporcionar educação em saúde, elencamos os elementos essenciais a serem considerados na elaboração da cartilha impressa. 2.1 Cartilha Educativa Impressa Segundo Almeida (2017), processo de elaboração da cartilha educativa impressa começa com as etapas de definição do tema, definição dos tópicos que irão compor a cartilha, pesquisa bibliográfica, roteiro, desenvolvimento da cartilha, impressão do piloto, impressão e distribuição. Dessa forma, as Etapas de elaboração cartilha educativa impressa que os estagiários irão fazer seguirão os seguintes passo a passo: Passo 1: Definição do tema 7 Passo 2: Definição dos tópicos que irão compor a cartilha Passo 3: Pesquisa bibliográfica Passo 4: Elaboração do roteiro Passo 5: Desenvolvimento da cartilha Passo 6: Impressão do piloto: Passo 7: Impressão e distribuição. Passo 1: Definição do Tema Primeiramente, iniciamos com a caracterização preliminar dos sujeitos do estudo, delimitando o público alvo e assim o tema da cartilha como por exemplo: Ex. 1: cartilha de “Cuidados com os Idosos” (Foto 1) Ex. 2: cartilha de “Orientações à saúde do diabético” Definido o tema, é fundamental a participação do público alvo para entender suas reais necessidades, investigar suas principais dúvidas e preocupações, bem como, seu conhecimento sobre o tema/assunto. Passo 2: Definição dos Tópicos que Irão Compor a Cartilha O segundo passo que é a definição dos tópicos que irão compor a cartilha, estão diretamente relacionados às necessidades do público alvo/ população que será contemplada na cartilha, isto é, suas demandas. Pode ser realizado diagnóstico situacional por meio de entrevista informal (foto 2), como por exemplo: Ex 1: cartilha de “Cuidados com os Idosos” - um dos tópicos pode estar relacionado com a preocupação do idoso em evitar quedas, sendo esta situação diagnosticada na entrevista informal. Ex. 2: cartilha de “Orientações à saúde do diabético” - um dos tópicos pode estar relacionado com a os cuidados com o pé diabético. 8 Passo 3: Pesquisa Bibliográfica Na pesquisa bibliográfica, os estagiários deverão realizar busca com o levantamento de conteúdo nas bibliotecas virtuais: Bireme e Scielo, no portal de Periódico Capes, e nas bases de dados indexadas PUBMED e PEDro; e em sites oficiais de representação de classe profissional (CREFITO e COFITTO), para identificar a existência de cartilhas educativas nos diversos temas pertinentes, bem como, do referencial para o fundamentação científica e embasamento teórico, o qual não pode ser técnico ao ponto do público alvo não entender, tampouco com informações superficiais que não supram a necessidade de compreensão destes. A busca do conteúdo começa com a terminologia, descritores ou “palavras chaves” dentro do tema proposto. Esses foram criados para classificar as informações, identificar os assuntos em um vocabulário próprio e facilitar as pesquisas bibliográficas. O uso correto dos descritores, junto com o resumo do artigo, serve como meio de acesso para localizar e recuperar artigos nas bases de dados e facilita o acesso a informação servindo de filtro entre a linguagem natural e a nomenclatura da área (PELLIZZON, 2004). Na área da saúde, a nomenclatura mais utilizada é dos Descritores em Ciências da Saúde - DeCS. O DeCS é um vocabulário para facilitar o acesso à informação, que permite o uso de terminologia mais ampla, ou específica em três idiomas (inglês, espanhol e português), proporcionando resultados mais objetivos (RIBEIRO, 2006). Para iniciar a busca no DeCS basta acessar o endereço eletrônico: http://decs.bvs.br Figura 1 – Página de abertura dos Descritores em Ciências da Saúde – DeCS. Fonte: http://decs.bvs.br http://decs.bvs.br/ http://decs.bvs.br/ 9 Utilizar os descritores ou palavras chaves sobre o tema escolhido da cartilha educativa impressa, como por exemplo: Ex 1: cartilha de “ cuidados com os idosos” - Descritores ou palavras chaves: “idoso”; “cuidado”; “envelhecimento” Ex. 2: cartilha de “Orientações à saúde do diabético” - Descritores ou palavras chaves: “diabetes mellitus ”; “cuidados”; “pé diabético” Passo 4: Elaboração do Roteiro A elaboração do roteiro da cartilha educativa impressa irá organizar as ideias e ordenar os dados de uma forma clara, objetiva, didática e compreensível para o público alvo público alvo/população que será contemplada. O detalhamento de cada item que compõe a cartilha é de suma importância para sanar quaisquer dúvidas sobre o material ou seu conteúdo, dando uma visão clara do que é essencial introduzir nesta. Almeida (2017), refere sobre a importância da estruturação da cartilha e sobre o detalhamento de cada página da cartilha, das ilustrações (imagens ilustrativas), do conteúdo textual, da linguagem a fim de apresentar um material claro e objetivo. Por exemplo: Exemplo 1 de Roteiro: cartilha de “ cuidados com os idosos” 1. Apresentação - contextualizando o envelhecimento e o idoso no Brasil e mundo. 