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RECURSOS ESTÉTICOS E COSMÉTICOS CAPILARES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi de Lima, Lucimar Fernandes. Recursos estéticos e cosméticos capilares / Lucimar Fernandes de Lima; Camila Assunção Santana: Cengage – 2020. Bibliografia. ISBN 9786555580068 1. Estética e Cosmética 2. Tricologia Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria Lucimar Fernandes de Lima Doutoranda em Biotecnologia Renorbio/UFRN. Especialista em Estudos em Tricologia pela Faculdade de Paraíso do Norte - Fapan. Mestre em Ciência, Tecnologia e Inovação - UFRN. Tecnóloga em Estética e Cosmética - UNP. Técnica em Comércio, pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN. Atuou em projeto de pesquisa para obtenção de produto para o combate e controle da pediculose, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN, que resultou no primeiro registro de patente do instituto -campus Natal Zona Norte. Atualmente desenvolve produtos remediadores e repelentes para pediculose. Camila Assunção Santana Graduada em Estética e cosmética pela Unama (universidade da Amazônia), especialista em Dermoestetica e Cosmetologia (escola superior da Amazônia). Terapeuta capilar e docente em tricologia. É docente e preceptora de estágio supervisionado do curso de Estética e Cosmética da Unama nas disciplinas de recursos em Estética Capilar, disfunções dermatológicas aplicadas a Estética, podologia e terapias alternativas aplicadas a Estética. SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Fisiologia e anatomia do pelo e a estética capilar ......................................................9 Introdução.............................................................................................................................................10 1 Introdução a estética capilar .............................................................................................................. 11 2 Anatomia da pele .............................................................................................................................. 13 3 As propriedades do cabelo ................................................................................................................ 22 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................26 UNIDADE 2 - Disfunções do couro cabeludo e tratamentos ............................................................27 Introdução.....................................................................................................................................28 1 Patologias do cabelo e couro cabeludo .............................................................................................. 29 2 Dermatite Seborreica ......................................................................................................................... 35 3 Patologias da haste (tricoses)............................................................................................................. 37 4 Abordagem sobre os principais ativos cosméticos capilares .............................................................38 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................43 UNIDADE 3 - Transformações capilares ..........................................................................................45 Introdução.............................................................................................................................................46 1 Coloração capilar................................................................................................................................ 47 2 Colorimetria ....................................................................................................................................... 51 3 Clareamento ou descoloração ........................................................................................................... 59 4 Alisantes capilares .............................................................................................................................. 62 5 Produtos para ondulações permanentes ........................................................................................... 65 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................68 UNIDADE 4 - Saúde e bem-estar ....................................................................................................71 Introdução.............................................................................................................................................72 1 Introdução ..........................................................................................................................................73 2 Sistema tegumentar ........................................................................................................................... 76 3 Diferença entre epilação e depilação ................................................................................................. 81 4 Recursos e cosméticos utilizados nos tratamentos capilares .............................................................88 5 Inovações tecnológicas na produção de cosméticos capilares ..........................................................90 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................93REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................94 Este livro, Recursos estéticos e cosméticos capilares, informa o leitor, além de conceitos básicos da área, conteúdo específico sobre fisiologia e anatomia do pelo e a estética capilar; disfunções do couro cabeludo e tratamentos; transformações capilares; saúde e bem estar. Entre muitos assuntos, a primeira unidade, Fisiologia e anatomia do pelo e a estética capilar, aborda os principais conceitos relacionados à estética capilar, como tricologia, o que ela estuda, e a terapia capilar como recurso no tratamento de diversas patologias relacionadas ao fio de cabelo e couro cabeludo, como: alopecias, tricoses, dermatite seborreica e afins. A segunda, Disfunções do couro cabeludo e tratamentos, fala sobre as patologias que acometem o couro cabeludo, suas manifestações clínicas, como identificá-las, e a etiologia. A terceira unidade, Transformações capilares, trata de coloração, colorimetria capilar, alisantes e produtos usados para ondulações permanentes dos fios. Agora, para finalizar o conteúdo da obra, a quarta unidade, Saúde e bem estar, explica as principais técnicas para a remoção dos pelos corporais, os recursos e cosméticos utilizados nos tratamentos capilares e as inovações tecnológicas na produção de cosméticos capilares. Esta é apenas uma pequena amostra do que o leitor aprenderá após a leitura do livro. Desejamos que o leitor tenha uma carreira de sucesso, com muito prestígio. Aos leitores, sorte em seus estudos! PREFÁCIO UNIDADE 1 Fisiologia e anatomia do pelo e a estética capilar Olá, Você está na unidade Fisiologia e anatomia do pelo e a estética capilar. Conheça aqui os principais conceitos relacionados a estética capilar, como o que é a tricologia e o que ela estuda e a terapia capilar como recurso utilizado no tratamento de diversas patologias relacionadas fio de cabelo e couro cabeludo, tais como: alopecias, tricoses, dermatite seborreica e afins. Aprenda os conceitos relacionados ao cabelo e suas características estruturais, químicas e anatômicas. E como elas podem ajudar o profissional da Estética capilar a identificar patologias relacionadas ao fio de cabelo e ao couro cabeludo. Bons estudos! Introdução 11 1 INTRODUÇÃO A ESTÉTICA CAPILAR Cabelos são conhecidos como a moldura do rosto e estão ligados a auto estima de cada indivíduo. Problemas relacionados a ausência de cabelos como a Alopecia, tem uma influência negativa na qualidade de vida e podem causar problemas nas interações sociais. Com isso cada vez mais há a necessidade de profissionais capacitas para lidar com as patologias que estão relacionadas a saúde do couro cabeludo e do fio de cabelo em si. Robbins em sua obra “Chemical and Physical Behavior of Human Hair” diz que: “O cabelo, além de ser um adorno, tem a função de proteger a cabeça dos raios solares, o que é feito através da melanina presente nele, a qual é também responsável pela sua coloração. O cabelo possui receptores nervosos que funcionam como sensores, os quais o levam a aumentar a proteção da cabeça quando necessário.” (ROBBINS, 2002, p. 483). Na medicina há um ramo especializado em tratamentos capilares, denominada como tricologia, está é a ciência responsável pelo o estudo das afecções relacionadas a estrutura capilar. Ligado a tricologia estão as terapias capilares que são os instrumentos com o qual o profissional da estética associado ao conhecimento da tricologia irá desenvolver o tratamento das afecções relacionadas ao couro cabeludo e distúrbios capilares. Para Borges e Scorza na obra “Terapêutica em estética: conceitos e técnicas”. “A intervenção nas disfunções do fio e couro cabeludo é realizada mediante um trabalho interdisciplinar, que reúne profissionais da área de saúde e profissionais da estética. Entre os profissionais médicos atuam as especialidades de dermatologia, cirurgia plástica, endocrinologia, psiquiatria e hematologia. Outros profissionais como os psicólogos, fisioterapeutas, profissionais da estética (tecnólogos e esteticistas), profissionais que confeccionam próteses capilares e de visagismo são essenciais para alcançar os objetivos dos tratamentos capilares. Não podemos deixar de ressaltar a importância do profissional cabeleireiro nas finalizações e mudanças de cores e estrutura das fibras capilares.” (BORGES e Scorza, 2016, p. 580). FIQUE DE OLHO A tricologia (ciência responsável pelo estudo do cabelo) tem como função auxiliar profissionais das diversas áreas do conhecimento a buscar soluções para desordens capilares e seus embelezamentos. 