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Imunologia_modulo_03_Falhas na defesa do organismo

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Falhas na defesa do organismo
APRESENTAÇÃO
Os defeitos gênicos bem caracterizados que afetam o sistema imune são aqueles que surgem no 
início da infância e conferem uma vulnerabilidade excepcional às infecções comuns. A 
caracterização das doenças de imunodeficiência e os defeitos gênicos que as causam são, 
praticamente, a única maneira de determinar a importância relativa das diferentes células e 
moléculas das defesas imunes e de avaliar os modelos atuais de como o sistema imune humano 
atua.
Vejamos nesta Unidade de Aprendizagem as falhas genéticas determinantes para a instalação de 
microrganismos e os mecanismos desenvolvidos por eles para superarem as barreiras imunes.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Indicar as principais vias de resistência dos microrganismos frente a defesas imunes.•
Descrever as falhas genéticas que tornam-se determinantes para implementação de 
patógenos.
•
Relacionar tais falhas à síndrome da imunodeficiência adquirida (aids).•
DESAFIO
Para eliminar uma infecção estabelecida, as células infectadas devem ser mortas pelas células T 
CD8 citotóxicas. Para que isso ocorra, alguns dos peptídeos apresentados pelas moléculas do 
complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classe I na superfície das células 
infectadas devem ser de origem viral, uma condição facilmente cumprida por vírus de rápida 
replicação, como o da gripe. Por consequência, as infecções pelo influenza são eficientemente 
eliminadas por uma combinação do sistema imune de células citotóxicas e anticorpos, sendo que 
estes últimos neutralizam as partículas virais extracelulares. Em contraste, outros vírus são 
difíceis de eliminar porque entram em um estado quiescente nas células humanas, em que eles 
não replicam e não produzem peptídeos derivados do vírus em quantidades suficientes para 
sinalizar sua presença para as células T citotóxicas. O desenvolvimento desse estado de 
dormência, que é denominado latência e que não causa doença, é uma estratégia que favorece os 
herpes-vírus.
Quais os sítios de permanência dos vírus herpes simples?
Que fatores desencadeiam a ativação do vírus?
Quais são os mecanismos de resposta imune gerados a partir da ativação do vírus?
INFOGRÁFICO
Acompanhe os eventos que podem determinar o sucesso ou o fracasso em um transplante de 
medula óssea.
 
 
CONTEÚDO DO LIVRO
Leia mais sobre o assunto consultando o seguinte livro: MURPHY, K. Imunobiologia de 
Janeway. 8.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
IMUNOLOGIA 
Sofia Pizzato Scomazzon
Falhas na defesa 
do organismo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Indicar as principais vias de resistência dos microrganismos frente a
defesas imunes.
 Descrever as falhas genéticas que se tornam determinantes para a
implementação de patógenos.
 Relacionar tais falhas à síndrome da imunodeficiência adquirida.
Introdução
Quando um patógeno invade o organismo, inicialmente, dispara uma 
resposta da imunidade inata. Posteriormente, esses antígenos estranhos, 
juntamente a sinais do sistema imune inato, induzem uma resposta da 
imunidade adaptativa. Para que o patógeno consiga sobreviver e infectar 
novos indivíduos, ele deve ser capaz de “enganar” o sistema imune.
Neste capítulo, você verá as principais vias de resistência dos pató-
genos, bem como as falhas genéticas que diminuem a defesa do orga-
nismo e a relação dessas falhas com o desenvolvimento da síndrome 
da imunodeficiência adquirida (em inglês, acquired immunodeficiency 
syndrome [aids]).
Vias de resistência dos microrganismos 
às defesas imunes
Um patógeno busca sempre replicar-se dentro de um organismo e disseminar-
-se para novos hospedeiros. Para isso, os microrganismos, que inicialmente se 
encontram no meio extracelular, devem multiplicar-se sem criar uma resposta 
imune exagerada e, ao mesmo tempo, não devem causar a morte do hospedeiro
de forma rápida, para não inviabilizar a sua reprodução. Os mecanismos en-
contrados por esses patógenos para sobreviver aos ataques do sistema imune 
são a não indução de resposta imune ou o escape de uma resposta gerada. 
