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LIGUAGENS DE CLASSIFICAÇÃO II AULA 2 Classificação Decimal Universal Abertura Olá! A Classificação Decimal Universal (CDU) é um dos sistemas de classificação mais utilizados internacionalmente para a indexação e recuperação por assunto em sistemas de informação bibliográfica. Concebida por Paul Otlet e Henri La Fontaine, a partir da classificação decimal de Melvil Dewey, a CDU teve a sua primeira edição, em francês, publicada entre 1904 e 1907. Desde então, o sistema foi ampla e continuamente revisto e desenvolvido, no âmbito da Fédération Internationale de Documentation (FID), até 1992, data em que se formou um consórcio de editores – o Universal Decimal Classification Consortium (UDCC), sediado em Haia - Holanda, que assumiu essa responsabilidade e é, atualmente, o gestor e detentor dos direitos autorais e de publicação do sistema. BONS ESTUDOS! Referencial Teórico A Classificação Decimal Universal é um esquema de classificação uniformizado e normalizado, que visa cobrir e organizar a totalidade do conhecimento humano. É uma classificação decimal, já que a totalidade dos conhecimentos é dividida em 10 classes, que se subdividem de novo, do geral para o específico. Cada conceito é traduzido por uma notação numérica ou alfanumérica. Acesse o capítulo selecionado para leitura desta aula e, ao final, você estará apto a: • Conhecer o contexto histórico da criação e do desenvolvimento da Classificação Decimal Universal. • Compreender as principais características da CDU. • Entender o funcionamento da CDU. BOA LEITURA! 116 Conteúdos • Paul Otlet e Henri La Fontaine: contribuições para a Biblioteconomia contemporânea. • CDU: estrutura, atualizações e características. • Sistema de notação CDU. • Princípio de divisão hierárquica do esquema principal. • Principais regras de utilização da CDU para a classificação de documentos. • Estrutura e uso das tabelas auxiliares comuns e especiais. • Estrutura e uso do índice alfabético. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL (CDU) 117 1. INTRODUÇÃO Paul Otlet, advogado belga nascido em 23 de agosto de 1868, certa vez escreveu em seu diário que era um homem que amava questões irrespondíveis e desejava fazer um trabalho grandioso (FONTOURA, 2012). Ainda muito jovem, Otlet começou a trabalhar com a elaboração de bibliografias de artigos da área jurídica, tendo percebido que a organização de fontes de informação sobre ciência seria essencial para o desenvolvimento do conhecimento (FONTOURA, 2012). Junto com outro advogado belga, Henri La Fontaine, Otlet criou o Instituto Internacional de Bibliografia (IIB) em 1895 e deu início ao Repertório Bibliográfico Universal (RBU), cuja finalidade era criar um grande repositório de fichas padrão de 7,5 × 12,5, onde seria catalogada e sintetizada a maior quantidade possível de obras já publicadas. Essas fichas permitiriam um arranjo sistemático sofisticado e flexível, podendo ser classificadas de acordo com assuntos mais específicos, gerando uma espécie de cérebro artificial (FONTOURA, 2012). Influenciado pela Classificação Decimal de Dewey (CDD), Otlet e La Fontaine tiveram a ideia de utilizar notações de assunto para organizar essas fichas, o que permitiria a intercalação infinita de fichas entre as já existentes. Além disso, os códigos padronizados de assunto poderiam ser empregados em qualquer país e por pessoas falantes de qualquer língua, o que a organização alfabética das fichas e do acervo não possibilitava (FONTOURA, 2012). Com a aprovação de Melvil Dewey, os dois advogados belgas traduziram a CDD para o francês e passaram a utilizar 118 esse sistema para a organização das fichas. No ano de 1898, o repertório já possuía 1.274.000 registros, 779.000 fichas de assunto resumidas e 839.450 fichas de assunto completo e contava com o auxílio de 300 membros em diversos países (FONTOURA, 2012). Entretanto, o crescimento do RBU exigia maior detalhamento de assunto, então sugeriram a Melvil Dewey diversas alterações na CDD. Após longas conversas por carta, o criador da CDD não permitiu as mudanças, pois fariam com que