12 1.1 A diferença entre o terapeuta capilar e tricologista O terapeuta capilar é o profissional que está habilitado e especializado para realizar a análise e os cuidados relacionados a couro cabeludo e fios. Além do conhecimento sobre os produtos que serão aplicados durante os procedimentos. Geralmente o terapeuta capilar está associado ao profissional que possui graduação em estética e realiza uma pós-graduação na área da terapia capilar. É de responsabilidade do terapeuta capilar qualquer alteração que não inclua lesões cutâneas e que não necessite da utilização fármacos. Quando ocorre esse tipo de intercorrência é necessária a orientação dermatológica. O profissional atuante na terapêutica capilar precisa ter a formação adequada na área com foco em estudos relacionados às disciplinas de: anatomia, fisiologia, eletroterapia, cosmetologia capilar, além dos ativos utilizados para tratamento do escalpe (couro cabeludo), fibras capilares, tricoses e patologias capilares, como os fatores de penetração, adsorção e absorção de substâncias químicas, de redução e de oxidação, e as patologias do couro cabeludo (WICHROWSK, 2007). Wichrowsk, 2007 destaca ainda a necessidade da habilidade de manuseio sobre a utilização de equipamentos e recursos, tais como: equipamentos para avaliação capilar, como fichas de anamneses e recursos visuais (tricoscópio) recursos eletrofototerapêuticos, cosmetológicos, de terapêutica manual, entre outros. Já o tricologista é o profissional médico com especialização dermatologia e tricologia, este avalia e diagnóstica através de exames laboratoriais as alterações capilares. São de responsabilidade do médico tricologista os procedimentos invasivos como: mesoterapia, implantes capilares, dentre outros. Além da prescrição de fármacos. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 13 2 ANATOMIA DA PELE De os órgãos do corpo humano a pele é considerada o maior deles. Ela representa 15% do nosso peso corporal. Apresenta diversas funções, mas a principal delas é a proteção. Para Cestari, 2018: Anatomicamente a pele é formada por três camadas distintas, firmemente unidas entre si: a epiderme, derme e hipoderme. A epiderme é considerada a camada mais externa, a derme a camada intermediária e hipoderme a mais profunda. Figura 1 - Estrutura da pele Fonte: shutterstock 142194067, mediapool, 2020. #PraCegoVer: Na imagem “Estrutura da pele” temos a figura de uma das camadas da pele divididas anatomicamente em epiderme, derme e hipoderme. A epiderme é a camada mais superficial da pele é avascular.Tem espessura irregular, variando conforme a região do corpo, sendo mais fina nas pálpebras e mais espessa nas palmas e plantas dos pés. FIQUE DE OLHO “A pele é um órgão de defesa e de revestimento externo, com capacidade de se adaptar às variações do meio ambiente e às necessidades do organismo que protege, cobrindo-o em sua totalidade. É multifuncional, desempenhando funções essenciais para a vida, como termorregulação, vigilância imunológica, sensibilidade e proteção contra agressões exógenas (químicas, físicas ou biológicas) e contra a perda de água e de proteínas para o meio externo. Recebe também estímulos do ambiente e colabora com mecanismos para regular sua temperatura.” (CESTARI, 2018, p. 180). 14 A epiderme é formada porvárias camadas (estratos) de células achatadas (epitélio pavimentoso) justapostas, são elas: a camada basal (estrato germinativo), a camada espinhosa, a camada granulosa, o estrato lúcido e a camada córnea. A camada basal é a camada de células mais interna, ela está em contato direto com a derme, possui células cúbicas que se multiplicam constantemente dando origem as camadas superiores. Na camada basal também são encontrados os queratinócitos, que são responsáveis pela produção de queratina. A camada espinhosa está acima da camada basal, possui células espinhosas justapostas e desmossomos, que são estruturas complexas que conferem à pele resistência a traumas mecânicos. A camada granulosa é rica em lipídios e proteínas além de outros componentes necessários para a morte programada das células e a formação da barreira superficial impermeável à água. Estrato lúcido possui células achatadas sem núcleo. Normalmente, está presente na pele onde não a presença de folículos pilosos, como as palmas das mãos e plantas dos pés. Estrato córneo é a camada mais superficial da epiderme. Possui células anucleadas e possuem um sistema de filamentos de queratina imerso em uma matriz contínua. Para Cestari, 2018: “A queratina é a proteína de suporte desta camada, conferindo-lhe elasticidade, resistência e impermeabilidade. Resulta da transformação dos elementos constitutivos da célula basal ao longo da sua migração em direção à superfície. No decorrer da sua migração, as células sintetizam elementos estruturais específicos, de natureza proteica (tonofilamentos, querato- -hialina) ou lipídicas (corpos lamelares de Odland). No final da diferenciação, estas células sofrem uma fase de transição que as leva à morte e as transforma nos constituintes da camada córnea em esfoliação superficial.” (CESTARI, 2018, p. 210) Figura 2 - Estrutura da epiderme Fonte: shutterstock 1360275428, mediapool, 2020. #PraCegoVer: na imagem, temos a figura das subdivisões da epiderme: estrato córneo, estrato lúcido, estrato espinhoso, estrato granuloso e estrato basal. 15 A derme é a camada intermediária, está localizada sob a epiderme. É constituída por um tecido fibroso chamado colágeno, responsável por conferir a resistência a essa pele. E a elastina responsável pela elasticidade. Na derme são encontrados os vasos sanguíneos, os nervos, glândulas e folículos pilosos. A derme é dividida estruturalmente em camadas: a derme papilar (superficial), a derme reticular (profunda) e a e a derme perianexial. A derme papilar é altamente vascularizada. É formada por feixes delicados de fibras colágenas e elásticas, dispostas em uma rede frouxa, circundada por abundante gel de mucopolissacarídeos. A derme reticular representa 4/5 da espessura da derme, estando localizada abaixo do nível das cristas epidérmicas. A derme perianexial possui a mesma composição da derme papilar, mas localiza-se em torno dos anexos cutâneos. A hipoderme é uma camada de tecido conjuntivo frouxo rica em fibras e em células que armazenam gordura, os adipócitos. A hipoderme também atua como reserva energética, proteção contra traumas mecânicos e isolantes térmicos. 2.1 Anatomia do couro cabeludo O couro cabeludo ou escalpo é uma estrutura constituída por uma barreira física protetora onde estão implantados os cabelos. Ele é formado por 5 camadas. cujas três primeiras (escalpo propriamente dito) estão intimamente conectadas e se movem como uma unidade. Escalpo vem da palavra em inglês “ scalp” (Skin: Pele, Close subcutaneous tissue: Tecido Conectivo Denso , Aponeurose: Gálea Aponeurótica , Loose subaponeurotic tissue: Tecido Subaponeurótico , pericranium: Periósteo Externo do Crânio). Que dá o origem a palavra couro cabeludo. • Pele: espessa, com grande quantidade de glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e folí- culos pilosos. Possui suprimento arterial e drenagem venosa abundantes, e a pilificação. • Epiderme – Epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. • Derme – Tecido Conjuntivo Propriamente Dito. • Tecido conectivo denso: constituído por um estrato adiposo, avascular, e um estrato mem- branáceo vascular, mais profundo. O último possui grande vasos sanguíneos e nervos. • Galea aponeurótica: anatomicamente, a gálea aponeurótica ou, simplesmente, gálea é a estrutura fibrosa que une os dois ventres do músculo frontal, que é o músculo mimético do couro cabeludo. • Tecido subaponeurótico: é denominada como área perigosa, porque infecções podem se estender facilmente através das veias emissárias nela presente, para as estruturas intra- cranianas. Ela que permite movimentos livres das três primeiras camadas. É facilmente rompida em feridas profundas do couro cabeludo. • Periósteo: camada de tecido conjuntivo denso que forma o periósteo externo da calvária. 16 Possui baixa capacidade osteogênica, visto que os ossos da calvária crescem por ossifica- ção endocondral nas fontanelas. 2.2 Fisiologia e anatomia do cabelo Os fios de cabelo têm início no terceiro mês de vida intra-uterina. O cabelo tem como principal função a proteção contra agentes externos como: micro-organismos, bactérias e vírus, principalmente em áreas caracterizadas como “porta de entradas” tais como: a região da boca, nariz, ouvido ânus e região genital. Se tratando de couro cabeludo os fios de cabelo possuem a importante função de proteção ao crânio. O cabelo é uma fibra de pequeno diâmetro, formado por células mortas queratinizadas que chegam até a derme e que forma o canal folicular. O pelo se forma dentro de uma estrutura localizada na derme, chamada folículo piloso. Segundo Rivitti e Sampaio, 2014 os pelos podem ser classificados em: • Lanugos: muito finos e encontrados nos fetos. • Velos: considerados fracos, pequenos e claros, recobrindo a superfície corporal. • Terminais: consideravelmente fortes, espessos, longos, grosseiros e escuros, estando presen- tes nas regiões genitais, nas axilas, no couro cabeludo e em determinadas regiões da face. A haste capilar é a parte visualizada acima da epiderme, ela é formada por células mortas compostas por uma resistente proteína chamada queratina. A raiz é considerada a parte viva do pelo, está localizada abaixo da pele. E é envolvida pelo folículo piloso. (APLEGATE, 2012). No cabelo, podemos observar três partes principais: medula, córtex e cutícula. Medula: é a parte mais interna central do cabelo, sendo também a parte mais interna. Sua função ainda é muito discutida, visto que sua porção vai desaparecendo em direção à ponta do cabelo, e estudos recentes indicam uma associação dessa estrutura com o início da fase de germinação do pelo, apresentando a função de direcionar o novo pelo em direção ao poro. FIQUE DE OLHO Você já nasceu com todos os seus folículos pilosos presentes, e com praticamente todos em fase anágena. Porém, na fase adulta, apenas 85 a 90% dos seus pelos encontram-se nessa fase, considerando que o ciclo de crescimento de seus pelos esteja saudável. 