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Apostila CFO PM 2019 - Policiamento em Grandes Eventos-1

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Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO/PM 
POLICIAMENTO EM GRANDES EVENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO/PM 
POLICIAMENTO EM GRANDES EVENTOS 
 
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS 
 
André Santos Costa 
SECRETÁRIO DA SSPDS 
 
POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ - PMCE 
 
Alexandre Ávila de Vasconcelos - Cel PM 
COMANDANTE-GERAL DA PMCE 
 
ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE 
 
Juarez Gomes Nunes Júnior – Cel PM 
DIRETOR-GERAL DA AESP|CE 
 
Ivana Coelho Marques Figueiredo 
DIRETORA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA DA AESP|CE 
 
Roberta Barbosa Monteiro– Ten Cel PM 
COORDENADOR GERAL DE ENSINO DA AESP|CE 
 
Dione Marques 
COORDENADOR PEDAGÓGICO 
 
José Alexandre Soares Nogueira 
SECRETÁRIA ACADÊMICO DA AESP|CE 
 
CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA A CARREIRA DE OFICIAIS POLICIAIS MILITARES - CFPCO/PM 
 
DISCIPLINA 
POLICIAMENTO EM GRANDES EVENTOS 
 
CONTEUDISTA 
Antônio Milton Sampaio Almeida - Maj QOPM 
 
ATUALIZAÇÃO 
André Henrique de Araújo Gaya – 1° Ten QOPM 
 
 
REVISÃO DE COERÊNCIA DIDÁTICA 
Erika Maria da Silva Pereira 
Francisco José Amaral Lima 
Jorgeana Reis da Silva 
Luciana Canito Austregésilo de Amorim 
Luciana Moreira da Silva 
Renata Teixeira de Azevedo 
 
FORMATAÇÃO 
JOELSON Pimentel da Silva – Sd PM 
 
• 2019 • 
 
 
 
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO/PM 
POLICIAMENTO EM GRANDES EVENTOS 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. APRESENTAÇÃO E ASPECTOS GERAIS DE UM GRANDE EVENTO .............................................................................. 6 
1.1 Os Grandes Eventos Na História ......................................................................................................................... 6 
1.2 Evento e Grande Evento: Conceitos ................................................................................................................... 7 
1.3 Características de um Grande Evento ................................................................................................................. 8 
1.4 Classificação dos Eventos e dos Grandes Eventos .............................................................................................. 8 
1.5 Classificação dos Locais de Eventos Quanto ao Tipo de Local .......................................................................... 10 
2. DOS ENVOLVIDOS EM UM GRANDE EVENTO ......................................................................................................... 10 
2.1 Organizadores ................................................................................................................................................... 10 
2.2 Protagonistas do Espetáculo ............................................................................................................................. 11 
2.3 Protagonistas Secundários ................................................................................................................................ 12 
2.4 Pessoal de Serviço ............................................................................................................................................. 12 
2.5 Público ............................................................................................................................................................... 16 
3. A PSICOLOGIA DAS MASSAS APLICADA AO POLICIAMENTO DE GRANDES EVENTOS ............................................ 16 
3.1 Ciclo Motivacional ............................................................................................................................................. 16 
3.2 A Teoria a Respeito da Hierarquia das Necessidades Humanas ....................................................................... 17 
3.3 Fatores Psicológicos do Público em um Grande Evento ................................................................................... 18 
3.4 O público ........................................................................................................................................................... 18 
3.4 Reação do Público aos Estímulos Externos em um Grande Evento .................................................................. 19 
3.5 Classificação do Público Quanto ao Comportamento em um Grande Evento ................................................. 20 
3.6 Tipos de Público Fanático em um Grande Evento ............................................................................................ 21 
4. AS TORCIDAS ORGANIZADAS E SEU IMPACTO NO FUTEBOL BRASILEIRO .............................................................. 22 
4.1 Torcidas Organizadas: Conceito e Breve Histórico ........................................................................................... 22 
4.2 Torcidas Organizadas: Festa nas Arquibancadas .............................................................................................. 23 
4.3 As Torcidas Organizadas e Suas Motivações..................................................................................................... 23 
4.4 Padrões de Comportamento das Torcidas Organizadas ................................................................................... 23 
4.5 A Violência Protagonizada Pelas Torcidas Organizadas No Brasil .................................................................... 25 
4.6 As Torcidas Organizadas e os Fatores Psicológicos da Massa em um Grande Evento ..................................... 25 
4.7 Medidas Preventivas Contra a Violência das Torcidas Organizadas ................................................................. 27 
5. LEGISLAÇÃO APLICADA AO POLICIAMENTO DE GRANDES EVENTOS ..................................................................... 28 
5.1 Considerações Iniciais ....................................................................................................................................... 28 
5.2 A Busca Pessoal ................................................................................................................................................. 30 
5.3 O Porte de Arma de Fogo em Eventos .............................................................................................................. 32 
5.4 Dos Fogos de Artifícios e Outros Artefatos Explosivos em Eventos ................................................................. 34 
5.5 As Ações de ‘Guardadores de Carro’, Cambistas e Vendedores Ambulantes .................................................. 35 
5.6 Meia Entrada ..................................................................................................................................................... 38 
5.7 Legislação Aplicada a Pessoas em Situação Diferenciada ................................................................................. 39 
6. DO GERENCIAMENTO DE CRISES EM GRANDES EVENTOS ..................................................................................... 41 
6.1 Considerações Iniciais ....................................................................................................................................... 41 
6.2 Conceitos Preliminares ..................................................................................................................................... 41 
6.3 Características da Crise ..................................................................................................................................... 42 
6.4 Objetivos do Gerenciamento de Crise .............................................................................................................. 43 
6.5 Critérios Para a Tomada de Decisões ................................................................................................................43 
6.6 O Risco e Suas Implicações nas Tomadas de Decisões Relacionadas a Uma Situação de Crise ....................... 43 
6.7 Origem das Crises em Eventos .......................................................................................................................... 46 
6.8 Fatores Potencialmente Motivadores da Crise ................................................................................................. 46 
6.9 Procedimentos Adotados Para a Resolução de uma Crise ............................................................................... 48 
6.10 Acionamento dos Apoios Necessários ............................................................................................................ 49 
6.11 A Comunicação Relacionada a Uma Situação de Crise ................................................................................... 50 
6.12 Procedimentos Operacionais Posteriores à Solução da Crise ......................................................................... 52 
7. PLANEJAMENTO OPERACIONAL PARA A SEGURANÇA DE UM GRANDE EVENTO .................................................. 52 
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO/PM 
POLICIAMENTO EM GRANDES EVENTOS 
 
5 
7.1 Conceitos Iniciais ............................................................................................................................................... 53 
7.2 Embasamento Legal Para a Atuação da Polícia Militar em Eventos ................................................................. 53 
7.3 Estabelecendo Objetivos e Metas ..................................................................................................................... 53 
7.4 Fase Inicial do Planejamento ............................................................................................................................ 54 
7.5 Fase Intermediária do Planejamento ................................................................................................................ 55 
7.6 Fase Final do Planejamento .............................................................................................................................. 57 
7.7 Considerações Finais ......................................................................................................................................... 57 
8. TÉCNICAS E TÁTICAS EMPREGADAS NO POLICIAMENTO DE GRANDES EVENTOS ................................................. 58 
8.1 Fases do Policiamento de um Grande Evento .................................................................................................. 58 
8.2 O Campo de Jogo em Estádios de Futebol ........................................................................................................ 68 
8.3 Atuação do Policiamento em Situação de Pânico no Local do Evento ............................................................. 68 
8.4 Considerações Diversas ..................................................................................................................................... 69 
9. CONTROLE DE DISTÚRBIO CIVIL EM GRANDES EVENTOS – CDC ............................................................................ 69 
9.1 Conceitos Preliminares ..................................................................................................................................... 69 
9.2 Atuação Baseada Na Doutrina de CDC Convencional ....................................................................................... 70 
9.3 Formações a Partir da Doutrina de CDC Convencional ..................................................................................... 72 
9.4 Objetivos do CDC em Grandes Eventos ............................................................................................................ 73 
9.5 Desencadeamento das Ações de CDC em Grandes Eventos ............................................................................ 73 
10. HISTÓRICO DO POLICIAMENTO DE EVENTOS NO CEARÁ ..................................................................................... 75 
 
 
 
 
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO/PM 
POLICIAMENTO EM GRANDES EVENTOS 
6 
1. APRESENTAÇÃO E ASPECTOS GERAIS DE UM 
GRANDE EVENTO 
 
O policiamento de grandes eventos compreende 
bem mais do que a utilização de técnicas e táticas 
objetivando a garantia da ordem pública num local de 
espetáculo. Outros fatores, muitos deles de natureza 
burocrática, também compõem o mosaico que define a 
segurança de todos os envolvidos em um grande 
evento, sejam eles os protagonistas, o público 
assistente ou o pessoal de serviço. 
A presença policial ostensiva e preventiva num 
local de evento é tão somente a parte visível de uma 
estrutura maior, mais técnica e organizada, 
responsável por todos os detalhes que garantirão a 
realização do evento com a tranquilidade e a 
segurança desejadas. 
Assim, antes que se proceda à utilização das 
técnicas e táticas de policiamento de grandes eventos, 
é imprescindível conhecer os pormenores de um 
evento, seus tipos, os locais onde ocorre, seu público, 
sua passagem pela história e suas peculiaridades nos 
dias atuais, como meio para a formação de uma 
doutrina capaz de nortear as ações policiais militares, 
sejam eles de pequeno, médio ou grande porte. 
Neste trabalho, será apresentado o processo de 
planejamento e execução de um grande evento a partir 
de conceitos e definições previstas em lei, na doutrina 
e na experiência laboral dos policiais militares que 
fazem a segurança dos eventos no Estado do Ceará. 
 
