Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 1 Profª / Enfª: Sarita Camara ENFERMEIRA / PROFESSORA: SARITA CAMARA Enfermeira Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial 2 2 Profª / Enfª: Sarita Camara PERSPECTIVA HISTÓRICA Desde as crenças primitivas aos distúrbios mentais diversas formas foram assumidas. Alguns achavam que pessoas com doença mental tinham sua alma removida e só iam ficar curados se a alma voltasse. Outros porém, já acreditavam que os maus espíritos ou até mesmo aqueles com poderes sobrenaturais haviam penetrado em seu corpo e a cura só seria possível com ritual de exorcismo, espancamentos brutais ou outras formas de torturas, pois só assim poderiam retirar as forças indesejáveis e atingir o seu objetivo, a cura. A doença mental era também vista como uma forma de pecado contra Deus ou contra outro indivíduo, sendo necessário um ritual de purificação ou até mesmo de oferendas. Desde a Antiguidade já existia doença mental, sendo que antigamente o doente não era incomodado, depois houve a luta contra “o bem e o mal” e acreditava-se que o doente mental estava possuído por demônios e muitos foram queimados em fogueiras. A posição dessas crenças antigas evolui com o aumento do conhecimento a respeito das doenças mentais, assim como as mudanças nas atitudes culturais, religiosas e sócio-políticas. Os trabalhos de Hipócrates, por volta de 400 a.C., começaram o movimento de afastamento da crença no sobrenatural. Hipócrates associou a insanidade e a doença mental a uma irregularidade na interação dos quatro líquidos corporais – sangue, bile negra, bile amarela e fleimão. Ele designou esses líquidos corporais como humores e associou cada um deles a um temperamento específico. O desequilíbrio desses quatro humores era considerado o causador da doença mental e era freqüentemente tratado pela indução de vômitos e diarréias com potentes drogas catárticas. (Townsend, 2000, p. 13) Durante a Idade Média (500 a 1.500 d.C) continuava a predominar na população européia a associação da doença mental com a feitiçaria e o sobrenatural. Justamente nesta época surgiu uma operação considerada como a origem da expressão “nau dos insensatos”. A idéia dessa expressão segundo Townsend (2002, p. 13), surgiu neste período porque muitos indivíduos doentes mentais graves eram postos ao mar em barcos à vela com pouca orientação, para ir buscar sua racionalidade perdida. Neste mesmo período, nos países islâmicos do Oriente Médio, começou a haver uma mudança de atitude, onde deixavam a idéia de que as pessoas estavam possuídas por poderes sobrenaturais, feitiçaria e sim esses indivíduos estavam efetivamente doentes. Segundo Taylor (1992, p. 180): “O transtorno do pensamento conhecido atualmente como Esquizofrenia, existiu indubitavelmente ao longo de toda a história humana. Entretanto, o desvio comportamental associado com esse transtorno nem sempre foi visto de forma negativa. Algumas sociedades primitivas elevavam aqueles que sofriam de visões e ouviam vozes a uma posição de proeminência, acreditando que possuíam poderes sobrenaturais.” Na antigüidade pensava-se que a loucura era provocada por causas naturais e na Idade Média foi atribuída aos demônios. Foi através da mudança de atitude dos países islâmicos do Oriente Médio, que os hospitais gerais passaram a dar origem ao estabelecimento de algumas unidades especiais destinadas aos doentes mentais, assim como instituições que visavam alojar insanos, do qual podemos considerar como os primeiros asilos para doentes mentais. Nos séculos XVI e XVII não existiam instituições para doentes mentais na América do Norte e o cuidado desses indivíduos tornou-se uma responsabilidade para a família. Aqueles que não tinham recursos ou famílias eram 3 3 Profª / Enfª: Sarita Camara responsabilidades da comunidade em que residiam e eram encarcerados em locais em que não podiam causar danos a si mesmos ou a outras pessoas. A partir do século XIX, há a produção de uma percepção dirigida pelo olhar científico sobre o fenômeno da loucura e sua transformação em objeto de conhecimento: a doença mental. No século XIX cria-se o estabelecimento de um sistema de asilos estaduais, onde os indivíduos com doença mental eram hospitalizados em hospitais estaduais, pois proporcionavam um cuidado terapêutico humanitário, sendo que a população de doentes mentais cresceu muito rápido e as instituições tornaram-se superlotadas, deficientes em pessoal, e as condições deterioraram. O cuidado terapêutico reverteu ao cuidado custodial. Segundo Townsend (2000, p. 13), esses hospitais estaduais constituíram o principal recurso para os doentes mentais até o início do movimento de saúde mental comunitária na década de 1960. Durante a época clássica (séc. XVII e XVIII), o hospício tem uma função eminentemente de “hospedaria”. Os hospitais e as Santas Casas de Misericórdia representam espaço de recolhimento de toda ordem de marginais: leprosos, prostitutas, ladrões, loucos, vagabundos, todos aqueles que simbolizam ameaça à lei e à ordem social. (Amarante, 2000, p. 24) Os doentes mais agressivos viviam trancados em porões nas Santas Casas juntos com mendigos, marginais, prostitutas, com as piores formas de torturas e os mais tranqüilos viviam com suas famílias, mas ficavam isolados. O enclausuramento não possui, durante esse período, uma conotação de medicalização, uma natureza patológica. O olhar sobre a loucura não é diferenciador das outras categorias marginais, mas o critério que marca a exclusão destas está referido à figura da desrazão. Em 1983, Emil Kraepelin (1856-1926), um professor alemão de psiquiatria, publicou a primeira edição de Psychiatrie, que na tradução para o inglês mudou toda a visão das classificações das doenças mentais na América. Kraepelin classificou o comportamento humano com base na sintomatologia e rotulou o que é agora chamado de esquizofrenia como dementia praecox. Esse rótulo refletia a crença de Kraepelin de que a deterioração associada com a doença era inevitável, progressiva e irreversível. Eugen Bleuler (1857-1939), um psiquiatria suíço, elaborou o conceito de dementia praecox, reconhecendo perturbações subjacentes nos processos do pensamento e dando um novo nome à síndrome, esquizofrenia, em 1911. (Taylor, 1992, p. 180) A Esquizofrenia é um Transtorno de Pensamento, pois o indivíduo apresenta delírios e alucinações. Palmeira (2009, p. 3) relata que: “O psiquiatra Eugen Bleuler achava que o termo demência não era adequado e ainda causava confusão com a demência do idoso descrita por Alois Alzheimer (Doença de Alzheimer). Bleuler escolheu o termo, que em grego significa “mente cindida”, pois acreditava que a alteração fundamental da esquizofrenia estava na incapacidade dos pacientes associarem seus pensamentos e suas emoções, dando a impressão de uma personalidade fragmentada, contraditória e desestruturada.” Apesar da loucura ter sido reconhecida desde a época pré-histórica, nem sempre como doença, mas sempre como “problema”, muito pouco se fez para descobrir suas origens e suas causas. No Brasil no período colonial e no Primeiro Império, os doentes 4 4 Profª / Enfª: Sarita Camara mentais quase não eram tratados. Os mais calmos viviam com suas famílias e os mais violentos eram recolhidos aos porões da Santa Casa. Com a chegada ao Brasil das idéias renovadas do médico francês Esquirol que apontavam a necessidade da criação de um espaço exclusivo para o louco, bem como para as denúncias pelos médicos dos maus tratos aplicados aos doentes nos porões da Santa Casa, que se encontravam sempre superlotados, fez com que o provedor tomasse medidas para criar um hospício que foi inaugurado em 1852 (Hospício dos Alienados na Praia Vermelha), pelo próprio imperador. (Taylor, 1992) O surgimento da enfermagem psiquiátrica se deu em 1873, quando Linda Richards formou-se pelo programade enfermagem do New England Hospital for Women and Childrem em Boston, nos EUA. Ela veio a ser conhecida como a primeira enfermeira psiquiátrica norte-americana. Richards foi fundamental no estabelecimento de diversos hospitais psiquiátricos durante sua carreira... (Townsend, 2000, p. 13) A Enfermagem Psiquiátrica Brasileira surge no hospício com a expulsão das religiosas sendo um agente situado entre a guarda e o médico. Com a necessidade de cuidar dos doentes do hospício, chegou ao Brasil em 1890, uma missão de enfermeiras francesas para substituir as religiosas e treinar o pessoal para atuar na Enfermagem Psiquiátrica. A assistência de Enfermagem era baseada na higienização, medicalização, alimentação e vigilância. O ambiente psiquiátrico era sombrio, aonde havia pouco investimento e despreparo dos profissionais que atuavam na área levando a cronificação do doente. O Decreto Federal nº 791, de 1890, estabeleceu a criação da Escola de Enfermeiros e Enfermeiras no Hospício de Alienados, hoje Escola Alfredo Pinto da Universidade do Rio de Janeiro (UNI-RIO), primeira iniciativa com a finalidade de sistematizar o ensino de Enfermagem no Brasil. Sendo o louco visto como perigoso a sociedade, o papel da Enfermeira era então o de vigiar, controlar e reprimir, aonde a vigilância era a característica básica do hospício, sendo utilizado meios de persuasão para que ficassem calmos e obedientes, ou seja, a Enfermagem não possuía outra tarefa senão a de vigiar o paciente, alimentá-lo, higienizá-lo e medicar conforme as ordens médicas. O hospício com certeza não foi um verdadeiro hospital de tratamento. (Taylor, 1992) A instituição psiquiátrica manicomial possuía um cenário caracterizado pelo isolamento, poucos recursos humanos, despreparo da equipe de enfermagem e nenhum investimento na recuperação do doente. Eram utilizados métodos ineficazes, violentos e repressivos como eletrochoque, insulinoterapia, etc. O que se encontrava era o total descaso no trato do doente e a cronificação era o único caminho possível. Ao longo dos séculos, muitas modalidades foram adotadas para tratar-se pessoas com transtorno de pensamento com variados graus de sucesso. Por exemplo, em 1933 o Dr. Manfred Sakel desenvolveu a terapia por choque insulínico, um procedimento onde uma série de choques hipoglicêmicos são induzidos por injeções de insulina. Esse tratamento, bem como outras terapias somáticas como a hidroterapia, foi quase que completamente substituído pelo uso de medicamentos antipsicóticos e outras intervenções baseadas no comportamento. (Taylor, 1992, p. 180) Com o passar do tempo, o século XVIII destacou-se pela presença do médico Philippe Pinel que fundamentou a alienação mental como distúrbio das funções intelectuais do SNC e preconizava o tratamento moral que visava estudar o desenvolvimento natural da doença e trabalhar este paciente para o convívio social. 