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Aula10 - versão provisória

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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
Curso: Geografia Disciplina: Mundo Contemporâneo I 
Conteudistas: Gabriel Siqueira Corrêa e Mariana Martins de Meireles 
 
Aula 10 – Descolonização no Continente americano: os casos do México e 
dos EUA 
 
META: 
Entender aspectos relacionados aos processos de descolonização na América, 
especificamente o caso da América do Norte. 
 
OBJETIVOS: 
1 - Compreender os processos de descolonização e independência das colônias. 
2 - Analisar aspectos da descolonização estadunidense, observando práticas 
territoriais/populacionais e a influência destas no continente americano. 
3 - Problematizar o processo de descolonização Mexicana, considerando a 
perda territorial para os Estados Unidos e suas implicações para as populações 
originárias; 
 
PRÉ-REQUISITOS: 
É importante que você tenha dominado os conteúdos das aulas anteriores que 
debateram a colonização na América. Assim como os seguintes conceitos: 
Eurocentrismo, Colonialismo e Colonialidade. 
 
Introdução 
 
Até aqui, nossas aulas abordaram elementos comuns sobre o processo de 
colonização do continente americano com ênfase nas especificidades da 
América Latina. Nesta aula (e na próxima), vamos aprofundar o debate através 
do estudo de casos que nos ajudam a compreender os projetos de 
descolonização na América como um todo. 
Para construir este percurso, optamos por iniciar o debate a partir da realidade 
dos países da América do Norte. Neste caso, os Estados Unidos da América 
assumem centralidade, primeiro pela a influência que exerce na América Latina, 
segundo, pelo fato de se configurar atualmente como a maior potência 
econômica e mundial, e, por fim, em termos históricos, por ter sido a primeira 
colônia a declarar independência. 
Não nos aprofundaremos no caso do Canadá, por se tratar de um país que 
embora receba muitos imigrantes no período recente, não teve um impacto nos 
países latino americanos na configuração territorial recente, porém, teceremos 
alguns comentários na conclusão da aula. 
Algumas questões colaboram para problematizar a temática desta aula, vamos 
pensar juntos: você sabe como ocorreu o processo de descolonização dos 
Estados Unidos da América? Quais elementos motivaram a independência das 
treze colônias? Quais as consequências desse evento para os demais países da 
América? Será que primeira colônia a declarar independência, também, 
colaborou para que outras colônias se tornassem independentes? Quais 
medidas foram adotadas pelos EUA após seu processo de descolonização? 
Nesta aula vamos dialogar, também, sobre a descolonização mexicana, um dos 
países que mais sofreu com a intervenção dos Estados Unidos da América. Para 
tanto, vamos discutir aspectos relacionados à descolonização levando em 
consideração a realidade dos zapatistas e as consequências deste evento para 
população mexicana, destacando o conceito de “colonialismo interno”, cunhado 
pelo intelectual mexicano Pablo González Casanova, que pode ser facilmente 
aplicado em outras realidades da América. 
1 - Descolonização sem descolonialidade: mudanças conservadoras e 
manutenção da subalternidade 
Para iniciar este debate te convidamos a observar o mapa do continente 
americano, prestando atenção especificamente nos países que compõem a 
América do Norte, a saber: Estados Unidos, Canadá e México. 
 Figura 01: Mapa do Continente Americano 
 
 Autor: Keepscases 
Fonte:https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/69/Organization_of_A
merican_States_%28orthographic_projection%29.svg 
 
Você já parou pensar como estes países se tornaram independentes após o 
período de colonização? Será que o processo de descolonização ocorreu no 
mesmo período, assumindo as mesmas intenções e características nestes 
países? Vamos tentar responder estas e outras questões ao longo desta aula. 
Antes de aprofundarmos especificamente a discussão sobre descolonização da 
América do Norte, vamos retomar questões debatidas nas aulas anteriores. Em 
uma de nossas aulas vimos que nos séculos XV e XVI, através das “grandes 
navegações”, um novo continente foi encontrado, nomeado pelos europeus 
de “América”. Segundo a historiografia, Portugal e Espanha colonizaram a 
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?title=User:Keepscases&action=edit&redlink=1
América do Sul e Central, enquanto a América do Norte foi dominada mais tarde 
pela Inglaterra, com algumas influências francesas. 
A colonização tardia da América do Norte decorre das situações (políticas, 
econômicas e religiosas) conturbadas vividas pela Inglaterra naquele período. 
Há indícios de que a Inglaterra jamais arquitetou um projeto político de 
colonização para a América do Norte, e que a colonização foi ocorrendo por 
motivos diversos, que iam desde grupos religiosos fugindo de perseguições, até 
empresários e aventureiros buscando a sorte no “novo mundo”. 
Entretanto, podemos inferir que, todo projeto colonial justificou-se por 
argumentos econômicos e diplomáticos. Anos depois, a independência destes 
países, pôs fim ao colonialismo, dando abertura para ensejar caminhos 
descoloniais. 
Mas afinal, o que entendemos por independência? No imaginário social a noção 
de independência tem a ver com um movimento de libertação, de autonomia e 
insubordinação. Será que de fato isto aconteceu com a América? De antemão, 
sinalizamos que as experiências da América comprovaram que o processo de 
independência colonial não esteve associado a um projeto de descolonização. 
Ou seja, as transformações em termos políticos e territoriais, não impactou a 
organização social estabelecida anteriormente. Você sabe por que e como isso 
aconteceu? 
A princípio, vale dizer que o processo de independência não modificou a 
estrutura do sistema colonial, por isso dizemos que o fim do colonialismo não 
significou o fim da colonialidade, ou seja as mudanças foram marcadas pelo 
conservadorismo de poderes, mantendo-se de certa maneira a subalternidade 
dos países que, por ora, se tornaram independentes de suas antigas metrópoles. 
Na verdade, no período republicano, as relações de dominação colonial se 
fortaleceram com a articulação de pactos entre as elites e as ex colônias, 
produzindo uma espécie de “colonização interna” (QUIJANO, 2005) ou como 
discutiremos mais à frente “colonialismo interno” (CASANOVA, 2007). 
Segundo a Declaração dos líderes espirituais dos povos de Abya Yala (1992), 
ocorre neste período a intensificação da fragmentação dos territórios com as 
nações ancestrais o que implicou na divisão da “Abya Yala”. Deste processo de 
demarcação das fronteiras, nasceram os países e Estados Nações. 
Início do Box explicativo 
Estado-nação 
Aquilo que chamamos de moderno Estado-nação é uma experiência muito 
específica. Trata-se de uma sociedade nacionalizada e por isso politicamente 
organizada como um Estado-nação. [...] Um Estado-nação é uma espécie de 
sociedade individualizada entre as demais. Por isso, entre seus membros pode 
ser sentida como identidade. Porém, toda sociedade é uma estrutura de 
poder. O poder aquilo que articula formas de existência social dispersas e 
diversas numa totalidade única, uma sociedade. Toda estrutura de poder é 
sempre, parcial ou totalmente, a imposição de alguns, frequentemente certo 
grupo, sobre os demais. Consequentemente, todo Estado-nação possível é uma 
estrutura de poder, do mesmo modo que é produto do poder. Em outros termos, 
do modo como foram configuradas as disputas pelo controle do trabalho, seus 
recursos e produtos; do sexo, seus recursos e produtos; da autoridade e de sua 
violência específica; da intersubjetividade e do conhecimento (QUIJANO, 2005, 
p. 118-119). 
Fim do Box explicativo 
 
