Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA ANGÉLICA MARÍLIA DA COSTA SILVA BRUNA NATÁLIA DE SOUZA DANIELE VILELA RIBEIRO KAREN SILVA BEZERRA Uso indiscriminado dos benzodiazepínicos: uma revisão de literatura NOVA IGUAÇU 2022 ANGÉLICA MARÍLIA DA COSTA SILVA BRUNA NATÁLIA DE SOUZA DANIELE VILELA RIBEIRO KAREN SILVA BEZERRA USO INDISCRIMINADO DOS BENZODIAZEPÍNICOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA Artigo apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso em Saúde, do curso de Farmácia da Universidade Estácio de Sá, como um dos pré-requisitos à obtenção do título de Bacharel em Farmácia. Orientadora: Prof. Me. Pâmella Sampaio. Disciplina PTCC: Prof. Me. Alexandro Alves Ribeiro. NOVA IGUAÇU 2022 USO INDISCRIMINADO DOS BENZODIAZEPÍNICOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA Angélica Marília da Costa Silva1 Bruna Natália de Souza2 Daniele Vilela Ribeiro3 Karen Silva Bezerra4 RESUMO Introdução: Os benzodiazepínicos são os psicotrópicos mais usados de forma indiscriminada no mundo. O consumo deles pode acarretar alterações no comportamento, como também levar à dependência psíquica e/ou física, resultando muitas vezes em complicações pessoais e sociais graves. O uso dos benzodiazepínicos devem ocorrer por um curto período de tempo. O uso a longo prazo afetará o processo de dependência. Objetivo: Demonstrar as consequências e os efeitos decorrentes do uso indiscriminado dos benzodiazepínicos Materiais e métodos: Foi realizado um levantamento bibliográfico, nos indexadores SCIELO (Scientific Electronic Library Online), portal de revistas brasileiras que organiza e publica textos completos, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) Resultados e discussão: Diante do levantamento de estudos acerca da temática e objetivo proposto no presente estudo, foram selecionados 09 artigos, os quais incluem 6 publicações sobre o uso indiscriminado dos benzodiazepínicos, 1 publicação sobre os efeitos colaterais, 1 publicação sobre intervenção, 1 publicação que abordam o papel do farmacêutico. Esses medicamentos são seguros quando usados adequadamente, mas podem causar grandes complicações se usados incorretamente ou tomados por mais tempo do que o prescrito. Especificamente, a preocupação é com o uso prolongado e em altas doses de benzodiazepínicos que causam crises de tolerância, dependência e abstinência. Alguns riscos associados ao seu uso incluem agressão e insuficiência hepática. Conclusão: Constatou-se a partir da realização do estudo que o uso indiscriminado de benzodiazepínicos tem crescido consideravelmente, e tem despertado elevada preocupação devido à ausência de informações sobre as consequências negativas devido ao uso desnecessário de tais fármacos. Conclui-se a importância de orientações acerca do uso indiscriminado de benzodiazepínicos, ressaltando-se a relevância do profissional farmacêutico. Palavras-chave: Benzodiazepínicos. Fármacos. Uso indiscriminado 1 Graduanda em Farmácia – Universidade Estácio de Sá. E-mail: 2 Graduanda em Farmácia – Universidade Estácio de Sá. E-mail: 3 Graduanda em Farmácia – Universidade Estácio de Sá. E-mail: 4 Graduanda em Farmácia – Universidade Estácio de Sá. E-mail: INDISCRIMINATE USE OF BENZODIAZEPINES: A LITERATURE REVIEW Angélica Marília da Costa Silva15 Bruna Natália de Souza26 Daniele Vilela Ribeiro37 Karen Silva Bezerra48 ABSTRACT Introduction: Benzodiazepines are the most widely used psychotropic drugs in the world. Their consumption can lead to changes in behavior, as well as psychological and/or physical dependence, often resulting in serious personal and social complications. The use of benzodiazepines must occur for a short period of time. Long term use will affect the addiction process. Objective: To demonstrate the consequences and effects resulting from the indiscriminate use of benzodiazepines Materials and methods: A bibliographic survey was carried out in the SCIELO (Scientific Electronic Library Online) indexes, a portal