5 5 Profª / Enfª: Sarita Camara Philippe Pinel, médico francês, foi um dos primeiros alienistas, pioneiro da psiquiatria moderna. Reformulou o tratamento dos doentes mentais, tornando-o mais humano. No século XX houveram significativas transformações no sistema hospitalar público, novo métodos para o tratamento das pessoas com perturbações mentais foram implementadas, incluindo o diagnóstico familiar, programas de tratamento a curto prazo e terapias orientadas para crise. O ambiente era usado como ferramenta terapêutica, o hospital tinha suas portas abertas, permitindo aos pacientes moverem-se livremente dentro do hospital e da comunidade. Após a Segunda Guerra Mundial, muitos homens das forças armadas tornaram-se incapacitados pela doença mental, contribuindo para que a OMS (Organização Mundial de Saúde) despertasse para a necessidade de profissionais mais trenados na área da saúde mental levando a uma melhoria no atendimento, tratamento e maior conhecimento sobre a causa e prevenção da doença mental. Quando o doente mental está internado em um hospital psiquiátrico encontra-se muitas vezes destituído de poder, ficando subordinado a relação de poder que é estabelecida pela equipe e pela instituição. Embora se tenha investido em diminuição dos índices de internação e novos modelos alternativos de assistência ao doente mental, como Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), Residências Terapêuticas, dentre outros, porém os mesmos continuam excluídos, só que de modo mais sutil, não são segregados ou confinados, mas não são aceitos, sendo colocados algumas vezes à margem da sociedade. (Taylor, 1992) A partir dos anos 70, no Brasil, começam a ser formulados alguns questionamentos sobre a forma de tratar e assistir as pessoas com transtorno mental e cada vez mais, vem-se ampliando a discussão sobre doença mental por parte das autoridades, dos profissionais da área de Saúde Mental e da comunidade que se encontram envolvidos com uma prática assistencial alternativa com o intuito de desenvolver mudanças nos Serviços de Atenção à Saúde Mental. (Taylor, 1992) 6 6 Profª / Enfª: Sarita Camara PRINCIPAIS EVENTOS QUE MARCARAM A REFORMA PSIQUIÁTRICA 1978 – Surgem os primeiros movimentos contra os manicômios no mundo. A Itália aprova uma lei para fechar manicômios e reformar o atendimento psiquiátrico. A legislação é inspirada nas idéias do psiquiatra italiano Franco Basaglia, líder do movimento na década de 60. 1987 – Crescem as denúncias contra a situação dos hospitais psiquiátricos brasileiros. Durante um congresso do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental, é definido o lema da luta antimanicomial no Brasil: “Por uma sociedade sem manicômios”. 1988 – Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) surgem às primeiras experiências de tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs). Começa a descentralização do atendimento de saúde mental, antes realizado prioritariamente em hospitais. 1989 – Um projeto de lei do deputado federal Paulo Delgado propõe a extinção dos manicômios do país. É a primeira batalha que o movimento contra os hospitais psiquiátricos leva ao legislativo. 1992 – Uma portaria define as novas regras para o funcionamento ideal do atendimento comunitário fora dos hospitais. Os CAPs se popularizam e definem o que seria a base do atual modelo de atendimento psiquiátrico no Brasil. 2001 – Depois de 12 anos tramitando no congresso e inúmeras modificações, a lei nº 10.216 é sancionada. O texto aprovado, no entanto, é um substitutivo que não prevê a extinção dos hospitais psiquiátricos, mas incentiva o tratamento fora dos hospitais. LEGISLAÇÕES E PORTARIAS LEIS Lei nº 9.867, de 10 de novembro de 1999 – permite o desenvolvimento de programas de suporte psicossocial para clientes psiquiátricos em acompanhamento nos serviços comunitários. É um valioso instrumento para viabilizar os programas de trabalho assistido e incluí-los na dinâmica da vida diária, em seus aspectos econômicos e sociais. Há uma evidente analogia com as chamadas “empresas sociais” da experiência de reforma psiquiátrica italiana. Lei 10.216, de 6 de abril de 2001 – redireciona o modelo da assistência psiquiátrica, regulamenta cuidado especial com a clientela internada por longos anos e prevê a possibilidade de punição para a intervenção involuntária arbitrária ou desnecessária. Decreto de 28 de maio de 2003 – institui grupos de trabalho interministerial para avaliar e apresentar propostas para rever, propor e discutir a política do governo federal para a atenção a usuários de álcool, bem como harmonizar e aperfeiçoar a legislação que envolva o consumo e a propaganda de bebidas alcoólicas em território nacional. Lei nº 10.708, de 31 de julho de 2003 – lei do programa “De Volta Para Casa”. Estabelece um novo patamar na história do processo de reforma psiquiátrica brasileira, impulsionando a desinstitucionalização de cliente com longo tempo de permanênciaem hospital psiquiátrico, pela concessão de auxílio reabilitação psicossocial e inclusão em programas extra-hospitalares de atenção em saúde mental. 7 7 Profª / Enfª: Sarita Camara PORTARIAS Portaria SNAS nº 189, 19 de novembro de 1991 – evidenciou que o nível central do SUS, com principal financiador do sistema público, oferecia para os demais gestores a possibilidade de implantar, no campo de atenção em saúde mental, ações e serviços mais contemporâneos à incorporação de conhecimentos e de valores éticos, substituindo o modelo tradicional: ela aprova os procedimentos NAPS/CAPS, oficinas terapêuticas e atendimento grupal e sinaliza que se seguirá outra norma administrativa regulamentando todo o sistema. Portaria SNAS nº 224, de 29 de janeiro de 1992 – regulamenta o funcionamento de todos os serviços de saúde mental, tanto os ambulatoriais como os hospitalares. Estabelece normas, proíbe práticas que eram habituais e define como corresponsável, à Luz da Lei Orgânica da Saúde, pela fiscalização do cumprimento dos seus conteúdos, os níveis estatal e municipal do sistema, que são estimulados inclusive a complementá-la. Essa portaria teve a particularidade de ter sido aprovada pelo conjunto dos coordenadores / assessores de saúde mental dos estados, para que, entendida como “regra mínima”, pudesse ser cumprida em todas as regiões do país. Portaria SNAS nº 407, de 30 de junho de 1992 – cria o código de procedimento transitório para hospitais psiquiátricos que ainda não cumpriram integralmente a Portaria SNAS/MS nº 224/92, definido exigências mínimas e mecanismos para habilitação neste procedimento. Portaria GM nº 106, de 11 de fevereiro de 2000 – cria os Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental e os define como “moradias ou casas – Pensão Protegida” destinadas a cuidar dos portadores de transtornos mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência que não possuem suporte social e laços familiares que facilite a inserção social. Portaria GM nº 251, de 31 de janeiro de 2002 – estabelece diretrizes e normas para a assistência hospitalar em psiquiatria, reclassifica os hospitais psiquiátricos, define as estruturas, a porta de entrada para as internações psiquiátricas na rede do SUS e dá outras providências. Portaria GM nº 336, de 19 de fevereiro de 2002 – atualiza a portaria nº 224, e todos os NAPS passam a ser recadastrados como CAPS, estabelece critérios para os CAPS, denominando-os de I, II e III para tratamento de portadores de transtornos mentais de acordo com o número de habitantes do município e da forma de funcionamento. Regulamenta o CAPS-AD para atendimento dos dependentes químicos (álcool e drogas) e ainda o CAPS i para atendimento de crianças e adolescentes. Portaria GM nº 816, de 30 de abril de 2002 – institui regras para o Programa Nacional de Atenção Comunitária Integrada a usuários de álcool e outras drogas. 