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1ebook Comunicação (2) (1)

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COMUNICAÇÃO
TIAGO PELLIZZARO
SUMÁRIO
Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SU-
PERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na for-
ma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os 
direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É 
proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita.
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS 
REITOR
Claudino José Meneguzzi Júnior
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Débora Frizzo
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Altair Ruzzarin
DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD)
Lígia Futterleib
Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD)
Coordenadora e Designer Instrucional 
Sabrina Maciel
Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem
Igor Zattera, Jaqueline Boeira, Júlia Oliveira, Leonardo Ribeiro 
Revisora
Luana dos Reis
INTRODUÇÃO 3
POR QUE ESTUDAR COMUNICAÇÃO? 4
PRINCIPAIS ASPECTOS DA COMUNICAÇÃO E FUNÇÕES DE LINGUAGEM 8
O PROCESSO E OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 10
RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO E A PRÁTICA DO FEEDBACK 11
FUNÇÕES DE LINGUAGEM 14
A CONSTRUÇÃO DO TEXTO E GÊNEROS TEXTUAIS 16
PASSOS PARA ESCREVER UM BOM TEXTO 17
QUALIDADES DE UM BOM TEXTO 19
TIPOS DE TEXTO 20
SUBJETIVIDADE E OBJETIVIDADE TEXTUAIS 22
GÊNEROS TEXTUAIS 23
OS NÍVEIS DE LEITURA E A INTERPRETAÇÃO 40
A NATUREZA DOS TEXTOS 42
NÍVEIS DE LEITURA 43
ASPECTOS DA ORALIDADE: LINGUAGEM E APRESENTAÇÃO 53
A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS AUDIOVISUAIS 56
CONSIDERAÇÕES FINAIS 58
3COMUNICAÇÃO
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
Para que um objetivo seja atingido, há dois componentes indispensáveis: o emprego 
de um método e a dedicação de quem o estabeleceu.
Rando Kim
Olá! Seja bem-vindo(a) à disciplina Comunicação na modalidade EAD. Sabia que, a cada 
ano, o ensino a distância é a porta de entrada para aproximadamente 20% dos estudantes na 
educação superior no Brasil? Isso mesmo. Um em cada cinco calouros estreia sua vida univer-
sitária através do EAD. Com o passar do tempo, graças ao avanço das Tecnologias de Informa-
ção e Comunicação (TIC), a significância desse modelo de ensino tem gradativamente alcan-
çado patamares maiores. Ressalta-se, entretanto, que duas características são fundamentais 
para o êxito do aluno no EAD: planejamento e disciplina. Planejar, grosso modo, significa 
pensar antes de fazer. Outra forma de conceber “planejamento” é, conforme Michel de Cer-
teau (2001), uma tentativa de conquistar o tempo, projetando o futuro. Talvez, na atualidade, 
o tempo se constitua no recurso mais precioso e também no mais difícil a ser administrado, 
pois uma apostila serve para estruturar conteúdos, apresentando-os de forma planejada. Sua 
elaboração tem por objetivo não a dispersão do estudo, senão o foco, a concentração, o dire-
cionamento para os aspectos mais relevantes que um determinado campo do conhecimento 
possui. Por isso, leia-a, acompanhe atentamente a abordagem que ela traça! “Apos”, radical 
da palavra apostila, remete àquilo que vem depois, assim como os apóstolos vieram depois de 
seu Mestre e o seguiram. Faça o mesmo! Siga a apostila, reitera-se, não deixe de prestigiá-la, 
explore tudo o que ela propõe. Assim, você dará mostras de ser efetivamente disciplinado(a) 
e ávido(a) pela busca do crescimento pessoal.
Para facilitar a sua aprendizagem, a exposição das bases tecnológicas da disciplina, ou 
seja, dos tópicos inerentes à Comunicação, será dividida em quatro partes: na primeira, você 
verá o conceito de comunicação, como funciona o processo da comunicação e as funções de 
linguagem utilizadas quando nos expressamos; na segunda, destacaremos a construção do 
texto, os cuidados para que seja dotado de coesão e coerência, bem como os tipos de texto 
existentes; na terceira, analisaremos diversos gêneros textuais, entre eles a crônica, o artigo 
de opinião, o resumo e a resenha crítica; na quarta, a ênfase será destinada à oralidade, orien-
tando o emprego de estratégias para apresentações de trabalhos, palestras e outros atos de 
fala oficiais.
Antes de passarmos à explanação do previsto pelo Plano de Ensino de Comunicação, vale 
mencionar as sábias palavras do professor coreano Rando Kim (2013), autor do livro “Não é 
fácil ser jovem”. Segundo ele, para que um objetivo seja atingido, há dois componentes in-
dispensáveis: o emprego de um método e a dedicação de quem o estabeleceu. Conforme nosso 
Plano de Ensino, as competências que almejamos desenvolver ao final da disciplina são: 
• compreender os diferentes gêneros textuais identificando conteúdos implícitos e explí-
citos;
• analisar gêneros textuais orais e escritos quanto à tipologia textual, ambiente discursi-
vo, temática, formalidade e informalidade;
4COMUNICAÇÃO
APRESENTAÇÃO
• produzir textos de diferentes gêneros textuais orais e escritos, condizentes ao ambiente 
acadêmico e empresarial.
Para que sejam potencializadas satisfatoriamente, além do seu empenho individual, a 
Metodologia do Fazer do UNIFTEC se revela de suma importância. Ela tem por base a tríade 
Contextualização-Teorização-Aplicação. Contextualizar, em síntese, significa situar um as-
sunto no tempo e no espaço. Isso pressupõe que seja observado de modo muito mais abran-
gente, pois não se pode negligenciar o fato de conter uma trajetória histórica e de ser influen-
ciado por uma cultura. Contextualizar, portanto, requisita que se estenda o olhar para além 
da mensagem veiculada oral ou textualmente. De acordo com essa metodologia, devem ser 
consideradas, igualmente, as condições de produção de um texto, a formação de seu autor e, 
sobretudo, a visão do leitor acerca do que lhe é transmitido. A teorização, por seu lado, serve 
para aperfeiçoar a prática, uma vez que se dedica a refletir sobre ela, identificando acertos e 
erros dela decorrentes, intentando apontar caminhos que levem a sua evolução. Por fim, a 
aplicação estimula a capacidade transformadora dos seres humanos. Ela os retira da inércia, 
ela os realiza.
Você percebeu que estamos diante de um desafio? Temos metas a alcançar. Para isso, 
contamos com um método. Espera-se que, em você, não falte vontade para fazer acontecer. 
POR QUE ESTUDAR COMUNICAÇÃO? 
É possível conhecer sem que haja comunicação?
Fica mais fácil nos esmerarmos para concretizar um objetivo quando reconhecemos as 
vantagens proporcionadas pela conquista dele decorrente. Podemos iniciar, adotando a pers-
pectiva histórica. Como a contextualização é um dos pilares do processo de ensino-aprendi-
zagem do UNIFTEC, não há caminho mais natural que o da observação dos fatos para desvelar 
a evolução humana desde os seus primórdios até os desafios contemporâneos que a integram. 
Então, é possível, através da formulação de uma única pergunta, darmos um enorme salto 
para perceber a supervalorização que o conhecimento foi adquirindo com o decorrer do tem-
po. A pergunta é esta: qual a parte do corpo humano que até hoje mais evoluiu? Não é preciso 
muito esforço para chegar à resposta correta. Usando o cérebro, ela já virá pronta: o cérebro. 
E como se deu essa ampliação cerebral? Por qual fator foi motivada? O antropólogo norte-a-
mericano Clifford Geertz analisa essa ocorrência:
(...) à medida que a cultura, num passo infinitesimal, acumulou-se e se desenvolveu, 
foi concedida uma vantagem seletiva àqueles indivíduos da população mais capazes 
de levar vantagem – o caçador mais capaz, o colhedor mais persistente, o melhor fer-
ramenteiro, o líder de mais recursos – até que o que havia sido o australopiteco pro-
to-humano de cérebro pequeno, tornou-se o homo sapiens, de cérebro grande, total-
mente humano (GEERTZ, 1989, p. 35).
Não se pode, portanto, dissociar o que historicamente o ser humano desenvolveu da-
quilo que é a sua cultura, ou melhor, daquilo que são as suas culturas, assim, no plural, como 
bem destaca Raymond Williams (2000), ao apoiar-se em concepção de Herder. Cabe reter,a 
partir da postulação de Geertz, que, por um processo absolutamente natural, homens e mu-
5COMUNICAÇÃO
APRESENTAÇÃO
lheres foram se aperfeiçoando e se especializando com base no autoconhecimento de suas 
aptidões, o que desencadeou o surgimento de diferentes habilidades. Importava, desde então, 
que se diferenciassem, tornando-se os indivíduos mais capazes naquilo ao qual se dedicavam.
No mundo, extremamente racional e científico que 
marca nossos dias, podemos, sem pestanejar, afirmar 
que não há parte do corpo mais importante que o 
cérebro.
À medida que esses talentos vieram a aflorar e se multiplicar socialmente, o cérebro 
humano foi sofrendo uma contínua expansão. No mundo, extremamente racional e científico 
que marca nossos dias, podemos, sem pestanejar, afirmar que não há parte do corpo mais im-
portante que o cérebro. Isso tem a ver com o célebre axioma de Descartes, “cogito, ergo sum”, 
anunciado no século XVII quando escreveu “O discurso do método”. Pensar é existir. Não se 
trata unicamente de pressuposto existencialista que orienta uma tradição filosófica, senão o 
propósito de imputar ao pensamento o título de maior realização que qualquer indivíduo po-
deria promover. 
“Penso, logo existo” vem na esteira do que alguns anos antes o filósofo inglês Francis 
Bacon insinuou com a Nova Atlântida. A Casa de Salomão (podendo ser este nome considera-
do como arquétipo da sabedoria), situada na ilha de Bensalém, funciona como uma verdadei-
ra usina do conhecimento, onde ocorrem experiências vanguardistas.
 
(...) de coagulação, endurecimento, refrigeração, conservação dos corpos e produção 
de novos metais artificiais, além da fabricação de compostos químicos para curar en-
fermidades e do aproveitamento de substâncias com o fito de adubar a terra com maior 
eficiência (PELLIZZARO, 2009, p. 44).
