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Síndrome Metabólica Defin ição: A síndrome metabólica é caracterizada como um conjunto de alterações fisiológicas e metabólicas que aumentam diretamente o risco de doença cardiovascular e diabetes do tipo II. Sendo elas: 1. Aumento da circunferência abdominal 2. Hipertensão 3. Resistencia a insulina ou intolerância a glicose 4. Dislipidemia 5. IMC (obesidade visceral) Epidemiologia • Tem prevalência de cerca de 30% na população em geral; • 15,5% na faixa entre 25 e 34 anos e cerca de 48,3% na faixa entre 55 e 64 anos; Fatores de r isco O excesso de peso é o principal fator de risco para o desenvolvimento da SM. O estudo NHANES III9 mostrou que de acordo com os critérios da ATP III, teriam síndrome metabólica: Homens: o 4,6% dos homens com IMC normal; o 22,4% dos homens com sobrepeso; o 59,6% dos homens obesos; Mulheres: o 6,2% das mulheres com IMC normal; o 28,1% das mulheres com sobrepeso; o 50,0% das mulheres obesas. A obesidade contribui para a hipertensão, níveis elevados de colesterol total, baixos níveis de HDL-colesterol e hiperglicemia, que por si próprios estão associados a um risco elevado de doença cardiovascular. A obesidade abdominal se correlaciona com fatores de risco metabólicos, pois o excesso de tecido adiposo libera produtos que aparentemente exacerbam este risco. O Insulin Resistance Atherosclerosis Study (IRAS)12 mostrou que o melhor preditor para SM seria a circunferência abdominal elevada. Em homens, com a circunferência abdominal > 102 cm, a incidência de SM em 5 anos poderia chegar a 46%. Um outro fator de risco para a SM é a resistência à insulina, que geralmente acompanha a obesidade. A resistência à insulina nos músculos predispõe intolerância à glicose, que pode ser exacerbada pela gliconeogênese hepática, devido à resistência à insulina no fígado. A prevalência da SM aumenta com o avançar da idade, alcançando o pico na sexta década de vida para homens e na oitava década de vida para mulheres. A prevalência também é maior em pessoas de baixa renda (principalmente em mulheres), em tabagistas e em homens sedentários. ➢ Em resumo a síndrome metabólica aumenta o risco de desenvolvimento de doença cardiovascular e diabetes. Implicações clín icas Diagnóstico O National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III (NCEP ATP-III) sugere o uso de cinco variáveis clínicas como critérios diagnósticos para a síndrome metabólica, sendo necessários pelo menos três dos cinco critérios para diagnóstico da síndrome: • Circunferência da cintura aumentada > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres • Pressão arterial (PA) elevada ≥ 130/85 mmHg ou tratamento medicamentoso para hipertensão • Níveis plasmáticos aumentados de triglicerídios ≥ 150 mg/dℓ ou tratamento medicamentoso para hipertrigliceridemia. • Níveis plasmáticos diminuídos de colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-c): < 50 mg/dℓ (mulheres) ou < 40 mg/dℓ (homens) ou tratamento medicamentoso para HDL-c baixo • Glicemia de jejum ≥ 110 mg/dℓ ou tratamento medicamentoso para hiperglicemia. Já de acordo com a International Diabetes Federation (IDF), os melhores critérios para o diagnóstico da síndrome metabólica seriam: • Obesidade central (circunferência abdominal > 90 cm para homens asiáticos, > 94 cm para homens europeus e > 80 cm para mulheres); Associada a dois ou mais dos seguintes critérios: • PA elevada caracterizada por pressão arterial sistólica ≥ 130 mmHg, diastólica ≥ 85 mmHg ou tratamento medicamentoso para hipertensão • Níveis plasmáticos aumentados de triglicerídios ≥ 150 mg/dℓ ou tratamento medicamentoso para hipertrigliceridemia • Níveis plasmáticos diminuídos