Ao longo do texto, veremos quais são esses mecanismos utilizados pelos 
microrganismos (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2019).
Um dos principais mecanismos de escape da resposta imune é a variação 
antigênica, na qual o agente infeccioso altera seus antígenos. Esse mecanismo 
é especialmente importante para agentes extracelulares escaparem do reconhe-
cimento de suas estruturas de superfície pelos anticorpos. Pode-se dividir o 
mecanismo em três variações. A primeira é a existência de uma ampla variedade 
de tipos antigênicos, também chamados de sorotipos (por serem reconhecidos 
por anticorpos diferentes em testes sorológicos). A reposta imune gerada é tipo-
-específica, ou seja, para cada sorotipo, há uma resposta diferente, podendo não 
proteger dos outros diferentes sorotipos. Um exemplo de patógeno que utiliza 
essa estratégia é o Streptococcus pneumoniae (Figura 1), que possui cerca de 
84 diferentes tipos.
Figura 1. Método de variação antigênica utilizada pelo S. pneumoniae.
Fonte: Murphy (2014, p. 509).
Falhas na defesa do organismo2
A segunda variação abarca a deriva antigênica e o desvio antigênico (Figura 2).
A deriva ocorre quando mutações pontuais nas proteínas de superfície de 
certos microrganismos ocasionam perda de reconhecimento completo por 
anticorpos e, com isso, escape do sistema imune. O desvio antigênico ocorre 
com grandes mudanças na proteína de superfície causando total perda de 
reconhecimento por anticorpos e pandemias severas. Exemplos dessas duas 
variações ocorrem no vírus influenza. 
Figura 2. Deriva e desvio antigênico utilizado por vírus influenza.
Fonte: Murphy (2014, p. 510).
A terceira variação envolve rearranjos programados, em que alterações no 
principal antígeno de superfície do microrganismo ocorrem repetidamente no 
mesmo hospedeiro infectado. Com isso, o patógeno escapa dos anticorpos do 
hospedeiro, expressando proteínas diferentes na sua superfície a cada período 
3Falhas na defesa do organismo
de tempo, o que causa recorrência da doença em ciclos (cada ciclo constituindo 
uma proteína diferente expressa na sua superfície e sendo combatida pelo 
sistema imune, com outra proteína sendo expressa posteriormente e reiniciando 
o ciclo) (MURPHY, 2014). Um exemplo é o tripanossoma africano (Figura 3).
Figura 3. Rearranjos programados utilizados por tripanossomas. O 
patógeno realiza rearranjos gênicos no gene de uma proteína de mem-
brana, a glicoproteína variante-especifica (VSG). Assim, algum tempo 
após o contato com o parasita, o sistema imune cria anticorpos para um 
tipo de VSG, que é suprimido pelos anticorpos. Logo após, os poucos 
patógenos com o novo tipo de VSG começam a se proliferar, gerando 
um novo ciclo de resposta imune.
Fonte: Murphy (2014, p. 511).
Outra forma de evasão ao sistema imune é a capacidade de latência que 
alguns microrganismos possuem. Esse mecanismo diz respeito à capacidade de 
patógenos ficarem “adormecidos” dentro de células com uma baixa produção de 
proteínas, o que gera baixa resposta imune. Esses patógenos também escolhem 
células com pouca expressão de MHC de classe I (o que também gera pouca 
resposta imune), como os neurônios. Após situações que levam, por exemplo, 
Falhas na defesa do organismo4
a alterações hormonais, estresse ou imunossupressão, esses patógenos podem 
ser reativados e causar reações patológicas. Um exemplo clássico de vírus que 
utiliza o mecanismo de latência é o vírus do herpes simples (em inglês, herpes 
simplex virus [HSV]). Ele permanece latente nos neurônios sensitivos da face 
e, após situações de estresse, pode ser reativado e causar infecção nas células 
epiteliais, produzindo ulcerações (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2019).