Dessa forma, “saber é poder”, famoso adágio baconiano, “indica que o caminho utópico 
da perfeição tem a excelência científica como requisito indispensável” (PELLIZZARO, 2009, 
p. 47). Até aqui, vimos que o conhecimento gera um diferencial, pois seu desenvolvimento faz 
conviver mais aptos e menos aptos num contexto assinalado pela competição e necessida-
de de sobrevivência. Por outro lado, a busca do conhecimento estimula o alcance utópico da 
perfeição, que pode ser traduzida por meio da excelência técnica, aliada à solução de todos os 
problemas que afetam a humanidade. Exagero? Provavelmente, porém, todos os progressos 
e involuções a que assistimos passam forçosamente pelo (des)conhecimento humano e pela 
Lei do uso e desuso proposta por Lamarck. Podemos hipertrofiar, bem como atrofiar nossos 
órgãos e nossos saberes. Faça um teste! É extremamente simples: pare de ler, pare de se atu-
alizar, e você verá o resultado.
 Agora, preste muita atenção nesta pergunta: é possível conhecer sem que haja comu-
nicação? Se o conhecimento evoluiu, e com ele foram inventadas vacinas e medicações para 
prevenir e debelar doenças que causavam alta mortalidade, surgiram equipamentos não in-
vasivos que diagnosticam tumores e outros que propiciam maior precisão cirúrgica, e multi-
plicaram-se os softwares que auxiliam gestores a tomar decisões com base no que apontam 
dezenas de indicadores, não terá sido em função da comunicação ter evoluído substancial-
mente ao longo do tempo e ainda mais nas últimas décadas? 
6COMUNICAÇÃO
APRESENTAÇÃO
O que se lamenta é muitas vezes verificar o uso da comunicação e do conhecimento não 
em favor de toda a humanidade, criando laços de fraternidade e solidariedade entre os povos 
e as pessoas, mas o seu emprego por parte de um grupo com a finalidade de escravizar e ex-
plorar iguais. “Homo homini lupus”, lembrava Hobbes, no século XVIII. Se há um lobo com o 
qual o homem deve se preocupar, esse lobo é o próprio “homo sapiens”, um ser que caminha, 
come e pode raciocinar como ele. 
 Se usarmos, contudo, a comunicação para o bem, o conhecimento será manipulado 
com bons propósitos. Comunicar para o bem representa, entre outras propriedades, eliminar 
preconceitos, acolher o outro e adotar um pacifista (e não um ditador) como referência de ca-
ráter. Você mesmo(a) pode ampliar a lista de virtudes atrelada à comunicação ao bem. 
Por outro lado, no mundo competitivo em que vivemos (e que apesar disso esperamos 
que seja regido pela ética e pela lealdade), a comunicação pode se constituir no diferencial 
entre dois candidatos que lutam pela mesma vaga, seja num concurso ou numa entrevista, 
ou entre dois profissionais que disputam o mesmo cliente. Imagine o caso de dois engenhei-
ros civis que procuram convencer uma construtora quanto à qualidade do seu projeto. Quem 
será por ela contratado? Aquele que oferecer o menor preço? Ou aquele que demonstrar maior 
comprometimento com o resultado que ela deseja obter, maior capacidade de diálogo e, con-
sequentemente, maior habilidade de negociação? Tire as suas conclusões. 
O velho guerreiro já anunciava: “quem não se comunica se trumbica”. E olha que para 
apresentar seu Cassino tomava dois comprimidos de Imosec minutos antes do programa co-
meçar e ainda por cima usava três cuecas com medo de sofrer uma cólica intestinal ao vivo. 
Ele sabia o que estava dizendo. A comunicação é a porta para a aquisição do conhecimento e, 
por tabela, abre portas na vida de quem se comunica com eficiência. 
Fonte: memoriaglobo
7COMUNICAÇÃO
APRESENTAÇÃO
Para conhecer outras histórias do velho guerreiro e relembrar a evolução do rádio e da 
televisão no Brasil, leia o livro Chacrinha: a biografia, de Eduardo Nassife.
Se você domina outro idioma, ficará ainda mais evidente a pertinência dessa ideia. Se 
você quer liderar uma equipe de trabalho, lembre-se de que a comunicação é a ferramenta 
elementar para que consiga infundir autoridade junto aos seus comandados. A comunicação é 
a base de toda gestão. Como se não bastasse, já que os maiores erros cometidos pelas empre-
sas são decorrentes de falhas de comunicação, como atesta um dos entrevistados da tese de 
Doutorado de Valeria Deluca Soares (2007), estudá-la desvela-se ainda mais essencial. 
Por fim, conforme Alvarenga Netto (1996), até 1991, investia-se mundialmente mais 
em Tecnologia de Produção. Depois dessa data, passaram a reinar os investimentos em Tec-
nologia da Informação e Comunicação. Não é por acaso que vivenciamos a Sociedade ou a Era 
da Informação e do Conhecimento. A informação e o conhecimento tornaram-se necessidade 
básica a quem deseja pavimentar uma carreira. Mais do que nunca, “saber é poder”. Será pre-
ciso expor mais algum argumento?
8
PRINCIPAIS ASPECTOS 
DA COMUNICAÇÃO 
E FUNÇÕES DE 
LINGUAGEM
A comunicação objetiva promover a redução de equívocos por parte dos 
indivíduos.
9COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Já encontramos razões suficientes para que aprofundemos nosso olhar sobre a Comuni-
cação e seus fenômenos. Nesta unidade, abordaremos primeiramente o conceito e o processo 
de comunicação, a fim de alargarmos a visão sobre essa área tão instigante e valorizada em 
nossos dias. Luiz Carlos Martino (2001) explica que “comunicação” tem sua origem etimoló-
gica em comunnicatio, palavra do latim que pode ser traduzida como “uma atividade realizada 
conjuntamente”. Se você preferir, também podemos decompor o vocábulo da seguinte forma: 
comum+ação. Não lhe parece que a expressão que mais se aproxima dessa decomposição é 
“ação em comum”? Trata-se, portanto, de uma ação ou atividade em conjunto, em comum. 
Comum diz respeito àquilo que é público, e assim não pertence à esfera do privado. Comum 
lembra “comunhão”, algo que não é de domínio exclusivo de uma pessoa, mas sim de todos. 
Ambas as concepções de “comunicação” apontam para a existência de uma vocação social 
envolvendo a palavra. Vamos entender melhor o significado de “social”. Já perguntamos em 
aula o antônimo de “social”, e sabe qual foi a resposta uníssona? “Antissocial”. Tudo bem, 
mas você concordaria que “individual”é sinônimo de “antissocial”? Sim, porque, do ponto 
de vista gnoseológico, social é tudo aquilo que transcende a figura de um indivíduo. Não fi-
cou claro? Imagine que nós dois, você, leitor(a), e eu, professor Tiago Pellizzaro, joguemos 
uma partida de canastra, de damas, de gamão, de tênis, de xadrez, bom, não importa o jogo. 
Importa que ele é um evento social. Não ficou satisfeito(a) com a explicação? Então, pense 
no seguinte... Você é casado(a)? Pois o casamento é uma sociedade. Digamos que você seja 
um(a) empresário(a) individual e quer encerrar a sua empresa para, em seguida, iniciar um 
novo negócio, desta vez contando com a minha participação. Se eu aceitar, seremos sócios. 
Ficou claro agora? Assim é a comunicação. Uma ação de caráter eminentemente social. Gary 
Kreps (1995) dividiu-a em quatro níveis, sendo que três destacam a interação humana: in-
terpessoal, entre grupos pequenos e entre multigrupos. Pense numa empresa de médio porte, 
que funciona numa sede e não tem filiais: a comunicação corporativa pode envolver somente 
dois funcionários, ou todos os funcionários de um setor, ou, ainda, todos os seus funcioná-
rios. É oportuna a observação do pesquisador. “Ninguém é uma ilha”, preconiza uma frase 
famosíssima. Até mesmo quando lemos um livro ou uma apostila praticamos a comunicação 
interpessoal, pois o autor da obra está se comunicando virtualmente conosco. Surpreenden-
te, entretanto, é a categoria “comunicação intrapessoal” proposta por Kreps. Ela permite ao 
indivíduo o processamento da informação. Em outras palavras, confere-lhe a prerrogativa de 
exercitar a autocomunicação, tal como a dinâmica do silêncio oportuniza.
A dinâmica do silêncio suscita a “prática de conscientização individual”. Com a comu-
nicação cada vez mais passível de ruídos, ou, por outra, com a exigência de que se conquiste 
uma comunicação eficiente, porém, mais e mais ágil, o que amplia as probabilidades de ocor-
rência de erros, ganham importância as habilidades ligadas à concentração, à análise acurada 
de procedimentos adotados (ou a serem adotados) e à arquitetura de planejamentos. Ao en-
contro dessas necessidades, o silêncio opera como indutor da autocomunicação e da valoriza-
ção da criticidade que, no processo comunicacional, são irrenunciáveis. Nessa dinâmica, com 
o auxílio de uma música de relaxamento, orienta-se o estudante a “descansar a mente” por 
uns dez minutos, livrando-se provisoriamente das preocupações instantâneas.
Após tomarmos ciência acerca do conceito de Comunicação, é apropriado questionar: 
por que nos comunicamos? Com qual finalidade fazemos uso da comunicação? Certamente, 
muitas respostas caberiam a essa indagação, porém, sob um ângulo mais assertivo, concor-
10COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
da-se com o ponto de vista de Gary Kreps (1995), que afirma que a comunicação objetiva pro-
move a redução de equívocos por parte dos indivíduos. Apesar da polêmica criada em torno 
da frase “quem tem boca vai a Roma”, ela leva ao pensamento de que as dúvidas devem ser 
desfeitas através da interação humana. Não há porque sentir receio de pedir ajuda ou algum 
esclarecimento com o outro. Afinal, quando eliminamos as incertezas que nos cegam, conse-
guimos tomar as decisões necessárias para dar prosseguimento a um plano ou uma intenção.
O PROCESSO E OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
Quando falamos em “processo da comunicação”, é importante assimilar, de primeiro, o 
caráter em curso da comunicação. Ela é dinâmica, está em movimento, em contínua circula-
ção e, nos tempos atuais, até “viralizando”, ou seja, multiplicando rapidamente os seus efei-
tos. Historicamente, nota-se que a Tecnologia de Informação e Comunicação foi abreviando 
drasticamente o intervalo de tempo entre o envio da mensagem por parte do remetente e a 
sua chegada ao destinatário. A sincronia outrora assegurada apenas pelo telefone foi também 
viabilizada pelos chats e pelo whatsapp, duas ferramentas cada vez mais presentes na vida 
das pessoas.