seu sistema se distanciasse muito do seu objetivo primeiro, que era o de organizar livros e panfletos em bibliotecas. No início do século 20, Otlet e La Fontaine elaboraram uma classificação para o RBU, publicada pela primeira vez entre 1904 e 1907 como Manual do Repertório Bibliográfico Universal, que ficaria conhecida mais tarde como Classificação Decimal Universal (CDU) (SOUZA, 2010). A CDU é uma das classificações mais conhecidas e importantes do mundo, presente em 130 países, de uso bastante popular na Europa. Até 1992 foi publicada sob responsabilidade da Federação Internacional de Documentação (FID); em seguida, a atualização, o gerenciamento e os direitos autorais passaram para a Universal Decimal Classification Consortium, com sede em Haia. As ideias e experiências de Paul Otlet e Henri La Fontaine foram essenciais para a consolidação da Documentação como profissão e a base para a revolução informacional do século 20. A obra Tratado de Documentação: o livro sobre o livro, de Otlet, é leitura fundamental para os estudantes da área. 119 Otlet é tido como o idealizador da Internet, pois seu projeto Mundaneum, que tinha como objetivo disponibilizar todo tipo de registro do conhecimento humano em um único lugar, para acesso rápido pelo uso de texto, símbolos representativos e interligações entre os documentos, foi a inspiração para o desenvolvimento de computadores e dos atuais motores de busca. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA 2.1. A CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL Um dos principais fundamentos criados por Paul Otlet foi o princípio monográfico, o qual Consiste num tipo de sistema de indexação analítica dos documentos que aciona as conexões que cada documento possui com outros documentos, formando, a partir deles, novas unidades de informação que podem formar o chamado "Livro Universal". (RIBEIRO; MESQUITA; MIRANDA, 2014, p. 6) Ou seja, de cada documento devem ser extraídos seus elementos mais pertinentes e novos, a serem descritos em fichas soltas. Tais fichas, reunidas, formariam um registro condensado, mas completo, do conhecimento e poderiam ser recuperadas a partir da combinação dos elementos descritivos. 120 Pode-se dizer, dessa forma, que as representações atribuídas aos documentos para título, autoria, notações de assunto, autor, indexação, resumo etc. cria uma rede de dados descritivos que podem ser coordenados de acordo com a necessidade do usuário, para recuperar as obras de forma mais precisa e personalizada. A visão abrangente de Paul Otlet sobre a dinâmica do conhecimento e a potencialidade dos sistemas de organização da informação para o progresso do saber pode ser claramente notada na CDU. As principais características dessa classificação são: 1) Universalidade: cobre todo o conhecimento, permite a classificação de qualquer tipo de documento, utiliza símbolos conhecidos universalmente e prevê a inclusão de assuntos novos. 2) Flexibilidade: admite a combinação de conceitos em ordens de citação variadas, adapta-se às necessidades da biblioteca e aceita o uso de elementos que não estão na CDU. 3) Decimalidade: a notação pode ser ampliada como nas frações decimais e o seu tamanho geralmente reflete o nível hierárquico. 4) Síntese: assuntos complexos podem ser formados pela junção de notações, permitindo grande especificidade, se necessário. 5) Intercalação: possibilita intercalar números dentro de outros, de acordo com a ênfase necessária. Para o esquema, ou tabela principal, o conhecimento foi dividido com base no primeiro sumário da CDD: 121 0 Generalidades. 1 Filosofia. Psicologia. 2 Religião. Teologia. 3 Ciências Sociais. 4 Classe vaga (não é utilizada). 5 Matemática. Ciências Naturais. 6 Ciências Aplicadas. 7 Arte. Esportes. 8 Linguagem. Linguística. Literatura. 