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Direito Individual e Coletivo do Trabalho Principio da Intangibilidade Salarial

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1 
Direito Individual e Coletivo do Trabalho: Princípio da Intangibilidade 
Salarial 
 
Ana Cássia Marques de Lima ¹ 
Cleiton Costa dos Santos ² 
Danilo de Oliveira Silva3 
George Augusto Magalhães4 
Maria Eduarda Figueira5 
 
1. INTRODUÇÃO 
Os princípios do Direito Individual do Trabalho são diversos, podendo alcança mais de 
uma dezena e observamos que, conforme o ramo jurídico-laboral se desenvolve, novos princípios 
são percebidos dentro do conjunto sistemático que o envolve, desta forma, novas regras e institutos 
próprios foram e continuam sendo observados, tendo em vista e já são mais de 150 anos de 
evolução. 
O princípio da intangibilidade salarial, comumente reconhecido por alguns autores como 
princípio da integralidade salarial, tendo ainda como correlato o princípio da irredutibilidade 
salarial, faz parte de um grupo de nove princípios que formam aquilo que a doutrina chama de 
núcleo basilar dos princípios especiais do Direito do Trabalho, mais comumente tratado com 
Direito Individual do Trabalho. 
Ao afirmamos que tal princípio faz parte do núcleo jurídico-trabalhista basilar, nos 
albergamos do que nos ensina GODINHO (2019, p. 233) onde nos fala que os princípios basilares 
não apenas incorporarem a essência da função teleológica do Direito do Trabalho, como ao mesmo 
tempo possuírem abrangência ampliada e generalizante ao conjunto do direito do trabalho e faz 
tudo mantendo harmonia com importantes princípios jurídicos gerais, de outros ramos do direito. 
Como um importante componente dos princípios basilares dos Direitos individuais do 
trabalho, estabelece o princípio da intangibilidade dos salários que esta parcela justrabalhista 
merece garantias normativas diversas da ordem jurídica para que venha assegurar seu valor, 
montante e disponibilidade em benefício do empregado. Tal merecimento provém do fato de 
considerar-se ter o salário um caráter alimentar, devendo atender as necessidades essenciais do ser 
humano. 
 
 
2 
2. Do princípio da intangibilidade salarial, objetivo e conexão com outros 
princípios 
O princípio retro, ao tratar da proteção salarial, visa assegurar o seu valor levando em 
conta a natureza alimentar com que se apresenta. 
Segundo esta regra fundamental, a verba salarial merece garantias diversificadas, de 
modo a assegurar seu valor, montante e disponibilidade em benefício do empregado. Sobre essa 
natureza alimentar, destacamos a posição de GODINHO (2019, p. 243): 
“A noção de natureza alimentar é simbólica, claro. Ela parte do suposto – socialmente 
correto, em regra – de que a pessoa física que vive fundamentalmente de seu trabalho 
empregatício proverá suas necessidades básicas do indivíduo e de membro de uma 
comunidade familiar (alimentação, moradia, educação, saúde, transporte etc.) com o 
ganho advindo desse trabalho: seu salário. A essencialidade dos bens a que se destinam o 
salário do empregado, por suposto, é que induz à criação de garantias fortes e 
diversificadas em torno da figura econômico – jurídica (…) mas é o salário, sem dúvida, 
a mais relevante contrapartida econômica pelo trabalho empregatício”. 
 
Da análise detida de tal princípio, infere-se, também, que a força normativa desse 
princípio não está, contudo, somente albergada no Direito do Trabalho, mas, também, nas relações 
que mantém com o plano maior do nosso universo jurídico. 
Inquestionável é que o presente princípio laborativa atrela-se até mesmo a um princípio 
jurídico geral de grande relevância com albergue constitucional: o princípio da dignidade da pessoa 
humana. Assim, resta claro que o reconhecimento social pelo trabalho não se resume ao salário, 
tendo em vista o envolvimento de dimensões muito mais abrangentes, contudo é o salário, sem 
dúvida, a mais relevante contrapartida econômica pelo trabalho empregatício. 
Conforme ensinamentos de GODINHO (2019, p. 243): 
“(...)garantir-se juridicamente o salário em contextos de contraposição de outros 
interesses e valores é harmonizar o Direito do Trabalho à realização do próprio princípio 
da dignidade do ser humano”. 
Dessarte, para se atender ao comando constitucional, somente por convenção ou acordo 
coletivo é que pode haver redução salarial, não sendo possível que lei infraconstitucional disponha 
sobre a matéria. A título exemplificativo, cita-se o caso de certa empresa, em um momento de 
crise, na qual decide demitir 1.000 colaboradores. Diante de tal conjuntura, o sindicato dos 
trabalhadores decide fazer um acordo coletivo com a empresa e aceitam reduzir 15% dos salários 
e em troca, nenhum dos empregados é demitido. Portanto, para que isso seja possível, deverá 
primordialmente haver vantagens recíprocas entre empregador e empregado. 
 