17 Cortex: é a porção intermediária do fio e é conhecido como “corpo e o coração da fibra”, sua parte mais volumosa, compõe em média 70% da massa do fio do cabelo. É uma camada composta de feixes de queratina, repletos de grânulos de melanina, que dá a cor aos cabelos. Além dos queratinócitos que são células responsáveis pela produção de queratina. Suas células possuem o formato cilíndrico e dão toda resistência necessária para o fio de cabelo. Cutícula: é formada por células sobrepostas como se fossem “ escamas de peixe” é a parte mais externa do fio. Sua função é proteger o córtex e criar uma barreira para produtos químicos. É translúcida e não tem cor. A cutícula é responsável pelo brilho aos cabelos. Figura 3 - Estrutura da pele e divisão das partes do fio de cabelo Fonte: shutterstock 407881708, mediapool, 2020. #PraCegoVer: Na imagem “Anatomia do pelo”, temos a figura de uma das camadas da pele, ilustrando a anatomia do pelo e as divisões das partes do fio de cabelo. O bulbo pilosoé constituído pelo folículo piloso com todas as suas estruturas. Seria a nascente do cabelo propriamente dita. O Folículo piloso é responsável pela formação e crescimento do fio. É uma estrutura pequena em formato de saco. FIQUE DE OLHO Os pelos contêm melanina no córtex e na medula. A coloração dos pelos varia conforme a quantidade de melanina presente nessas estruturas. Elder (2011) explica que a melanina é produzida nos melanócitos e é incorporada às futuras células do pelo por meio do processo de fagocitose da porção distal dos prolongamentos dendríticos. Pelos brancos não possuem pigmento cortical e, de acordo com Tortora e Derrickson (2016), esse fenômeno ocorre devido a um declínio na síntese de melanina e ao acúmulo de bolhas de ar na haste do pelo. 18 Assim, é constituído por: • Matriz: onde cria e gera o fio de cabelo. • Papila dérmica: estrutura formada por células dermais que são entrelaçadas em vasos capilares responsáveis pela nutrição do pelo. Junto ao folículo piloso temos estruturas que são considerados anexos da pele. A glândula sebácea e sudoríparas, músculo eretor do pelo, juntos eles formam a unidade pilossebácea. O músculo eretor do pelo é um pequeno feixe de fibras musculares. Sua contração determina que o pelo fique “arrepiado” e também comprime as glândulas sebáceas ocasionando a excreção de sebo para a superfície. As glândulas sebáceas são estruturas saculares que produzem o sebo cuja função é lubrificar os pelos e a pele. Glândulas sudoríparas são responsáveis pela secreção do suor. O orifício onde desemboca o suor é chamado de poro. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2.3 O ciclo de vida do pelo O cabelo tem sua origem no folículo piloso através dos nutrientes que recebe da papila dérmica. Sendo cada folículo independente si, ou seja, cabelo cresce independentemente do crescimento dos outros folículos. Haja vista que se todos os folículos estivessem sincronizados, os cabelos cresceriam ao mesmo tempo. Nessa situação, haveria um período em que o homem ficaria totalmente calvo antes de recuperar cabelos novamente. De acordo com RIVITTI, 2014. Os cabelos crescem por entre ciclos sucessivos, não de forma continuamente. Entre os ciclos existem as fases de crescimento, repouso e queda, indicando que há um padrão cíclico no desenvolvimento e na multiplicação das células da matriz folicular. A esse padrão dá-se o nome de ciclo de crescimento do pelo. 19 O período durante o qual o cabelo cresce chama-se fase anágena que dura aproximadamente 2 a 8 anos e corresponde ao crescimento do cabelo. Nesta etapa em que o bulbo capilar está em plena atividade: as células da matriz do fio crescem e se dividem continuamente, e o comprimento do cabelo vai aumentando. Representa 85% dos cabelos da nossa cabeça. Para Borges, 2016 a fase anágena: “Também está relacionada aos níveis de hormônios andrógenos circulantes, variando nas diferentes regiões do corpo. Os andrógenos prolongam a fase anágena nos folículos do corpo e a reduzem em algumas áreas do couro cabeludo.” Na fase seguinte é o momento em que a matriz entra em repouso e o fio de cabelo começa a se desprende da comunicação vascular, para de se proliferar e a bainha começa a atrofiar, está fase é conhecida como catágena ou fase de regressão. Dura em média 2 a 3 semanas e existe menos de 1% do total de cabelo nesta fase. Telógena é o momento em que o fio está passando pelo processo de desprendimento, o fio vai se tornando mais superficial até o momento da queda em si. Cerca de 10 a 20% dos fios estão neste momento. Este ciclo dura em média de 3 meses. Vale ressaltar que perdemos em média de 80 a 100 fios de cabelos diariamente e isto em nada prejudicará o volume dos cabelos, uma vez que ao final de um ciclo outro já se iniciará em seguida. As fases do ciclo do crescimento do pelo são: • Anágena: crescimento • Catágena: repouso • Telógena: desprendimento De acordo com literaturas mais recentes mais duas fases existiriam, sendo conhecidas como fase exógena ou momento exato em que o fio se desprende do folículo piloso, que duraria uma fração de segundos em que a queda acontece. A outra fase existiria ainda na fase telógena, caracterizada pelo surgimento de um fio anágeno pouco desenvolvido que recebe a denominação de neógeno, esse fio, porém, não se desenvolveria FIQUE DE OLHO Durante a gravidez aumenta a duração da fase anágena, e após o parto, com a queda dos níveis de estrógeno e progesterona, muitos folículos entram na fase catágena, aumentando assim durante alguns meses a fase telógena, o que causa a queda de cabelos após a gravidez. 20 devido a ação de enzimas que inibem o desenvolvimento do mesmo. Assim que este fio cair, tais enzimas deixam de ser produzidas, e o fio neógeno poderá se desenvolver, tornando-se assim um novo fio anágeno. E o Intervalo de tempo entre o despredimento do fio (exogeno) e o de um novo anágeno, caracterizaria a fase quenógena. 2.4 Tipos de cabelos Os cabelos possuem variações de quantidade, cor, aspecto racial e textura. Neste tópico serão citados os principais tipos de cabelo: Quanto ao aspecto racial distingue-se em 3 tipos básicos relacionados às raças: Mongoloide, caucasiano e negroide. Mongoloide: são caracterizados por serem mais grossos, extremamente lisos e com formato redondo. Tendem a ser mais oleosos. Caucasiano: cabelos com característica ondulada, é um cabelo típico Brasileiro. Apresentam formato oval. Negroide: cabelo que apresentam formatura chata. Tendem a acumularem uma maior oleosidade no couro cabeludo e pontas mais ressecadas. Figura 4 - Tipos de cabelo quanto à raça Fonte: shutterstock 1161650947, mediapool, 2020. #PraCegoVer: Na imagem “Tipos de cabelo quanto à raça temos três garotas com etnias diferentes representando os tipos de cabelo quanto a raça. A primeira garota tem o cabelo liso representa o tipo de cabelo mongoloide, a segunda garota tem o cabelo cacheado desde a raiz até as pontas e representa o cabelo negroide. Na terceira imagem uma garota com o cabelo ondulado representando o cabelo caucasiano. 21 O couro cabeludo também pode ser analisado quando ao grau de atividade da glândula sebácea. • oleoso ou seborréico: sebo fluente e brilhante; • mistos: oleoso e seco em pontos específicos; • seco: por alipsia (falta ou diminuição de óleo). • sensível: extremamente reagentes a fatores exógenos (sol, poeira, produtos químicos, cloroetc); • normal: saudável, sem oleosidade ou desidratação, PH levemente ácido. De acordo com a pigmentação residual a variedade das cores dos cabelos é devida a 2 tipos de melanina: • Eumelanina - cabelo castanho e preto. • Feomelanina - cabelo castanho avermelhado e louro. 2.5 Características quanto ao grau de oleosidade Está relacionada com a atividade realizada pela glândula sebácea. O formato desse cabelo também irá influenciar neste diagnóstico. Cabelos lisos tendem a distribuírem a oleosidade como um todo. Já cabelos cacheados costumam acumular a oleosidade em maior quantidade no couro cabeludo. Visto que seu formato em espiral dificulta a chegada do sebo até as pontas. Quanto ao grau de oleosidade são encontrados 3 tipos de cabelos: • Normal: aparência saudável, brilhante com vida, equilíbrio e volume. • Oleoso: pouco volume. Brilho decorrente do excesso de oleosidade no couro cabeludo. Pesado e aparência de sujo. • Seco: falta de brilho, aspecto seco, geralmente armados. Volumosos de toque áspero. • Misto: muito comum, tende a ser oleoso no couro cabeludo e ressecado nas pontas. Quanto à resistência: Está ligada com ao ato de resistir, ou seja, a facilidade com que esse cabelo irá se romper. • Fraca: quando o fio de cabelo apresenta baixa resistência à tensão (ao ser puxado), rom- pendo-se facilmente. • Média: apresenta uma resistência média à tensão criada, rompendo com força média. 