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EXERCÍCIO - COMO FAZER A DOSIMETRIA DA PENA - DIREITO PENAL

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Primeiramente, é importante ressaltar que o critério de dosimetria adotado pelo sistema jurídico brasileiro é o Critério Trifásico, de forma que a dosimetria deve ser realizada em três sequenciais fases. 
A primeira fase de trata da fixação da pena base, sobre a qual incidirão os critérios estabelecidos pelas demais fases. Para que seja fixada a pena base, entretanto, é preciso considerar qual tipo penal deverá ser analisado. No caso em comento, trata-se do crime de roubo, previsto pelo art. 157 do CP e ao qual se comina a pena de reclusão, de quatro a dez anos. Importante mencionar que se trata de um roubo na modalidade tentada, razão pela qual aplicar-se-á os preceitos estabelecidos pelo art. 14 do Código Penal. Entretanto, esta aplicação apenas se dará ao fim da dosimetria, na terceira fase de aplicação. 
Pois bem. Estabelecida a pena in abstrato, que é de quatro a dez anos, passemos a analisar as circunstâncias judiciais, estabelecidas pelo art. 59 do Código Penal. Tais circunstâncias são os antecedentes, a culpabilidade, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias e consequências do crime e o comportamento da vítima. Segundo o caso analisado, é possível verificar que não é possível atestar qual seria o motivo do crime, a personalidade do agente ou o comportamento da vítima, razão pela qual esses fatores poderão ser desconsiderados no momento da dosimetria. Entretanto, resta claro que as circunstâncias do crime (idosa acabou sendo ferida), os antecedentes do agente (crime cometido anteriormente) e a culpabilidade (circunstâncias do crime extrapolaram os limites do tipo penal, vez que a idosa foi ferida com coronhadas) podem ser valoradas negativamente, enquanto a conduta social pode ser valorada positivamente (testemunhas favoráveis ao réu).
Dessa forma, o cálculo a ser feito, segundo a jurisprudência, considera que, para cada vetorial judicial considerada negativa, deve-se haver o amento de 1/8 do termo médio diminuído do mínimo cominado ao tipo penal; ou seja, primeiro identificamos o termo médio entre o máximo e o mínimo da pena e, após, diminuímos o mínimo. Sobre o resultado encontrado, acrescentamos 1/8 para cada vetorial negativa. In casu, temos três vetoriais negativos. Assim, realizando o cálculo descrito, descobrimos que, para cada vetorial negativo, deveremos acrescentar 3 meses à pena mínima, de forma que a pena-base ficará fixada como 4 anos e 9 meses. 
Na segunda fase, iremos fixar a pena provisória, a qual será encontrada a partir da incidência de atenuantes e de agravantes, previstas pelo Código Penal. Dentre as agravantes a serem identificadas no caso concreto, destaca-se a violência contra o idoso (art. 61, II, h, CP). Já como atenuantes, temos a menoridade do réu, o qual possuía 20 anos no dia do crime (art. 65, CP). Observe que temos um concurso entre agravante e atenuante. Segundo o entendimento jurisprudencial, elas não podem ser compensadas entre si. Na verdade, existe uma ordem de valoração, qual seja: i) menoridade e senilidade; ii) reincidência; iii) atenuantes e agravantes subjetivas; e iv) atenuantes e agravantes objetivas. Note que a atenuante relativa à menoridade se aplica ao nosso caso e se sobrepõe à agravante. Dessa forma, conforme o entendimento jurisprudencial, diminui-se 1/6 da pena base, de forma que temos como pena intermediária 4 anos. 
Por fim, passamos à última fase da dosimetria. Nesta fase, analisaremos as majorantes e as minorantes, estabelecidas na Parte Geral e na Parte Especial do CP. Como minorantes, temos o disposto no art. 14, II, do CP, que é a tentativa do crime, a qual prevê a diminuição de 1/3 a ½ da pena. Já com relação às majorantes, temos o concurso de pessoas (art. 157, §2º, II, CP), que estabelece o aumento de 1/3 a ½ da pena e o uso de armas de fogo (art. 157, §2-A, I, CP), que estabelece que a pena será aumentada de 2/3.
Considerando as condições fáticas do crime, entendo ser aplicável a majoração de ½ da pena, com relação ao disposto no art. 157, §2º, II, do CP. Para que seja aplicada ao caso concreto, entretanto, devemos considerar a questão do concurso de majorantes específicas. Neste caso, entende-se que se pode aplicar as duas ou apenas uma, com incidência isolada. Optei por aplicar apenas aquela prevista pelo art. 157, §2º, II, do CP, vez que atendendo ao disposto no art. 68 do CP, de aplicação daquela que mais aumenta a pena. Tem-se, então, uma pena fixada em 6 anos. 
Por fim, aplicando-se a atenuante de 1/3, temos a pena final fixada em 5 anos, 3 meses e 18 dias.

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