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A luta pelo Direito

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Disciplina: Introdução ao Direito 1 
Professor: Isaac Reis 
Aluna: Isabella Luiza Pires Esteves 
Matrícula: 18/0122584 
Fichamento sobre o texto: 
IHERING, Rudolf von. A luta pelo direito. Trad. de Dominique Makins. São Paulo: Hunter 
Books, 2012. 
 
No primeiro capítulo, a origem da lei, para Ihering, as leis de todos foram 
estabelecidas por meio de lutas em que os atores desse conflito são as nações, o poder dos 
Estados, das classes e dos indivíduos. Essas leis, em questão, têm como objetivo a paz, mas 
para alcançá-la, a luta, portanto, é primordial nesse processo. Todos os direitos legais dos 
indivíduos desejados se pautam numa manifestação de se afirmar e defender. Nesse sentido, a 
lei é dinâmica e é extraída por meio da força contra aqueles que se opuseram à sua aplicação. 
A justiça nesse meio assume um papel de ponderador do direito e da aplicação do mesmo. 
Dessa forma, é importante citar que o esforço, que é contínuo, para o individuo defender seus 
direitos legais não é exercido no mesmo grau para todos, porém, a nação, em sua totalidade, 
participa desses acontecimentos, não só o Estado. Esse envolvimento se dá por meio da 
produção intelectual e econômica. Pelo fato de haver graus de participação, menores ou 
maiores, algumas pessoas são alheias a essa batalha, pois, a partir de sua percepção só 
conhecem a lei como uma condição de paz e ordem advinda de uma noção individual, ou seja, 
enquanto uns gozam da paz, outros se ocupam da luta e do trabalho. Essa dicotomia é também 
vista em gerações inteiras, a vida de uma geração é guerra enquanto a da seguinte é paz e, 
assim, sucessivamente. 
Além disso, a batalha no que tange a lei precisa ser colocada no mesmo grau de 
importância que o trabalho, é um falta muito grande não praticá-la. A teoria da lei é omissa e 
se incube, principalmente, com o equilíbrio e a ponderação do que com a aplicação. Essa 
prática Ihering chama de "aplicação da espada da Justiça". A noção científica é falha, pois, só 
enxerga um lado, não notando a lei pelo o que, de fato, ela é. A ciência não distingue a força 
prática da lei, e só se atenta a sua lógica, o que a torna um procedimento abstrato de princípios 
legais e não traduz seu real significado, essa questão acaba não estando de acordo com a 
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realidade difícil em que a lei se insere. Seguindo sua linha de pensamento o autor mostra o 
termo direito adotando duas formas distintas: uma objetiva, essa abrange os princípios da lei 
aplicados pelo Estado, sendo a forma legal; e o direito subjetivo ao qual é a mudança da regra 
abstrata ao direito legal concreto do individuo. Entretanto, a pesar da distinção há uma 
relação, pois, ambas precisam lutar e, assim, garantir sua existência. O Estado possui como 
objetivo a regulação da lei. Ele também é sujeito a uma batalha constante, em que é contra a 
ameaça da anarquia e atua não só com respeito às leis mais antigas, como também na 
renovação das mesmas de acordo com as novas realidades. 
Ademais, contrário a sua compreensão, no que diz respeito a sua opinião pautada no 
princípio da jurisprudência está sujeita à mesma lei do inicio e assim permanece por toda a 
sua existência, Ihering cita a teoria de Savigny e de Putchta sobre o nascimento das leis. Esses 
dois autores acreditam na quebra de paradigma das leis, e essa se dá de uma forma silenciosa. 
A construção da jurisprudência acontece sem nenhuma batalha. De acordo com essa teoria, o 
individuo fica passivamente a espera, pois, não é necessária nenhuma reivindicação. O 
trabalho do poder da verdade toma para si esse papel sem algum esforço eminente. A 
mudança vai lentamente sendo adotada e se expressa com o tempo na prática, se 
assemelhando, dessa forma, com a expansão da linguagem. Apesar de o autor recusar essa 
hipótese, frisa, entretanto, uma equivalência entre a linguagem e as leis: ambas tem um 
desenvolvimento não intencional, vindo do interior. Como consequência, a esses fatores, é 
que as leis acumuladas, progressivamente, e também as abstrações advindas da ciência não 
tem poder real, por conseguinte, só regula alguns movimentos, sendo limitados. O que, de 
fato, ocasiona uma ruptura significativa é o Estado por meio da imposição de legislações. É 
importante salientar, entretanto, o fato de mesmo o poder legislativo poder ficar limitado, 
como as proposições vindas da ciência. Portanto, a alteração em certos casos precisa ser 
brusca, no sentido de mudar realmente os direitos efetivos e os interesses privados. 
Para mais, questionar a lei é ir de frente a interesses particulares. Entrando em uma 
batalha a qual é decidida em relação à força da oposição, até que os novos interesses virem 
direitos adquiridos. Por conta disso, todas as leis mais importantes foram conquistadas por 
meio de muito custo, de vida inclusive, como abolição da escravidão, etc. Nota-se, assim, que 
um direito legal imutável é inviável até porque a lei se renova constantemente. Há então um 
conflito primordial em questão: a lei do passado e da lei que sempre se aperfeiçoa. Não há, 
dessa forma, como aceitar o paralelo de Savigny, até porque a lei é movida por interesses 
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subjetivos, ela se dá em constante conflito e após se firmar tem que contornar os obstáculos e 
intercorrência que pode vir a se apresentar. A partir desses sacrifícios as pessoas se apegam a 
suas leis, e não permitem ninguém de retirá-las. Concluí-se a importâncias das batalhas pela a 
lei. 
No capítulo seguinte, o autor começa discorrendo sobre a batalha pelo direito concreto 
e como essa se dá, ou seja, pela violação ou apropriação do direito legal. Até o direito legal 
em todas as suas esferas é vulnerável aos conflitos. As grandes batalhas e conquistas nos 
levam a crer que o sacrifício ocasionado pela a luta não é em vão, porém, quando se muda a 
ótica para o direito individual, a percepção é diferente, pelo fato da batalha se tornar sóbria. 
Quando o direito próprio de alguém é transgredido, cabe à própria pessoa decidir como vai se 
portar: se lutará ou, pelo contrário, sucumbirá ao oponente, em ambos os casos terá um custo 
a ser pago. Ihering denota nessa passagem o que foi exposto: "em um caso, a lei é sacrificada 
em nome da paz; no outro, a paz é sacrificada em nome da lei" (IHERING,2012,pp.71). 
Portanto, a pessoa precisa medir qual é o melhor sacrifício a ser adotado levando em conta a 
situação. 
Nesse sentido, nota-se, que a luta pelo direito se dá em uma mensuração de pesos e 
medidas, chegando assim a uma resolução. Porém, ao se observar a realidade é notável como 
em muitos casos essa regra não se aplica, pois mesmo que haja o desejo de ir contra o outro, 
de disputar, e o custo a ser pago não valha a pena, a pessoa tem a vontade de afirmar seus 
direitos, defendendo, assim, sua moral. Há, entretanto, homens que vão contra e preferem a 
paz a qualquer direito legal, sendo uma escolha subjetiva. Olhando da perspectiva da lei 
ambas as escolhas devem ser respeitadas, porém, o autor discorda veementemente, pois, a lei 
em si precisa de uma resistência ao condenável, ao se abster de uma resposta, a pessoa em 
questão vai contra a natureza da lei, é ir de encontro a seus próprios direitos legais. 
Já no terceiro capítulo, é exposta a importância da preservação dos direitos legais 
como um dever moral. Ao negar a lei, o individuo chega ao estágio de um animal, perdendo 
até sua humanidade no processo. Pois, aquele que vive em sociedade não leva só em 
consideração sua vida física como sua própria existência moral. O autor coloca em ênfase que 
nem todo ataque é arbitrário, em algumas ocasiões, o ser ao praticar uma injustiça acredita 
que sua ação é justa em vista de seus interesses próprios, tem em mente que a ação praticada é 
um direito seu. Mas alguém ao agir deliberadamente, sabendo que está infringindo a lei, como 
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um ladrão e um bandido não só negam o domínio de alguém sobre algo, mas, inclusive aprópria ideia da existência da vítima. Portanto, Ihering, defende a ideia de uma violação à 
propriedade, ao casamento, ao contrato, assim como a honra, é um ataque pessoal. Por 
ameaçar a vida, sendo assim, essa pessoa tem o dever de rejeitar a prática e agir contra tal. 
Outrossim, o autor equipara propriedade com a vida. E ainda diz que se abster é o 
mesmo de ser cúmplice, aceitando, assim, o descumprimento da lei. O único momento em 
permitido de a pessoa poder abrir mão de sua propriedade é quando o indivíduo não age 
arbitrariamente, e sua intenção for de boa-fé, nesse caso, cada indivíduo pode agir da melhor 
forma que lhe aprouver, lutar ou não agir, pensando numa melhor forma de acabar com o 
conflito. Porém, o acordo, em algumas vezes não consegue se concretizar pela a ideia ferrenha 
de ambos os lados de que o outro está irremediavelmente errado. Um possui uma excessiva 
desconfiança do outro, e quanto mais o sentimento de propriedade for forte maior será a 
obstinação. O exemplo colocado é do camponês em que seu sentimento de posse é enorme, 
fazendo com que esse não enxergue que o outro não está agindo com uma intenção 
verdadeira. 
Ademais, quando não fica claro a intenção de cada um , as partes devem lutar da 
mesma forma ferrenha caso fosse um ladrão. Pois, acreditam psicologicamente que seja uma 
injustiça objetiva, e possuem a ideia de um ataque direto a seus direitos, envolvendo uma 
noção de violação de justiça, o que gera a resistência. O embate só é resolvido quando uma 
das partes perceba a natureza doo ato, este não é de má fé, e, assim, podem chegar a um 
consenso. Essa desconfiança ou falta de percepção, é a incapacidade de olhar pelo ponto de 
vista do outro, e só é superada pela civilização. Desse modo, só o progresso traz a percepção 
mais clara sobre o que é injustiça e sobre o que não é. Também, não há como prever como 
uma pessoa reagirá a uma injustiça subjetiva, porém, é relevante na ótica científica e legal, 
pois, expressa como a lei interpretará o caso em questão e sua resolução quanto a ele. Em uma 
injustiça subjetiva cada um pode olhar de uma forma diferente para o caso, e a partir de seu 
olhar mudar sua percepção e sua ação sobre o mesmo, preferindo, dessa forma, agir contra ele 
ou não. 
Com esse exemplo, nota-se, que o é mais caro a alguém será, então, prerrogativa para 
a luta contra quem ameace esses direitos. É a partir de interesses pessoais e do caráter 
individual que a pessoa julgará o que não pode, de jeito nenhum, ser transgredido por alguém. 
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Pois, foi posto, que essa pessoa pode não se importar tanto e poderá deixar a batalha de lado. 
Portanto, cada um possui sua condição moral: "cada homem que tem um direito legal defende 
as condições morais de sua existência quando ele defende esse direito" 
(IHERING,2012,pp.90). Percebe-se, nesse sentido, que o sentimento de direito legal é 
determinado por fatores sociais, e não, somente, pela índole de um determinado ser. Ou seja, a 
pessoa reagirá a uma injustiça subjetiva a partir do tanto que aquilo a atinge, e o quanto o ser 
considera aquele fato importante para ele, ou se ele preza a lei legal e os seus direitos. 
Uma área do Direito em que se percebe bem essa questão é no direito criminal. Nota-
se bem as diferenças nas penas, em que juízes julgam um ato diferentemente dependendo das 
questões levantadas anteriormente pelo autor. Isso é notadamente presente, inclusive, na 
esfera privada em que o estado julga mais severamente aqueles crimes em que considera mais 
ameaçador à sua existência. O exemplo exposto são os Estados absolutos ao punirem 
veementemente a traição nacional em detrimento de outros crimes. A reação é mais imediata e 
proporcionalmente maior nos momentos em que essas instituições e esses indivíduos sentem 
suas vidas ameaçadas. Por isso, se nota a variação de leis e suas punições, pois, em geral essas 
características são escolhidas subjetivamente. Entretanto, o individuo, ao lutar contra o 
Estado, precisa pensar como as pessoas na sua mesma condição agem, pois, sozinho não terá 
o mesmo êxito em exigir seus direitos violados. Mas é de suma importância entender que 
esses direitos só são garantidos por meio da luta do grupo. Sintetizando, tudo depende do 
interesse do individuo, ele lutará ou deixará uma questão de lado, a partir de seu interesse. 
No mais, para Ihering o individuo que não conquista a propriedade com seu próprio 
esforço não possui um dever moral íntimo de defendê-la. Ele denota: “o comunismo é popular 
apenas naqueles locais em que a verdadeira ideia de propriedade foi perdida" 
(IHERING,2012,pp.94). É caracterizado, desse modo, que a pessoa não possuidora desse 
sentimento pelo dever e, assim, não batalha contra as injustiças possui uma falha em seu 
caráter. Desse modo, prefere o fácil a agir, ou seja, é um covarde. O covarde de acordo, com 
ele, sacrifica sua honra, enquanto os outros que são notáveis sacrificaram suas vidas. Pela a 
carona o covarde tem seus direitos garantidos, ou seja, enquanto está passivamente sem agir 
outros estarão lutando por ele. A sociedade sucumbiria se todos fossem dessa forma, todos os 
direitos se degenerariam. A passividade é muito perigosa, mas aparentemente, esse perigo não 
é expresso, por conseguinte, em compensação há vários órgãos que garantem a aplicação da 
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lei, como o Estado e o poder público. Para Ihering o direito legal é um interesse protegido 
pela lei, mas essa lei não pode ser usado arbitrariamente contra o individuo. 
Ademais, é necessária uma ligação com a lei. Essa legislação precisa envolver os 
direitos existentes em sua totalidade, essa relação para o autor é o valor ideal. Todos podem 
possuir esse sentimento para com a lei, independentemente, de sua classe. Agir conforme ao 
sentimento ideal é nada mais que defender, sem qualquer interesse próprio, essa ideia, e é 
fundamentada no caráter. Alguém só desenvolve essa concepção, a partir, da dor, não é algo 
em que se possa ensinar, ou aprender, é, puramente, a angústia por um ato injusto. E é, a 
partir, dessa emoção e aversão para uma injustiça em que nota-se a real natureza da lei. Só se 
conhece a lei sentindo essa afeição. A ciência só traduz a consciência de direito legal, e não o 
sentimento em si, portanto, não conhece o poder da lei. Isso é explicitado na passagem: “o seu 
direito legal, a lei, é a condição moral de existência da pessoa, e a afirmação desse direito é a 
sua autopreservação moral" (IHERING,2012,pp.100). Entretanto, a natureza desse sentimento 
e a ação de negá-lo é ir contra ao direito legal. 
 Dessa forma, agir várias vezes desse modo passivo acarretará em consequências, e a 
pessoa em questão entorpece. A base para ter um direito legal, portanto, é sentir dor ao sentir 
ser violado, agir contra tal por meio da luta. Aqueles que experimentam a lei como condição 
moral de existência é os que mais possuem sensibilidade do sentimento de direito legal, 
portanto, esse sentimento não é universal. E mais ainda, o autor correlaciona a ação com o 
caráter: aquele que possui um caráter do ponto de vista correto, quando seus direitos forem 
violados agirá mais forte sua personalidade for. É importante salientar a forma de reagir, 
calma ou mais apaixonadamente, não pode ser usada como parâmetro com a força do 
sentimento legal, pois, a forma de agir vem a partir da educação e o temperamento. A riqueza 
também não afeta o sentimento de direito legal, não é por meio do valor do objeto que o 
sentimento é maior, é a força da emoção que garante a questão, o rico e o pobre podem ter o 
mesmo sentimento. 
O capítulo quatro denota que a pessoa não só tem um dever para consigo mesma ao 
defender seus direitos, mas com a sociedade também. A lei objetiva forma a condição para a 
lei subjetiva. Um direito legal só existe se os princípios abstratos da lei o garante. A lei 
concreta depende da lei abstrata, e não só isso: a lei concreta dá vidaà lei abstrata. E é da 
natureza da lei sua realização na prática, uma lei que não é praticada passa a não ser uma lei. 
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A prática do direito público e criminal é assegurada pelo Estado, e essa realização é uma 
forma dos direitos legais. Se os indivíduos deixarem de afirmar o seus direitos, esses passam a 
não existir mais, ou seja, os princípios da lei privada são válidos pela afirmação do direito 
legal concreto. Nota-se desse modo, que o direito subjetivo depende do objetivo e vice-versa. 
Para mais, o direito público só existe a partir da pratica das autoridades pautados nos 
princípios do direito privado e as pessoas só vão contra a injustiça desses direitos pelo seu 
interesse e o sentimento de direito legal, e se a injustiça não for combatida o princípio da lei 
em questão nunca é aplicado. Ihering questiona aqueles que não praticam o dever de assegurar 
seus direitos, pois, se muitos começarem a não lutar, aqueles que lutam terão um peso e 
sobrecarga muito maior. E não só aumenta o peso dos demais que continuam fiéis à causa 
como também encoraja os que tentam deturpar o direito de outrem, aumentando assim sua 
coragem. Quando a injustiça prevalece é um sinal de que nem todos estão lutando pelo o 
dever, o papel, portanto, de defender a lei é de todos. 
As autoridades defendem a lei de forma absoluta, enquanto o Estado defende a partir 
de seus interesses e de forma limitada, porém, ao reafirmar seu direito isso influi na vida das 
pessoas, ocasionando um bem geral. Se por algum motivo só alguns lutarem pela a lei, o que 
deveria ser algo que todos se empenham para tal, em conjunto, se tornará um martírio para 
aqueles que continuam na causa. E depois, ainda, não terão seu esforço reconhecido por 
aqueles que covardemente não estiveram lutando por seus próprios direitos, que, na verdade, 
no fim, acaba sendo de todos. E a culpa de todas as consequências da deturpação ao infringir, 
passa a ser, dessa forma, daqueles que foram covardes e não dos infratores, pois, tiveram a 
consciência de permitir. 
Pois, se ver na prática que não é a proibição que repele as injustiças, mas sim uma 
repressão bruta. Já que a consequência da negação dos direitos é para todos que nesse 
processo acaba tendo seus direitos violados. Portanto, a responsabilidade de afirmar seus 
direitos acaba sendo não só para si, mas para todos em geral. Ou seja, ao defender seu próprio 
direito legal, visando seus interesses defende-se a lei universal. Não se posicionar contra 
aqueles que infringem a lei, é o mesmo que assumir deliberadamente uma traição para com o 
Estado e a sociedade. Sinônimo de segurança não é um país se capacitar com policiais cada 
vez mais, ou investir em juízes, ou qualquer aparato, mas sim, um país que seus cidadãos se 
comprometem com o cumprimento da lei e com a luta da infração da mesma. Todo homem é 
naturalmente um lutador da lei em vista do bem da sociedade, pois, aquele que usufrui desta 
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tem o dever de agir para sua manutenção e perpetuação. Portanto, essa pessoa tem uma dívida 
para com a lei: ao permitir o direito do individuo, esse mesmo individuo tem que lutar para 
sua aplicação não ser ameaçada. 
Ademais, é preferível fazer com que todos os homens, mesmo aqueles que não 
possuem noção da importância do trabalho em prol da lei, agem a favor de seus direitos. Não 
importa a motivação pessoal de cada um, desde que tenham em mente que a luta pelo direito é 
importante para a manutenção da paz mundial. Uns possuem motivos nobres para a luta, 
outros por terem consciência da importância, já outros por motivos não tão nobres, mas todos 
se ajudam sem notar, e essa batalha é uma das questões que mais precisam ser elevadas, dada 
sua importância a nível social. E esse sentimento para com a lei está acima de tudo, mesmo 
alguém que age por um interesse pessoal. Ihering denota essa prática em favor da lei como 
ideal, porém, dada a sua importância, mesmo assim, é muito difícil notar no dia a dia, pois, as 
pessoas não agem por causa da ideia da lei. Suas atitudes não são pautadas com a consciência 
de sua luta ser importante para a lei. Porém, a pesar das pessoas não basearem suas ações 
nessa consciência ideal, todos possuem um sentimento ideal. No momento em que a ei é 
transgredida cria-se um sentimento de indignação, é a moralidade pertencente a cada um 
contra a infração da lei, sendo um exemplo que sentimento moral, de fato, se aplica. Esse 
sentimento ideal é o mais genuíno que existe, e o mais forte também. Provoca em qualquer 
homem, mesmo o mais calmo, a indignação contra a justiça, Ihering chama esse sentimento 
de tempestade no mundo moral. Aquele que possui o sentimento de direito legal ofendido 
toma como se fosse um ataque pessoal, e mesmo que não há um idealismo essa pessoa toma o 
ataque contra si mesmo e sabe a junção o direito legal concreto e a lei. 
Portanto, uma ameaça à lei é uma ameaça ao direito legal, e vice versa. Nesse sentido, 
uma batalha visando afirmar o direito legal é, consequentemente, uma batalha pela a lei. Pois, 
o que envolve é a honra da lei, não interesses pontuais e próprios, mas a existência da mesma. 
O direito legal ferido mostra que a lei deve continuar sendo a lei, não só para alguém em 
específico, mas para todos. Um homem engrandece quando reclama a lei para si, ele passa a 
não falar mais de seus interesses, mas em nome da lei de um determinado Estado, em busca 
da justiça. E quando o homem tem seus direitos humilhados, na verdade, é a lei de todos que 
foi humilhada. O homem que tem todos os seus direitos violados há um consternação grande 
que inunda seu ser e o faz querer não a vingança, mas movido pela a ideia moral age como se 
fosse seu dever resguardar outro alguém contra a aquela injustiça cometida, e acaba, somente, 
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com o culpado. Esse homem se torna exemplo de o que pode vir a se suceder caso alguém 
desrespeita a lei, e quando nota que a injustiça passou e se fez justiça, ele para de lutar. E 
mesmo que sua ação faça com que esse homem tenha consequências terríveis terá em sua 
consciência que seu dever foi comprido e sua dignidade restabelecida, portanto, tudo vai ter 
valido a pena. O sentimento de direito legal torna o homem o mais forte de todos, e só 
descansa ao suprimir aqueles que tiraram sua justiça. E, durante a história, foi perceptível em 
que até instituições legais podem estar contra o sentimento ideal de seus povos, e esses lutam 
em conjunto, e para prevalecer à justiça, as pessoas, acabam, por conseguinte lutando contra a 
lei. 
O capítulo 5 começa dizendo que a batalha pautada na realização da justiça não está 
presa na vida privada, ou no direito privado. Se não existe sentimento de direito legal, ou esse 
é pouco, em um Estado o individuo não sentirá um desejo agudo de lutar pela a lei. Pois, este 
não está acostumado a defender seu direito próprio. Esse homem não terá em mente que sua 
vida fácil atinge o direito de todos e a honra da nação. De acordo com o autor "o que se planta 
na lei privada é colhido na lei pública e na lei das nações” (IHERING,2012,pp.128). Aquilo 
que faz o homem lutar pelos seus direitos também o influencia a batalhar pela a liberdade 
política e contra o inimigo estrangeiro. É no âmbito privado que se constrói a moral, para 
assim, essa chegar ao âmbito público. A relação de uma nação com seus direitos privados se 
reflete no direito público. 
Além do mais, a lei é o idealismo de caráter, o homem se vê como o mais importante 
quando seu direito leal é agredido, não importa quem foi que atacou, mas sim como irá agir 
movido a seu sentimento e força moral. Entretanto, esse sentimento só é saudável se o 
individuo não busca por meio da luta seus interesses pessoais, mas sim visa a ordem e as leis 
de todos. O homem honesto não se identifica com o criminoso, seu sentimento ideal não 
permite isso, e muito pelo contrário ele ajuda as autoridades a manter a ordem e a lei. NenhumEstado em que o sentimento de direito legal não esteja consolidado consegue se tornar um 
país forte e respeitado, portanto, não há nada de mais importante do que guardar e proteger 
esse sentimento de seus cidadãos, a existência do próprio Estado depende disso. E não há 
nada mais forte do que o sentimento de direito legal para proteger um país contra um inimigo 
estrangeiro. Para Ihering "o poder de um povo é sinônimo do seu sentimento de direito legal" 
(IHERING,2012,pp. 130), ou ter em mente o cuidado desse direito legal consequentemente o 
Estado se tornará mais forte. A lei tem como objetivo destruir tudo aquilo que possa interferir 
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contra o sentimento de direito legal. Isso é uma das melhores estratégias para o prestigio e a 
força do Estado aumentar e não investir em exército, a lei e o Estado anda junto. 
O capítulo sexto começa elencando como a lei civil em vigor, ao qual estamos sujeitos 
não dá suporte a esse idealismo, a esse sentimento de direito legal. Pois, nossa lei legal coloca 
em ênfase a materialidade e não a honra dos indivíduos. Para a lei dos dias atuais nada mais 
importante que o valor dos objetos que o homem tem em posse. É contra a lei moral que um 
infrator age, e não contra um objeto em si, portanto, ao tomar uma postura contrária à lei o 
ladrão está indo contra a ordem, a moral, a lei de todos os homens. Pois, não é só meu objeto 
que é roubado, mas sim, minha honra, minha paz, meu tempo utilizado para lutar contra essa 
injustiça, toda uma questão que a lei atual não coloca em grau de importância. Para ela, tudo 
se resolverá se o objeto subtraído for recuperado. 
Outrossim, Ihering cita três estágios de desenvolvimento da lei. O primeiro é o da 
grande bruteza do sentimento legal, da lei mais antiga em que qualquer ato injusto se tornava 
latente, não havia como alguém desculpasse o infrator se ele restituísse o objeto ou pagasse 
pelo crime cometido, demandava também uma penalidade física, pela dor física dirigida a 
vítima; o segundo é um sentimento mais ponderado do direito legal, da lei intermediaria em 
que a lei dava era aplicada subjetivamente de acordo com o grau e a gravidade dos crimes 
cometidos, levando em conta todas as suas variações; o terceiro é quando o sentimento de 
direito legal vai caindo e acabando. 