22 • Forte: apresenta alta resistência quando criada a tensão, dificilmente rompe. Quanto à densidade: A densidadeestá relacionada com a quantidade de cabelo presentes no couro cabeludo. Normalmente, ela varia de 175 a 300 fios por centímetro quadrado e sofre influência de características pessoais, como idade e sexo. Geralmente o teste de densidade é feito com o terapeuta segurando os fios de cabelo em um “rabo de cavalo” é analisado a quantidade de cabelo presente ali. • Densidade alta: são cabelos volumosos, com muitos fios por centímetro quadrado. • Densidade normal: cabelos com volume normal. • Densidade baixa: são cabelos ralos, com pouco fios por centímetro quadrado. 3 AS PROPRIEDADES DO CABELO O fio de cabelo possui alguns elementos básicos em sua composição. São ele, Carbono, Hidrogênio, Nitrogênio, Oxigênio e Enxofre. Juntos esses elementos formam uma proteína chamada queratina que representa 85% da composição do cabelo, completado por 12% de água e 3% de lipídios. Sant’ana (2000) fala em seu artigo sobre a queratina: “A queratina em seu estado natural pertence a um grupo de proteínas denominadas alfa-queratina. Queratinas são definidas por Lundgren e Ward como ‘sistemas celulares naturais de proteínas fibrosas ligadas transversalmente pelo enxofre de resíduos cisteicos, o que os torna altamente resistentes a ataques químicos. Tal como outras proteínas, fibras queratinosas são polipeptídios, compostas por diversos tipos de resíduos de alfa-aminoácidos.” A cisteína é um dos principais aminoácidos presentes na queratina é um importante componente na manutenção da saúde e nos crescimentos dos fios de cabelo. A cisteína pode ser encontrada em alguns alimentos, como carne, peixes, ovos, sojas e alguns produtos lácteos. De maneira geral os aminoácidos são como “tijolinhos” interligados a outros nutrientes para exercer alguma função especifica no organismo. No caso, da cisteina ela é ligada a outros aminoácidos existentes na fibra capilar, referente ao córtex e atua principalmente na no crescimento e na saúde dos fios. Quanto mais uma pessoa expõe o seu cabelo a processos químicos esses aminoácidos presentes no córtex vão se deteriorando. Com isso se faz necessários o uso de procedimentos repositores de massa, tais como cauterização, reconstrução e reposições capilares. Lista dos aminoácidos existentes: 23 • Alanina. • Arginina. • Asparagina. • Aspartato. • Cisteína. • Glicina. • Glutamato. • Glutamina. • Prolina. • Serina. • Tirosina. • Fenilalanina. • Histidina. • Isoleucina. • Leucina. • Lisina. • Metionina. • Treonina. Segundo (Nogueira, 2008). Quimicamente cerca de 90% da massa seca do cabelo constitui - se em proteínas e os outros são lipídeos 4%, açúcares 1%, cinza 0,5% zinco (200ppm) e melanina 4% estes valores podem variar de acordo com idade, sexo, hábitos de fumo e cor. Sendo assim, o cabelo é formado de um conjunto de várias ligações peptídicas, que conferem aos fios de cabelos algumas capacidades, entre elas estão: resistência à tração, resistência a enzimas e resistência aos produtos químicos. Algumas outras características estão relacionadas ao cabelo ser: • sensível aos produtos alcalinos como os amoníacos, que são: tinturas e permanentes; • insolúvel na água e solventes orgânicos; 24 • sensível aos agentes oxidantes, exemplo a descoloração. 3.1 A cor do cabelo O componente principal pela coloração dos fios é a melanina, esses grânulos de melanina são produzidos por uma célula chamada queratinócitos e estão presentes na camada intermediária do fio, o córtex e em menor quantidade na camada mais interna, a medula. Há dois tipos principais de melanina: a eumelanina e a feomelanina, as quais produzem as cores do castanho ao preto e do marrom- -avermelhado ao loiro, respectivamente (Robbins, 2002). A eumelanina e a feomelanina são formadas a partir de reações químicas envolvendo espécies químicas intermediárias altamente reativas. A baixa atividade dos melanócitos tem como resultado os cabelos grisalhos ou brancos, mas isto também pode estar relacionado ao tamanho e distribuição dos grânulos das melaninas e com os tipos de pigmentos presentes nos fios capilares. Uma pessoa pode apresentar os dois tipos de pigmentos, dependendo da quantidade de cisteína presente nos melanócitos (Robbins, 2002). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 25 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender sobre a Anatomia da pele e estrutura do couro cabeludo; • aprender papel do terapeuta capilar nas disfunções estéticas capilares; • aprender sobre a estrutura do fio de cabelo, fases de crescimentos e seu desenvolvimento; • desenvolver habilidades de avaliação da estrutura capilar; • sobre as propriedades da fibra capilar e sua composição química. PARA RESUMIR APPLEGATE, Edith; Anatomia e Fisiologia. Elsevier Brasil, São Paulo, 2012. BARRETT, K.E.; BARMAN, S.M.; BOITANO, S.; BROOKS, H.L. Fisiologia Médica de Ganong. 24ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. BORGES, F.D.S; SCORZA, F.A. Terapêutica em estética: Conceitos e Técnicas. São Paulo: Editora Phorte, 2016. DICCINI, S., YOSHINAGA, S. N., MARCOLAN, J. F. Repercussões na auto estima provocadas pela tricotomia em craniotomia. Enfermagem da Universidade Fereral de São Paulo, São Paulo, 2009. CAVALCANTI, C. P. Protocolos de tratamento da alopécia: uma revisão de literatura. Mo- nografia (Especialização em Farmácia), Universidade Estadual da Paraíba, Paraíba, 2015, 30p. CESTARI, S.C.P. Dermatologia Pediátrica. São Paulo, 2018. Editora: Atheneu. FRANÇA, S. FERNANDES, K. Caracterização dos cabelos submetidos ao alisamento/relaxa- mento e posterior tintura. São Paulo, 2014. Junqueira LC, Carneiro J. Histologia básica: texto e atlas. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2013. p. 354. NOGUEIRA, A. A.; GOMES NETO, J. A.; NÓBREGA, J. A. Determination of vanadium in human hair slurries by electrothermal atomic absorption spectrometry. Communications in Soil Science and Plant Analysis, 2007. MACHADO, R. Apostila de Terapia capilar. Rio de Janeiro, 2012. RIVITI, E. Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti. Ed. Artes Médircas, São Paulo, 2014. ROBBINS, C. R. Chemical and physical behavior of human hair. 4th ed. New York: Sprin- ger-Verlag, 2002. p. 483. SANT’ANNA, A. L. S. Estudo da deposição de ceramidas sobre a fibra capilar para o com- bate a danos cuticulares. 2000. 80 f. Dissertação de Mestrado – Instituto de Química - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil. WICHROWSKI, L. Terapia Capilar. Porto alegre: Alcance, 2007. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 2 Disfunções do couro cabeludo e tratamentos Você está na unidade Disfunções do couro cabeludo e tratamentos. Conheça aqui quais são as patologias que acometem o couro cabeludo, suas manifestações clínicas, que proporcionará o conhecimento para identificação da mesma, sua etiologia, através de um estudo sobre as causas dessas afecções. Abordagens sobre as tricoses que acometem a haste capilar, tais como: triconodose, tricorrexis nodosa, tricoclasia e outras displasias pilosas. Uma abordagem sobre os principais princípios ativos capilares, seus mecanismos de ação, além de como utilizá-los nos tratamentos das diversas afecções que acometem o couro cabeludo e haste capilar. Bons estudos! Introdução 29 1 PATOLOGIAS DO CABELO E COURO CABELUDO Cabelos sempre foram desde a antiguidade um marcador de saúde. Na China antiga o cabelo era considerado um símbolo de vitalidade e longevidade, além de estar ligado à força. No passado alterações ligadas a saúde do couro cabeludo e fios de cabelo eram os indicativos de algumas doenças. Atualmente não é muito diferente, visto que alguns estudos apontam problemas relacionados a patologias do couro cabeludo e fios a situações multifatoriais, tais como: alterações genéticas, estresse, dietas inadequadas e outros. Segundo Kaffer (2017), “O cabelo funciona como uma reserva metabólica e um termômetro da saúde geral do corpo. Por ser um órgão menos vital, quando ocorre uma intoxicação, inflamação, infecção ou alergiahá um desequilíbrio nutricional, metabólico e hormonal redirecionando os nutrientes dos órgãos menos vitais - cabelo, pele e unhas para os mais vitais – cérebro, coração, rins pulmões etc. Se o corpo possui uma saúde excelente e reservas metabólicas ótimas e o fator agressor é leve e por curto intervalo de tempo, este reequilíbrio é restabelecido sem a depleção e alterações capilares. Caso contrário, independente do foco de origem do fator agressor (digestivo, respiratório, dental etc.) podem ocorrer alterações capilares de cor, volume, alteração de estrutura, frizz, maciez, diminuição de crescimento, quebra, queda como como único sintoma dessas alterações metabólicas.” (KEFFER, 2017, p. 34) Com isso se mostra a importância de estar atento a qualquer alteração que ocorra no couro cabeludo e haste capilar. Iniciaremos no próximo tópico o estudo sobre tais alterações. 