O processo da comunicação depende de determinados elementos para sua ocorrência. 
Na década de 40 do século anterior, o norte-americano Harold Laswell, ao construir um mo-
delo que explicasse o funcionamento do fluxo comunicacional, desenvolveu o seguinte e eco-
nômico esquema: quem (emissor) / diz o quê (mensagem) / a quem (receptor) / com que ca-
nal (meio) / e com que efeito (efeitos de audiência). Juntamente com Paul Lazarfeld, lançou 
a “teoria dos efeitos limitados”, que procurava analisar os efeitos ocasionados pelos meios 
de comunicação de massa junto à audiência. Tal teoria concebia o receptor como ser passi-
vo, que acolhia a mensagem transmitida pela mídia sem contrariá-la. Somente mais tarde o 
sociólogo francês Edgar Morin trouxe uma nova perspectiva para as teorias da Comunicação, 
sustentando que, entre emissor e receptor, dá-se uma negociação de sentidos. 
Posteriormente, os estudos de recepção inverteram o paradigma postulado por Laswell 
e Lazarfeld. Em vez de concentrar no emissor o estudo dos efeitos da comunicação, o foco re-
cai na investigação sobre o que os receptores fazem com as notícias dos jornais e com os pro-
gramas radiofônicos e televisivos. Seriam realmente passivos e extremamente afetados pelo 
que a mídia propala? 
Tal questão se mantém atual. Ainda são necessárias inúmeras pesquisas para que esse 
fenômeno seja mais bem compreendido. Apesar disso, a contribuição de Laswell e Lazarfeld 
converteu-se num legado: emissor, mensagem, receptor e canal são elementos da comunica-
ção. A representação do modelo por eles criado é reproduzida abaixo.
A partir de então, os quatro elementos passaram a configurar o que de mais elementar 
constituía o processo de comunicação. Ou seja: para que haja comunicação, deve estar pres-
suposta a existência de um emissor, que transmite uma mensagem, que, por sua vez, é en-
dereçada, por meio de um canal, a um receptor. Porém, tal modelo deixava de considerar al-
EMISSOR → MENSAGEM → CANAL → RECEPTOR
11COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
guns aspectos importantes. Toda comunicação enquanto ato possibilita uma intercalação de 
papéis, de modo que o receptor possa em certos momentos atuar como emissor, e vice-versa. 
O fluxo, portanto, deixa de ser unilateral para dar lugar a uma nova formatação com caracte-
rística dialógica, marcada pela dinamicidade do contato. 
A comunicação, assim, suscita múltiplos revezamentos de fala, não havendo necessa-
riamente um papel fixo para quem dela participa. 
Mais um ponto chave: os quatro elementos descritos não são suficientes, como obser-
vou Roman Jakobson, para compreender de maneira mais aprofundada o processo da comu-
nicação. É preciso levar em conta o CONTEXTO e o CÓDIGO utilizados na comunicação. Como 
já foi mencionado, o primeiro item diz respeito ao tempo e ao espaço em que sucede o ato 
comunicacional; já o segundo corresponde à língua (ou idioma) empregada para gerar enten-
dimento entre emissor e receptor. Assim, a representação mais completa dos elementos de 
comunicação pode ser observada através do esquema abaixo.
Ao examinar o esquema, você logo percebe que a Comunicação é mais complexa do que 
o raciocínio inicial de que para haver um ato comunicativo bastavam um meio, um emissor, 
uma mensagem e um receptor. Por que é importante que essa constatação não seja ignorada? 
Vamos a um exemplo: consideremos que o emissor esteja falando em alemão e o receptor não 
seja proficiente nessa língua. Pergunta-se: haverá, neste caso, comunicação? Ela será devi-
damente efetivada? É claro que não. Da mesma forma, se os contextos de emissor e receptor 
forem diferentes, a transmissão da mensagem também poderá ser prejudicada. Vamos a mais 
um exemplo: “learning to swim is a piece of cake”, poderá dizer um norte-americano. Tradu-
zindo: aprender a nadar é um pedaço de bolo. Não temos nenhuma expressão correspondente 
em português. O que será que ele quis dizer? Que aprender a nadar é algo muito fácil.Somente 
quem comunga do contexto dele ficará familiarizado com o uso dessa expressão. Essas hipo-
téticas, porém, possíveis situações ensejam que nos debrucemos sobre o ruído na comunica-
ção e a prática do feedback.
Se você deseja conhecer mais algumas expressões idiomáticas desconhecidas do inglês, 
não deixe de acessar http://www.letsgoidiomas.com.br/algumas-expressoes-populares-
-do-ingles-que-nos-desconhecemos.
RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO E A PRÁTICA DO FEEDBACK
Por se tratar de uma experiência humana, falar em comunicação perfeita, completa ou 
excelente soa como utopia. O ser humano é perfectível, e nesse caso, pode adotar práticas para 
tornar sua comunicação mais eficiente. As imperfeições, no entanto, fazem parte do proces-
so comunicacional, e isso deve ser compreendido a fim de que seja sempre vislumbrada uma 
solução para as falhas detectadas. A deficiência que impede o estabelecimento de uma comu-
nicação clara e inteligível chamamos de “ruído”. Existe até uma classificação para que possa 
CANAL
EMISSOR ↔ MENSAGEM ↔ RECEPTOR
CÓDIGO CONTEXTO
http://www.letsgoidiomas.com.br/algumas-expressoes-populares-do-ingles-que-nos-desconhecemos
http://www.letsgoidiomas.com.br/algumas-expressoes-populares-do-ingles-que-nos-desconhecemos
12COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
ser melhor identificado. Assim, os tipos de ruído na comunicação são: físico, fisiológico, psi-
cológico e semântico. 
O ruído físico talvez seja o mais fácil de distinguir. Imagine uma transmissão de um jogo 
de futebol pelo rádio, e o repórter dentro do campo cheio de vontade de entrevistar os joga-
dores na entrada do gramado, pouco antes do início do confronto. Aí, ele se posiciona estra-
tegicamente para ouvir alguma palavra do craque do time da casa no exato momento em que, 
junto com seus companheiros, aparece para a torcida com uma criança no colo. O microfone 
do repórter está quase colado à boca do entrevistado. De repente, irrompe um foguetório por 
aproximadamente meio minuto. O repórter não consegue entender nada do que diz o jogador, 
e este tampouco consegue se concentrar por causa do barulho quase ensurdecedor do espo-
car de foguetes. É o ruído físico que atrapalha a comunicação entre ambos. Ou então pense no 
professor e nos alunos que procuram se comunicar naturalmente durante a aula, porém, ruí-
dos externos acabam comprometendo tal iniciativa.
Em http://oglobo.globo.com/rio/bairros/ruidos-provocados-por-avioes-prejudicam-
-aulas-em-campus-da-uff-13641216, você lerá uma notícia que dá conta exatamente desse 
problema em sala de aula.
O ruído fisiológico, ao contrário, é provocado por qualquer sensação que possa causar 
desconforto ao emissor ou ao receptor, como por exemplo, dores de cabeça, dores no corpo, 
ânsia de vômito, febre, gripe, entre outros. Você já trabalhou gripado(a)? Temos maior difi-
culdade para nos expressarmos ou retermos as ideias que nos são repassadas quando estamos 
doentes, não é verdade? O ruído fisiológico deriva dessa condição de saúde.
Já o ruído psicológico geralmente advém da falta de concentração na mensagem por 
parte do receptor. Sabe aquele dia que você foi para a aula e, enquanto o professor explicava 
a matéria, o seu pensamento estava completamente voltado para a briga que teve momentos 
antes com o(a) namorado(a) ou com o(a) chefe? Ou então que você estava tão entusiasmado(a) 
com a compra de um celular ou de um notebook que ficou fazendo planos para a sua aquisição 
enquanto o conteúdo de uma disciplina era explanado em sala de aula? Eis alguns exemplos 
de ruído psicológico.
Por fim, dos ruídos na comunicação, o semântico é provavelmente o mais cometido. 
Semântica é uma área da Linguística dedicada ao significado das palavras. Muitas vezes in-
corremos em distorções quando não ouvimos corretamente o que o emissor disse, ou quando 
não interpretamos adequadamente um texto, por exemplo. Para que você compreenda mais 
claramente como esse ruído é configurado, atente para o que a Figura ilustra.
http://oglobo.globo.com/rio/bairros/ruidos-provocados-por-avioes-prejudicam-aulas-em-campus-da-uff-1
http://oglobo.globo.com/rio/bairros/ruidos-provocados-por-avioes-prejudicam-aulas-em-campus-da-uff-1
13COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Se o funcionário que estava atravessando o corredor não confundisse “deste pedido” com 
“despedido”, o referido boato jamais teria se espalhado pela empresa. Há, também, momentos 
em que o emissor não consegue organizar seus pensamentos de maneira coerente, deixando-
-os vagos, inconclusos e indefinidos. Uma das formas mais clássicas de caracterização do ru-
ído semântico é o uso e abuso de jargões ou termos técnicos. Suponhamos que uma paciente, 
após realizar o exame físico, pergunte ao médico: o que tenho, doutor? E ouve como resposta: 
“hiperemia, discreto exsudato fibrinopurulento e líquido peritoneal em pequena quantidade”. 
Isso é resposta que se preze? Ele está, na verdade, informando ter diagnosticado um quadro de 
apendicite aguda não complicada, ou seja, uma inflamação do apêndice intestinal.
Outro ruído de natureza semântica, porém, menos comum, é resultante da falta de domí-
nio de uma língua. O falante chega a se expor ao ridículo, porque mal dá para decifrar seu dis-
curso.
Divirta-se um pouco. Assista ao vídeo de Joel Santana, treinador da África do Sul, em 2010, 
em https://www.youtube.com/watch?v=BoxA9ghHkOM.
Os arcaísmos, que são termos em desuso, também desencadeiam o ruído semântico. Se 
alguém disser “Fernando foi levado para o nosocômio mais próximo”, o receptor poderá in-
dagar: para onde Fernando foi levado? Para o manicômio? Seria muito melhor, a fim de tornar 
compreensível o enunciado, simplesmente comunicar que foi levado para o hospital. E que tal os 
cães hidrófobos que foram flagrados na frente da farmácia. Cães hidrófobos, como assim? Eles 
têm medo de tomar aquele banho? Nada disso. O que eles têm é raiva, uma doença infecciosa.
