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AULA 08/11 Respiratório equino Vias áreas altas- anatomia: o Inclui desde cavidade nasal até laringe o Localização anatômica dos seios paranasais e maxilar o Nos equinos as raízes dos dentes molares superiores se insinuam no seio maxilar. Essa relação anatômica é importante para compreensão dos casos de sinusite maxilar Cavidade nasal: Sinusites: o A sinusite maxilar em geral decorre da infecção dentaria o A infecção ascende através da cavidade oral e a secreção purulenta acumula-se no interior do seio maxilar o Quando tem sinais de sinusite maxilar precisamos avaliar as raízes dentarias devido a relação anatômica o Vamos precisar determinar o envolvimento do seio paranasal usando técnicas de imagem o Exame clinico: coleta do histórico, percussão do seio paranasal (quando tem acumulo de secreção o ar fica maciço) o Sinais clínicos: secreção nasal purulenta e a presença de som maciço a percussão o Com o tempo a deformidade facial também pode ocorrer o Exames complementares: Radiografia: para avaliação do envolvimento dentário, das raízes dentarias (difícil de interpretar porque tem muita sobreposição, mas as vezes da para ver uma linha de acumulo de fluido) Endoscopia: para descartar outras causas de secreção nasal purulenta o Tratamento: Eliminação da causa primaria: o que envolve tratamento da infecção dentaria ou a extração do dente afetado A extração dentaria pode ser feita por trepanação (criação de um orifício que comunica o interior do seio paranasal), flap ósseo ou intraoral Trepanação: a pele sob a região alvo é incisada e afastada, em seguida o periósteo é descolado e o flap ósseo criado com auxilio de um trepan e elevado com uma espátula para dar acesso ao seio maxilar Após a retirada do dente a lavagem do seio paranasal é realizada e um dreno é introduzido para lavagem pós-operatório. Uma vez debelada a infecção o dreno é removido e a cicatrização do orifício remanescente ocorre por segunda intenção Esse dreno pode ser preso na base da crina e isso faz com que a lavagem seja fácil em vez de toda vez abordar a face do animal Uma vez obtido o fluido limpo, podemos coletar material para cultura e direcionar a antibioticoterapia É importante a lavagem com grande volume para retirarmos todo pús caseoso No caso da sinusite o orifício de drenagem para dentro da cavidade nasal em geral fica ocluído, a menos que a gente consiga fazer a desobstrução por via endoscópica, essa desobstrução vai ocorrer apenas quando resolvermos o processo inflamatório e no caso aqui a infecção, então muitas vezes esse tratamento requer um acompanhamento pós operatório que pode ser considerado relativamente longo e somente depois que tem a saída de secreção fluida que tiramos o dreno, eventualmente deixar cicatrizar por segunda intenção o orifício do dreno Podemos associar ao tratamento sistêmico, ele isoladamente não tem muito sucesso Sinusite frontal: o Diferente da sinusite maxilar a sinusite frontal pode ser primaria ou decorrer de infecções das vias aéreas altas o Nesse caso a secreção se acumula no seio frontal e não há envolvimento de raízes dentarias o O seio pode ser abordado por trepanação com pino de Steinmann. Assim como no quadro anterior, um dreno é inserido para lavagem do seio infectado o Tratamento suporte: Antibioticoterapia sistêmica Mucoliticos Hematoma etmoidal: o O labirinto etmoidal se localiza dorsalmente no final da cavidade nasal o Não conseguimos entrar com o endoscópio no labirinto etmoidal, mas conseguimos ver a sua entrada o Em termos de função acredita-se que o etmoide participe do pré aquecimento do ar antes dele chegar na via área baixa o O hematoma corresponde a uma massa de crescimento progressivo que acaba por ocupar todo labirinto etmoidal, podendo também atingir os seios paranasais e as passagens nasais causando obstrução da via aérea alta o A maioria dos casos não temos envolvimento neoplásico o Essa patologia é mais comum em animais mais velhos e a etiologia não muito bem conhecida o Os animais acometidos em geral desenvolvem sinusite secundária grave o A localização anatômica do labirinto etmoidal pode ser visualizada na imagem ao lado indicada pela seta azul, nas demais imagens vemos a estrutura preenchida pelo hematoma indicadas pelas setas amarelas o Depois que a massa tiver ocupado todo interior do etmoide ela começa a se projetar para outras cavidades, então pode também preencher os seios paranasais e ela acaba se insinuando para dentro da