2. Política Nacional de saúde do Idoso, Estatuto do idoso e SUS. 3. Cuidados de saúde – atividade física, alimentação, higiene, espiritualidade, lazer, etc. 4. Aposentadoria 5. Finanças 6. Atenção às de quedas 7. Informações essenciais: endereços e telefones úteis Exemplo 2 de Roteiro: cartilha de “Orientações à saúde do diabético” 1. O que é Diabetes? 10 2. Tipos de Diabetes 3. Fatores de risco 4. Sintomas5. Pé diabético 6. Por que cuidar dos seus pés? 7. Prevenção e cuidados com os pés diabéticos Passo 5: Desenvolvimento da Cartilha Para desenvolvimento da cartilha educativa impressa podemos ter a contribuição de diferentes profissionais como da área de comunicação, designer gráfico e ilustradores (ALMEIDA, 2017). É necessário, ao elaborar a cartilha, ficar atento ao roteiro, ao conteúdo, a linguagem, as imagens ilustrativas, as cores, papel que será utilizado na impressão, formatação, etc. Para a formatação da cartilha deve-se consultar a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). No entanto, não existem normas técnicas pré-estabelecidas pela ABNT para elaboração de cartilhas. Assim, será produzido um material que permita atingir os objetivos com liberdade de diagramação, podendo ser feita com auxílio do programa Microsoft office Power point e Word, sendo formatada em tamanho A4, fonte Times New Roman e tamanho a ser definido. As imagens ilustrativas devem ser coletadas da Internet (observando o direito de uso) ou do próprio acervo. Passo 6: Impressão do Piloto Realizar uma primeira impressão da cartilha educativa, para revisar, verificar e adequar à linguagem, as cores, a correção da língua portuguesa no material, formatação, imagens/ilustrações, aceitação do público alvo/população, bem como, a validação com os profissionais especialistas na área. Passo 7: Impressão e Distribuição A impressão da cartilha educativa poderá ser realizada por uma gráfica especializada, 11 bem como em estabelecimentos que realizam cópias do original ou ainda em impressora caseira. A distribuição cartilha educativa impressa será realizada ao público alvo/população que foi delimitado quando foi definido o tema da cartilha; na sala de espera da Unidade Básica de Saúde (UBS) 2.2 Apresentação na Sala de Espera da UBS A cartilha educativa impressa será apresentada aos usuários/pacientes, familiares, cuidadores e comunidade na Unidade Básica de Saúde (UBS). Os estagiários serão previamente treinados pelo supervisor para abordar o público alvo/população e realizarão a abordagem simulada nos próprios colegas, para treinar a comunicação assertiva verbal e não verbal a qual é de suma importância para a compreensão dos conteúdos da cartilha educativa impressa. A comunicação pode ter forte influência na satisfação, na adesão ao tratamento e, consequentemente, nos resultados de saúde, recomendando a necessidade de preparo dos profissionais envolvidos para abordagem dos usuários/pacientes, familiares, cuidadores e comunidade, principalmente na Atenção Básica (AB) (ALMEIDA; CIOSAK, 2013). Os estagiários previamente treinados abordarão o público alvo/população, na UBS. Serão organizados em pequenos grupos, realizando uma abordagem individual ou coletiva conforme o número de indivíduos presentes no local; no horário pré-estipulado para a ação. O grupo irá explicar o conteúdo da cartilha educativa impressa, sanando suas dúvidas e demais questionamentos referentes ao tema da cartilha. A adesão do público alvo às orientações dos estagiários através da cartilha irá comprovar a eficiência das explicações e o quanto a comunicação foi assertiva e eficaz nas ações promovidas. 12 Figura 2 – Atividade para Comunidade: Cartilha promoção e prevenção da saúde Fonte: Os autores. Figura 3 – Sala de Espera Fonte: Os autores. 