Além dos mecanismos citados, há patógenos que apresentam mecanismos 
de defesa imune especializadosapós terem induzido resposta imune do hos-
pedeiro. Alguns utilizam o macrófago como hospedeiro primário e impedem 
sua própria destruição intracelular. Patógenos como o M. tuberculosis, por 
exemplo, impedem a fusão do fagossomo (onde se encontram) com o lisossomo 
(que contém enzimas de degradação). Já a L. monocytogenes tem a capacidade 
de escapar do fagossomo para o citoplasma, encontrando um meio favorável à 
sua multiplicação. O parasita T. gondii produz sua própria vesícula (quando já 
fagocitado), que não se funde com nenhum outro compartimento intracelular, 
isolando-o e impedindo que seja apresentado em moléculas de MHC. Já a 
bactéria T. pallidum se reveste com moléculas do hospedeiro para evitar o 
reconhecimento pelos anticorpos. Existem diversos outros modos pelos quais 
os patógenos “enganam” o sistema imune do hospedeiro e muitos ainda a 
serem descobertos (MURPHY, 2014).
Alguns patógenos também podem gerar imunossupressão como forma de 
sobrevivência. Algumas bactérias estafilocócicas, por exemplo, produzem 
proteínas que se ligam a células T, levando a ativação dessas células, liberação 
de citocinas e posterior apoptose dessas células, causando, consequentemente, 
imunossupressão generalizada. O B. anthracis, por exemplo, libera uma toxina 
que induz apoptose em macrófagos infectados. A imunossupressão gerada por 
esses patógenos gera uma infecção generalizada, sendo a causa mais comum 
de morte em pacientes infectados. Alguns patógenos, por gerarem imunos-
supressão, causam infecções secundárias aos pacientes que podem agravar o 
quadro ou ser letais. O vírus do sarampo, por exemplo, gera imunossupressão 
e possibilidade de contaminação por outros patógenos, como pneumonias bac-
terianas (maior causa de morte em crianças com sarampo) (MURPHY, 2014).
Outro mecanismo é a interação dos patógenos com células T regulatórias. 
Células T regulatórias CD4 CD25 ajudam na manutenção da tolerância imuno-
lógica. Acredita-se que isso se deva ao fato de que suprimem a proliferação de 
linfócitos T, favorecendo o patógeno (gerando uma evasão ao sistema imune). 
5Falhas na defesa do organismo
No quadro da Figura 4, a seguir, você pode ver uma síntese das estratégias 
de resistência utilizadas por alguns microrganismos.
Figura 4. Diferentes mecanismos de escape do sistema imune.
Fonte: Murphy (2014, p. 515).
Falhas na defesa do organismo6
Falhas genéticas para a implementação 
do patógeno
As imunodefi ciências podem ser classifi cadas em dois grupos: primárias e 
secundárias. As imunodefi ciências primárias são causadas por mutações nos 
genes que infl uenciam na resposta imune. As imunodefi ciências secundárias 
acontecem como consequência de outras doenças ou de fatores ambientais. 
Nesta seção, falaremos das imunodefi ciências primárias, ou seja, as de origem 
genética (KINDT; GOLDSBY; OSBORNE, 2008).
Imunodeficiências genéticas causam sérios problemas de saúde, especial-
mente infecções recorrentes com o mesmo patógeno ou patógenos similares. 
As infecções recorrentes causadas por bactérias piogênicas (bactérias que 
produzem pus) indicam falhas nos anticorpos, no complemento ou na função 
das células fagocíticas. Por outro lado, infecções recorrentes causadas por 
vírus ou fúngicos epidérmicos persistentes indicam falhas no mecanismo de 
defesa mediado por células T (MURPHY, 2014).
Veja, no quadro da Figura 5, as diferentes imunodeficiências humanas.
Defeitos genéticos que acometem a produção de anticorpos são proble-
máticos principalmente no combate a patógenos extracelulares, já que esses 
patógenos vivem no meio extracelular e dependem da ação dos anticorpos 
para realizar a correta eliminação do agente. Esses defeitos causam especial 
problema em patógenos que escapam do sistema imune inato por conter cáp-
sula polissacarídica, como as bactérias piogênicas. Assim, os anticorpos e o 
sistema complemento agiriam na identificação, na opsonização e na eliminação 
pelas células fagocíticas de agentes patogênicos. Com a existência do defeito 
mencionado, esse mecanismo não funcionaria.
