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TEORIA DA CONTABILIDADE Aline Alves Revisão técnica: Lilian Martins Cientista contábil Especialista em Controladoria e Planejamento Tributário Professora de Curso de Graduação em Ciências Contábeis Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147 A474t Alves, Aline. Teoria da contabilidade [recurso eletrônico] / Aline Alves; [revisão técnica: Lilian Martins.]. – Porto Alegre: SAGAH, 2017. Editado também como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-280-5 1. Contabilidade. I.Título. CDU 657 Balanço patrimonial Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar o que é balanço patrimonial. � Elaborar um balanço patrimonial. � Analisar a estrutura de um balanço patrimonial. Introdução Você sabe o que é o balanço patrimonial? O balanço patrimonial corres- ponde a uma demonstração contábil que tem por função evidenciar de forma qualitativa e quantitativa a situação financeira e patrimonial de uma organização de acordo com um período específico. Neste texto, você vai estudar o significado do balanço patrimonial, as etapas necessárias para a sua elaboração e como deve ser a sua estrutura. Balanço patrimonial O balanço patrimonial se refere ao saldo acumulado em um período específico das movimentações econômicas e financeiras ocorridas em uma organização, desde a sua origem. Ele corresponde a uma demonstração contábil que busca apresentar, em uma data definida, de forma qualitativa e quantitativa, a situação momentânea da organização do seu patrimônio. O balanço patrimonial representa a ligação entre os ativos, os passivos e o patrimônio líquido da organização de acordo com um período. Ele busca apresentar os lançamentos de todos os registros contábeis da empresa, que estão demonstrados também no seu livro diário. A apresentação do balanço patrimonial torna possível algumas análises e compreensões, como: � conhecimento sobre a posição patrimonial da organização e dos bens, direitos e obrigações, sempre observando o período; � informação sobre as fontes de recursos para o investimento da entidade; � desenvolvimento histórico, com o intuito de planejar ações futuras da empresa; � planejamento tributário da organização; � informações de grande utilidade para as partes interessadas (stakeholders). Stakeholder corresponde a uma pessoa ou um grupo que valida as atitudes ou tran- sações de uma empresa e que tem função direta ou indireta na administração e resultados dessa organização. O balanço patrimonial é composto por alguns elementos, identificados por recursos disponíveis ou recursos fornecidos, como, por exemplo: � dinheiro em caixa ou em bancos; � aplicações financeiras; � estoque; � duplicatas a receber (oriundas de venda a crédito); � contas a receber (adiantamento a colaboradores ou empréstimos cedidos a coligada ou controlada; � máquinas e equipamentos; � móveis e instalações; � investimentos em outras organizações, como, por exemplo, participação em coligadas e controladas. O balanço patrimonial é formatado em duas colunas, nas quais são apre- sentadas todas as contas que indicam a movimentação da empresa em um período, conforme segue: Balanço patrimonial2 Ativo — que contempla os bens e direitos que representam as aplicações de recursos realizadas e monitoradas pela organização, com o intuito de produzir vantagens econômicas futuras, decorrentes de situações ocorridas. No ativo estão registrados os ativos circulantes, que correspondem às disponibilidades, contas a receber, tributos a recuperar, instrumentos financeiros de curto prazo, estoques, entre outros. Entende-se por curto prazo os ativos que serão recebidos ou convertidos em unidade monetária até o final do exercício subsequente, ou seja, compreendendo o exercício atual mais o próximo exercício inteiro. O ativo também contempla as contas que compõem o ativo não circulante, nas quais estão os realizáveis a longo prazo (como valores a receber, crédito junto a sócios, entre outros), são itens que serão recebidos após o final do exercício subsequente. Ainda no ativo não circulante estão os investimentos que são registrados por meio de contas, como participação em coligadas, em controladas e outros, o imobilizado, ou seja, os móveis e imóveis que abrangem terrenos, prédios, equipamentos e outros, e os intangíveis, como marcas, pesquisas, etc. Passivo — referente às origens de recursos, que são representadas por meio das obrigações da empresa com terceiros, decorrentes de situações que ne-cessitam de ativos para a liquidação. O passivo está dividido nos subgrupos circulante e não circulante. O passivo circulante contempla contas a pagar, fornecedores a pagar, tributos a pagar, entre outros, que representa a dívida de curto prazo. Entende-se por curto prazo as contas vencíveis até o final do exercício seguinte. No passivo não circulante estão as dívidas de menor exigibilidade, ou seja, que têm prazos de vencimentos após o final do exercício seguinte, dentre elas financiamentos a pagar. Patrimônio líquido — nele estão contidos os recursos próprios da organização, como, por exemplo, os recursos