of Brazilian journals that organizes and publishes full texts, VHL (Virtual Library in Health) Results and discussion: In view of the survey of studies on the theme and objective proposed in this study, 09 articles were selected, which include 6 publications on the indiscriminate use of benzodiazepines, 1 publication on side effects, 1 publication on intervention, 1 publication addressing the role of the pharmacist. These drugs are safe when used properly, but they can cause major complications if used incorrectly or taken longer than prescribed. Specifically, the concern is with long-term, high-dose use of benzodiazepines that cause tolerance, dependence, and withdrawal crises. Some risks associated with its use include aggression and liver failure. Conclusion: It was found from the study that the indiscriminate use of benzodiazepines has grown considerably, and has aroused great concern due to the lack of information about the negative consequences due to the unnecessary use of such drugs. It is concluded the importance of guidelines about the indiscriminate use of benzodiazepines, emphasizing the relevance of the pharmacist. Keywords: Benzodiazepines. Drugs. Indiscriminate use 1 Graduanda em Farmácia – Universidade Estácio de Sá. E-mail: 2 Graduanda em Farmácia – Universidade Estácio de Sá. E-mail: 3 Graduanda em Farmácia – Universidade Estácio de Sá. E-mail: 4 Graduanda em Farmácia – Universidade Estácio de Sá. E-mail: 1. INTRODUÇÃO O uso indiscriminado dos benzodiazepínicos tem sido alvo de estudos no Brasil, isso se dá porque existe uma crescente preocupação com o consumo de drogas lícitas e ilícitas, sobretudo com suas implicações na saúde dos usuários que fazem uso desnecessariamente prolongado (FIRMINO et al., 2012). Os benzodiazepínicos são os psicotrópicos mais usados de forma indiscriminada no mundo. O consumo deles pode acarretar alterações no comportamento, como também levar à dependência psíquica e/ou física, resultando muitas vezes em complicações pessoais e sociais graves. Seu efeito farmacológico é comprovado por estudos científicos, no qual o uso prolongado tende a ocasionar problemas de tolerância, dependência e crises de abstinência, podendo trazer sérios riscos à saúde pública (NUNES; BASTOS, 2016). Segundo o estudo de Madruga et al. (2019), publicado no Jornal Brasileiro de Psiquiatria, mostra que o uso dos benzodiazepínicos tem aumentado nas últimas décadas, destacando-se por diversos e complexos fatores. Sobre uso irracional e suas consequências, a utilização de benzodiazepínicos cresce no mundo todo de forma exponencial. Os benzodiazepínicos ganharam destaque, pois tem baixo risco de intoxicação e alto índice terapêutico, passando a serem os medicamentos de primeira escolha para os tratamentos de ansiedade. A Organização das Nações Unidas, e a Internacional Narcotics Control Board, no início da década de 1990, advertiu para o uso indiscriminado, efeitos adversos e a falta de controle efetivo dos psicotrópicos, o que ajudou a diminuir muito o seu consumo nesse período (NUNES; BASTOS, 2016). Conforme informações do Sistema Nacional de Controle de Produtos Controlados (SNGPC), clonazepam, bromoazepam e alprazolam foram as substâncias mais consumidas no Brasil de 2007 a 2010. O uso dos benzodiazepínicos devem ocorrer por um curto período de tempo. O uso a longo prazo afetará o processo de dependência. Nessa perspectiva, quanto maior o tempo de uso, a dificuldade de interrupção de uso será maior, e a probabilidade de abstinência aumentará com o uso a longo prazo (CAMPOS; ROSA; GONZAGA, 2017). Esse trabalho justifica-se porque a prática do uso indiscriminadode benzodiazepínicos está frequentemente relacionada aos problemas comuns da vida, como os transtornos mentais, a depressão, a ansiedade e a insônia. O uso indiscriminado destes fármacos – sem supervisão médica ou em quantidades/tempo superiores ao tido como ideal – tem crescido na última década. Apesar de serem bem tolerados pela maioria dos usuários, os