9 Geografia. Biografia. História. A classe 400 não é utilizada, está vaga para que,no futuro, absorva novas disciplinas que possam surgir. Por causa da utilização de tabelas auxiliares sofisticadas, as áreas de Linguística e Literatura puderam ser acomodadas na classe 800. O arquivo mestre de referência (Master Reference File – MRF) é uma versão definitiva da estrutura da CDU e serve de base para as publicações e as revisões anuais. As atualizações são publicadas na revista Extensions and Corrections to the UDC. A UDC Consortium caracteriza a CDU como uma classificação analítico-sintética e facetada que cobre todo o universo do conhecimento. Esse sistema conta hoje com 70.000 divisões de assunto e é utilizado em 130 países, em cerca de 200.000 acervos no mundo. O idioma oficial da CDU é o inglês, com publicação traduzida para 50 línguas, inclusive a Língua Portuguesa (UDC CONSORTIUM, 2018). Entretanto, devido a suas características, pode-se dizer que a CDU é uma classificação 122 semifacetada, podendo se tornar completamente facetada no futuro. Estrutura e organização da CDU A Classificação Decimal Universal é um sistema do tipo enciclopédico, pois pretende cobrir todo o conhecimento humano. Sua estrutura hierárquica e a notação de base decimal mostra a relação entre os conceitos mais abrangentes e mais genéricos. As últimas edições foram publicadas em dois volumes: • Volume 1: tabelas auxiliares e tabela sistemática (ou esquema). • Volume 2: índice alfabético. As tabelas auxiliares possuem aspectos e subdivisões que podem ser utilizadas para completar os assuntos dos esquemas, quando permitido. Na CDU, existem dois tipos de tabelas: • Auxiliares comuns: são listadas em tabelas separadas e possuem aplicação abrangente; • Auxiliares especiais: são listadas no esquema e se aplicam somente a intervalos específicos de assunto. 123 O índice alfabético mostra os principais assuntos em ordem alfabética e serve de base para a consulta, não devendo ser utilizado para classificar. As entradas na CDU são parecidas com as da CDD: do lado esquerdo trazem as notações e do lado direito mostram o cabeçalho, com a descrição verbal da notação. Abaixo do cabeçalho podem aparecer as notas de uso, sempre em itálico. Por exemplo (UDC CONSORTIUM, 2007): 616-89 Tratamento cirúrgico. Técnica cirúrgica. 616.7 Cirurgia Usar -089 e suas subdivisões somente como auxiliares com as subdivisões 616/618. Para medicina operatória em geral ver 617-089 .8 Tratamento operatório propriamente dito. Cirurgia. A remissiva Ver também é indicada por uma seta, como no exemplo a seguir: 617.7 Oftalmologia. Afecções oculares e seu tratamento → 611.84; 681.784 Notação A notação da CDU é mista e utiliza algarismos arábicos e sinais gráficos para representar os assuntos. Cada sinal gráfico possui um significado particular e serve como indicador de faceta, que veremos durante o estudo das 124 tabelas. As notações podem comportar os seguintes sinais gráficos (Quadro 1): Quadro 1 Sinais gráficos que a notação CDU admite. + / : :: ‘ * ( ) “ ” - = Fonte: elaborado pela autora. Na notação também podem aparecer letras e até palavras, quando necessário. De modo geral, a parte numérica deve ser pontuada a cada três algarismos, com exceção da tabela de tempo. Exemplo: • Regiões sísmicas: 550.348.098 A síntese Como já dito anteriormente, a síntese da CDU é flexível e permite que os elementos sejam combinados em ordens diferentes ou intercalados, dependendo da necessidade. Analise as notações abaixo e reflita sobre as diferenças que elas implicariam na ordenação do acervo: • Mineração de ferro. Ásia 622.341(5) • Mineração. Ásia. Ferro 622(5).341 • Ásia. Mineração de Ferro (5)622.341 Atenção, flexibilidade não significa classificar cada hora de um jeito. Se você concluir, por exemplo, que é melhor colocar primeiro a subdivisão geográfica para reunir os documentos por país, sempre siga essa regra, que deve estar expressa no manual de normas e procedimentos de catalogação. 