13 Referencias LIMA, A.C.M.A.C.C. et al. Construção e validação de cartilha para prevenção da transmissão vertical do HIV. Acta Paul. Enferm., v.30, n.2, p.181- 189, 2017. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201700028. GALDINO, Y.L.S. et al. Validation of a booklet on self-care with the diabetic foot. Rev. Bras. Enferm., v.72, n.2, p.780-787, 2019. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0900 ALMEIDA, D.M. Elaboração de materiais educativos. São Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, 2017. PELLIZZON, R.F. Pesquisa na área da saúde: 1. Base de dados DeCS (Descritores em Ciências da Saúde). Acta Cir. Bras., v.19, n.2, p.153-163, 2004. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102- 86502004000200013. RIBEIRO, M.P.F. A importância da indexação para a difusão do conhecimento comunicado nas revistas técnico-científicas. REME, v.10, n.1, p.6, 2006. ALMEIDA, R.T.; CIOSAK, S.I. Comunicação do idoso e equipe de Saúde da Família: há integralidade? Rev. Latinoam. Enferm., 2013. doi: https://doi.org/10.1590/S0104- 11692013000400008 http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201700028 http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0900 http://dx.doi.org/10.1590/S0102-86502004000200013 http://dx.doi.org/10.1590/S0102-86502004000200013 https://doi.org/10.1590/S0104-11692013000400008 https://doi.org/10.1590/S0104-11692013000400008 14 PARTE III – Reconhecimento Geográfico A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) norteia as ações da Atenção Básica também conhecida como Atenção Primária em Saúde. Considera a pessoa em sua singularidade e inserção sociocultural, com o propósito da integralidade do cuidado, desenvolvendo ações pautadas na vigilância em saúde - a qual constitui um processo constante de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados dos agravos relacionados à saúde – bem como pretende o planejamento das ações públicas na perspectiva de ações de promoção, proteção da saúde, prevenção e controle de riscos e doenças. Nesta perspectiva, compreende-se que a saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que a melhoria das condições de saúde do indivíduo e do coletivo passa por diversos fatores. Considerando as diretrizes da PNAB podemos referenciar a territorialização e adstrição que permitem o planejamento de forma descentralizada. De forma que as ações setoriais e intersetoriais tenham enfoque da situação de saúde do território, analisando os condicionantes e determinantes da saúde das pessoas e coletividades que estão inseridos em um local, ou seja, adstritos a ele. Em se tratando dos fatores determinantes e condicionantes da saúde, implícitos no artigo 3o da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 que infere que a saúde e seus fatores determinantes e condicionantes sociais. Pois necessita levar em conta que tanto de forma individual ou coletiva os aspectos físicos, psíquicos, sociais, culturais, econômicos, ambientais influenciam no processo saúde doença. Ou seja, os diversos fatores determinantes da saúde, incluem-se os condicionantes biológicos tais como: características individuais (sexo, idade e herança genética), meio socioeconômico e cultural, que abrange acesso educacional e de lazer, estilo de vida e comportamento, acesso aos serviços prestados ao cidadão bem como os níveis de renda e ocupação. Outro aspecto refere-se ao meio físico (fontes de água para consumo, disponibilidade dos alimentos, condições geográficas e de habitação). Nesta perspectiva, a atividade de estágio intitulada “Reconhecimento Geográfico da área de abrangência USF do Praeiro”, é uma atividade de compreensão dos fatores determinantes e condicionantes de saúde no qual o futuro profissional de saúde atuante na atenção primária, em suas ações neste nível de atenção, tem se norteado pelo princípio de Territorialização e Responsabilização Sanitária. Neste contexto, entende-se que o processo de 15 territorialização consiste em uma etapa fundamental de apropriação e conhecimento do território pelas equipes atuantes da atenção básica. Por meio deste princípio, vislumbra-se possibilidade de reconhecimento das condições de vida e da situação de saúde da população de uma área de abrangência, bem como dos riscos coletivos e das