Vale mencionar os parônimos e homônimos, ou seja, palavras parecidas ou de mesma 
grafia, respectivamente, mas com significados diferentes. O jovem chegou atrasado ao traba-
lho. “O que houve?”, perguntou-lhe o chefe. “O tráfico estava intenso”, respondeu o rapaz. E 
agora? Não queria dizer “tráfego”?
Enfim, como se pode constatar, o ruído é responsável pelo surgimento de distorções e 
ambiguidades. O ruído conduz à dúvida. Dessa forma, uma questão se impõe: como podemos 
contornar esse problema ao nos comunicarmos?
Em primeiro lugar, deve-se reconhecer que, se quisermos apreender qualquer conteúdo 
da maneira mais fidedigna possível, necessitamos aprimorar nosso processo de escuta. Para 
isso, é vital que desenvolvamos a capacidade de prestar o máximo da nossa atenção para aquilo 
que nos é comunicado. Atenção constitui uma palavra-chave para a aquisição do conhecimento, 
bem como para a decifração de mensagens não deturpadas.
Outro procedimento em prol da comunicação sem “ruídos” é o feedback. Há que se ques-
tionar constantemente o interlocutor a fim de perscrutar como ele compreendeu o que lhe foi 
transmitido. Caso o receptor tenha ficado em dúvida quanto às instruções ou informações que 
lhe foram partilhadas, não deve hesitar em pedir ao emissor: pode repetir, por favor? Não es-
queça: o diálogo é indispensável para que a comunicação ocorra a contento.
Um exercício a ser adotado para melhorar nossa comunicação é a chamada “empatia”, 
que nada mais é do que a capacidade de saber se colocar no lugar do outro, procurando entender 
suas preocupações, sentimentos e necessidades. Também é válido aprender com os erros que 
praticamos. Muitas vezes eles acontecem porque somos desleixados e evitamos registrar as in-
formações por escrito. Quando escrevemos, formalizamos a mensagem e permitimos que seja 
consultada pelos receptores quantas vezes eles quiserem.
https://www.youtube.com/watch?v=BoxA9ghHkOM
14COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Confira um bom exemplo de ruído na comunicação em virtude da falta de emissão de 
um comunicadooficial que pudesse ser lido e mais bem assimilado por todas as pessoas que 
deveriam cumprir as instruções anunciadas pelo Coronel Burt. O vídeo, disponível em https://
www.youtube.com/watch?v=CIT6bKbime0, apresenta a simulação de um “telefone sem 
fio”, brincadeira que serve para testar o grau de compreensão e memorização de uma ordem 
verbalizada. Ao final, nota-se uma discrepância entre a mensagem original e a captada pelos 
receptores à medida que é passada adiante.
FUNÇÕES DE LINGUAGEM
Cláudia Capello e Mary Murashima (2015) lembram que a linguagem “permite a comu-
nicação entre os seres e a autorreferenciação”. Ela “é conatural ao homem e a única que nos 
diferencia como indivíduos”. O processo da comunicação, portanto, é dependente do empre-
go de uma linguagem. A comunicação através da linguagem pode ser realizada de diversas 
maneiras, sendo estas, entre outras: 
• gestos;
• expressões faciais; 
• expressões corporais; 
• sons; 
• símbolos; 
• fala; 
• escrita.
Por que aplicamos esse arsenal de meios de expressão no dia a dia? Porque determinadas 
finalidades são almejadas quando nos comunicamos, como bem detectou Roman Jakobson. 
Ao fazê-lo, buscamos: exteriorizar nossas impressões, revelando as emoções e pensamen-
tos que estavam guardados em nosso íntimo; dotar nosso texto de valor artístico; convencer 
ou persuadir nosso receptor; municiá-lo com informações; iniciar, manter ou terminar um 
contato; elaborar definições e conceitos para qualquer fenômeno ou objeto que nos cerca. As 
funções de linguagem são oriundas desses objetivos humanos. 
Cada elemento da comunicação tem a sua função de linguagem correspondente. Para 
melhor absorver as características das diferentes funções, observe o Quadro 1.
Funções de linguagem 
Elemento em que 
está centrada
Função Principais características Objetivo
Emissor
Emotiva ou 
expressiva
Texto em primeira pessoa ou com 
exclamações 
Emocionar
Mensagem Poética
Elaboração textual ao estilo das 
poesias, com valorização da 
sonoridade, rimas, paralelismos
Criar, construir
Receptor
Apelativa ou 
conativa
Uso do imperativo afirmativo ou 
negativo
Persuadir, 
convencer
Contexto Referencial Texto com informações Informar
Canal Fática Perguntas
Iniciar, manter ou 
encerrar contato
Código Metalinguística
Conceitos e definições sobre 
palavras ou expressões
Conceituar
https://www.youtube.com/watch?v=CIT6bKbime0
https://www.youtube.com/watch?v=CIT6bKbime0
15COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Cada função de linguagem tem características próprias e uma finalidade. Vale frisar que, diante de qualquer mensagem, mais de uma função de 
linguagem pode ser identificada, porém, uma delas é dominante.
Para que você consiga distinguir cada uma delas, vamos recordar alguns comerciais e programas de televisão. Em https://www.youtube.com/wat-
ch?v=WyVHfEZEoYs, há um exemplo do uso da função emotiva ou expressiva. O personagem narra de forma cantada em primeira pessoa uma atividade 
que faz parte de sua rotina. 
Em https://www.youtube.com/watch?v=mZOKGQZxH2k, a função poética norteia a mensagem contida no comercial do leite Parmalat.
Em https://www.youtube.com/watch?v=kBxbgYZLPYI, percebe-se o emprego da função apelativa ou conativa, pois as frases “não compre carro 
amanhã. Espere só mais um dia” contêm verbos no imperativo e tentam incutir uma ordem ou conselho na mente do espectador.
Em https://www.youtube.com/watch?v=9QlpyCodT2c, a função referencial é utilizada para salientar as informações que caracterizam o Chokito: 
leite condensado caramelizado, coberto com o delicioso chocolate Nestlé e flocos crocantes. 
Em https://www.youtube.com/watch?v=uVfA9O1UG1A, temos a função fática presente no contato telefônico que se estabelece entre Chapolin e 
o homem que liga para a casa do Dr. Zurita.
Em https://www.youtube.com/watch?v=BpVZ13FH9pM, um grupo de estudantes criou uma versão do comercial do desodorante Avanço. O slo-
gan “com avanço, elas avançam” é um conceito que tenta induzir os homens a se perfumarem com Avanço na expectativa de atraírem a atenção femi-
nina, clássico caso de adoção da função metalinguística.
https://www.youtube.com/watch?v=WyVHfEZEoYs
https://www.youtube.com/watch?v=WyVHfEZEoYs
https://www.youtube.com/watch?v=mZOKGQZxH2k
https://www.youtube.com/watch?v=kBxbgYZLPYI
https://www.youtube.com/watch?v=9QlpyCodT2c
https://www.youtube.com/watch?v=uVfA9O1UG1A
https://www.youtube.com/watch?v=BpVZ13FH9pM
16
A CONSTRUÇÃO DO 
TEXTO E GÊNEROS 
TEXTUAIS
O texto é uma atividade artesanal. Durante sua confecção, o escritor 
batalha para escolher a linguagem que lhe parece mais apropriada para se 
comunicar formalmente.
17COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Etimologicamente, “texto” é um termo originário do latim (textu) que significa “teci-
do”. A ideia de texto remete, portanto, à elaboração de um entrelaçamento lógico de palavras, 
frases, parágrafos e seções. 
Comentávamos na Unidade 1 a respeito da vocação social da comunicação. Com o texto, 
não é diferente. Qual texto é escrito para não ser lido por outras pessoas que, obviamente, não 
o criaram? Um diário? Talvez, mas e os outros gêneros textuais, como o e-mail, a crônica, o 
artigo e os documentos comerciais e oficiais. São escritos apenas para o autor lê-los? 
Produzir um texto não é uma tarefa simples, ainda mais quando não se trata de um há-
bito. Apesar disso, se começarmos a adotar algumas medidas estratégicas, poderemos aper-
feiçoar nossa técnica e, até mesmo, despertar o interesse por essa prática, adquirindo desen-
voltura. Vamos continuar conversando sobre isso?
PASSOS PARA ESCREVER UM BOM TEXTO
A fim de que nos conscientizemos quanto aos reflexos da escrita qualificada em nossa 
vida, voltemos nossa mente para a seguinte interrogação: por que é importante escrever bem, 
e não de qualquer forma? Porque, se nos apropriarmos da habilidade da escrita, poderemos 
transformar uma história comum em uma grande história. Porque abreviaremos o caminho 
para obter o reconhecimento. Porque viraremos protagonistas em vez de seguirmos sendo 
“marionetes” passivas. Porque saberemos exercer melhor a cidadania, defendendo nossos 
direitos, denunciando e lutando contra as injustiças com mais autoridade.
Então, o que é necessário para que se escreva um bom texto? A qualidade de um texto de-
pende do grau de conhecimento que a pessoa tem acerca do assunto que vai dissertar. Quanto 
maior a chance de aprofundá-lo, mais consistente o texto poderá ficar. É sempre importante 
explorar os diversos ângulos que a questão abordada textualmente contém. Isso permite enri-
quecer o resultado da produção textual. De qualquer modo, alguns passos podem ser adotados a 
fim de começar bem a realização dessa tarefa. O primeiro deles é o “planejamento”. Na vida, fa-
zemos planejamento financeiro, planejamento familiar, planejamento empresarial, entre ou-
tros. Vale o mesmo raciocínio para o texto. 
Para que iniciemos com êxito nosso planejamento para a produção textual, a primeira 
pergunta é: “sobre o que vou escrever?”. Assim, parte-se de imediato para a escolha do assun-
to. Pode-se escrever sobre qualquer tema? Em princípio, sim, mas existe uma forma de largar 
em vantagem nessa escolha. Como? Optando por um com o qual se tenha certa familiaridade, 
seja em função das experiências pessoais, seja em virtude das leituras realizadas, seja por conta 
dos filmes vistos, seja por obra de outros mecanismos de aprendizagem. Você ganhará tempo ao 
se decidir por discorrer sobre uma matéria da qual tenha um domínio minimamente razoável.