1.1 Os Grandes Eventos Na História 
 
O ajuntamento de pessoas formando uma 
assistência em torno de um evento seja ele religioso, 
artístico ou esportivo remonta aos tempos antigos, 
quando sacrifícios de animais e, também, de humanos, 
objetivavam angariar a boa vontade dos deuses para 
favorecer os povos com boas colheitas ou vitórias nas 
guerras. Com o passar do tempo, não só os sacrifícios, 
mas, também, os jogos, as competições e suas disputas 
passaram a contar com um número expressivo de 
pessoas compondo a assistência. Em alguns casos, 
também a morte violenta era motivo de celebração, de 
exultação e de alegria. 
 
1.1.1 No Mundo 
 
Ficou famosa através dos séculos a expressão 
latina ‘Panis et Circencis’, significando ‘pão e circo’, 
segundo a qual os imperadores da Roma Antiga 
entendiam que o povo estaria satisfeito unicamente se 
lhes fossem dados pão (comida) e circo (diversão). 
Diversão essa que, no mais das vezes, traduzia-se pela 
morte daqueles que protagonizavam o espetáculo, 
como no caso dos ‘gladiadores romanos’. 
Antes dos romanos, porém, os gregos antigos já 
promoviam eventos que reuniam um grande número 
de assistentes. As Olimpíadas são a maior expressão 
desses espetáculos. Durante os jogos olímpicos, os 
gregos paravam de guerrear e se dedicavam a 
competir através de disputas entre aqueles mais bem 
preparados física e intelectualmente, escolhidos entre 
os melhores de cada cidade-estado da Grécia. 
Outros povos antigos também promoveram 
eventos esportivos. As primeiras civilizações no Egito e 
na Mesopotâmia, milênios antes dos Jogos na Grécia 
antiga, tinham a tradição de atividades atléticas, já em 
3.000 a.C., tudo registrado em templos e tumbas. 
Também, dos campos de batalha medievais, a ‘justa’ se 
tornou um esporte e estava longe de ser uma atividade 
segura. Dois cavaleiros, pesadamente revestidos por 
armaduras, montavam em seus cavalos em lados 
opostos da arena, com o objetivo de apenas atingir e 
derrubar o oponente ao passar por ele. 
Mas, não só de violência se constituíam os 
espetáculos dos tempos antigos. Os gregos (sempre 
eles) tinham uma especial predileção pelas artes 
cênicas. A encenação de peças teatrais era um dos 
pontos fortes dos gregos no mister de entreteras 
pessoas. 
Todos esses espetáculos eram, e continuam a 
ser, motivo para a reunião de um grande número de 
pessoas, todas ávidas por divertimento, através do 
qual podem se esquecer dos seus problemas 
cotidianos e dar vazão, quase sempre, a sentimentos 
reprimidos de alegria, tristeza, raiva, decepção, euforia 
ou frustração. Tudo, enfim, extravasado através de 
cânticos, lágrimas, gritos ou, nos piores casos, brigas 
com resultados desastrosos para todos. 
 
1.1.2 No Brasil 
 
É um país multicultural, fruto de uma 
colonização que contou com a participação de culturas 
muito diferentes entre si, mas extremamente ricas de 
elementos. 
Nesse contexto, a religião constitui um dos 
elementos mais poderosos na formação da cultura 
brasileira. A fé do homem branco português e sua 
devoção extrema aos santos do catolicismo, aliada ao 
culto aos deuses dos negros africanos e dos índios da 
América pré-colombiana, ainda hoje são motivos da 
realização de grandes eventos em torno do qual se 
reúnem multidões, como na Procissão do Círio de 
Nazaré, em Belém do Pará ou na Festa de Iemanjá em 
Salvador, na Bahia. 
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO/PM 
POLICIAMENTO EM GRANDES EVENTOS 
 
7 
As artes no Brasil também sofreram influência 
direta desses três povos: europeu, africano e 
americano pré-colombiano. O carnaval, expressão 
maior do samba. A capoeira, o Bumba Meu Boi, as 
quadrilhas juninas, enfim, tudo é fruto da miscigenação 
dos povos e suas culturas a que foi submetido o povo 
brasileiro. 
Finalmente, o futebol, esporte bretão que 
encontrou no nosso país um terreno fértil ao plantio e 
cultivo dessa atividade que é, sem dúvida nenhuma, a 
maior e mais festejada manifestação esportiva do 
mundo. 
Em se tratando de grandes eventos no Brasil, 
não é incorreto afirmar que os eventos a seguir podem 
ser considerados ‘marcos’ no calendário brasileiro, 
porquanto são os tidos como os maiores e mais 
emblemáticos de seus gêneros, haja vista serem 
inéditos: 
 Evento esportivo: 1950 – Copa do Mundo de 
Futebol; 
 Evento religioso: 1980 – Visita do Papa João 
Paulo II; 
 Evento artístico: 1985 – Rock In Rio. 
 Evento esportivo: 2016 – XXXI Jogos 
Olímpicos de Verão (Rio de Janeiro). 
 
Tem-se, que os carnavais do Rio de Janeiro e 
Bahia estão entre os maiores festejos populares do 
mundo, mas a primeira edição do Rock In Rio, em 
janeiro de 1985, constituiu um marco na realização de 
grandes eventos no Brasil, pela quantidade e 
diversidade de artistas presentes ao festival, além da 
gigantesca estrutura montada e da multidão de fãs que 
estiveram presentes aos shows. 
Outro grande evento marcante foram os Jogos 
Olímpicos de Verão 2016, os primeiros realizados na 
América do Sul, no Rio de Janeiro. A cerimônia de 
abertura foi vista por aproximadamente 4,5 bilhões de 
pessoas no mundo todo, participaram cerca de 10.700 
atletas de 205 nações. 
 
 
1.1.3 No Ceará 
 
No Brasil, o Estado do Ceará tem apresentado 
destaque positivo no calendário de comemorações, 
sejam religiosas, artísticas ou esportivas. 
Em julho de 1980, durante a visita do Papa João 
Paulo II ao Brasil, Sua Santidade visitou a capital 
cearense, e o Estádio Castelão que ainda não tinha 
chegado à sua primeira década de vida, recebeu aquele 
que é considerado, ainda hoje, o seu maior público: 
120.000 pessoas. 
Na década seguinte, no início dos anos 90, 
Fortaleza passou a promover um dos maiores carnavais 
fora de época do Brasil: o Fortal, como é conhecida 
essa micareta. É realizado sempre no último fim de 
semana do mês de julho, numa despedida festiva e 
alegre das férias escolares do meio do ano. 
A capital cearense recebe milhares de foliões, 
todos ávidos pela diversão proporcionada nos três dias 
em que acontecem esse festival de música, dança, 
cores e muita alegria. 
Completando o conjunto de grandes eventos 
ocorridos no Ceará, nas últimas quatro décadas, além 
da visita do Papa João Paulo II e do Fortal, Fortaleza 
também promoveu jogos das duas maiores 
competições futebolísticas do planeta: Copa das 
Confederações Brasil 2013 e Copa do Mundo Brasil 
2014, sendo, ambos, eventos da FIFA, que é a maior 
entidade do futebol no mundo todo. 
Para se ter uma noção exata da importância da 
capital cearense nesse contexto, basta que se diga que 
nos anos de 2013 e 2014, pelos gramados do Estádio 
Castelão desfilaram nada menos do que dezesseis (16) 
títulos mundiais, dos vinte (20) já disputados até hoje, 
representados pelas seguintes seleções, das quais, as 
quatro últimas campeãs mundiais: Alemanha com 4 
títulos (campeã em 2014); Espanha com 1 título 
(campeã em 2010); Itália com 4 títulos (campeã em 
2006); Brasil com 5 títulos (campeã em 2002); e 
Uruguai com 2 títulos. 
De todas as seleções campeãs mundiais de 
futebol até hoje, apenas Inglaterra, Argentina e França 
não visitaram a capital cearense. 
 
1.2 Evento e Grande Evento: Conceitos 
 
Segundo Zanella (2006 apud Santos e Sousa, 
2012) “evento é uma concentração ou reunião formal 
e solene de pessoas e/ou entidades realizada em data 
e local especial, com objetivo de celebrar 
acontecimentos importantes e significativos, podendo 
ser classificados de diversos modos: comerciais, 
culturais, esportivos, religiosos, artísticos, familiares, 
científicos etc”. 
O Manual de Policiamento em Eventos (M-10-
PM) da PMESP define como evento as atividades de 
lazer ou acontecimentos que geram multidões, por 
qualquer meio e para fins esportivos, sociais, cívicos, 
políticos ou religiosos, os quais são realizados em vias 
públicas ou em áreas internas, públicas ou privadas, e 
causam reflexos na mobilidade urbana, na segurança 
do sistema viário e na ordem pública. 
A Secretaria Extraordinária de Segurança Para 
Grandes Eventos - SESGE, órgão do Ministério da 
Justiça, por sua vez, por conta da realização da Copa do 
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO/PM 
POLICIAMENTO EM GRANDES EVENTOS 
 
8 
Mundo FIFA Brasil 2014, elaborou o ‘Plano Tático 
Integrado de Segurança’, segundo o qual “A 
identificação e a caracterização de um evento como 
‘grande evento’ requer que ele possua atributos 
específicos que o façam ser destaque e referência local 
e/ou global e na mídia.” 
 
1.3 Características de um Grande Evento 
 
De acordo com a o M-10-PM, Os Grandes 
Eventos são caracterizados por possuírem locais, 
horários de ocorrência e características operacionais 
conhecidas, fatores estes que os diferenciam dos 
eventos emergenciais e catastróficos. Os Grandes 
Eventos também se caracterizam segundo este 
manual: 
 pelos impactos urbanos, pois alteram o 
cenário arquitetônico, a infraestrutura, o 
sistema de transporte e trânsito, os fluxos, a 
mobilidade e a acessibilidade (Carvalho et al., 
2012); 
 pelo significado histórico, político e de 
popularidade; 
 pela ampla cobertura dos meios de 
divulgação e/ou presença de meios 
internacionais de divulgação; 
 pela participação de cidadãos de 
diferentes países e/ou grupos-alvo; 
 pela participação de VIP e dignitários; 
 pelo elevado número de pessoas; 
 por possuir um potencial de ameaças, 
podendo exigir cooperação e assistência 
internacionais (EU SEC, 2008). 
 