 
3 
3. DAS EXECEÇÕES COMPORTADAS PELO PRINCÍPIO DA 
INTANGIBILIDADE SALARIAL 
É natural que as diversas garantias fixadas pela ordem jurídica não possuem caráter 
absoluto, desta forma, é perfeitamente possível que estas normas princípio comportem restrições, 
com a norma em análise não seria diferente. 
Como exemplo da afirmação retro, temos como a conclusão tanto quanto lógica de que a 
proteção relativa ao valor do salário não o preserva de perdas decorrentes da corrosão monetária; 
a vedação as mudanças contratuais e normativas provocadoras da redução de salários pode ser 
flexibilizada mediante negociação coletiva (art. 7º, VI, CF/88); a garantia de integralidade salarial, 
com controle de descontos em seu montante que é excepcionada pela própria norma jurídica que 
a instituiu (art. 462, CLT); a proteção contra constrições externas, como a penhora, embora ampla, 
encontra exceção, por exemplo, na prestação alimentícia (art. 649, IV, § 2º, CPC-1973; art. 833, 
IV, § 2º, CPC-2015). 
Por outro lado, notamos clara tendência a um alargamento de tais garantias para além da 
estrita verba de natureza salarial. Dessa forma nota se que o princípio em análise caminha de modo 
a abranger todos os valores pagos ao empregado em função do contrato de trabalho. Nos aponta 
GODINHO (2019, p. 243) que excluídas as proteções voltadas à preservação do valor do salário, 
a tendência é de se estenderem as demais garantias, quando compatíveis, ao conjunto das verbas 
contratuais trabalhistas. 
Oportuno apontar no que diz respeito aos descontos autorizados pelo empregado, pois 
existem certos bens ou serviços que são colocados à sua disposição por parte do empregador ou 
por entidade que seja de alguma maneia ao empregador vinculada, para garantir certas vantagens 
ao trabalhador, como exemplo temos: seguro de vida em grupo, previdência privada, convênio 
médico e odontológico. Cumpre esclarecer que tais serviços podem ser descontados do salário. 
Quanto aos descontos acima, a jurisprudência e a doutrina entendem que a validade de 
tais descontos depende do preenchimento de dois requisitos: a) inexistência de vício de 
consentimento; e b) o desconto referir -se a efetiva vantagem ao trabalhador ou a sua família. 
(ROMAR, 2019, p.461) 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Por todo exposto, resta cristalino que o princípio da intangibilidade salarial não poderia 
ocupar outro lugar, senão o de estrutura basilar do direito do trabalho a fim de garantir, em 
 
 
4 
comunicação com outros princípios sensíveis, a manutenção do elemento indispensável para 
manutenção do equilíbrio da relação trabalhista, o salário. 
Por conseguinte, no que tange o entendimento do TST, para que haja a redução salarial 
de um dos colaboradores tem que existir vantagens em contrapartida, caso isto não seja 
evidenciado, o princípio da autonomia da vontade não encontra densidade normativa suficiente 
para relativizar o princípio da intangibilidade salarial. 
Desta forma é indubitável que, apesar das exceções previstas em lei, bem como daquelas 
por ela autorizada, não se observa uma desfiguração deste princípio, ao passo que resta preservado 
o direito do trabalhador. 
Observa-se, por fim, que a normaem comento tem caminhado no sentido de estender-se 
a outras verbas remuneratórias, cumprindo seu papel como vetor legislativo e interpretativo, nos 
fazendo acreditar que a evolução social e consequentemente a jurídica, fará com que a aplicação 
desta norma principiológica se torne mais abrangente. 
5. REFERÊNCIAS 
Delgado, Mauricio Godinho, Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme 
a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores —
Mauricio Godinho Delgado. — 18. ed.— São Paulo: LTr, 2019. 
Romar, Carla Teresa Martins, Direito do trabalho / Carla Teresa Martins Romar; coordenador 
Pedro Lenza. – 5. ed.– São Paulo: Saraiva Educação, 2018. (Coleção esquematizado)

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