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AD1 - ANA GABRIELA

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de 
Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras 
 
Disciplina: Linguística III 
Nome: Ana Gabriela Medeiros 
Polo: Nova Friburgo 
Matrícula:22113120011 
AD1 – 2023.1 
1- Em seus estudos, Bakhtin formula críticas àquelas que seriam, a seu 
ver, as duas grandes tendências do pensamento filosófico-linguístico de sua época: 
o subjetivismo idealista e o objetivismo abstrato. O autor também propõe o estudo 
da língua na interação verbal. Discorra acerca da crítica feita por Bakhtin ao 
objetivismo abstrato e explique em que consiste estudar a língua na interação. (4,0 
pontos) 
 
O ponto de vista de Mikhail Bakhtin a respeito da linguística e seus objetos de 
estudo distingue-se das correntes teóricas que estavam vigentes naquele período, de 
modo que, em Marxismo e filosofia da linguagem, publicado em 1929, Bakhtin tece 
críticas a essas metodologias, as quais chama de Subjetivismo Idealista e Objetivismo 
abstrato. 
O Objetivismo abstrato corresponde as diversas correntes linguísticas que 
priorizam o estudo do aspecto estável da língua. Como, a chamada escola de Genebra, 
das hipóteses de Ferdinand Saussure, a qual Bakhtin caracteriza como “a mais brilhante 
expressão do objetivismo abstrato em nosso tempo”. De maneira sintetizada, para esta 
corrente teórica a linguagem é formada por um lado individual (a fala) e um lado social 
(a língua), sendo essa segunda esfera o objeto de estudo da Linguística. Saussure separa 
a língua dos atos de fala, e a caracteriza como um sistema fechado, uma organização de 
caráter fixo e imutável. A crítica de Bakhtin a abordagem estruturalista refere-se a essa 
diferenciação entre o sistema linguístico e os atos de fala, pois ao fazer essa distinção, 
excluí-se os aspectos sociais envolvidos e desconsidera-se a importância do falante na 
produção dos enunciados, dando mais importâncias as regras abstratas do que ao que foi 
precisamente dito. 
Para Bakhtin, os indivíduos não recebem a língua pronta para uso, como um 
produto finalizado, a língua é viva, e está em constante processo de evolução. Ao 
excluir os fatores sociais, históricos e ideológicos da análise linguística se deixa de lado 
o fator central da língua, sua “verdadeira substancia”: o fenômeno social da interação 
verbal. Portanto, a fim de contemplar esse fenômeno, o russo propõe o estudo da 
enunciação, que busca entender como os indivíduos se relacionam por meio da 
linguagem, levando em conta os diferentes contextos em que essa interação ocorre, e 
considerando não apenas o que foi dito, mas também como foi dito, quem o disse, para 
quem foi dito, em que circunstâncias e com que intenções. 
 
2- A partir da década de 1960, com a chamada guinada pragmática, novos objetos 
teóricos passaram a ser estudados pela Linguística, dentre eles, o texto. Defina 
em que consiste o texto para a Linguística Textual e explique o seu 
funcionamento, exemplificando com excertos retirados da crônica “Em 
código”. (3,0 pontos) 
Na década de 1960 ocorreu a chamada Guinada Pragmática, que trouxe um novo 
dimensionamento para os estudos linguísticos. A linguística expandiu seus objetos de 
estudo, anteriormente, centralizados na estrutura abstrata da língua, para tópicos 
relacionados ao uso que os falantes fazem da mesma, como o contexto situacional, a 
intenção comunicativa e os efeitos produzidos pela linguagem na interação social. Nesse 
contexto de ampliação surge a Linguística Textual, uma disciplina que se dedica ao 
estudo do texto, das relações interfrásticas. 
Apesar do que se pressupõem no senso comum, o texto, em um sentido amplo, 
não está diretamente relacionado a linguagem verbal, de modo que uma partitura, um 
filme, uma estátua, um mapa, e outras esferas, podem ser consideradas texto. A palavra 
texto vem do latim textus, que significa tecer, entrelaçar. De tal forma, o texto se 
caracteriza como uma unidade linguística, um conjunto de informações que se 
relacionam entre si objetivando transmitir uma mensagem, produzir um todo conexo e 
completo. A elaboração de um texto envolve diversas estratégias linguísticas e 
discursivas, como a escolha de vocabulário, a organização sintática, entre outros fatores. 
Alguns desses aspectos essenciais para se compreender o funcionamento do texto 
podem ser identificados na crônica “Em código” de Fernando Sabino, como a coesão e 
a coerência, pois o conteúdo do texto forma uma conexão entre as informações 
apresentadas, como no trecho abaixo: 
“Desliguei, atônito, fui até refrescar o rosto com água, 
para poder pensar melhor. Só então me lembrei: haviam-me 
encomendado uma crônica sobre essas frases que os motoristas 
costumam pintar, como lema, à frente dos caminhões. Meu 
irmão, que é engenheiro e viaja sempre pelo interior fiscalizando 
obras, prometera ajudar-me, recolhendo em suas andanças farto 
e variado material. E ele viajou, o tempo passou, acabei me 
esquecendo completamente o trato, na suposição de que o 
mesmo lhe acontecera” 
(SABINO, 1962) 
 