Esta realidade imposta e forjada por mecanismos de dominação, ratifica que a 
colonizaçãose caracterizou como um processo violento e totalizante, material e 
simbólico, físico e subjetivo. 
Nesse sentido, o fim do colonialismo, enquanto sistema de poder que 
formalmente dominava e explorava as colônias, se configurou apenas como a 
primeira etapa do processo de descolonização. De fato, este passo, embora 
importante, estava longe de representar o fim dos estigmas produzidos entre os 
envolvidos na relação colonial, bem como o distanciamento econômico, com 
tentativas de explicação como a “teoria da dependência”. 
O caminho descolonial é temporalmente longo e exige investidas de muitos 
lados. Além da independência política e econômica, uma das principais 
revoluções deste processo é epistemológica, neste caso, outros sentidos e 
outras lógicas orientam a superação da subalternidade e dos processos de 
dominação (PAZ, 1992). 
Aos poucos vamos compreendendo que a expressão “descolonizar” não se 
traduz de forma simples, ela implica abertura para outras questões e convoca a 
ampliação dos saberes que, historicamente, foram inferiorizados, ocultados e 
hierarquizados pelo projeto colonial e sua macronarrativa. Ainda é preciso 
entender que as estruturas coloniais pouco se alteraram nos processos de 
colonização e descolonização, cabendo então a pergunta: o acesso à terra foi 
democratizado? 
Essas e outras indagações nos ajudam a perceber que o processo de 
descolonização possui muitas faces e reclama outras óticas para pensar/ver o 
mundo e a sua diversidade. Trata-se de uma mudança complexa e estrutural no 
campo político, ideológico, epistemológico e, obviamente espacial. Por isso, 
falamos que o processo de descolonização se estabeleceu mantendo estruturas 
conservadoras de poder e de espacialidades – o que em partes explica a 
segregação em termos de moradia na América Latina -, portanto sem 
descolonialidade. 
Nesta linha de pensamento, lançamos duas questões que colaboram para esta 
reflexão: 
i) A independência da América representou a descolonização do território? 
ii) O que significou o projeto de descolonização para a América e seus povos? 
Nos próximos tópicos desta aula, vamos seguir nos indagando sobre os 
processos de independência da América, a partir da experiência da América do 
Norte. Para este exercício reflexivo observe os atores e as relações hierárquicas 
estabelecidas. Considere neste percurso os modos de dominação e as 
estratégias de fragmentação dos territórios, bem como as formas de manutenção 
de poder que engendram tais projetos de descolonização. 
Nesta aula, reconhecemos que o recorte territorial apresentado é múltiplo e 
diversificado. Em razão dessa amplitude, outras questões contemporâneas 
serão debatidas nos fóruns da disciplina, bem como nos textos complementares 
indicados. A extensão do conteúdo sobre Estados Unidos e México, 
considerando seus elementos históricos constitutivos justificam-se pela 
relevância que possui a historicidade nos processos de produção e organização 
espacial. Estas considerações colaboram para entendermos que: se não há 
espaço atemporal, também, não existe uma história a-espacial. Vamos aos 
casos! 
 
2 - Estados Unidos da América 
 
A primeira experiência de independência e descolonização que vamos discutir 
diz respeito aos Estados Unidos da América. Isso se explica por dois motivos: 
i) os EUA foi a primeira colônia europeia a se tornar independente no mundo; 
ii) com a consolidação da sua independência, este país implementou um modelo 
de neocolonialismo agressivo em todo continente americano. 
A síntese a seguir nos ajuda introduzir este debate. Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: https://studymaps.com.br/independencia-dos-estados-unidos/ 
 
Ao longo desta aula, abordaremos elementos sinalizados nesta síntese. 
Inicialmente vamos falar sobre a organização espacial. Como colônia inglesa, a 
ocupação dos EUA foi realizada a partir de iniciativas privadas, com uma 
população diversificada, entre mulheres e homens pobres que viviam da 
plantação e pequenos comércios, além de religiosos fugindo de perseguições na 
Inglaterra, principalmente da Igreja Anglicana. 
Observe que esse movimento, principalmente no final do século XVII e Início do 
século XVIII, também tem relação com o fechamento de terras comunais em 
território inglês, o que implicou na expulsão de um grande número de 
camponeses de sua terra durante o processo de industrialização, gerando mão 
de obra excedente em áreas centrais de manufaturas 
O território dos Estados Unidos da América foi dividido em colônias. Você já deve 
ter ouvindo falar nas treze colônias, certo? Pois bem, esta 
fragmentação/organização territorial não nasceu de um projeto específico, tal 
como foi feito em outros espaços da América, por isso, alguns o consideram uma 
colônia de exploração, conceito questionável, à medida que toda colônia se 
constituiu, também, pelo povoamento, embora as finalidades tenham sido 
diversificadas. A dimensão territorial estadunidense proporcionava uma 
geografia múltipla no que diz respeito às formas de relevo, tipos de solo e de 
clima, resultando em estratégias diferentes de produção. 
 
https://studymaps.com.br/independencia-dos-estados-unidos/
 
Mapa 02 - “As treze colônias” 
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Treze_Col%C3%B4nias#/media/File:Map_of_territorial_grow
%20h_1775.svg 
 
A localização privilegiada do sul estadunidense favorecia uma produção agrícola 
para exportação devido ao clima e ao solo. Essa geografia resultou em uma 
organização espacial no modelo da plantation - monocultura, escravidão e 
latifúndio - experiência que foi reproduzida na maior parte da América Latina, 
demandando um grande número de africanos escravizados, como observamos 
na aula anterior. Já o norte do país, além de um relevo desfavorável possuía um 
clima rigoroso, de muitas mudanças, o que não favoreceu a produção agrícola 
em larga escala, assim como havia sido adotado no Sul. Dessa forma, a 
organização espacial e do trabalho pautou-se no mercado interno, para 
circulação de mercadorias e formação de uma elite intelectual e comercial. 
2.1 – O processo de independência 
Pois bem, até aqui abordamos brevemente esses aspectos para entendermos o 
contexto colonial estadunidense, e como, em linhas gerais, foi organizada a 
colonização. Mas e a independência? 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Treze_Col%C3%B4nias#/media/File:Map_of_territorial_grow%20h_1775.svg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Treze_Col%C3%B4nias#/media/File:Map_of_territorial_grow%20h_1775.svg
O contexto para se chegar até ela envolve cobranças abusivas de impostos e 
uma legislação repressora por parte da metrópole inglesa. Desse modo, 
destaca-se a revolta frente aos impostos cobrados pela coroa inglesa que 
buscava equilibrar os gastos pelo envolvimento em conflitos, a exemplo da 
Guerra dos sete anos no século XVIII. Além disso, sua indústria nascente 
precisava de matéria prima e mercado consumidor. 
Início do Boxe multimídia 
Filme: O último dos moicanos 
O filme usa como contexto histórico a guerra dos sete anos, que 
envolveu o conflito entre os Ingleses e Franceses pela posse de 
territórios na América do Norte (o mesmo acontecia na África e 
na Ásia). Nessa guerra tanto franceses, quanto ingleses usaram 
guerreiros de diferentes comunidades indígenas, como 
estratégia para vencer a guerra. Embora o filme possua uma 
narrativa romântica, é interessante perceber como os indígenas 
foram usados/explorados por grupos ocidentais, observando o 
papel que eles tiveram nesse conflito. 
 