Doenças como a agamaglobulinemia ligada ao X de Bruton causam a não 
produção de anticorpos pelo indivíduo. Essa doença é de caráter recessivo 
ligado ao cromossomo X, ou seja, indivíduos do sexo masculino (que possuem 
somente um cromossomo X) têm mais chances de desenvolver essa doença se 
herdarem o gene defeituoso. Essa mutação ocorre no gene da proteína BTK 
(tirosina quinase de Bruton), que atua na maturação dos linfócitos B, ou seja, 
indivíduos com essa doença apresentam falhas no processo de maturação dessas 
células. Nas mulheres com essa mutação recessiva, observa-se a inativação 
do cromossomo X em suas células B. Aquelas células que inativaram o gene 
normal da proteína BTK não são capazes de se desenvolver. Na Figura 6, é 
possível identificar esse processo (MURPHY, 2014).
7Falhas na defesa do organismo
Figura 5. Imunodeficiências humanas.
Fonte: Murphy (2014, p. 521).
Falhas na defesa do organismo8
Pessoas com defeitos na maturação de célula B podem se defender de 
diversos patógenos. Entretanto, a defesa contra bactérias piogênicas necessita 
da atuação de anticorpos. Para esses casos, podem ser utilizados antibióticos 
e infusões de imunoglobulinas humanas exógenas periodicamente. Havendo 
a presença dessas imunoglobulinas, há a proteção contra esse subgrupo de 
patógenos.
Figura 6. Gene BTK e o desenvolvimento de células B.
Fonte: Murphy (2014, p. 529).
9Falhas na defesa do organismo
A síndrome de hiper-IgM se caracteriza pela superprodução de IgM e 
respostas imunes limitadas. A principal variante dessa doença é causada por 
uma mutação no gene para o ligante de CD40 (a proteína CD154), impedindo 
a ligação de CD40 com seu ligante. Essa mutação tem como consequência a 
deficiente ativação de células B e o bloqueio da troca de isotipo de anticorpos. 
Outra importante variante dessa doença é uma mutação na proteína NEMO 
(subunidade da quinase IKK), impedindo uma correta sinalização intracelular 
e a correta ativação de NF-κB, gerando imunodeficiência. Outro exemplo 
é causado pela mutação na enzima AID (citidina deaminase induzida por 
ativação), com acúmulo de células B imaturas e falha na troca de isotipo, 
tendo como consequência susceptibilidade aumentada a infecções, aumento 
de linfonodos e do baço (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2019).
A imunodeficiência comum variável (IDCV), causada por um defeito ge-
nético em uma proteína transmembrana chamada de ativador transmembrana 
similar ao TNF, compromete a função tanto de células B quanto de células T. 
Caracteriza-se pelos níveis reduzidos de imunoglobulinas séricas e é causada 
pela mutação no gene que expressa a molécula ICOS (coestimulador induzível 
de células T), importante para a diferenciação de linfócitos T.
Além das imunodeficiências citadas, o sistema complemento, extremamente 
importante para a defesa contra patógenos extracelulares, também pode ser 
alvo de falhas genéticas. Defeitos na ativação de C3 (um dos componentes 
do sistema complemento) mostram importante comprometimento na defesa 
contra diversos patógenos piogênicos, como S. pneumoniae. Outros defeitos 
nas proteínas reguladoras do complemento podem causar doenças como a 
hemoglobinúria paroxística noturna, em que há a destruição das hemácias do 
próprio paciente, ou o edema angioneurótico hereditário, causando acúmulo 
de líquido nos tecidos e na epiglote em função da produção excessiva de 
mediadores vasoativos (MURPHY, 2014).
Defeitos nos genes responsáveis por codificar proteínas do controle da 
produção e da interação de fagócitos, bem como eliminação de microrga-
nismo pelas células fagocíticas, também geram severa imunodeficiência. As 
neutropenias (deficiência de neutrófilos) são importantes condições que podem 
requerer transplantes de medula. Essas condições podem ser causadas por 
defeitos no gene da ELA2 (elastase neutrofílica humana) ou no gene SBDS 
(relacionado a processamento de RNA), causando bloqueio da maturação deneutrófilos. Outra doença envolvendo células fagocíticas é a deficiência de 
adesão leucocitária, causada por defeitos no gene de transportador GDP-fucose, 
Falhas na defesa do organismo10
da CD18 ou do gene Rac2. Esses defeitos podem impedir que neutrófilos e 
macrófagos atinjam os sítios de infecção. Outra doença, a doença granulo-
matosa crônica, apresenta defeito na produção de ROS (espécies reativas de 
oxigênio), tornando o organismo altamente suscetível a infecções por bactérias 
e fungos (MURPHY, 2014).
