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MÁQUINAS DE COMBUSTÃO INTERNA Engenharia Mecânica/ Faculdade SATC Profª: Eng. Mec. Adelor Felipe da Costa • Engenheiro Mecânico: Faculdade SATC/2013. • Mestrando em Engenharia Metalúrgica: UFRGS/2017. Sumário 2/90 MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA (MCI) Terminologia do MCI CICLO DE AR-PADRÃO OTTO Análise do ciclo ar-padrão Otto CICLO DE AR-PADRÃO DIESEL Análise do ciclo ar-padrão Diesel MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA (MCI) 3/90 Embora a maioria das turbinas a gás sejam também motores de combustão interna, o nome MCI é usualmente aplicado a motores de combustão interna comumente usado em automóveis, caminhões e ônibus. Na verdade, esses motores diferem das instalações SPV porque os processos ocorrem dentro de arranjos cilindro-pistão com movimento alternativo e não numa série de componentes diferentes interligados. 4/90 de combustão 5/90 interna Dois tipos principais de motores alternativos são: ◼ Motor com ignição por centelha ◼ Motor com ignição a compressão. No motor com ignição por centelha, uma mistura de combustível e ar é inflamada pela centelha da vela de ignição. Eles são vantajosos para aplicações que exijam potência de até cerca de 225 kW (300 HP). Por isso, são também mais leves e de baixo custo, são os preferidos para uso em automóveis. No motor com ignição a compressão, o ar é comprimido até uma pressão e temperatura elevadas, suficientes para que a combustão espontânea ocorra quando o combustível for injetado. Estes são preferidos quando é necessário economia de combustível e potência relativamente alta (caminhões pesados, navios, locomotivas, unidades auxiliares de potência). 6/90 Terminologia dos MCI O MCI consiste de um pistão dotado de move dentro de um duas que se cilindro válvulas. O calibre do cilindro é o seu diâmetro. O curso é a distância que o pistão se move em uma direção. O pistão está no ponto morto superior quando o volume do cilindro é mínimo (volume morto). Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e ANÁLISE DE S Terminologia dos MCI Quando o volume é máximo, o pistão estará no ponto morto inferior. pistão quando se move O volume percorrido pelo do ponto morto superior ao ponto morto inferior é o volume de deslocamento. Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto ANÁLISE DE Terminologia dos MCI O volume no ponto morto inferior dividido pelo volume no ponto morto superior denomina-se taxa de compres- são (r). Terminologia dos MCI Em um MCI de dois tempos, um ciclo termodinâmico se completa a cada volta do eixo. Esta característica permite que o próprio pistão atue também como válvula, abrindo e fechando as janelas (aberturas) na parede da câmara de combustão. Em um MCI de quatro tempos, o pistão executa quatro cursos distintos dentro do cilindro para cada duas rotações do eixo de manivelas. 10/90 Terminologia dos MCI 11/90 Terminologia dos MCI 1. Com a válvula de admissão aberta, o pistão executa um curso de admissão quando uma carga de ar aspira para dentro do cilindro. No caso de MCI com ignição por centelha, a carga é uma mistura de ar e combustível. Para MCI com ignição por compressão, a carga é somente ar. 12/90 Terminologia dos MCI 2. Com ambas as válvulas fechadas, o pistão passa por um curso de compressão, elevando a temperatura e a pressão da carga. Esta fase exige fornecimento de trabalho de pistão para o conteúdo do cilindro. Inicia-se então um processo de combustão, que resulta numa mistura gasosa de alta pressão e temperatura. 13/90 Terminologia dos MCI A combustão é induzida através da vela próxima ao final do curso de compressão nos motores com ignição por centelha. Nos motores com ignição por compressão, a combustão é iniciada pela injeção de com- bustível no ar quente compri- mido, começando próximo ao final do curso de compressão e continuando através da primeira etapa da expansão. 14/90 Terminologia dos MCI 3. Um curso de potência vem logo em seguida, durante o qual a mistura gasosa se expande e é realizado trabalho sobre o pistão à medida que este retorna ao ponto morto inferior. 4. Finalmente, o pistão executa um curso de escape no qual os gases queimados são expulsos do cilindro através da válvula de escape aberta. 