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Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 1 Farmacologia dos agonistas muscarínicos Como as drogas podem interferir na transmissão colinérgica? • Inibindo a síntese de Ach (o hemicolínio é uma droga que faz, isso, só experimental, sem uso clínico) • Inibindo o armazenamento de Ach (vesamicol) • Inibindo a liberação de Ach (toxina botulínica) • Inibindo a hidrólise de Ach, ou seja, inibir a ação da acetilcolinesterase = permanece mais tempo na membrana efetora = são os anticolinesterásicos • Atuando como agonistas de receptores muscarínicos (atuam sobre receptor, produzindo ação, é algo usado, mas pouco). Ex: betanecol, pilocarpina, cevimelina) • Atuando como antagonistas de receptores muscarínicos (atropina) Agonistas de receptores muscarínicos • Os agonistas muscarínicos podem ser chamados de agonistas colinérgicos, colinomiméticos, parassimpatomiméticos = são aqueles que produzem efeitos semelhantes àquelas produzidas pela estimulação parassimpática craniossacral, da Ach • São divididos em 2 grupos: os de ação direta e os de ação indireta o Os de ação direta: são agonistas que atuam direto no receptor muscarínico ▪ São subdivididos nos ésteres de colina e os alcaloides o Os de ação indireta: são inibidores da colinesterase (então indiretamente acarretam o acúmulo de Ach). Tem duas subclasses mais importantes: ▪ Carbamatos ▪ Organofosforados • Ach não dá para usar como droga, porque ela é muito hidrolisada pela acetilcolinesterase. Então quando foi desenvolver droga, precisa ser algo que sobre menos ação da enzima. A molécula precisa ter redução da susceptibilidade da molécula à hidrólise pela colinesterase. Além disso, existem 5 tipos de receptores muscarínicos, “ah mas quero um que atue ativando bradicardia” então precisa ser agonista a M2, logo, precisa de seletividade para receptores muscarínicos. Mas isso não é muito fácil, os agonistas e antagonistas M3 conseguem ativar e desativar os demais tipos. • Betanecol: ação plena em receptores muscarínicos, sem ação no nicotínico (o que é bom, bem específico para muscarínico) e ainda é pouco degradado por acetilcolinesterase. (é um ester de colina, ação direta) • Pilocarpina (assim como o betanecol age em muscarínico, não em nicotínico e não é facilmente degradado. É do tipo alcaloide, ação direta) o Extraída do folhas do gênero pilocarpus o Justamente por ser agonista muscarínico = gera grande salivação • Para que usar agonista muscarínico? o Tratar da retenção urinária (já que Ach faz esvaziamento da bexiga) – usa o betanecol. Usa especial em pós operatório, pós parto ou hipotonia crônica Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 2 o Xerostomia (usa betanecol, cevimelina, pilocarpina, por via oral). Usa em caso de xerostomia (boca seca, pouca saliva). Sindrome de Sjogren é uma doença autoimune que tem boca e olho seco. Usa em pacientes submetidos a radioterapia porque atinge as glândulas e para de produção saliva e lágrima. Além disso, quem usa antipsicóticos e antidepressivos isso pode agir como antagonista muscarínico. o Tem algumas cirurgias oftálmicas (Ach, carbacol) em que o cirurgião quer fazer miose rápida, aí usa também. Para tratar glaucoma usa a pilocarpina também (mas tem drogas melhores pra isso hoje) o Usa para teste de broncoprovocação (metacolina) (as vezes não sabe se paciente tem asma, se ele tiver, depois desse teste vai ter grande hiper- reatividade, mas se não, pode ser outra coisa, como tumor) • Cevimelina: especialmente usado para tratar a tal síndrome autoimune que causa boca seca (quem tem boca seca faz cárie com grande frequência) = síndrome de Sjogren • Efeitos adversos do uso de muito agonista muscarínico: miose, salivação excessiva, sudorese (diaforese), broncoconstrição, lacrimejamento, bradicardia, hipotensão, rush cutâneo (exantema), cólicas abdominais, contrações da bexiga (pensa que é o mesmo que eu exagerar todas os sintomas do parassimpático) • Cuidados com o uso de agonistas muscarínicos: o Asma e DPOC o Doenças cardiovasculares (se o paciente tiver, pode piorar, causa bradicardia e hipotensão) o Insuficiência cardíaca o Obstrução mecânica da bexiga ou TGI (se um paciente tem tumor na bexiga, não adianta dar agonista = bexiga vai contrair par esvaziar e só vai piorar a situação) • Tratamento para intoxicação por agonistas muscarínicos (ou seja, salvar dando o efeito inverso): o Atropina (é antagonista muscarínico) o Adrenalina o Lavagem gástrica (quando faz grande uso de cogumelo) o Carvão ativado (também para envenenamento por cogumelo) Farmacologia dos agonistas nicotínicos • Substâncias (alcaloides) de ocorrência natural que atuam seletivamente em receptores N autonômicos (PS e S). exemplos: nicotina e lobelina (ambas são aminas terciárias) • Receptores nicotínicos em 3 lugares: gânglios autonômicos simpáticos e parassimpáticos, glandula adrenal e placa motora (e no SN, mas não se sabe sobre). Se ativa nicotínico ganglionar, vou ativar tanto do simpático quanto parassimpático = mistura de sintomas, dependendo do indivíduo ou simpático ou parassimpático vai prevalecer seus efeitos, então não muito usado • Mas nicotina é usada como discos transdermais (adesivo) para quem quer para vício de tabagismo. O disco vai oferecendo a nicotina que o dependente precisa, mas ele vai precisando menos da ação de