benzodiazepínicos possuem efeitos adversos como sonolência, “anestesia emocional”, tolerância e dependência. Nesse sentido, o uso indiscriminado de benzodiazepínicos ganham importância no âmbito da saúde pública (SOUZA; OPALEYE; NOTO, 2013). O profissional farmacêutico atuará no controle do uso racional dos medicamentos e terapias complementares, alertando sobre a relevância do conhecimento, eficácia, vantagens e desvantagens para que seja realizada a promoção, a proteção e a recuperação da saúde. Os medicamentos controlados estão disponíveis em drogarias de acordo com o tipo de necessidade conforme prescrito para cada paciente, porém, com a falta de conhecimento e informação, infelizmente é recorrente o compartilhamento destes medicamentos entre membros da própria família ou com amigos, o que pode gerar consequências negativas para eles, propensos a riscos de efeitos adversos (SATURNINO et al., 2012). O esclarecimento é prestado ao paciente pelo farmacêutico por meio do diálogo com informações sobre as dependências que esses medicamentos podem proporcionar, seus possíveis efeitos colaterais, possíveis interações medicamentosas e alimentares, dosagem e armazenamento, enfatizando o fato de que o medicamento deve ser ingerido corretamente, em período de tempo especificado (OLIVEIRA; LOPES; CASTRO, 2015). A assistência farmacêutica é a garantia de que todo investimento em medicamentos se traduz em saúde e melhora a qualidade de vida do paciente. De acordo com Oliveira, Lopes e Castro (2015) o farmacêutico é o elo entre o prescritor e o paciente, portanto, sua ajuda na dispensação segura torna-se fundamental, pois o posicionamento correto fará com que o paciente administre o medicamento em doses precisas e de acordo com suas necessidades clínicas, evitando reações adversas, interações medicamentosas e resíduos, reduzindo a probabilidade de riscos de abuso e dependência associados ao uso de benzodiazepínicos, levando a resultados positivos para a saúde pública e para os pacientes. 2. OBJETIVOS Demonstrar as consequências e os efeitos decorrentes do uso indiscriminado dos benzodiazepínicos. 3. MATERIAIS E MÉTODOS Para elaboração deste trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico, utilizando como descritores: Benzodiazepínicos. Fármacos. Uso indiscriminado, nos indexadores SCIELO (Scientific Electronic Library Online), portal de revistas brasileiras que organiza e publica textos completos, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), além de livros. Como critérios de inclusão serão considerados artigos de 2012 a 2022 por amostra de conveniência, que incluam no título ou resumo termos como uso indiscriminado entre outros. Como critérios de exclusão serão consideradas pesquisas que fogem do tema escolhido para o projeto e artigos com mais de 10 anos de publicação. Em seguida, será feita uma leitura analítica para ordenar as informações e identificar o objeto de estudo. Para alcançar o objetivo proposto, bem como realizar uma pesquisa com metodologia baseada em estudos teóricos, dos resultados obtidos por outros autores especializados no assunto, trazendo assim conhecimento científico sobre o uso indiscriminado dos benzodiazepínicos, fármacos e ansiolíticos. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Diante do levantamento de estudos acerca da temática e objetivo proposto no presente estudo, foram selecionados 09 artigos, os quais incluem 6 publicações sobre o uso indiscriminado dos benzodiazepínicos, 1 publicação sobre os efeitos colaterais, 1 publicação sobre intervenção, 1 publicação que abordam o papel do farmacêutico. As principais informações encontradas são discutidas. A tabela a seguir irá evidenciar os estudos selecionados, composta por autor, ano, título, revista e principais conclusões. Tabela 1: Apresentação dos estudos selecionados Autor Ano Título Revista Conclusões Carvalho, Rodrigues e Golzio 2016 Intervenções no uso prolongado de benzodiazepínicos: uma revisão RSC Online O uso