A imunodeficiência combinada grave (em inglês, severe combined im-
munodeficiency [SCID]) apresenta falha no desenvolvimento de células T e 
células NK, pois apresenta mutação do gene da cadeia comum γ de receptores 
de diversas interleucinas. A XSCID, doença ligada ao cromossomo X, é a 
forma mais conhecida dessa doença. Apesar de as células B desses pacientes 
parecerem normais, a resposta de anticorpos nesses pacientes não é efetiva. 
Outra variante da SCID é causada por falhas no rearranjo do DNA (especial-
mente os genes RAG-1 e RAG-2) de linfócitos em desenvolvimento, parando 
esse processo e havendo ausência de linfócitos T e B (MURPHY, 2014).
A síndrome de Wiskott-Aldrich (em inglês, Wiskott-Aldrich syndrome 
[WAS]) é uma condição ligada ao cromossomo X que afeta a proteína WASP. 
Essa proteína está ligada à transdução de sinal e função supressora em células 
Treg. Da mesma forma, defeitos na sinalização de células T e nos seus receptores 
de antígeno causam doenças severas.
Mutações no gene FOXN1 estão ligadas ao não desenvolvimento funcional 
do timo. Essa mutação causa problemas na resposta a diversos patógenos pela 
ausência de células T. Correlacionada a essa mutação, a síndrome de DiGeorge 
apresenta falha no desenvolvimento normal do epitélio do timo, causando 
falhas no processo de amadurecimento de células T (MURPHY, 2014).
A síndrome do linfócito nu acarreta defeito na expressão de moléculas de 
MHC de classe II, causando severa imunodeficiência. Nessa condição, não há 
seleção positiva de células no timo e poucas células se desenvolvem. Da mesma 
forma, falhas na expressão de MHC de classe I causam graves doenças em 
pacientes, levando a infecções respiratórias bacterianas crônicas e ulceração 
da pele com vasculite.
Mutações que inativam IL-12, seu receptor ou o receptor de IFN-γ causam 
deficiência no combate a patógenos intracelulares. Essa condição causa falhas 
na ativação de macrófagos e células NK, importantes células de defesa do 
sistema imunológico. 
A síndrome linfoproliferativa ligada ao X causa imunodeficiência pela 
falha do controle de células T e é fatal quando associada à infecção pelo EBV 
(herpesvírus humano) pela formação de linfomas (MURPHY, 2014). Um 
resumo das mutações e seus efeitos podem ser visto na Figura 7.
11Falhas na defesa do organismo
Figura 7. Resumo de mutações e seus efeitos.
Fonte: Murphy (2014, p. 522).
O organismo possui muitos mecanismos de redundância para que falhas 
sejam contornadas, sobrepondo efeitos de diversas células e fatores imunes. 
Caso a falha ocorra, um método possível para corrigir é a substituição dos 
componentes defeituosos através de transplante de medula óssea. Nesses 
casos, o hospedeiro deve compartilhar alguns alelos de MHC com o enxerto 
para que ocorra a correta ativação de células T no timo. Além disso, deve-se 
atentar ao risco de as células do doador reconhecerem as do hospedeiro como 
estranhas e atacarem, causando a doença do enxerto contra o hospedeiro. 
Outra forma promissora para corrigir as falhas causadas por mutações seria 
a terapia gênica somática. Nessa técnica, ainda em testes, ocorre a inserção de 
genes normais em células que contêm genes defeituosos para que sua função 
seja recuperada (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2019).
Falhas do sistema imune e aids
A aids é causada por infecção pelo vírus da imunodefi ciência humana (em 
inglês, human immunodefi ciency virus [HIV]) tipo 1 ou tipo 2, causando imu-
Falhas na defesa do organismo12
nossupressão e perda gradual da imunocompetência. A doença se caracteriza 
por profunda diminuição das células dendríticas e dos macrófagos e células 
T CD4, causando susceptibilidade a infecções por organismos oportunistas 
e desenvolvimento de formas agressivas de sarcoma de Kaposi ou linfoma de 
células B (LEVINSON, 2016).