Fim do boxe multimídia 
 
Entre as principais cobranças que geraram insatisfação dos colonos, destacam-
se a Lei do açúcar de 1764, que taxava carregamentos de açúcar não ingleses 
por todo território, estabelecendo uma prática não de monopólio, mas que 
favorecia o mesmo; a Lei do selo de 1765, que exigia que todos os documentos 
oficiais tivessem o selo da Inglaterra,medida que feria a autonomia, e além de 
representar um custo, era também um reforço da soberania inglesa no território, 
e por fim a lei do chá de 1773, que obrigava que todo chá consumido tivesse 
origem da Inglaterra. Em todas essas medidas observam-se práticas que 
reforçam o pacto colonial, com extração de riquezas ou vantagens comerciais 
das colônias. 
Tais ações motivaram os movimentos separatistas, através de boicote aos 
produtos ingleses; reações na imprensa; e desobediência civil, com o não 
cumprimento das leis. 
Um caso curioso e marcante, foi a revolta contra o monopólio do chá, em que 
remessas de chás ingleses foram destruídas e jogadas ao mar. Este evento ficou 
conhecida como “boston tea party” e resultou em uma ação de fechamento do 
porto onde a revolta aconteceu. 
Três anos mais tarde, em 1776, os colonos rompem os laços com a metrópole e 
proclamam a independência, o que resulta em diversos conflitos com a 
Inglaterra. Apenas em 1783, com o apoio dos franceses, grandes rivais 
econômicos da Inglaterra no período, as colônias vencem, tendo sua 
independência reconhecida pelo Tratado de Paris. 
Em 1787 os Estados Unidos proclamam sua constituição, apresentando ideias 
que reforçam um sentimento de liberdade. Mas será que havia liberdade para 
todos nas colônias? E acima de tudo, como declarar independência e liberdade 
com a permanência de modelos autoritários e padrões econômicos díspares? 
Como iniciar um projeto de criação de um símbolo identitário, se a maior parte 
da população não tinha acesso a bens básicos? 
 
2.2 – Situação dos povos originários nos Estados Unidos da América pós 
independência 
É notório que as condições de brancos pobres permaneciam precárias, sem 
contar com os indígenas alocados em “reservas” e a continuidade da escravidão, 
o que destoava da noção de descolonização enquanto emancipação social e de 
liberdade, tão difundidos pelos estadunidenses. Além disso, a disparidade no 
campo político, econômico, social e geográfico entre o Sul e o Norte, demarcava 
um processo tenso, que gerou nos anos posteriores, a “guerra da secessão”. 
A primeira colônia independente [EUA] adotou uma política agressiva de 
dominação nos seus vizinhos mais próximos. Dois casos são destacados por 
estarem relacionados às novas colonizações e também ao avanço e 
expansionismo territorial: Canadá e México. Tal expansão esteve associada ao 
processo de Marcha para o Oeste, que fomentou uma ampliação territorial. 
 
Mapa 3 - Aquisições territoriais dos EUA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_dos_Estados_Unidos#/medi
a/File:Us_historic_territories.jpg 
 
A Guerra de Secessão, mobilizou em 1862 a criação, pelo governo, do Ato de 
propriedade rural - homestead Act. Nesta ação, concedia-se a posse das terras 
de até 160 acres (cada acre mede aproximadamente 4 mil metros quadrados) a 
quem tivesse interessado em produzir e cultivar na terra por no mínimo cinco 
anos. A possibilidade de ganho de terras atraiu milhares de imigrantes europeus 
para os Estados Unidos, motivando a ocupação de terras, sem considerar a 
ocupação indígena presente naquelas regiões. Este foi um processo orientado 
dentro da lógica do “mito difusionista no vazio”, discutida na aula anterior. A partir 
desta configuração, a fronteira tornou-se um espaço de possibilidade e não da 
existência de civilizações dos seus criadores. 
Essa foi uma das primeiras medidas que consolidaram a ocupação promovida 
pela Marcha para o Oeste, estimulada ainda pela própria industrialização 
estadunidense. Ao promover a entrada maciça de imigrantes, garantia-se 
mercado consumidor para a burguesia industrial nascente, além de possibilitar 
ganhos de reservas minerais, com a possibilidade de encontrar ouro. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_dos_Estados_Unidos#/media/File:Us_historic_territories.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o_territorial_dos_Estados_Unidos#/media/File:Us_historic_territories.jpg
Duas das ideologias políticas que justificaram esse processo, já foram debatidas 
por nós em outra aula, a saber: Doutrina do Destino Manifesto e Doutrina 
Monroe. Nesta aula, vamos retomar alguns dos elementos constitutivos da 
Doutrina do Destino Manifesto, visto que, tal doutrina envolveu diretamente a 
orientação política, além de justificar e legitimar a expansão territorial: 
Inicialmente, cabe destacar que: 
i) a Doutrina do Destino Manifesto, foi baseada nos escritos do jornalista John 
o’Sullivan, este autor defendia que as terras que iam do Atlântico até o Pacifico 
deveriam ser ocupadas pelos EUA; 
ii) que os indígenas, tratados como selvagens e não civilizados, não eram 
capazes de trazer desenvolvimento para essas áreas; 
iii) que brancos e puritanos - praticamente de um cristianismo mais rígido - eram 
eleitos por Deus para desenvolver o país. 
A seguir, observem parte do texto de O’sullivan sobre o Destino Manifesto: 
 