cavidade nasal e pode obstruir a passagem do ar e pode ser fatal o Esses animais em geral desenvolvem uma sinusite secundaria que pode ser bastante crônica e difícil de tratar o O fato da secreção estar em uma narina não significa que somente esse lado esteja afetado o Achados na endoscopia: massa em geral recoberta com mucosa degenerada, pode ter coloração amarelada ou esverdeada e bastante sangrante o Radiografia: exame adjuvante, para nos dar uma ideia da dimensão dessa massa o Diagnóstico: incluir exames auxiliares para determinar a presença e extensão da lesão o A endoscopia é o exame complementar de eleição para diagnóstico o Sinais clínicos: O principal sinal clinico é a secreção nasal sanguinolenta. Com o tempo a massa pode se insinuar na cavidade nasal, causando dificuldade respiratória O acometimento dos seios paranasais pode levar ao aparecimento de secreção purulenta e deformidade facial No exame clinico o comprometimento dos seios paranasais se manifesta por som maciço na percussão o Tratamento: Lesões pequenas podem ser abordadas por trepanação infiltradas com formalina 4% (induz cauterização das massas) Lesões maiores e mais disseminadas requerem remoção cirúrgica por ablação das cavidades envolvidas A ablação requer a criação de um flap ósseo, abordagem da massa, a retirada e recolocação do flap a menos que ele esteja necrosado Se estiver necrosado vamos apenas suturar o periósteo A recorrência é comum Prognóstico reservado A remoção cirúrgica completa deve ser realizada com anestesia geral inalatória Devido a demora no diagnóstico muitos animais já chegam com uma massa já se projetando para vários compartimentos e o tratamento conservativo deixa de ser de eleição e acabamos tendo que fazer a abordagem cirúrgica o Tratamento cirúrgico: Nos animais que temos uma massa de tamanho considerável essa massa pode se projetar para cavidade nasal, então é importante na clinica que determine a patência dessas vias áreas altas, ou seja, se o animal tem espaço suficiente para continuar respirando com segurança e se há o risco de obstrução eminente, devemos fazer uma traqueostomia e deixar o animal com traqueotubo até que ele seja operado Criação de flap ósseo para acesso e remoção do hematoma etmoidal disseminado O procedimento cirúrgico é cruento e gera sangramento intenso, cujo controle requer implantação de um dreno de gaze no interior da cavidade restante e a realização de traqueostomia temporária para que o animal possa respirar Depois se faz a lavagem principalmente nos casos que tem sinusite podemos acrescentar um antisséptico suave, nos casos que não tem sinusite podemos usar apenas fluido e esse animal fica com dreno que vai preencher esse espaço de onde retiramos a massa e vai ser exteriorizado pela narina, então para que o animal se recupere da anestesia precisamos da traqueostomia o Traqueostomia: A traqueia é abordada no terço médio do pescoço e um traqueotubo é inserido através da incisão para garantir a passagem do ar Pós-operatório: uma vez restabelecida a patência da via área o traqueotubo pode ser removido e a ferida pode ser tratada porsegunda intenção Nos casos que ocorre deformação facial o flap ósseo deve ser descartado levando ao afundamento da região correspondente Essa sequela pós-operatória tem apenas significado estético o Traqueostomia permanente: Nesses casos a vida do animal pode ser preservada sem que o hematoma seja operado Exemplo égua em terço final de gestação: a traqueostomia permitiria o nascimento do potro em segurança e o hematoma poderia ser operado de forma eletiva em outro momento A traqueostomia permanente a mucosa da traqueia é suturada a pele criando uma fistula O procedimento é realizado na região proximal do pescoço e a fistula resultante fica pouco aparente Bolsas guturais: o São divertículos da trompa de Eustáquio e se localizam logo atrás da ganacha o Temos uma comunicação entre o ouvido interno e a faringe o Internamente as bolsas guturais são divididas por um septo o A abertura dessas bolsas se localiza na faringe o Empiema: Corresponde ao acumulo de secreção purulenta no interior da bolsa gutural Essa patologia em geral é secundaria a outras afecções das vias aéreas, principalmente o garrotilho A secreção nasal purulenta é acompanhada de disfagia é a principal manifestação clinica Em geral é refrataria a tratamento A eliminação espontânea da secreção é dificultada pela anatomia da bolsa fazendo com que o quadro tenda a cronicidade Diagnóstico definitivo/diferencial: endoscopia Tratamento: lavagem da bolsa afetada com auxilio de uma cânula especifica introduzida com ou sem auxilio do endoscópio. A lavagem deve ser realizada até que se obtenha a saída de fluido limpo e soluções de lavagem não devem ser irritantes (usar solução fisiológica, acetilcisteínia, usa mais volume do que o fluido em si). Acompanhar com endoscopia nos primeiros meses após o tratamento Tratamento sistêmico é opcional e não da bons resultados quando realizado isoladamente Prognóstico é bom o Timpanismo: Corresponde a distensão por acumulo de ar O quadro é considerado idiopático e afeta principalmente animais jovens A fenestração do septo é a única manobra cirúrgica indicada com resultados variáveis Sempre faz o exame endoscópico e através do endoscópio conseguimos criar um orifício comunicando os dois compartimentos da bolsa e esse é o tratamento que tem maior chance de sucesso Prognóstico reservado o Micose: É o quadro mais grave que envolve as bolsas guturais Nesse caso o compartimento interno é colonizado por fungos em geral Aspergillus e ocorre a formação de placas fungicas nas paredes dos vasos expostos e também nos nervos Existem animais com histórico de secreção nasal outros não tem secreção nasal, pode ter sudorese localizada na face, pitose labial, sinais que indicam um envolvimento nervoso Pode haver manifestação neurológica como a disfagia dependendo do nervo acometido (n.vago, glossofaríngeo) Entretanto, o maior problema é a ruptura da artéria carótida interna que pode levar ao óbito no primeiro episodio hemorrágico Sangramento espontâneo, não tem haver com exercício Índice de óbito é de 50% no primeiro episodio Sempre que possível fazer coleta do material com endoscopia e fazer a cultura Tratamento: tem pouca chance de sucesso e a medida mais importante é a embolização dos vasos acometidos para evitar a hemorragia Lavagem (solução iodada) Antibiótico- anfoteticina b (dada via sistêmica é nefrotóxica) Embolização dos vasos afetados, em geral usa-se plugs de nitinol Parte 2 Patologias laríngeas: comuns em equinos atletas o Laringe anatomia: Localização: epiglote, tireoide, cartilagens cricoide, aritenoide, anéis traqueias o Anatomia endoscópica: Na vista frontal: apenas o processo cuniculado das aritenoides é visível o Principais patologias: podem ser classificadas como ‘’cavalo roncador’’- um estetor característico Hemiplegia laringeana Deslocamento laringo-palatal Aprisionamento da epiglote e condroma de aritenóide (menos comuns) O estertor respiratório é comum a todas essas patologias, motivo pelo qual os animais afetados são descritos como roncadores Hemiplegia laringeana: ‘’cavalo roncador’’ o Predominantemente unilateral, sendo o lado esquerdo mais afetado o A patologia decorre da disfunção idiopática do nervo laringeu recorrente, esse nervo inerva o músculo crico-aritnoideu dorsal responsável pela abdução das cartilagens aritenoides durante a inspiração o A ausência da abdução completa dessa cartilagem caracteriza a hemiplegia da laringe o Sinais clínicos: se manifestam durante os exercícios em velocidade na forma de estertor respiratório e intolerância ao esforço aeróbico o A queixa é de queda de desempenho o Diagnóstico definitivo: deve ser obtido durante a endoscopia com o animal trabalhando/galopando na esteira, de forma a reproduzir as condições naturais de condição da patologia, o que permite a sua graduação precisa o A videoendoscopia é preferível para examinar o animal na esteira o Tratamento: é cirúrgico e corresponde a fixação da cartilagem aritenoide na cartilagem cricoide ou crico-aritenoide pexia associada a ressecção do ventrículo e da prega vocal do lado afetado (ventriculocordectomia). O resultado é favorável com bom prognóstico para retorno a função o Quem vai determinar se vai fazer somente a pexia ou a pexia com a ventriculocordectomia é o grau de hemiplegia que o animal apresenta, por isso é importante fazer endoscopia com o animal na esteira Deslocamento laringo-palatal: o Normalmente o palato mole fica sob a epiglote e fica livre somente durante a deglutição quando a epiglote se eleva para ocluir a entrada da via respiratória o No deslocamento laringo-palatal a forte pressão negativa que se desenvolve na via área durante o exercício em alta velocidade faz com que a laringe seja deslocada na direção caudal liberando o palato mole, uma vez livre o palato mole é succionado para o lúmen e vibra ocluindo parcialmente a passagem do ar e causando o estertor respiratório