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1 Disciplina: Introdução ao Direito 1 Professor: Isaac Reis Aluna: Isabella Luiza Pires Esteves Matrícula: 18/0122584 Fichamento sobre o texto: IHERING, Rudolf von. A luta pelo direito. Trad. de Dominique Makins. São Paulo: Hunter Books, 2012. No primeiro capítulo, a origem da lei, para Ihering, as leis de todos foram estabelecidas por meio de lutas em que os atores desse conflito são as nações, o poder dos Estados, das classes e dos indivíduos. Essas leis, em questão, têm como objetivo a paz, mas para alcançá-la, a luta, portanto, é primordial nesse processo. Todos os direitos legais dos indivíduos desejados se pautam numa manifestação de se afirmar e defender. Nesse sentido, a lei é dinâmica e é extraída por meio da força contra aqueles que se opuseram à sua aplicação. A justiça nesse meio assume um papel de ponderador do direito e da aplicação do mesmo. Dessa forma, é importante citar que o esforço, que é contínuo, para o individuo defender seus direitos legais não é exercido no mesmo grau para todos, porém, a nação, em sua totalidade, participa desses acontecimentos, não só o Estado. Esse envolvimento se dá por meio da produção intelectual e econômica. Pelo fato de haver graus de participação, menores ou maiores, algumas pessoas são alheias a essa batalha, pois, a partir de sua percepção só conhecem a lei como uma condição de paz e ordem advinda de uma noção individual, ou seja, enquanto uns gozam da paz, outros se ocupam da luta e do trabalho. Essa dicotomia é também vista em gerações inteiras, a vida de uma geração é guerra enquanto a da seguinte é paz e, assim, sucessivamente. Além disso, a batalha no que tange a lei precisa ser colocada no mesmo grau de importância que o trabalho, é um falta muito grande não praticá-la. A teoria da lei é omissa e se incube, principalmente, com o equilíbrio e a ponderação do que com a aplicação. Essa prática Ihering chama de "aplicação da espada da Justiça". A noção científica é falha, pois, só enxerga um lado, não notando a lei pelo o que, de fato, ela é. A ciência não distingue a força prática da lei, e só se atenta a sua lógica, o que a torna um procedimento abstrato de princípios legais e não traduz seu real significado, essa questão acaba não estando de acordo com a 2 realidade difícil em que a lei se insere. Seguindo sua linha de pensamento o autor mostra o termo direito adotando duas formas distintas: uma objetiva, essa abrange os princípios da lei aplicados pelo Estado, sendo a forma legal; e o direito subjetivo ao qual é a mudança da regra abstrata ao direito legal concreto do individuo. Entretanto, a pesar da distinção há uma relação, pois, ambas precisam lutar e, assim, garantir sua existência. O Estado possui como objetivo a regulação da lei. Ele também é sujeito a uma batalha constante, em que é contra a ameaça da anarquia e atua não só com respeito às leis mais antigas, como também na renovação das mesmas de acordo com as novas realidades. Ademais, contrário a sua compreensão, no que diz respeito a sua opinião pautada no princípio da jurisprudência está sujeita à mesma lei do inicio e assim permanece por toda a sua existência, Ihering cita a teoria de Savigny e de Putchta sobre o nascimento das leis. Esses dois autores acreditam na quebra de paradigma das leis, e essa se dá de uma forma silenciosa. A construção da jurisprudência acontece sem nenhuma batalha. De acordo com essa teoria, o individuo fica passivamente a espera, pois, não é necessária nenhuma reivindicação. O trabalho do poder da verdade toma para si esse papel sem algum esforço eminente. A mudança vai lentamente sendo adotada e se expressa com o tempo na prática, se assemelhando, dessa forma, com a expansão da linguagem. Apesar de o autor recusar essa hipótese, frisa, entretanto, uma equivalência entre a linguagem e as leis: ambas tem um desenvolvimento não intencional, vindo do interior. Como consequência, a esses fatores, é que as leis acumuladas, progressivamente, e também as abstrações advindas da ciência não tem poder real, por conseguinte, só regula alguns movimentos, sendo limitados. O que, de fato, ocasiona uma ruptura significativa é o Estado por meio da imposição de legislações. É importante salientar, entretanto, o