 Quase sempre é necessário pesquisar informações para reforçar nosso conhecimento em 
relação ao assunto escolhido. Ótimo. Isso vai ajudar a projetar um olhar mais sistêmico para a 
exposição textual. Mas tome cuidado para não cometer plágio! No momento em que você apro-
veita uma ideia que não é sua, nunca deixe de citar as fontes, tanto no corpo do texto quanto ao 
final dele. Do contrário, estará cometendo crime pornão ser detentor dos direitos autorais do 
conteúdo copiado e por tentar se fazer passar como sendo o seu autor.
18COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Um exercício eficaz para evitar plágio é o seguinte: leia um texto, de preferência um ar-
tigo de opinião. Depois faça um resumo sobre ele. Sempre que você mencionar alguma ideia 
que seja do autor do artigo, cite o nome dele. Você estará escrevendo com as suas palavras e 
garantindo a originalidade de sua produção textual, em vez de ficar copiando trechos. A cereja 
do bolo é a inclusão de uma análise crítica pessoal. Você concorda com o posicionamento do 
autor? Por quê? Em quais pontos você entende que a argumentação dele é inconsistente? 
Todo texto visa a pelo menos um destinatário. Lembre-se de que elaborar um texto cor-
responde a um ato essencialmente social, as pessoas escrevem para se comunicar com outros 
indivíduos. Neste caso, a segunda pergunta é: “a quem o texto se destina?” ou “para quem 
vou escrever?”. A partir do momento que reconheço o público que receberá a mensagem, mi-
nha próxima missão é adequar a linguagem. Se vou contar uma história para crianças, prova-
velmente vou começar o texto com “era uma vez...” e usar uma linguagem bem acessível, de 
fácil compreensão. Se vou escrever para gestores, posso abusar dos jargões da área, ou seja, 
dos termos técnicos.
Não sabemos se nosso texto repercutirá amplamente. A sua difusão depende muito dos 
canais que o divulgam. É certo, entretanto, que, se desejamos que ele possa ser acessado e 
entendido pelo maior número de pessoas, devemos dotá-lo de um linguajar bastante sim-
ples para a decifração do leitor. Esse é um dos maiores segredos do grande sucesso de Paulo 
Coelho. Um texto nada complexo, do ponto de vista da linguagem que o constitui, favorece a 
tradução para os mais diversos idiomas.
Claro, é preciso impressionar, tocar o coração e alma dos leitores para que a cotação de 
uma obra se eleve. Bom, pode não ser esse o seu objetivo quando for escrever, mas saiba que 
quem escreve não o faz a esmo. Há sempre uma intenção do autor presente no texto: solicitar, 
responder, reclamar, aceitar, sugerir, elogiar, explicar, mobilizar, alertar, contar uma histó-
ria, etc. Por isso, a terceira pergunta que não pode ser desprezada é: “qual o objetivo do meu 
texto?”. Em outras palavras, “O que me move a escrevê-lo?”. 
Depois que você definiu bem a resposta para a questão anterior, vem a última: “como 
pretendo construir o texto?”. Escrever um e-mail é diferente de preparar um ofício. Um arti-
go de opinião não tem o mesmo formato de um comunicado. E aí, “qual texto vou escrever?”. 
Será um requerimento? Ou uma declaração? Ou um aviso? Ou de qualquer outra natureza? 
Enfim, as quatro perguntas auxiliam na montagem da produção escrita. Acrescente a 
elas outros dois ingredientes: preparação e paciência. Quanto mais você praticar, mais apren-
derá com os erros cometidos e se aproximar da perfeição, já que somos perfectíveis. Quanto 
à paciência, trata-se de uma virtude da qual a humanidade carece profundamente, por isso 
os debates sobre sua importância estão sempre em voga. A dinâmica do silêncio proposta na 
Unidade 1 pode ser útil para fazer com que a paciência vire um de seus trunfos, caros alunos! 
Um texto, para ser bom, não tem prazo para ser formulado. Ele exige, no entanto, muita pa-
ciência, afinal não são poucas às vezes em que nos vimos obrigados a reescrever frases e até 
mesmo o texto inteiro. Seja paciente e treine a sua paciência. Por ora, vamos continuar inves-
tindo na preparação para escrever bons textos, que é algo mais palpável!
19COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
QUALIDADES DE UM BOM TEXTO
Voltando a falar na produção de textos, a fim de que nossa mensagem seja bem assimi-
lada, é preciso seguir alguns critérios se nosso intuito é garantir a qualidade da comunicação. 
A eficiência do texto estará mais bem assegurada quando este é claro, objetivo e sucinto. Ser 
claro significa ser capaz de evitar mal-entendidos ou dúvidas sobre o conteúdo escrito. Ser 
objetivo que dizer ir direto ao ponto, sem rodeios e delongas. Ser sucinto restringe-se apenas 
àquilo que se quer transmitir em termos de informação. Quanto mais econômica, e, portanto, 
menos complexa a mensagem, mais fácil será para o receptor entendê-la. 
Para garantir a clareza do texto, é necessário, em primeiro lugar, construir frases cur-
tas. Para isso, devemos usar a fórmula básica de elaboração frasal: SUJEITO+VERBO+COM-
PLEMENTO. O sujeito é descoberto perguntando-se ao verbo quem praticou a ação, que está 
indicada pelo próprio verbo. O complemento são as informações posteriores ao verbo, que 
ajudam a esclarecer o que se passou com o sujeito. Então, em vez de escrever “Estudando es-
panhol, Jéssica ficou a tarde inteira”, dá-se preferência à seguinte descrição: “Jéssica ficou 
estudando espanhol a tarde inteira”. Como podemos perceber, quando organizada na sequ-
ência SUJEITO+VERBO+COMPLEMENTO, a estrutura da frase fica compreensível. 
Em segundo lugar, é imprescindível evitar rebuscamento. Por causa disso, o emissor 
pode ser taxado de pedante ou simplesmente não ser compreendido. Confira alguns exemplos: 
• em vez de “passamento”, prefira “morte ou falecimento”;
• em vez de “lograr êxito”, prefira “conseguir seu objetivo”;
• em vez de “educandário”, prefira “colégio ou escola”;
• em vez de “morgue”, prefira “necrotério”.
Em terceiro lugar, deve-se continuamente buscar a precisão vocabular. Um erro muito 
cometido é dizer que, diante de um processo, o juiz “emitiu parecer”. O juiz, na verdade, “de-
cide” ou “sentencia”. A geada não cai, ela se forma. Os municípios estão fisicamente separa-
dos por limites, os Estados por divisas e os países por fronteiras.
Em quarto lugar, não esqueça de articular logicamente as ideias. Se alguém em con-
dições físicas normais sair do UNIFTEC, de Caxias do Sul, e for caminhando até o shopping 
Iguatemi, no outro lado da RS-122, não poderá demorar mais do que meia hora para chegar 
a seu destino, a menos que seja interrompido por alguma conversa ou por algum acidente no 
meio do percurso. Se uma pessoa diz ter visto a cena de um crime e de ser capaz de identificar 
o assassino, caso seja arrolada como testemunha, não poderá no julgamento reconhecer o 
criminoso pelas costas. Tal atitude permite inferir que o suspeito não é inexoravelmente (sem 
sombra de dúvidas) o culpado.
20COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Em quinto lugar, para que o texto tenha qualidade, o cuidado com a harmonia é indis-
pensável. A melhor forma existente para desarmonizar o texto é o emprego da redundância 
ou de pleonasmos. Confira no exemplo: “Ele colocou ontem a pasta no mesmo lugar em que 
estava colocada na semana passada” (mesmo verbo utilizado duas vezes na mesma frase). 
Para garantir a harmonia da frase, podemos deixá-la assim: “Ele guardou ontem a pasta no 
mesmo lugar em que estava colocada na semana passada”. Quanto aos pleonasmos, nota-se 
um vício de linguagem em frases como “tive uma surpresa inesperada”, “vou adiar para de-
pois o encontro”, “o texto tem lacunas não preenchidas”, “ela subiu para cima e depois des-
ceu para baixo”. 
Um texto claro, objetivo, sucinto, escrito sem rebuscamentos, mas com frases curtas, 
precisão vocabular, harmonia e ideias logicamente articuladas é muito bem-vindo!
TIPOS DE TEXTO
Antes de nos ocuparmos com as especificidades de alguns gêneros textuais, é primor-
dial sabermos reconhecer suas principais tipologias. Neste caso, cinco ações são as mais co-
mumente praticadas quando escrevemos. Vamos estudá-las mais detalhadamente.
A primeira é a descrição. Descrever é o ato de caracterizar, ou seja, elaboramos um texto 
descritivo quando informamos as características de uma pessoa, um animal, um objeto, um 
sentimento, etc. Exemplos: Esta sala é espaçosa, bem iluminada, tem 50 cadeiras azuis e seis 
ventiladores dispostos em três fileiras; ela tem 20 anos, cabelos compridos e castanhos, ummetro e sessenta e cinco centímetros, gosta de ler e escrever poemas; explicar a paixão não é 
tarefa fácil, mas podemos dizer que se trata de um sentimento no qual uma pessoa fica sem 
palavras quando se depara com outra, a comunicação sai engasgada, entrecortada e muitas 
vezes desconexa por ser a criatura apaixonada movida por uma emoção especial, uma afetivi-
dade que brota em seu coração e que precisa ser revelada e resolvida, porém, há um mistério 
que a cala, que a encarcera, que a domina. 
A segunda é a narração. Narrar diz respeito a contar uma história. A narração nada mais 
é do que a capacidade humana de narrar ações, e essa propriedade, portanto, está presente no 
texto narrativo. Neste tipo textual marcado pelo registro de fatos, é fundamental a existência 
de personagens, pois são as pessoas que realizam as ações narradas. Além disso, é necessário 
um enredo, que corresponde à trama da história, isto é, como os fatos se desenvolvem, apre-
sentando uma introdução, havendo um conflito e, ao final, uma solução para ele, não importa 
se feliz ou trágica. Exemplo: João saiu de casa às cinco da manhã. Era um sábado. Ele sabia que 
corria perigo. Foi se envolver com a secretária do chefe, e o chefe era bandido. Não deu outra. 
Na esquina anterior à entrada da empresa o pegaram. Três chutes no estômago e dois nas cos-
tas. O mais triste é que ninguém que atravessava a rua se ofereceu para acudi-lo.