125 Vamos, agora, ver como fazer a síntese com o uso das tabelas auxiliares. Tabela 1: auxiliares comuns Existem 9 tipos de tabelas auxiliares comuns, identificadas por letras minúsculas de a até k (as tabelas 1j e 1i foram canceladas). Tabela 1a: Seção 1: Coordenação. Adição: + (mais) O sinal + liga números não consecutivos, a fim de formar assuntos compostos para o qual não existe notação. Exemplo: • Matemática e Química 51+54 Tabela 1a: Seção 2: extensão consecutiva: / (barra oblíqua) O sinal / liga uma série de números consecutivos, formando um assunto mais abrangente. Exemplo: • Zoologia sistemática 592/599 Perceba que não agrupamos somente dois assuntos, mas todos os assuntos que estão no intervalo de 592 até 599, ou seja: 592+593+594+595+596+597+598+599 e todas suas subdivisões. Quando o número depois da barra inclinada tiver mais de três dígitos e começar com um grupo de dígitos que sejam comuns ao número anterior, podemos omitir o conjunto de números repetidos, desde que o primeiro elemento após a barra seja um ponto decimal. Dito de outra forma: podemos omitir o número base na última repetição, colocando apenas a subdivisão. Por exemplo, se a obra a ser classificada englobar o intervalo de assuntos 591.1, 591.2, 591.3, 591.4 e 591.5, não devemos 126 colocar todos: o grupo 591 é comum, o número base. Os demais números são suas subdivisões (.1, .2, .3, .4 e .5). Basta copiar a primeira notação (591.1), excluir as notações intermediárias, colocar / e acrescentar a última subdivisão (.5): • Fisiologia e comportamento animal 591.1/.5 Tabela 1b: Relação simples : (sinal de dois pontos) O sinal : indica relação recíproca entre assuntos, ou seja, é utilizada quando um assunto influencia o outro e vice-versa. Assim, a ordem pode ser invertida, sem mudança no significado do assunto. Exemplo: • Direito do trabalho. Ética 349.2:17 • Ética do direito do trabalho 17:349.2 Tabela 1b: Ordenação :: (sinal de dois pontos duplos) O sinal :: indica relação não recíproca entre assuntos, ou seja, é utilizado para mostrar que o número que vem depois de :: é um complemento do primeiro número. Assim, não se pode inverter a ordem, pois o assunto ficaria diferente. Exemplo: • Fotografia médica 77.044::51 Tabela 1b: subagrupamento [...] (colchetes) Os colchetes [...] servem para agrupar uma síntese dentro de outra síntese e para deixar a notação mais clara. Em geral, é usado quando números principais são ligados por sinal de adição ou dois pontos, formando um assunto que se relaciona com o número fora dos colchetes. No exemplo a seguir, Espanha (460) se relaciona a ambos os assuntos agricultura e indústria, não a só 127 um deles, o que fica claro com o uso dos colchetes para agrupar agricultura e indústria: • Agricultura e indústria na Espanha [631+67](460) Tabela 1c: auxiliares comuns de língua =... (igual) Os números de língua servem para distinguir documentos em idiomas diferentes, se preciso. De modo geral, a língua deve ser o último elemento da notação, mas a CDU permite que seja colocado no início, caso a biblioteca queira reunir as obras pelo idioma. Todas as subdivisões de língua se iniciam por um sinal de igual. Exemplo: • Língua inglesa =111 Dessa forma, uma obra sobre direito do trabalho em inglês poderia ser classificada como: • Direito do trabalho. Inglês 349.2=111 • Inglês. Direito do trabalho =111:349.2 Se houver necessidade, separar a subdivisão de língua do número seguinte por dois pontos (:) como no último exemplo anterior (MCLLWAINE, 1998). Podem ser acrescentadas várias línguas, se necessário. As traduções são expressas por =03., como no exemplo: • Documento sobre folclore 398 • Traduzido =03. • Do francês =133.1 • A notação será 398=03.133.1 128 Repare que o sinal = foi retirado da subdivisão =40, pois =03. já indica a faceta de idioma. Devemos usar os auxiliares de língua com o número 811 do esquema para criar as divisões da linguística, mas sem a necessidade de utilizar o sinalde igual (=). Exemplo: • Língua 811 • Alemão= 112.2 • Língua alemã 811.112.2 A mesma regra acima vale para o assunto Literatura 821: • Literatura 821 • Alemão= 112.2 • Literatura alemã 821.112.2 Tabela 1d: auxiliares comuns de forma (0...) (parênteses zero) Os auxiliares de forma são usados para definir o modo de tratamento do conteúdo e suas características físicas (SOUZA, 2010). Os auxiliares de forma podem ser usados também no início ou meio da notação. As subdivisões de forma sempre se iniciam em zero e ficam dentro de parênteses. • Arquitetura 72 • Tratamento histórico (091) • História da arquitetura 72(091) Tabela 1e: auxiliares