fato de mesmo o poder legislativo poder ficar limitado, como as proposições vindas da ciência. Portanto, a alteração em certos casos precisa ser brusca, no sentido de mudar realmente os direitos efetivos e os interesses privados. Para mais, questionar a lei é ir de frente a interesses particulares. Entrando em uma batalha a qual é decidida em relação à força da oposição, até que os novos interesses virem direitos adquiridos. Por conta disso, todas as leis mais importantes foram conquistadas por meio de muito custo, de vida inclusive, como abolição da escravidão, etc. Nota-se, assim, que um direito legal imutável é inviável até porque a lei se renova constantemente. Há então um conflito primordial em questão: a lei do passado e da lei que sempre se aperfeiçoa. Não há, dessa forma, como aceitar o paralelo de Savigny, até porque a lei é movida por interesses 3 subjetivos, ela se dá em constante conflito e após se firmar tem que contornar os obstáculos e intercorrência que pode vir a se apresentar. A partir desses sacrifícios as pessoas se apegam a suas leis, e não permitem ninguém de retirá-las. Concluí-se a importâncias das batalhas pela a lei. No capítulo seguinte, o autor começa discorrendo sobre a batalha pelo direito concreto e como essa se dá, ou seja, pela violação ou apropriação do direito legal. Até o direito legal em todas as suas esferas é vulnerável aos conflitos. As grandes batalhas e conquistas nos levam a crer que o sacrifício ocasionado pela a luta não é em vão, porém, quando se muda a ótica para o direito individual, a percepção é diferente, pelo fato da batalha se tornar sóbria. Quando o direito próprio de alguém é transgredido, cabe à própria pessoa decidir como vai se portar: se lutará ou, pelo contrário, sucumbirá ao oponente, em ambos os casos terá um custo a ser pago. Ihering denota nessa passagem o que foi exposto: "em um caso, a lei é sacrificada em nome da paz; no outro, a paz é sacrificada em nome da lei" (IHERING,2012,pp.71). Portanto, a pessoa precisa medir qual é o melhor sacrifício a ser adotado levando em conta a situação. Nesse sentido, nota-se, que a luta pelo direito se dá em uma mensuração de pesos e medidas, chegando assim a uma resolução. Porém, ao se observar a realidade é notável como em muitos casos essa regra não se aplica, pois mesmo que haja o desejo de ir contra o outro, de disputar, e o custo a ser pago não valha a pena, a pessoa tem a vontade de afirmar seus direitos, defendendo, assim, sua moral. Há, entretanto, homens que vão contra e preferem a paz a qualquer direito legal, sendo uma escolha subjetiva. Olhando da perspectiva da lei ambas as escolhas devem ser respeitadas, porém, o autor discorda veementemente, pois, a lei em si precisa de uma resistência ao condenável, ao se abster de uma resposta, a pessoa em questão vai contra a natureza da lei, é ir de encontro a seus próprios direitos legais. Já no terceiro capítulo, é exposta a importância da preservação dos direitos legais como um dever moral. Ao negar a lei, o individuo chega ao estágio de um animal, perdendo até sua humanidade no processo. Pois, aquele que vive em sociedade não leva só em consideração sua vida física como sua própria existência moral. O autor coloca em ênfase que nem todo ataque é arbitrário, em algumas ocasiões, o ser ao praticar uma injustiça acredita que sua ação é justa em vista de seus interesses próprios, tem em mente que a ação praticada é um direito seu. Mas alguém ao agir deliberadamente, sabendo que está infringindo a lei, como 4 um ladrão e um bandido não só negam o domínio de alguém sobre algo, mas, inclusive aprópria ideia da existência da vítima. Portanto, Ihering, defende a ideia de uma violação à propriedade, ao casamento, ao contrato, assim como a honra, é um ataque pessoal. Por ameaçar a vida, sendo assim, essa pessoa tem o dever de rejeitar a prática e agir contra tal. Outrossim, o autor equipara propriedade com a vida. E ainda diz que se abster é o mesmo de ser cúmplice, aceitando, assim, o descumprimento da lei. O único momento em permitido de a pessoa poder abrir mão de sua propriedade é quando o indivíduo não age arbitrariamente, e sua intenção for de boa-fé, nesse caso, cada indivíduo pode agir da melhor forma que lhe aprouver, lutar ou não agir, pensando