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Geovana Sanches, TXXIV SEMIOLOGIA OTORRINOLARINGOLÓGICA SEMIOLOGIA • Semeion (sinal) + logos (estudo) • Meio e modo de se examinar um doente, especialmente de se verificar os sinais e sintomas; propedêutica, semiótica, sintomatologia ORELHAS As orelhas são órgãos difíceis de serem examinados, tendo em vista que ela é pequena, fechada e os sintomas são extremamente inespecíficos, não sendo possível observar aquilo que é referido pelo paciente. Sintomas importantes • Hipoacusia • Zumbido • Tontura • Otalgia • Otorreia Além desses, quando o paciente tem uma queixa de hipoacusia, devemos questionar sintomas como desequiíbrio, náuseas e cefaleia. Reflexo cocleopalpebral O reflexo cocleopalpebral é um dos mais primários que existem. Trata-se de um reflexo inato, presente desde o nascimento, sendo inclusive utilizado para testar a audição do bebê. Consiste em piscar as pálpebras ao ouvir um som muito alto, indicando que a audição está presente. Inspeção Durante a inspeção, devem ser avaliadas a orelha externa, a membrana timpânica e a orelha média. Após esse processo, prossegue-se com a otoscopia, exame que permite melhor avaliação da membrana timpânica. A otoscopia é realizada de forma bimanual: com uma das mãos, segura-se a orelha do paciente, puxando a concha posteriormente e retificando o canal auditivo, e com a outra, encaixa-se o otoscopio no meato acústico. Membrana timpânica A imagem da membrana timpânica varia muito de paciente para paciente. Ela é fixa ao meato acústico externo através do ânulo, um espessamento (fibrose) da membrana. É translúcida, de forma que quando o feixe de luz do otoscópio a atinge, o resultado é um reflexo luminoso (triângulo luminoso). Esse reflexo sempre deve ser buscado, pois demonstra que a membrana está translúcida. Quando há líquido através da membrana, essa reflexão da luz não ocorre. Há quatro regiões na membrana timpânica que sempre devemos buscar durante a otoscopia. São elas: 1. Região flácida da membrana timpânica o Não fibrótica o Região mais suscetível a sofrer lesões 2. Cabo do martelo 3. Triângulo de luz o ligação entre a bigorna e o estribo 4. Promontório o Área óssea (mastoide) o Não há reflexão de luz nessa região Geovana Sanches, TXXIV à Alterações encontradas na otoscopia • Perfuração timpâpina • Presença de secreção retrotimpânica • Presença de grande quantidade de otorreia, impedindo a avaliação da membrana timpânica. • Abaulamento e hiperemia de membrana timpânica Avaliação labiríntica A avaliação labiríntica se inicia através da pesquisa dos pares cranianos. O VIII par de nervo craniano sai pelo meato acústico interno, onde se encontra com o VII nervo (facial). Esse agrupamento segue para o tronco encefálico e se encontra com outros diversos nervos. Toda essa região é extremamente sensível a lesões que levam a tontura. Nervos • II, III, IV e VI par: movimentação ocular o núcleos oculomotores o avaliam-se os nervos troclear, abducente e oculomotor • V: sensibilidade dolorosa da face o reflexo corneano: com um chumaço de algodão, estimula-se a córnea do paciente, o qual pisca como reflexo • VII: movimentação da face • VIII o ramo coclear § teste de Rinne § teste de Weber § “finger test” o ramo vestibular § HIT § Marcha § equilíbrio estático § presença de nistagmos • IX, X: simetria do palato o solicita-se que o paciente diga “AAAAAAA” para avaliar a movimentação do palato • XI: lateralização da cabeça e levantamento dos ombros • XII: movimentação da língua o observar assimetrias, desvios e atrofia da língua no interior da boca e fora dela Nistagma Os nistagmos são uma movimentação ocular errôna, que ocorrem de forma repetitiva. Apresentam fase rápida e fase lenta. O lado do nistagmo é o que se movimenta mais rapidamente. • Teste espontâneo: solicitamos que o paciente fixe o olhar em um ponto, observando-o • Teste semi-espontâneo: movimentamos o dedo a 30º e solicitamos que o paciente acompanhe essa movimentação; os quatro pontos cardinais devem ser testados. Head impulse O Head impulso avalia a comunicação entre os olhos e o labirinto, ou seja, se o paciente é capaz de fixar o olhar corticalmente. Para sua realização, com o paciente olhando reto, pedimos para ele fixar os olhos em Geovana Sanches, TXXIV um ponto e fazemos um movimento brusco de lateralização da cabeça – solicitamos que ele continue mantendo o olhar fixo, sendo esperado que ele consiga. Durante o teste, quando o paciente não consegue manter o olhar fixo, estamos diante de uma alteração, a qual é comum em várias patologias labirínticas. A) Em uma resposta normal, os olhos permanecem no alvo. B) Em uma resposta anormal, os olhos são arrastados para fora do alvo (D), seguido por uma sacada de volta ao alvo (E). Esta resposta implica uma lesão vestibular periférica à direita. Pesquisa de alterações cerebelares Índex-nariz Devemos solicitar que o paciente faça o movimento de colocar o dedo em seu nariz com o outro braço esticado, alternando esse movimento entre os dois membros. Quando o paciente não consegue colocar o dedo no nariz, temos um teste alterado. Diadococinesia Solicitamos que o paciente bata a mão na perna de forma alterada. Inicialmente, o teste é realizado com os olhos abertos e, a seguir, com os olhos fechados para sensibilização do teste. Nos casos em que o paciente não consegue manter o movimento ao fechar os olhos, estamos diante de uma disdiadococinesia. Teste de equilíbrio Teste de Romberg O teste de Romberg avalia o equilíbrio estático. O paciente deve manter os pés próximos e braços colados no corpo. Inicialmente, o teste deve ser feito de olhos abertos, seguido posteriormente com os olhos fechados. Pacientes com doenças labirínticas, em geral, apresentam desequilíbrios laterais, sempre para o mesmo lado, especialmente quando os olhos são fechados. Teste de Fukuda O teste de Fukuda avalia o equilíbrio dinâmico. O paciente deve esticar o braço e fazer o movimento de marcha, porém parada o lugar. Idealmente, o exame deve ser feito com os olhos fechados. Pacientes com distúrbios labirínticos, normalmente, fazem movimentos rotacionais ou tendem a queda durante o teste. Teste da marcha O teste da marcha avalia o equilíbrio dinâmico. Solicitamos que o paciente faça uma caminhada para verificar como esta é feita, se é necessário apoio, se há quedas laterais ou algum distúrbio muscular que altere a marcha. Geovana Sanches, TXXIV Cover test O cover test é menos utilizado, tendo maior aplicabilidade em pacientes com quadro agudo de vertigem. Com o paciente olhando para frente, tampamos um de seus olhos; espera-se que o paciente continue olhando para frente normalmente. O teste é alterado quando, ao mudar o tampão entre os olhos, ocorra sofre pequenas variações de subida e descida desse órgão (movimento em gangorra), alteração comum em pacientes com distúrbios centrais. Head shaking Para sua realização, solicitamos que o paciente abaixe um pouco a cabeça e a rotacione em torno de 20 ciclos com os olhos fechados, o que estimula o movimento do labirinto. Em seguida, o paciente deve abrir os olhos e fixar o olhar em um ponto, momento no qual o examinador observará o movimento dos olhos. Caso haja um distúrbio de labirinto, identificar-se- á um nistagmo. Provas posicionais As provas posicionais permitem o diagnóstico de doença labiríntica mais importante. Os principais testes são o Dix-Hallpike e o Head Roll, os quais são aplicados em pacientes com queixa de tontura postural (tontura ao se movimentar e virar a cabeça). • Dix-Hallpike: inicia-se com o paciente sentado,deitando-o bruscamente na maca. Avalia os canais anterior e posterior. • Head Roll: realizado com o paciente deitado. O examinador deve