8 8 Profª / Enfª: Sarita Camara DOENÇA MENTAL O termo “doença mental”, ou “transtorno mental”, ou ainda “distúrbio mental” engloba uma série de condições que afetam a mente, provocando vários sintomas como desconforto emocional, distúrbio de conduta e da memória. Algumas vezes, doenças em outras partes do corpo afetam a mente; outras vezes, um desconforto emocional pode desencadear doenças no corpo ou produzir sintomas somáticos, isto é, que se manifestam no corpo físico. Diversos fatores podem levar o ser humano a desenvolver doença mental: estrutura genética, química cerebral, estilo de vida, relacionamentos conflituosos, entre outros. Ressaltando que a doença mental está relacionada à multicausalidades (dentre elas destacam-se os fatores biológicos, psicológicos e ambientais), não podendo atribuir a ela uma única causa. Na maioria das vezes a pessoa que desenvolve uma doença mental, independente da causa, vivencia sofrimento, desesperança e se mostra incapaz de levar a vida com toda a sua plenitude (Associação Brasileira de Psiquiatra, 2005). De acordo com o Código Internacional de Doenças, existem inúmeras doenças mentais, ao logo desta disciplina iremos abordar diversas patologias, como distúrbios neuróticos, psicoses, transtornos alimentares, entre outras. GLOSSÁRIO Insanidade – Qualidade de insano; demência; doença mental. Bile – (ver Bílis): Substância amarga produzida pelo fígado que promove a quebra de gordura no intestino. Fleimão – (ou flegmão): Inflamação do tecido conjuntivo. Catárticas – Purgante, substância que provoca a evacuação dos intestinos. Indubitavelmente – De que não se pode duvidar. Proeminência – Condição de saliente; vivacidade excessiva. Cuidado terapêutico – Está voltado para melhora do paciente, com cuidados e intervenções adequadas. Cuidado custodial – Está voltado apenas para guardá-lo. Leprosos – Aquele que sofre do mal de Hansen ou hanseníase. Enclausuramento – Afastar (-ser) do convívio social. Patológica – Mórbido, relacionado com uma doença determinada; qualquer fenômeno que fuja ao conceito de normal, trazendo conseqüências ao organismo. Exclusão – Eliminar, afastar. Desrazão – Fora da razão. Provedor – Aquele que provê. Eletrochoque – Também conhecido como Eletroconvulsoterapia (ECT), é um tipo de tratamento somático no qual uma corrente elétrica é aplicada ao cérebro através de eletrodos colocados sobre as têmporas. A convulsão de grande mal produz o efeito desejado. Esse tratamento é utilizado em pacientes gravemente deprimidos, refratários aos medicamentos antidepressivos. Somáticas – Relativo ao corpo, e às funções vegetativas, em oposição às funções geradoras. Hidroterapia – Nome dado a todos os meios terapêuticos em que a água é o agente empregado. Manicômios – Hospital que trata de pessoas com distúrbios mentais. Antimanicomial – É um conflito corporativo entre os profissionais, usuários e familiares que se posicionam contra o asilamento e os defensores da psiquiatria tradicional, mais exatamente, os donos de hospitais psiquiátrico. 9 9 Profª / Enfª: Sarita Camara Descentralização – Dar autonomia a (os órgãos públicos, administrativos, tornando-os desvinculados do poder central). BIBLIOGRAFIA 1. Tratado de cuidados de enfermagem, volume 2 / organizadores Nébia Maria Almeida de Figueiredo, Wiliam César Alves Machado. – São Paulo: Roca, 2012. 2. Mega dicionário de termos técnicos e populares da saúde / organização Eduardo de Almeida Nogueira. – 1.ed. – Rio de Janeiro: Nogueira Rio, 2007. 3. Saberes e Práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem / organização Genilda Ferreira Murta. – 7.ed. – São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2012. – (Série curso de enfermagem) 4. TAYLOR, Cecília Monat. Fundamentos de enfermagem psiquiátrica de mireness. 13. ed. Porto Alegre; Artes Médicas, 1992. 5. TOWNSEND, Mary C. Enfermagem Psiquiátrica: conceitos de cuidados. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 6. PALMEIRA, Leonardo Figueiredo. Entendendo a esquizofrenia: Como a família pode ajudar no tratamento/. Rio de Janeiro: Interciência, 2009. 7. AMARANTE, P. Loucos pela vida – A trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2000. 10 10 Profª / Enfª: Sarita Camara HISTÓRIA DA SAÚDE MENTAL Por muito tempo, os portadores de doenças mentais foram considerados alienados, eram vistos como pessoas que viviam fora da realidade, sem capacidade para entender ou exercer seus direitos. Na Grécia antiga, acreditavam que os loucos possuíam poderes divinos, na Idade Média, eram associados ao demônio, por isso, passavam seus dias acorrentados e expostos ao frio e à fome ou, em casos extremos, queimados em fogueiras como hereges, esse tipo de tratamento se estendeu até o século XVIII. As reformas políticas e sociais, na virada do século XVIII para o séculoXIX, inspiraram o francês Philippe Pinel a dar o primeiro passo para mudar a vida dessas pessoas. Tornar a loucura uma questão médica e passar a vê a doença mental de maneira tratável. Na constante tentativa de dominar a loucura e defender-se de tudo o que o desconhecido representava, as instituições psiquiátricas no mundo inteiro se transformaram em locais de repressão, onde o paciente era isolado da família que desconhecia ou o ignorava. Com isso surgiram às clínicas, como local de internação, e os estudos sobre psiquiatria. Com essa nova estrutura, cabe à enfermagem a realizar os cuidados direto aos pacientes com transtorno mental e a aplicação de disciplinas, para manutenção da ordem no espaço asilar. PHILIPPE PINEL Sintonizado com as ideias revolucionárias franceses de liberdade, igualdade e fraternidade, preconizou o tratamento moral para os alienados e desacorrentou os loucos em Paris. Sua prática médica exercida durante os anos que chefiou os hospitais em bicêtre e La Salpêtriére na França, aliada a sua profunda reflexão sobre a alienação mental, concorreram para inaugurar a Escola dos Alienistas Franceses. Em 1801 publicou o “Tratado médico-filosófico sobre a alienação ou a mania”, no qual descreveu uma nova especialidade médica que viria a se chamar Psiquiatria (1847). ESQUIROL Precursor da Psiquiatria, integrou juntamente com Auguste Morel (1809 – 1873) e Édouard Séguin (1812 – 1880) a escola francesa iniciada por Pinel. Ao penetrar a mente humana, com intuito de compreender os transtornos do humor e da melancolia como importantes agentes que conduzem à perda do juízo, elevou pela primeira vez os alienados à condição de homens. Reformador de asilos e hospícios franceses, fundou o primeiro curso para tratamento das enfermidades mentais e lutou pela aprovação da primeira Lei de Alienados na França. Seu trabalho influenciou sobremaneira a criação do Hospício de Pedro II, primeira instituição brasileira de assistência aos doentes mentais. 11 11 Profª / Enfª: Sarita Camara TEIXEIRA BRANDÃO Em 1883 assumiu a Cátedra de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, sendo, por essa razão considerado o primeiro alienista brasileiro. Como diretor do Hospício de Pedro II (1886), desanexou essa instituição da Santa Casa da Misericórdia, e em 1890, fundou a primeira Escola de Enfermeiros e Enfermeiras do Brasil. Tornou-se deputado federal em 1903 e relatou a Lei de Assistência aos Alienados, primeiro documento legal específico sobre a alienação mental, baseado na legislação francesa e inspirado nos preceitos defendidos por Esquirol, de quem Teixeira Brandão foi fiel seguidor. Na qualidade de diretor da Assistência Médico-Legal aos Alienados, que surgem como alternativas ao modelo adotado na época. EMIL KRAEPELIN Discípulo de Wilhelm Griesinger (1817 – 1868), integrou a corrente organicista alemã. Após a descrição acurada de sintomas clínicos, sua evolução e a análise anatomopatológica, formulou sua doutrina que, expressa no livro “Psychiatrie”, serviu de referência a muitas gerações de especialistas em doenças mentais. Isolou as formas básicas da enfermidade psíquica: psicose maníaco-depressiva e demência precoce; e promoveu a separação entre demência senil e paralisia geral. Dirigiu durante muitos anos a Clínica de Munique, onde buscou oferecer aos pacientes um ambiente semelhante ao doméstico, que influenciou a formulação da primeira legislação brasileira de assistência às doenças mentais. JULIANO MOREIRA Nomeado diretor do Hospital Nacional de Alienados, ocupou o cargo por mais de 20 anos, acumulando-o com o da Direção Geral de Assistência a Alienados. Poliglota, tornou-se capaz de assimilar, de forma abrangente, as influências europeias no campo da psiquiatria. Suas medidas de impacto, como incineração de camisas-de-força e a criação de espaços para diálogo com pacientes, conferiram novos rumos à psiquiatria brasileira. Apoiado na primeira lei brasileira que dispõe sobre a assistência a alienados e em sua experiência na Europa, projetou uma rede de serviços interligados em saúde mental, nos moldes da Clínica de Munique, dirigida por seu inspirador, o psiquiatra alemão Emil Kraepelin. 12 12 Profª / Enfª: Sarita Camara Durante sua administração, criou a maior biblioteca de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal (1905). A mudança de denominação de Colônia de Alienados de Jacarepaguá para Colônia Juliano Moreira vem Homenagear este psiquiatra e sua contribuição inestimável para a Psiquiatria brasileira. ULYSSES PERNAMBUCANO E LUIZ CERQUEIRA Incansável em suas lutas, Ulysses Pernambucano empreendedor de uma Psiquiatria Politicamente engajada, dirigiu o Hospital da Tamarineira-Pernambuco, em que os pacientes, não mais contidos nos leitos, ocupavam-se da praxiterapia. Além das inúmeras contribuições no campo da Psiquiatria e da Psicologia Social, destacou-se pelos trabalhos no campo das drogas entorpecentes e alucinogênicas, dos testes psicológicos e nas pesquisas de laboratório e áreas clínicas e psicopatológicas. Discípulo de Ulysses Pernambucano, Luis Cerqueira, um pioneiro da desospitalização psiquiátrica, criou, como Coordenador de Saúde Mental do Estado de São Paulo, o Centro de Atenção Diária (1973). Além de docente da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e autor de vários livros, dentre os quais “Psicologia Social”, destacou-se pelo trabalho incansável de levantamentos sobre as condições da assistência à saúde mental no Brasil e, sobretudo, pela denúncia dos rumos mercantilistas da atividade psiquiátrica que qualificou de “Indústria da Loucura”. WILSON SIMPLÍCIO E OSWALDO SANTOS Inovadores da Psiquiatria brasileira, trabalharam no Centro Psiquiátrico Pedro II, atual Instituto Municipal Nise da Silveira, durante os anos da ditadura militar Quando assumiram suas tarefas na instituição, a Psiquiatria confundia-se com repressão e cárcere; a rotina das enfermarias era ócio, abandono, insalubridade, eletrochoques; e injeções eram frequentemente aplicadas. Com base em experiência já testada na Clínica Pinel em Porto Alegre, desenvolviam o modelo das Comunidades Terapêuticas, que tinham como fundamento a descentralização do poder entre as equipes médicas e os internos. Registradas pelos próprios pacientes nos livros de ocorrência, as ideias eram valorizadas, incentivando-se a criatividade e as qualidades de cada um. Apesar de não questionar a existência dos hospícios, a experiência constitui um importante marco de liberdade e democracia no tratamento da saúde mental no Brasil. 