continuado de benzodiazepínicos causa uma série de reações adversas que comprometem substancialmente a qualidade de vida dos pacientes. Jordão, Almeida e Mangiavacchi 2016 Uso indiscriminado de benzodiazepínicos: uma revisão bibliográfica para o profissional de enfermagem na atenção primária Revista Científica Interdisciplinar Pode-se se sugerir que o uso indevido de benzodiazepínicos é decorrente de uma série de fatores que envolvem desde atitudes dos próprios usuários e de toda a equipe de saúde. Nunes e Bastos 2016 Efeitos colaterais atribuídos ao uso indevido e prolongado de benzodiazepínicos SAÚDE & CIÊNCIA EM AÇÃO – Revista Acadêmica do Instituto de Ciências da Saúde O crescente uso de benzodiazepínicos devido à busca cada vez maior por medicamentos que aliviem os sintomas de estresse e ansiedade gera uma preocupação quanto à falta de informação sobre as consequências do uso crônico desses medicamentos. Campos, Rosa e Gonzaga 2017 Uso indiscriminado de benzodiazepínicos Revista Saúde em Foco O crescente uso de benzodiazepínicos e à busca cada vez maior por medicamentos que aliviem os sintomas de estresse e ansiedade vem gerando grande preocupação quanto à falta de informação sobre as consequências do seu uso crônico Silva, Fernandes e Júnior 2018 Uma abordagem ao uso indiscriminado de medicamentos benzodiazepínicos Revista Cientifíca FAEMA O uso destas substâncias sem o devido acompanhamento de profissional competente pode acarretar uma série de agravos à saúde. Andrade et al. 2020 Uso crônico e indiscriminado de benzodiazepínicos: uma revisão de literatura Research, Society and Development Os achados também confirmam a tendência brasileira ao uso irracional de narcóticos e psicotrópicos, envolvendo algumas práticas inadequadas que envolvem a prescrição e dispensação desses medicamentos. Costa et al. 2020 Uso indiscriminado dos benzodiazepínicos na sociedade moderna: uma revisão sistemática Brazilian Journal of Development Pode-se afirmar que os BZDs estão entre as drogas mais consumidas em todo o mundo, e constituem um grupo farmacológico eficiente em combate a distúrbios do sono e controle da ansiedade, no entanto, eles podem causar sérios riscos à saúde quando consumido com irresponsabilidade Lima et al. 2021 Papel do farmacêutico no combate ao uso indiscriminado de benzodiazepínicos: uma revisão de literatura Research, Society and Development A tendência mundial ao uso abusivo de benzodiazepínicos está atrelado ao aumento dos distúrbios psiquiátricos, em especial a ansiedade e distúrbios do sono Senra et al. 2021 Efeitos colaterais do uso crônico e indiscriminado de benzodiazepínicos: Uma revisão narrativa Brazilian Journal of Development Percebe-se que a prescrição de benzodiazepínicos é muitas das vezes inapropriada e também que uma parte dos pacientes faz o uso irracional dessa classe de medicamentos. O estudo de Nunes e Bastos (2016) constatou que os benzodiazepínicos reduzem o sono e promovem o relaxamento. Esses medicamentos são seguros quando usados adequadamente, mas podem causar grandes complicações se usados incorretamente ou tomados por mais tempo do que o prescrito. Especificamente, a preocupação é com o uso prolongado e em altas doses de benzodiazepínicos que causam crises de tolerância, dependência e abstinência. Alguns riscosassociados ao seu uso incluem agressão e insuficiência hepática. As mulheres são mais propensas a usar esses medicamentos para tratamento de ansiedade e outras condições. Além disso, os idosos podem usar benzodiazepínicos como soníferos ou sedativos. Por serem menos arriscados do que outros ansiolíticos, os pacientes frequentemente abusam dos benzodiazepínicos. Eles podem administrar dosagens mais altas do que o médico recomenda, o que pode levar à tolerância e à necessidade de aumentar a potência. O uso excessivo de benzodiazepínicos pode afetar negativamente a saúde de uma pessoa por um período prolongado de tempo (NUNES; BASTOS, 2016). Ficou evidente a partir do estudo de Campos, Rosa