A infecção inicial ocorre após a troca de fluidos com uma pessoa conta-
minada. As formas mais comuns são através de ato sexual sem uso preserva-
tivo, uso de agulhas contaminadas e de hemoderivados contaminados. Esta 
última forma de contágio citada vem sendo amplamente eliminada devido aos 
controles e testes realizados pelos bancos de sangue antes das transfusões. A 
transmissão da mãe para o bebê é bastante reportada especialmente durante 
o parto ou através da amamentação. 
O trato gastrointestinal e a mucosa genital são os principais sítios de in-
fecção primária. Nesses locais, os vírus se multiplicam e disseminam nos 
compartimentos linfoides desses tecidos, espalhando-se como infecção sis-
têmica. O vírus se dissemina a partir de um reservatório inicial em células 
dendríticas e macrófagos, onde os vírus se replicam. As células dendríticas 
são as responsáveis por transportar o patógeno até as células T CD4 no tecido 
linfoide, que pode ser infectado diretamente ou através de sinapses imunoló-
gicas com as células dendríticas (MURPHY, 2014).
Veja, na Figura 8, o caminho que o vírus HIV percorre.
Figura 8. Caminho do vírus HIV.
Fonte: Murphy (2014, p. 548).
13Falhas na defesa do organismo
A infecção pelo vírus HIV não causa aids imediatamente, pois o vírus 
pode permanecer em latência por muito tempo antes de a doença progredir. 
A forma como ocorre a progressão da doença em cada infectado ainda é 
controversa. Apesar de a infecção aguda inicial parecer ser controlada pelo 
sistema imune, a infecção pelo HIV raramente leva a uma resposta imune 
eficaz contra o patógeno, e o vírus continua a se replicar dentro da célula e 
contaminar novas células. Na fase aguda, que clinicamente se assemelha a uma 
gripe, ocorre uma grande queda na quantidade de células T CD4 circulantes. 
Ocorre, também, ativação de células T CD8 que matam as células infectadas 
e produção de anticorpos contra antígenos do vírus. Após um período assinto-
mático (que pode durar de 6 meses a 20 anos), em que a doença apresenta uma 
latência clínica, os pacientes podem desenvolver aids e apresentar infecções 
oportunistas (MURPHY, 2014).
Veja, na Figura 9, o curso da infecção por HIV.
Figura 9. Curso da infecção por HIV.
Fonte: Murphy (2014, p. 546).
Existem três principais mecanismos para explicar a diminuição de células 
T CD4 durante a infecção por HIV: morte direta das células pelos vírus, sus-
ceptibilidade aumentada das células infectadas de sofrer apoptose e eliminação 
das células infectadas por células T CD8. Existem também evidências de que 
o vírus infecte e destrua progenitores de células T CD4 no timo.
Falhas na defesa do organismo14
O HIV é um vírus do grupo lentivírus envelopado (Figura 10), contém 
duas fitas de RNA e proteínas virais no seu interior, sendo todo esse material 
envolto por envelope composto por duas camadas fosfolipídicas originadas 
da membrana celular da célula hospedeira, composta por proteínas virais 
codificadas. Ele utiliza a transcriptase reversa para transformar seu RNA 
em DNA dentro de células infectadas e funde seu DNA viral no cromossoma 
da célula hospedeira. Com a formação de novas partículas virais, o vírus 
escapa da célula por brotamento da membrana plasmática. O vírus possui 
duas glicoproteínas no envelope viral que são responsáveis pelo tropismo por 
determinadas células: a gp120 e a gp41. A gp120 se une com alta afinidade 
ao CD4 da superfície celular de células T CD4, células dendríticas e macró-
fagos. A gp120 também pode ligar-se a correceptores na membrana da célula 
hospedeira, que são o CCR5, presente em células dendríticas, macrófagos e 
células T CD4, e o CXCR4, expresso emcélulas T ativadas. Já a molécula 
gp41 promove a fusão do envelope viral com a célula hospedeira para que o 
genoma viral penetre na célula (MURPHY, 2014).