Ademais, o direito Romano dos dias de hoje se baseia em três premissas: o sentimento 
nacional de direito legal, a prática e a legislação. Essa lei é introduzida por alguns, em que 
poucos a conhecem e a entendem, e mais ainda, são influenciados pelos interesses da ciência e 
de seu oposto a aplicação prática e progressiva da lei. A prática não tem fora por si só no 
espírito da lei, ficando dessa forma, dependente da teoria. Portanto, nota-se, que não há um 
sentimento forte de direito legal, atualmente, pois as pessoas nem a conhecem e não se 
identificam com ela, e a desconfiança por aquilo que não entende de forma clara é o mais 
eficiente modo de acabar com a devoção para com a lei. A jurisprudência atual não leva em 
consideração mais que ao ter um direito ferido a questão moral da pessoa está em jogo, pois 
para ela não há nada demais importante do que o dinheiro. Pois não se luta pelo dinheiro, mas 
sim pelo seu direito legal. Todas as infrações contra a lei tentam ser reduzidas a uma multa, 
sendo que inconveniência não se paga com dinheiro. Em muitos casos o dano causado não 
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tem valor, e a lei atual não possui essa consciência. Isso provoca a sensação que a injustiça 
pode acontecer sem problema, pois todos os direitos são pisoteados e no final, a única medida 
do infrator para reparar o dano é pagar uma quantia. O autor coloca outro ponto, que a nossa 
lei não reconhece as injustiças subjetivas e objetivas. Para ela não importa se a pessoa fez 
aquela ação deliberadamente para causar o mal, ou se ela não queria causar mal nenhum e 
defendia seus interesses válidos, todos são culpados. 
Outro ponto não louvável da nossa jurisprudência atual é na evidência que ela se 
constitui. Pois para ela só importa a aparência, não se de fato há a justiça. A lei de hoje 
limitou os direitos de autodefesa protegendo o culpado e o que fora atacado, a vítima, sem 
proteção alguma, provoca um definhamento de direito legal. Aquele que é atacado deve fugir 
e não reagir, se a pessoa, para se proteger de alguém mata, é presa e condenada, sendo sua 
defesa, caracterizada pela a lei atual como crime, e até oficiais do Estado são negados a esse 
direito natural. A pessoa tem que suportar a agressão de outra, para depois o agressor ser mais 
brandamente punido. Mas Ihering defende a atuo defesa da vítima proporcional ao crime em 
questão, já que nada que é subtraído vale a vida de alguém. Por fim, autor coloca em questão 
mais uma vez a obrigação de batalhar corajosamente em prol dos seus direitos, e mais do que 
isso, do sentimento de direito legal, sendo um dever de todos. 
Nesse sentido, nota-se, na obra a importância da luta pela lei. O papel do individuo 
frente á lei precisa ser moralmente construído, pois, todos precisam preservar seus direitos, 
para assim o bem comum vigorar em detrimento da injustiça. O ser que é beneficiado pela a 
lei acaba, por conseguinte, tendo uma dívida para com ela, e não pode deixar que seus direitos 
sejam suprimidos por nenhuma outra pessoa, ou seja, não pode ser de forma alguma covarde. 
A obra, de forma fluída, mostra como agir em conjunto em favor dos direitos pessoais e 
coletivos é importante para todo o funcionamento da sociedade. Agir contra a ordem natural 
de como as questões deve ser, de forma correta, é um ato direto contra o Estado e com o 
próximo. O autor critica aqueles que se abstém de uma atitude quando alguém age contra seus 
direitos, nesse ponto, o autor peca, pois, não respeita a individualidade de cada um. Há 
pessoas, por inúmeras causas, religiosas, morais, preceitos, que preferem, não importando a 
situação, se manter “covarde”, e não há como impor a elas a situação contrária, pois, vai 
contra aquilo que elas são e defendem como certo. Entretanto, a obra elenca a importância de 
um sentimento ideal perante a lei, e como esse sentimento é importante na manutenção da 
ordem e de direitos garantidos. 
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Referências bibliográficas: 
IHERING, Rudolf von. A luta pelo direito. Trad. de Dominique Makins. São Paulo: Hunter 
Books, 2012.

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