levantar a cabeça do paciente a 30º e gira-la de um lado para o outro. o Muito utilizado para pesquisa de VPPB, doença mais comum dentre os distúrbios labirínticos. NARIZ Inspeção externa Durante a inspeção, deve-se avaliar o dorso nasal, o ápice nasal e a região das asas nasais. É importante avaliar as alterações de estrutura. • Lesões na pele • Formato do nariz (visão frontal e lateral) • Latenorrinia (nariz “torto”) • Desvio de septo • Giba óssea (calo ósseo formado durante o desenvolvimento do paciente; em geral não causa obstrução nasal, sendo apenas estético) Avaliação interna do nariz Para avaliação interna do nariz, faz-se necessário o uso do espéculo nasal (semelhante a um alicate) e do fotóforo (ponto de luz). Durante o exame, deve-se avaliar o septo nasal, concha e meato inferior e, eventualmente, meato médio. Devemos ter cuidado para retirar o espéculo do nariz, para não prender as vibrissas (pelos no interior das narinas), causando dor ao paciente. Nasofibroscopia A nasofibroscopia consiste em uma câmera com haste flexível que é inserida no nariz. A partir desse exame, conseguimos avaliar outras estruturas nasais, tais quais a concha inferior, Geovana Sanches, TXXIV concha média, septo nasal, rinofaringe, laringe e os meatos; não é possível observar os seios, mas sim a sua drenagem (através das saídas nos meatos). CAVIDADE ORAL Diversas estruturas devem ser avaliadas no exame da cavidade oral, tais quais: • Lábios o Lesão oral? o Ressecamento? § Pode ser sinal de que o paciente é um respirador oral • Dentição o Mordida equivoca? o Dentes entreabertos? o Cáries? • Gengiva o Lesões da mucosa da gengiva ou mucosa jugal? o Gengivite crônica? • Língua o Pode esconder lesões, de forma que devemos ter cuidado durante o exame o Avaliação do dorso da língua, das papilas linguais, da lateral da língua e do assoalho o Verificar o freio da língua e as glândulas • Palato mole o Termina na orofaringe (musculatura posterior) o Apresenta duas porções ou pilares amigdalianos, os quais são os músculos anterior e posterior (local em que se insere a amígdala ou tonsila palatina) o Avaliar se os músculos estão íntegros e a amígdala bem- posicionada, além de verificar se a úvula tem um tamanho normal. § A amígdala não é simétrica, sendo a úvula o ponto médio para avaliação o Verificar se a amígdala apresenta muitas criptas, as quais apresentam caseum (cistos compostos por resíduos alimentares envoltos por conteúdo glicoproteico à gera halitose) • Palato duro o Formado por duas placas ósseas que se fundem ao longo da língua. Para a correta formação, é necessário que a língua toque o palato. Classificação de Brodsky Classifica a amígdala em 4 graus, levando em consideração o quanto ela ocupa a orofaringe. Principais alterações • Casium: cisto glicoproteico • Língua geográfica: geralmente não é patológico • Língua fissurada Geovana Sanches, TXXIV • Cistos em papilas linguais • Palato em ogiva: comum na síndrome do respirador oral • Lesão em língua LARINGE A laringe é uma parte difícil de ser avaliada, tendo em vista que necessita de um exame que veja uma porção mais interna. Durante o exame, é importante avaliar a anatomia da laringe (aritenoides, subglote) e as pregas vocais e vestibulares, verificando se há lesão e se elas fecham adequadamente. Métodos de exame • Nasofibroscopia: melhor custo-benefício • Laringoscopia: consiste em uma câmera rígida que aumenta a imagem da laringe. É o melhor exame para sua avaliação. • Espelho de Garcia: é inserido na boca do paciente e, com o fotóforo, inserimos luz no espelho, o qual irá refletir na laringe, permitindo sua visualização. É um exame de difícil realização, de forma que os vídeos são preferíveis quando disponíveis. Alterações • Lesão: pode ser neoplásica • Fenda: altera a movimentação da prega • Nódulo vocal: impede que as pregas se fechem adequadamente