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NJ Gastroenterologia Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) Introdução • Epidemia mundial • Hepatopatia crônica mais comum nos EUA • NASH é a segunda causa de Tx hepático nos EUA • Maior realização de exames -> aumento no diagnóstico • Cirrose criptogênica ✦ Onde não se sabe a causa ✦ Não se usa mais tanto esse termo ✦ Quando o fígado fica cicatrizado, não tem como mais se saber a causa ✦ Acreditasse que eram esteatoses hepáticas que evoluíram • É um distúrbio metabólico que cursa com acúmulo de lipídios no citoplasma de hepatócitos, sobretudo de triglicerídeos • Necessário excluir ingesta etílica • Comum a associação com síndrome metabólica • Alto risco de doenças cardiovasculares ✦ Geralmente tem associado a dislipidemia, HAS, • Espectro da doença ✦ Esteatose simples -> esteato-hepatite -> cirrose -> CA de fígado Esteatose hepática x Esteato-hepatite não alcoólica • Esteatose hepática (EH): ✦ Gordura dentro dos hepatócitos sem processo inflamatório ✦ Esteatose simples ✦ Bom prognóstico ✦ 80% dos casos • Esteato-hepatite não alcoólica(NASH): ✦ Esteatose que evolui para inflamação ✦ Esteatose + inflamação pode ou não ter fibrose fibrose ✦ Pode evoluir para cirrose e hepatocarcinoma (CHC) ✦ 20% dos casos 1 ESTEATOSE HEPÁTICA ESTEATO-HEPATITE NÃO ALCOÓLICA NJ Gastroenterologia Fisiopatologia 1. Resistência a insulina 2. Aumento da lipólise periférica 3. Aumenta a captação dos ácidos graxos pelo fígado 4. Aumento de interleucinas, anti-TNF, IL-6 5. Processo inflamatório, disfunção mitocondrial, aumento da produção de EROS 6. Estresse oxidativo 7. Perpetuação da inflamação, leva a ativação das celulas estreladas de ITO 8. Aumento da produção de colágeno 9. Depois de anos -> Fibrose 10. Pacientes que evoluem para fibrose: facilidade em reparação tecidual e genética modificada • Igualmente na hepatite B-> não obrigatoriamente o paciente precisa estar no quadro de cirrose para evoluir para o hepatocarcinoma ✦ Esteatose -direto-> câncer ✦ Esteatohepatite -direto-> Câncer Causas • Incialmente é necessário excluir as doenças hepáticas nas quais a esteatose faz parte das alterações, tais como: ✦ Doença hepática alcoólica ✦ Hepatites virais ✦ Doenças autoimunes (hepatite autoimune, colangiopatias autoimunes- colangite biliar primária, colangite esclerosantes primária) ✦ Doença de Wilson ✦ Hemocromatose ✦ Doença celíaca ✦ Dentre outras 2 NJ Gastroenterologia Causas secundárias • Não associadas ao fígado • Drogas: ✦ Glicocorticoides, amiodarona, tamoxifeno • Fitoterápicos/toxinas (pesticidas, solventes, petroquímicos): ✦ Chás ✦ Polivitamínicos • Nutrição parenteral prolongada • Doenças hereditárias: ✦ Lipodistrofia hereditária ✦ Menos gordura subcutânea e mais no fígado • Procedimentos cirúrgicos: ✦ Bariátrica - bypass ( rápida perda de peso) ✦ Lipólise exagerada, acúmulo de ácido graxo • Outros: ✦ Desnutrição calórico-proteicas, hipotireoidismo • Esses pacientes, no geral, não apresentam características da síndrome metabólica • Após a exclusão dessas causas, o diagnóstico de DHGNA primária se dará na presença de síndrome metabólica Quadro clínico • Maioria assintomático • Desconforto em QSD, fadiga, mal-estar • Exame físico: ✦ Pressão arterial elevada ✦ Sobrepeso (IMC >25Kg/m2) ✦ Adiposidade central -> gordura visceral -> correlação com esteatose ✦ Hepatomegalia (US)= 50% ✦ Sinais de hepatopatia crônica - cirrose hepática Componentes da síndrome metabólica segundo o NCEP-ATP III Componentes Níveis Obesidade abdominal por maio de circunferência abdominal Homens Mulheres > 102cm >88cm Triglicerídeos >= 150mg/dL HDL colesterol Homens Mulheres <40mg/dL <50mg/dL Pressão arterial >= 130mmHg ou >- 85mmHg Glicemia de jejum >=110 mg/dL A PRESENÇA DE DIABETES MELLITUS NÃO EXCLUI O DIAGNÓSTICO DE SÍNDROME METABÓLICA 3 NJ Gastroenterologia Diagnóstico • Exames para diagnóstico diferencial: ✦ Sorologias virais (hepatite