numa melhor forma de acabar com o conflito. Porém, o acordo, em algumas vezes não consegue se concretizar pela a ideia ferrenha de ambos os lados de que o outro está irremediavelmente errado. Um possui uma excessiva desconfiança do outro, e quanto mais o sentimento de propriedade for forte maior será a obstinação. O exemplo colocado é do camponês em que seu sentimento de posse é enorme, fazendo com que esse não enxergue que o outro não está agindo com uma intenção verdadeira. Ademais, quando não fica claro a intenção de cada um , as partes devem lutar da mesma forma ferrenha caso fosse um ladrão. Pois, acreditam psicologicamente que seja uma injustiça objetiva, e possuem a ideia de um ataque direto a seus direitos, envolvendo uma noção de violação de justiça, o que gera a resistência. O embate só é resolvido quando uma das partes perceba a natureza doo ato, este não é de má fé, e, assim, podem chegar a um consenso. Essa desconfiança ou falta de percepção, é a incapacidade de olhar pelo ponto de vista do outro, e só é superada pela civilização. Desse modo, só o progresso traz a percepção mais clara sobre o que é injustiça e sobre o que não é. Também, não há como prever como uma pessoa reagirá a uma injustiça subjetiva, porém, é relevante na ótica científica e legal, pois, expressa como a lei interpretará o caso em questão e sua resolução quanto a ele. Em uma injustiça subjetiva cada um pode olhar de uma forma diferente para o caso, e a partir de seu olhar mudar sua percepção e sua ação sobre o mesmo, preferindo, dessa forma, agir contra ele ou não. Com esse exemplo, nota-se, que o é mais caro a alguém será, então, prerrogativa para a luta contra quem ameace esses direitos. É a partir de interesses pessoais e do caráter individual que a pessoa julgará o que não pode, de jeito nenhum, ser transgredido por alguém. 5 Pois, foi posto, que essa pessoa pode não se importar tanto e poderá deixar a batalha de lado. Portanto, cada um possui sua condição moral: "cada homem que tem um direito legal defende as condições morais de sua existência quando ele defende esse direito" (IHERING,2012,pp.90). Percebe-se, nesse sentido, que o sentimento de direito legal é determinado por fatores sociais, e não, somente, pela índole de um determinado ser. Ou seja, a pessoa reagirá a uma injustiça subjetiva a partir do tanto que aquilo a atinge, e o quanto o ser considera aquele fato importante para ele, ou se ele preza a lei legal e os seus direitos. Uma área do Direito em que se percebe bem essa questão é no direito criminal. Nota- se bem as diferenças nas penas, em que juízes julgam um ato diferentemente dependendo das questões levantadas anteriormente pelo autor. Isso é notadamente presente, inclusive, na esfera privada em que o estado julga mais severamente aqueles crimes em que considera mais ameaçador à sua existência. O exemplo exposto são os Estados absolutos ao punirem veementemente a traição nacional em detrimento de outros crimes. A reação é mais imediata e proporcionalmente maior nos momentos em que essas instituições e esses indivíduos sentem suas vidas ameaçadas. Por isso, se nota a variação de leis e suas punições, pois, em geral essas características são escolhidas subjetivamente. Entretanto, o individuo, ao lutar contra o Estado, precisa pensar como as pessoas na sua mesma condição agem, pois, sozinho não terá o mesmo êxito em exigir seus direitos violados. Mas é de suma importância entender que esses direitos só são garantidos por meio da luta do grupo. Sintetizando, tudo depende do interesse do individuo, ele lutará ou deixará uma questão de lado, a partir de seu interesse. No mais, para Ihering o individuo que não conquista a propriedade com seu próprio esforço não possui um dever moral íntimo de defendê-la. Ele denota: “o comunismo é popular apenas naqueles locais em que a verdadeira ideia de propriedade foi perdida" (IHERING,2012,pp.94). É caracterizado, desse modo, que a pessoa não possuidora desse sentimento pelo dever e, assim, não batalha contra as injustiças possui uma falha em seu caráter. Desse modo, prefere o fácil a agir, ou seja, é um covarde. O covarde de acordo, com ele, sacrifica sua honra, enquanto os outros que são notáveis sacrificaram suas vidas. Pela a carona o covarde tem seus