13 13 Profª / Enfª: Sarita Camara SIGMUND FREUD Depois de pesquisar técnicas de hipnose e de uma investigação rigorosa dos sonhos, verificou a existência de uma atividade psicológica inconsciente que extrapola a razão e a vontade dos pacientes. Criou a psicanálise como método de tratamento das neuroses e fez com que o ato de ouvir não possa jamais se afastar da prática cotidiana em saúde mental. Suas idéias popularizam-se em todo o mundo e se impuseram como marco no campo da saúde mental. Seu afã de penetrar os espaços recônditos dos ser o levam à condições de “arqueólogo da psique”. NISE DA SILVEIRA Revolucionária para a época e inconformada com os tratamentos que considerava desumanos e agressivos, encontrou nas atividades artísticas o seu principal método terapêutico. Adepta das ideias do mestre suíço Carl Jung no aprofundamento dos processos que se desdobram no interior dos indivíduos, tem nos trabalhos dos seus pacientes uma nova abertura para melhor compreensão da psicose e dos conteúdos que daí emergem, revelados por meio das imagens e dos símbolos. Entre os anos de 1946 e 1974, a psiquiatria alagoana dedicou-se ao Centro Psiquiátrico Nacional, posteriormente denominado Centro Psiquiátrico Pedro II, onde fundou e dirigiua Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação (STOR). Em 14 de julho de 1975, aos 69 anos, foi aposentada compulsoriamente. No dia seguinte, representou-se ao Centro Psiquiátrico dizendo: “sou a nova estagiária”. Os produtos de seus pacientes, recolhidos dos ateliês de pintura e modelagem durante anos, integraram, a partir de 1952, o acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, que, segundo Ronald Laing (1976), “representa uma contribuição de grande importância para o estado do processo psicótico”. FRANCO BASAGLIA Um dos psiquiatras mais discutidos no mundo, em função dos trabalhos que desenvolvia na Itália, em 1961 deixou a Universidade de Pádova para dirigir o Hospital Psiquiátrico de Gorizia. Tendo como base a experiência da Comunidade Terapêutica desenvolvida por Maxwell Jones na Escócia, introduziu uma série de transformações naquela instituição e no Hospital Psiquiátrico Regional de Trieste para onde se transferiu em 1971. Acabou com as medidas institucionais de repressão, criou condições para 14 14 Profª / Enfª: Sarita Camara reuniões entre médicos e pacientes e desenvolveu ao doente mental a dignidade de cidadão. Seu livro “A Instituição Negada” é considerado uma obra-prima da Psiquiatria contemporânea. Visitou o Brasil na década de 70, tornando-se uma figura emblemática na questão da luta antimanicomial brasileira. FRANCISCO FRANCO DA ROCHA Psicanalista brasileiro nascido na cidade paulista de Amparo. Concluiu a graduação na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e doutorou-se pela Universidade de São Paulo. Iniciou sua carreira de médico preocupando-se com o tratamento dos doentes mentais. Foi pioneiro na utilização da laboterapia, um tipo de tratamento que não feria a dignidade dos pacientes, com o auxílio de trabalhos como a manutenção de hortas e pomares outras atividades manuais, sendo que para desenvolver esse tipo de tratamento, ajudou a fundar um Asilo Colônia. Teve papel decisivo para a introdução da Psicanálise no Brasil. BIBLIOGRAFIA 8. Tratado de cuidados de enfermagem, volume 2 / organizadores Nébia Maria Almeida de Figueiredo, Wiliam César Alves Machado. – São Paulo: Roca, 2012. 9. Mega dicionário de termos técnicos e populares da saúde / organização Eduardo de Almeida Nogueira. – 1.ed. – Rio de Janeiro: Nogueira Rio, 2007. 10. Saberes e Práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem / organização Genilda Ferreira Murta. – 7.ed. – São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2012. – (Série curso de enfermagem) 11. TAYLOR, Cecília Monat. Fundamentos de enfermagem psiquiátrica de mireness. 13. ed. Porto Alegre; Artes Médicas, 1992. 12. TOWNSEND, Mary C. Enfermagem Psiquiátrica: conceitos de cuidados. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 13. PALMEIRA, Leonardo Figueiredo. Entendendo a esquizofrenia: Como a família pode ajudar no tratamento/. Rio de Janeiro: Interciência, 2009. 14. AMARANTE, P. Loucos pela vida – A trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2000. 15 15 Profª / Enfª: Sarita Camara DISTÚRBIOS NEURÓTICOS Todos os indivíduos se deparam com a ansiedade no seu dia a dia, podendo esta até ser um caso de motivação de suas conquistas, onde para muitos é a sua força de sobrevivência. Para outras pessoas ansiedade e estresse significam a mesma coisa, o que na verdade é algo bem diferente, pois para se ter o estresse é necessário um fator que leve a tal reação e a ansiedade é uma resposta a esse fator estressante. As patologias que se caracterizam como distúrbios neuróticos, são: TOC (Transtorno ou Distúrbios Obsessivo Compulsivo), Síndrome ou Doença do Pânico, Fobias (Social e Específica), Transtorno ou Distúrbio de Estresse Pós – Traumático, Distúrbio ou Transtorno de Ansiedade Generalizada. 1. TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO (TOC) Em primeiro lugar devemos entender que obsessões são idéias, pensamentos ou imagens que invadem a consciência da pessoa, como exemplo tem as dúvidas que sempre retornam, como: se fechou a porta, se fechou o gás, fantasia de querer fazer algo que considera errado, como falar mal, ferir alguém. Já as compulsões são atos repetitivos no intuito de tentar aliviar a ansiedade trazida pelas obsessões, como realizar vários rituais como a pessoa pode tomar diversos banhos por dia, de acordo com algum esquema pré- determinado, lavar várias vezes as mãos por ter tocado em determinado objeto, certificar inúmeras vezes de que fechou a porta, fazer contas para afastar pensamentos. Cuidados de Enfermagem Os cuidados de enfermagem com este cliente baseiam-se em conversar com ele tentando diminuir a ansiedade, o medo, interagi-lo com o ambiente social, promover técnicas de relaxamento, tentar afastar o fator estressor, fazer com que este cliente participe de oficinas fazendo com que o mesmo afaste essas obsessões e compulsões. Rocha (2005): “A enfermagem vai aceitar que ela realize os rituais sem chamar atenção para isso, não criticando nem apressando a pessoa, pois ela mesma critica seu comportamento e sofre com ele; além disso, a execução dos rituais é incontrolável. É importante estimular essas pessoas a participarem das oficinas, porém, como elas têm dificuldade em tomar decisões – em parte, os rituais servem para que se esquivem de tomá-las -, devem ser convidadas, de preferência para atividades conhecidas, sem que se exija que façam escolhas”. (pág. 118) 16 16 Profª / Enfª: Sarita Camara 2. SÍNDROME DO PÂNICO A sua manifestação central é o ataque de pânico, que são um conjunto de manifestações de ansiedade cujo início é súbito, com muitos sintomas físicos como: taquicardia, dispnéia, perda de foco visual, e sua duração é limitada no tempo. Geralmente as pessoas que são acometidas por essa síndrome evitam sair de casa sozinha, ficar em meio a multidões, andar de carro, estar dentro de um metrô e assim sua vida acaba ficando com limitações. Segundo Townsend (2000): “Alguns indivíduos podem ter ataques de gravidade moderada uma vez por semana, enquanto outros podem ter ataques de menor gravidade ou de sintomas limitados várias vezes por semana. Outros ainda podem apresentar ataques de pânicos a intervalos de semanas ou meses. O distúrbio pode durar algumas semanas ou meses ou vários anos. Por vezes o indivíduo apresenta períodos de remissão e exacerbação”. (pág. 431) Cuidados de Enfermagem Os cuidados incluem: auxiliar o cliente a reconhecer o início dos sintomas de ansiedade e ajudar intervindo antes que chegue a síndrome do pânico, conversar com o cliente de forma calma, tranqüila, usar palavras simples passando uma mensagem breve, incentivar a participação em oficinas terapêuticas, proporcionar um ambiente calmo e tranqüilo. Durante a conversa com o cliente quando os sintomas de ansiedade e de pânico estiverem diminuídos, a equipe de enfermagem deve tentar identificar o fator estressante e as circunstâncias que podem estar contribuindo para tal fato, tendo como intuito auxiliar o cliente a minimizar esses sintomas quando estiver em contato com situações que podem elevar o limiar de estresse. 