comuns de lugar (1/9) (parênteses de um a nove) 129 Essa tabela visa a acrescentar subdivisões geográficas aos assuntos. Os auxiliares de lugar podem ser usados no início, meio ou final da notação. Seus números também vêm entre parênteses, mas, diferentemente das subdivisões de forma, nunca começam com zero, por isso é representado (1/9). Exemplo: • Educação 37 • França (44) • Notação 37(44) Para formar a geografia de um determinado lugar, basta agregar a subdivisão de forma ao número 913. Exemplo: • Geografia 913 • Brasil (81) • Geografia do Brasil 913(81) Para formar a história de um determinado lugar, basta agregar a subdivisão de forma ao número 94. Exemplo: • História 94 • Brasil (81) • História do Brasil 94(81) Algumas subdivisões nessa tabela se iniciam por 1- (um hífen). O 1 significa local em geral e pode ser trocado por outro número que indique local específico. Exemplo: • Fronteiras (1-04) • Ásia (5) • Fronteiras da Ásia (5-04) 130 Tabela 1f: auxiliares comuns de grupos étnicos e nacionalidades (=...) (parênteses igual) Esta tabela serve para indicar assuntos tratados sob o ponto de vista de grupos divididos pela etnia ou nacionalidade. Esses auxiliares podem ser usados no início, meio ou fim da notação. Seus números vêm entre parênteses e são antecedidos por sinal de igual (=). Exemplo: • Arquitetura 72 • Povo árabe (=411.21) • Arquitetura árabe 72(=411.21) Se não houver notação para a nacionalidade, podemos criá-la a partir da tabela de língua. Para isso, basta colocar a língua entre parênteses (SIMÕES, 2008). Exemplo: • Língua gótica =114.3 • Godos (=114.3) A nacionalidade e a cidadania também podem ser criadas a partir da tabela de lugar (SOUZA, 2010). Para isso, usamos a pequena “fórmula” (=1:...), ou seja, substituir as reticências (...) pelo número do lugar. • Cidadão brasileiro (=1:81) Tabela 1g: auxiliares comuns de tempo “...” (aspas) As notações de tempo indicam períodos relacionados ao assunto a ser classificado e são sempre indicadas por algarismos arábicos. Suas subdivisões são retiradas do calendário cristão, o calendário comum que usamos no dia a dia, mas outros também são permitidos. Esses auxiliares podem ser usados no início, meio ou fim da notação. 131 O auxiliar de tempo vem sempre entre aspas. O tempo é indicado sempre do maior período para o menor, separando-se as datas por ponto: ano.mês.dia.hora.minuto.segundo. Exemplo: • Independência do Brasil 94(81)"1822.9.7" Atenção para a forma de apresentação de períodos maiores que um ano (Quadro 2): Quadro 2 Representação de períodos. PERÍODO FORMA DE REPRESENTAR EXEMPLOS Século Dois dígitos "03" (século 4)"19" (século 20) Década Três dígitos "198" (anos 80 do séc. 20)"184" (anos 40 do século 19) Milênio Intervalo entre séculos “10/19” (segundo milênio) Idades Intervalo entre séculos "04/14" (Idade Média) Fonte: elaborado pela autora. Tabela 1h: parte 1 - números que não pertencem à CDU: *... (asterisco) Podemos acrescentar números ou símbolos que não foram retirados da CDU, para isso, basta colocá-los depois do asterisco. Exemplo: • Tecnologia química, características térmicas a uma tem- peratura de 150 graus centígrados 66-97*C150 Dessa forma, fica claro que o símbolo C150 não foi retirado da CDU. Deve-se sempre colocar uma nota com indicação da fonte onde o número se encontra. 132 Tabela 1h: parte 2 - especificação alfabética direta A/Z Palavras, nomes e siglas podem ser acrescentados diretamente após uma notação CDU. Exemplo: • Biografia de Dom João VI 929JOÃO6 Tabela 1k: -02, -03, -04, -05 As notações da tabela 1k são dependentes, ou seja, só podem ser acrescentadas junto a outra notação e devem vir sempre no final. O -02 expressa propriedades, como existência, estrutura, grandeza, estilo etc. Exemplo: • Medicina 61 • Propriedade de popular -028.41 • Medicina popular 61-028.41 O -03 expressa propriedades materiais. Exemplo: • Vestuário 677 • De linho -037.1 • Vestuário de linho 677-037.1 O -04 indica relações, processos e operações • Mamíferos 599 • Ciclo de vida -043.82 • Ciclo de vida dos mamíferos 599-043.82 O -05 agrega características pessoais. Exemplo: • Biblioteca por tipo de leitor 027.6 • Crianças -053.2 • Biblioteca infantil 027.6-053.2 133 Tabelas auxiliares especiais Os auxiliares especiais não podem ser adicionados a qualquer número, pois representam conceitos que pertencem somente a certas categorias de assunto. Por isso, as tabelas especiais aparecem dentro do próprio esquema, junto com as notações que podem recebê-las. Os números dos auxiliares especiais são dependentes, ou seja, dependem dos conceitos da notações do esquema, por isso não podem ser usados no começo ou intercalados, devem ser sempre adicionados imediatamente após o número do esquema. Os números dos auxiliares especiais podem ter significados diferentes, dependendo do intervalo do esquema onde aparecem. São três as tabelas especiais, também conhecidas como analíticas: • Analítica de hífen -1/-9: acrescenta facetas referentes a técnicas, métodos, cálculos, partes etc. • Analítica ponto zero .01/.09: explicita propriedades, elementos, atividades etc. • Analítica de apóstrofo '1/'9: tem a função de integrar notações complexas, com funcionamento parecido com o da barra oblíqua. Para agregar uma analítica de hífen -1/-9 e ponto zero .01/.09, deve-se copiar o número do esquema, com sua pontuação, se houver, e adicionar a subdivisão especial com seu respectivo sinal gráfico. Exemplo: • Geometria algébrica 512.7 • Cálculos -3 • Cálculos de geometria algébrica 512.7-3 134 Para usar a analítica de apóstrofo, deve-se copiar a primeira notação, depois excluir a parte comum das demais, colocando as subdivisões após o apóstrofo. Exemplo, para formar o assunto liga de cobre, zinco e estanho, teremos: • Liga de cobre 669.35 • Liga de zinco 669.5 • Liga de estanho 669.6 • Liga de cobre, zinco e estanho 669.36’5’6 Note que o número base 669 apareceu somente no primeiro assunto e foi suprimido dos demais. Dígitos finais ...1/...9 Um recurso utilizado para acrescentar subdivisões mais específicas, mas sem usar o apoio de tabelas auxiliares, é conhecido como dígitos finais ...1/...9. O procedimento é simples: quando aparecerem as reticências entre números, significa que o número que vem antes de ... é o número base. O número que vem depois de ... pode ser acrescentado a qualquer notação que se iniciar por esse número base. Por exemplo, no número 539.12...13, 539.12 significa partículas em geral, 13 significa decaimento. Qualquer notação iniciada por 539.12 pode levar os dígitos finais 13 para obter o conceito de decaimento. Assim: • Partículas alfa 539.128.4 • Decaimento para o assunto partículas 13 • Decaimento de partículas alfa 539.128.413 135 Subdividir como ≅ Outro recurso que serve para agregar subdivisões é a divisão paralela, também conhecida por “subdividir como”, representado pelo símbolo ≅. Esse sinal significa que todas as subdivisões de um determinado número base podem ser aplicadas a outro número base. Isso poupa espaço no esquema: os dois assuntos possuem as mesmas subdivisões; em vez de listar todas embaixo de ambos, elas são listadas somente no segundo, com instrução de aplicar as mesmas subdivisões no primeiro. Por exemplo, ao se deparar com 026.07≅ 027, o que devemos fazer? O primeiro passo é aprender a ler esse recurso: ≅ significa subdividir como. Assim, lemos: 026.07 subdividir como 027. Ou seja, 026.07 deve ser subdividido igual a 027. Todas as subdivisões do número base 027 podem ser agregadas à base 026.7. Isso acontece porque os assuntos são análogos. O 027 tem as seguintes subdivisões: 027 Bibliotecas gerais 027.1 Particulares 027.2 Caráter cultural, academias, clubes, etc. 027.3 Bibliotecas públicas pagas 027.4 Bibliotecas públicas gratuitas Etc... Toda subdivisão que vier depois de 027, a qual sempre acrescenta um conceito mais específico, pode ser colocada na frente de 026.7 (bibliotecas especializadas) para agregar o mesmo conceito. Exemplo: se o assunto for biblioteca especializada 136 gratuita, o que devemos fazer? Aplicar a subdivisão de biblioteca geral gratuita: 4. A notação ficará 026.74! Ordem de citação e ordem de arquivamento A ordem de citação, ou horizontal, refere-se à sequência dos elementos que são