Prévia do material em texto
SÍNDROME CORONARIANA CRÔNICA - ANGINA ESTÁVEL DEFINIÇÃO: Representa a forma sintomática crônica da doença coronariana Ocorrência de ISQUEMIA MIOCÁRDICA TRANSITÓRIA, ESFORÇO- INDUZIDA, que MELHORA COM O REPOUSO. Sua causa é a obstrução hemodinamicamente significativa (> 50% do lúmen) de uma ou mais coronárias epicárdicas por placas de ateroma “estáveis”. EPIDEMIOLOGIA • A maioria dos pacientes é do sexo ♂ (~ 70%), proporção essa que fica ainda maior na faixa etária < 50 anos. • Em ♀, a prevalência de doença coronariana só se torna significativa após a menopausa. • QUADRO CLÍNICO – HISTÓRIA DO PACIENTE CLÁSSICA QUEIXA: desconforto torácico “típico” (dor anginosa) • CARACTERÍSTICAS DA DOR: Sensação de aperto, peso ou pressão retroesternal e precordial (queimação ou pontada, raramente “dor”) • IRRADIAÇÃO: superfície ulnar do antebraço esquerdo, membro superior direito, dorso, pescoço e, raramente, acima da mandíbula • FATOR DESENCADEANTE: Início durante esforço físico ou emoções • FATOR DE MELHORA: Alívio após repouso ou nitrato sublingual SINAL DE LEVINE: esfrega a mão difusamente sobre o esterno ou coloca o punho cerrado no meio do peito OBSERVA-SE a ANGINA PECTORIS DE HEBERDEN (sensação de asfixia e ansiedade) EQUIVALENTES ANGINOSOS: dispneia, tontura, fadiga, eructações, náuseas, vômitos, sudorese, palidez • São queixas diferentes do desconforto precordial que refletem as consequências da isquemia miocárdica • GERALMENTE ACOMETE: Mulheres, idosos, diabéticos • DISPNEIA: queda da FEVE levando à congestão pulmonar • FADIGA, TONTURA, SENSAÇÃO DE DESMAIO: baixo DC pelo menos motivo (queda da FEVE) CLASSIFICAÇÃO (CCS) FATORES DE RISCO PARA ATEROSCLEROSE (PRINCIPAL CAUSA DE ANGINA ESTÁVEL) Idade (♂ ≥ 45 anos; ♀ ≥ 55 anos); Colesterol LDL alto; Colesterol HDL baixo; Tabagismo; HAS; DM; Obesidade; Sedentarismo; História familiar de doença coronariana precoce; Dieta aterogênica; Aumento de lipoproteína A; Aumento de fatores pró-trombóticos; Aumento de fatores pró-inflamatórios; Resistência à insulina CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA DOR TORÁCICA ANGINA TÍPICA (DEFINITIVA) 1. Desconforto ou dor retroesternal 2. Desencadeada por exercício ou estresse emocional 3. Aliviada com o repouso ou o uso de nitroglicerina ANGITA ATÍPICA (PROVÁVEL) 1. Presença de somente 2 dos fatores acima DOR TORÁCICA NÃO CARDIOLÓGICA 1. Presença de somente 1 ou nenhum dos fatores acima EXAME FÍSICO ALTERAÇÕES QUE PODEM APARECER DURANTE A ANGINA INSPEÇÃO E PALPAÇÃO: percepção de um impulso discinético no ápice cardíaco; frêmito da regurgitação mitral AUSCULTA: Surgimento de B4 (disfunção diastólica do VE) e/ou B3 (Disfunção sistólica do VE); sopro de regurgitação mitral; desdobramento paradoxal de B2; estertoração pulmonar (edema pulmonar por falência de VE) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL *ANEXO – Tabela de precordialgia EXAMES COMPLEMENTARES EXAMES LABORATORIAIS EXAMES DE ROTINA: identificação de fatores de risco cardiovascular Hemograma, Lipidograma, Função renal (ureia e creatinina), glicemia em jejum, hemoglobina glicada, pesquisa de microalbuminúria, função tireoidiana (se necessário). Dosagem de PCR. (reagente de fase aguda; fator de risco independente para morbimortalidade cardiovascular em coronariopatas) ELETROCARDIOGRAMA Solicitado para todos os pacientes: “ECG em repouso com 12 derivações” NORMAL em 50% dos pacientes com angina do peito típica. NOS OUTROS 50 % podem ser encontradas alterações da repolarização ventricular com inversão da onda T e alterações do segmento ST – não são específicos para doença isquêmica do coração isoladamente ALTERAÇÕES NO ECG acompanham os episódios de dor torácica e desaparecem, depois de cessada a dor → específicas para o diagnóstico de isquemia miocárdica TESTE ERGOMÉTRICO DE ESFORÇO TESTE PROVOCATIVO = coração é forçado a sua demanda metabólica, permitindo visualizar alterações dinâmicas (isquemia). VANTAGENS: mais barato, mais fácil execução e mais disponível *CONFIRMAR o diagnóstico e estratifica o prognóstico NA AUSÊNCIA DE CONTRAINDICAÇÕES → método de 1ª escolha. REGISTRO CONTÍNUO DO ECG antes, durante e após esforço físico. SURGIMENTO de desconforto precordial, dispneia, tonteira, exaustão, depressão de ST > 2 mm (0,2 mV), queda da PA > 10 mmHg ou taquiarritmias ventriculares → suspensão imediata do exame SENSIBILIDADE: 75% ESPECIFICIDADE: 85% CONTRAINDICAÇÕES: • Fase “aguda” de um IAM (primeiros 5 dias – pelo risco de ruptura da região infartada) • Angina em repouso (instável) nas últimas 48h • Ritmo cardíaco “instável” • Estenose aórtica grave • Miocardite aguda • Insuficiência cardíaca não controlada • Hipertensão pulmonar grave • Endocardite infecciosa ativa CINTILOGRAFIA DE PERFUSÃO MIOCÁRDICA FUNÇÃO: Detectar DAC, doença multiarterial, suspeita de quais vasos estão doentes, determinar a magnitude da área