1.1 Alopecias e suas causas Alopecia deriva da palavra em grego, alopex que significa raposa, visto que em determinada época do ano este animal perde toda a sua pelagem. O emprego do termo é utilizado para caracterizar a redução parcial ou total de pelos ou cabelos em uma determinada área de pele. É uma doença inflamatória crônica que afeta os folículos pilosos. Também é conhecida popularmente, como calvície. A alopecia é uma patologia que decorre de inúmeros fatores, pode apresentar uma evolução progressiva, resolução espontânea ou controlada com tratamento médico e terapêutico. Dentre algumas causas que podem ser citadas estão: • medicamentos; • tratamentos de câncer; • pílulas anticoncepcionais; • baixo nível de ferro no sangue; 30 • grandes cirurgias e doenças crônica; • infecção por fungos; • cosméticos; • stress físico ou mental; • pós-parto; • doenças da tireoide; • dieta inadequada de proteínas. Figura 1 - Queda de cabelo por razões multifatoriais Fonte: shutterstock 588492365, mediapool, 2020. #PraCegoVer: Na imagem “Queda de cabelo por razões multifatoriais” são observados desenhos com diversos fatores que podem estar relacionados com a queda de cabelo. p Segundo Weide & Milão (2009), a alopecia é um distúrbio folicular que pode ser classificado em dois tipos: a alopecia cicatricial e a alopecia não cicatricial. A alopecia cicatricial é caracterizada pela destruição do folículo piloso em decorrência de algum processo, como: malformações, danos ou inflamação. Originando na perda irreversível de cabelo, seja por falhas de crescimento do próprio folículo ou por algum processo externo como traumas a exemplo de queimaduras. Ao contrário da alopecia cicatricial, a não cicatricial é de caráter reversível, pois não ocorre a 31 destruição do folículo piloso. Entre os principais tipos de alopecias não cicatriciais, estão: • alopecia androgenética (AAG); • alopecia areata (AA); • eflúvio telógeno (ET); • tricotilomania. • Estudaremos sobre cada uma delas nos subtópicos seguinte. 1.2 Alopecia Androgenética (AAG) A alopecia androgenética como o próprio nome remete possui origem genética e se relaciona ao status hormonal de andrógenos. É a forma mais comum de calvície em homens e mulheres (Gordon & Tosti, 2011). É caracterizada pela miniaturização do folículo, perda do diâmetro do mesmo. Além da perda do pigmento do fio. A alopecia androgenética acomete tanto homens quanto mulheres, mas há uma frequência muito maior em homens, devido a presença dos hormônios sexuais masculinos, os dois principais androgênios responsáveis pela alopecia androgenética são testosterona e a di-hidrotestosterona (DHT) (Rebelo, 2015). De acordo com Biondo; Donati (2013), “Nos homens a alopecia androgenética acontece de forma progressiva, até chegar ao estágio em que o fio não atinge mais a última fase do ciclo, permanecendo apenas como uma penugem. Inicia-se principalmente na testa e vai caminhando para o topo da cabeça. Já na mulher, quando acometida, acontece de forma difusa, com rarefação dos cabelos”. (BIONDO; DONATI, 2013, p. 52) Apesar de ser uma afecção que acomete há ambos os sexos a alopecia andrognética apresenta padrões de classificação diferentes. Para Randall (2010), “É verificada a recessão da linha frontal do cabelo, principalmente em padrão triangular e posteriormente um afinamento no vértice. A recessão temporal da linha frontal tende a disseminar- se para trás e junta-se as regiões de desbaste no vértice para deferir uma coroa careca”. (RANDALL, 2010, p. 18). Uma ferramenta utilizada para classificação da alopecia androgenética em homens é a “Escala de Hamilton” (PARIENTE, 2001). Para o gênero feminino a escala mais utilizada é a Ludwig, caracterizado por uma rarefação difusa da região centro-parietal posteriormente unindo com a linha cabelo frontal. Com a evolução é o observado o padrão “The Christmas Tree” e o “padrão bi-temporal”. 32 Figura 2 - Estágios da calvície masculina e feminina Fonte: shutterstock 570706354, mediapool, 2020. #PraCegoVer: Na imagem “Estágios da calvície masculina de acordo com a escala de Hamilton” é observada a evolução do quadro de alopecia androgenética padrão masculino. E também “Classificação de Ludwing e evolução dos graus de alopecia padrão masculino” é observada a evolução do quadro de alopecia androgenética padrão feminino. 1.3 Alopecia Areata (AA) No caso da alopecia areata temos a perda abrupta dos cabelos e ocorre sem qualquer alteração de pele ou sistêmica que justifiquem o quadro. Qualquer área que haja pelo pode ser acometida. A alopecia areata pode ocorrer em qualquer idade e sem predomínio de sexo. Segundo a National Alopecia Areata Foundation (NAAF), dos Estados Unidos da América, a Alopecia Areata foi definidacomo uma doença como uma enfermidade autoimune mediada por linfócitos T (Rey & Bonamigo, 2006). Para a Sociedade Brasileira de dermatologia na alopecia areata: “Ocorre perda brusca de cabelos, com áreas arredondadas, únicas ou múltiplas, sem demais alterações. A pele é lisa e brilhante e os pelos ao redor da placa saem facilmente se forem puxados. Os cabelos quando renascem podem ser brancos, adquirindo posteriormente sua coloração normal. A forma mais comum é uma placa única, arredondada, que ocorre geralmente no couro cabeludo e barba, conhecida popularmente como pelada.” (SBD, 2017, p. 1) 33 Figura 3 - Alopecia Areata (AA) Fonte: shutterstock 600704987, mediapool, 2020. #PraCegoVer: Na imagem “Alopecia Aerata” vemos uma cabeça com diversos pontos de ausência de cabelo em formatos circulares. Na “Alopecia areata”, a sua característica é a perda de cabelos em formato arredondado, ou ovais, sem sinais de inflamação ou atrofia da pele. 1.4 Alopecia por tração Alopecia de tração é a perda de cabelo causada pela força exercida sobre os fios. É caracterizada pela perda gradual dos cabelos nas áreas em que os folículos são danificados por tensão repetida e prolongada na raiz, ou seja, por puxar os fios com muita frequência. Sua causa está relacionada com o uso de extensões e apliques, tração por penteados apertados como coques e rabos. Khumalo et al., 2007 relata em seu estudo que: “Nos Estados Unidos a alopecia por tração é generalizada entre afro-americanos, devido à comum prática de estilo de cabelo em tranças apertadas, também relatadas em enfermeiros que fixam limites para seu couro cabeludo, com uso de um nó (coque) na parte de trás da cabeça. No entanto, alopecia por tração afeta pessoas de grupos étnicos diferentes e o que varia são as práticas de cuidado com os cabelos”. (KHUMALO, 2007, p. 153) 1.5 Eflúvio Telógeno Para a Academia Brasileira de dermatologia, o eflúvio telógeno é uma afecção de caráter comum é caracterizada pelo desprendimento aumentado dos pêlos telógenos normais dos folículos do couro cabeludo em repouso, secundário ao deslocamento acelerado da fase anágena (fase de crescimento) para catágena e para a telógena (fase de repouso). Sendo dividido em dois 34 graus agudo e crônico. Eflúvio telógeno agudo: ocorre associada a um evento chave,desencadeante que aconteceu no período de três meses antes do início da queda. Temos diariamente a queda normal de 80-100 cabelos, no caso de um eflúvio telógeno esse quadro evolui para 200-300 diariamente. Os eventos mais associados à queda são: • pós-parto; • febre; • infecção aguda; • dietas muito restritivas; • doenças metabólicas ou infecciosas; • cirurgias, especialmente a bariátrica, por conta da perda de sangue e do estresse meta- bólico; • stress. Algumas medicações também podem desencadear o problema. Tudo isso pode interferir na proporção dos fios na fase de telogena. Em geral, 70% dos casos têm o agente descoberto. Já nos 30% restantes a causa acaba por não ser definida. O tratamento consiste em correção do evento desencadeante, alimentação adequada rica em proteínas e eventual suplementação de vitaminas e sais minerais. Essa fase pode durar cerca de 3 a 4 meses. Após esse período, os cabelos retornam ao normal. Eflúvio telógeno crônico: a fase na qual os fios caem muito, se assemelha à versão aguda. Porém, em longo prazo, é diferente. Há ciclos de aumento dos fios na fase de queda, de forma cíclica, uma ou duas vezes por ano, ou a cada dois anos, dependendo do paciente. A evolução do quadro pode resultar em alopecia cicatricial onde se há perda irreversível do folículo piloso, resultando em uma calvície permanente naquele local. 1.6 Tricotilomania Se tratando de tricotilomania temos associada uma patologia de caráter emocional, psicológico e comportamental. Esta condição leva o indivíduo a desenvolver um impulso continuado de arrancar os próprios cabelos, surgindo áreas com alopecias de formatos irregulares. Pode ser desenvolvida por ambos os sexos e em idades variadas. 