Por que, foram outros desejos razoáveis, em favor de agora 
levantar esta questão da recepção do Texas à União, fora da 
região inferior das nossas divergências partidárias, até o nível 
adequado de alta e ampla nacionalidade, seguramente devem 
ser encontradas, encontradas com abundância, de forma que 
outras nações afirmaram comprometer-se e interferir entre nós 
e as partes interessadas, num espírito de interferência hostil 
contra nós, pelo objeto declarado de impedir nossa política e 
dificultando nosso poder, limitando nossa grandeza e impedindo 
a realização do nosso destino manifesto de espalharmo-nos 
sobre o continente atribuído pela Providência para o livre 
desenvolvimento dos nossos milhões de habitantes que anos 
passados anos se multiplicam (O’SULLIVAN, 1845). 
Este discurso foi influenciado pela leitura calvinista de que “deus escolhe os 
eleitos”, que no caso seriam os colonos, levando sabedoria e conhecimento, 
tratados em termos civilizatórios, para os povos selvagens que ocupam as terras. 
Cabe destacar que, o termo “Destino Manifesto” só ganha destaque a partir do 
terceiro uso por O’Sullivan, quando grupos políticos se apropriaram do termo 
para simbolizar o desejo de expansão estadunidense. Isso ocorreu, porque o 
termo “destino manifesto” era de fácil compreensão e difusão para estímulo da 
“Marcha para o Oeste”. Nesse processo de muitas particularidades, as terras 
eram compradas da Inglaterra, França e México, e quando este último não 
aceitou, a aquisição foi feita a partir da guerra. 
A expansão foi tratada como algo natural para os povos estadunidenses, pois 
esse seria o destino dos mesmos. O critério étnico-racial também foi mobilizado, 
pois os mexicanos, considerados nativos inferiores, contrariavam a vontade de 
Deus a ocupar aquele espaço, o que justificaria as violências provocadas. A 
conquista territorial nas décadas seguintes também alcançou colônias 
espanholas (Cuba, Porto Rico, Filipinas e a ilha de Guam). Nesse sentido, além 
de uma narrativa divina, o Destino Manifesto se estabeleceu, em termos 
políticos, como missão que garantiu a expansão territorial até o século XX. 
Notem que esta doutrina foi orientada por uma leitura nacionalista e de 
superioridade étnico-racial. 
 
 
 
 
Figura 2. Progresso americano de 1872 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Doutrina_do_destino_manifesto 
 
Aqui, retornamos a figura já utilizada nas aulas anteriores que representa a 
“Doutrina do Destino Manifesto”. A pintura intitulada "Progresso Americano", 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doutrina_do_destino_manifesto
produzida por John Gast em 1872, faz alusão ao desenvolvimento dos Estados 
Unidos da América. Observe que na figura uma mulher imponente os 
acompanha durante a marcha para o Oeste, conduzindo diferentes 
estadunidenses ao progresso. Esta pintura simboliza, de certo modo, a 
representaçãodessa conquista. 
Embora seja possível abordar várias consequências deste projeto expansionista, 
focaremos em uma das consequências que foi comum a realidade latino 
americana. No caso dos EUA, a expansão resultou na dizimação de vários 
grupos indígenas, já que estes foram expulsos e/ou assassinados durante a 
expansão territorial. 
Até mesmo os indígenas considerados civilizados como os “Cherokees” (maior 
grupo indígena remanescente nos EUA) e os “Choctaws” que viviam em relativa 
harmonia no sul dos EUA, foram afetados pelo “indian removal act”, ou seja, ato 
de remoção indígena. Este tinha como objetivo o deslocamento de grupos 
indígenas para áreas de reservas. 
Os grupos que resistiram tiveram suas casas queimadas e foram perseguidos 
por soldados. Os que cederam ao deslocamento tiveram que enfrentar longas 
viagens. Uma dessas ficou conhecida como a “trilha das lágrimas”, em que um 
grupo de 15 mil indígenas, pertencentes aos Choctaws, marcharam durante o 
inverno para o seu destino. A morte de cerca de 6 mil pessoas durante este 
trajeto demonstra a violência desta imposição. 
 
 Figura 03. A trilha das Lágrimas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Extraído de http://perdidanahistoria.blogspot.com/2011/07/trilha-de-lagrimas.html 
Figura 04. Pintura Louisiana Indians Walking Along a Bayou de Alfred Boisseau 
de 1846, que faz referência aos índios removidos do grupo Choctaw 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Trilha_das_L%C3%A1grimas#/media/File:Louisiana
_Indians_Walking_Along_a_Bayou.jpg 
 
 
Início boxe 
Livro: “Enterrem meu coração na curva do Rio” 
O livro “Enterrem Meu Coração na Curva do Rio” relata a destruição 
sistemática dos índios da América do Norte. A obra lança mão de 
várias fontes como: registros oficiais, autobiografias, depoimentos 
e descrições de primeira mão. Para compor esta narrativa Dee 
Brown faz grandes chefes e guerreiros das tribos Dakota, Ute, 
Soiux, Cheyenne e outras contarem com suas próprias palavras 
sobre as batalhas contra os brancos, os massacres e rompimentos 
de acordos. Todo o processo que, na segunda metade do século 
XIX, terminou por desmoralizá-los, derrotá-los e praticamente 
extingui-los. Publicado originalmente em 1970, este livro foi 
traduzido para diversas línguas. Com esta obra, Dee Brown, 
especialista em história norte-americana, buscou mudar o modo do 
mundo ver a conquista do Velho Oeste e a história do extermínio 
dos peles-vermelhas. (Sinopse extraída do livro). 
Fim do boxe 
 
http://perdidanahistoria.blogspot.com/2011/07/trilha-de-lagrimas.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trilha_das_L%C3%A1grimas#/media/File:Louisiana_Indians_Walking_Along_a_Bayou.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trilha_das_L%C3%A1grimas#/media/File:Louisiana_Indians_Walking_Along_a_Bayou.jpg
Ainda em relação aos grupos indígenas, vale destacar que, a legitimação dessa 
expansão fez parte também do imaginário dos filmes. Você já deve ter ouvido 
falar do gênero conhecido no Brasil como faroeste (do inglês far west - oeste 
distante), cuja a narrativa é composta por cenas de ações e muito “bang bang”. 
Estes filmes tiveram um papel no início do cinema estadunidense de naturalizar 
o processo de expansão e assassinato indígena, ao tratá-los como selvagens e 
incivilizados. O cenário era representado usualmente por um deserto, em que 
“peles vermelhas” atacavam estadunidenses, sendo defendidos por xerifes 
armados. 
2.3 – Situação da população negra nos Estados Unidos pós independência 
No que se refere a população negra, o processo de independência também não 
veio acompanhado por um processo de descolonização, afinal, a continuidade 
da escravidão foi algo marcante na formação dos Estados Unidos da América. 
Somente após a Guerra de Secessão os negros escravizados foram declarados 
livres pela constituição americana, através da 13º emenda, conforme trecho a 
seguir: “Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, 
nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o 
réu tenha sido devidamente condenado”. 
 
Início do boxe multimídia 
A 13º emenda 
13th (A 13ª Emenda) é um documentário estadunidense de 2016 
dirigido por Ava DuVernay e escrito por DuVernay e Spencer Averick. 
Centrado no sistema carcerário e étnico no país de origem do filme, o 
título é uma referência à décima terceira alteração na Constituição dos 
Estados Unidos, a qual, segundo o filme, foi uma alternativa de manter 
trabalhos braçais mesmo após a abolição da escravidão, com o 
processo de encarceramento em massa. O filme foi premiado pelo 
Bafta de 2017, e indicado ao oscar de melhor documentário. 
Fonte: Sinopse extraída do https://pt.wikipedia.org/wiki/13th_(filme) 
 