e a intolerância ao exercício o Em termos de manifestação clinica não vemos diferença no animal que tem hemiplegia e o animal que tem deslocamento laringo palatal o Uma vez interrompido o exercício a relação anatômica normal se restabelece e o animal respira normalmente o Nota-se que a queixa clinica é a mesma na hemiplegia o Dada a característica dinâmica e intermitente do deslocamento, o diagnóstico requer endoscopia em esteira ou preferencialmente dinâmica, a endoscopia dinâmica é a que mais reproduz as condições determinadas pelo exercício em alta velocidade permitindo um diagnóstico mais preciso o Achado endoscópico patognomônico: é a impossibilidade de visualização do contorno da epiglote o Tratamento: Alguns dispositivos são usados na tentativa de impedir o deslocamento caudal da laringe Os freios em W e os dispositivos de restrição do movimento da língua tem por objetivo impedir a deglutição durante o exercício minimizando a possibilidade de deslocamento Em animais de corrida esses métodos em geral são insatisfatórios, pois a dinâmica envolve o deslocamento caudal da laringe determinado pela pressão negativa no interior das vias áreas O dispositivo de suporte da laringe que tem por objetivo manter a laringe em posição rostral impedindo que o palato mole fique livre é um pouco mais usado o Tratamento cirúrgico: É mais promissor e tem por objetivo manter a laringe em posição dorsal ao osso basihióide impedindo o deslocamento caudal durante o exercício O procedimento se chama ‘’tie-forward’’ e corresponde a fixação da cartilagem tireoide ao osso basihióide associada a esternotireohioidectomia parcial Encarceramento de epiglote:o Nesse caso o tecido mole da laringe se adere a epiglote impedindo seu movimento normal o Acredita-se que essas aderências se desenvolvam em resposta a inflamação local crônica de baixo grau o Os animais afetados também apresentam intolerância ao exercício e pode haver histórico de tosse e disfagia, uma vez que a oclusão da entrada da via respiratória fica comprometida o O aspecto endoscópico é característico o Tratamento: liberação cirúrgica das aderências o Aspecto endoscópico característico: diferente do deslocamento laringo-palatal a silhueta da epiglote pode ser visualizada o Diferenças em termos de achados endoscópico: quando introduz o endoscópio no animal que está com o palato deslocado, ou seja, um palato deslocado dorsalmente e posicionado por cima da epiglote não vemos a silhueta da epiglote, no animal que tem o encarceramento vemos a silhueta, o que não vamos ter é o movimento normal da epiglote que gera a oclusão da entrada e o animal deglute, por isso temos histórico de disfagia. Porque na hora que o animal se alimenta tem risco de falsa via nesses casos o Não é tão comum ter o estertor o Diagnóstico: por endoscopia o Tratamento cirúrgico: A liberação cirúrgica pode ser realizada pode meio de laser ou empregando um bisturi curvo protegido Condroma: o É considerado idiopático o Corresponde ao espessamento e deformidade progressivos da cartilagem aritenóide o Pode ser neoplásico o Esse processo costuma ser progressivo o Como é a mesma cartilagem envolvida na hemiplegia, no caso também pode ter a diminuição da rima da glote que dificulta a passagem do ar durante o exercício, mas não é por falta de abertura é por aumento de volume, rigidez da cartilagem porque durante a inspiração ela deve se abrir, se ela estiver espessada e calcificada muitas vezes essa abertura não ocorre por um problema estrutural, não é por um problema estrutural o Diagnóstico é por endoscopia o Radiografia mostra calcificação o A mobilidade da cartilagem fica comprometida impedindo a abdução completa durante a expiração semelhante ao que ocorre na hemiplegia, porém de forma persistente independente do exercício em alta velocidade o Com a evolução a cartilagem aritenóide pode sofrer mineralização que é visível no exame radiográfico o Também é de tratamento cirúrgico, porém não responde a cricoaritenoidepexia o O procedimento indicado é a aritnodectomia que pode ser parcial, subtotal ou total dependendo do grau de deformidade e de oclusão da rima da glote o A disfagia crônica devido a oclusão insuficiente da rima da glote durante a deglutição é a principal complicação pós-operatória o Casos avançados podem eventualmente serem tratados por traqueostomia permanente o Prognóstico reservado devido a natureza progressiva e devido as complicações pós-operatórias
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