combinados para formar um número composto, resultando na notação de classificação. Na CDU, ela não é fixa, mas há uma ordem padrão que sugere que as notações sejam ordenadas do mais específico para o mais geral. • Há uma dica para memorizar a ordem: NATEMRALUFOLIN A/Z ' * O Quadro 3 mostra a ordem padrão e seus respectivos sinais: Quadro 3 Ordem horizontal ou citação padrão. N NS Número simples + Adição / Extensão consecutiva : Relação simples :: Ordenação [...] Subagrupamento A .inclui .01/.09 Analíticas de ponto .1/.9 -01/-09 Analíticas de traço -1/-9 -02, -03, -04, -05 Tabelas auxiliares TEM “...” Tempo RA (=...) Raça LU (1/9) Lugar FO (0...) Forma LIN =... Língua Obs.: Os sinais auxiliares alfabético, apóstrofo e asterisco não têm lugar fixo na ordem horizontal, porque sua utilização depende da notação. Fonte: Souza (2010, p. 67). 137 Uma forma mais simples de compreender a ordem de citação padrão é a sequência a seguir (SIMÕES, 2008): • Número principal + Ponto de vista ou matéria + Raça ou nacionalidade + Lugar + Tempo + Forma + Língua. A ordem de arquivamento, ou vertical, refere-se à sequência em que os documentos ou fichas são guardados. Ela é o inverso da ordem de citação, ou seja, as notações devem ser ordenadas do mais geral para o mais específico. Os auxiliares comuns vêm em primeiro lugar, pois são gerais por definição. O subagrupamento [...] não afeta a ordem de arquivamento, por isso pode ser ignorado ou podemos aplicar a regra do “nada antes de alguma coisa”: a notação sem colchetes é arquivada antes. O Quadro 4 apresenta a ordenação dos sinais para o arquivamento. Quadro 4 Ordem vertical ou de arquivamento. Sinal Denominação + Coordenação / Extensão consecutiva Número simples : Relação :: Dois pontos duplos [...] Subagrupamento =... Língua (0...) Forma (1/9) Lugar “...” Tempo * Asterisco A/Z Subd. alfabéticas -02 Propriedade -03 Materiais -04 Relações -05 Pessoas -1/-9 Analítica de traço .01/.09 Analítica de ponto ‘ Apóstrofo Fonte adaptado de Souza (2010, p. 68). 138 A dificuldade da ordem de arquivamento da CDU é que ela exige que o bibliotecário conheça muito bem o sistema para saber quais são os assuntos das notações – só assim se pode identificar quais notações são mais específicas e quais são mais gerais. 3.1. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL (CDU) A bibliografia aqui indicada traz um pouco sobre o pensamento teórico que embasou a criação da Classificação Decimal Universal, além de um pequeno manual de uso dessa ferramenta. 139 A última indicação de bibliografia contém uma versão online simplificada da CDU; acesse-a para explorar esquemas, tabelas e exemplos. Não se esqueça de selecionar no lado direito da tela o idioma de preferência: essa versão está disponível em 57 línguas. • MCLLWAINE, I. C. Guia para utilização da CDU: um guia introdutório para o uso e aplicação da Classificação Decimal Universal. Tradução de Gercina Ângela Borém Lima. Brasília: IBICT, 1998. 143 p. Disponível em: <http:// livroaberto.ibict.br/handle/1/772>. Acesso em: 8 maio 2018. • RIBEIRO, Maria Cristina de Paiva; MESQUITA, Walma Abigail Belchior; MIRANDA, Marcos Luiz Cavalcanti de. A tese otletiana para a gestão, organização e disseminação do conhecimento. RACIn, João Pessoa, v. 2, n. 2, p. 1-22, jul./dez. 2014. Disponível em: <http:// racin.arquivologiauepb.com.br/edicoes/v2_n2/racin_ v2_n2_artigo01.pdf>. Acesso em: 8 maio 2018. • UDC CONSORTIUM. Universal Decimal Classification: summary. 2018. Disponível em: <http://www. udcsummary.info/php/index.php?lang=pt>. Acesso em: 8 maio 2018. 140 6. E-REFERÊNCIAS FONTOURA, Marcelo Carneiro da. A Documentação de Paul Otlet: uma proposta para a organização racional da produção intelectual do homem. 2012. 219 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação)–Universidade de Brasília, 2012. Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/10431>. Acesso em: 8 maio 2018. KOLODNY, Carina. Paul Otlet, empresário belga, imaginou a internet em 1895. The Huffington Post, 2014. Disponível em: <http://www.conexaojornalismo.com.br/ colunas/cultura/novasmidias/paul-otlet,-empresario-belga,-imaginou-a-internet- em--67-29929>. Acesso em: 8 maio 2018. LEVIE, Françoise. O homem que queria classificar o mundo. Documentário. 