e Gonzaga (2017) que existem muitos efeitos negativos dos benzodiazepínicos, em especial diante do uso indiscriminado. Eles podem levar à sonolência, baixa energia, fadiga, déficits nas habilidades motoras, tontura e lacunas amnésicas. Eles também podem prejudicar as habilidades de dirigir carros, andar de bicicleta e andar a cavalo. As pessoas também podem sentir ansiedade, alucinações, distúrbios do sono e depressão respiratória ao tomar esses medicamentos. O uso a longo prazo pode levar a sintomas de dependência ou abstinência se for tomado por mais de 4 a 6 semanas. Há também um risco aumentado de dependência com doses mais altas, pessoas que usam esses medicamentos com frequência ou pacientes idosos com problemas de saúde mental. Silva, Fernandes e Júnior (2018) acrescentam que as substâncias psicotrópicas, incluindo os benzodiazepínicos, constituem um grupo de fármacos que se destaca nas discussões sobre abuso e automedicação, pois estão entre as mais prescritas e consumidas globalmente. O uso abusivo de fármacos, principalmente os benzodiazepínicos, aumenta as barreiras e deixa de ser um problema circunscrito ao cenário clínico, pois gradativamente assume maior proporção e representa uma ameaça à saúde pública global. Os benzodiazepínicos têm alta tendência a causar dependência diante do uso indiscriminado. São fármacos que também são inadequados para muitas pessoas usarem, mas o problema é agravado por idosos, usuários de drogas ou pessoas que sofrem de distúrbios emocionais ou mentais. Em alguns casos, os benzodiazepínicos são usados até mesmo como alternativa ao suicídio. O uso abusivo e inadequado desses medicamentos decorre de diversos fatores dentro dos serviços de saúde. Incluem-se prescrições impróprias, falta de anamnese na renovação de prescrições, falta de controle sobre a dispensação no momento e prescrições impróprias (SILVA; FERNANDES; JÚNIOR, 2018). Para Andrade et al. (2020) o uso prolongado de benzodiazepínicos pode ter uma ampla gama de efeitos colaterais prejudiciais ao corpo. Estes incluem perda de coordenação, amnésia, sedação e ataxia. Quando os pacientes mais velhos tomam esses medicamentos regularmente, eles têm um risco maior de cair do que aqueles que não o fazem. Algumas pessoas também podem desenvolver dependência, o que pode levar a efeitos negativos em sua saúde psicológica. Apesar disso, alguns usuários podem minimizar os riscos ou até mesmo negá-los completamente. Tomar benzodiazepínicos por períodos prolongados pode afetar negativamente as habilidades cognitivas de uma pessoa. Isso pode ser observado especialmente em pacientes idosos que tomam esses medicamentos por períodos prolongados, sendo assim, é um fator que pode levar à perda de equilíbrio e queda devido à dependência que esses fármacos criam no paciente (ANDRADE et al., 2020). Costa et al. (2020) enfatiza que como o uso indiscriminado de benzodiazepínicos pode causar tolerância e doença, pode ser perigoso para pacientes que já têm uma condição de saúde existente. Além disso, pessoas de meia-idade podem ser especialmente suscetíveis aos efeitos negativos da interrupção do uso. Muitos dos perigos associados aos benzodiazepínicos se devem ao fato de que a maioria dos médicos e profissionais de saúde estão mal-informados sobre os riscos do abuso desses medicamentos. Um dos maiores problemas que o mundo enfrenta hoje é o consumo indiscriminado e a automedicação de benzodiazepínicos. Esta condição não é um problema de saúde menor; afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Vale ressaltar também que esses fármacos são considerados uma inovação tecnológica moderna. Devemos ter mais cuidado ao usá-los, pois podem causar sérios problemas de saúde em quem os usa, como já referidos (COSTA et al., 2020). No Brasil, é citado no estudo de Senra et al. (2021) uma avaliação de 3.368 prescrições que mostrou prevalência de benzodiazepínicos de 20,6%. O consumo no Brasil só pode ser feito mediante receita médica, diferentemente de