Figura 10. Estrutura do HIV: na primeira imagem vemos o vírus do HIV em foto de micros-
copia eletrônica. Na segunda imagem, vemos um esquema de seus constituintes virais.
Fonte: Murphy (2014, p. 547).
15Falhas na defesa do organismo
Existe uma pequena porção de pessoas que faz a soroconversão e não 
apresenta a progressão da doença (não apresentam diminuição de células T 
CD4). Outra pequena porção de pessoas, apesar de ser exposta ao vírus, é 
soronegativa e permanece livre da doença e do vírus. Esse acontecimento 
pode ser explicado, em partes, por variações genéticas das pessoas expostas. 
Variações no HLA são bastante associadas à progressão da doença, sendo 
os alelos HLA-B57 e HLA-B27 associados a melhor prognóstico. Já o alelo 
HLA-B35 está associado a uma progressão mais rápida da doença. A ho-
mozigosidade em HLA de classe I está associada à progressão mais rápida 
devido a resposta ser menos diversificada. Polimorfismos no receptor KIR 
de células NK também estão associados à lenta progressão a doença, assim 
como mutações na produção de citocinas como IL-10 e IFN-γ também estão 
associadas à restrição de progressão do HIV (MURPHY, 2014).
O caso mais característico de variação genética ocorre no alelo mutante 
CCR5. Homozigotos para essa mutação não funcional, chamada de Δ32, 
apresentam truncamento da proteína (proteína não funcional), e esses indi-
víduos apresentam bloqueio eficaz na infecção por HIV. Já os heterozigotos 
apresentam lenta progressão para aids e podem fornecer alguma proteção 
contra a transmissão sexual da infecção. O CCR5 é o principal correceptor de 
macrófagos e linfócitos T utilizado pelo vírus para estabelecer a infecção. O 
conhecimento dessa mutação e de seus efeitos pode gerar fármacos para o seu 
bloqueio e, consequentemente, bloqueio na infecção por HIV (MURPHY, 2014). 
A tabela da Figura 11 resume os genes que influenciam a progressão da aids.
Falhas na defesa do organismo16
Figura 11. Resumo de genes que influenciam a progressão da aids.
Fonte: Murphy (2014, p. 550).
Para entender melhor o ciclo do HIV, assista à animação que está no link a seguir.
https://qrgo.page.link/f1jw2
17Falhas na defesa do organismo
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2019.
KINDT, T. J.; GOLDSBY, R. A.; OSBORNE, B. A. Imunologia de Kuby. 6. ed. Porto Alegre: 
Bookman, 2008.
LEVINSON, W. Microbiologia médica e imunologia. 13. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2016.
MURPHY, K. M. Imunobiologia de Janeway. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
Leitura recomendada
CICLO DO VIRUS DA AIDS. [S. l.: s. n., s. d.]. 1 vídeo (4 min). Publicado pelo canal Fladja 
Rodrigues. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=E-AtkmgoY20. Acesso 
em: 23 set. 2019.
Falhas na defesa do organismo18
DICA DO PROFESSOR
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EXERCÍCIOS
1) Doug Perkins, 33 anos, teve queimaduras de terceiro grau no antebraço devido à 
ruptura da mangueira do radiador de seu carro. Vários dias depois, Perkins estava 
confuso e pouco alerta mentalmente, e seu filho o levou à emergência. Ele tinha febre, 
movimentos respiratórios rápidos, urticária generalizada, hipotensão e redução na 
contagem dos glóbulos brancos. Um teste de cultura sanguínea foi positivo para 
estreptococo β-hemolítico do grupo A. Qual das seguintes afirmativas melhor 
explicaria seus sintomas?
A) Os superantígenos estreptocócicos causaram a produção de altos níveis de citocinas de 
células T, causando choque sistêmico e apoptose dos clones de células T estimulados pelo 
superantígeno.
B) A ativação de células T específicas para o patógeno causou uma produção intensa e 
persistente de células T secretoras de citocinas, gerando o choque sistêmico.
C) A ligação cruzada dos superantígenos com moléculas do MHC nos macrófagos causou a 
morte dos macrófagos, a redução dos fagócitos e a oposonização do patógeno.