direitos garantidos, ou seja, enquanto está passivamente sem agir outros estarão lutando por ele. A sociedade sucumbiria se todos fossem dessa forma, todos os direitos se degenerariam. A passividade é muito perigosa, mas aparentemente, esse perigo não é expresso, por conseguinte, em compensação há vários órgãos que garantem a aplicação da 6 lei, como o Estado e o poder público. Para Ihering o direito legal é um interesse protegido pela lei, mas essa lei não pode ser usado arbitrariamente contra o individuo. Ademais, é necessária uma ligação com a lei. Essa legislação precisa envolver os direitos existentes em sua totalidade, essa relação para o autor é o valor ideal. Todos podem possuir esse sentimento para com a lei, independentemente, de sua classe. Agir conforme ao sentimento ideal é nada mais que defender, sem qualquer interesse próprio, essa ideia, e é fundamentada no caráter. Alguém só desenvolve essa concepção, a partir, da dor, não é algo em que se possa ensinar, ou aprender, é, puramente, a angústia por um ato injusto. E é, a partir, dessa emoção e aversão para uma injustiça em que nota-se a real natureza da lei. Só se conhece a lei sentindo essa afeição. A ciência só traduz a consciência de direito legal, e não o sentimento em si, portanto, não conhece o poder da lei. Isso é explicitado na passagem: “o seu direito legal, a lei, é a condição moral de existência da pessoa, e a afirmação desse direito é a sua autopreservação moral" (IHERING,2012,pp.100). Entretanto, a natureza desse sentimento e a ação de negá-lo é ir contra ao direito legal. Dessa forma, agir várias vezes desse modo passivo acarretará em consequências, e a pessoa em questão entorpece. A base para ter um direito legal, portanto, é sentir dor ao sentir ser violado, agir contra tal por meio da luta. Aqueles que experimentam a lei como condição moral de existência é os que mais possuem sensibilidade do sentimento de direito legal, portanto, esse sentimento não é universal. E mais ainda, o autor correlaciona a ação com o caráter: aquele que possui um caráter do ponto de vista correto, quando seus direitos forem violados agirá mais forte sua personalidade for. É importante salientar a forma de reagir, calma ou mais apaixonadamente, não pode ser usada como parâmetro com a força do sentimento legal, pois, a forma de agir vem a partir da educação e o temperamento. A riqueza também não afeta o sentimento de direito legal, não é por meio do valor do objeto que o sentimento é maior, é a força da emoção que garante a questão, o rico e o pobre podem ter o mesmo sentimento. O capítulo quatro denota que a pessoa não só tem um dever para consigo mesma ao defender seus direitos, mas com a sociedade também. A lei objetiva forma a condição para a lei subjetiva. Um direito legal só existe se os princípios abstratos da lei o garante. A lei concreta depende da lei abstrata, e não só isso: a lei concreta dá vidaà lei abstrata. E é da natureza da lei sua realização na prática, uma lei que não é praticada passa a não ser uma lei. 7 A prática do direito público e criminal é assegurada pelo Estado, e essa realização é uma forma dos direitos legais. Se os indivíduos deixarem de afirmar o seus direitos, esses passam a não existir mais, ou seja, os princípios da lei privada são válidos pela afirmação do direito legal concreto. Nota-se desse modo, que o direito subjetivo depende do objetivo e vice-versa. Para mais, o direito público só existe a partir da pratica das autoridades pautados nos princípios do direito privado e as pessoas só vão contra a injustiça desses direitos pelo seu interesse e o sentimento de direito legal, e se a injustiça não for combatida o princípio da lei em questão nunca é aplicado. Ihering questiona aqueles que não praticam o dever de assegurar seus direitos, pois, se muitos começarem a não lutar, aqueles que lutam terão um peso e sobrecarga muito maior. E não só aumenta o peso dos demais que continuam fiéis à causa como também encoraja os que tentam deturpar o direito de outrem, aumentando assim sua coragem. Quando a injustiça prevalece é um sinal de que nem todos estão lutando pelo o dever, o papel, portanto, de defender a lei é de todos. As autoridades defendem a lei de forma absoluta, enquanto o Estado defende a partir de seus