potencialidades destes territórios. A dimensão da responsabilidade sanitária revela-se pelopapel de que as equipes devam assumir no seu território de atuação (adstrição) as questões ambientais, epidemiológicas, culturais e socioeconômicas, contribuindo, por meio de ações coletivas em saúde, na redução de riscos e vulnerabilidades, conforme preconiza a PNAB. Destaca-se, neste sentido o reconhecimento Geográfico como uma das estratégias utilizadas na educação em saúde, tendo como proposta avaliação inicial dos determinantes e condicionantes sociais estabelecidas pelas relações nos territórios. O estágio curricular é ponto máximo da autonomia no qual todas as habilidades e competências construídas durante curso são executadas na prática profissional em todos os níveis de atenção à saúde. O Reconhecimento geográfico atende um momento onde o estagiário ambienta-se e coloca através da prática teorizada os determinantes e condicionantes sociais em saúde pertencente ao território. A organização desta ação técnica tem participação importante das equipes da UBS. In loco, os estagiários se reúnem com as equipes, afim de executar o reconhecimento geográfico. Nesta abordagem são previamente debatidos conceitos práticos sobre territorialização e responsabilidade sanitária, na qual surge movimento de ação-reflexão e ação, na tentativa de colocar em prática toda sua competência e habilidade adquirida na trajetória acadêmica. Após isso, ocorre caminhada com integrantes da ESF, sem qualquer indução sobre percepção do que será avaliado, já que o estagiário tem como atribuição refletir seu conhecimento e torna-se sujeito ativo nas ações baseadas em promoção em saúde. Em seu retorno, são alinhadas em grande plenária discussão com todos os participantes, pontos referentes ao planejamento das futuras ações integradas, destacando a contribuição coletiva de todos, objetivando executar em outros momentos, ações sob a perspectiva de educação em saúde, envolvendo atores sociais na busca do cuidado coletivo, trazendo responsabilidade sanitária consciente. 16 Figura 4 – Reconhecimento Geográfico – Bairros de abrangência do Estágio na Atenção Básica do Curso de Fisioterapia da UNIC. Fonte: Os autores. Referências BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 15 abr. 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 15 abr. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes nacionais para o processo de educação permanente no controle social do SUS. Brasília: MS, 2006a. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. A Construção do SUS: histórias da Reforma Sanitária e do processo participativo. Brasília: MS, 2006b. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Coletânea de Normas para o Controle Social do SUS. Brasília: MS, 2006c. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégia e Participativa. Caderno de Educação Popular e Saúde. Brasília: MS, 2007a. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. 13ª Conferência Nacional de Saúde: o Brasil reunido pela saúde e qualidade de vida. Brasília: MS, 2007b. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 17 BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Política nacional de educação permanente para o controle social no sistema único de saúde. Brasília: MS, 2007c. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde. Movimento Sanitário Brasileiro na década de 70: a participação das universidades e dos municípios – memórias. Brasília: CONASESMS, 2007d. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: MS, 2009. BRASIL. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2011/decreto/D7508.htm Acesso em: 15 abr. 2018. BRASIL. Lei Federal n° 12864/13 altera o caput do art. 3° da Lei n° 8080 de 19 de setembro de 1990 - incluir a atividade física como fator determinante e condicionante da saúde. Disponível em: http://www.crefsp.org.br/interna.asp?campo=2520&secao_id=112 Acesso em: 15 abr. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. Saúde. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro092.pdf. Acesso em: 15 abr. 2018. BUSS, P.M.; PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus determinantes sociais. Physis, v.17, n.1, p.77-93, 2007. DAHLGREN, G; WHITEHEAD, M. Policies and strategies to promote social. Equity in Health. Stockholm: Institute for Future Studies, 1991. DAGNINO, E. Sociedade civil, espaços públicos e a construção democrática no Brasil: limites e possibilidades. In: DAGNINO, E. (Org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2002. p.279-302. NOGUEIRA, M.A. Um Estado para a sociedade civil. São Paulo: Cortez, 2004. OLIVEIRA, N.K. Apostila Legislação e Saúde Pública. UNIAMERICAS, 2014. RIBEIRO, R.J. Democracia versus República: a questão do desejo nas lutas sociais. In: BIGNOTTO, N, (Org.). Pensar a república. Belo Horizonte: UFMG, 2005. p.13-25. TARLOV, A. Social determinants of health: the sociobiological translation. In: BLANE, D.; BRUNNER, E.; WILKINSON, R. (Ed.). Health and social organization. London: Routledge, 1996. p.71-93. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro092.pdf 18 PARTE IV – Atendimento em Grupo As atividades em grupo fazem parte do cotidiano da Atenção Primária à Saúde (APS), e é reconhecida como uma ferramenta de promoção da saúde. Também é integrada em uma lista de reorientação dos serviços referenciadas pelo Ministério da Saúde (MS) e compõem procedimentos financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2010). São consideradas ferramentas que oportunizam o entendimento do usuário assistido pelo SUS favorecendo o autocuidado, bem como mudanças no estilo de vida potencializando a melhora e percepção do indivíduo sobre sua saúde (BECCHI et al., 2014; OSABA et al., 2012). Nesta perspectiva, para auxiliar o acadêmico do curso de Fisioterapia recomendamos que o primeiro passo para organizar um grupo é o planejamento, que tem como a principal diretriz o reconhecimento do contexto comunitário que vivenciam. Ao perceber as necessidades comunitárias, isto é, a percepção do reconhecimento do território (territorialização), contribuem para que as práticas devam ser embasadas e norteadas a partir do entendimento do território e, a partir daí, é possível dar voz às necessidades comunitárias (MORE; RIBEIRO, 2010). Assim, as intervenções em Fisioterapia na Atenção Primária são concebidas na realidade do cotidiano do território, observando as singularidades dos usuários e da comunidade; promovendo novas possibilidades de modificar as condições e modos de vida; sendo primordial o olhar ampliado em saúde no qual o sujeito é visualizado em suas múltiplas dimensões, com seus desejos, anseios, valores e escolhas. Nesta temática, o grupo necessita ser concebido, a priori, quanto à sua: finalidade, ou seja: qual é o objetivo do grupo, se tem viés educativo, terapêutico, operativo ou de acompanhamento; com relação e sua estrutura – grupo aberto ou fechado, fomentando o planejamento do quantitativo de encontros previstos e a periodicidade. Vale salientar a importância da avaliação cinesiofuncional de cada participante para delimitar as características específicas (MORE; RIBEIRO, 2010). A proposta dos grupos educativos na APS favorece para resolutividade para diversas situações identificadas no território. Mas é importante uma avaliação crítica para analisar seé a melhor estratégia, considerando aspectos biológicos, sociais e subjetivos (DIAS, 2009). Para melhor compreensão sobre este assunto iremos exemplificar: em uma comunidade são identificados diversos casos de problemas de coluna. Diante do exposto, a equipe decide a criação de um grupo educativo e terapêutico sobre a temática. Foi realizado o atendimento em grupo proporcionando condições de integrar os participantes em torno de 19 determinada(s) tarefa(s) específica(s), sem comprometer a heterogeneidade de seus integrantes. Outro apontamento a ser verificado diz respeito à participação ativa dos integrantes do grupo, de modo a comprometê-los subjetivamente com aquilo que está sendo tratado pelo grupo (MORE; RIBEIRO, 2010). Figura 5 - Atendimento em Grupo Fonte: Os autores. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento. Brasília: MS, 2010. OSABA, M.A.C. et al. The effectiveness of a health promotion with group intervention by clinical trial. Study protocol. BMC Public Health, 2012. doi: 10.1186/1471-2458-12-209. BECCHI, A.C. et al. Avaliação de uma intervenção grupal: qualidade de vida e autonomia em usuários com diabetes mellitus. Rev. Enferm. UFPE. 2014. MORE C.L.; RIBEIRO, C. Trabalhando com grupos na estratégia saúde da família Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2010. DIAS, V.P.; SILVEIRA, D.T.; WITT, R.R. Educação em saúde: o trabalho de grupos em atenção primária. Rev. APS. v.12, n.2, p:221-227, 2009. 