A terceira é a argumentação, que corresponde ao ato de defender uma ideia. Para isso, 
nos valemos de argumentos que justifiquem nosso ponto de vista. Estamos falando do texto 
dissertativo-argumentativo. Para escrevê-lo, precisamos escolher um tema que conhecemos 
bem e começar a nos posicionar contra ou favoravelmente, ou ainda apontando os seus prós 
e contras. Por exemplo: A realização da Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro. Tanto podemos 
21COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
entender que favorece o turismo e a imagem do país no exterior, como podemos pensar que 
os investimentos na vila olímpica não são fiscalizados e que poderiam ser, em vez disso, em-
pregados diretamente em saúde, segurança e educação.
Menos comum que as três anteriores, a quarta é a injunção. Para transmitirmos instru-
ções aos leitores é que escrevemos um texto injuntivo. Imagine uma receita de bolo: quebre 
um ovo e coloque-o na panela. Bata até ficar cremoso. Adicione cem gramas de farinha. Mis-
ture bem. Depois, leve ao fogo por cinco minutos. Está bem, você “sacou” que em matéria de 
culinária sou zero à esquerda! Mas não é isso que importa, tá! Repare nos verbos no impera-
tivo afirmativo. Eles servem para externar ordens para que o leitor as obedeça, passo a passo. 
Um manual de instruções ou de rotinas também tem por base o texto injuntivo. 
Acesse o manual de rotinas do Departamento de Contabilidade e Finanças da UFRGS em 
https://www.yumpu.com/pt/document/view/12986603/manual-de-rotinas-departamen-
to-de-contabilidade-e-financas-ufrgs e veja como os funcionários que lá trabalham podem 
executar uma série de procedimentos devidamente orientados pelas explicações contidas no 
documento.
A quinta – e menos comum que as quatro anteriores – é a predição. Predizer é o mesmo 
que dizer antes, ou seja, antecipar, lançar uma previsão. Ao que se sabe, o único livro verda-
deiramente preditivo é a Bíblia. Afinal, adivinhar o futuro é uma missão que, excetuando-se 
aqueles que receberam a inspiração divina, só o João Alves conseguiu. Ninguém ganhará na 
loteria mais vezes do que ele, escreve aí!
Sobre nossa eterna incerteza e imensa fragilidade em relação ao que o futuro nos reser-
va, é recomendável a leitura do conto A cartomante, de Machado de Assis.
É hora de voltar a falar sério. Como a previsão do tempo é anunciada? Através do texto 
preditivo: amanhã choverá na metade Sul do Rio Grande do Sul. O afastamento da frente fria 
em direção à Patagônia provocará instabilidade nos próximos dias na região. Nesta quinta-
-feira, a mínima ficará em torno dos dez graus em Rio Grande. Também ficou claro que nada 
entendo de meteorologia, não é? Bom, mas isso era previsível! Reparou nos verbos no futuro 
do presente do indicativo? Eles sinalizam para a tentativa de antecipação de um evento, neste 
caso ligado às condições meteorológicas. 
Como vimos, descrever, narrar e argumentar são as principais ações relacionadas à 
produção de textos. É importante ressaltar que, para contar uma história, posso utilizar des-
crições. Além disso, para argumentar, posso me valer do aprendizado gerado por uma his-
tória que vivenciei e que decido relatá-la, ou, também, de descrições. Exemplos: A boate Kiss 
estava funcionando sem alvará. Portanto, o poder público tem responsabilidade pela tragédia 
(estabeleço o raciocínio a partir de um fato); não haviam saídas de emergência, o isolamen-
to acústico era constituído de material inflamável e de grande toxicidade. Logo, não pode-
ria estar funcionando um local com essas características (estabeleço o raciocínio a partir das 
descrições). Raramente um texto é exclusivamente descritivo, narrativo ou argumentativo, 
senão predominantemente descritivo, narrativo ou argumentativo. Guarde isso!
https://www.yumpu.com/pt/document/view/12986603/manual-de-rotinas-departamento-de-contabilidade-e-fi
https://www.yumpu.com/pt/document/view/12986603/manual-de-rotinas-departamento-de-contabilidade-e-fi
22COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
SUBJETIVIDADE E OBJETIVIDADE TEXTUAIS
Cabe destacar que a subjetividade e a objetividade podem estar sobrepostas nos referi-
dos textos. De que forma? Primeiro vamos diferenciá-las. Pergunta-se: você toma café sem 
açúcar? Ah, não! E com adoçante? Também não? Com uma colher de açúcar? Duas? Três? Mais 
que três? Certo. Eu, por exemplo, não tomo café. Lembra a Revista Placar? Um jogador – acho 
que era do Bahia – entrevistado no final dos anos 80 respondeu que não usava xampu. Vai ver 
que tomava banho com sabão Maraschyn, palpitava um amigo meu. Cada um toma banho e 
café a sua maneira, não é verdade? Isso é, portanto, subjetivo. A subjetividade garante respei-
to às preferências individuais. Daqui a uns dias, quando fizer as provas dos graus A e B, você 
provavelmente dará uma olhadela na minha mala, cuja cor é preta. Poderá achar bonita ou 
feia. Isso é subjetivo. Mas você se deu conta que “bonito” e “feio” são adjetivos? As opiniões 
e as impressões pessoais conferem subjetividade ao texto. Logo, os adjetivos e a fala em pri-
meira pessoa são traços subjetivos.
Como fazer para reconhecer a objetividade num texto? Bem, opostamente ao que é sub-
jetivo, a mensagem objetiva ancora (ou, ao menos, procura ancorar) valores que sejam uni-
versalmente aceitos. Como assim? Se o Rio Grande do Sul possui 282 mil quilômetros qua-
drados de extensão, quantos quilômetros quadrados ele possui? 282 mil. Há alguém nesse 
planeta que pode contestar tal informação? Deixe para lá as guerras do passado! Se eu disser 
que o dístico “ordem e progresso” integra a bandeira do Brasil, ou que Aracaju é a Capital de 
Sergipe, há alguém nesse planeta que pode contestar tais informações? Responda!
A objetividade não ressalta os sentimentos individuais. 
Ao contrário, faz ou quer fazer prevalecer a todos aquilo 
que veicula.
A informação é o principal instrumento da objetividade. Vamos supor que houve 40 mil 
pessoas presentes no Beira-Rio no Grenal 410. Todas retornaram para suas casas após o jogo, 
sendo que nenhuma delas morreu. Essa é uma informação oficial, objetiva, e não adianta eu di-
zer que morreram duas se não tenho provas. Claro, toda informação é passível de ser retificada, 
mas enquanto não é desmentida, permanecerá válida, e todos nós devemos acreditar nela.
Você entendeu a diferença entre a subjetividade e a objetividade? Espero que sim! Ana-
lisaremos um último questionamento: a escrita deve ser em primeira ou terceira pessoa? Eis 
um paradigma a ser desmistificado. Cientificamente, escreve-se de modo impessoal, isto é,em terceira pessoa, para marcar certo distanciamento de nosso objeto de estudo. Em “O prin-
cípio esperança”, o filósofo alemão Ernst Bloch disserta sobre a “obscuridade do instante vi-A subjetividade garante respeito às preferências individuais.
23COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
vido”. Faça a seguinte experiência: pegue qualquer objeto, como uma garrafa, um celular ou 
uma carteira, por exemplo. Coloque-o a cinco centímetros de distância de seus olhos. Como 
você o enxerga? Com muita dificuldade, não é mesmo? Isso mostra que, enquanto sujeitos, 
devemos guardar certa distância dos objetos para observá-los melhor. Essa experiência é 
bastante profícua para que se compreenda o paradigma científico. Porém, uma etnografia, ou 
seja, o relato de uma vivência antropológica, é um texto científico escrito em primeira pessoa. 
Não há nada de mais nisso. Todo pesquisador observa o(s) objeto(s) de algum lugar, e se ele 
vale de sua subjetividade para tecer as observações científicas, e em qualquer área do conhe-
cimento é assim. A sua história, a sua cultura, as suas relações sociais, a sua formação, tudo 
isso interfere em seu ponto de vista, que é único, e não universal. Consequentemente, indifere 
se o texto for produzido em primeira ou terceira pessoa, devido a sua raridade, o texto cien-
tífico em primeira pessoa é vítima de muita resistência no meio acadêmico. Evidentemente, 
quanto mais as suas impressões pessoais e a sua participação como observador virarem ob-
jeto de pesquisa, maiores as chances do texto em primeira pessoa ser acolhido pela banca. Do 
contrário, para se incomodar menos, escolha escrever em terceira pessoa, mas saiba que você 
tem o direito de decidir.
GÊNEROS TEXTUAIS
Retomando o plano de ensino de Comunicação, nosso objetivo é “produzir textos de di-
ferentes gêneros textuais orais e escritos, condizentes com o ambiente acadêmico e empresa-
rial”. O critério “condizentes com o ambiente acadêmico e empresarial” é providencial para 
que foquemos em alguns dos muitos gêneros textuais existentes. Selecionamos, neste caso, 
seis gêneros, sendo três mais ligados ao mundo acadêmico e outros três ao contexto empre-
sarial. A crônica, o artigo de opinião e a resenha crítica se enquadram no primeiro grupo, en-
quanto o e-mail, a carta comercial e o memorando, no segundo.
É interessante pensar, como ponto de partida para a abordagem desse tópico, que não se 
produz um texto sem respeitar um determinado formato. Na carta comercial, por exemplo, é 
obrigatório que o remetente a assine. Por outro lado, no e-mail não há essa exigência. A crô-
nica é um texto primordialmente narrativo, enquanto o teor do artigo de opinião e da resenha 
crítica é dissertativo-argumentativo. Os gêneros textuais nascem por obra de suas especifi-
cidades. Se elas não existissem, os textos não seriam categorizados. O e-mail, para citar mais 
um exemplo, é um gênero novo. Ele surgiu devido à possibilidade do envio de correspondên-
cias eletrônicas pela Internet, algo que o ser humano inventou há poucas décadas. As primei-
ras crônicas, em compensação, são milenares. Vamos conhecer os aspectos que caracterizam 
cada gênero textual?