15/90 Terminologia dos MCI Embora os MCI percorram ciclos mecânicos, o conteúdo do cilindro não executa um ciclo termodinâmico, uma vez que é introduzida matéria com uma composição que muda antes da descarga para o ambiente. Um parâmetro usado para descrever o desempenho de motores alternativos a pistão é a pressão média efetiva, ou pme. A pressão média efetiva é a pressão constante teórica que, se atuasse no pistão durante o curso de potência, produziria o mesmo trabalho líquido que é realmente produzido no ciclo. trabalho líquido para um ciclo volume de deslocamento pme 16/90 Terminologia dos MCI Para dois motores que apresentem o mesmo volume de deslocamento, o de maior pme produzirá o maior trabalho líquido e, se os motores funcionassem à mesma velocidade, a maior potência. trabalho líquido para um ciclo volume de deslocamento pme 17/90 Análise de Ar-Padrão 18/90 A modelagem termodinâmica de MCI precisa de simplificações, pois o processo real é bastante complexo. Um procedimento neste sentido consiste em empregar uma análise de ar-padrão com os seguintes elementos: ◼ O fluido de trabalho é uma quantidade fixa de ar modelado como gás ideal. ◼ O processo de combustão é substituído por uma transferência de calor de uma fonte externa. ◼ Não existem os processos de admissão e descarga como no motor real. ◼ O ciclo se completa com um processo de transferência de calor a volume constante enquanto o pistão está no ponto morto inferior. ◼ Todos os processos são internamente reversíveis. ◼ Na análise de ar-padrão frio, os calores específicos são considerados constantes nos seus valores para temperatura ambiente. REVISÃO – Gases Ideais Equações de Estado: Variação em u e h: Para cv e cp constantes (Tabelas A-20 e A-21): Para cv e cp variáveis utilize as Tabelas A-22 e A-23 1 T2 T pv RT pV mRT u T2 u T1 cv T dT 1 T2 T h T2 h T1 cp T dT u T2 u T1 cv T2 T1 h T2 h T1 cp T2 T1 20/90 REVISÃO – Gases Ideais Para cv e cp constantes (Tabelas A-20 eA-21): 1 2 2 1 1 T v T dT Variação em s: s T ,v s T ,v 2 c T Rln v2 1 1 1 T p T T dT s T2 , p2 s T , p 2 c T v1 R ln p2 T p1 v s T2,v2 s T1,v1 c ln T2 Rln v2 T1 1 1 p s T2 , p2 s T , p v1 c ln T2 R ln p2 T1 p1 20/90 REVISÃO – Gases Ideais Para cv e cp variáveis (Tabelas A-22 e A-23): Para processos isoentrópicos e cv e cp constantes (Tabela A-20): sendo que R = cp – cv , k = cp /cv e R/cv = (k –1). 2 1 s T2, p2 s T1, p1 Ts o so T R ln p2 p1 = k−1 v2 T1 s=cte T2 v1 pT (k −1) k 2 1 = 2 s=cte 1 T p k 21/90 vp s=cte 2 v = 1 1 p2 REVISÃO – Gases Ideais Para processos isoentrópicos e cv e cp variáveis apenas para o ar: onde pr e vr podem ser encontrados para o ar na TabelaA-22. vr,1 v = r,2 v2 v1 s=cte pr,1 22/90 p = r,2 p2 p1 s=cte Ciclo de Ar-Padrão Otto 23/90 O ciclo de ar-padrão Otto é um ciclo ideal que considera que a adição de calor ocorre instantaneamente enquanto o pistão se encontra no ponto morto superior. O ciclo consiste de quatro processos internamente reversíveis em série: 24/90 Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistemas ANÁLISE DE SISTEMAS TÉ de Cogeração – Parte I RMICOS 26/90 Processo 1-2: compressão isentrópica conforme o pistão se move do ponto morto inferior para o ponto morto superior. Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistemas ANÁLISE DE SISTEMAS TÉ de Cogeração – Parte I RMICOS 27/90 Processo 2-3: transferência de calor (calor adicionado) a volume constante a partirde uma fonte externa enquanto o pistão está no ponto morto superior. Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistemas ANÁLISE DE SISTEMAS TÉ de Cogeração – Parte I RMICOS 28/90 Processo 3-4: expansão isentrópica (curso depotência). Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistemas ANÁLISE DE SISTEMAS TÉ de Cogeração – Parte I RMICOS 29/90 Processo 4-1: transferência de calor (calor rejeitado) pelo ar a volume constante enquanto o pistão está no ponto morto inferior. Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistemas de Cogeração – Parte I ANÁLISE DE SISTEMAS TÉRMICOS 30/90 Como os processos são internamente reversíveis, as áreas nos diagramas p-v e T-s representam o trabalho e o calor envolvidos, respectivamente. Área interna = Trabalho líquido obtido Área interna = Calor líquido absorvido Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistem ANÁLISE DE SISTEMAS as de Cogeração – Parte I TÉRMICOS 31/90 O ciclo de ar-padrão Otto consiste de dois processos nos quais há trabalho mas não há transferência de calor, e de dois processos nos quais há transferência de calor mas não há trabalho. ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistem ANÁLISE DE SISTEMAS as de Cogeração – Parte I TÉRMICOS 32/90 Assim, aplicando um balanço de energia a um sistema fechado com variações de energia cinética e potencial desprezíveis, tem-se (valores positivos): ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto 2 1 W12 W34 m Q23 m Q41 m m = u −u = u3 −u4 = u3 −u2 = u4 −u1 O trabalho líquido do ciclo é expresso por: ou, alternativamente: ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto Wciclo m m m = W34 − W12 = (u3 − u4 )− (u2 − u1) Wciclo m = Q23 − Q41 m m = (u3 − u2 )− (u4 − u1) 32/90 A eficiência térmica é a razão entre o trabalho líquido do ciclo e o calor adicionado: ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto (u3 − u2 )− (u4 − u1) (u4 − u1) = =1− u3 −u2 (u3 − u2 ) 33/90 Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistem ANÁLISE DE SISTEMAS as de Cogeração – Parte I TÉRMICOS 35/90 Para os processos isoentrópicos (1- 2) e (3-4) do ciclo, as relações fornecidas a seguir também são importantes: Onde r é a taxa de compressão. Note que V3 = V2 e V4 = V1, logo r = V1/ V2 = V4/ V3. Para o ar, o volume relativo (vr) é função da T (TabelaA-22). ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto r2 r1 V r v = v V2 = vr1 1 r4 r3 r3 V V v = v 4 = rv 3 Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistem ANÁLISE DE SISTEMAS as de Cogeração – Parte I TÉRMICOS 36/90 Quando o ciclo Otto é analisado em uma base de ar-padrão frio (calor específico constante), as seguintes relações podem ser usadas para os processos isoentrópicos (1-2) e (3-4): ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto 1 T2 V k−1 = = r k−1 V2 1 T1 T4 T k−1 rk−1 V = 3 = V 3 4 k = cp/cv = constante ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto Efeito da taxa de compressão no desempenho Voltando ao diagrama T-s do ciclo, observa- se que a eficiência do ciclo Otto aumenta de acordo com o aumento da taxa de compressão (ciclo 1-2-3-4-1 muda para 1- 2’-3’-4-1). Uma vez que a temperatura média de fornecimento de calor é maior no último ciclo, mantendo o mesmo processo de rejeição de calor, conclui-se que o ciclo 1- 2’-3’-4-1 tem maior eficiência térmica. 36/90 ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto Efeito da taxa de compressão no desempenho Numa base de ar-padrão frio, a eficiência térmica pode ser relacionada à taxa de compressão de seguinte maneira: Rearrumando: cv (T4 −T1) = 1− cv (T3 −T2 ) (T4 T1 −1) 37/90 = 1− T1 T2 (T3 T2 −1) Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistemas de Cogeração – Parte I ANÁLISE DE SISTEMAS TÉRMICOS ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto Efeito da taxa de compressão no desempenho Sabendo que : Logo, Finalmente, para k constante: T T T1 T2 4 = 3 T2 = 1− T1 1 rk −1 = 1− k = 1,4 39/90 Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistemas de Cogeração – Parte I ANÁLISE DE SISTEMAS TÉRMICOS ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto Efeito da taxa de compressão no desempenho A eficiência térmica do ciclo ar-padrão frio Otto é uma função da taxa de compressão (r) e de k. Assim, quanto maior for a taxa de compressão, maior será a eficiência térmica do MCI. k = 1,4 1 = 1− rk −1 39/90 Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistemas de Cogeração – Parte I ANÁLISE DE SISTEMAS TÉRMICOS ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto Efeito da taxa de compressão no desempenho Infelizmente, a possibilidade de auto- ignição da mistura ar-combustível limita o valor real de r. A auto-ignição é desfavorável porque produz uma perda de potência no MCI ao permitir a combustão antes do tempo ideal. A composição da limita as taxas de compressão no MCI de ignição por centelha ao redor de 9. k = 1,4 1 = 1− rk −1 40/90 Aula 6 – Ciclos Diesel, Otto e Sistemas de Cogeração – Parte I ANÁLISE DE SISTEMAS TÉRMICOS ANÁLISE DO CICLO Ar-Padrão Otto Efeito da taxa de compressão no desempenho Já nos MCI com ignição por compressão, as taxas de compressão podem ser mais altas devido ao uso de somente ar na etapa de compressão. Assim, taxas de compressão típicas por compressãodo MCI com ignição estão entre 12 e 20. k = 1,4 1 = 1− rk −1 41/90 42/42 Fonte Bibliográfica ÇENGEL, Y.A. & BOLES, M.A., 2007. Termodinâmica. São Paulo, SP: McGraw-Hill, 740p. MORAN, M.J. & SHAPIRO, H.N., 2009. Princípios de Termodinâmica para Engenharia. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 800p. HEYWOOD, J. Internal Combustion Engine Fundamentals, 1st ed., McGraw-Hill, 1988.
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