3. FOBIAS A fobia é um medo intenso por animais ou objetos, que objetivamente não ofereçam perigo algum ou tão proporcional a tamanho medo. Existe a fobia simples ou específica e a fobia social, que serão descritas abaixo. A fobia específica, como o próprio nome já diz é específica a algo ou a alguma coisa, como medo de um objeto, de um animal, de ver sangue, agulhas, seringas, de uma atividade ou uma situação. Esse tipo de fobia caracteriza-se por um medo acentuado, excessivo e persiste por um bom tempo. A fobia social caracteriza-se por medo de se expor, de estar em público, em meio social, em palestrar para várias pessoas e pode ter medo até mesmo de comer em público. Os sintomas são rubor fácil, taquicardia,pele fria e pegajosa, dispnéia, gagueira, tremor nas mãos, etc. 17 17 Profª / Enfª: Sarita Camara Cuidados de Enfermagem Os cuidados de enfermagem são baseados nos dados colhidos, de acordo com os fatores predisponentes. Os cuidados incluem: psicoterapia, onde o profissional irá atuar junto com o cliente, procurando compreender e tratar o conflito interno deste. A equipe de enfermagem deve mostrar técnicas que possam vir a controlar o nível de ansiedade, como por exemplo, usar a técnica de controle de respiração, ajudar este cliente a fazer atividades em grupo e assim aos poucos ele irá interagir com o grupo de forma natural. 4. DISTÚRBIO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO Está relacionado a algum tipo de trauma estressante que a pessoa teve, podendo envolver até mesmo traumas de pensamentos e sentimentos, como por exemplo, estupro, assalto, experiência em guerra, perda de alguém significativo, acidentes, etc. Segundo Townsend (2000): “Esses sintomas não estão relacionados a experiências comuns como luto não complicado, conflitos conjugais ou uma doença crônica, mas associam-se a eventos que seriam muito desconfortáveis para praticamente todas as pessoas. O indivíduo pode vivenciar um trauma sozinho ou na presença de outras pessoas”. (pág. 445) Cuidados de Enfermagem Os cuidados compreendem as terapias em grupos, as oficinas, as conversas com a equipe de enfermagem onde se encoraja o cliente, explicando que ele precisa enfrentar as situações que o levaram a essa síndrome, utilização de técnicas de relaxamento como músicas, arte. A enfermagem pode incluir os entes queridos na terapia se o cliente assim se sentir mais confiante. 5. TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG) A ansiedade é o grande sintoma de características psicológicas que mostra a interseção entre o físico e o psíquico, uma vez que tem claros sintomas físicos como taquicardia, tremores, sudorese, rigidez muscular, cefaléia, pele fria e pegajosa. A ansiedade pode surgir repentinamente, como no pânico, ou gradualmente, ao longo do tempo, podendo variar de minutos ou dias. Townsend (2000): “Esse distúrbio se caracteriza por ansiedade e preocupações crônicas, não realistas e excessivas. Os sintomas estão presentes há seis meses ou mais e não podem ser atribuídos a fatores orgânicos específicos, como uma intoxicação por cafeína ou hipertireoidismo”. (pág 431) 18 18 Profª / Enfª: Sarita Camara Cuidados de Enfermagem O primeiro passo para o cuidado de enfermagem é identificar o que levou a ansiedade e orientar este cliente a usar a terapia da respiração, onde o mesmo controla a sua ansiedade, inspirando lentamente até encher o pulmão e em seguida deve expirar e tirar todo o ar do pulmão, de forma lenta. A nossa respiração tem a capacidade de controlar o nosso corpo e a nossa mente, logo esta terapia pode ser feita 10, 15 minutos antes de o cliente ter contato com o fator que desencadeia a ansiedade. Outro cuidado que o profissional de enfermagem deve incluir junto a esse cliente é orientá-lo a manter seus pensamentos com clareza tendo como finalidade uma desaceleração de sua mente. TRANSTORNO DE HUMOR (DEPRESSÃO / BIPOLAR) 1. DEPRESSÃO Os transtornos (ou distúrbios) depressivos são considerados distúrbios do humor. O humor é uma emoção sustentada que, quando extrema, colore a visão que a pessoa tem do mundo. Os distúrbios do humor são caracterizados por distúrbios dos sentimentos, do pensamento e do comportamento. A depressão vai além da simples tristeza; ela afeta a maneira pela qual a pessoa se sente em relação ao futuro e pode alterar atitudes básicas sobre si própria. Uma pessoa deprimida pode se tornar tão desesperada que passa a expressar desesperança. Quando os humores se tornam graves ou prolongados ou interferem com o funcionamento interpessoal ou ocupacional de uma pessoa, isso pode sinalizar um distúrbio de humor. A depressão pode ou não ter um motivo aparente. Fisiopatologia e Etiologia A causa exata dos distúrbios depressivos não foram estabelecidas. Esses distúrbios parecem resultar de interações complexas envolvendo vários fatores, como: Fatores bioquímicos – relacionado aos neurotransmissores Fatores genéticos – relacionado com parentes de primeiro grau Fatores médicos - relacionado a medicamentos com efeito colateral de depressão. Fatores psicossociais - relacionado a perda significativa (perda de objeto) que está associada a raiva e agressão, que se volta para dentro e leva a sentimentos negativos em relação ao próprio indivíduo. Os sentimentos negativos sobre si próprio, incluindo vergonha e culpa, então levam à depressão; Perda de algum membro da família por morte, divórcio ou separação; Falta de apoio social e problemas de saúde significativos estão associados ao início da depressão. Manifestações Clínicas A depressão é considerada a doença da alma. Sua principal característica: desânimo. Isolamento social Tentativa de suicídio Embotamento afetivo (fixar para dentro de si) Humor deprimido Anedonia (incapacidade de experimentar prazer) Perda ou ganho de peso significativa Insônia Anergia (fadiga ou perda de energia) 19 19 Profª / Enfª: Sarita Camara Sentimentos de inutilidade ou de culpa Diminuição da concentração ou indecisão Auto-estima diminuída Tipos de Depressão Depressão Leve – são pessoas que possuem desânimo, só vê o lado ruim das coisas, são pessimistas, porém conseguem exercer. Depressão Moderada – É um período de depressão mais longo, que interfere no seu cotidiano. Depressão Grave – Acontece com o paciente que não interage com as pessoas, com o meio ambiente, às vezes, entra em mutismo, ou seja, para de falar. Não tem ânimo para se divertir, se cuidar, etc. Depressão é diferente de tristeza A tristeza possui um motivo aparente, como por exemplo a morte de algum ente querido e a depressão, pode ou não haver um motivo aparente. O paciente pode tentar o suicídio na depressão moderada ou grave, quando esta não está no quadro muito grave, o suicídio se dá de outra forma quando ele deixa de se alimentar, sendo intencionalmente ou não. Indicação de ECT Normalmente quando os antidepressivos não surtem efeito, que acontece após 15 dias de uso. O Paciente Suicida A maioria das pessoas que se suicidam ou tem impulsos suicidas consultam antes seus médicos. Na grande maioria dos casos, uma intervenção adequada mediante tratamento imediato ou envio a um psiquiatra para tratamento evitaria a tentativa de suicido. O médico deve ter em mente que o estado suicida é freqüentemente transitório, e geralmente resultado de um processo de doença com causa tanto biológica quanto psicológica. Se o suicídio puder ser evitado, a doença subjacente poderá ser tratada e futuros comportamentos suicidas evitados. Embora o suicídio envolva muitos eventos precipitantes e forças motivadoras, todas as pessoas com idéias de suicídio possuem um intenso senso de privação de afeto e amor. A maioria das pessoas que se suicidam sofrem igualmente de atitudes autodepreciadoras, de profundos sentimentos de desespero e desamparo e de um senso de rejeição que antecipa o ato. O suicídio e as tentativas de suicídio são mais freqüentes entre os portadores de depressão. Comportamento Suicida O comportamento suicida é dividido em: Ameaça de suicídio – ocorre antes da atividade de suicídio, estão presentes algumas vezes a comunicação verbal. Tentativa de suicídio – incluem atos dirigidos contra a própria pessoa que levarão a morte, se não forem interrompidos. Na avaliação do comportamento suicida, muita ênfase deve ser dada à letalidade do método utilizado. Suicídio consumado – pode ocorrer depois que os sinais de alerta foram ignorados. 20 20 Profª / Enfª: Sarita Camara Fatores Predisponentes Diagnóstico psiquiátrico – existe uma relação entreo suicídio e a doença psiquiátrica. Os transtornos psiquiátricos que colocam as pessoas em risco de suicídio são: transtorno de humor, abuso de substâncias, esquizofrenia. Traços de personalidade – os aspectos da personalidade mais associados ao risco de suicídio são: hostilidade, impulsividade e depressão. Ambiente psicossocial – os desencadeamentos do comportamento suicida são, com freqüência dificuldades no cotidiano, problemas interpessoais, perda de emprego. História familiar – uma história familiar de suicídio é um fator de risco significativo para o comportamento autodestrutivo. Os pacientes com uma história familiar de suicídio, alcoolismo ou doença bipolar tem um risco maior de comportamento suicida. Tratamento Internação em hospitais psiquiátricos (direcionado para o tratamento medicamentoso e psicoterapia de suporte usando o controle do ambiente); Atendimento ambulatorial, em um programa comunitário; ECT pode ser usada para tratar depressão grave que não é responsiva aos medicamentos antidepressivos. A terapia com luz ultravioleta pode ser recomendada para depressão que ocorre durante os meses de outono e de inverno; Uso de suplementos fitoterápicos, principalmente a erva- de-são-joão, é uma alternativa, porém deve ser discutido com o médico devido ao potencial de interação medicamentosa. Uso de psicoterapia. Cuidados de Enfermagem A avaliação dos cuidados de enfermagem para o paciente autodestrutivo exige um monitoramento diário cuidadoso do comportamento do paciente. Facilitar uma nutrição adequada. Fornecer porções menores ou maiores. Considerar as preferências alimentares do paciente. Ficar com o paciente durante as refeições; Ajudar com a higiene e cuidado com a aparência pessoal quando necessário; Avaliar a letalidade do comportamento suicida e implementar precauções apropriadas relativas ao suicídio; Evitar alegria e simpatia excessivas ou superficialidade; Promover o sono por meio de atividades e exercícios diários (ex: música); Não forçar conversas, mas encorajar a participação nas atividades e interações sociais; Administrar antidepressivos conforme prescrito. 