 
1.4 Classificação dos Eventos e dos Grandes 
Eventos 
 
1.4.1 Quanto à Categoria 
 
O plano da Secretaria Extraordinária de 
Segurança Para Grandes Eventos – SESGE traz uma 
classificação dos grandes eventos em categorias ou 
tipos, segundo o quadro abaixo: 
 
 
 
CATEGORIA EXEMPLOS 
PÚBLICO 
ALVO 
POLÍTICO 
Assembléia Geral da ONU Chefes de 
Estado, 
Governantes 
Internaciona
Conferência do G8 e do G20 
Conferência da OTAN, OMC 
Conferência Ambiental is e afins 
ECONÔMICO 
Convenções Organizador
es, 
empresários 
e afins 
Feira de Negócios, diversas 
ESPORTIVO 
Copa do Mundo de FutebolChefes de 
Estado, 
autoridades, 
organizador
es, atletas, 
turistas, 
população 
local 
Jogos Olímpicos 
Campeonatos Internacionais e 
Nacionais 
Jogos Pan-Americanos 
COMEMORA
TIVO 
Festivais 
Organizador
es, turistas e 
afins 
Religiosos 
Culturais 
NATURAIS 
Terremotos, tsunami População 
local, 
turistas e 
afins 
Enchentes, desabamentos 
EXTRAORDI
NÁRIO 
Negociações de Paz Chefes de 
Estado e 
Governantes 
Interacionais 
Reuniões internacionais 
diversas 
Quadro 2: Categorias de um Grande Evento 
Fonte: Plano Tático Integrado de Segurança Para a Copa do Mundo 
FIFA Brasil 2014/SESGE/MJ. 
 
Dentre os vários tipos de grandes eventos, este 
estudo tratará principalmente dos dois mais 
significativos, porquanto mais recorrentes, a saber: 
esportivos e comemorativos. 
 
1.4.1.1 Eventos Esportivos 
 
Caracterizam-se pela realização de jogos com 
grande poder de atração de público, como no caso dos 
Campeonatos de Futebol Profissional ou do Circuito 
Brasileiro de Vôlei de Praia. No Brasil: Em razão da 
paixão dos brasileiros por futebol, os jogos do 
Campeonato Brasileiro de Futebol Profissional, acabam 
constituindo o maior e mais bem acabado exemplo de 
grande evento esportivo no país. 
 
1.4.1.2 Eventos Comemorativos 
 
Presta-se a celebrar uma data ou um fato 
histórico/tradicional, homenagear personagens 
histórico/folclóricos, ou, simplesmente, festejar um 
acontecimento que, por sua importância e impacto na 
sociedade, tornam-se merecedores de festas e 
homenagens diversas. 
 
1.4.1.2.1 Eventos Festivos -*-/Culturais 
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE 
Curso de Formação Profissional para a Carreira de Oficiais Policiais Militares - CFPCO/PM 
POLICIAMENTO EM GRANDES EVENTOS 
 
9 
 
São espetáculos protagonizados por artistas 
reconhecidos do público nas suas respectivas áreas de 
atuação, seja a música, a dança ou o teatro. 
 
 No Brasil: O maior evento festivo do país é o 
carnaval. Durante três dias o país para e comemora 
essa data, com a realização de inúmeras festas em 
todo o território nacional. 
 No Ceará: Além do carnaval, que é uma festa 
nacional, o estado também conta com outros grandes 
eventos festivos ou culturais, como, por exemplo, o 
Fortal, que é considerado um dos maiores ‘carnavais 
fora de época’ (micareta) do país. 
 
1.4.1.2.2 Eventos Religiosos 
 
São aqueles cujos atrativos para os participantes 
estão alicerçados na fé. 
 
 No Brasil, como visto anteriormente, a 
realização de eventos religiosos encontra raízes na 
colonização do país, com o encontro do povo nativo 
(índio) com o africano e o europeu, numa mistura de 
crenças que continham elementos tão diferentes 
quanto ‘os deuses da floresta’, os ‘orixás’ e os ‘santos 
católicos’. 
 
 No Ceará, partir da morte do Padre Cícero 
Romão Batista, ainda na primeira metade do século 
passado, a figura do ‘Padim Ciço’ constituiu a força 
motriz do desenvolvimento do município de Juazeiro 
do Norte, cuja economia local ainda hoje sofre grande 
influência das romarias ocorridas em torno da fé no 
Padre Cícero. 
Eventos de natureza política também requerem 
a presença de um policiamento de eventos. Contudo, 
dada a presença de várias forças de segurança 
trabalhando com as autoridades protagonistas, e à 
restrição de acesso aos locais onde se dão as reuniões 
e encontros, cabe ao policiamento de eventos reforçar 
a segurança nas imediações dos acessos, evitando o 
fluxo de pessoas não autorizadas no local. 
 
1.4.2 Quanto à Quantidade de Público Presente 
 
Segundo o Manual de Policiamento em 
Espetáculos Públicos, o ‘M-10-PM’, da Polícia Militar do 
Estado de São Paulo, 4ª Edição, literatura consultada e 
tomada como referência neste trabalho, os eventos 
estão assim classificados, segundo a quantidade de 
público presente. 
 
1.4.2.1 Eventos de Pequeno Porte: Até dez mil 
(10.000) espectadores. 
 
1.4.2.2 Eventos de Médio Porte: entre dez mil 
(10.000) e trinta mil (30.000) espectadores. 
 
1.4.2.3 Eventos de Grande Porte: Acima de 
trinta mil (30.000) espectadores. 
 
1.4.2.4 Eventos Clássicos: Independem do 
número de espectadores, mas está intimamente ligado 
ao grau de motivação que o espetáculo desperta no 
público, e ao momento histórico em que se dá esse 
evento, o que requer atenção e cuidados dispensados 
aos eventos de grande porte, como no caso de uma 
partida de futebol entre os times do Ceará e do 
Fortaleza, conhecida como ‘Clássico Rei’. Mesmo 
quando disputado no Estádio Presidente Vargas, cuja 
capacidade não chega a vinte mil (20.000) torcedores, 
esse evento sempre foi tratado com os cuidados 
inerentes a um evento de grande porte. 
 
1.4.3 Quanto à Área Destinada ao Público 
 
A área destinada ao público constitui um dos 
mais importantes elementos a serem levados em 
consideração, quando da elaboração de um plano de 
policiamento para um determinado evento. 
 
1.4.3.1 Evento em Área Aberta 
 
É aquele realizado em áreas que não dispõem de 
estruturas físicas que delimitem o acesso, o fluxo ou a 
permanência do público. São os logradouros públicos 
em geral, como praças, ruas e avenidas, calçadões, 
aterros etc. 
Também pode ocorrer em grandes áreas 
fechadas, cujas dimensões sejam comparáveis às de 
uma área pública aberta, como no caso do evento 
‘Queremos Deus’, realizado no ‘Condomínio Espiritual 
Uirapuru – CEU’, no bairro Dias Macedo, na capital 
cearense. 
Outro exemplo clássico de evento em área 
fechada, mas tratada como sendo uma área aberta, foi 
o famoso festival de música ‘Woodstock’, realizado em 
uma fazenda na cidade de Bethel, interior do Estado de 
Nova Iorque, nos Estados Unidos da América. 
 
 
1.4.3.2 Evento em Área Fechada 
 
É aquele realizado em ambientes cujas 
estruturas físicas delimitam o acesso, o fluxo ou a 
permanência do público. Exemplos desse tipo de 
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POLICIAMENTO EM GRANDES EVENTOS 
 
10 
eventos são os jogos realizados nos ginásios, estádios, 
ou as festas realizadas em clubes, teatros etc. São os 
mais comuns e mais recorrentes. 
 
1.5 Classificação dos Locais de Eventos Quanto 
ao Tipo de Local 
 
Ainda em relação aos tipos de locais, este 
trabalho se reporta ao Manual de Policiamento em 
Eventos, o ‘M-10-PM’, da Polícia Militar do Estado de 
São Paulo, 4ª Edição, aqui já citado, que traz outras 
classificações quanto ao local de realização dos 
eventos, conforme se vê a seguir. 
 
1.5.1 Quanto à cobertura: Cobertos; 
descobertos; cobertos em parte. 
 
1.5.2 Quanto à estrutura: De concreto; de 
madeira; de pedra; de alvenaria; metálicos; de 
combinação dos materiais citados; de outros materiais. 
 
1.5.3 Quanto ao acesso ao interior do local 
específico do espetáculo: Com ou sem túneis de 
acesso; com ou sem alambrados; com ou sem fosso; 
com ou sem entradas especiais. 
 
1.5.4 Quanto aos planos de pavimentos: De um 
só pavimento; de dois pavimentos; de três ou mais 
pavimentos. 
 
1.5.5 Quanto à propriedade: Públicos; privados. 
 
1.5.6 Quanto ao acesso de público: acesso 
gratuito, com controle por bilhetes; acesso pago; 
acesso misto, com ingressos gratuitos em parte; acesso 
gratuito, sem controle por bilhetes. 
 
1.5.7 Quanto à finalidade de uso: específicos 
para o uso a que se destinam; adaptados para outros 
tipos de uso; improvisados. 
 
1.5.8 Quanto à atividade principal a que se 
destinam: Futebol; Basquetebol; futsal; voleibol; 
handebol; Hóquei; beisebol; Shows artísticos e 
culturais; Tênis; ‘Show-ball’; Box; Artes marciais; 
Demonstrações e ginástica; Corridas de cavalos e de 
trote; Corridas de automóveis e motocicletas; Corrida 
de bicicletas; Pedestrianismo; Provas aquáticas; 
Futebol americano (rugby); Competições especiais, não 
comuns ao modo de vida local. 
 