isquêmica. MÉTODO NÃO INVASIVO para detecção de isquemia miocárdica, (confirma o diagnóstico, fornece parâmetros prognósticos). VERIFICA as consequências da isquemia (mensuração da FEVE). DESVANTAGEM: cara, trabalhosa e menos disponível SENSIBILIDADE: 89% ESPECIFICIDADE: 76% INDICAÇÃO: fins diagnósticos, indivíduos com ECG de repouso anormal e na dificuldade de interpretação do segmento ST, portadores de hipertrofia do VE, BRE e usuários de digitálicos. PRINCÍPIO BÁSICO: radiotraçadores se concentram no tecido miocárdico bem perfundido, mas não no miocárdio isquêmico. TESTE É FEITO EM DOIS MOMENTOS: stress e repouso. • Stress: esforço físico (esteira ergométrica) ou uso de fármacos que induzem isquemia (dipiridamol, adenosina, dobutamina) INJEÇÃO DO RADIOTRAÇADOR → realiza o SPECT → possibilita a reconstrução tridimensional da anatomia cardíaca. O teste ergométrico é a 1ª escolha dos testes provocativos! A cintilografia e outros exames de imagem devem ser solicitados quando o paciente apresentar alguma limitação ou contraindicação do teste ergométrico, ou quando o exame for inconclusivo. ECOCARDIOGRAMA DETECTAR alterações da contratilidade regional/ global da parede do ventrículo (cicatriz antiga ou isquemia miocárdica persistente) VISUALIZA diretamente o coração, permitindo uma análise em tempo real da função contrátil global e segmentar. APLICAR STRESS → “eco-stress”, diagnostica isquemia miocárdica frente ao surgimento de um déficit na contração segmentar que melhora com o repouso. AGENTE ESTRESSOR MAIS USADO = dobutamina EV → aparecimento de hipocinesias, acinesias ou discinesias, ausentes no repouso. OUTRAS FORMAS DE ESTRESSE: esforço físico, dipiridamol EV DESVANTAGEM: caro e menos disponível RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA AVALIAR anatomia cardíaca e vascular, função ventricular, perfusão miocárdica e outras características PADRÃO OURO: quantificação dos volumes ventriculares, da fração de ejeção e da massa miocárdica DETECTA isquemia, diferencia miocárdio viável e não viável ➔ visualização de déficit contrátil segmentar induzido por stress e reversível com repouso → achado mais específico ➔ visualização de alterações regionais na perfusão miocárdica (“defeitos perfusionais”) → achado mais sensível INDICAÇÃO: pacientes com limitações para a realização dos métodos anteriores (terte ergométrico, cintilografia miocárdica e eco-stress) CINEANGIOCORONARIOGRAFIA (CATETERISMO CARDÍACO) A coronariografia (“CATE”) → PADRÃO-OURO para diagnóstico de doença coronariana BAIXO RISCO DE COMPLICAÇÕES (3% apenas), até em pacientes idosos. PREFERENCIALMENTE: os pacientes devem ser avaliados por algum método não-invasivo antes do cateterismo cardíaco → necessário haver motivos para ser indicado no paciente estável IDENTIFICA com precisão anatômica, obstruções coronarianas secundárias à aterosclerose e outras formas de lesão desses vasos *LESÕES ANGIOGRAFICAMENTE IMPORTANTES: obstrução de > 50% do lúmen arterial INDICAÇÕES DE CATETERISMO:• Paciente necessita de revascularização, sendo o CATE obrigatório para definir a anatomia das lesões coronárias e o tipo ideal de procedimento a ser realizado (angioplastia ou cirurgia) • Quando a realização ou interpretação dos testes não invasivos for impossível ou conflitante ESTRATÉGIA DIAGNÓSTICA TRATAMENTO DA ANGINA ESTÁVEL CRÔNICA TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA 1- PARAR DE FUMAR (Tratamento psicológico e medicamentoso - Cigarro agrava a angina por progredir a aterosclerose e a demanda de O2 e o fluxo coronário) 2- FAZER DIETA 3- EMAGRECER 4- EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR – HDL e a reserva coronariana; a demanda miocárdica de O2 e a capacidade física ao esforço (≥30 minutos de 3-4 dias por semana (o ideal é diariamente)). 5- CONTROLAR A PA 6- CONTROLAR OS NÍVEIS DE LDL (<70 mg/dl → pacientes de alto risco, e < 100 mg/dl → pacientes de risco intermediário); e HDL (≥ 50 mg/dl); 7- CONTROLAR O DIABETES MELLITUS (fator acelerador do processo aterosclerótico; Medidas dietéticas e medicamentosas para controle glicêmico) 8- REDUZIR A OBESIDADE 9- VACINAÇÃO CONTRA INFLUENZA. OBS: O uso do nitrato sublingual profilático tem uma ótima eficácia para prevenir angina por atividade física quando dado 15-30min antes do esforço. Pacientes anginosos devem andar com nitrato sublingual no bolso para usar em caso de angina. A ocorrência de uma dor anginosa prolongada que não melhora com o nitrato sublingual deve fazer o paciente procurar imediatamente atendimento médico, pois pode se tratar de IAM ou angina instável de alto risco TRATAMENTO FARMACOLÓGICO FÁRMACOS QUE MORTALIDADE E MORBIDADE: aspirina e estatinas. OUTRAS TERAPIAS (nitratos, BCC e BB) melhoraram sintomas e capacidade de esforço, mas não há efeitos na sobrevida. ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS) DOSAGEM: 75 mg/dia – 325 mg/dia (recomendada: 100 mg/dia) MECANISMO DE AÇÃO: inibe de forma irreversível a enzima COX das plaquetas, impedindo a formação do tromboxano A2 – antiagregante plaquetário. ( a probabilidade de formação de trombo intracoronariano, fator precipitante do IAM) OBSERVAÇÕES: Antes de uma cirurgia, deve-se suspender o AAS com pelo menos 5-7 dias de antecedência. EFEITOS: antitrombóticos, efeitos antiinflamatórios, melhora a função endotelial em portadores de DAC, pelo bloqueio da liberação de fatores constritores dependentes do endotélio, pela ação sobre a COX. EFEITOS ADVERSOS: doença péptica gastroduodenal, hemorragia digestiva, outros sangramentos, alergia a salicilatos (contraindicação). TIENOPIRIDINAS (CLOPIDOGREL, TICLOPINA) São potentes agentes antiplaquetários EFEITO: inibição específica da ativação da glicoproteína IIb/IIIa pelo ADP, isto é, inibem a ativação plaquetária ADP-induzida. FÁRMACO: CLOPIDOGREL → dose de 75 mg 1x/dia, em todos os pacientes que apresentam contraindicação ou intolerância ao AAS. PACIENTES QUE REALIZARAM ANGIOPLASTIA: devem ser tratados com o clopidogrel em associação ao AAS por no mínimo 30 dias. ANTICOAGULANTE ORAL CUMARÍNICO VARFARINA: utilizada em associação ao AAS em coronariopatas que apresentem uma indicação específica para anticogulação. A dose é titulada para manter o INR entre 2-3. ESTATINAS MECANISMO DE AÇÃO: Inibição da enzima HMG CoA redutase, responsável pela síntese de colesterol nos hepatócitos. EFEITOS: níveis de colesterol intracelular, a expressão de receptores de LDL na membrana plasmática, o que transforma o fígado num órgão que passa a depurar o excesso de LDL da circulação. RECOMENDAÇÕES: Todos os pacientes com DAC devem receber estatinas se apresentarem LDL > 100 mg/dL Pacientes de “risco intermediário” → LDL obrigatoriamente abaixo de 100 mg/dl, sendo recomendável < 70 mg/dl. Paciente de “alto risco” → LDL obrigatoriamente < 70 mg/dl. EXEMPLOS DE ESTATINAS: Atorvastatina (10-80mg/dia); Sinvastatina (5-800mg/dia); Lovastatina (10-80mg/dia); Rosuvastatina (5-40mg/dia) DROGAS ANTIANGINOSAS a isquemia miocárdica, controlando a angina ou o limiar anginoso → melhora → da classe funcional do paciente. EFEITOS: da perfusão coronariana no miocárdio isquêmico e do MVO2 (demanda metabólica miocárdica). PRINCIPAIS ANTIANGINOSOS: nitratos, BB e os BCC. USADAS EM CONJUNTO com os antiplaquetários e as estatinas, nos pacientes com angina estável. OBJETIVO: alívio dos sintomas, melhorando a qualidade de vida do paciente e o retorno às suas atividades laborativas. NITRATOS CONTROLA a dor anginosa → agem na oferta e no consumo de O2. MECANISMO DE AÇÃO: a produção endotelial de NO (vasodilatador). EFEITOS BENÉFICOS: da pré-carga; da pós-carga ( a demanda metabólica de O2); e vasodilatação coronariana direta ( aporte de 02 ao miocárdio). PODEM SER: via oral, sublingual, endovenosa e transdérmica IDEAL: utilizá-los no período em que a chance de ocorrer eventos anginosos seja maior, evitar o fenômeno de tolerância. NITRATOS DE AÇÃO RÁPIDA (isossorbida, propatilnitrato) → via sublingual ou spray oral → agem nos primeiros cinco minutos, mantendo seu efeito por 30-45 minutos. • PRESCRITOS DE FORMA “ASSIMÉTRICA → a posologia deve respeitar um intervalo de 8 a 10 horas livre de nitrato. MOTIVO → uso continuado induz taquifilaxia → perda do efeito terapêutico. • PRESCRIÇÃO TRADICIONAL: intervalo de 6/6h, omitindo a quarta dose (a última do dia – deixando o doente 12h sem nitrato). EFEITOS ADVERSOS: hipotensão arterial ( da pré-carga), principalmente nos indivíduos hipovolêmicos; cefaleia; rubor facial; bradicardia por do tônus vagal. BETABLOQUEADORES MECANISMO DE AÇÃO: bloqueiam os receptores β1 do miocárdio e nódulo sinusal → respectivamente, a contratilidade miocárdica (inotropismo negativo) e a FC (cronotropismo negativo) EFEITOS: Controle da angina, de recorrência de infarto e morte nos sobreviventes de IAM AGEM o consumo miocárdico de O2 pela FC, PA e contratilidade. E a oferta de O2 devido ao do período diastólico OBSERVAÇÕES: o bloqueio dos receptores β2 coronarianos pode levar à vasoconstrição em raras situações, como na angina de Prinzmetal (vasoespástica), condição que contraindica o uso de betabloqueadores. SÃO NECESSÁRIAS 48 horas para atingir os efeitos anginosos. CONTRAINDICAÇÕES: broncoespasmo, doença sintomática do sistema de condução cardíaco e em pacientes com IC NYHA IV não ainda compensados. ANTAGONISTA DE CANAIS DE CÁLCIO MECANISMO DE AÇÃO: efeito vasodilatador coronariano e sistêmico (principalmente arteriolar), através do bloqueio dos canais L de cálcio na membrana da célula muscular lisa vascular. REPRESENTAM os antianginosos de 3ª escolha EFEITOS: a demanda miocárdica e a oferta de O2. Em menor grau, agem na da contratilidade miocárdica e FC, quanto na vasodilatação coronária e na da pós-carga pelo efeito vasodilatador periférico. CLASSES: di-hidropiridinas (Nifedipino e Anlodipino) tem maior da pós-carga, e as fenilalquilaminas (Verapamil) e as benzotiazepinas (Diltiazem) predominantemente cronotrópicos e inotrópicos negativos As di-hidropiridinas são mais vasosseletivas, tendo um efeito coronariodilatador mais potente. A nifedipina de ação curta não deve ser utilizada no paciente anginoso, pois produz taquicardia reflexa. IECA E BRA RECOMENDAÇÃO: utilização em pacientes com DAC e diabetes e/ou disfunção sistólica de VE. PRINCIPAIS EFEITOS BENÉFICOS DOS IECA: na hipertrofia miocárdica de VE, na hipertrofia vascular, desaceleração do processo aterosclerótico, menor chance de rotura de placas ateroscleróticas, na atividade simpática e melhora da relação demanda/oferta de O2. BRA foram menos estudados na DAC crônica estável → alternativa para os indivíduos que não toleram o uso de IECA (tosse, angioedema). TRIMETAZIDINA (VASTAREL) Fármaco de ação metabólica MECANISMO DE AÇÃO: Inibe a enzima 3-cetoacil coenzima A tiolase → favorece a via da oxidação glicolítica → apresenta eficáciaenergética superior à oxidação de ácidos graxos quanto à geração de ATP Não produz efeitos hemodinâmicos nem altera a FC e PA., No entanto, parece “proteger” a célula miocárdica da isquemia, evitando a depleção de ATP, o do cálcio citossólico, a acidose intracelular e o rompimento da membrana plasmática (pois reduz a produção de radicais livres). REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA TODOS os portadores de Doença Arterial Coronariana estável devem receber tratamento clínico otimizado NO MÍNIMO: mudanças no estilo de vida + AAS + estatina. Alguns pacientes necessitam de uma abordagem intervencionista → procedimentos de revascularização “REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA”: procedimentos que restabelecem o aporte sanguíneo ao miocárdio sob risco (no caso da DAC estável, tem a função de eliminar a isquemia esforço-induzida) INDICAÇÕES GERAIS DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA NA DAC ESTÁVEL: 1. Angina estável refratária ao tratamento clínico otimizado, ou intolerância a este. 2. Situações de ALTO RISCO onde a literatura mostrou ganho de sobrevida com a revascularização, mesmo na ausência de sintomas. Cirurgia de Revascularização Miocárdica (CRVM) Intervenção Coronariana Percutânea (ICP) SÍNDROME CORONARIANA AGUDA DEFINIÇÃO: resultado de um PROCESSO AGUDO DE INSTABILIZAÇÃO da PLACA ATEROSCLERÓTICA com a formação de um TROMBO INTRACORONÁRIO que promove agravamento súbito da OBSTRUÇÃO VASCULAR DEPENDENDO DO grau de obstrução coronária e da severidade da isquemia miocárdica resultante → podem surgir → DIFERENTES SÍNDROMES CLÍNICAS. TROMBO PARCIALMENTE OCLUSIVO: com fluxo sanguíneo residual ou de uma oclusão transitória da luz vascular → formas mais brandas = angina instável (AI) e infarto sem supradesnível do segmento ST (IAMSST) → (trombos brancos – ricos em plaquetas) → 70% dos casos OCLUSÃO TOTAL DA LUZ ARTERIAL: privação completa do fluxo miocárdico, → infarto com supradesnível do segmento ST (IAMST) → (trombos vermelhos – ricos em fibrina) → 30% dos casos • IAMSST → isquemia subendocárdica. • IAMST → isquemia transmural FISIOPATOLOGIA DAS SCA ATEROTROMBOSE Em > 95% das vezes a causa é a aterotrombose → formação de um trombo sobre a placa de ateroma que sofreu ruptura → INSTABILIZAÇÃO DA PLACA ATEROSCLERÓTICA FISSURAS SUPERFICIAIS → formação de trombos “brancos” (plaquetas) → obstrução coronariana parcial (angina instável/IAMSST). RUPTURAS MAIS PROFUNDAS → exposição dos conteúdos fibrinogênicos → trombos “vermelhos” (coágulos de fibrina) → IAMST. ANEXO 1 – FISIOPATOLOGIA DA PLACA DE ATEROMA QUADRO CLÍNICO CARACTERÍSTICAS DA DOR: Dor torácica anginosa (precordialgia constritiva), tipicamente de forte intensidade, longa duração (> 20min), e que não se resolve por completo com repouso ou nitrato sublingual. • Início recente (em geral nas últimas 4-6 semanas) • Padrão em crescendo (dor progressivamente mais intensa, frequente e duradoura do que antes – ex.: a dor desperta o paciente do sono). SINTOMAS ASSOCIADOS: dispneia, náuseas e vômitos, palidez, sudorese fria, ansiedade, e não raro uma sensação de morte iminente. IRRADIAÇÃO: A dor pode irradiar para o epigastro (quando o paciente pode confundi-la com “indigestão”), dorso (diagnóstico diferencial com dissecção aórtica), MMSS (principalmente o esquerdo) e pescoço/mandíbula (sensação de “sufocamento”). DIAGNÓSTICO BASEADO EM 3 PILARES: • Anamnese e quadro clínico • ECG • Marcadores de necrose miocárdica ANAMNESE DOR TÍPICA: desconforto difuso, constritiva ou em peso, em região retroesternal, com irradiação para MSE e MSD, pescoço e mandíbula, não alterada por posição, movimento ou palpação, se inicia em repouso, associada com sudorese, náuseas, vômitos ou dispneia. SINTOMAS ATÍPICOS: mal estar, indisgestão, dor epigástrica e sudorese, principalmente em idosos e em portadores de DM. FATORES DE RISCO: tabagismo, HAS, dislipidemia, DM, história familiar de DAC precoce (homem < 55 e mulher < 65 anos). EXAMES LABORATORIAIS: hemograma completo, lipidograma, função renal (ureia e creatinina), glicemia em jejum, hemoglobina glicada, pesquisa de microalbuminúria, função tireoidiana; PCR. ELETROCARDIOGRAMA • ECG de 12 derivações em até 10 min após admissão hospitalar. • Confirma o diagnóstico de IAM e orienta o tratamento CRITÉRIOS ELETROCARDIOGRÁFICOS DE IAMST: supradesnível de ST ≥ 1 mm em duas derivações contíguas no plano frontal ou ≥ 2 mm em duas ou mais derivações contíguas no precórdio ou bloqueio completo do ramo esquerdo (novo ou supostamente novo). O “supra de ST” sugere a existência de uma oclusão coronariana aguda TOTAL. NA AUSÊNCIA DE ELEVAÇÃO DO SEGMENTO ST → diagnóstico inicial é de → Al ou IMSST L As alterações ECG mais frequentes nas SCASST → são a → inversão da onda T e o infradesnível de ST AUSÊNCIA DE SINAIS ISQUÊMICOS → NÃO descarta a possibilidade de SCA. É imprescindível repetir o ECG a intervalos curtos (a cada 5-10 min) em todo paciente com ECG normal que continua sintomático. MARCADORES DE NECROSE MIOCÁRDICA (MNM) MORTE DOS CARDIOMIÓCITOS → libera → macromoléculas intracelulares para o interstício (MNM). ANÁLISE EVOLUTIVA DE SEUS NÍVEIS SÉRICOS: confirma o diagnóstico de IAM, avalia sua extensão e prognóstico, detecta reperfusão DIRETRIZES DA SBC: Dois são sugeridos: TROPONINAS CARDIOESPECÍFICAS (troponinas T ou I) e CK-MB MASSA. CREATINOQUINASE (CK) O QUE É: enzima presente em todos os tipos de músculo. TIPOS: três isoformas principais: CK-MM, CK-BB e CK-MB. SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE: bastante sensível para detectar lesões musculares, contudo, não é específico para infarto miocárdico No IAM → seus níveis séricos a partir de 4-6h do início do evento, atingindo pico em torno de 24h e voltando ao normal após 36-48h. CK-MB → isoforma predominante no músculo cardíaco. 2 FORMAS DE CK-MB: CK-MB atividade: altera em 4-6h após o início do evento, com pico em 18h e normalização após 48-72h. CK-MB massa: eleva em 3- 6h do início do evento, com pico em 16-24h e normalização em 48-72h. SENSIBILIDADE DA CK-MB ATIVIDADE: 93% após 12h do início dos sintomas, porém nas primeiras 6h ela é muito pouco sensível. SENSIBILIDADE DA CK-MB MASSA: gira em torno de 50% nas primeiras 3h, alcançando 80% após 6h (mais utilizada) TROPONINAS O QUE É: constituintes da estrutura dos sarcômeros (fibra muscular) que modulam a interação entre a actina e miosina no músculo esquelético e cardíaco. Há 3 SUBUNIDADES: TnC, TnT, TnI. DUAS SÃO EXCLUSIVAS DO TECIDO MIOCÁRDICO: troponina I (cTnI) e troponina T (cTnT). Mais específicas que os demais MNM. SEUS NÍVEIS: se elevam 4-8h após o início dos sintomas, atingindo pico em 36-72h, com normalização após 5- 14 dias. SÃO SUPERIORES à CK-MB na detecção de pequenos infartos (CK-MB normal). SÃO CONSIDERADAS os MNM de escolha para IAM. VALORES DE REFERÊNCIA: variam de laboratório, mas considera-se como “positivo” um valor > 0,1 ng/ml (> percentil 99). MIOGLOBINA O QUE É: hemoproteína encontrada no citoplasma de todos os miócitos, e tem como grande característica a rápida ascensão de seus níveis séricos após a ocorrência de uma lesão muscular. NO IAM: eleva-se entre 1-2h após o início dos sintomas, com pico em 6- 9h e normalização em 12- 24h. VANTAGEM: não é para o diagnóstico, e sim para a EXCLUSÃO de IAM! ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO TIMI GRACE TRATAMENTO M-O-N-A-B-C-H-E-I • MORFINA • OXIGENIO • NITRATO • AAS • BETA BLOQ • CLOPIDROGEL • HEPARINA • ESTATINA • IECA FLUXOGRAMA PARA MANEJO MEDIDAS GERAIS PACIENTES DE MÉDIO/ALTO RISCO → internados em unidade Coronariana, com monitorização contínua do ECG e dos sinais vitais, onde deverão permanecer em repouso no leito até que estejam, há pelo menos 12-24h, completamente estáveis. OXIGENIOTERAPIA: costuma ser ofertada a todos neste grupo, com O2 a 100% na dose de 2-4 l/min (através de cateter nasal ou máscara) por até 4h após o desaparecimentoda dor. NAQUELES COM HIPOXEMIA PERSISTENTE a oxigenioterapia deverá ser mantida enquanto for necessário, com ajuste pela oximetria de pulso e gasometrias arteriais seriadas. RISCO CARDIOVASCULAR BAIXO Normalmente não merecem internação hospitalar. Após um período de observação no serviço de emergência, esses pacientes podem se submeter a um teste não invasivo para detecção de isquemia miocárdica, (cintilografia de perfusão cardíaca ou o ecocardiograma de estresse). NÃO SE RECOMENDA TESTE ERGOMÉTRICO nos portadores de SCA → pode induzir instabilização do quadro. NA AUSÊNCIA DE ISQUEMIA, o paciente pode receber alta hospitalar, mantendo acompanhamento ambulatorial. RISCO CARDIOVASCULAR MÉDIO OU ALTO • Devem ser admitidos em Unidade Coronária. • As condutas a seguir devem ser iniciadas após a estratificação do risco. ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS AAS IMPORTANTE → na fase precoce de admissão. BENEFÍCIO → atenuação do processo aterotrombótico e de embolização microvascular. PACIENTES SUBMETIDOS AO IMPLANTE DE STENT: a terapêutica antiplaquetária ampla também ajuda na profilaxia da trombose aguda. DOSE DE ATAQUE: 200 mg – 300mg (mastigar e engolir) DOSE DE MANUTENÇÃO: 100 mg/dia (junto às refeições) MECANISMO DE AÇÃO: inibe a COX-1 plaquetária (irreversível – efeito persiste por 7 a 10 dias) → a síntese de TXA2 e a ativação/ agregação plaquetária. ASSOCIAÇÃO: antiagregação com AAS com a inibição plaquetária complementar com agentes tienopiridínicos ou inibidores da glicoproteína IIb/llla (iGPllb/llla). CLOPIDOGREL CLASSE: tienopiridinas MECANISMO DE AÇÃO: inibidores irreversíveis do receptor de ADP (receptor P2Y12), a ativação/agregação plaquetária. PACIENTES MÉDIO/ALTO RISCO: associação clopidogrel + AAS → (“dupla antiagregação plaquetária”). DOSE DE ATAQUE: 300 mg VO • PACIENTES QUE SERÃO SUBMETIDOS À ANGIOPLASTIA: recomenda- se doses de ataque maiores (600 mg). • PESSOAS > 75 ANOS: dose de ataque deve ser omitida. DOSE DE MANUTENÇÃO: 75 - 150 mg/dia VO PRASUGREL CLASSE: Tienopiridina moderna OBSERVAÇÕES: superior ao clopidogrel. Pode ser usado no lugar do clopidogrel para a “dupla antiagregação plaquetária”. DOSE DE ATAQUE: 60 mg VO DOSE DE MANUTENÇÃO: 10 mg/dia VO TICAGRELOR MECANISMO DE AÇÃO: Inibe o receptor P2Y2 reversivelmente. VANTAGEM: ao ser suspenso 48-72h antes da CRVM, não aumentar a incidência de sangramento pós-operatório. DOSE DE ATAQUE: 180 mg DOSE DE MANUTENÇÃO: 90 mg/2x dia. DURAÇÃO DO TRATAMENTO: após uma SCA sem supra de ST também deve ser de 12 meses. ANTICOAGULANTES HEPARINA NÃO FRACIONADA EFEITO: potencializa a combinação da antitrombina III à trombina (fator lIa). Inibindo sua ação. O complexo heparina-antitrombina lll também bloqueia o fator Xa, porém em menor extensão. EFEITO: o crescimento e a propagação de trombos, mas não promove a lise de trombos pré formados. EXIGE: monitoração do TTPa periodicamente para ajuste da dose, os níveis plaquetários (risco de plaquetopenia leve – 10%-20%). HEPARINAS DE BAIXO PESO MOLECULAR EFEITOS: inibição do fator lIa e Xa → bloqueiam tanto a ação quanto a geração da trombina. Elas têm ação homogênea, biodisponibilidade elevada e meia-vida mais longa cm relação à HNF, permitindo um efeito anticoagulante mais previsível. NÃO NECESSITA DE MONITORIZAÇÃO E AJUSTE DE DOSE.. Apenas com pacientes com insuficiência renal ou em obesos e idosos recomenda-se o controle da ação anti-Xa. ENOXAPARINA: agente anticoagulante de escolha para tratamento das SCASST. DOSE: 1 mg/kg por VS a cada 12 horas, durante 2 a 5 dias, ou até a intervenção percutânea. PACIENTES ENCAMINHADOS PARA TERAPÊUTICA INTERVENCIONISTA, uma dose suplementar de HNF (0,3 mg/kg) deve ser infundida se a última dose da enoxaparina tiver sido administrada > 8 horas antes do procedimento. ANTES DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS: como revascularização do miocárdio, a enoxaparina deve ser suspensa com antecedência de 8 a 12 horas. FONDAPARINUX MECANISMO DE AÇÃO: inibidor indireto do fator Xa. EFEITO: ação mais limitada sobre a cascata da coagulação, associando- se a taxas mais baixas de todas as formas de sangramento. A sua utilização a mortalidade em relação à enoxaparina em portadores de SCASST → fondaparinux é o agente de escolha na SCASST. PACIENTES COM INDICAÇÃO DE ANGIOPLASTIA: uma dose de HNF deve ser administrada antes do procedimento. MEDICAMENTOS ANTIANGINOSOS NITRATOS VIA: sublingual, em casos refratários → IV BETABLOQUEADORES EFEITO: o MVO2 e a chance de evolução para infarto INDICAÇÃO: devem ser dados o quanto antes pela via oral, em pacientes sem contraindicações e sem fatores de risco para choque cardiogênico nas primeiras 24h. Visa-se manter a FC em torno de 50-60 bpm. VIA IV: reservada aos casos refratários, bem como aqueles com crise hipertensiva ou taquiarritmias. OBS: devemos evitar o pindolol, (efeito simpatomimético intrínseco) ANTAGONISTAS DE CÁLCIO 3ª LINHA NO COMBATE À DOR ANGINOSA (reservados aos casos refratários a nitratos e BB), ou como alternativa nos pacientes que apresentam contraindicações aos BB. PREFERENCIALMENTE: diltiazem e o Verapamil (mais cardiosseletivos). DI-HIDROPIRIDINAS (mais vasosseletivas) podem causar taquicardia reflexa e na mortalidade! (não usadas) MORFINA INDICAÇÃO: pacientes que permanecem sintomáticos após nitratos e BB / antagonistas de cálcio, bem como aqueles que evoluem com edema agudo de pulmão. EFEITOS: propriedades venodilatadoras, a pré-carga e a congestão pulmonar. AINES (exceto o AAS) são contraindicados no paciente com isquemia miocárdica aguda! TERAPIA INTERVENCIONISTA Coronariografia e Revascularização miocárdica ESTRATÉGIA DE REPERFUSÃO CORONARIANA ESTARÁ INDICADA SE: 1. Dor sugestiva de IAM > 20min e < 12h de duração, não responsiva a nitrato + supra de ST em pelo menos duas derivações contíguas, ou BRE novo/presumivelmente novo. 2. Persistência da dor entre 12-24h, desde que persistam alterações no segmento ST sugestivas de IAMST. OBS: Não se deve aguardar o resultado da curva de MNM para iniciar a reperfusão. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS UTILIZADOS PARA A INDICAÇÃO DA TERAPIA DE REPERFUSÃO SÃO: CLÍNICOS: dor ou manifestações clinicas sugestivas de isquemia miocárdica aguda (> 20 min) com até 12 horas de evolução, não responsiva ao uso de nitrato. ELETROCARDIOGRÁFICOS: supradesnível do segmento ST em pelo menos duas derivações de mesma parede (derivações contíguas) (supra de ST > 2 mm de VI a V6 e > 1 mm nas derivações frontais) ou BRE presumivelmente novo. SINAIS DE QUE FUNCIONOU A REPERFUSÃO MIOCÁRDICA: • O mais utilizado é a redução de mais de 50% na altura do supra de ST na derivação onde o supra de ST era maior. • Pico precoce na curva de MNM • Surgimento de “arritmias de reperfusão” (extrassístoles ventriculares, ritmo idioventricular acelerado) • Desaparecimento súbito da dor (este último extremamente específico). INTERVENÇÃO CORONÁRIA PERCUTÂNEA (ICP) O cateterismo cardíaco seguido de ICP da artéria coronária relacionada ao IMST é o método de escolha para a reperfusão miocárdica. (ANGIOPLASTIA PRIMÁRIA), é muito eficiente, restabelecendo o fluxo arterial epicárdico em mais de 95% dos casos quando realizado em centros especializados. EM COMPARAÇÃO À reperfusão farmacológica com agentes fibrinolíticos, a ICP reduz as taxas de reinfarto e sangramento, ampliando a sobrevida a curto e longo prazo. RECOMENDA-SE: angioplastia primária seja realizada por hemodinamicista experiente em até 60 minutos após a apresentação do paciente ao hospital. Em centros que não dispõem de serviço de hemodinâmica, a transferência para angioplastia primária é recomendada se houver contraindicações à fibrinólise (30% dos pacientes) ou choque cardiogênico. Portadores de IMST admitidos tardiamente (> 3 horas) também se beneficiam da recanalização de ICP.ANGIOPLASTIA (INTERVENÇÃO CORONARIANA PERCUTÂNEA) No IAMST, a angioplastia é classificada em: (1) primária – sem uso prévio de trombolítico (2) resgate – após insucesso da trombólise (3) eletiva – após sucesso da trombólise ANGIOPLASTIA PRIMÁRIA Representa a estratégia de reperfusão mais eficaz no IAMST → proporcionando redução nas taxas de mortalidade, reinfarto e complicações hemorrágicas, em comparação aos trombolíticos. Deve ser feita num delta-T < 12h. Prefere-se a angioplastia primária em vez dos trombolíticos se esta puder ser feita em até 90min após o diagnóstico de IAMST. Outro grupo em que a angioplastia primária é preferencial é o dos pacientes com choque cardiogênico. ANGIOPLASTIA DE RESGATE É aquela realizada após falência do trombolítico. Como não é rotina a realização de coronariografia após trombólise, o diagnóstico de “falha” acaba sendo feito em bases empíricas, sendo seus principais critérios: CRITÉRIOS EMPÍRICOS DE FALÊNCIA DA TROMBÓLISE • (60-90min após administração do trombolítico) • CLÍNICO: Dor torácica persistente, principalmente se associada a outros comemorativos como sudorese fria, dispneia e/ou hipotensão arterial. • ELETROCARDIOGRÁFICO: Ausência de redução no supra de ST, ou nova elevação após descenso inicial. A angioplastia de resgate deve ser feita em < 180min após a constatação de falha da trombólise! ANGIOPLASTIA ELETIVA Atualmente se recomenda a realização de coronariografia em TODOS OS PACIENTES submetidos à fibrinólise, mesmo que aparentemente tenha havido uma reperfusão satisfatória. Tal exame deve idealmente ser feito entre 3-24h após administração do trombolítico (antes de 3h existe risco aumentado de sangramento, só se justificando a coronariografia neste período caso não haja critérios de reperfusão – isto é, caso se trate de uma “angioplastia de resgate”). CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA (CRVM) Indicada de urgência quando houver contraindicações ou falha das demais terapias de reperfusão (trombolítico e angioplastia), DESDE QUE o paciente possua uma anatomia coronariana favorável e apresente complicações como isquemia recorrente, choque cardiogênico e complicações mecânicas do infarto. Idealmente, deve ser feita dentro de 4-6h do início do IAMST, mas nos casos de choque cardiogênico em que a angioplastia for inviável pode ser empreendida com sucesso até 18h após instalação do choque! A CRVM ELETIVA APÓS UM IAMST DEVE SER FEITA NOS CASOS DE: (1) lesão no tronco da coronária esquerda; (2) doença tri vascular; (3) doença bi vascular com oclusão proximal em ramo interventricular anterior; (4) doença bi vascular com disfunção do VE, na impossibilidade de angioplastia. Em tais casos, recomenda-se realizar a CRVM entre 3-7 dias após o IAMST. FIBRINOLÍTICOS / TROMBOLÍTICOS AGENTES FIBRINOLÍTICOS atuam pela estimulação do sistema de fibrinólise endógeno, ou seja, catalisam a conversão do substrato inativo plasminogênio em plasmina. A plasmina, por sua vez, é responsável pela rotura das pontes entre as moléculas de fibrina que dão estrutura ao trombo, dissolvendo-o. 3 AGENTES FIBRINOLITICOS DISPONÍVEIS: t-PA (alteplase), TNK-t-PA (tenecteplase) e estreptoquinase. sobre a fibrina do trombo, o risco de sangramento). • ESTREPTOQUINASE: é não fibrino-específico, promove uma ativação sistêmica da plasmina → sua administração costuma cursar com mais complicações hemorrágicas. • Os AGENTES FIBRINO-ESPECIFICOS são considerados superiores à estreptoquinase. • A principal vantagem do TNK-t-PA em relação ao seu precursor t-PA é sua infusão em bolus único, além de reduzir as taxas de sangramento e necessidade de transfusão MAS ENTÃO QUAL TROMBOLÍTICO É MELHOR? L Para pacientes com < 75 anos, a TNK. Em termos de eficácia, a TNK promove os mesmos benefícios que o t-PA ( equivalente na taxa de mortalidade), e em termos de segurança acarreta menos sangramentos não cerebrais que este último (com menor necessidade de hemotransfusão). Além de tudo, a TNK pode ser feita em bolus único (ideal para a estratégia de trombólise extra-hospitalar)! A principal desvantagem é seu elevado custo. L Para pacientes com idade > 75 anos: A SK comprovadamente a taxa de mortalidade, porém sua eficácia é inferior a dos trombolíticos fibrinoespecíficos. Sua grande vantagem, além do menor custo, é o fato de provocar sangramentos intracranianos com menos frequência. (que possuem maior risco de AVC hemorrágico) REPERFUSÃO FARMACOLÓGICA POR AGENTES FIBRINOLÍTICOS deve ser implementada nos centros que não dispõem de hemodinâmica, principalmente nos infartos com até 3 horas de evolução, ou se houver expectativa de demora superior a 60 minutos para início da ICP primária. Apesar de suas desvantagens em relação à ICP, os fibrinolíticos restabelecem o fluxo coronário em 70 a 80% dos casos quando administrados precocemente. RECANALIZAÇÃO CORONÁRIA PÓS FIBRINÓLISE se caracteriza pelo alivio da dor torácica, queda do supradesnível de ST (> 50%) e pico precoce (< 18 horas) dos marcadores cardíacos (CKMB). POSOLOGIA DOS FIBRINOLÍTICOS: 1. Os pacientes já deverão ter recebido AAS e Clopidogrel. 2. Após a infusão dos trombolíticos é preciso anticoagular, de preferência com enoxaparina (por até 8 dias). 3. Caso indisponível, fazer HNF (somente por 48h). O tempo mínimo para manutenção da dupla antiagregação com AAS + Clopidogrel após trombólise química é de 2-4 semanas. AAS: é uma das principais medicações adjuvantes à fibrinólise. CLOPIDOGREL EM ASSOCIAÇÃO COM O AAS: capaz de a mortalidade e outros eventos cardiovasculares. HEPARINAS: também fazem parte do tratamento fibrinolítico no IMST. Elas participam do processo de recanalização ao contribuir para a lise do trombo e ajudam a prevenir a reoclusão coronária. L O uso da HNF é obrigatório com agentes fibrino-especificos por 48 horas, porém, a sua associação com a estreptoquinase é questionável. PROGNÓSTICO FISIOPATOLOGIA DA PLACA DE ATEROMA Lesões do endotélio → As lipoproteínas (LDL) se infiltram nas camadas mais internas (túnica íntima) → Retenção do LDL na túnica íntima → Oxidação e glicação do LDL → Alteração das lipoproteínas (formação de LDL oxidado) → Liberação de citocinas (atração de monócitos - MCP-1) → Macrófagos realizam o rolamento, adesão (Selectinas) e atravessam por diapedese → Macrófagos captam o LDL oxidado por fagocitose (Receptores SCAVENGER) → Saturados de lipoproteínas e triglicerídeos, se transformam em → Células espumosas → no número de LDL e VLDL atrai mais monócitos (M-CSF) → Penetram a túnica intima e se acumulam (+ células espumosas) → Formação das "linhas de gorduras" CAPILARES INVASORES + NECROSE CELULAR → micro vazamentos de sangue para a luz da artéria lesionada → Exposição da MEC → Liberação de fatores que atraem plaquetas → Tamponamento do vazamento (hemostasia primária – forma mais comumente encontrada na AI e IMSST) → Atração dos fatores de coagulação com formação de rede de fibrina (Hemostasia secundária o acúmulo de hemácias é o principal achado do IMST)) → FORMAÇÃO DE TROMBO → da luz da artéria ou fechamento completo Devido a esse acúmulo, ocorre → da luz do vaso arterial → Células musculares lisas sofrem alteração devido às lipoproteínas (hiperplasia e hipertrofia) → Proliferação e deslocação da camada média para a íntima, envolvendo as células espumosas → A atração de linfócitos T acompanham os monócitos, infiltram-se na íntima → Liberação de mais citocinas → Atraem mais monócitos → Essas citocinas geram a apoptose das células espumosas → Seus restos são fagocitados por macrófago → PERPETUAÇÃO DA INFILTRAÇÃO → causa um espessamento da íntima → do fluxo sanguíneo → Ocorre neovascularização no infiltrado de gordura pelos capilares da camada adventícia