2. BIPOLAR Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) Transtorno de Humor Distúrbio de Humor Antigamente chamado de Psicose Maníaco Depressiva (PMD) Os distúrbios de humor incluem um grupo de doenças que envolvem distúrbios emocionais, comportamentais e cognitivos, esse distúrbio vai da depressão extrema à mania (hiperatividade extrema). Para a maioria dos psiquiatras, esquizofrenia e transtorno bipolar são as doenças mentais mais sérias que existem. A bipolaridade é caracterizada por afetos extremados, como depressão e euforia (alteração de humor). 21 21 Profª / Enfª: Sarita Camara Principais características: - Mania (euforia) – paciente que pode tudo / alta auto estima / superioridade / mania de grandeza / menti muito. - Depressão (tristeza) – ansiedade / desânimo / se sente o pior de todos / complexo de inferioridade / chora muito / anedonia (vai se fechando) Os distúrbios bipolares, também considerados como distúrbios do humor, incluem a ocorrência de episódios depressivos e um ou mais episódios de humor exaltado. Segundo Nettina (2007), um humor exaltado pode incluir uma ampla gama de afeto, desde o humor normal até hipomania (fase de mania mais leve, com os mesmos sintomas, porém menos intensos e evidentes) e mania. Na apresentação mais intensa, a pessoa com distúrbio bipolar experimenta alterações dos processos do pensamento que podem produzir delírios bizarros. O termo “mania” costuma ser entendido pelos leigos como um comportamento inusitado e repetitivo. Para profissionais da área da saúde, porém, o termo “mania” representa o pólo eufórico do transtorno de humor. A euforia pode ser definida como uma alegria excessiva e exagerada que se mantém independentemente dos acontecimentos externos. Delírios ou alucinações podem ou não fazer parte do quadro clínico. Durante um episódio maníaco o humor se mostra elevado, expansivo ou irritável. O TB é traiçoeiro: os sinais e sintomas podem ter inúmeras manifestações num mesmo paciente e variar muito de uma pessoa para outra. Em geral, quem sofre do transtorno tem dificuldade em dedicar-se à carreira profissional, manter a produtividade e o equilíbrio na vida afetiva e cultivar relacionamentos duradouros. Os afetados pelo distúrbio não têm controle do que pensam ou falam durante os períodos de manifestação da doença. TB é uma doença crônica, com causas biológicas (genéticas e outras) associadas a fatores ambientais. Manifestações Clínicas A principal característica da doença é a instabilidade de várias funções cerebrais, que são percebidas na alteração do humor, variando da tristeza profunda à alegria excessiva, transparecendo na ansiedade e irritabilidade que em pouco tempo podem se converter em apatia; Depressão ou ficar excessivamente agressivo; Gastar enormes quantias sem nenhum planejamento, a ponto de contrair dívidas para adquirir produtos dos quais não necessita ou, ao receber uma notícia desagradável, ficar de cama; Variação do pessimismo exagerado ao otimismo incontrolável; A velocidade do pensamento pode aumentar ou diminuir; Mudanças no sono e no apetite, tanto para excesso como para falta; O paciente troca o dia pela noite; Diminuição ou aumento excessivo de energia. O mesmo ocorre em relação à capacidade de sentir prazer. O mais curioso é que a mudança pode se dar em poucas horas, ou em poucos dias – e às vezes durar semanas, meses ou até anos. A pessoa acorda vários dias seguidos desanimada; As impressões a seu próprio respeito se tornam mais negativas e críticas; Alterações nos ritmos biológicos; Alterações no controle dos movimentos corporais (com predomínio de agitação ou lentidão do corpo); Alterações das funções de memória e de concentração mental, impulsividade e dos desejos e das vontades; Autoestima repentinamente elevada; Fala excessiva; Hiperatividade; Quando há mistura de agitação e pensamentos de morte associados a grande impulsividade, o risco de suicídio é enorme. O TB seria mais bem compreendido como a doença das instabilidades, sendo a do humor a mais perceptível. 22 22 Profª / Enfª: Sarita Camara Diagnóstico Não parece haver exames laboratoriais que distinguem episódios depressivos; Exame psicofisiológico completo. Tratamento Psicoterapia; Fármacos antidepressivos e / ou ECT; Grupos de apoio e auto-ajuda; Terapia de família; Em casos de comportamento suicida – hospitalização psiquiátrica / intervenções em crises / tratamento dos distúrbios associados (isto é, depressão, dependência a drogas etc.) Cuidados de Enfermagem A equipe de enfermagem no desenvolvimento de suas atividades deve sempre chamar esse paciente pelo nome, compreender seus direitos e nunca se afastar desse paciente, devido ao seu diagnóstico. Avaliar diariamente o paciente quanto à perda ou ganho de peso, ansiedade, humor, períodos de sentimentos exacerbados, ou seja, ora muito depressivo, ora muito eufórico. Nettina (2007) acrescenta: Avaliar o humor quanto à estabilidade, amplitude do afeto, desde exaltação a irritabilidade e agitação intensa, etc; Avaliar o comportamento para atividade constante, começando muitos projetos e terminando poucos, gastando enormes somas de dinheiro, etc; Avaliar os processos do pensamento para fuga de idéias, fala opressiva, muitas vezes com conteúdo sexualmente explícito, etc; A equipe de enfermagem deve ainda, estimular o paciente a expressar seus sentimentos, compreendendo o significado de seus atos e que o paciente se comporta dessa maneira, devido a seu quadro clínico. A enfermagem deve ter em mente uma atitude não crítica, ou seja, de forma alguma julgar o comportamento do paciente, nem condená-lo e nem mesmo aceitar totalmente o seu comportamento; o modo de agir da equipe de enfermagem precisa ser o mesmo, devemagir com firmeza e coerência para que o paciente possa se sentir seguro. Como o paciente com depressão apresenta humor depressivo, irritabilidade, desânimo, cansaço fácil, sentimentos de medo, insônia, entre outros, então os cuidados de enfermagem precisam ser voltados para suas características, como: acompanhar o repouso e o sono, observar se os antidepressivos estão sendo ingeridos, não deve demonstrar piedade em relação ao paciente, além de verificar seus sinais vitais, sua alimentação, controlar peso diário, pois pode haver uma perda ponderal importante. Rocha (2005): “Devem ser observados quaisquer sinais de infecção ou lesão no corpo do usuário, já que ele pode não mencioná-la por considerá-los uma justa punição. É necessário verificar se ele está aquecido, principalmente nas extremidades, pois sua circulação se torna mais lenta... Também é importante que alguém permaneça a seu lado, conversando, pois nos momentos de insônia as idéias de suicídio podem surgir com mais força”. (pág. 121) Já nos casos de euforia, que são pessoas hiperativas, apresentam irritabilidade, impaciência, pensamento acelerado, sua energia está aumentada, inclusive a sexual, gastos excessivos, insônia, idéia de grandeza, entre outros, a equipe de enfermagem deve estar atenta quando o paciente apresentar esses sinais e sintomas, não deve ridicularizá-lo e nem chamá-lo de mentiroso, pois o mesmo não controla suas associações de idéias. A equipe deve atentar quanto a alimentação, 23 23 Profª / Enfª: Sarita Camara verificando se este paciente está alimentando-se e ingerindo líquidos, verificar peso semanalmente, impor limites sem ser de forma autoritária, apenas conversar de forma firme. Rocha (2005): “A esse usuário, que acorda às cinco horas da manhã cheio de energia, a enfermagem vai mostrar que é preciso respeitar o sono dos colegas, mas também vai ajudá-lo a usar essa energia, encaminhando-o ao pátio, para que corra, faça ginástica etc”. (pág. 123) BIBLIOGRAFIA 1. AMARANTE, P. Loucos pela vida – A trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2000. 2. ANTHIKAD, Jacob. Psicologia para Enfermagem. 2. ed. São Paulo: Reichmann & Autores Editores, 2005. 3. ARANTES, E.C.; STEFANELLI, M.C.; FUKUDA, I.M.K. Estabelecimento de limites como medida terapêutica de relacionamento enfermeira–paciente. Rev. Esc. Enf. USP, v. 15, n. 2, p. 155–60, 1981. 4. BUENO, João Romildo, Antonio Egidio. Diagnóstico e tratamento em psiquiatria. Rio de Janeiro; Medsi, 2000. 5. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 6. GABBARD, Glen O. Tratamento dos transtornos psiquiátricos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 7. GIACON, Bianca C. C; GALERA, Sueli A. F. Primeiro episódio da esquizofrenia e assistência de enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo. v.40, n.02, p. 286-291, março, 2006. 8. ISAACS, Ann. Série de estudos em enfermagem: saúde mental e enfermagem psiquiátrica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. 9. Leopardi MT, Gelbecke FL, Ramos FRS. Cuidado: objeto de trabalho ou objeto epistemológico da enfermagem? Revista Texto e Contexto Enfermagem 2001 jan-abr; 1 (10): 32-49. 10. NETTINA, Sandra M. Prática de Enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 3v,:il.; 11. PALMEIRA, Leonardo Figueiredo. Entendendo a esquizofrenia: Como a família pode ajudar no tratamento/. Rio de Janeiro: Interciência, 2009. 12. REVISTA CÉREBRO E MENTE – DOENÇAS DO CÉREBRO; (Fonte: www.cerebroemente.org.br) http://www.cerebroemente.org.br/ 24 24 Profª / Enfª: Sarita Camara 13. ROCHA, Ruth Mylius. Enfermagem em saúde mental. 