Essas classificações não podem ser encaradas 
como definitivas, rígidas, haja vista que as 
características de cada local de eventopodem se 
apresentar como combinações ou variações destas que 
foram aqui mostradas. 
 
2. DOS ENVOLVIDOS EM UM GRANDE EVENTO 
O policiamento de eventos compreende bem 
mais do que a utilização de técnicas e táticas 
objetivando a garantia da ordem pública num local de 
espetáculo. Há muitos elementos a se considerar, 
dentre os quais destacamos como o mais importante o 
elemento ‘humano’, o que nos leva a buscar um 
correto entendimento do comportamento e das ações 
das pessoas envolvidas no evento, sejam elas os 
organizadores, os protagonistas do espetáculo, o 
público assistente ou o pessoal de serviço, para que o 
planejamento e a execução do policiamento satisfaçam 
as demandas por segurança, conforto e tranquilidade 
de todos. 
 
2.1 Organizadores ou Promotores do Evento 
 
Compreende o pessoal envolvido desde a 
concepção do projeto que visa à realização do evento, 
passando pelo planejamento, coordenação, 
organização e controle das ações levadas a termo 
antes, durante e após o evento. 
Muito embora não caiba à Polícia Militar praticar 
ingerência na organização do evento, cabe à 
corporação policial militar conhecer antecipadamente 
todos os elementos contemplados na concepção do 
projeto ou no plano de ação, os quais possam causar 
impacto na segurança do evento, a fim de opinar com 
PODER DE DECISÃO que ratifique ou retifique o que 
tiver sido discutido ou decidido, até ali, pela 
organização do evento. 
 
2.1.1 Participação/Impacto na Segurança do 
Evento 
 
São os organizadores quem primeiro cuida de 
arregimentar os meios humanos e materiais que 
possibilitarão a realização do evento. A eles cabe a 
responsabilidade de, num primeiro momento, dar 
ciência aos órgãos públicos sobre a intenção de se 
realizar um evento, informando local, data, hora, 
atrações, estimativa de público, histórico do evento e 
necessidade de policiamento, dentre outros pontos 
relevantes, tais como: 
 
 Contratação de seguranças privados e 
orientadores de público; 
 Venda de ingressos; 
 Disponibilização de equipe médica com 
profissionais em número suficiente para atender ao 
público presente; 
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11 
 Contratação de empresa responsável pela 
alimentação do público; 
 Contratação de empresa responsável pela 
limpeza do local; 
 Iluminação e sinalização do local de evento, 
principalmente aquelas referentes às saídas de 
emergência; 
 Elaboração do PLANO DE AÇÃO para o 
Evento; 
 Controle de lotação do espaço de evento; 
 Solicitação da emissão dos alvarás requeridos 
por lei para o funcionamento do evento; 
 Responsabilizar-se pelo comportamento dos 
protagonistas (objeto de cláusulas contratuais legais); 
 Tratar com os meios de circulação e 
transporte, para fins de atendimento de demandas 
extras. 
 
2.1.1.1 Em Eventos Esportivos 
 
Com o advento da Lei 10.671, de 15/05/2003, 
conhecida como Estatuto de Defesa do Torcedor, ou 
Estatuto do Torcedor, a participação dos organizadores 
desses eventos ficou bem definida, notadamente no 
que diz respeito à segurança dos torcedores, nos 
termos do artigo 14 dessa lei, conforme se vê abaixo: 
Art. 14. Sem prejuízo do disposto nos Arts. 12 a 
14 da Lei nº 8.078, de 11/09/1990, a responsabilidade 
pela segurança do torcedor em evento esportivo é da 
entidade de prática desportiva detentora do mando de 
jogo e de seus dirigentes, que deverão: 
 
I – solicitar ao Poder Público competente a 
presença de agentes públicos de segurança, 
devidamente identificados, responsáveis pela 
segurança dos torcedores dentro e fora dos estádios e 
demais locais de realização de eventos esportivos; 
II – informar imediatamente após a decisão 
acerca da realização da partida, dentre outros, aos 
órgãos públicos de segurança, transporte e higiene, os 
dados necessários à segurança da partida, 
especialmente: 
a) o local; 
b) o horário de abertura do estádio; 
c) a capacidade de público do estádio; e 
d) a expectativa de público; 
 
III – colocar à disposição do torcedor orientador 
e serviço de atendimento para que aquele encaminhe 
suas reclamações no momento da partida, em local: 
a) amplamente divulgado e de fácil acesso; e 
b) situado no estádio. 
 
2.1.1.2 Em Eventos Comemorativos (Religiosos 
ou Festivos /Artísticos) 
 
São os responsáveis pela montagem e 
desmontagem das estruturas inerentes ao evento, tais 
como palco, camarins, camarotes, arquibancadas, 
posto de comando, dentre outras que requerem 
atenção dos órgãos de segurança. 
 
Também cuidam de contratar seguranças 
privadas e orientadoras de público em números 
suficiente para atender às demandas de rotina ou 
inopinadas. 
 
2.2 Protagonistas do Espetáculo 
 
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas que 
constituam o alvo principal da atenção do público 
presente. São os artistas, jogadores, atletas, religiosos 
ou outros que, por sua participação no evento, ainda 
que de forma coadjuvante, como no caso da equipe de 
arbitragem de uma partida de futebol, atraiam sobre si 
a atenção da plateia. Em outras palavras, os 
protagonistas do espetáculo são o motivo real da 
presença do público no evento. 
 
2.2.1 Participação/Impacto na Segurança do 
Evento 
 
Como dito anteriormente, os protagonistas são o 
motivo de o público comparecer ao evento. Desse 
modo, a sua participação é, indiscutivelmente, a razão 
de ser do espetáculo. 
Os protagonistas constituem um elemento 
importantíssimo na segurança do evento, uma vez que 
sua atuação antes ou, principalmente, durante o 
espetáculo pode contribuir sobremaneira para 
desdobramentos prejudiciais à segurança do evento. 
Muitos são os exemplos de protagonistas que, 
valendo-se de sua posição de destaque, extrapolam o 
seu mister de entreter ou distrair a massa, levando as 
pessoas na assistência a reagirem de modo extremo e 
arriscado, algumas vezes desencadeando uma ação 
generalizada do público até mesmo contra o 
policiamento. 
A seguir, algumas considerações sobre como a 
ação dos protagonistas pode influenciar diretamente 
nas ações de segurança, principalmente na execução 
do policiamento, seja para o bem ou o mal estar dos 
envolvidos no evento. 
 
2.2.1.1 Em Eventos Religiosos 
 
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12 
O apelo à emoção dos fiéis pode ser um fator de 
risco à segurança de um evento. Para tanto, basta que 
o protagonista faça declarações polêmicas ou instigue, 
de algum modo, os fiéis a praticarem atos que ponham 
em risco a segurança das pessoas. 
 
2.2.1.2 Em Eventos Artísticos 
 
Não é raro acontecer de artistas famosos 
valerem-se de sua condição de protagonista principal 
do espetáculo e, contrariando as regras de segurança 
ou a lei, em alguns casos, insultar as forças de 
segurança pública ou privada e incitar a massa, 
provocando manifestações ofensivas ou violentas 
contra a segurança privada ou o policiamento presente 
no local. 
Artistas que se jogam do palco para a plateia 
também constituem fator de preocupação para o 
policiamento, por conta dos riscos a que estão se auto 
impondo os protagonistas. 
 
2.2.1.3 Em Eventos Esportivos 
 
Não é raro acontecer de um protagonista em um 
evento esportivo interagir com os outros envolvidos, a 
ponto de provocar reações que mobilizem a força 
policial para evitar riscos à segurança do evento. 
Na hora em que marcam um gol, por exemplo, 
há jogadores que optam por ofender a torcida 
adversária, fazendo gestos provocativos. Há ainda os 
que jogam a camisa para a torcida, fazendo com que 
muitos torcedores se arrisquem junto aos fossos ou 
muretas de proteção. 
Nesse último caso, havendo um acidente 
provocado pela atitude do jogador, o protagonista 
pode ser responsabilizado? 
Nessa situação, quais procedimentosdevem ser 
adotados pelos agentes de segurança, notadamente os 
policiais militares, para evitar que ou os atletas não 
interajam com os torcedores dessa maneira, ou os 
torcedores não se comprimam junto à barreira física? 
Essas são indagações muito pertinentes e que 
não são tão fáceis de responder. Por agora, deixaremos 
as questões ‘no ar’, para serem respondidas mais 
adiante, quando formos falar sobre a legislação 
aplicada aos grandes eventos e, também, do 
planejamento operacional e das táticas e técnicas 
aplicadas a um grande evento. 
Há, ainda, as situações de brigas entre jogadores 
ou comissões técnicas. Felizmente, já não são mais tão 
comuns quanto ha uma década. Contudo, briga entre 
os jogadores ainda é capaz de ‘inflamar’ os ânimos 
entre os torcedores ou entre membros das delegações, 
o que constitui um risco para a segurança do evento, 
porquanto, nesse momento, além das próprias lesões 
mútuas que podem ser causadas pelos protagonistas, 
alguns torcedores podem se sentirem encorajados a 
invadir locais de acesso proibido, como a área de 
competição e o próprio campo de jogo. 
 
2.3 Protagonistas Secundários 
 
São aqueles que têm uma função definida junto 
aos protagonistas principais, e também podem vir a ser 
o centro das atenções, ainda que temporariamente, 
haja vista que interagem diretamente no evento por 
serem essenciais ao bom andamento do espetáculo. 
É o caso dos árbitros que, durante o desenrolar 
do seu trabalho, podem vir a desencadear nos 
protagonistas ou no público assistente um sentimento 
de raiva e agressividade catalisadora de atos de 
violência. 
Os locutores de rodeio, locutores de estádios, as 
animadoras de torcida, assim como os ‘apanhadores 
de bola’ (gandulas) também estão na condição de 
protagonistas secundários, pois desenvolvem seus 
trabalhos dentro da área de competição, muito 
próximo dos jogadores e podem acabar interagindo de 
modo decisivo numa partida de futebol. 
 