Fim do boxe multimídia 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/13th_(filme)
Todavia, mesmo com o fim da escravidão, aspectos do racismo e dos legados 
coloniais permaneceram. Assim como ocorreria no Brasil duas décadas depois 
com a lei Aurea. Nos EUA, a população negra recém-saída da escravidão teve 
dificuldade no acesso a empregos formais. Neste contexto, dois conjuntos de 
leis acabaram por criminalizar a população negra. Além de ordenamentos 
jurídicos que criminalizavam a chamada “vadiagem”, haviam leis 
segregacionistas, principalmente - mas não exclusivamente - no sul. Estas leis 
excluíam e/ou separavam negros em espaços públicos e escolares, vigorando 
entre 1876 a 1965. 
Durante esse período, vários movimentos de contestação apareceram. Vamos 
conhecer duas personalidades importantes em diferentes contextos que 
combateram e desgastaram o sistema excludente. Em ordem cronológica, temos 
o empresário Marcos Garvey, que embora fosse jamaicano, teve atuação de 
destaque nos EUA. Ele estimulava o pan-africanismo e construiu diversas 
estratégias para empregar negros em melhores condições no mercado de 
trabalho, adotando premissas liberais. Marcos Garvey se destacava pela leitura 
em escala mundial da situação dos negros e por uma atuação dentro do campo 
religioso e econômico, estimulando o contexto liberal. 
Outra personalidade que demonstrou uma postura interessante de revolta, 
através da insubordinação civil, foi Rosa Parks. Possivelmente você já deve ter 
escutado falar nesta mulher. Rosa Parks ficou conhecida mundialmente porque 
em 1955 se recusou a levantar de um ônibus no estado do Alabama (conhecido 
como estado mais racista dos EUA), para dar lugar a pessoas brancas como a 
legislação indicava. A sua prisão, por desobediência civil, inflou os movimentos 
que lutavam por igualdade, e resultou na queda as leis segregacionistas. 
Início do boxe explicativo 
Rosa Louise McCauley 
Rosa Louise McCauley, mais conhecida por Rosa Parks (Tuskegee, 
4 de fevereiro de 1913 – Detroit, 24 de outubro de 2005), foi uma 
costureira negra norte-americana, símbolo do movimento dos 
direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Ficou famosa, em 1º 
de dezembro de 1955, por ter se recusado frontalmente a ceder o 
seu lugar no ônibus a um branco, tornando-se o estopim do 
movimento que foi denominado boicote aos ônibus de Montgomery 
e posteriormente viria a marcar o início da luta antissegregacionista 
Extraído de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa_Parks 
 
Fim do boxe explicativo 
 
Os exemplos dos desdobramentos da independência dos Estados Unidos 
abordados neste tópico, demonstram que as experiências de emancipação das 
metrópoles europeias, em termos políticos, não configuraram efetiva mudança 
nas condições de vida da população, principalmente daqueles considerados 
inferiores - os não brancos. Por essas e outras questões, seguimos nos 
indagando: a independência dos EUA resultou em descolonização, ou melhor, 
em descolonialidade? 
Atividade 1 - Atende ao objetivo 1 e 2 
É possível dizer que nos EUA a independência política significou o fim da 
colonialidade? Explique sua resposta.(Diagramação, deixar 10 linhas) 
Resposta comentada 
Para compor esta resposta, o estudante deverá elaborar um pequeno texto, 
apresentando elementos que justifiquem que independência política dos EUA 
não representou o fim do colonialidade. Para tanto, deve utilizar como 
argumento, por exemplo, a manutenção de práticas racistas (no caso dos 
negros) e violentas (no caso dos indígenas), sinalizando a permanência de 
posturas hierárquicas e de mecanismos de poder e dominação entre os povos. 
Ademais é possível apresentar discussões sobre a desigualdade social, e no 
acesso a condições de trabalhas dignas entre trabalhadores do norte e do sul 
geográfico. Por fim, ainda é possível discutir a permanência de leis 
segregacionistas, que distoam da narrativa de liberdade individual 
estadunidense. 
Fim da atividade 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa_Parks
3 - México e o colonialismo interno 
 
O processo de descolonização do México apresenta elementos diferentes em 
relação aos Estados Unidos, a começar pelo colonizador. Porém, cabe dizer que 
este processo tem um aspecto em comum que se repete por toda a América, 
estamos falando da expressiva presença indígena e de seu projeto de extinção. 
 
No caso da América estima-se que o genocídio dos povos indígenas tenha 
chegado ao número de 70 milhões - o maior massacre da história - só no território 
que corresponde atualmente o México esse número chega a 25 milhões, mais 
de um terço do total. 
 
 
Figura 05. Vista da Avenida dos Mortos a partir da pirâmide da Lua. 
 Sítio arqueológico, Teotihuacán-México. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: acervo pessoal dos autores 
 