A, B,C, HIV) ✦ Autoanticorpos ✦ Cobre sérico (doença de Wilson) ✦ Caruloplasmina ✦ Perfil do ferro, TSH, T4L ✦ Hiperferritina é comum • Alterações metabólicas: ✦ Tg > colesterol ✦ HDL reduzido ✦ Glicemia de jejum alterada • Quanto mais parâmetros da SM, maior o risco de NASH e fibrose Avaliação hepática: ✦ Alterações leve a moderada das transaminases (<5xLSN) ✦ TGP>TGO ✦ Causa etílica: TGP<TGO ✦ TGO > TGP -> quando há mais fibrose, casos + avançados ✦ GGT e fosfatase alcalina - discretamente elevada ✦ Bilirrubina, albumina, INR e plaquetas normais ✦ Transaminases normais não excluem a possibilidade de NASH Métodos de imagem • USG: desvantagem esteatose leve pode não ser diagnosticada • TC: excelente para avaliar gordura visceral ✦ Desvantagem: radioatividade • RM: padrão-ouro para esteatose • Nenhum desses métodos avalia esteato- hepatite e fibrose • Só dizem se o fígado é gorduroso Marcadores não invasivos para avaliar NASH e fibrose • Bioquímicos: boa acurácia e fácil aplicação ✦ Calculadoras ✦ NAFLD fibrosis score ✦ APRI ✦ FIB4 • Mecânicos: ✦ Esteatografia hepática (fibroscan) ✦ US que avalia a elasticidade do fígado ✦ Mais mole= mais gordura ✦ Desvantagens: obesidade acentuada, esteatose importante e experiência do examinador 4 NAFLD fibrosis score NJ Gastroenterologia Biópsia hepática • Risco X benefício ✦ Sangramento ✦ Perfuração de víscera oca ✦ Não tão disponível • Único exame que permite afirmar diagnóstico • Histopatológico: ✦ Esteatose macrovesicular ✦ Inflamação lobular ✦ Balonização de hepatócitos na zona 3 ✦ Fibrose perissinusoidal ✦ Corpúsculo de Mallory (megamitocôndria) ✦ NASH é histologicamente indistinguível da. EH alcoólica • Quando biopsiar: ✦ Reservar para situações específicas ‣ Diagnóstico provável, mas sem apresentação clínica ‣ Paciente com diagnóstico presuntivo, que tenha cumprido as orientações básicas, mas mantém alterações enzimáticas Tratamento • Tratar causas secundárias • Modificações no estilo de vida: ✦ Perda gradual de peso (7-10% do peso corporal) ✦ Atividade física (150 min/sem) ✦ Dieta equilibrada (nutricionista) ✦ Uso de drogas que auxiliam na perda de peso (ex orlistat) • Melhora dos fatores da síndrome metabólica: ✦ Tratar DM2/HAD/dislipidemia/obesidade central • Reduzir/ suspensão de álcool Cirurgia bariátrica • Considerar em obesos com DHGNA ou NASH que preencham critérios para a cirurgia • Cuidado com perda rápida (sobrecarga hepática de gordura) • Melhora esteato-hepatite e fibrose Medicamentoso (off-lable) • Não existe ainda terapêutica eficaz e segura • Necessidade de bx hepática • Reservado para NASH com fibrose avançada (>=F2) ou com fibrose leve + fator de risco (DM, SM, TGO/TGP persistente altos) • Sensibilizadores de insulina: ✦ Metformina: ‣ EH + intel glicose -> melhora esteatose ‣ Adjuvante, perda de peso ‣ Só melhora esteatose, não melhora fibrose 5 NJ Gastroenterologia ✦ Pioglitazona: ‣ NASH -> melhora inflamação e fibrose ‣ RA: Ganho de peso • Antixoxidantes: ✦ Vitamina E ‣ 800UI/dia por 6 meses ‣ NASH -> melhora histologia, sem diminuir fibrose ‣ Associação de VIT E + pioglitazone é considerada a melhor terapêutica disponível para NASH ‣ Aumenta o risco de hemorragia intracraniana e câncer de próstata • Hepatoproterores: ✦ Silimarina, Esteaton ✦ Protegem o fígado e desinflamam (in vitro), não é visto melhora na vida real ✦ Sem evidências científicas na DHGNA Abordagens terapêuticas atuais em resumo • Controle da obesidade: ✦ Perda de peso ✦ Dieta ✦ Exercício ✦ Cirurgia bariátrica• Reduzir risco de HCC: ✦ Outras abordagens ✦ Metformina ✦ Sinvastatina- dislipidemia ( sem risco de toxicidade hepática) • Reduzir risco de CVD: ✦ Tx síndrome metabólica ✦ HAS + DM ✦ Dislipidemia • Tratamento específico: ✦ Fígado específico ✦ Vitamina E ✦ Pioglitazona ✦ Liraglutida ( não recomendada pela AASLD) ‣ Melhora histológica, melhora diabetes, perda de peso 6 Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA)