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Finanças Públicas Na Constituição

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TEMAS ESPECIAIS PARA JUIZ FEDERAL
DIREITO FINANCEIRO
Finanças públicas na constituição e o novo regime fiscal
(emenda constitucional nº 95/2016)
1. Considerações iniciais
No título que trata do Sistema Tributário Nacional, limites e poder de
tributação, repartição das receitas tributárias e orçamento, a Constituição
Federal de 1988 (CF/1988) reservou alguns dispositivos para tratar do tema
“Finanças Públicas”. Nestes, o Constituinte aborda normas gerais sobre
recursos públicos – ou seja, o orçamento – que constitui um dos alicerces da
atividade financeira do Estado.
A doutrina clássica não converge sobre a natureza jurídica do orçamento. Há
correntes, como aquela defendida por Duguit, que defendem que o orçamento
se trata de simples ato administrativo quando relativo às despesas,
assumindo, contudo, a natureza de lei no que toca à receita tributária.
Na ótica conferida pelo texto constitucional vigente, o orçamento possui
natureza jurídica de lei, como estabelecem os seguintes dispositivos da CF/
1988:
Art. 165. (...)
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e
entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
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III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e
órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os
fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo
regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções,
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e
creditícia.
No exercício de formação do orçamento pelo Estado, alguns princípios
próprios de direito financeiro, para além daqueles que sabidamente norteiam
os atos praticados pelo Poder Público (tal como o princípio da legalidade),
devem informar a atividade estatal. São eles:
a) Princípio da Exclusividade: por esse postulado, defende-se a proibição
de leis orçamentárias que contenham dispositivos estranhos à previsão de
receita e fixação de despesa. Trata-se de mecanismo para evitar que matérias
alheias ao orçamento sejam incluídas na lei orçamentária, como bem definido
no art. 165, § 8º, do texto constitucional:
Art. 165. (...)
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da
receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização
para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de
crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
b) Princípio da Universalidade: em conformidade com a orientação obtida
por este princípio, tem-se que absolutamente todas as receitas e despesas
(assim como os objetivos, metas e metodologia a serem empregados pelo
Poder Público na realização das despesas) devem estar previstas na lei
orçamentária.
Art. 165. (...)
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
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I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e
entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e
órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os
fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
Ademais, a partir da regra contida na Lei nº 4.320/1964, também se entende
que, pelo princípio da universalidade, a lei orçamentária deve dispor das
receitas e despesas em seus valores brutos. É o que se verifica de seu art. 6º:
Art. 6º Tôdas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos
seus totais, vedadas quaisquer deduções.
§ 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra
incluir-se-ão, como despesa, no orçamento da entidade obrigada a
transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber.
§ 2º Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, o cálculo das cotas
terá por base os dados apurados no balanço do exercício anterior aquele em
que se elaborar a proposta orçamentária do governo obrigado a
transferência. 
c) Princípio da Unidade: por essa diretriz, intrinsecamente contida no art. 2º
da Lei nº 4.320/1964, fala-se no dever atribuível a cada ente da Federação de
estipular um único orçamento, observada a periodicidade anual. Trata-se de
medida que visa identificar todas as receitas e despesas à disposição do
Estado, de modo a avaliar a ocorrência (ou não) do equilíbrio orçamentário
daquele ente federativo.
Lei nº 4.320/1964, art. 2º A Lei do Orçamento conterá a discriminação da
receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o
programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade,
universalidade e anualidade.
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d) Princípio da Anualidade: trata-se de princípio que orienta a periodicidade
e a vigência dos orçamentos programados pelos entes federativos, os quais
vigorarão no período compreendido entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de
cada ano, como estatui o art. 34 da Lei nº 4.320/1964:
Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.
e) Princípio da Programação: segundo esse postulado, o orçamento não
pode apenas citar as estimativas de despesas e receitas para o exercício
financeiro respectivo; deve, além disso, organizar as metas a serem atingidas
pelo Estado e os objetivos perseguidos para a satisfação das necessidades
públicas e coletivas com a receita. É o que se extrai dos seguintes
dispositivos constitucionais:
CF/1988, art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: (...)
§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta
Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e
apreciados pelo Congresso Nacional. (...)
§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados
com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades
inter-regionais, segundo critério populacional.
f) Princípio do Equilíbrio Orçamentário: de acordo com a orientação contida
nesse princípio, o equilíbrio deve ser observado quando da gerência das
finanças públicas. Embora não esteja textualmente previsto na CF/1988, a
sua relevância se extrai, por exemplo, dos dispositivos que limitam o
endividamento, estabelecem o mecanismo de controle de despesas e vedam
a abertura de crédito suplementar sem a prévia indicação dos respectivos
recursos.
2. Regime Constitucional das Finanças Públicas – Leis Orçamentárias
Segundo o art. 165 da CF/1988, há três tipos de lei orçamentária: aquela que
institui o plano plurianual (PPA), aquela que trata das diretrizes
orçamentárias (LDO) e aquela que aprova o orçamento anual (LOA). Todas
as espécies são decorrentes de processo de iniciativa do Poder Executivo.
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O Plano Plurianual, com duração de quatro anos, tem como função
primordial fixar, em aspecto regionalizado, as diretrizes, objetivos e metas a
serem seguidas pela Administração Pública Federal para as despesas
relativas a investimentos, inversões financeiras e transferências da capital,
bem assim para o programa de duração continuada.
Trata-se de verdadeiro modelo de planejamento das ações que serão
empregadas pelo Poder Público durante o mandato presidencial, com foco em
despesas que visem o aumentodo patrimônio da Administração.
CF/1988, art. 165. (...)
§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada,
as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as
despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos
programas de duração continuada.
A LDO que, por sua vez, possui a vigência de um ano, deverá abarcar as
metas e prioridades da Administração Pública federal específicas para o
exercício financeiro seguinte, viabilizando, em verdade, o cumprimento do
PPA.
Ademais, como também disciplina o art. 165 da CF/1988, a LDO possui outras
funções, a saber:
CF/1988, art. 165. (...)
§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da
administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o
exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei
orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária
e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais
de fomento. (Grifos nossos.)
Para além disso, importante notar que a Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF), em seu art. 4º também apresenta os objetivos e características da LDO
– que, ao lado das exigências constitucionais, deverá tratar de:
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Lei Complementar nº 101/2000, art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias
atenderá o disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e:
I – disporá também sobre:
a) equilíbrio entre receitas e despesas;
b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses
previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9º e no inciso II do § 1º
do art. 31;
c) (VETADO)
d) (VETADO)
e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos
programas financiados com recursos dos orçamentos;
f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades
públicas e privadas; (...)
Cabe observar que, como também determinado pela Lei Complementar (LC)
nº 101/2000 (art. 4º, § 3º), a LDO deverá contar com um Anexo de Riscos
Fiscais, que tem o papel de permitir a análise da contingência de passivos da
Administração Pública e apontar as medidas que devem ser empregadas,
caso tal contingência se perfectibilize.
Além disso, a própria LRF estabelece que condições e requisitos que deverão
estar presentes no projeto da LDO quando de seu envio ao Poder Legislativo.
Lei Complementar nº 101/2000, art. 4º
§ 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas
Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e
constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e
montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois
seguintes.
§ 2º O Anexo conterá, ainda:
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I – avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;
II – demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de
cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as
fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas
com as premissas e os objetivos da política econômica nacional;
III – evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios,
destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de
ativos;
IV – avaliação da situação financeira e atuarial:
a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e
do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial;
V – demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da
margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.
§ 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde
serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as
contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se
concretizem.
§ 4º A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo
específico, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem
como os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e
variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício subsequente.
A LOA, de todas as espécies previstas no texto constitucional, é a que se
mostra mais concreta, de substância mais palpável, visto que dispõe, quase
que de forma integral e exclusiva, sobre as receitas e despesas para o
exercício financeiro subsequente. Isto decorre, por exemplo, da própria
vedação contida no art. 165, § 8º da CF/1988, explicitado no exame do
princípio da exclusividade acima.
Diante desse caráter, é evidente que não se permite a consignação de crédito
com a finalidade imprecisa ou dotação ilimitada; em absoluto, todas as
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receitas indicadas na LOA terão despesas específicas às quais estão
vinculadas, no valor exato do custo.
Cabe, contudo, mencionar que, do próprio texto constitucional (art. 165, § 8º),
extraem-se duas exceções ao princípio da exclusividade, responsável por
orientar a criação da LOA: (i) a autorização para abertura de crédito
suplementar e para a (ii) realização de operações de crédito.
Ainda no que diz respeito às exigências impostas pela CF/1988 à LOA, tem-
se a regra indicada no art. 165, § 6º, segundo o qual “o projeto de lei
orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito,
sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões,
subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia”.
Por fim, oportuno observar que o art. 167 da CF/1988 disciplina as matérias e
condutas proibidas na confecção dos orçamentos, as quais dizem respeito,
em síntese, à execução orçamentária e à discriminação de receitas e
despesas – o qual sofreu parcial alteração com a Emenda Constitucional (EC)
nº 103/2019. São elas:
CF/1988, art. 167. São vedados:
I – o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;
II – a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que
excedam os créditos orçamentários ou adicionais;
III – a realização de operações de créditos que excedam o montante das
despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos
suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder
Legislativo por maioria absoluta;
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se
referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços
públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para
realização de atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de
garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
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165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003.)
V – a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização
legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes;
VI – a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma
categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia
autorização legislativa;
VII – a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
VIII – a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos
orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir
déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art.
165, § 5º;
IX – a instituição de fundos de qualquer natureza, sem préviaautorização
legislativa.
X – a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos,
inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e
suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo,
inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998.)
XI – a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que
trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do
pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o
art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998.)
XII – na forma estabelecida na lei complementar de que trata o § 22 do art.
40, a utilização de recursos de regime próprio de previdência social, incluídos
os valores integrantes dos fundos previstos no art. 249, para a realização de
despesas distintas do pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo
fundo vinculado àquele regime e das despesas necessárias à sua
organização e ao seu funcionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 103, de 2019.)
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XIII – a transferência voluntária de recursos, a concessão de avais, as
garantias e as subvenções pela União e a concessão de empréstimos e de
financiamentos por instituições financeiras federais aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios na hipótese de descumprimento das regras gerais
de organização e de funcionamento de regime próprio de previdência social.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019.)
3. Novo Regime Fiscal – EC nº 95/2016
Em 2016, foi promulgada a EC nº 95, responsável por instituir um novo regime
fiscal no âmbito do Orçamento e da Seguridade Social da União, com vigência
de 20 exercícios financeiros. A Emenda foi responsável pela alteração de
nove artigos do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
Com base nas alterações promovidas, durante o prazo de 20 exercícios
financeiros, as despesas primárias totais do Governo Federal estarão
limitadas aos valores despendidos no ano anterior, com correção pela
inflação, observando os parâmetros fixados a partir do exercício de 2017:
ADCT, art. 107. (...)
§ 1º Cada um dos limites a que se refere o caput deste artigo equivalerá: 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.) 
I – para o exercício de 2017, à despesa primária paga no exercício de 2016,
incluídos os restos a pagar pagos e demais operações que afetam o resultado
primário, corrigida em 7,2% (sete inteiros e dois décimos por cento); e
II – para os exercícios posteriores, ao valor do limite referente ao exercício
imediatamente anterior, corrigido pela variação do Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo - IPCA, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística, ou de outro índice que vier a substituí-lo, para o período de doze
meses encerrado em junho do exercício anterior a que se refere a lei
orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
Além disso, o Novo Regime Fiscal instituído com a EC nº 95/2016 estabelece
mais um requisito a ser observado quando do encaminhamento do projeto de
lei orçamentária ao Congresso Nacional, a saber: a demonstração de que os
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valores máximos de programação estão compatíveis com os limites
individualizados, calculados na forma discriminada acima.
Outro destaque trazido com a EC nº 95/2016 que merece atenção diz respeito
à abertura de crédito suplementar. Nos termos do art. 107, § 5º da ADCT, a
abertura dessa modalidade de crédito (ou especial) que amplie o montante
total autorizado de despesa primária é proibida, devendo-se, mais uma vez,
observar a limitação estipulada no § 1º do dispositivo.
ADCT, art. 106. Fica instituído o Novo Regime Fiscal no âmbito dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, que vigorará por vinte
exercícios financeiros, nos termos dos arts. 107 a 114 deste Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 95, de 2016.)
Art. 107. Ficam estabelecidos, para cada exercício, limites individualizados
para as despesas primárias: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de
2016.)
I – do Poder Executivo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
II – do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do
Conselho Nacional de Justiça, da Justiça do Trabalho, da Justiça Federal, da
Justiça Militar da União, da Justiça Eleitoral e da Justiça do Distrito Federal e
Territórios, no âmbito do Poder Judiciário; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 95, de 2016.)
III – do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Tribunal de Contas
da União, no âmbito do Poder Legislativo; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 95, de 2016.)
IV – do Ministério Público da União e do Conselho Nacional do Ministério
Público; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
V – da Defensoria Pública da União. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
95, de 2016.)
§ 1º Cada um dos limites a que se refere o caput deste artigo equivalerá: 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.) 
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I – para o exercício de 2017, à despesa primária paga no exercício de 2016,
incluídos os restos a pagar pagos e demais operações que afetam o resultado
primário, corrigida em 7,2% (sete inteiros e dois décimos por cento); e
II – para os exercícios posteriores, ao valor do limite referente ao exercício
imediatamente anterior, corrigido pela variação do Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo – IPCA, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística, ou de outro índice que vier a substituí-lo, para o período de doze
meses encerrado em junho do exercício anterior a que se refere a lei
orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
§ 2º Os limites estabelecidos na forma do inciso IV do caput do art. 51, do
inciso XIII do caput do art. 52, do § 1º do art. 99, do § 3º do art. 127 e do § 3º
do art. 134 da Constituição Federal não poderão ser superiores aos
estabelecidos nos termos deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 95, de 2016.)
§ 3º A mensagem que encaminhar o projeto de lei orçamentária demonstrará
os valores máximos de programação compatíveis com os limites
individualizados calculados na forma do § 1º deste artigo, observados os §§ 7º
a 9º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
§ 4º As despesas primárias autorizadas na lei orçamentária anual sujeitas aos
limites de que trata este artigo não poderão exceder os valores máximos
demonstrados nos termos do § 3º deste artigo. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 95, de 2016.)
§ 5º É vedada a abertura de crédito suplementar ou especial que amplie o
montante total autorizado de despesa primária sujeita aos limites de que trata
este artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
§ 6º Não se incluem na base de cálculo e nos limites estabelecidos neste
artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
I – transferências constitucionais estabelecidas no § 1º do art. 20, no inciso III
do parágrafo único do art. 146, no § 5º do art. 153, no art. 157, nos incisos I e
II do art. 158, no art. 159 e no § 6º do art. 212, as despesas referentes ao
inciso XIV do caput do art. 21, todos da Constituição Federal, e as
complementações de que tratam os incisos V e VII do caput do art. 60, deste
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Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 95, de 2016.)
II – créditos extraordinários a que se refere o § 3º do art. 167 da Constituição
Federal; (Incluído pela Emenda Constitucionalnº 95, de 2016.)
III – despesas não recorrentes da Justiça Eleitoral com a realização de
eleições; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
IV – despesas com aumento de capital de empresas estatais não
dependentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
V – transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios de parte dos
valores arrecadados com os leilões dos volumes excedentes ao limite a que
se refere o § 2º do art. 1º da Lei nº 12.276, de 30 de junho de 2010, e a
despesa decorrente da revisão do contrato de cessão onerosa de que trata a
mesma Lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019.) 
(Produção de efeito)
§ 7º Nos três primeiros exercícios financeiros da vigência do Novo Regime
Fiscal, o Poder Executivo poderá compensar com redução equivalente na sua
despesa primária, consoante os valores estabelecidos no projeto de lei
orçamentária encaminhado pelo Poder Executivo no respectivo exercício, o
excesso de despesas primárias em relação aos limites de que tratam os
incisos II a V do caput deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
95, de 2016.)
§ 8º A compensação de que trata o § 7º deste artigo não excederá a 0,25%
(vinte e cinco centésimos por cento) do limite do Poder Executivo. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
§ 9º Respeitado o somatório em cada um dos incisos de II a IV do caput deste
artigo, a lei de diretrizes orçamentárias poderá dispor sobre a compensação
entre os limites individualizados dos órgãos elencados em cada inciso.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
§ 10 Para fins de verificação do cumprimento dos limites de que trata este
artigo, serão consideradas as despesas primárias pagas, incluídos os restos a
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pagar pagos e demais operações que afetam o resultado primário no
exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
§ 11 O pagamento de restos a pagar inscritos até 31 de dezembro de 2015
poderá ser excluído da verificação do cumprimento dos limites de que trata
este artigo, até o excesso de resultado primário dos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social do exercício em relação à meta fixada na lei de diretrizes
orçamentárias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
Art. 108. O Presidente da República poderá propor, a partir do décimo
exercício da vigência do Novo Regime Fiscal, projeto de lei complementar
para alteração do método de correção dos limites a que se refere o inciso II do
§ 1º do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
Parágrafo único. Será admitida apenas uma alteração do método de correção
dos limites por mandato presidencial. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 95, de 2016.)
Art. 109. No caso de descumprimento de limite individualizado, aplicam-se,
até o final do exercício de retorno das despesas aos respectivos limites, ao
Poder Executivo ou a órgão elencado nos incisos II a V do caput do art. 107
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias que o descumpriu,
sem prejuízo de outras medidas, as seguintes vedações: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
I – concessão, a qualquer título, de vantagem, aumento, reajuste ou
adequação de remuneração de membros de Poder ou de órgão, de servidores
e empregados públicos e militares, exceto dos derivados de sentença judicial
transitada em julgado ou de determinação legal decorrente de atos anteriores
à entrada em vigor desta Emenda Constitucional; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 95, de 2016.)
II – criação de cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
III – alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
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IV – admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, ressalvadas as
reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de
despesa e aquelas decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
V – realização de concurso público, exceto para as reposições de vacâncias
previstas no inciso IV; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
VI – criação ou majoração de auxílios, vantagens, bônus, abonos, verbas de
representação ou benefícios de qualquer natureza em favor de membros de
Poder, do Ministério Público ou da Defensoria Pública e de servidores e
empregados públicos e militares; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95,
de 2016.)
VII – criação de despesa obrigatória; e (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 95, de 2016.)
VIII – adoção de medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima
da variação da inflação, observada a preservação do poder aquisitivo referida
no inciso IV do caput do art. 7º da Constituição Federal. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
§ 1º As vedações previstas nos incisos I, III e VI do caput, quando
descumprido qualquer dos limites individualizados dos órgãos elencados nos
incisos II, III e IV do caput do art. 107 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, aplicam-se ao conjunto dos órgãos referidos em
cada inciso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
§ 2º Adicionalmente ao disposto no caput, no caso de descumprimento do
limite de que trata o inciso I do caput do art. 107 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, ficam vedadas: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 95, de 2016.)
I – a criação ou expansão de programas e linhas de financiamento, bem como
a remissão, renegociação ou refinanciamento de dívidas que impliquem
ampliação das despesas com subsídios e subvenções; e (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
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II – a concessão ou a ampliação de incentivo ou benefício de natureza
tributária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
§ 3º No caso de descumprimento de qualquer dos limites individualizados de
que trata o caput do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, fica vedada a concessão da revisão geral prevista no inciso X do
caput do art. 37 da Constituição Federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 95, de 2016.)
§ 4º As vedações previstas neste artigo aplicam-se também a proposições
legislativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
Art. 110. Na vigência do Novo Regime Fiscal, as aplicações mínimas em
ações e serviços públicos de saúde e em manutenção e desenvolvimento do
ensino equivalerão: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
I – no exercício de 2017, às aplicações mínimas calculadas nos termos do
inciso I do § 2º do art. 198 e do caput do art. 212, da Constituição Federal; e
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
II – nos exercícios posteriores, aos valores calculados para as aplicações
mínimas do exercício imediatamente anterior, corrigidos na forma
estabelecida pelo inciso II do § 1º do art. 107 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de
2016.)
Art. 111. A partir do exercício financeiro de 2018, até o último exercício de
vigência do Novo Regime Fiscal, a aprovação e a execução previstas nos §§
9º e 11 do art. 166 da Constituição Federal corresponderão ao montante de
execução obrigatória para o exercício de 2017, corrigido na forma
estabelecida pelo inciso II do § 1º do art. 107 deste Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de
2016.)
Art. 112. Asdisposições introduzidas pelo Novo Regime Fiscal: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
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I – não constituirão obrigação de pagamento futuro pela União ou direitos de
outrem sobre o erário; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de
2016.)