segurar e manusear o cigarro, porque se o indivíduo perder a sua relação com o cigarro em si, já ajuda • Vareniclina: agonista parcial em receptores nicotínicos e depois como antagonista do mesmo receptor. Adjuvante na interrupção do tabagismo Farmacologia dos antagonistas muscarínicos • Esses sim têm grande variedade de uso clínico • Atropina = antagonista muscarínico, mas que está relacionada principalmente à M2 = ou seja, no miocárdio = se Ach faz bradicardia, a atropina vai causar a taquicardia Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 3 • A atropina atua também em outros órgãos, mas aí é em receptores muscarínicos M3: o Broncodilatação em trato respiratório o Para tratar a incontinência urinária (quem tem “bexiga hiperativa”) o Produzir midríase (para fazer exame de fundo de olho) o Para diminuir peristaltismo (usado para tratar cólica intestinal, o buscopam é atropina) o Para “secar o indivíduo”, produzir menos suor o Boa absorção por via oral, desprovida de efeitos centrais em uso terapêutico (mas é amonio terciário, então em grandes doses pode sim conseguir atravessar a barreira hematoencefálica) o Agonista muscarínico não seletivo • Esses antagonistas podem ser chamados de parassimpatolíticos, antimuscarínicos, anti colinérgicos, etc • Bloqueiam o efeito da acha ao nível do receptor muscarínico nas membranas dos órgãos efetores, de forma competitiva! • Possuem efeitos estimulantes centrais mesmo em doses terapêuticas (à exceção das moléculas com amônio quaternário) • Possuem pouca ou nenhuma ação nos receptores nicotínicos (à exceção dos antagonistas com amônio quaternário na molécula) • Ausência de seletividade completa para o receptor muscarínico. • A principal limitação deste grupo de fármacos é conseguir agir sem efeitos colaterais, sempre acaba produzindo • Tropicamida: usada como colírio para produzir midríase em exame de fundo de olho Atropina • Antagonista muscarínico não seletivo o Boa absorção por via oral o Desprovido de efeitos centrais (em doses terapêuticas) – mas podem causar sim efeitos centrais, porque é amina então consegue passar a barreira hematoencefálica o Basicamente usada para cardioaceleração e taquicardia (usa 2mg) o Pensando em cardiovascular, em indivíduos que tiveram infarto, geralmente desenvolvem bradicardia,então dá atropina para “reverter” o Também usa antes de cirurgia de órgãos viscerais (porque durante cirurgia, a manipulação das vísceras pode gerar reflexo vagal causando bradicardia, então antes da cirurgia já dá atropina para indivíduos), fornece por via intravenosa. • Se eu injetar atropina intravenosa, ela vai causar vasoconstrição, já que Ach gera vasodilatação. Entretanto, se eu só der atropina para o indivíduo não vai causar nada, já que vaso não tem inervação vagal! Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 4 o Uso clínico da atropina ocular: se Ach causava miose (por contração do esfíncter pupilar da íris e m. ciliar), agora vai causar midríase. Usada para exame de retina, varredura do nervo óptico. Para reversão do efeito usa pilocarpina ou éster de colina (que é agonista colinérgico que vai competir com o antagonista, deslocando-o). para causar midríase relevante tem que ser uso tópico, via intravenosa não gera muito efeito no olho. • Uso clínico da escopolamina: quando o problema é de ordem central, prefere-se usar escopolamina a atropina. Antimuscarínicos sintéticos • Empregados no tratamento da asma e DPOC • Empregados no tratamento da bexiga hiperativa • Pulmão é muito inervado pelo vago, e ach era broncoconstritora e tb aumentava a produção de muco nas glândulas. Vinha pelos terminais vagais Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 5 o SAMA ou LAMA o Efeitos colaterais dos anticolinérgicos broncodilatadores: Uso clínico dos antagonistas muscarínicos (M3) o Uso para bexiga urinária (para tratar incontinência urinária/bexiga hiperativa) o Dá para aplicar toxina botulínica para incontinência, porém mais caro o Também dá para usar um conjunto de drogas aminas terciárias Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 6 • Outras classes de drogas (que não tem nada a ver com anticolinérgico) também podem ser empregados como antagonizadores do receptor muscarínico. o Por exemplo anti-histamínico H1 (por isso que podem dar bocar seca) o Antidepressivo tricíclicos (amitriptilina) o Antipsicóticos (clozapina) o Efeitos colaterais atropina-símile EXERCÍCIO 1: • Quando ver a profissão “lavrador” pensa automaticamente em organofosforado (que é inibidor de colinesterase)!! • A) não é unicamente. São muscarínicos, nicotínicos e centrais (fora que espasmos e fasciculações musculares = nicotínicos do MEE) • B) sim! Já que to tendo hiperativação • C) claro que não, só se você quiser matar o paciente! • D) ele pode sim apresentar taquicardia e hipertensão por conta dos nicotínicos dos gânglios simpáticos, não por conta dos nicotínicos das junções neuromusculares • E) falso, em doses clínicas atropina não faz isso. EXERCÍCIO 2: • a) Errada porque organofosforado é ação indireta por inibição da acetilcolinesterase • b) Não há ação de vago sobre os vasos • c) A acetilcolina acumulada (pela ação do anticolinesterásico) vai afetar os receptores nicotínicos dos gânglios simpáticos, CORRETA! • d) Acetilcolina age na medula da suprarrenal
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