60 min. Bélgica: 2002. Disponível em: <http://iptv.usp.br/portal/video.action?idItem=5941>. Acesso em: 8 maio. 2018. MCLLWAINE, I. C. Guia para utilização da CDU: um guia introdutório para o uso e aplicação da Classificação Decimal Universal. Tradução de Gercina Ângela Borém Lima. Brasília: IBICT, 1998. 143 p. Disponível em: <http://livroaberto.ibict.br/handle/1/772>. Acesso em: 8 maio 2018. MUNDANEUM. Disponível em: <http://www.mundaneum.org/en>. Belgium, c2018. Acesso em: 8 maio 2018. UDC CONSORTIUM. UDC Fact Sheet. 2018. Disponível em: <http://www.udcc.org/ index.php/site/page?view=factsheet>. Acesso em: 23 abr. 2018. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SIMÕES, Maria da Graça. Classificação Decimal Universal: fundamentos e procedimentos. Coimbra: Almedina, 2008. 308 p. SOUZA, Sebastião de. CDU: como entender e utilizar a 2ª edição-padrão internacional em língua portuguesa. 2. ed. Brasília: Thesaurus, 2010. 163 p. UDC CONSORTIUM. Classificação Decimal Universal. Tradução Odilon Pereira da Silva. 2. ed. Brasília: IBICT, 2007. 2. v. Portfólio ATIVIDADE ARTIGO CLASSIFICAÇÃO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL – CDU E A CLASSIFICAÇÃO DECIMAL DE DEWEY – CDD RESUMO A classificação se origina da necessidade do ser enquanto indivíduo tornar acessível o conhecimento e, para que essa acessibilidade se realize, é necessário que tenhamos a informação organizada para sua possível recuperação. Desse modo, entendemos a classificação como um ato de ordenação, agrupamento ou distribuição em classes ou categorias na perspectiva de uma ordem e método. O trabalho objetiva construir uma análise comparativa entre a Classificação Decimal de Dewey – CDD e a Classificação Decimal Universal – CDU identificando vantagens e desvantagens de ambas de modo que possamos apresentar um detalhamento dos sistemas de classificações mencionados, estabelecendo um parâmetro geral que possibilite a compreensão adequada do uso dos mesmos para os centros informacionais. A pesquisa, segundo seus objetivos, se caracteriza como analítica, onde a coleta de dados bem como os procedimentos metodológicos deu-se a partir de uma pesquisa bibliográfica, relacionando-se com a prática profissional bibliotecária, a usabilidade dos sistemas nos centros informacionais bem como sua representatividade na recuperação da informação. Para que pudéssemos alcançar a finalidade estabelecida no estudo recorremos a leituras de Piedade (1983), Lago (2009), Souza (2010) entre outros. Faça a leitura do artigo completo e, ao final, elabore um quadro comparativo que exponha as principais diferenças entre a CDD e CDU. ACESSE ARTIGO 01 - 690 - AULA 02 OBS: OBS: Para Para redigir redigirsua sua resposta, resposta, use use uma uma linguagem linguagem acadêmica. acadêmica. Faça Faça um um textotexto comcom no no mínimo mínimo 20 20 linhas linhas e e máximo máximo 25 25 linhas. linhas. Lembre-se Lembre-se de de não não escrever escrever emem primeiraprimeira pessoa pessoa do do singular, singular, não não usar usar gírias, gírias, usar usar as as normas normas da da ABNT: ABNT: texto texto comcom fonte fonte tamanhotamanho 12, 12, fonte fonte arial arial ou ou times, times, espaçamento espaçamento 1,5 1,5 entre entre linhas, linhas, textotexto justificado.justificado. Pesquisa AUTOESTUDO Classificação Decimal Universal Acesse https://www.youtube.com/watch?v=_Je9WU7r1iM A CDU é o sistema de classificação mais frequente nas bibliotecas portuguesas e é o sistema usado pela Biblioteca Geral para a maioria das áreas. Este sistema foi criado por Paul Otlet e Henri La Fontaine, sendo uma adaptação da Classificação Decimal de Dewey. Foi primeiramente publicado em língua francesa de 1904 a 1907. Trata-se de uma forma eficaz de organizar recursos bibliográficos em bibliotecas. As obras são classificadas quanto ao assunto de que tratam. Assista ao vídeo e faça anotações sobre pontos importantes a respeito desse sistema. N
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