A colonização mexicana foi feita pela coroa espanhola e se caracterizou por ser 
a mais letal das américas. Ao longo do processo de conquista, várias 
comunidades indígenas e até impérios, como os Astecas, foram dizimadas em 
virtude das resistências engendradas por estes grupos que lutavam para 
continuar em suas terras. Estes povos tinham concentração populacional e 
experiência em guerras, o que ocasionava um combate mais duradouro e 
violento com europeus. 
Quanto ao nome, cabe ressaltar que primeiramente a Espanha o chamou de 
“Vice Reino da Nova Espanha”, após a sua conquista em 1522. Este nome foi 
alterado quase três séculos depois, posteriormente a independência do país em 
1821. Você sabe o representa a denominação “México”? Pois bem, ela 
demonstra as marcas da ocupação indígena, uma vez que, o nome tem origem 
na língua falada pelos astecas e a palavra significaria “centro da lua”. 
No que tange a independência, destaca-se que este projeto foi organizado pela 
própria elite, tal qual o processo estadunidense, e pouco alterou as relações 
internas no país. 
Os grupos que controlavam os espaços urbanos e agrários continuaram 
exercendo o poder, sobretudo, do ponto de vista econômico. Por outro lado, para 
a Espanha esta mudança provocou impactos, tendo em vista que o México era 
uma das principais colônias em extração de riqueza. Data-se desse período, 
inclusive, a perda de força espanhola em relação ao restante das colônias na 
América, o que explica, em partes, a decadência do país frente a outras 
potencias europeias como Inglaterra e França. 
Somente depois de uma década, após a independência, aboliu-se a escravidão. 
No México, o processo de escravidão reuniu indígenas, africanos escravizados 
e seus descendentes. A historiografia revela que a abolição pouco alterou as 
relações de expropriação existente no país, ou atenuou o processo de violência 
contra a população indígena, tão pouco modificou as condições de acesso à 
terra. Podemos citar como exemplo, as políticas que iniciaram o ciclo de perdas 
territoriais mexicanas, motivadas pela presença indígena. Com o estímulo para 
a entrada de imigrantes estadunidenses no Texas, antiga posse da Coroa 
Espanhola, esperava-se que os nativos fossem expulsos. 
Por falar em perdas territoriais, cabe dizer que, o México sofreu dois ciclos para 
os EUA diretamente associadas a marcha para o Oeste estadunidense (ver 
mapa 3). O primeiro refere-se ao Texas, que em 1836 declarou independência. 
Nesse caso, a ocupação dos colonos norte-americanos foi iniciada após um 
acordo firmado entre os EUA e o México. Neste acordo, os mexicanos permitiam 
a entrada de estadunidenses, buscando o desenvolvimento da região e a 
limpeza étnica na área, já que muitos indígenas a ocupavam. Porém, os colonos 
passaram a rejeitar as regras estabelecidas pelo México como: 
i) imposição religiosa de matriz católica, 
ii) cobrança de impostos, e 
iii) fim da escravidão. 
O apoio e anexação do Texas pelo EUA, desagradou o México, que ainda 
assistiu em 1845 o pedido de compra de parte de seu território pelos EUA. Em 
uma ação de retaliaç-ão foi declarado guerra ao EUA, que em pouco mais de 
dois anos venceu os mexicanos. Com o final da guerra o México perdeu mais 
territórios, e teve outros comprados posteriormente. O resultado final foi a cessão 
do território do Novo México, Nevada, Arizona, parte do Colorado e da Califórnia, 
com a assinatura do tratado de Guadalupe Hidalgo. 
3.1 Colonialismo interno 
O debate sobre desigualdades internas não se restringe somente ao México, 
mas a toda América. Um importante intelectual mexicano, chamado Pablo 
Gonzáles Casanova (2007), cunhou o conceito de “colonialismo interno”, 
buscando compreender as diferentes situações de independência sem igualdade 
ocorridas no continente americano. Nesse sentido, “o colonialismo interno tem 
antecedentes na opressão e exploração de alguns povos por outros” 
(CASANOVA, 2007, p. 03). 
Essa forma de colonialismo, segundo o autor, inicia-se com a experiência da 
colonização, em que as populações nativas não são exterminadas, mas passam 
a fazer parte, primeiro do Estado colonizador, e posteriormente do Estado que 
se forma após a independência. Mesmo em movimentos de liberação e entrada 
em outros sistemas econômicos - socialista ou capitalista - estes grupos 
continuam a ser subalternizados, e no Estado-Nação sofrem condições 
semelhantes aquelas do Imperialismo internacional. Ou seja, o autor aponta que 
as estruturas coloniais de dominação se mantém mesmo com a nova 
organização do Estado. 
Início do boxe explicativo 
Pablo Gonzales Casanova 
Autor, coautor ou coordenador de mais de sessenta livros e 
de duzentos artigos para revistas ou capítulos de obras 
coletivas, além de diretor de importantes coleções sobre 
ciências sociais, Pablo González Casanova é referência 
obrigatória para a compreensão dos problemas atuais das 
sociedades latino-americana e mundial, tendo presidido por 
duas vezes (1968-1972 e 1983-1985) a Associação Latino-
americana de Sociologia (ALAS).Em seu país é membro, 
entre outras associações, do Instituto de Pesquisas Sociais 
(IIS) da Universidade Nacional Autônoma do México 
(UNAM), da qual chegou a ser reitor (1970-1972). Na 
UNAM deixou profundas marcas na docência e na pesquisa: 
reestruturou o modelo das carreiras profissionais em 
Ciências Sociais, criou o Sistema de Universidade Aberta e 
o Colégio de Ciências e Humanidades. 
Paralelamente, foi presidente do Centro Latino-americano de Pesquisas Sociais da 
Unesco, presidente do Comitê Diretivo da Faculdade Latino-americana de Ciências 
Sociais (Flacso) e coordenador de projeto na Universidade das Nações Unidas. Deu 
aulas nas universidades de Oxford, Cambridge e Complutense de Madri e na Escola 
Nacional de Ciências Políticas de Paris. Entre seus reconhecimentos se contam, entre 
outros, doze títulos de doutor honoris causa e o de professor e pesquisador emérito da 
UNAM em 1984, ano em que recebeu o Prêmio Nacional de Ciências e Artes em 
História, Ciências Sociais e Filosofia. Em 1989, ganhou o Prêmio Universidade Nacional 
na categoria Pesquisa em Ciências Sociais. Em 2003, obteve o Prêmio Internacional 
José Martí, outorgado pela Unesco, e, em 2004, a OrdemJosé Martí, concedida pelo 
governo de Cuba. É membro regular, entre outras, da Academia Mexicana de Pesquisa 
Científica, da The New York Academy of Sciences e da American Association for the 
Advancement of Sciences, de Washington, D.C. 
Fonte: http://latinoamericana.wiki.br/verbetes/g/gonzalez-casanova-pablo 
 
Fim do boxe explicativo 
 
Para entender essas estruturas de dominação e subalternidade, mesmo após os 
processos de independências dos países, o referido autor identifica sete 
elementos do “colonialismo interno” comuns a esses grupos: 
 
1) habitam em um território sem governo próprio; 2) encontram-
se em situação de desigualdade frente às elites das etnias 
http://latinoamericana.wiki.br/verbetes/a/alas
http://latinoamericana.wiki.br/verbetes/u/unam
http://latinoamericana.wiki.br/verbetes/f/flacso
http://latinoamericana.wiki.br/verbetes/c/cuba
http://latinoamericana.wiki.br/verbetes/g/gonzalez-casanova-pablo
dominantes e das classes que as integram; 3) sua administração 
e responsabilidade jurídico-política concernem às etnias 
dominantes, às burguesias e oligarquias do governo central ou 
aos aliados e subordinados do mesmo; 4) seus habitantes não 
participam dos mais altos cargos políticos e militares do governo 
central, salvo em condição de ―assimilados; 5) os direitos de 
seus habitantes, sua situação econômica, política social e 
cultural são regulados e impostos pelo governo central; 6) em 
geral os colonizados no interior de um Estado-nação pertencem 
a uma ―raça distinta da que domina o governo nacional e que 
é considerada ―inferior, ou ao cabo convertida em um símbolo 
―libertador que forma parte da demagogia estatal; 7) a maioria 
dos colonizados pertença uma cultura distinta e não fala a língua 
―nacional (CASANOVA, 2007, p. 03). 
 
Observando essas características você consegue traçar paralelos com outras 
situações no continente americano e africano? Fazemos essa pergunta, pois 
perceberemos que estes elementos vão aparecer também na próxima aula. De 
certo modo, Casanova (2007) identifica também a leitura proferida por liberais e 
por grupos que participaram das revoluções emancipatórias de diferentes 
Estados Nações. Nessas leituras estes grupos também apontam problemas 
sociais, mas indicam que os motivos e as soluções são diferentes dos discutidos 
a partir do conceito de “colonialismo interno”. Vejamos três dessas narrativas. 
A primeira destaca que os aspectos da desigualdade são de origem cultural. 
Afinal, aquelas eram sociedades consideradas ‘tradicionais’, que iriam 
desaparecer com os processos de modernização. Assim, as suas culturas, as 
posicionariam em condições inferiores aos que comandaram o processo de 
emancipação. 
A segunda narrativa, difundia a ideia de este seria um problema de “integração 
nacional”, resolvido com a construção de um Estado-homogêneo, onde todos 
falassem a mesma língua e tivessem a mesma cultura. Quanto a esse 
argumento, cabe perguntarmos que língua e que cultura seriam essas? Este 
estado homogêneo não seria um Estado assimilador e eurocêntrico? Segundo o 
autor, ambas as posições sustentaram que, mesmo que existisse o colonialismo 
interno, ele acabaria mediante ao progresso e desenvolvimento. Se as 
desigualdades persistem, seria porque esses grupos permaneciam primitivos e 
atrasados. Com essa ideia, mobilizava-se a noção de “darwinismo social”, já 
discutida por nós na terceira aula. 
A terceira narrativa era vinculada aos Teóricos do Estado-Nação e do direito 
individual, que rechaçavam concepções do colonialismo interno. Eles afirmavam 
que seria apenas necessário que os cidadãos fossem iguais perante a lei, 
independentemente de serem maiorias ou minorias, e o que deveria sobressair 
seria o direito individual, e não os supostos direitos de povos e etnias de origem 
colonial. Esse discurso afirmava a necessidade de um Estado unido para fazer 
frente a outras potências. Para isso, seria necessário acabar com as diferenças 
étnicas e construir um Estado de cultura e nação única e sólida. 
 