 
2.4 Pessoal de Serviço 
 
São os profissionais envolvidos na execução das 
‘ações de bastidores’ durante a realização do evento e 
imediatamente após o término deste. A relação desses 
profissionais, suas qualificações e quantitativo, podem 
variar de acordo com o tipo de evento, o local onde 
será realizado, o protagonista principal e a quantidade 
de público estimada, o que fica definido, normalmente, 
no Plano de Ação feito pela organização e apreciado 
antecipadamente pelos órgãos de segurança pública. 
 
2.4.1 Participação/Impacto na Segurança do 
Evento 
 
Este trabalho não contemplará todos os 
componentes possíveis de serviço em um evento, mas 
somente aqueles que, por sua qualificação e 
responsabilidade, executam atividades que impactam 
na segurança do evento, e que, independentemente 
do tipo de evento, têm atribuições iguais ou similares 
durante o espetáculo. 
 
2.4.1.1 Polícia Militar 
 
O trabalho da Polícia Militar varia de acordo com 
o tipo de evento. Contudo, o mister constitucional 
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13 
desse órgão de segurança pública não pode sofrer 
qualquer tipo de intervenção que diminua ou impeça o 
pleno exercício de suas atribuições legais. 
Assim, em eventos como ‘apresentações de 
artistas ou religiosos famosos’, em que o ânimo do 
público é, em tese, pacífico e ordeiro, o policiamento 
quase sempre se restringe a patrulhar o entorno da 
multidão, fazendo incursões esporádicas em meio à 
massa, a fim de impedir a ação de delinquentes que se 
aproveitam dos momentos de distração das pessoas. 
Por outro lado, em eventos como o ‘Clássico 
Rei’, partida de futebol disputada entre os times do 
Ceará e do Fortaleza, a atuação da Polícia Militar é bem 
mais incisiva e rigorosa. Nesses casos, abordagens a 
pessoa ou grupo de pessoas, prisões e ações de 
controle de distúrbio civil são comuns e recorrentes, 
por conta do comportamento agressivo, violento e, 
muitas vezes, criminoso de certos grupos de pessoas 
que vão ao estádio, como os membros das torcidas 
organizadas. 
 
2.4.1.2 Segurança Privada 
 
De acordo com o Decreto Federal Nº 89.056, de 
24/11/1983, 
Art. 30. São considerados como segurança 
privada as atividades desenvolvidas em prestação de 
serviços com a finalidade de: 
I - proceder à vigilância patrimonial das 
instituições financeiras e de outros estabelecimentos, 
públicos ou privados, e à segurança de pessoas físicas; 
O Departamento de Polícia Federal, através da 
Portaria nº 3.233/2012-DG/DPF, de 10/12/2012, assim 
se pronuncia em relação à atividade de segurança 
privada: 
Art. 19. A atividade de vigilância patrimonial em 
grandes eventos, assim considerados aqueles 
realizados em estádios, ginásios ou outros eventos com 
público superior a três mil pessoas deverão ser 
prestadas por vigilantes especialmente habilitados. 
Parágrafo único. A habilitação especial referida 
no caput corresponderá ao curso de extensão em 
segurança para grandes eventos, ministrado por 
empresas de cursos de formação de vigilantes, em 
conformidade ao disposto nesta Portaria. 
... 
Art. 156. São curso de formação, extensão e 
reciclagem: 
... 
XI - curso de extensão em segurança para 
grandes eventos (Anexo XI). 
 
2.4.1.3 Orientadores de Público 
 
Pode-se dizer que o conceito de ‘orientadores’ é 
relativamente novo no Brasil. Foi a partir do advento 
do Estatuto de Defesa do Torcedor que esse tipo de 
profissional ganhou mais espaço nos eventos, embora 
se saiba que os orientadores não trabalham somente 
em eventos esportivos. 
Sua atuação é de fundamental importância em 
ambientes com grande número de pessoas, de tal sorte 
que as orientações prestadas por esses profissionais 
podem impactar significativamente no bem estar do 
público, trazendo-lhe comodidade e segurança, ou, ao 
contrário, gerando risco à integridade física das 
pessoas. 
Com a escolha do Brasil para sediar os dois 
eventos futebolísticos mais importantes envolvendo 
seleções mundiais, a saber, a Copa das Confederações 
Brasil 2013 e a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014, eis 
que surge um novo e importantíssimo personagem no 
contexto ‘segurança de grandes eventos’: o ‘steward’, 
cujo conceito pode ser assim entendido, a partir de 
uma tradução livre do texto constante do dicionário 
‘Cambridge Advanced Learner’s Dictionary’, 3ª Edição: 
“Pessoa responsável por atender ao público de um 
evento, providenciando serviços e cuidados que 
garantam às pessoas o conforto e a segurança 
devidas.” 
Em termos mais específicos, a atuação dos 
orientadores de público (stewards), em qualquer tipo 
de evento, pode ser mais bem esclarecida a partir do 
texto constante do Plano Tático Integrado de 
Segurança Pública Para Copa do Mundo 2014, 
documento da Secretaria Extraordinária de Segurança 
para Grandes Eventos – SESGE, no seu item ‘6’, que 
trata da ‘Visão Geral da Operação de Segurança’, 
subitem ‘6.15’, que trata dos ‘Stewards’, tudo nos 
seguintes termos. 
Aos novos atores que alteram o conceito e o 
processo de segurança conhecido em eventos de 
futebol no Brasil, incumbe reforçar a política de 
segurança do estádio, através das seguintes 
atribuições: 
1) Atuar na organização e orientação ao público, 
prevenção e gerenciamento de conflitos; 
2) Facilitar a atuação das forças públicas de 
segurança; 
3) Exercer o controle de acesso ao estádio e 
orientar os espectadores adentrando, saindo ou ao 
redor do estádio, facilitando o fluxo de pessoas; 
4) Garantir que os espectadores ocupem os 
assentos de acordo com seus ingressos, assegurar que 
todos os pontos de entrada e de saída, incluindo todas 
as saídas e rotas de emergência, permaneçam 
desobstruídas; 
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14 
5) Proteger jogadores e funcionáriosao entrar, 
sair, ou enquanto se encontram no campo de jogo; 
6) Reconhecer as condições da multidão, 
garantir a dispersão segura dos espectadores e evitar 
superlotação; 
7) Fornecer primeiros socorros; 
8) Responder a incidentes e emergências, ativar 
alarmes e tomar as medidas imediatas necessárias, de 
acordo com o plano de contingência e emergência do 
estádio. 
Os Stewards deverão ser posicionados em torno 
ao campo de jogo, inclusive para prevenir e responder 
à intrusão, sem que isto signifique exclusão das forças 
públicas de segurança. Os stewards não utilizarão 
armas de fogo ou menos do que letais, armas ou 
lançadores de gás ou sprays para controle de 
distúrbios, bem como não utilizarão coletes táticos, 
capacetes ou escudos. 
Como bem se vê a palavra ‘jogadores’ pode 
perfeitamente ser substituída por ‘artistas’, ‘músicos’, 
‘religiosos’ ou ‘políticos’, de tal modo que a atuação 
dos orientadores (stewards) em eventos esportivos, 
artísticos ou religiosos é rigorosamente a mesma: “1) 
Atuar na organização e orientação ao público, 
prevenção e gerenciamento de conflitos; 2) Facilitar a 
atuação das forças públicas de segurança.” 
 
2.4.1.4 Profissionais de Outros Órgãos Públicos 
 
A realização de um grande evento passa, 
invariavelmente, por uma reunião na qual são 
discutidos todos os pontos que envolvem a segurança 
no local. Um desses pontos é a instalação de um ‘Posto 
de Comando’, ou ‘Central de Comando’, onde ficam 
posicionados os órgãos de segurança pública e, em 
alguns casos, órgãos do Poder Judiciário. 
Assim acontece em eventos como o ‘Réveillon 
do Aterro da Praia de Iracema’, o ‘Fortal’ e a 
‘Expocrato’, para ficarmo-nos mais conhecidos no 
Ceará. 
Com isso, quase sempre, órgãos como a Polícia 
Civil, o Corpo de Bombeiros, a Guarda Municipal, o 
Juizado da Infância e da Juventude, além dos órgãos de 
socorro de urgência, mantém profissionais no posto de 
comando, prontos para atenderem às demandas 
inerentes às suas respectivas competências legais. 
 
2.4.1.4.1 Diferença de atuação das Forças 
Públicas e Privadas 
 
Mesmo com toda a riqueza de informações 
acerca da função de cada uma das forças de segurança, 
sejam elas públicas ou privadas, alguns 
profissionais/gestores/organizadores de eventos ainda 
debatem e questionam qual o real limite e as funções 
de cada uma das delas. Para ajudar a definir estas 
atribuições o Ministério dos Esportes lançou em 2016 o 
MARCO DE SEGURANÇA NO FUTEBOL, GUIA DE 
RECOMENDAÇÕES PARA ATUAÇÃO DAS FORÇAS DE 
SEGURANÇA PÚBLICA EM PRAÇAS DESPORTIVAS, que 
faz a seguinte diferenciação na atuação das forças de 
segurança: 
 
 Primeiro nível 
Refere-se à orientação inicial e direcionamento de 
público, prevenção e ações que não resultem em 
necessidade de contato físico e preferencialmente 
deverá ficar a cargo dos agentes de segurança 
privados, cabendo às forças de segurança pública a 
atuação nesse nível por demanda. É razoável a 
hipótese de intervenção direta das forças de segurança 
pública, se verificadas situações e circunstâncias que 
exijam a intervenção imediata. 
 