20 PARTE V – Atendimento Domiciliar O Ministério da Saúde no ano de 1994, consolida o Programa Saúde da Família (PSF) como política oficial do Ministério da Saúde, com a finalidade do reordenamento do modelo de atenção à saúde existente. A partir daí iniciou-se um modelo de atenção a saúde com enfoque na família como unidade de ação programática de saúde (BRASIL, 1997). Para Gomes (2005), reforçou as diretrizes para as políticas de atendimento à família na perspectiva de atenção domiciliar: - Rompimento da ideia de família sonhada e ter a família real como alvo, considerando a família como um sistema em constante transformação. - Observar o aspecto de fragilidade e vulnerabilidade que a família pode estar inserida, ampliando assim o foco sobre a mesma. - Otimizar o acolhimento com a escuta da família. - Importante não observar a família de forma fragmentada, e sim a abordagem deve ser com ênfase no conjunto de seus membros; se um membro está precisando de assistência, sua família estará também. - Sendo que o Estado não pode substituir a família; portanto a família tem de ser apoiada e ajudada. Outro apontamento que deve ser verificado com relação a Tipologia da Visita Domiciliar na Atenção Básica/ESF. Quanto à ação: 1) Com objetivo de promoção da saúde o e de ações preventivas: Visita à puérpera; Busca de recém-nascido; Busca ativa de doenças infecto-contagiosas; e Abordagem familiar para diagnóstico e tratamento. 2) Com o objetivo de realizar ações terapêuticas: Paciente portador de doença crônica que apresente dependência física; Pacientes idosos com dificuldade de locomoção ou morando sozinhos; Pacientes com problema de saúde que dificulte sua locomoção até a UBS; e Outras situações devem ser discutidas com a equipe. 2.1. Quanto ao responsável pela realização: Pode ser um profissional da equipe local de saúde lotado na UBS: médico, 21 fisioterapeuta, dentista, enfermeiro, nutricionista, farmacêutico, psicólogo, assistente social, técnico ou auxiliar de enfermagem; Pelo agente comunitário de saúde (ACS), sob a supervisão da equipe local de saúde. Figura 6 - Fluxograma de execução da visita domiciliar Fonte: Os autores. Finalmente, deve-se considerar algumas recomendações para a equipe de saúde/ estagiários de Atenção Básica do curso de Fisioterapia com relação à visita domiciliar: Importante visualizar o indivíduo como sujeito do processo de promoção, manutenção e recuperação de sua saúde sendo co-responsável pelo processo saúde- doença; Viabilizar uma atitude para fornecer orientações à família, quando solicitado; Auxiliar no monitoramento do estado de saúde do usuário assistido na visita domiciliar favorecendo a comunicação entre família e equipe; e Confeccionar o plano terapêutico estabelecido para cada pessoa de acordo com a 22 avaliação fisioterapêutica considerando o território onde reside a família bem como seus determinantes e condicionantes de saúde que podem interferir no processo saúde doença. Figura 7 – Atendimento em domicílio – materiais utilizados Fonte: Os autores. Figura 8 – Atendimento em domicílio – Casa de apoio. Fonte: Os autores. 23 Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde/NOB- SUS 96. Brasília: MS, 1997. GOMES, M.A.; PEREIRA, M.L.D. Família em situação de vulnerabilidade social: uma questão de políticas públicas. Ciênc. Saúde Coletiva, v.10, n.2, 2005. KALOUSTIAN, S.M.; FERRARI, M. Introdução. KALOUSTIAN, S.M. (Org.). Família brasileira, a base de tudo. São Paulo: Cortez, 1994. p.11-15. 24 DADOS DOS AUTORES Ariane Hidalgo Mansano Pletsch: Doutora em Ciências, Supervisora do Estágio em Atenção Básica e Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá. André Luiz Lopes de Oliveira Mestre em Educação, Supervisor do Estágio em Atenção Básica e Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá. Maria Amélia Nascimento Braga Gonçalves Mestre em Biociência Animal, Coordenadora do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá. Walkiria Shimoya-Bittencourt Doutora em Ciências, Docente do Curso de Fisioterapia e do Mestrado em Saúde e Ambiente da Universidade de Cuiabá. Pré-textuais.pdf pós-textuais 2.pdf
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