3.2 - População indígena e constituição zapatista. 
 
Neste subtópico vamos discutir aspectos relacionados a população indígena e a 
constituição da luta engendrada pelos Zapatistas, que a todo tempo reclamavam 
por descolonização. 
Liderado por indígenas o movimento revolucionário de esquerda denominado 
Zapatismo foi inspirado Emiliani Zapata, guerrilheiro indígena que lutou contra a 
ditadura de Porfírio Diaz na Revolução mexicana de 1910. Este movimento de 
luta por território era formado por camponeses indígenas pertencentes a distintos 
grupos dos maias e ocorreu no Estado dos Chiapas, um dos mais pobres do 
México. 
Figura 06: placa em território zapatista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_zapatista#/media/File:Mexico.Chis.EZLN.01.jpg 
 
Início do Box Multimídia 
 
Um lugar chamado Chiapas 
 
Em 1º de janeiro de 1994, o Exército Zapatista de Libertação Nacional, 
composto de índios Maias pobres do estado de Chiapas, tomou mais 
de cinco cidades e 500 fazendas no sul do México. O Governo enviou 
suas tropas, e pelo menos 145 pessoas morreram na batalha que se 
seguiu. Lutando por indígenas mexicanos para recuperar o controle 
sobre suas vidas e sua terra, o Exército Zapatista, começou a enviar 
sua mensagem ao mundo através da Internet. O resultado foi o que o 
The New York Times chamou de "a primeira revolução do mundo pós-
moderno". A cineasta Nettie Wild viajou para os "canyons" da selva do 
sul do México para filmar a vida indescritível e frágil da insurreição. Sua 
câmera de forma eficaz e comovente capta as dimensões humanas por 
trás desta guerra de símbolos. Fonte: https://filmow.com/um-lugar-
chamado-chiapas-t48222/ficha-tecnica 
Fim do Box Multimídia 
O movimento colaborou para a constituição do Exército Zapatista de Libertação 
Nacional, destacando-se, principalmente em 1994, após o protesto que 
reivindicava a entrada do México no Tratado de Livro Comércio da América do 
Norte, o Nafta. Além disso, outro aspecto justificava a insurreição do grupo, desta 
vez, tratava-se do artigo 27 da constituição de 1992. Tal artigo tinha como 
princípio privatizar as terras de propriedades coletivas para favorecer o 
funcionamento do Nafta, o que originou mobilizações por parte do Exército 
Zapatista de Libertação Nacional. 
 
Início do Box Explicativo 
 
Contexto de implementação do Nafta e irrupção do Zapatismo 
O contexto de implementação do Nafta, assim como da irrupção zapatista, foi o da 
desaceleração da economia nacional na primeira metade dos anos 1990. A crise 
alcançou seu nível mais profundo no final de 1994 e no curso de 1995, quando ocorreu 
um crescimento negativo próximo a 7%. A recuperação do Produto Interno Bruto do 
México em 1996 (4,5%) obedeceu a três causas: ao regresso dos capitais externos 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_zapatista#/media/File:Mexico.Chis.EZLN.01.jpg
https://filmow.com/um-lugar-chamado-chiapas-t48222/ficha-tecnica
https://filmow.com/um-lugar-chamado-chiapas-t48222/ficha-tecnica
http://latinoamericana.wiki.br/verbetes/e/economia
depois da crise financeira do final de 1994, ao grande dinamismo das exportações e à 
moderada reanimação da demanda interna. Apesar da recuperação, o produto por 
habitante contraiu-se em 1% em relação a 1980, golpeando com força as classes 
trabalhadoras, os camponeses, os indígenas, ou seja, a maioria da população. A 
deterioração social agravou-se com a aplicação das políticas neoliberais de ajuste 
estrutural e de austeridade impulsionadas pelos governos neoliberais subsequentes de 
Ernesto Zedillo (1994-2000) e de Vicente Fox (2000-2006). 
Fonte: http://latinoamericana.wiki.br/verbetes/z/zapatismo 
Fim do Box Explicativo 
 
O movimento ficou conhecido mundialmente por sua radicalidade e pelo não 
respeito à propriedade privada, retomando as terras comunais, fragmentadas na 
ditadura do início do século XX no México.Destacou-se por representar grupos 
que antes eram marginalizados com protagonistas do processo histórico. É bom 
lembrar que, cada grupo social possui suas demandas e lutas, acirrando um 
campo de disputas. Tais fatores devem ser considerados quando analisamos os 
distintos projetos de descolonização no mundo. Os zapatistas buscaram por fim 
ao “racismo” existente entre as relações com o Estado e a sociedade, 
questionando as precárias condições de vida das comunidades indígenas no 
país. Eles escancaram a farsa de um projeto hegemônico neoliberal que tinha 
como pretexto modernizar a nação. A revolução armada do EZLN colocou no 
centro do debate a luta pelos direitos dos povos indígenas no México. 
 
Início de Box Explicativo 
 
Emiliani Zapata 
Emiliano Zapata (1879-1919), nasceu na pequena vila de San 
Miguel Anenecuilco, no sul do México. Foi uma das figuras mais 
marcantes e centrais do processo revolucionário pelo qual passou 
o México em 1910. Zapata liderou a Revolução Mexicana, a partir 
do sul do México, comandando o Exército Libertador do Sul contra 
os latifundiários que monopolizavam as terras e os recursos 
hídricos para produzir cana-de-açúcar. Levou a cabo a reforma 
agrária, devolvendo aos camponeses suas terras, num movimento 
que é conhecido como “Zapatismo”. Fonte: 
https://www.todamateria.com.br/emiliano-zapata/. 
 
http://latinoamericana.wiki.br/verbetes/z/zapatismo
https://www.todamateria.com.br/emiliano-zapata/
Fim do Box Explicativo 
 