 Segundo nível 
Corresponde às intervenções das forças de segurança 
pública, quando esgotada a capacidade ou poder de 
agir dos agentes de segurança privada, observando o 
uso seletivo da força e a dosimetria na resolução de 
cada problema apresentado. Neste nível, as ações 
policiais serão desenvolvidas de forma altamente 
ostensiva, empregando todos os meios operacionais 
disponíveis para que o policiamento seja atuante e 
visto em todos os deslocamentos, percursos e locais de 
concentração de público, sem grande interferência nos 
deslocamentos ou comemorações, com foco precípuo 
na detecção de ilícitos. 
 
 Terceiro nível 
Corresponde às intervenções policiais que exijam o 
emprego de forças especiais, de acordo com a 
necessidade apresentada, quando extrapoladas a 
capacidade ou poder dos policiais empregados na 
atividade convencional. 
 
 
2.4.1.5 Outros Profissionais 
 
Em Fortaleza-CE, foi sancionada a Lei nº 9.477, 
de 9/04/2009, que faz referência à venda e ao 
consumo de bebidas alcoólicas no entorno dos 
estádios e ginásios desportivos, em dias de jogos, 
ressaltando-se a participação dos fiscais das Secretarias 
Executivas Regionais, órgãos da Prefeitura Municipal 
de Fortaleza, na fiscalização do cumprimento da lei, 
com o apoio da Guarda Municipal de Fortaleza e da 
Polícia Militar, tudo nos seguintes termos: 
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15 
Art. 8º - Fica proibida a venda e o consumo de 
bebidas alcoólicas, em dias de jogos, no entorno dos 
estádios de futebol e ginásios esportivos localizados no 
Município de Fortaleza. 
Parágrafo Único - A proibição de que trata a 
caput dar-se-á das 3 (três) horas que antecedem o 
início do jogo até 1 (uma) hora após seu término, num 
raio de distância de 100,00m (cem metros) dos limites 
dos estádios e ginásios. (FORTALEZA, 2009) 
... 
Art. 10... 
§ 2º A fiscalização do cumprimento das normas 
desta lei será exercida pela Administração Municipal, 
através de suas Secretarias Executivas Regionais (SER) 
e da Guarda Municipal de Fortaleza, com a 
participação dos órgãos de segurança pública do 
Governo do Estado do Ceará. DESTACOU-SE 
Os órgãos de trânsito e de mobilidade urbana 
também fazem parte do ‘colegiado’ que desenvolvem 
ações impactantes na realização de um grande evento. 
Seus respectivos planos de operações contemplam 
ações que causam impacto significativo em 
determinados grupos de pessoas, as quais, embora não 
necessariamente interessadas no evento, têm suas 
rotinas fortemente alteradas pela realização do 
espetáculo. 
 
2.4.1.6 Imprensa 
 
Cuida de coletar todas as informações possíveis 
e necessárias a respeito do evento, com o fim de 
repassá-las ao público. A imprensa, nesse sentido, 
constitui uma importante ferramenta para repassar às 
pessoas interessadas dados importantes como locais, 
datas, horas e preços do ingresso do evento, além de 
informar a respeito de alterações no trânsito e na 
mobilidade urbana que possam alterar a rotina da 
vizinhança, onde ocorrerá o evento, como veste 
anteriormente, na questão que trata dos órgãos de 
trânsito e mobilidade urbana. 
 
2.4.1.6.1 Relacionamento Polícia Militar & 
Imprensa 
 
A despeito das dificuldades encontradas pelos 
órgãos policiais no trato com a imprensa em algumas 
situações, é certo que polícia militar e imprensa são 
atores importantes e essenciais dentro do grupo que 
compõe o ‘pessoal de serviço’ em um grande evento, 
sendo salutar e essencial para a segurança de todos 
que esses dois atores atuem em conjunto, respeitando-
se, obviamente, a esfera de atribuição de cada um. 
Para que haja um bom relacionamento da polícia 
militar com a imprensa nos serviços em grandes 
eventos, necessário se faz, dentre outras coisas, que se 
conheça e entenda o papel da imprensa, o que pode 
ser conseguido a partir de contatos prévios que criem 
um vínculo de confiança entre esses dois atores, 
situação essa que é benéfica e que gera bons 
resultados para a segurança dos grandes eventos. 
 
2.4.1.6.2 Papel da Imprensa 
 
O papel da imprensa, em resumo, é transmitir 
informações ao público. Ocorre que, para tanto, 
algumas vezes, o profissional de imprensa assume 
posição dentro do teatro de operações que coloca em 
risco sua própria integridade física. Exemplo recente 
dessa situação é a morte do cinegrafista da Rede 
Bandeirante, no ano de 2013. 
Outro caso foi o que aconteceu durante os 
confrontos entre as forças de segurança pública e os 
manifestantes ‘blackblocs’ em junho de 2013, aqui em 
Fortaleza. Durante uma manifestação no início da 
Avenida Alberto Craveiro, repórteres cinematográficos 
procuraram abrigo em uma casa de sobrado a qual 
também servia de abrigo para os manifestantes. De lá 
eram jogadas bombas caseiras contra os policiais,os 
quais usaram munição química para retirar os 
manifestantes da casa. Ocorre que os gases também 
atingiram os profissionais da imprensa, em virtude de 
eles terem assumido posição junto dos manifestantes. 
Em outros casos, a dinâmica de trabalho dos dois 
atores, polícia militar e imprensa, acaba criando um 
antagonismo desnecessário no local do evento, por 
vezes fruto de vaidades ou do desconhecimento mútuo 
do mister de cada um dos atores, levando a uma 
antipatia recíproca que pode resultar em confrontos 
verbais ou físicos, os quais, uma vez ocorridos, são 
amplamente divulgados pelos meios de comunicação, 
representando prejuízos significativos à imagem da 
Corporação Policial Militar. 
Tal situação pode ser mitigada ou anulada a 
partir de coletivas de imprensa, em que se discutam o 
roteiro das ações de segurança no teatro de 
operações, não necessariamente em sua totalidade ou 
com riqueza de detalhes, posto que haja dados 
confidenciais que devem ser restritos aos integrantes 
da segurança pública, de tal maneira que se 
esclareçam pontos de interesse comum a esses 
envolvidos no evento, como, por exemplo, a definição 
de áreas de acesso, fluxo ou permanência proibidas 
durante a atuação da polícia militar. 
 
2.4.1.6.3 Legislação Pertinente à Imprensa 
 
 Abaixo estão elencados alguns dispositivos 
legais pertinentes à atividade de imprensa no Brasil. 
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16 
 Art. 5o da CF/88 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação 
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional; 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos 
públicos informações de seu interesse particular, ou de 
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no 
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas 
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da 
sociedade e do Estado; 
Direito Honra, de Imagem e de Marca, Incisos X 
e XXIX do Artigo 5º da CF/88; 
 Lei n° 5.250/67 Lei de Imprensa. 
 
2.4.1.6.4 Montagem da Pauta 
Para conseguir se organizar diante da 
quantidade de assuntos a serem noticiados, os 
profissionais de imprensa precisam montar uma pauta 
com prioridades dentro de suas linhas de trabalho. A 
polícia militar, nesse contexto, pode contribuir 
sugerindo assuntos para a pauta, apresentando-lhes 
temas relevantes e de interesse da população, tais 
como: 
 Local/Data/Hora do evento; 
 Hora de abertura dos portões; 
 Melhor itinerário até o local do evento; 
 Locais de venda dos ingressos. 
 Classificação etária; 
 Objetos ou substâncias de acesso proibido 
nos eventos; 
 Local de acesso das torcidas no 
estádio/ginásio. Isso previne contra o encontro de 
torcedores com histórico de animosidade ou violência; 
 Resultados da operação desenvolvida no 
evento; 
 Direito de resposta; 
 Outras informações. 
 
2.5 Público 
 
Trata-se do elemento envolvido no evento que 
merece maior atenção neste estudo, uma vez que o 
desenvolvimento das ações policiais no local pode 
variar de acordo com o comportamento e atos 
praticados antes, durante e logo após o evento. 
O público que comparece a um evento, seja ele 
de grande, médio ou de pequeno porte, certamente o 
faz em busca de satisfação quanto ao lazer, ao 
sentimento de fazer parte de um grupo, ou, 
simplesmente, por curiosidade. Tal satisfação faz parte 
de algo maior, mais complexo e que tem definido o 
comportamento das pessoas que compõem a plateia 
de um grande evento, que é o ciclo motivacional, 
objeto de nosso estudo nos capítulos seguintes. 
 
3. A PSICOLOGIA DAS MASSAS APLICADA AO 
POLICIAMENTO DE GRANDES EVENTOS 
 
O estudo do comportamento das massas passa, 
invariavelmente, pelo entendimento do que seja o 
ciclo motivacional, cuja ocorrência se dá a partir da 
quebra da homeostase, ou homeostasia, termo 
cunhado em 1929 pelo fisiologista norte americano 
Walter B. Cannon, que vem a ser a capacidade que o 
corpo humano tende manter estáveis as condições 
internas do organismo face às contínuas alterações do 
meio exterior. 
Muito embora esteja fortemente relacionado ao 
termo ‘equilíbrio’, como se tratando de algo parado ou 
inalterado, a homeostase não é uma situação estática, 
ela varia dentro de limites precisos e ajustados, 
constituindo um equilíbrio buscado por todos os 
mecanismos vivos, por mais variados que sejam 
segundo ensinou em 1859 o fisiologista francês Claude 
Bernard. 
É a quebra desse sentimento de equilíbrio que 
dá início ao ciclo motivacional, a partir do surgimento 
de uma necessidade, força dinâmica que persiste e 
provoca o comportamento humano a buscar restaurar 
a homeostase perdida. 
 
3.1 Ciclo Motivacional 
 
Trata-se de um sistema composto por elementos 
cuja existência motiva o surgimento de outros 
elementos, os quais se interligam criando um ciclo, 
cujo objetivo é manter o organismo humano em um 
estado dinâmico de equilíbrio, através de variações das 
condições internas da pessoa, como resposta aos 
estímulos externos responsáveis pela quebra da 
homeostase. 
 