2. ed., atual. e. ampl. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2005. 14. Saberes e Práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem / organização Genilda Ferreira Murta. – 7.ed. – São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2012. – (Série curso de enfermagem) 15. SCAZUFCA, M. Abordagem familiar em esquizofrenia. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.22, n.01, p. 50-51, maio, 2000. 16. SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G.. Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. 10ª ed, Vol 2. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 2022p. 17. STEFANELLI, M.C. A comunicação terapêutica. Rev. Esc. Enf. USP, v. 3, n. 3, p. 103– 4, 1983. 18. STUART & LARAIA. Enfermagem Psiquiátrica: princípios e prática. 2001. 19. TAYLOR, Cecília Monat. Fundamentos de Enfermagem Psquiátrica. Editora Artes Médicas Sul Ltda. Porto Alegre, 1992. 20. TOWNSEND, Mary C. Enfermagem Psiquiátrica: conceitos de cuidados. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 21. Tratado de cuidados de enfermagem, volume 2 / organizadores Nébia Maria Almeida de Figueiredo, Wiliam César Alves Machado. – São Paulo: Roca, 2012. 25 25 Profª / Enfª: Sarita Camara TRANSTORNO DE PENSAMENTO 1. PSICOSE Transtornos psicóticos são muito graves, havendo necessidade de hospitalização. Os pacientes perdem contato com a realidade e são incapazes de controlar seu pensamento e seu comportamento. São exemplos a esquizofrenia e os distúrbios paranóides. (Anthikad, 2005, p. 123) Sintomas: alucinações e delírios, pensamento desorganizado, fala e risos imotivados, idéias delirantes, alucinações visuais e auditivas, pensamento foge do controle, etc. 2. ESQUIZOFRENIA Transtorno de Pensamento - delírios e alucinações, perda de associação de idéias, riso imotivado ou inapropriado, entre outros. Fatores biológicos, ambientais, emocionais e pré-disposição podem desenvolver a doença. A intervenção no primeiro episódio do transtorno oferece uma oportunidade única no tratamento da esquizofrenia, influenciando no curso da doença. (Giacon e Galera, 2006) O termo “esquizofrenia” foi criado em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugem Bleuler, para substituir o termo demência precoce e ter como significado de mente dividida. MENTE DIVIDIDA? - Bleuler quis ressaltar a dissociação que às vezes o paciente percebia entre si mesmo e a pessoa que ocupa seu corpo. Início Agudo - sintomas aparecem de forma abrupta, podendo piorar cada vez mais se não forem tratados. Início Insidioso – sintomas aparecem de forma mais branda, levando o emocional e o intelectual a amplas irregularidades. A causa exata da esquizofrenia ainda não é esclarecida. Acredita-se que se deve a uma série de combinações de uma predisposição genética, disfunções bioquímicas, outros distúrbios fisiológicos e estresse psicossocial. Uma das hipóteses mais conhecidas relacionando os neurotransmissores à doença mental é a hipótese dopaminérgica, devido a hiperatividade da dopamina no SNC. Sexo masculino ocorre entre 15 e 25 anos - Sexo feminino entre 25 e 35 anos. O surgimento antes dos 10 e após os 50 anos de idade, é algo muito raro. Sintomas Positivos - fase aguda e são as perturbações mentais (alucinação, delírio, distúrbio de pensamento, ansiedade) Sintomas Negativos - perda ou diminuição das capacidades mentais, sendo incapaz de distinguir o que é real do imaginário (falta de motivação e apatia, embotamento afetivo, isolamento social) 3. Tipos de Esquizofrenia Hebefrênica ou Desorganizada: as alterações afetivas são dominantes. O paciente se desliga da realidade interna e assume comportamento imprevisível. 26 26 Profª / Enfª: Sarita Camara Catatônica: marcada por alterações motoras, alterações da vontade, como impulsividade. Podendo apresentar postura inapropriada, rigidez, obediência automática, etc. Indiferenciada: comportamento é claramente psicótico, onde há evidências de delírios, incoerência, etc. Quando o paciente não pode ser classificado em nenhum dos grupos mencionados. Pós-Esquizofrênica: Bueno e Nardi (2000, p. 177), é um episódio depressivo que pode ser prolongado,surgindo após o início do transtorno esquizofrênico. Residual :refere-se a uma esquizofrenia que já tem muitos anos e com muitas seqüelas. Isaacs (1998), diz que a característica essencial é a ausência de sintomas agudos no momento, mas história de episódios anteriores. Simples: Geralmente aparece na adolescência, com irregularidades nas emoções, isolamento social, ocorre perda de amigos, modificação de caráter, chegando assim ao quadro depressivo. Esquizoafetivo: manifestada por comportamentos esquizofrênicos, com um fortíssimo elemento de sintomas causadores de doenças, associada aos distúrbios afetivos, quer depressão, quer mania. 4. ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE Esse tipo de esquizofrenia é a mais comum e também o que responde melhor ao tratamento. Segundo Bueno e Nardi (2000, p. 176), neste tipo de esquizofrenia, predomina os sintomas positivos, onde os delírios são relativamente estáveis, usualmente acompanhados por alucinações, sobretudo auditivas, além de outras alterações perceptivas. Delirante: forma bem clara ruptura com a realidade de tal modo que não conseguimos remover este conteúdo do pensamento dele, mesmo com qualquer tipo de argumentação. Alucinações ou falsas percepções sensoriais: resposta a estímulos que provocam a ansiedade. As alucinações quando não associadas a estímulos externos reais, podem envolver qualquer um dos cinco sentidos. Ballone e Ortolani (2009), o paciente pode tomar medidas extremas para evitar que o companheiro (a) proporcione a infidelidade imaginada, como por exemplo, exigindo uma permanência no lar de forma tirana ou obrigando que nunca saia de casa desacompanhada. O ciúme patológico é acompanhado do medo de perder o relacionamento e o parceiro; é composto de diversas emoções e pensamentos irracionais. O maior desejo é de controlar os sentimentos e os comportamentos do (a) parceiro (a) completamente. Caracteriza-se por pensamentos intrusivos e excessivos acerca da infidelidade do outro. (Marinho, 2009, p. 38) Segundo Marinho (2009), o ciúmes delirante, é aquele no qual a pessoa acredita firmemente que está sendo traído. Mesmo que evidências mostrem ao contrário, não consegue enxergá-las ou aceitá-las: continua convicta de que foi traída. Na fase de romances realistas de Machado de Assis, temos um clássico do ciúme, que é a obra Dom Casmurro, onde declara de forma transparente o ciúme patológico de Bentinho por Capitu. No capítulo CXXIII – Olhos de ressaca, têm um exemplo de uma infidelidade imaginária, onde o delírio do ciúme fica bem exacerbado. Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só 27 27 Profª / Enfª: Sarita Camara Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No Meio dela, Capitu olhou alguns instantes para ver o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas... As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou as carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem as palavras desta, mas grande e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã. (2006, p. 153-54) Wright (1994), comenta um caso de uma paciente portadora de ciúme patológico que marcava o pênis do marido assinando-o no início do dia com uma caneta e verificava a marca desse sinal no final do dia. Outra situação ainda ridícula é a história de outro paciente, com ciúme obsessivo (ciúme delirante), que chegava a examinar as fezes da namorada, procurando possíveis restos de bilhetes engolidos (Torres, 1999). Esse relacionamento se torna a coisa mais importante na vida deste esquizofrênico paranóico, que acredita que está sendo traído, quando ele tenta parar de sentir ciúme e controlar o comportamento, nesse momento, ele chega a pensar que tudo isso foi apenas fruto de uma imaginação. Por outro lado os ciumentos estão sempre em busca de confissões e fatos ou atos que comprovem de que a idéia dele, de que estava sendo traído, seja verdade. Diagnóstico É baseado no quadro clínico e na evolução (história). O diagnóstico depende exclusivamente do conhecimento e da experiência do médico, e é feito pelo conjunto de sintomas que o paciente apresenta e a história como esses sintomas foram surgindo e se desenvolvendo. É uma patologia psiquiátrica de diagnóstico difícil e é muito importante identificar o subtipo em que o paciente se encontra. Infelizmente não existe nenhum exame laboratorial que dê um diagnóstico da patologia, geralmente os psiquiatras solicitam exames laboratoriais apenas para excluir outras patologias, com sintomas semelhantes à Esquizofrenia. Tratamento O tratamento correto para os pacientes esquizofrênicos é se unir farmacoterapia e estratégias psicossociais, incluindo as diferentes formas de psicoterapia. Os tratamentos são apenas complementares, na tentativa de melhorar o quadro sintomatológico, de aliviar tensões existentes e fortalecer a parte saudável do paciente. O paciente esquizofrênico ciumento pode ter uma relação saudável, onde as chances de reincidência são altas, logo ele tem que aprender a lidar com o ciúme, só que de forma moderada e sadia, pois na medida certa, faz bem ao relacionamento. A hospitalização para fim de tratamento, hoje em dia é algo raro, devendo ocorrer somente em períodos de crise. A reabilitação psicossocial é de fato uma estratégia muito importante, onde envolve atividades sociais e ocupacionais, aumentando as chances de reinserção social do esquizofrênico na sociedade, em outras palavras podemos dizer que é um conjunto de programas serviços que se desenvolvem para facilitar