Início de Box Explicativo 
 
David Harvey reconhece a influência dos zapatistas 
Pesquisador de revoltas recentes ao redor do mundo, o geógrafo britânico David 
Harvey reconhece a influência dos zapatistas nos novos levantes que têm 
surgido. Mas ele pondera que algumas das suas características são ignoradas 
pela esquerda em diversos países. O geógrafo concedeu uma entrevista à 
reportagem de Carta Capital, na qual fala sobre o legado do Exército Zapatista 
de Libertação Nacional (EZLN), que há vinte anos tomou o controle de parte da 
pobre província mexicana de Chiapas. Harvey destaca as novidades trazidas 
pelo levante, como a ênfase no direito das mulheres. Ele, porém, se diz 
“cansado” das pessoas acharem que a revolução “sairá de Chiapas”. Para o 
geógrafo, a esquerda deve achar uma forma própria de se organizar na cidade. 
Entrevista completa, acesse: https://outraspalavras.net/outrasmidias/david-
harvey-ser-zapatista-nao-e-endeusar-marcos/ 
 
Fim do Box Explicativo 
 
Atividade 2 - Atende ao objetivo 3 
Apresente uma crítica sobre o processo de descolonização mexicana, 
considerando neste relato as perdas territoriais e suas implicações para as 
populações originárias. 
 (Diagramação, deixar 10 linhas) 
 
Resposta comentada 
 
Neste relato deve-se priorizar o debate sobre os processos de desigualdades e 
os aspectos de poder e dominação decorrentes do projeto de independência 
mexicana. Alguns pontos de crítica devem ser abordados pelos estudantes, tal 
como: as perdas territoriais para os Estados Unidos da América; o genocídio 
indígena em todo país; a escravidão dos negros, além de outros elementos 
(políticos, sociais e espaciais) que demonstram a conservação de estruturas de 
poder colonial, bem como a manutenção da subalternidade e da insubordinação 
dos povos. Recomenda-se que esta crítica seja acompanhada pelo debate sobre 
https://outraspalavras.net/outrasmidias/david-harvey-ser-zapatista-nao-e-endeusar-marcos/
https://outraspalavras.net/outrasmidias/david-harvey-ser-zapatista-nao-e-endeusar-marcos/
“colonialismo interno”, bem como pelos movimentos revolucionários que 
emergiram deste cenário, neste caso os Zapatistas. Em notas conclusivas, pode-
se relacionar os conceitos de independência, descolonização e colonialidade 
considerando o caso mexicano. 
 
4 – Conclusão 
Nos dois casos de independência apresentados nesta aula, percebemos 
que as práticas adotadas pelos países não os levaram a uma completa 
descolonização, pois mantiveram laços autoritários e padrões de desigualdade, 
principalmente contra grupos indígenas e negros. Essas consequências são 
sentidas e vistas até hoje, através dos processos de desigualdade que nos fazem 
entender as práticas de colonialismo interno, aludidos por Casanova (2007). 
Porém, há de se considerar neste contexto que os EUA conseguiram 
estabelecer um padrão de poder econômico, militar e epistêmico, que o colocou 
em condições semelhantes aos países europeus, com um alcance considerável 
da sua influência. Isso foi resultado da diferença adotada entre México e o EUA. 
Enquanto o México sofreu com a perda de territórios, inclusive para os Estados 
Unidos da América, este outro, adotou uma política expansionista, a partir da 
Doutrina do Destino Manifesto, adquirindo assim, territórios e abrangendo sua 
área de influência, embora mantivesse, a partir de leis segregacionistas, o seu 
próprio “colonialismo interno”. A leitura da “América para os americanos”, 
configurou-se em “América Latina para os estadunidenses”. 
Embora não tenhamos nos aprofundado aqui na situação do Canadá, vale 
dizer que a sua condição não foge à regra dos outros dois países debatidos. 
Habitado originalmente por indígenas, este território sofreu com as mortes 
durante o processo de colonização francesa e inglesa. Atualmente os 
descendentes indígenas correspondem a 3.5% da população. Cabe destacar 
que a França perdeu força no Canadá após a guerra dos sete anos, quando 
cedeu o território aos ingleses. Registra-se a manutenção da presença de 
ingleses e franceses (que com base no último censo originam 41% da população, 
a frente dos escoceses e irlandeses). A união (ainda subordinada a Inglaterra), 
só veio a acontecer no século XIX, após a tentativa de invasão por parte dos 
EUA, dentro da doutrina expansionista discutida durante a aula. Por fim, a 
completa autonomia do parlamento britânico aconteceu em 1982, com o “ato 
canadense”. 
 
Atividade Final 
Aponte semelhanças e diferenças entre os processos de independência dos 
EUA e México, explicando-as. 
Resposta comentada 
Nesta pergunta o estudante deve atentar para os caminhos adotados por cada 
um dos países. Embora práticas como reforma agrária (ainda que conservadora) 
tenha ajudado a construir um cinturão de produção em ambos os países, as 
estratégias de expansão foram distintas. O EUA adotou uma estratégia de 
expansão territorial, buscando: a) aumentar o seu mercado consumidor; b) 
garantir matérias primas; c) atrair europeus para o seu território; d) esvaziar a 
presença indígena. Junto a essa estratégia observou-se também a manutenção 
de laços coloniais na divisão entre negros e brancos, pois, mesmo após o fim da 
escravidão, e até mesmo as faltas premissas científicas que classificavam 
negros como inferiores a brancos, existiram leis segregacionistas que criavam 
privilégios a grupos brancos. Quanto a própria reforma agrária identificada aqui, 
cabe dizer que os Estados Unidos criaram grande cinturões de produção (os 
belts), que impulsionaram seu setor agrícola, enquanto o México, mesmo com 
as reformas, ainda mantinha laços do latifúndio de baixa produtividade. Quanto 
aos caminhos políticos, no México, embora a limpeza étnica fosse um dos 
caminhos adotados – tendo em vista o estímulo a ocupação do Texas, por 
exemplo - houveram disputas nacionalistas e muitos levantes indígenas, que 
mesmo após as milhares de mortes, eram um número considerável. Ademais, 
ao contrário do seu vizinho, o México não via a necessidade de adotar políticas 
externas de influência, e, ainda vivenciou um contexto de instabilidade política 
até meados do século XX. 
Resumo 
 
Na aula de hoje tivemos como objetivo abordar os aspectos vinculados a 
descolonização dos países da América do Norte, entendendo a importância de 
ambos para os regimes de poder estabelecidos na América Latina. Inicialmente 
foi preciso abordar a diferença entre independência e descolonização, traçandoainda, um paralelo com o debate sobre colonialidade. 
Na segunda parte da aula, discutimos, de forma resumida, alguns dos processos 
que envolveram a organização espacial dos Estados Unidos da América, bem 
como a independência. Nessa direção, discutimos as políticas expansionistas e 
as consequências para as populações indígenas e negras que ocupavam o 
território. Por fim, apresentamos o contexto mexicano, destacando o debate 
sobre colonialismo interno, e o papel dos zapatistas, como um dos processos de 
tencionamento da colonialidade. 
 
Bibliografia 
GONZÁLEZ CASANOVA, Pablo. Colonialismo interno (uma redefinição). In: 
BORON, Atilio; AMADEO, Javier; GONZALEZ, Sabrina (Org.). A Teoria Marxista 
Hoje: problemas e perspectivas. São Paulo: CLACSO, 2007. 
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textos. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2005. 
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: 
LANDER, Edgardo. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais 
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http://web.grinnell.edu/courses/HIS/f01/HIS202- 01/Documents/OSullivan.html 
 
 
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