O ARTIGO DE OPINIÃO
Não foi por acaso que escolhemos o artigo de opinião para abrir essa exposição sobre os 
gêneros textuais. Talvez seja o gênero com o qual você tenha mais familiaridade, consideran-
do-se sua trajetória como estudante. Nos ensinos fundamental e médio, certamente solicita-
ram que você escrevesse redações para testar seus conhecimentos gerais e, principalmente, 
se sabia defender uma ideia de forma convincente. Do contrário, não faria sentido as univer-
sidades lançarem mão das redações nos vestibulares para averiguar a competência dos can-
24COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
didatos. E não se trata de iniciativa particular das universidades, não! O que dizer do ENEM, 
que é para muitas Instituições de Ensino Superior a grande referência para definir quem in-
gressará nas faculdades? E do ENADE, que é o exame que avalia a qualidade de ensino dessas 
instituições? Esses exemplos não foram suficientes? Qual a sua atitude caso seja um profis-
sional capaz de reunir uma série de predicados e acredita ter direito a um aumento salarial ou 
a uma promoção? Por vergonha e incapacidade de argumentar, não conversará com o chefe, 
preferindo ficar resmungando a vida toda? Como você se valorizará? 
Somos desafiados a argumentar não apenas no meio acadêmico, mas no dia a dia. Um 
artigo de opinião tem estrutura semelhante à de uma redação em vestibular, com introdução, 
desenvolvimento e conclusão. Bom, isso você já está careca de tanto saber! Vamos analisar um 
exemplo de artigo de opinião com base numa redação. A UFRGS definiu como tema de redação 
do vestibular de 1995 “Dificuldades de comunicação e estratégias para superá-las”. Leia na 
íntegra o seguinte texto do Prof. Paulo Simões:
UMA CONVERSA COMPLICADA... MAS NÃO MUITO
O jovem de classe média e razoável escolarização comunica-se com bastante naturalidade na 
linguagem coloquial. No entanto, há situações em que as palavras parecem sumir do seu dicionário 
mental.
A propósito, lembro um fato que ocorreu quando eu tinha quinze anos e morria de amores por 
uma colega de turma. Flertávamos na sala de aula e no recreio. Chegou, então, o dia do Baile da Pri-
mavera, uma festa tradicional da escola onde estudávamos. Era preciso formalizar o namoro. A ideia 
de vê-la dançar agarradinha com os colegas me martirizava. Mas... o que dizer? Convidá-la para ir 
ao baile comigo era impraticável: eu não tinha automóvel nem idade para dirigir. Levá-la de ônibus 
com vestido de festa era muito desajeitado. Perguntar-lhe simplesmente se queria ser minha namo-
rada parecia tão sem graça. Isso para não falar na timidez e no medo insuperável de ouvir um não. 
A situação parecia complicada.
Em momentos assim, o melhor era pedir ajuda. Afinal, os amigos existem para as ocasiões di-
fíceis. Eu era muito estudioso e prestativo. Na hora das provas, muitas amigas da minha princesa me 
pediam ajuda. Seria muito fácil para qualquer uma delas avaliar a minha cotação e as minhas chan-
ces. Recado vai, recado vem, fiquei feliz: o terreno era favorável. Mas, se por um lado desaparecia o 
medo de um insucesso, por outro lado o problema da comunicação ficava o mesmo. O que dizer? O 
que propor? Resolvi apelar para o humor. No final do recreio, passei por ela e perguntei: “-Luciana, 
boneca dança?”. Ela sorriu e não precisou responder. O sorriso dizia tudo. Ali estava uma boneca que 
dançaria comigo. E dançou. Todo o baile.
Aprendi que não é tão difícil encontrar as palavras adequadas, como supunham alguns poetas. 
Basta um pouquinho de bom humor. Ah, sim, e de coragem também.
Agora vamos examinar cada parte do texto. A introdução é esta:
O jovem de classe média e razoável escolarização comunica-se com bastante naturalidade na lin-
guagem coloquial. No entanto, há situações em que as palavras parecem sumir do seu dicionário mental.
25COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Você percebe que o autor está fazendo uma afirmação? Sim, ele está defendendo que a 
linguagem coloquial é usada naturalmente pelo jovem de classe média que completou ou está 
cursando o ensino médio. Existem situações, contudo, em que essa naturalidade se esvai, pois 
faltam as palavras corretas para enfrentá-las da melhor forma possível. Essa afirmação é o 
que chamamos de tese. A tese é uma proposição, ou seja, uma ideia proposta pelo autor. De 
agora em diante, ele sempre deverá sustentar esse ponto de vista para não cair em contradi-
ção. Ele precisará de argumentos que reforcem a tese. Esses argumentos devem aparecer no 
desenvolvimento do texto: 
A propósito, lembro um fato que ocorreu quando eu tinha quinze anos e morria de amores por 
uma colega de turma. Flertávamos na sala de aula e no recreio. Chegou, então, o dia do Baile da Pri-
mavera, uma festa tradicional da escola onde estudávamos. Era preciso formalizar o namoro.A ideia 
de vê-la dançar agarradinha com os colegas me martirizava. Mas... o que dizer? Convidá-la para ir 
ao baile comigo era impraticável: eu não tinha automóvel nem idade para dirigir. Levá-la de ônibus 
com vestido de festa era muito desajeitado. Perguntar-lhe simplesmente se queria ser minha namo-
rada parecia tão sem graça. Isso para não falar na timidez e no medo insuperável de ouvir um não. 
A situação parecia complicada.
 Em momentos assim, o melhor era pedir ajuda. Afinal, os amigos existem para as ocasiões 
difíceis. Eu era muito estudioso e prestativo. Na hora das provas, muitas amigas da minha princesa 
me pediam ajuda. Seria muito fácil para qualquer uma delas avaliar a minha cotação e as minhas 
chances. Recado vai, recado vem, fiquei feliz: o terreno era favorável. Mas, se por um lado desapare-
cia o medo de um insucesso, por outro lado o problema da comunicação ficava o mesmo. O que dizer? 
O que propor? Resolvi apelar para o humor. No final do recreio, passei por ela e perguntei: “-Luciana, 
boneca dança?”. Ela sorriu e não precisou responder. O sorriso dizia tudo. Ali estava uma boneca que 
dançaria comigo. E dançou. Todo o baile.
Muito bem, o autor utilizou o argumento pelo exemplo. Contou uma história pessoal. 
Queria namorar uma colega da turma, por quem era apaixonado. E aí? Como conquistá-la? Dá 
pra se comunicar com naturalidade numa situação dessas? A tese que ele apresentou, portan-
to, é pertinente. De repente, surgiu uma oportunidade: o Baile da Primavera. Estava consta-
tada uma dificuldade de comunicação. O baile ensejava o uso de estratégias para superá-la. O 
rapaz consultou as colegas mais próximas da moça e depois apelou para o humor. Essas foram 
as suas estratégias bem-sucedidas. 
Não há número fixo ou pré-determinado de parágrafos em que a opinião do articulista 
é exposta no desenvolvimento. Quanto mais argumentos forem utilizados, mais parágrafos 
serão necessários. Conclusão:
Aprendi que não é tão difícil encontrar as palavras adequadas, como supunham alguns poetas. 
Basta um pouquinho de bom humor. Ah, sim, e de coragem também.
Na conclusão, sintetiza-se o que foi argumentado, trazendo a reflexão sobre as ideias 
anteriormente descritas. 
26COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
A CRÔNICA
“Khrónos” em grego quer dizer tempo. A palavra “crônica”, portanto, é a descrição de 
fatos em um determinado tempo. Pode haver ou não personagens no relato. A narração geral-
mente se volta para o cotidiano das pessoas, muitas vezes apontando aspectos corriqueiros, 
repetitivos, mas que precisam ser observados através de uma ótica inauguradora, ou seja, 
diferente do óbvio. Para isso, pode-se fazer uso da ironia, do humor. Ela tanto pode valorizar 
o caráter narrativo, como o opinativo. Seu objetivo é muitas vezes colocar em evidência uma 
realidade social, cultural ou política. Neste texto, predominam comumente as impressões do 
cronista sobre experiências que vivenciou. Leia na íntegra a crônica a seguir, de autoria de 
Martha Medeiros:
O MULHERÃO
Peça para um homem descrever um mulherão. Ele imediatamente vai falar do tamanho dos 
seios, na medida da cintura, no volume dos lábios, nas pernas,bumbum e cor dos olhos. Ou vai dizer 
que mulherão tem que ser loira,1,80m,siliconada,sorriso colgate. Mulherões, dentro deste conceito, 
não existem muitas: Vera Fischer, Leticia Spiller, Malu Mader, Adriane Galisteu, Lumas e Brunas. 
Agora pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma 
a cada esquina.
Mulherão é aquela que pega dois ônibus por dia para ir ao trabalho e mais dois para voltar, e 
quando chega em casa encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome. Mulherão 
é aquela que vai de madrugada para a fila garantir matricula na escola e aquela aposentada que 
passa horas em pé na fila do banco para buscar uma pensão de 100 reais.
Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda à sexta, e uma 
família todos os dias da semana. Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas 
depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento. Mulherão é aquela que se 
depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dieta, que malha, que usa salto alto, meia-calça, 
ajeita o cabelo e se perfuma, mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista. Mulherão é quem 
leva os filhos na escola, busca os filhos na escola, leva os filhos para a natação, busca os filhos na 
natação, leva os filhos para a cama, conta histórias, dá um beijo e apaga a luz. Mulherão é aquela 
mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega, e que de manhã bem cedo já está de pé, 
esquentando o leite. 
Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo, é quem faz serviços voluntários, é 
quem colhe uva, é quem opera pacientes, é quem lava roupa pra fora, é quem bota a mesa, cozinha 
o feijão e à tarde trabalha atrás de um balcão. Mulherão é quem cria filhos sozinha, quem dá expe-
diente de oito horas e enfrenta menopausa, TPM, menstruação. Mulherão é quem arruma os armá-
rios, coloca flores nos vasos, fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira 
cheia e os cinzeiros vazios. Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual 
o melhor remédio pra azia.
LUMAS, BRUNAS, CARLAS, LUANAS E SHEILAS: Mulheres nota dez no quesito lindas de morrer, 
mas MULHERÃO É QUEM MATA UM LEÃO POR DIA.
27COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Como foi mencionado, na crônica “O mulherão”, a narração “se volta para o cotidiano 
das pessoas, muitas vezes apontando aspectos corriqueiros, repetitivos, mas que precisam 
ser observados através de uma ótica inauguradora, ou seja, diferente do óbvio”. O que signi-
fica “mulherão” na visão de um homem? Invariavelmente, a mulher que se destaca por seus 
atributos físicos, por ser dona de uma beleza escultural. E o que significa “mulherão” na visão 
de uma mulher? Opa, isso é inédito. O que será? Pois a crônica é um excelente gênero textual 
para suscitar a reflexão sobre esse tema. Lendo o texto de Martha Medeiros, conclui-se que 
todas elas são mulherões. Elas podem até não ser modelos, mas se maquiam, trabalham, cui-
dam dos filhos sozinhas em muitos casos, enfrentam menopausa, TPM, menstruação, enfim, 
matam um leão por dia. A crônica foi importante para Martha Medeiros fazer uma justa defe-
sa pela valorização das mulheres. 