a vida das pessoas com problemas severos e constantes. O tratamento 28 28 Profª / Enfª: Sarita Camara medicamento (antipsicóticos) oferece alguns benefícios, dos quais são: eliminação das vozes, visão, o falar consigo mesmo, ajuda a se comportar de forma mais apropriada, diminui a tensão e agitação, a obsessão em controlar o relacionamento. A Terapia Eletroconvulsiva (ECT), era utilizada quando não existia muitas opções de tratamento farmacológico. A ECT causa uma convulsão generalizada no sistema nervoso central por meio de corrente elétrica. No filme “O bicho de sete cabeças” a terapia eletroconvulsiva era utilizada de forma punitiva aos pacientes, aqueles que não se comportavam bem ou não tomavam a medicação eram punidos com choques. Essa atitude vai de contra a real utilização do ECT, pois ele só é indicado em casos terapêuticos como foi evidenciado no filme “Uma mente brilhante”. O papel da família durante o tratamento é de grande importância, pois além de ajudarem em situações como proporcionar apoio emocional, certeza de que o paciente está recebendo as medicações, meio de transporte para as consultas, conseguem impor limites para o portador de doença mental (comportamentos perturbadores, como fumar, troca da noite pelo dia, a falta de higiene e/ou limpeza adequada) proporcionar aos profissionais da saúde mental um quadro preciso do funcionamento e da resposta do paciente ao tratamento. Assistência de Enfermagem A assistência de enfermagem inclui as atividades de higiene, alimentação, administração de medicamentos, aferição de sinais vitais, repouso, recreação e cuidados quanto a possíveis riscos. A equipe de enfermagem deve dirigir suas atividades, para contribuir na recuperação do paciente. Ao implementar essa terapia, a enfermagem deve observar o paciente buscando sua aceitação, respeito e compreensão. A assistência deve estar voltada em aprender a lidarcom os problemas de humor e interpretação da realidade do paciente psiquiátrico, de modo a explorar os pensamentos que o perturbam e geram conflito. O paciente esquizofrênico geralmente vive constantemente em crise, ou seja, o seu funcionamento geral é gravemente prejudicado e o indivíduo se torna incapaz de assumir responsabilidades pessoais. Os paciente que apresentam uma crise têm uma necessidade urgente de assistência, pois como dito anteriormente, o paciente não é capaz de resolver problemas, necessitando assim de assistência e apoio de uma outra pessoa. Para atingir o objetivo de prestar uma assistência de enfermagem adequada, é necessário principalmente aceitar a outra pessoa como ela é, ou seja, como ela se apresenta em sua singularidade, demonstrando que ela é aceita através de uma aproximação, livre de preconceito e baseada no respeito. O profissional de enfermagem tem um papel essencial ao prestar assistência, pois assume a posição de um profissional de referência, já que o mesmo ouve e presencia com freqüência as manifestações positivas e negativas do paciente, e para que isso aconteça, ele precisa conhecer a fundo o comportamento psiquiátrico para assistir de forma holística o paciente. Com o cuidado humanizado, a enfermagem ajuda o paciente a aceitar a sua patologia, o tratamento, incentiva a participação em terapias e oficinas, fazendo assim um meio de ultrapassar obstáculos referentes ao preconceito, a exclusão social e a questão de rótulos como loucos, insanos, malucos. 29 29 Profª / Enfª: Sarita Camara BIBLIOGRAFIA 6. AMARANTE, P. Loucos pela vida – A trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2000. 7. ANTHIKAD, Jacob. Psicologia para Enfermagem. 2. ed. São Paulo: Reichmann & Autores Editores, 2005. 8. ARANTES, E.C.; STEFANELLI, M.C.; FUKUDA, I.M.K. Estabelecimento de limites como medida terapêutica de relacionamento enfermeira–paciente. Rev. Esc. Enf. USP, v. 15, n. 2, p. 155–60, 1981. 9. ASSIS, Joaquim Maria Machado de; Dom Casmurro. São Paulo, SP: Ciranda Cultura Editora e Distribuidora Ltda., 2006 (1839-1908, I. Título) 10. BUENO, João Romildo, Antonio Egidio. Diagnóstico e tratamento em psiquiatria. Rio de Janeiro; Medsi, 2000. 11. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 7. GABBARD, Glen O. Tratamento dos transtornos psiquiátricos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 8. GIACON, Bianca C. C; GALERA, Sueli A. F. Primeiro episódio da esquizofrenia e assistência de enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo. v.40, n.02, p. 286-291, março, 2006. 9. ISAACS, Ann. Série de estudos em enfermagem: saúde mental e enfermagem psiquiátrica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. 10. Leopardi MT, Gelbecke FL, Ramos FRS. Cuidado: objeto de trabalho ou objeto epistemológico da enfermagem? Revista Texto e Contexto Enfermagem 2001 jan-abr; 1 (10): 32- 49. 11. NETTINA, Sandra M. Prática de Enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 3v,:il.; 12. PALMEIRA, Leonardo Figueiredo. Entendendo a esquizofrenia: Como a família pode ajudar no tratamento/. Rio de Janeiro: Interciência, 2009. 13. REVISTA CÉREBRO E MENTE – DOENÇAS DO CÉREBRO; (Fonte: www.cerebroemente.org.br) 14. ROCHA, Ruth Mylius. Enfermagem em saúde mental. 2. ed., atual. e. ampl. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2005. 15. Saberes e Práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem / organização Genilda Ferreira Murta. – 7.ed. – São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2012. – (Série curso de enfermagem) http://www.cerebroemente.org.br/ 30 30 Profª / Enfª: Sarita Camara 16. SCAZUFCA, M. Abordagem familiar em esquizofrenia. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.22, n.01, p. 50-51, maio, 2000. 17. SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G.. Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. 10ª ed, Vol 2. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 2022p. 18. STEFANELLI, M.C. A comunicação terapêutica. Rev. Esc. Enf. USP, v. 3, n. 3, p. 103–4, 1983. 19. STUART & LARAIA. Enfermagem Psiquiátrica: princípios e prática. 2001. 20. TAYLOR, Cecília Monat. Fundamentos de Enfermagem Psquiátrica. Editora Artes Médicas Sul Ltda. Porto Alegre, 1992. 21. TOWNSEND, Mary C. Enfermagem Psiquiátrica: conceitos de cuidados. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 22. Tratado de cuidados de enfermagem, volume 2 / organizadores Nébia Maria Almeida de Figueiredo, Wiliam César Alves Machado. – São Paulo: Roca, 2012. 31 31 Profª / Enfª: Sarita Camara TRANSTORNOS ALIMENTARES: Anorexia / Bulimia Nervosa / Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica Ambos aparecem com maior freqüência na adolescência e início da idade adulta e afetam principalmente as mulheres. A anorexia nervosa é caracterizada por extrema perda de peso, medo intenso de engordar e imagem corporal distorcida. O indivíduo anorético raramente sofre perda do apetite antes de atingir um estágio muito avançado da doença. A pessoa com anorexia nervosa geralmente chega aos cuidados do Sistema de Saúde após uma redução drástica de peso. O indivíduo reduz drasticamente sua ingestão total de alimentos, principalmente os carboidratos. Observam-se hábitos alimentares bizarros, tais como esconder e armazenar comida e recusar-se a comer com a família ou em público. Apresenta sintomas de depressão tais como perturbações no sono, crises de choro e idéias de suicídio. Muitas vezes essas mulheres apresentam amenorréia e perda do interesse na atividade sexual. Os sinais físicos incluem hipotermia, bradicardia, desidratação e hipotensão. A bulimia nervosa caracteriza-se por um consumo fora de hora, descontrolado e rápido de alimentos em curto período de tempo, chegando o indivíduo a ficar com dores abdominais, provoca vômitos e afasta-se do convívio social. A pessoa bulímica faz repetidas tentativas de perder peso com dietas severas, jejuns e abuso de laxantes. A pessoa com bulimia nervosa sempre aparece mais saudável do que aquela com anorexia nervosa. Na maioria das vezes tem peso corporal normal ou levemente acima daquele esperado. A pessoa com anorexia nervosa geralmente mostra-se tímida ou retraída, porém, o indivíduo com bulimia nervosa mostra-se extrovertido, mas apresenta em geral baixa auto-estima e autodepreciação, sintomas de depressão e medo de perder o controle. Ás vezes estão presentes outros comportamentos autodestrutivos tais como tentativas de suicídio, cleptomania (impulso patológico ao roubo) e promiscuidade sexual. As pessoas com comportamento bulímico são descritas como perfeccionistas, tendo alto nível acadêmico e profissional e dependente da aprovação dos outros para a manutenção da auto-estima. Os sinais físicos incluem irregularidades cardíacas, edema e desidratação. TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA O Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) foi descrito pela primeira vez em 1959 por Stunkard, contudo sua elevação à categoria diagnóstica apenas ocorreu em 1994, sob a forma de transtorno que necessita de maiores estudos para melhor caracterização. Assim, desde então ocorreu um maior interesse em pesquisas nesta área, diferenciando um sub-grupo de pacientes obesos com características alimentares específicas. Os Transtornos Alimentares são enfermidades psiquiátricas caracterizadas por alterações graves no comportamento alimentar. Além da Anorexia e da Bulimia Nervosa, um terceiro tipo de transtorno alimentar tem sido proposto por alguns pesquisadores. Esta 3ª categoria diagnóstica é chamada de Transtorno de Comer Compulsivo (TCC). Sua característica central é, também, o episódio de compulsão alimentar, sendo que o paciente não se engaja em comportamentos compensatórios para controle de peso, o que diferencia
Compartilhar