interesses e de forma limitada, porém, ao reafirmar seu direito isso influi na vida das pessoas, ocasionando um bem geral. Se por algum motivo só alguns lutarem pela a lei, o que deveria ser algo que todos se empenham para tal, em conjunto, se tornará um martírio para aqueles que continuam na causa. E depois, ainda, não terão seu esforço reconhecido por aqueles que covardemente não estiveram lutando por seus próprios direitos, que, na verdade, no fim, acaba sendo de todos. E a culpa de todas as consequências da deturpação ao infringir, passa a ser, dessa forma, daqueles que foram covardes e não dos infratores, pois, tiveram a consciência de permitir. Pois, se ver na prática que não é a proibição que repele as injustiças, mas sim uma repressão bruta. Já que a consequência da negação dos direitos é para todos que nesse processo acaba tendo seus direitos violados. Portanto, a responsabilidade de afirmar seus direitos acaba sendo não só para si, mas para todos em geral. Ou seja, ao defender seu próprio direito legal, visando seus interesses defende-se a lei universal. Não se posicionar contra aqueles que infringem a lei, é o mesmo que assumir deliberadamente uma traição para com o Estado e a sociedade. Sinônimo de segurança não é um país se capacitar com policiais cada vez mais, ou investir em juízes, ou qualquer aparato, mas sim, um país que seus cidadãos se comprometem com o cumprimento da lei e com a luta da infração da mesma. Todo homem é naturalmente um lutador da lei em vista do bem da sociedade, pois, aquele que usufrui desta 8 tem o dever de agir para sua manutenção e perpetuação. Portanto, essa pessoa tem uma dívida para com a lei: ao permitir o direito do individuo, esse mesmo individuo tem que lutar para sua aplicação não ser ameaçada. Ademais, é preferível fazer com que todos os homens, mesmo aqueles que não possuem noção da importância do trabalho em prol da lei, agem a favor de seus direitos. Não importa a motivação pessoal de cada um, desde que tenham em mente que a luta pelo direito é importante para a manutenção da paz mundial. Uns possuem motivos nobres para a luta, outros por terem consciência da importância, já outros por motivos não tão nobres, mas todos se ajudam sem notar, e essa batalha é uma das questões que mais precisam ser elevadas, dada sua importância a nível social. E esse sentimento para com a lei está acima de tudo, mesmo alguém que age por um interesse pessoal. Ihering denota essa prática em favor da lei como ideal, porém, dada a sua importância, mesmo assim, é muito difícil notar no dia a dia, pois, as pessoas não agem por causa da ideia da lei. Suas atitudes não são pautadas com a consciência de sua luta ser importante para a lei. Porém, a pesar das pessoas não basearem suas ações nessa consciência ideal, todos possuem um sentimento ideal. No momento em que a ei é transgredida cria-se um sentimento de indignação, é a moralidade pertencente a cada um contra a infração da lei, sendo um exemplo que sentimento moral, de fato, se aplica. Esse sentimento ideal é o mais genuíno que existe, e o mais forte também. Provoca em qualquer homem, mesmo o mais calmo, a indignação contra a justiça, Ihering chama esse sentimento de tempestade no mundo moral. Aquele que possui o sentimento de direito legal ofendido toma como se fosse um ataque pessoal, e mesmo que não há um idealismo essa pessoa toma o ataque contra si mesmo e sabe a junção o direito legal concreto e a lei. Portanto, uma ameaça à lei é uma ameaça ao direito legal, e vice versa. Nesse sentido, uma batalha visando afirmar o direito legal é, consequentemente, uma batalha pela a lei. Pois, o que envolve é a honra da lei, não interesses pontuais e próprios, mas a existência da mesma. O direito legal ferido mostra que a lei deve continuar sendo a lei, não só para alguém em específico, mas para todos. Um homem engrandece quando reclama a lei para si, ele passa a não falar mais de seus interesses, mas em nome da lei de um determinado Estado, em busca da justiça. E quando o homem tem seus direitos humilhados, na verdade, é a lei de todos que foi humilhada. O homem que tem todos os seus direitos violados há um consternação grande que inunda seu ser e o faz querer não a vingança, mas movido pela a ideia moral age como se fosse