35 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2 DERMATITE SEBORREICA Outra afecção que acomete o couro cabeludo é a dermatite seborreica, trata-se de uma alteração crônica que acomete indivíduos pré-dispostos associada a uma inflamação e a presença de seborreia (oleosidade excessiva) e a pitiríase (caspa). O aparecimento da dermatite seborreica, está ligado a presença constituinte da flora normal da pele do ser humano, a Malassezia sp. Para Sampaio (2010), A dermatite seborreica é caracterizada pela presença de flocos oleosos amarelados, que se associa a vermelhidão da pele do couro cabeludo e a prurido intenso. À semelhança da caspa, é caracterizada pela presença de descamação, pelo que muitas vezes ambas as patologias são confundidas e consideradas como uma só. No entanto, no caso da dermatite seborreica, a descamação é acompanhada de um processo inflamatório, com eritema. Para Bolognia (2015) podem ser citadas algumas características clínicas: A presença de manchas bem delimitadas avermelhadas e placas finas de coloração rosa amarelado ao vermelho escuro, escamas parecidas com flocos e gordurosas; • geralmente acomete áreas com maior produção sebácea; • causa desconforto e coceiras; • a dermatite seborréica do couro cabeludo além da caspa, tem inflamação e prurido. O tratamento pode ser feito através do uso de shampoos antifúngicos: cetoconazol 2%, piritionato de zinco 2%, ciclopirox olamina 1% – podem ser usados diariamente ou em lavagens 36 alternadas conforme a atividade da doença. Deve-se orientar o paciente a aplicar o produto no couro cabeludo, massagear, deixar agir por 3 a 5 minutos e enxaguar. Podem ser usados também como manutenção (1 vez por semana), para evitar recidivas, mesmo sem atividade da doença. Shampoos com derivados do alcatrão (ex: LCD 15%) – possuem um odor marcado característico. Podem ser utilizados da mesma forma que os shampoos antifúngicos. Shampoo com propionato de clobetasol 0,5 mg/ml – Reservado para casos mais intensos. Deve ser usado por um período máximo de 4 semanas. Há preferência por esquemas regressivos, que evitam o efeito rebote (ex: 1x/dia por 7 dias -> dias alternados por 7 dias -> 2x/semana por 2 semanas). Aplica-se o produto 15 minutos antes do banho, nas áreas afetadas, enxaguando bem durante o banho (evitar contato com a face) (Gary G, 2013). “A Malassezia é um fungo dimórfico de grande pleomorfismo que, por ter sido inicialmente classificado a partir de critérios morfológicos, foi denominado Pityrosporum ovale (células ovais com gemulação de base larga) e orbiculare (células redondas com gemulação de base estreita). Mais tarde, concluiu-se que ambas as formas eram variantes morfológicas da mesma espécie. Atualmente, por meio de métodos sorológicos e genéticos, o gênero Malassezia é dividido em sete espécies: M. furfur, M. pachydermatis, M. sympodialis, M. globosa, M. obtusa, M. restricta e M. slooffiae” (SAMPAIO, 2010, p.1) 2.1 Caspa (Pitiríase capitis) A caspa é um problema do couro cabeludo que consiste em uma frequente descamação provocada por uma disfunção fisiológica do corpo, e está ligada à ação de fungos presentes no couro cabeludo, chamados Pityrosporum ovale. A caspa tem aparência de finos flocos que facilmente se desprendem do couro cabeludo. É cinza esbranquiçada e é visível tanto no couro cabeludo quanto na haste capilar. A caspa, muitas das vezes vem acompanhada de coceira e também pode ser associada a outros problemas do couro cabeludo. Pode ser dividida entre caspa oleosa e caspa seca. Na Caspa Oleosa os flocos são visíveis, mas se mantém presos ao couro cabeludo segurado pela oleosidade. É acompanhado de coceira e vermelhidão. No caso da caspa seca, o couro cabeludo é desidratado, assim, os flocos finos caem. Este tipo de caspa é o mais sujeito a mudanças sazonais: mais acentuadas no inverno, menos evidente no verão. 2.2 Psoríase É uma doença de pele determinada geneticamente e a qual ainda não foi encontrada uma cura definitiva. O couro cabeludo é uma das áreas frequentemente atingidas e quase sempre, a primeira delas em pessoas jovens. Com períodos de melhora e característica de placas avermelhadas cobertas de escamas brancas ou rosadas, localizadas no couro cabeludo, cotovelos, joelhos e unhas, sangram com facilidade, atinge de 1 a 6% da população. A definição acerca da Psoríase de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia diz: 37 “A psoríase é uma doença inflamatória, crônica, que acomete igualmente homens e mulheres. Estima-se que de 1 a 3% da população mundial apresente a doença, ou seja, mais de 125 milhões de pessoas no mundo e mais de 5 milhões apenas no Brasil. A psoríase manifesta-se principalmente por lesões cutâneas, geralmente como placas avermelhadas, espessas, bem delimitadas, com descamação, que podem surgir em qualquer local do corpo. Existem várias formas da doença, sendo a mais frequente a psoríase em placa, que ocorre em 80% a 90% dos pacientes, com as lesões podendo surgir em qualquer parte da pele, sendo mais frequentes no couro cabeludo, cotovelos e joelhos.” (SBD, 2017, p.1) A psoríase é uma doença crônica e incurável e não está entre as afecções que podem ser tratadas pelo profissional da estética. A melhora completa das lesões não é uma expectativa realística com o tratamento tópico. Embora a fototerapia e o uso de fármacos sistêmicos tenham demonstrado melhores resultados, até o momento a otimização do tratamento consiste em combinar ativos para obter melhora clínica rápida e controle da doença em longo prazo. Embora não haja cura ou prevenção para a psoríase, existem maneiras de diminuir a manifestação da doença, como ter uma alimentação saudável, evitar tabagismo, bebidas alcoólicas em excesso, manter o peso equilibrado, hidratar constantemente a pele e evitar o estresse. 2.3 Pediculose A pediculose da cabeça é uma doença parasitária, causada pelo Pediculus humanus var. capitis, vulgarmente chamado de piolho. As crianças em idade escolar e mulheres são as principais atingidas e é transmitida pelo contato direto interpessoal ou pelo uso de utensílios compartilhados (bonés, escovas ou pentes de pessoas contaminadas). Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia é mais comum de surgir a pediculoseem crianças, sobretudo as meninas e que tenham cabelos compridos. O principal sintoma é a coceira, que de tão intensa, pode provocar pequenos ferimentos na cabeça, atrás das orelhas e nuca. Ainda é possível visualizar o parasita e seus ovos (lêndeas) no couro cabeludo do paciente acometido. Já na pediculose do corpo são encontradas escoriações, pápulas (“bolinhas”), pequenas manchas hemorrágicas e pigmentação, principalmente no tronco, na região glútea e abdome. Na pediculose pubiana (chamada de chato, pois o parasita responsável tem forma achatada) há prurido e são encontradas manchas violáceas, escoriações e crostas hemorrágicas na região. Pode ocorrer também infecção secundária em qualquer região; na pediculose do couro cabeludo é comum o aparecimento de ínguas atrás das orelhas e nuca. 3 PATOLOGIAS DA HASTE (TRICOSES) As patologias da haste capilar são situações comuns que ocorrem nos fios de cabelo. Geralmente são causadas por fatores externos, relacionados a traumas mecânicos e térmicos, como penteabilidade incorreta, uso de secadores e chapinhas. Traumas químicos como colorações, descoloração e alisamentos e afins. 38 As principais patologias encontradas na haste capilar são: Tricoptilose: é conhecida popularmente como ponta dupla. Apresenta uma bifurcação geralmente encontrada na ponta do cabelo. É mais encontrada em cabelos longos. Suas possíveis causas são traumas mecânicos e químicos. Tricoclasia: são fraturas transversas da haste. É uma evolução da ponta dupla. Apresenta-se como se fosse a ponta de um pincel. Suas possíveis causas são traumas mecânicos e químicos. Triconodosa: afecção comum, caracterizada por torção dos cabelos que formam nós ou laços consequente de procedimentos cosméticos ou fricção. É comum de ser encontrada em cabelos crespos, por serem mais finos. Suas possíveis causas são traumas mecânicos ou tiques nervosos. Tricorrexenodosa: o cabelo apresenta um inchaço na cutícula, ao longo de sua haste. Apresenta fibras danificadas que se rompem com facilidade. Causa desconhecidas, porém, traumas mecânicos ou químicos podem ser desencadeantes. 4 ABORDAGEM SOBRE OS PRINCIPAIS ATIVOS COSMÉTICOS CAPILARES No tratamento das patologias que acometem o couro cabeludo e fios, são usados diversas formulações cosméticas e princípios ativos. Para o tratamento de alopecias geralmente são utilizadas formulações que aumentem a oxigenação e circulação local do couro cabeludo. Tais formulações estimulam a nutrição do bulbo capilar impulsionando que esses fios de cabelos recebam os nutrientes adequados para se manterem fortes e saudáveis. Atualmente, como tratamento farmacológico destacam-se dois fármacos, usados maioritariamente por apresentarem maior evidência de resultados: finasterida oral e minoxidil tópico (SINCLAIR, 2011). Apesar desses fármacos apresentarem efeitos satisfatórios no tratamento de alopecias, eles possuem uma lista de reações adversas. Ao minoxidil são associadas reações relacionadas a: Prurido no couro cabeludo, secura e descamação; Irritação local ou sensação de queimadura FIQUE DE OLHO Os processos químicos capilares constituem um conjunto de agressões químicas aos cabelos. Qualquer que seja o processo o seu mecanismo de ação no cabelo, invariavelmente trará consequência, todas elas de degradação da cutícula ou de ruptura e perda da massa de queratina interna. 