de HDL- c: < 50 mg/dℓ (mulheres) ou < 40 mg/dℓ (homens) ou tratamento medicamentoso para HDL-c baixo • Glicemia de jejum ≥ 100 mg/dℓ ou diagnóstico prévio de diabetes melito tipo 2. Por fim, para a Organização Mundial da Saúde (OMS), caracteriza-se a síndrome metabólica na presença de pelo menos dois dos seguintes critérios: • Relação cintura/quadril > 0,85 para mulheres ou > 0,9 para homens ou IMC > 30 kg/m2 • Diabetes melito tipo 2, intolerância à glicose ou resistência à insulina comprovada pelo clamp • Triglicerídios ≥ 150 mg/dℓ ou HDL-c < 35 mg/dℓ para homens ou HDL-c < 39 mg/dℓ para mulheres • PA ≥ 140 × 90 mmHg ou tratamento medicamentoso para HAS • Microalbuminúria ≥ 20 μg/24 h ou 30 mg/g de creatinina. Dois fatores e obrigatoriamente o componente assinalado; ** Tanto triglicerídios elevados quanto HDL baixo constituem apenas um fator pela OMS; *** Componente obrigatório; **** Presença de três ou mais dos componentes citados. IDF = International Diabetes Federation; NCEP = National Cholesterol Education Program; OMS = Organização Mundial da Saúde. Tratamento não farmacológico • Recomenda-se que a obesidade seja o alvo principal do tratamento da SM. • A perda de peso melhora o perfil lipídico, abaixa a pressão arterial e a glicemia, além • de melhorar a sensibilidade à insulina, reduzindo o risco de doença aterosclerótica. • Este tratamento deve ser baseado em modificações do estilo de vida: o Aumento da atividade física e modificação da alimentação, evitando uma dieta aterogênica. o A dieta recomendada para os portadores de SM deve ser composta por carboidratos complexos e integrais (representando entre 45 e 65 % do valor calórico total diário), proteínas (10-35% do valor calórico diário total) e gorduras (20-35% do valor calórico diário total), dando-se preferência às gorduras mono e poli-insaturadas. Além disso, deve haver um controle da ingestão de sódio, que tem significante impacto no controle da pressão arterial. o Em relação aos exercícios físicos, o recomendado é praticar pelo menos 30 minutos de atividade aeróbica de moderada intensidade, diariamente. Mesmo que o exercício físico não promova uma perda de peso significativa, existem evidências de que haja redução do tecido adiposo visceral. A atividade aeróbica melhora a homeostase da glicose, promovendo o transporte de glicose e a ação da insulina na musculatura em exercício. Além disso, melhora o perfil lipídico, aumentando os níveis de HDL-colesterol e diminuindo os triglicérides. Tratamento farmacológico • Além do tratamento da obesidade, o tratamento medicamentoso dos componentes da SM deve ser considerado, quando não há melhora destes apesar das mudanças de estilo de vida, para que haja diminuição do risco de doença aterosclerótica. • Até o momento não existe nenhuma droga específica recomendada para tratamento da SM. As recomendações para o tratamento medicamentoso devem seguir os guidelines estabelecidos para cada fator de risco. • O uso das estatinas no tratamento da dislipidemia aterogênica reduz o risco de eventos cardiovasculares em pacientes com SM. Os fibratos também melhoram o perfil lipídico desses pacientes, com capacidade de reduzir a aterogênese. O mesmo é válido para o tratamento da hipertensão arterial e da hiperglicemia. Referências: • Vilar L. Endocrinologia Clínica. (6th edição). Rio de Janeiro: Grupo GEN; 2016. • Sales P, Halpern A, Cercato C. O Essencial em Endocrinologia. Rio de Janeiro: Grupo GEN; 2016. • Penalva DQF. Síndrome metabólica: diagnóstico e tratamento. Rev Med (São Paulo). 2008 out.-dez.;87(4):245- 50. • I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA SÍNDROME METABÓLICA
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