alguns países é possível obter o medicamento sem receita médica. Esse fato reflete um possível desconhecimento dos profissionais sobre seus efeitos colaterais, pois as indicações são exageradas e é difícil retirar o medicamento do uso do paciente posteriormente. De fato, o país é um dos maiores consumidores de benzodiazepinas, com cerca de 1,6% da população são consumidores de longa duração desses fármacos. O uso prolongado de benzodiazepínicos para aliviar um desconforto menor é uma prática perigosa. Isso ocorre porque os medicamentos têm efeitos colaterais significativos e podem causar dependência. Na verdade, existem opções alternativas seguras e eficazes. Estes incluem a administração de doses de curto prazo que atenuam os efeitos colaterais. Como resultado, essa abordagem pode ser prejudicial. Além disso, essas drogas são psicotrópicas e afetam diretamente o sistema nervoso. A pesquisa de tolerância indica uma correlação direta entre a meia-vida de um ansiolítico e seu potencial de dependência. À medida que a meia-vida de uma droga diminui, os usuários são mais propensos a desenvolver dependência psicológica e física. De fato, à medida que a dependência ocorre, os usuários podem aumentar a dosagem para manter seu nível anterior de alívio (SENRA et al., 2021). Jordão, Almeida e Mangiavacchi (2016) ressaltam que a terapia medicamentosa nada mais é do que a administração de determinados produtos químicos que modificam a forma como o corpo funciona para alcançar o efeito desejado. Por fazer parte da ajuda prestada pelos membros da equipe médica, é muito importante e quase sempre necessário que os profissionais responsáveis entendam como os fármacos funcionam para ajudar os pacientes a usá-los corretamente e assim reduzir os efeitos e potencializar o efeito pretendido. Para minimizar os efeitos colaterais negativos associados ao uso indiscriminado dos benzodiazepínicos, é necessário aumentar o conhecimento do público sobre os medicamentos que tomam. Isso pode ser feito por meio de um profissional de saúde. Além disso, questões como o desconhecimento da população e seu uso indiscriminado precisam ser minimizados. Para evitar que isso aconteça, os profissionais de saúde precisam ter um melhor acesso às informações sobre o uso de medicamentos prescritos pelos pacientes na população (JORDÃO; ALMEIDA; MANGIAVACCHI, 2016). Conforme é constatado no estudo de Carvalho, Rodrigues e Golzio (2016) várias estratégias mostraram-se eficazes na descontinuação bem-sucedida dos benzodiazepínicos. Isso inclui o uso de medicamentos que induzem a liberação de melatonina no corpo, intervenções educacionais fornecidas por um psiquiatra. Além disso, a descontinuação desses medicamentos é essencial devido aos potenciais efeitos colaterais e riscos associados a eles. É por isso que o monitoramento dos pacientes é importante. Outro método eficaz para descontinuar esses fármacos é receber terapia psicológica de um psiquiatra. O farmacêutico desempenha um papel crucial frente ao uso indiscriminado de benzodiazepínicos. Eles ajudam os pacientes a entender suas prescrições e rejeitam as que são inadequadas. Devem aderir aos padrões éticos estabelecidospelo Código de Ética da Profissão Farmacêutica no manuseio de medicamentos psicotrópicos. A ação de tais profissionais deve ir além da barreira de dispensação, devem tornar-se disseminadores de informações e orientações acerca dos fármacos (LIMA et al., 2021). Por fim, o estudo de Lima et al. (2021) deixa evidente que os farmacêuticos são amplamente treinados para ajudar os pacientes a entender a dosagem adequada de seus medicamentos. Isso reduz a probabilidade de intoxicação, o que lhes confere uma expectativa de vida mais longa. Eles são vistos como fonte de informação para usuários de drogas, que podem utilizá-los para esclarecer dúvidas sobre seu uso. Isso fornece confiança para eles usarem essas informações corretamente. Há muitos casos em que os usuários de benzodiazepínicos fazem uso indevido de sua medicação. Um farmacêutico pode reduzir o uso indevido desses medicamentos realizando palestras, criando campanhas de conscientização e aumentando o número de farmacêuticos envolvidos com a saúde mental. Dessa forma, o farmacêutico pode promover benefícios a longo prazo tanto para o paciente quanto para sua medicação. 