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Aula 01 - O Romance de José de Alencar

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LITERATURA BRASILEIRA II
O ROMANCE DE JOSÉ DE ALENCAR
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Conhecer a variada obra de José de Alencar; 2. analisar o romance
histórico no contexto brasileiro; 3. reconhecer a importância da pesquisa da linguagem na obra indianista de
José de Alencar; 4. experimentar trechos de romances urbanos; 5. verificar a importância do romance regional na
obra de Alencar.
Quando pensamos o Romantismo no Brasil, a figura de Alencar e a importância de suas obras sobressaem . O
autor publicou vinte e um romances, classificados, por assunto, em indianistas, históricos, regionais e urbanos.
Alfredo Bosi, em sua História concisa da literatura brasileira, observa que muito importava a “Alencar cobrir com
a sua obra narrativa passado e presente, cidade e campo, litoral e sertão, e compor uma espécie de suma
romanesca do Brasil” (BOSI, , p. 137)A História concisa da literatura brasileira
A versatilidade de sua pena tanto contemplava os mitos colonizadores, como se observa em suas narrativas
históricas e indianistas, quanto nos romances de viés urbano, onde os valores da sociedade do século XIX são
analisados e criticados.
O Guarani, publicado em 1857, é um romance de natureza histórica, exemplar para a compreensão da presença
do índio na literatura romântica.
1 O guarani
Em uma breve síntese, Peri, protagonista da narrativa, encanta-se por Ceci e devota a ela e a seu pai, Dom
Antônio de Mariz, lealdade típica de um cavaleiro medieval.
Saiba mais
Quer ler o romance? Procure em:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?
select_action=&co_obra=1843
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1843
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1843
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As peripécias que conduzem a narrativa dão a conhecer um mundo de conflito entre índios aimorésfolhetinesca
e brancos, assim como entre brancos de boa índole e os mercenários, comandados por Loredano.
Folhetim é o nome dado à publicação em capítulos de romances nos periódicos da época. Boa parte dos
romances de José de Alencar e Machado de Assis foi publicada primeiro como folhetim.
Analisando a obra, Alfredo Bosi, em chama a atenção para a inserção do elementoDialética da colonização
indígena em um regime feudal, conjugada à representação da sociedade colonial dos séculos XVI e XVII de
maneira mítica e idealizada: “o mito é uma instância mediadora (...) o mito alencariano reúne, sob a imagem
comum do herói, o colonizador, tido como generoso feudatário, e o colonizado, visto, ao mesmo tempo, como
súdito fiel e bom selvagem.”
É importante observar que Peri concilia duas características importantes do Romantismo: a cor local,
representada pela descrição da natureza brasileira e pelo indígena, e a noção de bondade natural do homem,
intocado pela sociedade.
A articulação desses aspectos elimina, de certa forma, o compromisso com a verossimilhança do texto, uma vez
que a rebeldia do nativo desaparece, assim como a crueldade do colonizador. Nesse sentido, por não representar
as verdadeiras relações entre colonizador e colonizado, por redimensioná-las no tempo passado, Alencar escapa
da polemização resultante do movimento de lusofobia, decorrente da Independência recente.
O indígena ganha também o protagonismo da cena na obra Iracema (Lenda do Ceará), publicada em 1865. Obra
definida como primitiva por Alencar.
“ (...) primitiva, que se pode chamar de aborígine, são as lendas e mitos da terra selvagem e
conquistada; são as tradições que embalaram a infância do povo, ele escutava como o filho a quem a
mãe acalenta no berço com as canções da pátria, que abandonou.
Iracema pertence a essa literatura primitiva, cheia de santidade e enlevo, para aqueles que venceram
na terra da pátria a mãe fecunda – alma mater, e não enxergam nela apenas o chão onde pisam.”
(apud. Bosi, A. . 41 ed. São Paulo: Cultrix, 2003.p. 136)História concisa da literatura brasileira
O romance também é exemplar da impressionante capacidade criadora de Alencar, só ultrapassada pelo papel
pioneiro no que se refere à pesquisa da linguagem, no sentido de fazer acompanhar o texto com os termos
próprios àquela realidade e região.
No prólogo da obra , o autor recomenda o estudo da língua indígena para a construção da nacionalidadeIracema
da literatura, como lemos no trecho que segue:
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“O conhecimento da língua indígena é o melhor critério para a nacionalidade da literatura. Ele nos dá
não só o verdadeiro estilo, como as imagens poéticas do selvagem, os modos de seu pensamento, as
tendências de seu espírito, e até as menores particularidades de sua vida.