D) A ativação policlonal de células B causou uma hiperestimulação às células B e 
subsequente deposição de complexos imunes no endotélio dos vasos sanguíneos, causando 
choque sistêmico.
Níveis maciços de superantígenos estimularam a ligação cruzada e a endocitose mediada 
por receptor das moléculas do MHC de classe I, resultando na ativação ineficiente das 
E) 
células T CD8 e consequente septicemia.
2) Christiana Carter não apresentava nenhum problema aparente até os 18 meses de 
vida, quando parou de ganhar peso, perdeu o apetite e apresentou episódios 
recorrentes de diarreia. Aos 24 meses, Christiana desenvolveu tosse com infiltrado 
pulmonar que não respondia a tratamento com os antibióticos claritromicina e 
timetropina/sulfametoxazola. Em três meses, ela desenvolveu linfoadenopatia, 
hepatoesplenomegalia e febre. Uma tomografia computadorizada revelou linfonodos 
mesentéricos e para-aórticos aumentados. A biópsia de um linfonodo axilar 
aumentado revelou bacilo álcool-ácido resistente, e Mycobacterium fortuitum cresceu 
em cultura de linfonodo e sangue. A infecção por HIV foi descartada após testes de 
ELISA e PCR negativos. Testes sorológicos para anticorpo antitoxoide tetânico 
apresentaram níveis normais pós-vacinação. As células mononucleares de sangue 
periférico (PBMCs) de Christiana foram cultivadas com interferon-γ e LPS sem 
aumento significante na produção de TNF-α. Vários antibióticos antimicobacterianos 
de amplo espectro foram administrados, baixando a febre, e, após dois meses, 
Christiana começou a ganhar peso, mas continuava com sinais de infecção 
persistente. Qual das seguintes alterações é a explicação mais provável para esses 
achados clínicos?
A) Deficiência na adesão de leucócitos.
B) Doença granulomatosa crônica.
C) Deficiência no receptor de interferon-γ.
D) Agamaglobulinemia ligada ao X (XLA).
E) Imunodeficiência combinada grave.
3) O vírus do herpes simples favorece a latência nos neurônios devido aos baixos níveis 
de _______, que reduz a probabilidade de morte pelas células T CD8.
A) LFA-3.
B) Receptores semelhantes a Toll.
C) Transportador associado ao processamento do antígeno (TAP).
D) MHC de classe I.
E) MHC de classe II.
4) A síndrome linfoproliferativa autoimune é uma anomalia nos genes Fas ou ligante 
Fas, e é caracterizada pelo aumento do baço. Assinale a alternativa que representa 
uma vulnerabilidade a qual o sujeito que porta essa anomalia estará suscetível.
A) Bactérias encapsuladas.
B) Suscetibilidade a infecções por herpes-vírus
C) Linfomas e autoimunes.
D) Lise de eritrócitos pelo complemento.
E) Infecções virais e bacterianas crônicas.
O sucesso de um transplante de medula óssea está diretamente relacionado ao grau 
de compatibilidade do _____ entre o paciente e o doador. A compatibilidade tem dois 
objetivos. Primeiro, reduz a extensão da doença enxerto versus hospedeiro (GVHD, 
do inglês graft-versus-host disease), uma reação de dano ao tecido, causada pelas 
células T maduras do transplante que respondem às moléculas do MHC de classe I e 
de classe II alogênicas do receptor. Segundo, assegura a reconstituição eficaz do 
5) 
sistema imune adaptativo. Assinale a alternativa que preenche corretamente a 
lacuna.
A) HLA.
B) TAP.
C) Fas.
D) UL18.
E) US6.
NA PRÁTICA
A síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) foi descrita pela primeira vez por clínicos no 
início dos anos 1980. A doença é caracterizada por uma grande redução no número de células T 
CD4, acompanhada por infecções graves com patógenos que raramente causam problemas em 
pessoas saudáveis, ou por formas agressivas do sarcoma de Kaposi ou linfomas de células B. 
Pacientes diagnosticados com aids eventualmente morrem dos efeitos da doença.
 
 
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto,veja abaixo as sugestões do 
professor:
A imunodeficiência e o sistema imunitário. O comportamento em portadores de HIV.
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