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Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 1 Neurotransmissão colinérgica Sistema nervoso autônomo parassimpático: • Componente eferente craniossacral, em que predomina durante respostas passivas: saciedade, repouso e digestão o Mesencéfalo o Bulbo o Região sacral da medula espinhal Acetilcolina: • Acetilcolina é sintetizada • Depois armazenada em vesículas • Posteriormente as vesículas se concentram próximo a liberação, nas chamadas zonas ativas • Chega o potencial de ação, o cálcio entra, determinando a liberação do conteúdo das vesículas para a fenda sináptica • Se a membrana pós-sináptica for de coração, vaso etc = receptor muscarínico • Mas se for gânglio ou placa motora = nicotínico • O precursor da acetilcolina é a colina, que possui grande concentração em nosso sangue (são poucas as desordens por deficiência de colina) • Colina é transportada de forma ativa para o neurônio parassimpático, o principal é o CHT1 (transportador dependente de sódio = colina entra e sódio entra também) • Colina entrou e reage com a acetilcoenzima A (acetil-CoA) • A acetilcoenzima A é produzida pela membrana mitocondrial • E aí a enzima CHAT (colina-acetil-transferase) transporta acetil para a colina, formando acetilcolina • Acetilcolina fica temporariamente no citoplasma e depois a proteína/transportador VAChT vai colocar as moléculas de acetilcolina do citoplasma para vesícula o A acetilcolina não fica sozinha na vesícula, tem outras moléculas, em especial ATP o Na bexiga, acetilcolina e ATP se complementam para gerar esvaziamento o Tem Ca, Mg+, tem proteoglicano, VIP (peptídeo vasoativo intestinal) • Fica armazenada até chegar potencial de ação e ser liberada para o meio • Quando for liberada, é imediatamente clivada pela enzima acetilcolinesterase (umas das enzimas de hidrólise mais potentes e rápidas do nosso organismo, nosso organismo nos fez para produzir muito acetilcolina, a gente libera muita acetilcolina, mas ao mesmo tempo tem a acetilcolinesterase) • Acetilcolinesterase vai transformar em acetil e colina novamente, e também ácido acético, e recicla o processo • Hemicolínio: usado só em laboratório, mas sem uso clínico; inibe a síntese porque inibe o CHT1 • Vesamicol: pode bloquear transportador VaChT, bloqueando armazenamento da acetilcolina. Porque acetilcolina importante é a da vesícula, não a do citoplasma. Também não tem uso clínico, apenas experimental • Ver a estrutura molecular da acetilcolina e acetil-CoA + colina Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 2 • A fusão da vesícula com a membrana não é algo simples, há a necessidade de proteínas para que essa fusão ocorra, processo chamado de “ancoragem e fusão” o Hoje estuda muito sobre isso, porque tem drogas que degradam essas pontes proteicas = acetilcolina não vai ser liberada = é o que a toxina botulínica faz! • A toxina botulínica é empregada para aliviar ruga porque evita a contração do músculo (ruga é porque a pele vai junto com o músculo quando idoso contrai) = toxina impede as pontes proteicas = impede a liberação do neurotransmissor = impede a contração muscular • Da mesma forma que o alfa 2 fazia a regulação da liberação de NA na pré-sináptica, temos receptores para controle da liberação de acetilcolina também! o Os M2 e M4 fazem esse controle (na pré-sináptica). Mecanismo fisiológico para controlar o excesso da liberação. o O alfa 2 também fica aqui no neurônio parassimpático! Porque sim, temos noradrenalina aqui perto, por exemplo, no coração! o Também temos outros receptores para autorregulação (uma espécie de feedback negativo para acetilcolina) o Então apesar de acetilcolina ter grande produção e liberação, todo nosso organismo tem mecanismos de controle, seja pela acetilcolinesterase ou esse controle negativo de receptores Receptores nicotínicos e muscarínicos • “Após o bloqueio dos receptores muscarínicos pela atropina, doses maiores de Ach produzem os seguintes efeitos nicotínicos” (atropina é antagonista/bloqueador muscarínico não seletivo = vai bloquear todos os muscarínicos do organismo) o Bem, se os muscarínicos estão bloqueados, Ach vai agir só nos nicotínicos = os de todos os gânglios autonômicos (tanto simpático quanto parassimpático), na musculatura esquelética (na placa motora, causando tremores) e na medula adrenal (para liberar catecolaminas) • Experimento: injetei acetilcolina de forma intravenosa (isso não tem muita importância, porque a acetilcolinesterase degrada facilmente), mas com bastante dose para conseguir ver algum efeito: o Acetilcolina vai causar queda de pressão, reduz débito e faz vasodilatação o A ação é extremamente rápida por conta da acetilcolinesterase o Não há um captador como o NET para acetilcolina • Mas: Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 3 o Se acetilcolina atingir gânglio simpático > vai determinar liberação da noradrenalina o Se acetilcolina atingir adrenal > vai determinar liberação de adrenalina o E aí noradrenalina e adrenalina vão agir em alfa 1 (vasoconstrição) e beta 1 (aumento de débito por inotropismo positivo) = aí sim aumenta a pressão o Posso provar que a acetilcolina tá aumentando a pressão por conta da via das catecolaminas se eu colocar um bloqueador adrenérgico e ver que o efeito cessa. Receptores nicotínicos o Endógenos: acetilcolina o Exógeno: nicotina o Receptores ionotrópicos, excitatórios, despolarizante o Em milissegundos o No gânglio e na medula adrenal