39 (ardor); Dermatite irritativa; Dermatite alérgica de contacto. E a Finasterida, Disfunção sexual (líbido diminuída, disfunção eréctil e perturbações da ejaculação). Buscando por cada vez mais alternativas naturais que possam ajudar nos tratamentos de tais afecções a terapia capilar tem buscado a utilização de princípios ativos a base de plantas. Veja abaixo alguns desses princípios ativos e suas respectivas funções. ABACATE Possui ácidos graxos e alta concentração de vitamina E, tem efeito antioxidante. Hidrata, repara e protege os fios. O abacate também tem aminoácidos. ALECRIM É estimulante capilar, antisséptico, anti-inflamatório, refrescante, tonificante, adstringente e cicatrizante. Existem estudos que apontam efeitos parecidos com o minoxidil na melhora da oxigenação local do couro cabeludo. ALOE VERA OU BABOSA São extraídos compostos responsáveis por hidratar, cicatrizar, refrescar, acalmar, regenerar tecidos, prevenir quedas e manter a umidade e oleosidade ideal dos fios. URUCUM Extraído da semente da Bixa Orellana, nome científico da árvore típica da Amazônia, rico em betacarotenos e atua reestruturando os cabelos e auxilia na proteção contra os raios ultravioleta. SERENOA REPENS É uma pequena palmeira nativa da América do Norte, cujas bagas contêm ácidos gordos, tais como, ácido palmítico, ácido caprílico, ácido oléico, e ainda, caratenóides, lipases, taninos, açucares, beta-sitosterol e inibidores da 5α redutase. PANAX GINSENG É utilizado na medicina tradicional no tratamento da queda do cabelo. Panax ginseng induz a proliferação de folículos pilosos e o crescimento de cabelo in vivo (Park et al., 2011). GINKGO BILOBA Contêm várias substâncias, de entre as quais se destacam os flavonóides, que melhoram a circulação sanguínea, em especial a microcirculação. Uma vez que estimula a circulação nos 40 vários tecidos, incluindo a pele e o folículo piloso, acredita-se que tem potencial para promover o crescimento capilar (Jaworsky, 2008, Aburjai e Natsheh, 2003). No que se refere ao tratamento de haste capilar, deve-se fazer uso de ativos que devolvam as propriedades naturais dos fios de cabelo, reestruturando a fibra capilar e reparando fissuras causadas por processos químicos que degradaram e danificaram a haste capilar. Tratamentos esses conhecidos como reposições de massa, botox capilar e cauterização. A reconstrução deve- se agir de dentro para fora, atuando em nível de córtex e cutícula. Os produtos utilizados no tratamento são ricos em queratina, proteínas, aminoácidos, silicones e agentes reconstrutores. Durante o processo, as cutículas dos fios vão sendo fechadas, deixando os cabelos mais alinhados, sedosos e brilhantes. O uso de óleos vegetais também têm sido constantemente utilizados para melhora na aparência de cabelos ressecados e quebradiços. Em países como a África e Ásia os óleos vegetais são utilizados em forma de pomadas e emplastos a fim de proporcionar uma aparência saudável aos fios (KEIS et al., 2005). Para a ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária a definição de óleos vegetais: “São os produtos constituídos principalmente de glicerídeos de ácidos graxos de espécies vegetais. Podem conter pequenas quantidades de outros lipídeos como fosfolipídeos, constituintes insaponificáveis e ácidos graxos livres naturalmente presentes no óleo ou na gordura (ANVISA RDC N°270, 2005).” Alguns óleos produzidos no Brasil apresentam em suas propriedades inúmeros benefícios para o tratamento da fibra capilar. Dentre eles, destacam-se o óleo de pracaxi, macaúba e coco. O óleo de pracaxi através de suas propriedades aumenta o brilho e a sedosidade, reduz a tricoptilose, diminui o ressecamento e controla o volume, pois atua formando uma película envoltória na haste capilar como se fosse um silicone natural, fechando as cutículas capilares. Em relação ao óleo de coco existem propriedades que estimulam o crescimento saudável dos fios, tratando a saúde do couro cabeludo, amenizando a oleosidade e as caspas. Além disso, esse ativo também combate a opacidade e quebra dos fios, reduzindo os casos de tricoptilose e frizz. No estudo de Silva (2018) sobre o óleo de coco e seus benefícios destacam-se: “A possibilidade de diminuir — e até mesmo impedir — a fadiga hídrica dos fios. Como informado anteriormente, os fios cacheados a afro tem uma maior tendência a apresentarem uma maior porosidade que levam ao enfraquecimento da haste. Os fios porosos sofrem uma intumescência maior ao entrarem em contato com a água, e ao secar, perdem volume. Essa oscilação no diâmetro da fibra acarretao enfraquecimento, frizz, perca proteica do fio e, consequentemente, tricoptilose (pontas duplas).” (SILVA, 2018, p.54) 41 A indústria cosmética capilar vem cada vez mais se desenvolvendo e trazendo ao mercado produtos de alta qualidade, menos tóxicos e de maior eficiência. Ajudando na redução do impacto ao meio ambiente, além de contribuir para o aumento da produtividade e redução dos custos de produção. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 42 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender sobre as principais patologias da haste capilar e do couro cabeludo; • identificar as características e sinais clínicos das patologias da haste capilar e do couro cabeludo; • desenvolver o conhecimento sobre os princípios ativos para tratamentos das patolo- gias do couro cabeludo e fio; • aprender sobre o mecanismo de ação do princípios ativos nas afecções capilares; • aprender sobre métodos que possibilitam uma avaliação precisa sobre as afecções capilares. PARA RESUMIR AMORIM, F. Alopecia por tração causada por utilização de implante capilar artificial em cabelos relaxados. Minas Gerais: Trabalho de Conclusão de Curso -Universidade Federal de Ouro Preto, 2017. APPLEGATE, E. Anatomia e Fisiologia. Elsevier Brasil. São Paulo: Elsevier Brasil, 2012. BORGES, F.D.S; SCORZA, F.A. Terapêutica em estética: Conceitos e Técnicas. São Paulo: Editora Phorte, 2016. DICCINI, S., YOSHINAGA, S. N., MARCOLAN, J. F. Estima provocadas pela tricotomia em craniotomia. Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2009. CAVALCANTI, C. P. 30p. Monografia (Especialização em Farmácia), Universidade Estadual da Paraíba, Paraíba, 2015. BARBOSA, J. K., NAUMANN, N. FRANÇA, S. Caracterização dos cabelos submetidos ao alisamento/relaxamento e posterior tintura. São Paulo: Dissertação de mestrado, Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Freire, S.O.M. Benefícios da pesquisa biotecnológica cosmética com ênfase na área de terapia capilar. Revista uningá review, [S.l.], v. 23, n. 3, set. 2015. ISSN 2178-2571. Disponível em: http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/1659. Acesso em: 18 mar. 2020. NOGUEIRA, A. A.; GOMES NETO, J. A.; NÓBREGA, J. A. Determination of vanadium in human hair slurries by electrothermal atomic absorption spectrometry. Communications in Soil Science and Plant Analysis, 2007. RIVITI, E. Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti. São Paulo: Ed. Artes Médircas 2014. ROBBINS, C. R. Chemical and physical behavior of human hair. 4th ed. New York: Springer-Verlag, 2002. p. 483. WICHROWSKI, L. Terapia Capilar. Porto alegre: Alcance, 2007. Weide, A. C., & Milão, D. (2009). A utilização da finasterida no tratamento da alopécia androgenética. Revista da Graduação, 2(1). Hunt, N., & McHale, S. (2005). The psychological impact of alopecia. British Medical Journal, 7522, 951. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Randall V. A. Molecular Basis of Androgenetic Alopecia. In: Trüeb, Ralph M., Tobin D, ed. Aging Hair. Vol ; 2010:9-24. doi:10.1007/978-3-642-02636-2. Sinclair R, Asgari A. Male pattern androgenetic alopecia. Med Today. 2011;12 (September):71-73. doi:10.1111/j.1540-9740.2006.05338. UNIDADE 3 Transformações capilares Introdução Você está na unidade Transformações capilares. Conheça aqui os recursos utilizados para transformar as madeixas. Nesta unidade falaremos sobre coloração, colorimetria capilar, alisantes e produtos usados para ondulações permanentes dos fios. Entenda como os tipos de coloração capilar interagem com os fios de cabelo para mudar sua cor, entenda ainda como a colorimetria pode ajudar nesse processo, além de entender como os alisantes e produtos para ondulações permanentes agem na hora de modificar a estrutura natural dos fios. Bons estudos! 47 1 COLORAÇÃO CAPILAR O cabelo é sinônimo de sensualidade, saúde e beleza. A queratina, a principal proteína responsável pela estrutura da haste capilar, é incolor sendo pigmentada por meio da melanina produzida pelos melanócitos (PARK; KHAN e RAWNSLEY, 2018). Essa célula está localizada no bulbo capilar sendo responsável por produzir a melanina, que confere aos cabelos as cores do marrom ao preto (eumelanina) e do loiro ao vermelho (feomelanina) veja na figura abaixo (PARK; KHAN e RAWNSLEY, 2018). O envelhecimento dos cabelos resulta no fim da produção deste pigmento, levando ao aparecimento dos fios brancos (PARK; KHAN e RAWNSLEY, 2018). Figura 1 - Estrutura do bulbo capilar Fonte: Elaborado por Sakurra, 2020. #PraCegoVer: Na imagem é possível ver a estrutura capilar e a localização exata do melanócito. A estrutura é identificada da seguinte maneira: 1) medula do cabelo, 2) córtex, 3) cutícula da bainha da raiz, 4) bainha da raiz intermediária, 5) bainha radicular externa, 6) bainha dérmica, 7) matriz do cabelo, 8) melanócito, 9) papila do cabelo, 10) vasos sanguíneos. O hábito de colorir os cabelos tornou-se popular entre homens e mulheres que buscam manter a aparência jovial e ou acompanhar as tendências da moda, mas foi em 1863, que o químico Dr. August Wilhelm Von Hofmann se referiu ao composto p-fenilenodiamina (PPD) como pigmento capaz de colorir os cabelos de marrom com o auxílio de um agente oxidante (OLIVEIRA et al, 2014). A indústria dos corantes capilares cresce rapidamente e aquece o mercado da beleza. As colorações capilares mais importantes mercadológica são: coloração temporárias, não oxidativo, as oxidativas que compreende as colorações semi-permanente e permanente. Esses cosméticos são utilizados para modificar a cor natural e artificial dos cabelos e fixar novas cores. Os cosméticos incluindo as colorações capilares são regulamentadas. Nos Estados Unidos o órgão regulador é a Food and Drug Administration (FDA), no Brasil a regulamentação desse tipo de produto é feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (BEDIN, 2019). 