Leia a crônica “As dores da vitória”, de autoria do Prof. Dr. Tiago Pellizzaro, em http://
www.apesc.net.br/historia_doresdavitoria.html. Neste texto, diferentemente do conteúdo 
de “O mulherão”, a narração ficará mais evidente. 
A RESENHA CRÍTICA
Para escrever uma resenha com boa qualidade, existem aspectos que não podem ser es-
quecidos:
• o título da resenha;
• o nome de quem escreveu a resenha;
• a referência bibliográfica da obra; 
• alguns dados biográficos do autor da obra resenhada; 
• o resumo, ou síntese do conteúdo da obra;
• a avaliação crítica de quem escreve a resenha. 
Todo texto possui um título. Com a resenha, não é diferente. Escolha, portanto, um tí-
tulo para sua resenha.
Abaixo do título, deve vir o nome do autor da resenha. 
Pode-se iniciar o texto:
1. com a indicação da referência bibliográfica da obra e em seguida um primeiro comentá-
rio sobre o livro; 
2. com uma breve apresentação da biografia de quem escreveu o livro; 
3. com uma introdução do tema antes de começar a falar do livro.
http://www.apesc.net.br/historia_doresdavitoria.html
http://www.apesc.net.br/historia_doresdavitoria.html
28COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
No desenvolvimento, você deve sintetizar os conteúdos do livro, selecionando somente 
os aspectos mais importantes para serem comentados na resenha. Uma forma de fazer isso é 
destinar para cada capítulo do livro um parágrafo, isso se forem poucos os capítulos. Exem-
plo: 
No capítulo 2, o autor comenta...
No capítulo 3, o enfoque é ...
No capítulo 4, há uma ...
No capítulo final, é feita ...Caso sejam muitos os capítulos da obra, os parágrafos da resenha podem se referir às 
partes em que o livro foi dividido. Exemplo:
Na primeira parte, o autor trata ...
Na segunda parte, o assunto ...
Na parte final, ocorre ...
Se não houver poucos capítulos ou partes dividindo a obra, estabeleça você mesmo um 
critério para separar os conteúdos, observando quando há mudanças na abordagem e defi-
nindo, dessa forma, como será o desenvolvimento do texto em três ou quatro parágrafos. 
Por se tratar de um texto crítico, opine sobre a abordagem do autor, ressalte os deta-
lhes que, na sua visão, são positivos na obra, e tente identificar defeitos que ela possa conter. 
Analise a linguagem, o tamanho do texto, o modo como o autor tenta envolver o leitor, o que 
há de novidade no que é descrito, quais polêmicas ou esclarecimentos são alimentados, quais 
reflexões o livro suscita, etc.
Na conclusão, reforce os pontos comentados anteriormente ou faça um alerta sobre o 
que a obra queria apresentar. Um parágrafo é suficiente.
A resenha não é um resumo, mas também não é de elaboração extensa. Um tamanho 
razoável para sua composição seria entre uma página e meia e três páginas. A seguir, temos 
três exemplos extremamente úteis sobre a construção de resenhas: o primeiro, pelos comen-
tários referentes a um romance; o segundo, por avaliar uma biografia; o terceiro, por inter-
pretar a importância de um texto científico.
29COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Atwood se perde em panfleto feminista
Atwood se perde em panfleto feminista
Marilene Felinto
Margaret Atwood, 56, é uma escritora canadense famo-
sa por sua literatura de tom feminista. No Brasil, é mais co-
nhecida pelo romance “A mulher Comestível” (Ed. Globo). Já 
publicou 25 livros entre poesia, prosa e não-ficção. “A Noiva 
Ladra” é seu oitavo romance.
O livro começa com uma página inteira de agradecimen-
tos, procedimento normal em teses acadêmicas, mas não em 
romances. Lembra também aqueles discursos que autores de 
cinema fazem depois de receber o Oscar. A escritora agradece 
desde aos livros sobre guerra, que consultou para construir 
o “pano de fundo” de seu texto, até a uma parente, Lenore 
Atwood, de quem tomou emprestada a (original? significati-
va?) expressão “meleca cerebral”.
Feitos os agradecimentos e dadas as instruções, co-
meçam as quase 500 páginas que poderiam, sem qualquer 
problema, ser reduzidas a 150. Pouparia precioso tempo ao 
leitor bocejante. É a história de três amigas, Tony, Roz e Cha-
ris, cinquentonas que vivem infernizadas pela presença (em 
“flashback”) de outra amiga, Zenia, a noiva ladra, inescrupu-
losa “femme fatale” que vive roubando os homens das outras.
Vilã meio inverossímel - ao contrário das demais perso-
nagens, construídas com certa solidez -, a antogonista Zenia 
não se sustenta, sua maldade não convence, sua história não 
emociona. A narrativa desmorona, portanto, a partir desse 
defeito central. Zenia funcionaria como superego das outras, 
imagem do que elas gostariam de ser, mas não conseguiram, 
reflexo de seus questionamentos internos - eis a leitura mais 
profunda que se pode fazer desse romance nada surpreen-
dente e muito óbvio no seu propósito.
Segundo a própria Atwood, o propósito era construir, 
com Zenia, uma personagem mulher “fora-da-lei”, porque 
“há poucas personagens mulheres fora-da-lei”. As interven-
ções do discurso feminista são claras, panfletárias, disfar-
çadas de ironia e humor capengas. A personagem Tony, por 
exemplo, tem nome de homem (é apelido para Antônia) e é 
professora de história, especialista em guerras e obcecada por 
elas, assunto de homens: “Historiadores homens acham que 
ela está invadindo o território deles, e deveria deixar as lan-
ças, flechas, catapultas, fuzis, aviões e bombas em paz”.
Outras alusões feministas parecem colocadas ali para 
provocar riso, mas soam apenas ingênuas: “Há só uma coi-
sa que eu gostaria que você lembrasse. Sabe essa química que 
afeta as mulheres quando estão com TPM? Bem, os homens 
têm essa química o tempo todo”. Ou então, a mensagem ra-
biscada na parede do banheiro: “Herstory Not History”, tro-
cadilho que indicaria o machismo explícito na palavra “His-
tória”, porque em inglês a palavra pode ser desmembrada em 
duas outras, “his” (dele) e story (estória). A sugestão contida 
no trocadilho é a de que se altere o “his” para “her” (dela).
As histórias individuais de cada personagem são o cos-
tumeiro amontoado de fatos cotidianos, almoços, jantares, 
trabalho, casamento e muita “reflexão feminina” sobre a in-
fância, o amor, etc. Tudo isso narrado da forma mais acha-
tada possível, sem maiores sobressaltos, a não ser talvez na 
descrição do interesse da personagem Tony pelas guerras.
Mesmo aí, prevalecem as artificiais inserções de fun-
do histórico, sem pé nem cabeça, no meio do texto ficcional, 
efeito da pesquisa que a escritora - em tom cerimonioso na 
página de agradecimentos - se orgulha de ter realizado.
30COMUNICAÇÃO
 SUMÁRIO
Estadista de mitra
Na melhor bibliografia de João Paulo II até agora, o jornalista Tad Szulc dá ênfase à atu-
ação política do papa.
Ivan Ângelo
Como será visto na História esse contraditório papa João Paulo II, o único não-italiano 
nos últimos 456 anos? Um conservador ou um progressista? Bom ou mau pastor do imenso 
rebanho católico? Sobre um ponto não há dúvida: é um hábil articulador da política inter-
nacional. Não resolveu as questões pastorais mais angustiantes da Igreja Católica em nosso 
tempo - a perda de fiéis, a progressiva falta de sacerdotes, a forma de pôr em prática a op-
ção da igreja pelos pobres -; tornou mais dramáticos os conflitos teológicos com os padres e 
os fiéis por suas posições inflexíveis sobre o sacerdócio da mulher, o planejamento familiar, 
o aborto, o sexo seguro, a doutrina social, especialmente a Teologia da Libertação, mas por 
outro lado, foi uma das figuras-chave na desarticulação do socialismo no Leste Europeu, nos 
anos 80, a partir da sua atuação na crise da Polônia. É uma voz poderosa contra o racismo, a 
intolerância, o consumismo e todas as formas autodestrutivas da cultura moderna. Isso fará 
dele um grande papa?
O livro do jornalista polonês Tad Szulc João Paulo II - Bibliografia (tradução de Anto-
nio Nogueira Machado, Jamari França e Silvia de Souza Costa; Francisco Alves; 472 páginas; 
34 reais) toca em todos esses aspectos com profissionalismo e competência. O autor, um ex-
-correspondente internacional e redator do The New York Times, viajou com o papa, comeu 
com ele no Vaticano, entrevistou mais de uma centena de pessoas, levou dois anos para es-
crever esse catatau em uma máquina manual portátil, datilografando com dois dedos. O livro, 
bastante atual, acompanha a carreira (não propriamente a vida) do personagem até o fim de 
janeiro de 1995, ano em que foi publicado. É um livro de correspondente internacional, com 
o viés da política internacional. Szulc não é literariamente refinado como seus colegas Gay 
Talese ou Tom Wolfe, usa com frequência aqueles ganchos e frases de efeito que adornam o 
estilo jornalístico, porém, persegue seu objetivo como um míssil e atinge o alvo.
Em meio à política, pode-se vislumbrar o homem Karol Wojtyla, teimoso, autoritário, 
absolutista de discurso democrático, alguém que acha que tem uma missão e não quer divi-
di-la, que é contra o “moderno” na moral, que prefere perder a transigir, mas é gentil, calo-
roso, fraterno, alegre, franco ... Szulc, entretanto, só faz o esboço, não pinta o retrato. Temos, 
que aceitar a sua opinião: “É difícil não gostar dele”.
Opus Dei - O livro começa descrevendo a personalidade de João Paulo II, faz um bom 
resumo da História da Polônia e sua opção pelo Ocidente e pela Igreja Católica Romana (em 
vez da Ortodoxa Grega, que dominava os vizinhos do Leste), fala da relação mística de Wojtyla 
com o sofrimento, descreve sua brilhante carreira intelectual e religiosa, volta à sua

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