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17 
 
Figura 1: Fases do ciclo motivacional. 
Fonte: O conteudista. 
 
Ocorre que a necessidade nem sempre pode ser 
satisfeita. Por vezes ela é frustrada, o que faz com que 
a tensão criada pela necessidade não seja liberada. 
Diante desse quadro de represamento da tensão no 
organismo, este, naturalmente, procura uma saída que 
reconduza à homeostase, valendo-se da via 
psicológica, através de demonstrações de 
agressividade, descontentamento, apatia, tensão 
emocional ou indiferença, ou da via fisiológica, por 
meio de tensão nervosa, insônia, repercussões 
cardíacas ou digestivas. 
Pode acontecer, ainda, de a necessidade não ser 
nem satisfeita nem frustrada, mas transferida ou 
compensada, o que ocorre quando a frustração 
causada pelo insucesso de satisfazer a necessidade 
inicial é reduzida ou aplacada pela satisfação de uma 
outra necessidade. 
Desse modo, o ciclo motivacional passa a 
mostrar a seguinte configuração: 
 
 
ESTADO DE 
EQUILÍBRIO 
 
 
 
 
 
 
 COMPENSAÇÃO 
 
ESTÍMULO 
(Incentivo) 
 
 
CICLO MOTIVACIONAL 
(Com frustração) 
 
OUTRO COMPORTAMENTO 
DERIVATIVO 
NECESSIDADE 
 
 
FRUSTRAÇÃO BARREIRA TENSÃO 
 
 
 
Figura 2: Configuração do ciclo motivacional. 
Fonte: O conteudista. 
 
3.2 A Teoria a Respeito da Hierarquia das 
Necessidades Humanas 
 
Ainda na primeira metade do século passado, o 
psicólogo norte americano Abraham Maslow 
desenvolveu um trabalho de pesquisa que resultou na 
sua mais famosa obra sobre motivação humana: ‘A 
Teoria a Respeito da Hierarquia das Necessidades 
Humanas’. 
Também conhecida como ‘Pirâmide de Maslow’, 
essa teoria é uma divisão hierárquica proposta pelo 
psicólogo, segundo a qual as necessidades de nível 
mais baixo devem ser satisfeitas antes das 
necessidades de nível mais alto. Por esse 
entendimento, cada pessoa deve “escalar” essa 
hierarquia de necessidades para que possa atingir a 
auto realização. 
Maslow define um conjunto de cinco 
necessidades descritas na pirâmide da figura abaixo. 
 
 
Figura 3: Pirâmide de Maslow. 
Fonte: Internet. Disponível em 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/65/Hie
rarquia_das_necessidades_de_Maslow.svg/2000px-
Hierarquia_das_necessidades_de_Maslow.svg.png. Capturado em 
07/03/2015. 
Na base da pirâmide encontram-se as 
necessidades fisiológicas, que vêm a ser as mais 
básicas do ser humano, tais como a fome, a sede, o 
sono, o sexo, a excreção, a homeostase. As 
necessidades fisiológicas, segundo Maslow, devem ser 
atendidas primeiro, antes que se busque a realização 
das demais necessidades. 
As outras necessidades, por ordem hierárquica 
de‘atendimento’, são: 
 
3.1.1 Segurança, que vão da simples 
necessidade de sentir-se seguro dentro de casa a 
formas mais elaboradas de segurança como 
um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro 
de vida; 
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3.1.2 Sociais ou de Amor, afeto, afeição e 
sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou 
fazer parte de um clube; 
3.1.3 Estima que passam por duas vertentes, o 
reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o 
reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de 
adequação às funções que desempenhamos; 
3.1.4 Auto realização, em que o indivíduo 
procura tornar-se aquilo que ele pode ser:. 
 
 
Figura 4: Pirâmide de Maslow estilizada. 
Fonte: Internet. Disponível em 
http://gestaonossadecadadia.com.br/wp-
content/uploads/2013/01/Pir%C3%A2mide-de-Maslow.jpg. 
Capturado em 07/03/2015. 
 
É neste último patamar da pirâmide que Maslow 
considera que a pessoa tem que ser coerente com 
aquilo que é na realidade "... temos de ser tudo o que 
somos capazes de ser, desenvolver os nossos 
potenciais". 
 
3.3 Fatores Psicológicos do Público em um 
Grande Evento 
 
Conforme visto anteriormente, as pessoas vão a 
um grande evento em busca de satisfação quanto ao 
lazer, ao sentimento de fazer parte de um grupo, ou, 
simplesmente, por curiosidade. 
Tal satisfação faz parte de um sistema conhecido 
como ‘ciclo motivacional’, dentro do qual se encontra o 
elemento “comportamento”, que se revela através de 
certos fatores psicológicos perfeitamente notáveis nas 
pessoas presentes em um grande evento, conforme 
bem explica o Manual de Policiamento em Eventos (M-
10-PM), da Polícia Militar do Estado de São Paulo, 4ª 
Edição, já citado nesta apostila, que traz, no seu 
Capítulo II, o seguinte texto: 
 
3.4 O público 
 
1.0 - DOS FATORES PSICOLÓGICOS. 
1.1 - Considerações. 
1.1.1 - O espectador, quando envolvido numa 
massa, geralmente deixa de raciocinar e agir como 
indivíduo isolado, passando a reagir na proporção em 
que a massa reage, uma vez que sofre influências de 
fatores psicológicos, como: 
1.1.1.1 - número; 
1.1.1.2 - sugestão; 
1.1.1.3 - contágio; 
1.1.1.4 – imitação; 
1.1.1.5 - novidade; 
1.1.1.6 - anonimato; 
1.1.1.7 - expansão de emoções reprimidas; 
1.1.1.8 – sensação de impunidade. 
 
São esses fatores que passaremos a estudar, a 
partir de agora. 
 
3.3.1 Número: Inserida na massa, a pessoa 
contempla a si mesma não mais como um ente único, 
isolado e indefeso, mas como parte de um corpo maior 
e mais poderoso, capaz de impor suas vontades aos 
demais envolvidos no evento, ainda que de maneira 
moralmente repreensível ou delituosa. Quanto maior o 
número de indivíduos, maior a sensação de poder e 
segurança para o cometimento de atos lícitos ou 
ilícitos. Para minimizar a influência deste fator 
psicológico, deve-se cria setores no local do evento e 
áreas de circulação utilizando grades de balizamento 
para direcionar e dividir o público durante o acesso. 
 
3.3.2 Sugestão: O comportamento da pessoa, 
nesse caso, é fruto de uma ideia surgida de um 
indivíduo do grupo, que se propaga entre os demais, 
que a aceitam de maneira tácita e inconsciente, sem 
discussão ou contestação, como se fosse a ideia 
proposta por um líder. Podem ser positivas ou 
negativas. É assim com os cânticos, com a famosa ‘ola’ 
nas arquibancadas, com as brigas em frente ao palco 
nos shows de hard rock e, em casos extremos, com os 
confrontos com as forças de segurança. Para minimizar 
os efeitos deste fator psicológico é necessário 
orientação, fiscalização e aproximação da PM com o 
público. 
 
3.3.3 Contágio: Uma vez aceita a sugestão, a 
pessoa se torna receptiva aos estímulos vindos da 
massa, deixando-se contagiar pelo movimento 
conjunto da maioria, num processo que leva o 
indivíduo a tentar atrair novos participantes da ação, 
criando-se uma corrente de comportamentos 
idênticos, reflexo de um acatamento natural daquilo 
que está sendo feito por todo o grupo. No contágio 
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19 
não há análise ou raciocínio do comportamento 
adotado, faz-se de forma impulsiva e desapercebida, 
ao contrário do que ocorre na imitação. 
 
3.3.4 Imitação: A exemplo da ‘sugestão’ e do 
‘contágio’, e em conjunto com esses dois fatores, a 
‘imitação’ também exerce papel fundamental no 
comportamento de um indivíduo inserido numa massa. 
Ao presenciar atos praticados por um ou mais 
indivíduos, a pessoa pode sentir um desejo de imitar 
esses atos, deixando-se contagiar pela euforia, a ponto 
de abdicar de seu pudor, seus costumes ou, até 
mesmo, sua segurança e passar a fazer parte da massa 
que age irracionalmente, sem liderança ou controle. 
 
3.3.5 Novidade: Este é outro fator psicológico 
muito influente no comportamento do público em um 
grande evento. Estimulado ou confrontadas por 
circunstâncias novas e desconhecidas, o indivíduo pode 
vir a ignorar, inconscientemente, suas experiências 
passadas, reagindo de modo contrário ao que os seus 
princípios e normas de boa convivência pregam como 
solução para os problemas cotidianos. Um exemplo 
clássico é o indivíduo que tira “selfie” ao entrar em 
contato com o “novo”. 
 
3.3.6 Anonimato: Talvez seja o fator psicológico 
com maior poder de influenciar a pessoa a agir 
conforme a massa. Acobertado pelo grande número de 
pessoas que compõem o seu grupo, o indivíduo sente 
que está em uma situação ‘confortável’ no tocante à 
dificuldade de ser identificado, restando-lhe, portanto, 
uma sensação concreta de impunidade, que o encoraja 
a agir de forma irresponsável e completamente fora de 
seu padrão de preservação da autoestima. Para 
minimizar os efeitos deste fator psicológico, tanto o 
organizador do evento como a polícia militar deve usar 
de monitoramento por câmeras, fotos, patrulhas 
ostensivas e facho de luz para evitar que o indivíduo 
perca os freios morais. 
 
3.3.7 Expansão das Emoções Reprimidas: A 
necessidade de “oportunidades para se expressar”, 
muitas vezes não satisfeita no cotidiano do indivíduo, 
por conta das regras e valores éticos e morais a que ele 
está submetida, gera uma tensão que encontra na 
massa presente a um evento o ambiente propício para 
que as emoções reprimidas sejam liberadas, criando-se 
uma compensação que dá prosseguimento ao ciclo 
motivacional desse indivíduo. Pode ser percebido 
através de xingamentos, pulos, gritos, gestos ofensivos 
e caretas. 
 