aplicados pelos proprietários ou acionistas, e nele as reservas são evidenciadas em reservas de capital e reservas de lucros. Para identificar seu valor, é preciso utilizar a fórmula “ativo menos o passivo”, ou seja, bens somados aos direitos menos as obrigações que a empresa possui. A Lei 11.941 de 2009 contempla a estrutura do Balanço Patrimonial e o Patrimônio Líquido está contido na soma do Passivo total. Para a utilização da fórmula “ativo menos passivo” é necessário sempre considerar a soma dos bens e direitos menos as obrigações, tanto de curto como longo prazos. Os recursos apresentados estão disponíveis para a organização mediante duas formas: capital de terceiros e capital próprio. O capital de terceiros é decorrente de credores, e o capital próprio, oriundo dos proprietários. Analise, a seguir, as fontes de recursos para as organizações. 3Balanço patrimonial Capital de terceiros: � fornecedores, quando são fornecidas mercadorias para pagamento a prazo; � credores diversos, decorrentes de despesas com aluguéis, viagens, entre outros; � governo, na medida em que oferecem prazos para pagamento de im- postos e tributos e encargos trabalhistas; � instituições financeiras, por intermédio de empréstimos bancários e arrendamento mercantil; � debenturistas, a partir do instante em que cedem dinheiro para a orga- nização adquirindo suas debêntures, que representam títulos de dívida. Capital próprio: representado pelos recursos à disposição da empresa, que tem como origem o proprietário, o acionista ou o sócio — acionistas, quando adquirem ações da entidade mediante bolsa de valores, e no momento da abertura do capital, quando então os recursos financeiros vão para as empresas; proprietários, assim que inserem capital para iniciar o negócio. Balanço patrimonial4 Elaborando o balanço patrimonial A sua elaboração ocorre no término do exercício social. Porém, os saldos são monitorados mensalmente por meio do balancete de veri icação, com o a fim de obter conhecimento dos saldos das contas da razão e, dessa forma, verificar sua exatidão. Para que seja feita a elaboração do balanço patrimonial, é preciso que todos os atos e fatos patrimoniais ocorridos tenham sido registrados dentro do exercício social e que as despesas, perdas, receitas e ganhos também te- nham sido apropriados em conformidade com o regime de competência. No balancete, é possível verificar todas as contas que a empresa possui e suas respectivas movimentações, contas essas que podem ser patrimoniais ou de resultado; serão apresentados os débitos, créditos e saldos das contas contábeis. As contas apresentadas no balancete ao final do exercício social, patrimoniais ou de resultado, não correspondem, necessariamente, aos valores reais do patrimônio de acordo com aquele período específico,pois podem representar saldos anteriores de contas. É fundamental, e corresponde a uma das etapas que antecedem a elaboração do balanço patrimonial, executar a conciliação do saldo de todas as contas, tanto ativas quanto passivas. Se for preciso, devem ser realizados os ajustes, como de eventuais equívocos que possam ter ocorrido na escrituração envolvendo datas de lançamentos, valores, lançamento em contas erradas, entre outros. O processo de conciliação das contas corresponde a toda a verificação do fluxo das contas, quando deve ser analisada a autenticidade do saldo das contas mediante o comparativo dos lançamentos contábeis de débito e crédito, visando avaliar a validade do saldo. A conciliação tem por função confrontar as informações dos relatórios contábeis com a documentação física — por exemplo, extratos bancários com os lançamentos escriturados na contabilidade e duplicatas a receber junto com a afirmativa da informação externa de clientes. A conciliação das contas contábeis transmite credibilidade e segurança das informações constantes nos relatórios contábeis, o que é fundamental. Acompanhe a seguir outras etapas importantes na elaboração do balanço patrimonial. 5Balanço patrimonial � Realizar testes de recuperabilidade de elementos constantes no ativo não circulante. Efetuar os registros e, se houver, ajustes. São aplicáveis apenas para sociedades anônimas e as de grande porte. � Realizar ajuste de valor presente relativo às dívidas e aos direitos, se existirem. Também devem ser observados para sociedades anônimas e para as de grande porte. � Aplicar cálculos de equivalência patrimonial, no caso de se referir à sociedade coligada, controlada ou de participação relevante. Deve ser observado em sociedades anônimas ou de grande porte. � Emitir balancete para análise, para nova averiguação, antecedendo o encerramento das contas de resultado, como receitas, despesas, custos e deduções de receitas. � Depois disso, as contas de resultado devem ser encerradas. � Imprimir balancete de verificação, a fim de efetuar uma nova verificação posterior ao encerramento das contas de resultado. Após essas etapas, outras também são importantes, como apurar os encar- gos e as participações. Devemos realizar o cálculo da provisão para Imposto de Renda e a contribuição social com base