seu dever resguardar outro alguém contra a aquela injustiça cometida, e acaba, somente, 9 com o culpado. Esse homem se torna exemplo de o que pode vir a se suceder caso alguém desrespeita a lei, e quando nota que a injustiça passou e se fez justiça, ele para de lutar. E mesmo que sua ação faça com que esse homem tenha consequências terríveis terá em sua consciência que seu dever foi comprido e sua dignidade restabelecida, portanto, tudo vai ter valido a pena. O sentimento de direito legal torna o homem o mais forte de todos, e só descansa ao suprimir aqueles que tiraram sua justiça. E, durante a história, foi perceptível em que até instituições legais podem estar contra o sentimento ideal de seus povos, e esses lutam em conjunto, e para prevalecer à justiça, as pessoas, acabam, por conseguinte lutando contra a lei. O capítulo 5 começa dizendo que a batalha pautada na realização da justiça não está presa na vida privada, ou no direito privado. Se não existe sentimento de direito legal, ou esse é pouco, em um Estado o individuo não sentirá um desejo agudo de lutar pela a lei. Pois, este não está acostumado a defender seu direito próprio. Esse homem não terá em mente que sua vida fácil atinge o direito de todos e a honra da nação. De acordo com o autor "o que se planta na lei privada é colhido na lei pública e na lei das nações” (IHERING,2012,pp.128). Aquilo que faz o homem lutar pelos seus direitos também o influencia a batalhar pela a liberdade política e contra o inimigo estrangeiro. É no âmbito privado que se constrói a moral, para assim, essa chegar ao âmbito público. A relação de uma nação com seus direitos privados se reflete no direito público. Além do mais, a lei é o idealismo de caráter, o homem se vê como o mais importante quando seu direito leal é agredido, não importa quem foi que atacou, mas sim como irá agir movido a seu sentimento e força moral. Entretanto, esse sentimento só é saudável se o individuo não busca por meio da luta seus interesses pessoais, mas sim visa a ordem e as leis de todos. O homem honesto não se identifica com o criminoso, seu sentimento ideal não permite isso, e muito pelo contrário ele ajuda as autoridades a manter a ordem e a lei. NenhumEstado em que o sentimento de direito legal não esteja consolidado consegue se tornar um país forte e respeitado, portanto, não há nada de mais importante do que guardar e proteger esse sentimento de seus cidadãos, a existência do próprio Estado depende disso. E não há nada mais forte do que o sentimento de direito legal para proteger um país contra um inimigo estrangeiro. Para Ihering "o poder de um povo é sinônimo do seu sentimento de direito legal" (IHERING,2012,pp. 130), ou ter em mente o cuidado desse direito legal consequentemente o Estado se tornará mais forte. A lei tem como objetivo destruir tudo aquilo que possa interferir 10 contra o sentimento de direito legal. Isso é uma das melhores estratégias para o prestigio e a força do Estado aumentar e não investir em exército, a lei e o Estado anda junto. O capítulo sexto começa elencando como a lei civil em vigor, ao qual estamos sujeitos não dá suporte a esse idealismo, a esse sentimento de direito legal. Pois, nossa lei legal coloca em ênfase a materialidade e não a honra dos indivíduos. Para a lei dos dias atuais nada mais importante que o valor dos objetos que o homem tem em posse. É contra a lei moral que um infrator age, e não contra um objeto em si, portanto, ao tomar uma postura contrária à lei o ladrão está indo contra a ordem, a moral, a lei de todos os homens. Pois, não é só meu objeto que é roubado, mas sim, minha honra, minha paz, meu tempo utilizado para lutar contra essa injustiça, toda uma questão que a lei atual não coloca em grau de importância. Para ela, tudo se resolverá se o objeto subtraído for recuperado. Outrossim, Ihering cita três estágios de desenvolvimento da lei. O primeiro é o da grande bruteza do sentimento legal, da lei mais antiga em que qualquer ato injusto se tornava latente, não havia como alguém desculpasse o infrator se ele restituísse o objeto ou pagasse pelo crime cometido, demandava também uma penalidade física, pela dor física dirigida a vítima; o segundo é um sentimento mais ponderado do direito legal, da lei intermediaria em que