3.3.8 Sensação de Impunidade: É o fator 
psicológico que gera no indivíduo a falsa impressão de 
que seus atos não terão consequências, que não 
haverá punição pelos ilícitos cometidos em meio ao 
público, e que se houver serão insignificantes. Para 
minimizar os efeitos deste fator psicológico o Policial 
Militar deverá ter “tolerância zero” com o 
cometimento de crimes e contravenções. 
 
3.4 Fatores Exógenos - Reação do Público aos 
Estímulos Externos em um Grande Evento 
 
Os fatores exógenos são estímulos externos que 
influenciam o comportamento do público tais como 
bebidas alcoólicas, drogas, fome, sede e etc. Estas 
substâncias podem gerar problemas de saúde no grupo 
como desmaio, mal súbito e confronto. 
Estudamos que os fatores psicológicos são 
capazes de levar o indivíduo a reações incomuns no dia 
a dia das pessoas que compõem o público. 
Agressividade, violência, desrespeito e euforia 
exacerbada são respostas imediatas aos estímulos 
externos vindos da massa; estímulos esses algumas 
vezes insignificantes, mas com poder de influenciar 
coletivamente um número muito grande de pessoas, 
levando-as a praticarem atos como: 
 Comportamento semelhante à histeria; 
 Provocações verbais através de ofensas; 
 Arremesso de objetos, como copos, garrafas,sacos plásticos, contendo água ou outra substância, 
tênis/sapatos; 
 Detonação de fogos de artifícios ou, em casos 
extremos, de bombas de fabricação caseira; 
 Disparo de armas de fogo. 
 
3.4.1 Fatores Ambientais 
 
 São fatores relacionados a infraestrutura física 
dos locais de eventos e a prestação do serviço. 
Ambientes, controlados, limpos, modernos e com 
tratamento adequado às pessoas fazem com que os 
indivíduos tenham um comportamento mais ordeiro. 
Prova disso são as novas arenas construídas para a 
Copa do Mundo FIFA 2014 no Brasil, apesar do 
histórico de problemas persistir, não se pode negar 
que os ambientes dos estádios estão melhores e 
proporcionando mais qualidade aos torcedores. 
 
3.4.2 Fatores Naturais 
 
 São fatores relacionados a fenômenos da 
natureza como chuva, sol, calor, frio, dentre outros, 
que geram consequências, como horário de chegada e 
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saída do público e até mesmo aglomerações e certos 
setores. 
 
 Por último é importante lembrar que os fatores 
de comportamentos psicológicos, exógenos, 
ambientais e naturais podem afetar também o Policial 
Militar de serviço, levando o mesmo a fazer uso errado 
dos equipamentos. Portanto é de suma importância 
que todo PM tenha conhecimento dos fatores para 
que saiba como lidar com eles. 
 
3.5 Classificação do Público Quanto ao 
Comportamento em um Grande Evento 
 
Classificar pessoas segundo critérios psicológicos 
pode não ser uma tarefa com cem por cento de certeza 
de acerto quanto à classificação. Contudo, os fatores 
psicológicos já estudados aqui são uma referência 
segura para o planejamento e execução do 
policiamento de um grande evento. 
Para efeitos didáticos, classificaremos o público 
em dois tipos: a) Eventual; b) Fanático. 
 
3.5.1 Público Eventual: 
 
Constitui-se de indivíduos geralmente pacatos, 
que não vão a grandes eventos com frequência. Por 
isso mesmo, desconhecem ou estranham a rotina de 
obrigações a que são submetidos, como, por exemplo, 
a relação de materiais não permitidos no interior do 
local do espetáculo ou jogo. 
Também, não se prestam a ‘idolatrar’ os 
protagonistas a ponto de usarem trajes espalhafatosos 
ou pinturas corporais com referências aos 
artistas/atletas. No máximo, vestem uma camisa com o 
nome ou a logomarca/brasão do seu artista/conjunto 
musical/time de preferência. 
Outros aspectos característicos do público 
eventual: 
 Muito comum nas cidades do interior; 
 Faz do show/jogo um momento de lazer e 
descontração com a família; 
 Protagoniza problemas de pequena 
relevância; 
 São vítimas preferenciais dos cambistas e dos 
‘guardadores de carros’ (flanelinhas). 
 
3.5.2 Público Fanático: 
 
Constitui-se de indivíduos que demonstram 
excesso de admiração pelos protagonistas do 
espetáculo ou do jogo. O estado psicológico desse tipo 
de público chega a ser irracional e persistente, 
resultando em comportamentos que beiram o delírio. 
Em geral, são pessoas entusiasmadas, 
apaixonadas e obstinadas, capazes de atos moral e 
legalmente repreensível, unicamente para 
demonstrarem sua excessiva admiração pelos 
protagonistas do espetáculo. 
Os aspectos característicos desse grupo de 
indivíduos, segundo a 1º Ten. PMESP Letícia, em sua 
apostila sobre ‘Comportamento Social’, do Curso de 
Especialização de Oficiais – Policiamento de Eventos, 
da Polícia Militar do Estado de São Paulo, são: 
 Constância no comparecimento aos eventos; 
 Indivíduo, via de regra, mais extrovertido; 
 Por outros motivos pode não atentar para o 
evento; 
 Ostenta vestimentas características de seu 
time/ídolo; 
 Tem tatuagens no corpo com referências ao 
objeto de sua admiração; 
 Conhece muito sobre seu time/ídolo; 
 É capaz de cometer atos de violência ou de 
vandalismo; 
 Muitas vezes são integrantes de grupos 
organizados; 
 Suas atitudes, muitas vezes, são 
imprevisíveis. 
 A apostila da Ten. Letícia, da Polícia Militar 
de São Paulo, traz, ainda, uma classificação do público 
fanático, de acordo com o comportamento do 
indivíduo no evento. 
 
3.5.2.1 Pacífico 
 
Esse tipo de indivíduo, embora fanático, não se 
envolve e nem participa de ações violentas. 
Eventualmente pode se envolver em confusões, o que 
acontece, quase sempre, de forma involuntária. 
Sua paixão e devoção constituem-se de um 
profundo sentimento de carinho e admiração, 
exteriorizado através das vestimentas, das tatuagens e 
demais sinais ou marcas que o identifique com seus 
ídolos. 
 
3.5.2.2 Violento 
 
Apresenta uma agressividade excessiva, fruto de 
um ódio cultivado a partir da ideia dicotômica do bem 
e do mal, em que o mal se traduz por tudo aquilo ou 
todos aqueles que pensam ou agem contrariamente ao 
seu modo de pensar. Tal radicalismo, muito 
frequentemente, faz o indivíduo adotar 
comportamentos violentos, em resposta à tensão 
provocada pela ira e o inconformismo diante de 
situações contrárias ao que ele considera correto. 
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21 
Alguns fanáticos violentos não tomam a 
iniciativa de gerar tumultos, brigas, desordens, mas 
reagem com violência se forem provocados. 
Geralmente esse tipo de público é mais comum em 
eventos esportivos, quando praticam atos de violência 
para ‘proteger e honrar sua torcida organizada’. 
A maioria dos fanáticos violentos, contudo, 
comparecem aos eventos essencialmente para causar 
confusões, “através de atos previamente planejados, 
visando provocar outros grupos com o intuito de 
realizar verdadeiros confrontos, inclusive contra a 
polícia, organizadores e empresas de segurança.” (1º 
Ten. PMESP Letícia) 
Um exemplo de público fanático violento seria 
as ‘torcidas organizadas’ ou ‘torcidas uniformizadas’, 
cujos membros têm protagonizado as cenas mais 
violentas e reprováveis jamais vistas nos estádios de 
futebol, nos últimos anos. 
Por conta da complexidade do assunto ‘torcida 
organizada’, deixaremos para discuti-las mais adiante. 
 
3.6 Tipos de Público Fanático em um Grande 
Evento 
 
Mais essa vez, nosso estudo recorrerá à doutrina 
em uso na Polícia Militar do Estado de São Paulo, cuja 
missão de policiar eventos remonta à primeira metade 
do século passado. 
A seguir, apresentamos uma relação com os 
tipos mais comuns de público fanático, todos muito 
comuns em estádios de futebol, adaptada da apostila 
da 1º Ten. PMESP Letícia, já citada neste trabalho. 
 
3.6.1 O Leal: 
 
 Devota sua vida ao seu clube/artista; 
 O seu time nunca atua mal, ele apenas “tem 
algumas dificuldades”; 
 O show do seu artista/banda nunca é ruim, a 
aparelhagem ou regulagem do som é que não ajuda; 
 São fiéis consumidores; compram qualquer 
coisa que se identifique com seu artista/clube de 
preferência; 
 Agem com uma parcialidade total e 
obsessiva. 
 
3.6.2 O Especialista: 
 
 Sabe mais do seu time do que o próprio 
treinador; 
 É altamente crítico e detalhista; 
 Atualiza todos ao seu redor; 
 Quando erra, tem sempre desculpas para 
suas previsões erradas; 
 Mostra-se sempre erudito após o jogo, quase 
sempre ‘adequando’ o resultado da partida às suas 
previsões. 
 
3.6.3 O Brincalhão: 
 
 É o torcedor que cria um repertório de 
comentários cáusticos (inoportunos) e divertidos; 
 É um gozador; 
 As observações são quase sempre grosseiras, 
insultos. 
 
3.6.4 O Furioso: 
 
 Assim como o brincalhão, ele grita, porém 
suas observações são grosseiras e baseadas na fúria; 
 Restringe-se sempre a insultos simples e com 
endereço certo; 
 Fala mal do próprio time, da mãe do juiz ou 
dos jogadores adversários como seu “inimigo mortal”, 
estejam eles errados ou não; 
 É comum outros torcedores se reunirem e lhe 
dizerem para se calar;

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