são chamados de receptores Nn (nicotínicos neuronais) o Os da placa motora são chamados de receptores Nm (nicotínicos musculares) o Farmacologicamente são diferentes, mas topograficamente não o As drogas que bloqueiam os Nn quase que não afetam Nm (só se aumentar muito a dose). o E vice versa o Também tem receptores nicotínicos no SNC, mas pouco se sabe sobre o O receptor tem algumas subunidades (sempre pentâmero), e a Ach sempre se liga na subunidade alfa. o Aí o canal se abre = sódio de fora entra = despolariza = manda informação para frente Receptores muscarínicos o Os que estão na membrana efetora do órgão efetor o Todos têm 7 domínios, são metabotrópicos acoplados a proteína G o Quando ativado diretamente pela Ach tem algumas ações: bradicardia, contração e esvaziamento da bexiga, miose etc. = clássico de parassimpático o Estão presentes em tecidos desprovidos de inervação parassimpática = como vasos sanguíneos. Leitos vasculares não tem inervação parassimpática (mesmo tendo muito simpáticos), mas o vaso tem receptor muscarínico. o Agonistas e antagonistas muscarínicos são fracos, não conseguem ser tão efetivos! o Mas hoje se sabe que bradicardia gerada por Ach é por conta de M2 o E que perda da broncoconstrição por Ach e esvaziamento urinário é por conta de M3 o M1, M2, M3, M4, M5 o Mas quase toda ação periférica da acetilcolina é M2 e, principalmente, M3 o M2 e M4 = muito em músculo cardíaco o M3 = mm liso, endotélio e glândulas o No SNC tem os 5 muscarínicos (apesar de pouco saber sobre) ▪ Gera: excitação, ganho de memória, tremor, mas pouco elucidado Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 4 o M2 = principalmente redução da frequência cardíaca o No músculo cardíaco você via que o simpático inervava muito, tanto perto do nó sinoatrial (fazendo cronotropismo +; beta 1) e tanto em todo mm. Cardíaco (fazendo inotropismo +; beta 1). Porém, a inervação parassimpática no cardíaco é pouca e mais perto dos nós AS e AV (então faz cronotropismo -), mas tem pouco efeito de inotropismo – porque não tem muita inervação pelo músculo em si = redução da frequência cardíaca o Cardíaco pode ter um pouco de M4 também o A inervação parassimpáticacardíaca é pelo n. vago o Além da bradicardia, a Ach pode agir no terminal simpático! Ou seja, tem receptor M2 e M3 no neurônio simpático que está liberando noradrenalina no coração, diminuindo essa liberação o Ach também consegue ativar canais de potássio, fazendo ele sair e bloquear canais de cálcio = faz hiperpolarização o Esse efeito vai somar a redução de cAMP = as 3 coisas juntas (cAMP, cálcio e potássio) = leva a hiperpolarização cardíaca = leva a bradicardia o M3 = faz a grande parte dos efeitos de parassimpático que sabemos o Vasodilatação o Broncoconstrição o Esvaziamento da bexiga urinária o Miose o Salivação, lacrimejamento, sudorese o Aumento do peristaltismo intestinal o Aumento da produção de suco gástrico e secreção de muco o Todos esses efeitos são os mesmos de pessoas intoxicadas por organofosforados (anticolinesterásicos). o Vasos sanguíneos tem endotélio. Se estimular vago a liberar Ach = vai gerar vasodilatação? MENTIRA! Vago não inerva leito vascular! Leito vascular não tem inervação parassimpática!! Mesmo que o vaso sanguíneo tenha receptor M3! = ou seja, se eu injetar Ach (intravenosa) aí sim vai agir o receptor que já está lá, mobiliza fosfolipases C, IP3 e DAG = induz liberar óxido nítrico = sinaliza para vasodilatação. Mas seu eu só fazer estimulação vagal aí não dá nada, porque vaso não tem inervação parassimpática! o Como esse mecanismo funciona? ▪ No endotélio vascular tem muito M3, vai ativar Gq – PLC – IP3 – cálcio Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 5 ▪ Cálcio ativa a enzima eNOS que converte L-Arg em óxido nítrico (isso dentro do endotélio) (que é molécula sinalizadora muito importante!) ▪ NO atravessa a membrana do endotélio, chega no mm liso e ativa a GCs (guanilato ciclase). GCs converte GTP em GMPc ▪ Na célula muscular lisa, o GMPc: ativa a proteína kinase G que vai reduzir cálcio no mm liso = faz vasodilatação ▪ Não confunda o aumento de cálcio inicial no endotélio com a diminuição de cálcio no mm liso para causar vasodilatação! ▪ Mas ao mesmo tempo GMPc é quebrado em GMP para não ficar algo infinito, até porque teríamos hipotensão então Situações de disfunção endotelial (não consegue produzir NO) = aí a Ach injetada não vai atingir o endotélio, vai atingir o M3 que tem no mm liso diretamente e aí = Gq – PLC – IP3 – entra cálcio no mm liso = vai levar à vasoconstrição Então em resumo o que Ach faz no sistema cardiovascular: o Diminui freq. Cardiaca o Diminui velocidade de condução do sinal por nó SA e AV o Não muita imp no inotropismo (diminuição da contratilidade ventricular) o Vasodilatação (via do NO-GMPc) o Nos demais músculos lisos não vasculares + glândulas: EXERCÍCIO: Resolução: se o trimetafan está bloqueando o receptor nicotínico de gânglios, a Ach terá que se ligar aos receptores muscarínicos a) não há ação vagal, já que está sob uso de bloqueador nicotínico ganglionar b) mesma explicação da alternativa anterior c) ação de Ach no coração também depende de estimulação vagal, que está inibida sob uso do bloqueador nicotínico ganglionar Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 6 d) não houve bradicardia reflexa vagal, já que a ação vaga está inibida pelo uso do bloqueador nicotínico ganglionar e) verdadeiro
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