Onde há uma sequência de frases organizadas em um discurso coerente, a presença de 
elementos linguísticos que conectam as frases e a transmissão de uma ideia central: O 
momento em que o narrador identifica a mensagem que seu irmão passou através do 
recado. 
A intencionalidade é um dos fatores da textualidade, que está relacionado, como 
o próprio nome já diz, a intenção, ao efeito que o autor deseja provocar no leitor. No 
texto de Sabino, é clara a intenção do autor de gerar uma confusão no leitor, para que só 
seja possível compreende a mensagem “codificada” do irmão do narrador ao fim da 
crônica. 
3- A Análise da Conversação (AC) é uma perspectiva teórica que se dedica ao 
estudo da conversa. Explique as noções de conversa, turno e tópico, 
empregadas nesta perspectiva teórica, e traga exemplos de cada uma delas 
extraídos da crônica “Em código”. (3,0 pontos) 
A análise da conversação (AC) é uma disciplina que surge nos Estados Unidos 
nos anos 1960 objetivando estudar e analisar as interações verbais- e não verbais- dos 
indivíduos em situações sociais do cotidiano. 
Para a AC, a conversa caracteriza-se como um fenômeno social, que 
desempenha uma função importante na formação dos indivíduos e de suas identidades. 
Esse fenômeno envolve múltiplos aspectos, como: as ações que os interlocutores 
executam, as formas como eles se posicionam no diálogo, as estratégias que empregam 
para atingir seus objetivos comunicativos, entre outros. Alguns aspectos são importantes 
para a análise do texto conversacional, dentre eles o turno, que é fundamental para que 
seja possível compreender a maneira como a conversa se organiza e se desenvolve. Esse 
conceito se caracteriza como uma unidade básica da interação verbal e refere-se a vez 
em que um participante assume o papel de locutor durante uma conversa e produz uma 
fala. A troca de turno é organizada pelos participantes da conversa, que utilizam 
diversos recursos para indicar que terminaram de falar e que passam a vez para o outro, 
um de cada vez. Contudo, é possível que em algumas ocasiões ocorra o “assalto de 
turno”, onde um dos falantes toma o turno de outro interlocutor para si. 
O turno da conversa no texto “Em código” de Sabino inicia-se com o chefe do 
irmão do narrador na frase: 
"- Recebi de Belo Horizonte um recado dele para o senhor. É uma mensagem 
meio esquisita, com vários itens, convém tomar nota: o senhor tem um lápis aí?" 
A pergunta ao final é uma estratégia utilizada para indicar a troca de turno, que 
nesse caso, é passado para o narrador: 
“- Tenho. Pode começar.” 
O turno se intercala entre o chefe e o narrador, ocorrendo alguns momentos de 
“assalto”, como: 
“- Foi o que eu preveni ao senhor. E tem mais. Quinto: não sou Colgate, mas 
ando na boca de muitagente. Sexto: poeira é minha penicilina. Sétimo: carona, 
só de saia. Oitavo... 
- Chega! - protestei, estupefato. - Não vou ficar aqui tomando nota disso, feito 
idiota.” 
Aqui, o narrado assalta o turno do chefe de seu irmão, que não conseguiu 
terminar de dizer o oitavo item. 
Outro conceito formador para a conversa é o tópico, que, de maneira geral, 
caracteriza-se como o assunto ou tema que está sendo discutido pelos interlocutores na 
conversa. Na crônica, o tópico é o recado estranho que o narrador recebe de seu irmão, 
que é posteriormente identificado como o material de uma pesquisa para um texto que 
ele teria de escrever.

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