E nessa fonte que deve beber o poeta brasileiro, é dela que há de sair o verdadeiro poema nacional,
tal como eu o imagino.”
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais
longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito
perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu onde campeava
sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde
pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da
oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os
úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã
de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o
sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste(...)
Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra;
sua vista perturba-se.
Saiba mais
Em , por exemplo, o léxico condiciona a musicalidade e a poesia do texto, comoIracema
podemos ler nesse belíssimo trecho em que a índia Iracema é apresentada ao leitor e quando
conhece o amor de sua vida, o branco Martim. Desse encontro nascerá a trama.
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Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau
espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das
águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue
borbulham na face do desconhecido.”
2 Romance urbano
Dos romances urbanos de Alencar, e merecem atenção pela crítica aos costumes da sociedadeSenhora Lucíola
burguesa da época, bem como pela riqueza da descrição de cenários e personagens. É nos salões cariocas que o
enredo se desenvolve: Aurélia Camargo, protagonista de Senhora, denuncia o casamento por interesse, movido
pelo dote, e não pelo sentimento.
Ao iniciar o romance, a personagem é uma moça pobre, rejeitada por Fernando Seixas, que se compromete com
outra por um dote maior. No entanto, Aurélia enriquece e engendra uma vingança contra ele.
A narrativa, de estrutura folhetinesca, é marcada por embates verbais entre os personagens, criando o suspense
pelo final feliz, já que a tensão entre o amor e a ambição, ou entre o perdão e o rancor, move o andamento da
trama.
Lucíola, personagem central que dá nome ao romance, narra a vida de uma cortesã, figura comum nos salões do
século XIX. A delicadeza da trama do amor impossível é tecida com força dramática e energia lírica, percebida
nas descrições das cenas mais fortes para a época.
Leia, no trechinho a seguir, o momento em que Paulo, o narrador, faz reflexões sobre a personagem Lúcia, ou
Lucíola:
“Tal é a força mística do pudor, que o homem o mais ousado, desde que tem no coraçãoo instinto da
delicadeza, não se anima a amarrotar bruscamente esse véu sutil que resguarda a fraqueza da
Saiba mais
Clique aqui para saber mais:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000136.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000136.pdf
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mulher. Se a resistência talhe o desejo, o enleio casto, a leve rubescência que veste a beleza como de
um santo esplendor, influem mágico respeito.
Isto, quando se ama; quando a atração irresistível da alma emudece os escrúpulos e as
suscetibilidades. O que não será pois quando apenas um desejo ou um capricho passageiro nos
excita? Então ousar é mais do que uma ofensa; é um insulto cruel”.
"Se eu amasse essa mulher, que via pela terceira ou quarta vez, teria certamente a coragem de falar-
lhe do que sentia; se quisesse fingir um amor degradante, acharia força para mentir; mas tinha
apenas sede de prazer; fazia dessa moça uma ideia talvez falsa; e receava seriamente que uma frase
minha lhe doesse tanto mais, quanto ela não tinha nem o direito de indignar-se, nem o consolo que
deve dar a consciência de uma virtude rígida."
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000035.pdf
No trecho, o narrador dá a conhecer o código moral e, simultaneamente, já expõe as contradições de seus
sentimentos para com a dama. É interessante comentar que, apesar de denunciar a hipocrisia das relações, no
romance a personagem não escapa de um julgamento rigoroso, o que pode ser interpretado de duas maneiras:
Primeiro, ao se propor a demonstrar que a literatura brasileira se encontrava ao nível da europeia, Alencar
importa o tema da libertina redimida - , de Alexandre Dumas - e adapta-o ao contextoA dama das camélias
brasileiro.
Segundo, o autor já havia sofrido a censura de sua peça , e Lucíola retoma o mesmo tema,As asas de um anjo
temperado com a sutileza da argúcia.
Assim, os romances urbanos de Alencar constituem um documento relevante para compreendemos as relações
sociais e econômicas de meados do século XIX. Sobretudo por tomarem a descrição dos papéis atribuídos às
mulheres e a sua participação na sociedade como temática principal. A peça foi censurada três dias depois da
estreia.
O que vem na próxima aula
• A poesia romântica;
• A geração indianista ou nacionalista – Gonçalves Dias.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Conheceu as características dos romances de José de Alencar;
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http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000035.pdf
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• Conheceu as características dos romances de José de Alencar;
• analisou o romance histórico, à luz do contexto brasileiro;
• aprendeu a especificidade do romance indianista;
• verificou a presença da crítica à sociedade nos romances urbanos;
• reconheceu a importância do romance regional para o projeto alencariano.
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	Olá!
	
	1 O guarani
	2 Romance urbano
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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