5. CONCLUSÃO Constatou-se a partir da realização do estudo que o uso indiscriminado de benzodiazepínicos tem crescido consideravelmente, e tem despertado elevada preocupação devido à ausência de informações sobre as consequências negativas devido ao uso desnecessário de tais fármacos. Os estudos selecionados para a discussão deixaram evidente que os benzodiazepínicos são um dos fármacos mais consumidos em todo o mundo. Eles são um grupo eficaz de medicamentos que controlam a ansiedade e tratam distúrbios do sono. No entanto, eles podem causar sérios riscos à saúde quando tomados de forma indiscriminada e abusiva. Conclui-se a importância de orientações acerca do uso indiscriminado de benzodiazepínicos, ressaltando-se a relevância do profissional farmacêutico diante disso, sendo o profissional provedor de informações e indicações de forma correta de uso, assim como os possíveis efeitos colaterais e adversos provenientes do uso indiscriminado. 6. REFERÊNCIAS ANDRADE, S. M. et al. Uso crônico e indiscriminado de benzodiazepínicos: uma revisão de literatura. Research, Society and Development, v. 9, n. 7, p. 1-11, 2020. CAMPOS, N. P. S.; ROSA, C. A.; GONZAGA, M. F. N. Uso indiscriminado de benzodiazepínicos. Revista Saúde em Foco, n. 9, p. 485-491, 2017. CARVALHO, M. R. F.; RODRIGUES, E. T.; GOLZIO, A. M. F. O. Intervenções no uso prolongado de benzodiazepínicos: uma revisão. RSC Online, v. 5, n. 2, p. 55-64, 2016. COSTA, C. A. F. et al. Uso indiscriminado dos benzodiazepínicos na sociedade moderna: uma revisão sistemática. Braz. J. Hea. Rev,Curitiba, v. 3, n. 6, p.18067-18075. nov./dez.2020. FIRMINO, K. F.; ABREU, M. G.; PERINE, E.; MAGALHÃES, M. S. Utilização de benzodiazepínicos no Serviço Municipal de Saúde de Coronel Fabriciano, Minas Gerais. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p. 157-166, 2012. JORDÃO, L. S. F.; ALMEIDA, V. C.; MANGIAVACCHI, B. M. Uso indiscriminado de benzodiazepínicos: uma revisão bibliográfica para o profissional de enfermagem na atenção primária. Revista Científica Interdisciplinar, v. 1, n. 1, p. 75-88, jul./dez. 2016. LIMA, A. E. et al. Papel do farmacêutico no combate ao uso indiscriminado de benzodiazepínicos: uma revisão de literatura. Research, Society and Development, v. 10, n.15, p. 1-9, 2021. MADRUGA, C. S.; PAIM, T. L.; PALHARES, H. N.; MIGUEL, A. C.; MASSARO, L. T.; CAETANO, R. et al. Prevalência e vias de uso de benzodiazepínicos no Brasil: o papel da depressão, do sono e do sedentarismo. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 41, n. 1, p. 44-50, 2019. NUNES, B. S.; BASTOS, F. M. Efeitos colaterais atribuídos ao uso indevido e prolongado de benzodiazepínicos. SAÚDE & CIÊNCIA EM AÇÃO – Revista Acadêmica do Instituto de Ciências da Saúde, v.3, n. 1, ago./dez. 2016. OLIVEIRA, J. D. L.; LOPES, L. A. M.; CASTRO, G. F. P. Uso indiscriminado dos benzodiazepínicos: a contribuição do farmacêutico para um uso consciente. Revista Transformar, v. 7, p. 214-226, 2015. SATURNINO, L. T. M. et al. Farmacêutico: um profissional em busca de sua identidade. Rev. Bras. Farm., v.93, n.1, p. 10-16, 2012. SENRA, E. D. et al. Efeitos colaterais do uso crônico e indiscriminado de benzodiazepínicos: Uma revisão narrativa. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.11, p. 102013- 102027, nov. 2021. SILVA, E. G.; FERNANDES, D. R.; JÚNIOR, A. T. T. Uma abordagem ao uso indiscriminado de medicamentos benzodiazepínicos. Revista Científica FAEMA, Ariquemes, v. 9, n. esp., p. 610-614, mai./jun. 2018. SOUZA, A. R. L.; OPALEYE, E. S.; NOTO, A. R. Contextos e padrões do uso indevido de benzodiazepínicos entre mulheres. Ciência e saúde coletiva, v.18, n.4, 2013.
Compartilhar