no lucro líquido. O pré-balanço de verificação vem a seguir e deve ser emitido e verificado, para então ser enviado para aprovação da diretoria da empresa e da auditoria. Todas as empresas ao elaborar suas demonstrações financeiras devem obedecer ao disposto nas Leis 6.404 de 1976, 11.638 de 2007 e da Lei 11.941 de 2009. As regras para o balanço patrimonial devem ser analisadas de acordo com cada empresa, mas sempre com conformidade com a legislação vigente e suas deliberações para cada tipo de empresa. Estrutura do balanço patrimonial O balanço patrimonial é elaborado em duas colunas, uma do lado esquerdo, na qual se informa o ativo da empresa, e a outra do lado direito, informando o passivo e o patrimônio líquido. O ativo contempla todos os bens e direitos da organização, que são avaliados em moeda corrente. Os bens correspondem aos estoques, dinheiro em espécie, imóveis, entre outros. Os direitos que a entidade possui se referem às duplicatas que a empresa tem a receber, como, por exemplo, ações e títulos. O ativo conta com subgrupos denominados de ativo circulante e não cir- culante. O processo de transformação em dinheiro no ativo circulante ocorre em curto prazo, ou seja, até o final do exercício seguinte, contemplando as contas de estoques, contas a receber e investimentos temporários. No ativo não circulante estão dispostas as contas realizáveis a longo prazo; são ativos que têm menor liquidez, ou seja, que transformam dinheiro após o final do exercício seguinte. Os ativos devem ser avaliados de forma monetária e corresponder a vantagens no período atual ou no futuro. No grupo passivo são encontradas as obrigações, ou seja, as dívidas da organização com terceiros, como fornecedores, impostos a pagar, contas a pagar, entre outros. As obrigações do passivo são exigíveis — no instante em que as dívidas estiverem vencendo, devem ser cobradas para que, dessa forma, ocorra a sua liquidação. As obrigações são exigíveis com terceiros e, por esse motivo, são chamadas de capitais de terceiros. Da mesma forma que o ativo, o passivo possui subgrupos, sendo dividido em passivo circulante e não circulante. O passivo circulante apresenta as dívidas com vencimento até o final do exercício seguinte, como impostos a recolher, fornecedores a pagar, entre outros. No passivo não circulante, exigível a longo prazo, são alocadas as dívidas que têm prazo de pagamento após o final do exercício seguinte, como financiamentos e títulos a pagar, por exemplo. Balanço patrimonial6 O patrimônio líquido eestá disposto no lado direito da coluna, no lado do passivo, pertence ao grupo do passivo, mas não é uma dívida da empresa. No patri-mônio líquido estão todos os investimentos efetuados pelos proprietários da organização, como o investimento inicial, que é qualificado como capital. Na ocasião de os sócios ou acionistas efetuarem outros investimentos, ocorre modificação, ocasionando aumento do capital. No patrimônio líquido estão dispostos os rendimentos decorrentes do capital investido, que representam o lucro empresarial, e as reservas, que representam a destinação de parte deste lucro. Também são apresentados os eventuais prejuízos. É importante considerar que, para elaborar o balanço patrimonial, é preciso que o resultado do exercício tenha sido apurado. É necessário, para tanto, que todas as operações da entidade tenham sido registradas nos livros Diário e Razão. Também é preciso destacar que a estrutura do balanço patrimonial, quando este surgiu, era apresentada em conformidade com a Lei nº. 6.404/1976 e, posteriormente, a estrutura sofreu uma alteração conforme as Leis nº. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e nº. 11.941, de 28 de maio de 2009 (BRASIL, 2007; 2009): Ativo Passivo Ativo circulante Ativo não circulante Realizável a longo prazo. Imobilizado. Investimentos. Intangível. Passivo circulante Passivo não circulante Exigível a longo prazo. Patrimônio líquido Capital social. Reservas de capital. Reservas de lucro. Ajustes de avaliação patrimonial. Quadro 1. Estrutura do balanço patrimonial. 7Balanço patrimonial BRASIL. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF, 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L6404compilada.htm>. Acesso em: 21 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divul- gação de demonstrações financeiras. Brasília, DF, 2007. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 12 dez. 2017. BRASIL. Lei nº. 11.941, de 27 de maio de 2009. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 12 dez. 2017. Leituras recomendadas LUNKES, R. J. Contabilidade gerencial: um enfoque na tomada de decisão. Florianópolis: VisualBooks, 2007. LUZ, É. E. Teoria da contabilidade. Curitiba: Intersaberes, 2015. MARQUES, J. A. V. C; CARNEIRO JÚNIOR, J. B. A. C; KÜHL, C. A. Análise financeira das empresas. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2015. SANTOS, A. S. Contabilidade. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. Balanço patrimonial8 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: Página em branco
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