a lei dava era aplicada subjetivamente de acordo com o grau e a gravidade dos crimes cometidos, levando em conta todas as suas variações; o terceiro é quando o sentimento de direito legal vai caindo e acabando. Ademais, o direito Romano dos dias de hoje se baseia em três premissas: o sentimento nacional de direito legal, a prática e a legislação. Essa lei é introduzida por alguns, em que poucos a conhecem e a entendem, e mais ainda, são influenciados pelos interesses da ciência e de seu oposto a aplicação prática e progressiva da lei. A prática não tem fora por si só no espírito da lei, ficando dessa forma, dependente da teoria. Portanto, nota-se, que não há um sentimento forte de direito legal, atualmente, pois as pessoas nem a conhecem e não se identificam com ela, e a desconfiança por aquilo que não entende de forma clara é o mais eficiente modo de acabar com a devoção para com a lei. A jurisprudência atual não leva em consideração mais que ao ter um direito ferido a questão moral da pessoa está em jogo, pois para ela não há nada demais importante do que o dinheiro. Pois não se luta pelo dinheiro, mas sim pelo seu direito legal. Todas as infrações contra a lei tentam ser reduzidas a uma multa, sendo que inconveniência não se paga com dinheiro. Em muitos casos o dano causado não 11 tem valor, e a lei atual não possui essa consciência. Isso provoca a sensação que a injustiça pode acontecer sem problema, pois todos os direitos são pisoteados e no final, a única medida do infrator para reparar o dano é pagar uma quantia. O autor coloca outro ponto, que a nossa lei não reconhece as injustiças subjetivas e objetivas. Para ela não importa se a pessoa fez aquela ação deliberadamente para causar o mal, ou se ela não queria causar mal nenhum e defendia seus interesses válidos, todos são culpados. Outro ponto não louvável da nossa jurisprudência atual é na evidência que ela se constitui. Pois para ela só importa a aparência, não se de fato há a justiça. A lei de hoje limitou os direitos de autodefesa protegendo o culpado e o que fora atacado, a vítima, sem proteção alguma, provoca um definhamento de direito legal. Aquele que é atacado deve fugir e não reagir, se a pessoa, para se proteger de alguém mata, é presa e condenada, sendo sua defesa, caracterizada pela a lei atual como crime, e até oficiais do Estado são negados a esse direito natural. A pessoa tem que suportar a agressão de outra, para depois o agressor ser mais brandamente punido. Mas Ihering defende a atuo defesa da vítima proporcional ao crime em questão, já que nada que é subtraído vale a vida de alguém. Por fim, autor coloca em questão mais uma vez a obrigação de batalhar corajosamente em prol dos seus direitos, e mais do que isso, do sentimento de direito legal, sendo um dever de todos. Nesse sentido, nota-se, na obra a importância da luta pela lei. O papel do individuo frente á lei precisa ser moralmente construído, pois, todos precisam preservar seus direitos, para assim o bem comum vigorar em detrimento da injustiça. O ser que é beneficiado pela a lei acaba, por conseguinte, tendo uma dívida para com ela, e não pode deixar que seus direitos sejam suprimidos por nenhuma outra pessoa, ou seja, não pode ser de forma alguma covarde. A obra, de forma fluída, mostra como agir em conjunto em favor dos direitos pessoais e coletivos é importante para todo o funcionamento da sociedade. Agir contra a ordem natural de como as questões deve ser, de forma correta, é um ato direto contra o Estado e com o próximo. O autor critica aqueles que se abstém de uma atitude quando alguém age contra seus direitos, nesse ponto, o autor peca, pois, não respeita a individualidade de cada um. Há pessoas, por inúmeras causas, religiosas, morais, preceitos, que preferem, não importando a situação, se manter “covarde”, e não há como impor a elas a situação contrária, pois, vai contra aquilo que elas são e defendem como certo. Entretanto, a obra elenca a importância de um sentimento ideal perante a lei, e como esse sentimento é importante na manutenção da ordem e de direitos garantidos. 12 Referências bibliográficas: IHERING, Rudolf von. A luta pelo direito. Trad. de Dominique Makins. São Paulo: Hunter Books, 2012.
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