II – não revogam, dispensam ou suspendem o cumprimento de dispositivos
constitucionais e legais que disponham sobre metas fiscais ou limites
máximos de despesas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
Art. 113. A proposição legislativa que crie ou altere despesa obrigatória ou
renúncia de receita deverá ser acompanhada da estimativa do seu impacto
orçamentário e financeiro. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de
2016.)
Art. 114. A tramitação de proposição elencada no caput do art. 59 da
Constituição Federal, ressalvada a referida no seu inciso V, quando acarretar
aumento de despesa ou renúncia de receita, será suspensa por até vinte dias,
a requerimento de um quinto dos membros da Casa, nos termos regimentais,
para análise de sua compatibilidade com o Novo Regime Fiscal. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016.)
4. A LC nº 179/2021, a autonomia do Banco Central
e as finanças públicas
O Banco Central (Bacen) tem papel especial quando tratamos das finanças
públicas. O Banco Central é uma autarquia federal que auxilia a União em sua
competência exclusiva de emitir moedas (art. 164 da CF/1988). Ele
desempenha importante função no sistema financeiro nacional. 
O Banco Central foi criado pela Lei nº 4.595/64, que descreve suas
competências, dentre as quais é possível mencionar (art. 9º, 10 e 11 da Lei nº
4.595/1964): exercer o controle do crédito; cumprir e fazer cumprir as normas
expedidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN); emitir moeda-papel e
moeda metálica, nas condições e limites autorizados pelo CMN; efetuar o
controle dos capitais estrangeiros; exercer a fiscalização das instituições
financeiras e aplicar as penalidades previstas; conceder autorização para o
funcionamento das instituições financeiras, entre outras. 
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Dentre as competências do Banco Central, imperioso mencionar que a Lei
Complementar nº 179/2021 inseriu no rol de atribuições da autarquia efetuar,
como instrumento de política cambial, operações de compra e venda de
moeda estrangeira e operações com instrumentos derivativos no mercado
interno, consoante remuneração, limites, prazos, formas de negociação e
outras condições estabelecidas em regulamentação por ele editada (inciso XV
do art. 10 da Lei 4.595/1964). 
O principal objetivo do Bacen é assegurar a estabilidade de preços, ou seja,
manter a inflação sob controle (art. 1º da LC nº 179/2021). Ademais, são
objetivos: zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro;
suavizar as flutuações do nível de atividade econômica; e fomentar o pleno
emprego (parágrafo único do art. 1º).
A referida lei complementar menciona a competência do Conselho Monetário
Nacional para estabelecer a política monetária nacional. A política monetária
consiste na forma a ser adotada pelas autoridades de uma nação para
controlar a circulação de moeda no mercado, a oferta de crédito e taxa de
juros. 
O maior marco da LC nº 179/2021 é conferir ao Bacen autonomia para
implementar medidas econômicas. Esta garantia, na atualidade, decorre da
fixação de mandato fixo para o Presidente e Diretores do Bacen e a ausência
de vinculação a Ministério, de tutela ou de subordinação hierárquica. Assim,
marca a autonomia desta autarquia especial. Veja!
Art. 6º O Banco Central do Brasil é autarquia de natureza especial
caracterizada pela ausência de vinculação a Ministério, de tutela ou de
subordinação hierárquica, pela autonomia técnica, operacional, administrativa
e financeira, pela investidura a termo de seus dirigentes e pela estabilidade
durante seus mandatos, bem como pelas demais disposições constantes
desta Lei Complementar ou de leis específicas destinadas à sua
implementação.
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Obra coletiva do Curso Ênfase produzida a partir da análise estatística de incidência dos temas
em provas de concursos públicos. 
A autoria dos e-books não se atribui aos professores de videoaulas e podcasts. 
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	TEMAS ESPECIAIS PARA JUIZ FEDERAL
	DIREITO FINANCEIRO
	Finanças públicas na constituição e o novo regime fiscal (emenda constitucional nº 95/2016)
	1. Considerações iniciais
	2. Regime Constitucional das Finanças Públicas – Leis Orçamentárias
	3. Novo Regime Fiscal – EC nº 95/2016
	4. A LC nº 179/2021, a autonomia do Banco Central e as finanças públicas

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