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Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da __ Vara Criminal da Comarca de __ Autos nº João da Silva, já qualificado na ação penal em referência, que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar tempestivamente seus MEMORIAIS com fulcro no artigo 403, §3º, do CPP, nos termos abaixo. I – DOS FATOS João da Silva foi detido em flagrante por tentativa de homicídio contra seu vizinho Antônio Miranda, por volta das 10 horas do dia 10 de janeiro deste ano. O Ministério Público denunciou o acusado por violação dos artigos 121, caput, c.c. o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, alegando que ele agiu com a intenção de matar. Na investigação criminal, ficou apurado que João planejou matar Antônio uma semana antes, quando pediu emprestada uma arma de fogo e balas suficientes para encher o tambor do revólver, que guardou municiado. No entanto, o filho de João, a quem ele confiou o plano, retirou todas as balas do tambor sem que o pai percebesse. No dia seguinte, João encontrou Antônio em um ponto de ônibus, sacou a arma e tentou atirar várias vezes, mas não conseguiu acertar a vítima porque a arma estava sem munição. O processo inclui um laudo pericial da arma apreendida, a confissão do acusado e os depoimentos da vítima e do filho do acusado. II – DO DIREITO O presente caso é marcado pela ausência do fato típico do crime. Conforme consta nos autos, a própria vítima e o filho de João, testemunhas arroladas pela acusação, confirmaram em juízo que a arma estava desmuniciada no momento da tentativa de homicídio, o que corrobora a versão da defesa de que João não tinha capacidade de matar Antônio. A ausência de provas da materialidade do crime está relacionada ao art. 17, do Código Penal, que dispõe sobre a pratica de crime impossível. Art 17: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Sendo assim, a acusação imputa a João a prática do crime de homicídio com dolo eventual, ou seja, com “animus necandi”. Entretanto, é mais que claro que não houve a consumação desse crime. Com base nessas provas, é possível argumentar que não há elementos suficientes para a configuração do dolo eventual, que é exigido para a caracterização do crime de homicídio previsto no artigo 121 do Código Penal. Portanto, diante do exposto o case deve ser julgado improcedente analisado o art. 415, inciso III, do Código de Processo Penal: Art 415: O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: III – o fato não constituir infração penal; Diante da ausência de fato típico do Crime e do dolo específico, não há outra conclusão possível a não ser a absolvição de réu, com base nos fundamentos expostos. III – DO PEDIDO Pelo exposto, requer a Vossa Excelência seja a presente ação penal julgada improcedente, ABSOLVENDO-SE o acusado nos termos do artigo 415, inciso III, do Código de Processo Penal, como medida de justiça. Nestes termos, pede deferimento. Local e data Advogado OAB/UF n