48 1.1 Coloração temporária A coloração temporária é composta por um componente apenas é de fácil aplicação podendo ser encontrada em várias formulações como: shampoos, géis, sprays e espumas e dispensa o uso de agente oxidante. Esse tipo de coloração é usada, normalmente, para colorir o cabelo em ocasiões especiais (por exemplo, carnaval, festas temáticas e etc.). As moléculas de pigmento presente nas colorações temporárias são grandes e solúveis em água, não conseguem ultrapassar a cutículas que reveste as hastes capilares (HALAL, 2015 p.168-169; PARK; KHAN e RAWNSLEY, 2018). Figura 2 - Coloração temporária Fonte: Elaborado por 1986design, 2020. #PraCegoVer: A imagem mostra o cabelo loiro colorido com as cores: azul, vinho e rosa. Os pigmentos temporários são depositados na superfície do cabelo atraídos pela diferença de polaridade ( interação de Van der Waals), essa ação se dá devido a sua característica ácida a levemente alcalina, além da polaridade positiva da coloração e negativa do cabelo. A coloração forma um filme em torno das hastes capilares sendo facilmente removidas com apenas uma lavagem e uso de shampoo comum devido a sua solubilidade em meio aquoso. O primeiro cosmético com fins de tonalizante capilar foi comercializado em 1931 por Lawrence M. Gelb, fundador da Clairol e fez o maior sucesso entre as mulheres da época (OLIVEIRA et al, 2014). As colorações temporárias também podem ser utilizadas na correção de cores pós-descoloração para uniformizar a cor, atribuindo brilho sem causar mais danos aos fios, pois esse tipo de corante não sofre reação química. O pigmento temporário não é capaz de clarear a cor natural ou artificial 49 do cabelo, porém as colorações escuras podem manchar cabelos de cor clara , principalmente se este estiver poroso, levando a um resultado nada agradável (HALAL, 2015 p.168-169). 1.2 Coloração semi- permanente As colorações semi-permanentes ou demipermanentes não usa a amônia como alcalinizante em seu lugar é utilizado outro tipode agente alcalino, a exemplo monoetanolamina. O sulfato de para-toluenodiamina (PTDS) e carbonato de sódio são usados nesse tipo de coloração. O corante penetra entre as camadas das cutículas, com o auxílio do peróxido de hidrogênio ou agente alcalinos como a monoetanolamina. Figura 3 - Cabelos coloridos Fonte: Elaborado por Marochkina Anastasia, 2020. #PraCegoVer: NA imagem mostra a penetração do pigmento no cabelo de acordo com o tipo de tinta utilizada. Os pigmentos da coloração semi-permanente a ultrapassa a primeira camada de cutícula e se deposita entre as demais e uma pequena parte consegue atingir o córtex. A penetração no córtex ocorre a nível superficial como mostra a imagem acima. A coloração semi-permanente ou demipermanente é removida facilmente nas lavagens durando em média 4 a 12 lavagens. Diferentemente da coloração permanente, o pigmento semi-permanente causam poucos danos a estrutura capilar, pois não há necessidade de um grau elevado de dilatação das cutículas por essa razão o agente alcalinizante utilizado é mais suave (HALAL, 2015 p.174). Os componentes da coloração semi-permanente podem desencadear reações alérgicas (KIM, KABIR e JAHAN, 2016). 1.3 Coloração oxidativa ou permanentes A coloração permanente ou oxidativa é composta por três elementos principais: • Um precursor de corantes. 50 • Um agente oxidante. • Um acoplador. Os precursores podem ser: • P- diaminas. • P- aminofenóis. • P-fenilenodiamina (PPD). A nova cor dos cabelos é originada a partir da mistura dos seguintes componentes: • Um precursor. • Um agente acoplador. • M-aminofenóis. • M-hidroxifenóis. • Resorcinol. • Modificadores. • Intermediários primários. Essa mistura vem dentro da bisnaga, o agente oxidante, é misturado ao conteúdo da bisnaga em uma cubeta como mostra a imagem seguinte. O oxidante mais utilizado é o peróxido de hidrogênio (H2O2) (KIM, KABIR e JAHAN, 2016). Figura 4 - Mistura da coloração Fonte: Elaborado por Jelena Stojic, 2020. #PraCegoVer: O conteúdo da bisnaga, base incolor contendo os ingredientes geradores da cor, é colocada em uma cubeta e em seguida é adicionado o agente oxidante ou água oxigenada. 51 Os dois produtos são misturados com ajuda de um pincel ou espátula até ficar homogênea. Todo o processo é realizado em meio alcalino, pois é preciso que as cutículas, parte externa do cabelo, dilatem-se, ou seja, as cutículas precisam se afastarem uma das outra deixando a passagem livre para que os ativos pigmentantes cheguem até o córtex, onde ocorrerá a reação química que dará origem a cor (HALAL, 2015; ZANONI et al, 2018). Após o hidróxido de amônia (NH4OH) promover a dilatação das cutículas coloração penetrar no córtex e a melanina é destruída por meio da ação oxidativa do peróxido de hidrogênio, a nova cor é fixada pelo agente ácido ação ilustrada na imagem abaixo. Existem recursos disponíveis no mercado que prometem reduzir o tempo de processo da coloração capilar, acelerado a reação química, entre eles estão: máquinas de vapor úmido, aceleradores químicos e enzimas (HALAL, 2015). O processo de coloração permanente tende a ser mais agressivo e podem provocar danos a estrutura dos fios (PARK; KHAN e RAWNSLEY, 2018), dermatite de contato, alergias, irritação local e ardência (ZANONI et al, 2018). Os principais corantes e acopladores utilizados atualmente pelas indústrias são: p-fenilenodiamina (PPD), p-aminofenol, 4,5-diaminopirazol, pirimidina, Resorcinol, meta-aminofenol, meta-fenilenodiamina, piridina. Essas substâncias podem causar dermatite de contato e sensibilizar o couro cabeludo. É importante realizar teste de toque (fragmento) no antebraço e na região por trás da orelha, para verificar possíveis sensibilidade a algum componentes da fórmula, antes de iniciar o protocolo de coloração capilar (HALAL, 2015; KIM, KABIR e JAHAN, 2016). O profissional colorista precisa conhecer a colorimetria capilar antes de modificar a cor do cabelo de seu cliente. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2 COLORIMETRIA A colorimetria é a ciência que estuda as cores e suas aplicações. Diversas áreas como a 52 engenharia têxtil, artes e marketing utilizam esse recurso em suas atividades de produção e comercialização. A área da beleza também utiliza esse recursos na hora de mudar ou corrigir as cores das madeixas, trazendo harmonia e precisão nos resultados. 2.1 Cor As cores visualizadas são resultados da energia eletromagnética que os olhos humano consegue enxergar. O cérebro humano é capaz de enxergar diversos comprimentos de ondas das cores primárias e secundárias e assim, realizar várias combinações construindo assim, uma diversidade de cores terciárias. Existem duas teorias das cores: cor luz conhecido popularmente como sistema RGB e a pigmento conhecido também como sistema (HALAL, 2015, p 144-155). Figura 5 - Comprimento de luz em nanômetro Fonte: Elaborado por udaix, 2020. #PraCegoVer: A imagem representa os comprimentos de ondas em nanômetro. Em sentido decrescente temos as onda de rádio, as micro-ondas, o infravermelho, a luz visível, ultravioleta, raio-x e o raio gama. A luz visível encontra-se entre o cumprimento de 390 a 760 nanômetros. Para a teoria da cor luz, o branco é a reunião de todas as cores primárias, vermelho, verde e azul, percebida em forma de onda. Os objetos podem absorver alguns desses comprimentos de ondas e refletir outros. Os seres humanos só conseguem visualizar as ondas refletidas, por exemplo, a folha verde de uma árvore absorve os comprimentos de ondas azul e vermelho, refletindo o verde (HALAL, 2015, p 144). Segundo Halal (2015, p 144) no processo de coloração capilar, os fios são modificados estruturalmente de forma a absorver alguns comprimentos de ondas e refletir outros da cor de interesse ou seja disponível. Ainda segundo Halal (2015, p 144) as variações na disponibilidade da luz mudará a percepção na cor que vemos no cabelo, parecendo mais quente sob à luz do sol e mais fria sob a luz artificial como a fluorescente. 53 2.2 Sistemas de cores RGB e CMYK Existem duas teorias das cores a cor luz ou sistema RGB (Red, Green e Blue) e a cor pigmento ou sistema CMYK (Cyan, Magenta, Yellow e Black). O sistema RGB é empregado para gerar imagem e dados nos aparelhos eletrônicos como: telas de TV e notebook, projetores de imagem e celulares (BERTACCHI, 2018, p 56). Os sistemas de cores são baseadas nas teorias: visão tricromática de Young-Helmholtz e no triângulo de cores de Maxwell. O sistema de cor RGB é comumente utilizado pelo pessoal de marketing nas indústria e por profissionais da tecnologia da informação (TI). Uma aplicação prática pode ser visto no registro da imagem de um melão no sistema computacional. Segundo Calixto et al (2016) para registrar a imagem do melão no sistema do computador, foi necessário usar uma câmera fotográfica para obter uma imagem de entrada de cores RGB ( Red, Green e Blue), no entanto para que essa mesma imagem pudesse ser impressa precisou ser convertida para o sistema CMYK(Cyan, Magenta, Yellow e Black). Acompanhe as disposições das cores na imagem teoria das cores abaixo (BERTACCHI, 2018). Figura 6 - Teoria das cores Fonte: Elaborado por Chanont Kemthong, 2020. #PraCegoVer: Do lado esquerdo da imagem estão dispostos os filtros de cores primárias dos sistemas RGB ( Red, Green e Blue) e CMYK (Cyan, Magenta, Yellow e Black) a sobreposição das cores, em cada sistema, resultam no branco e marrom respectivamente. No lado direito, em ordem decrescente, é apresentado o círculo de cores complementares, as escalas de cores cinza, monocromática, cores quentes e cores frias. As impressoras de tinta usam o sistema de cores CMYK, ou cor pigmento. O mesmo sistema de cores é adotado pelos profissionais de beleza como: coloristas, maquiadores e micropigmentadores. A partir da interpretação da cor pigmento esses profissionais criam novas 54 cores, neutralizam e corrigem cores indesejadas encontrando o ponto de equilíbrio