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Geovana Sanches, TXXIV ESCLEROSE SISTÊMICA EPEMIOLOGIA • Doença rara • Incidência de 0,6 a 20/ 1 milhão de habitantes ao ano • Mais frequente no sexo feminino o M 3 – 4:1 H • Pior prognóstico no sexo masculino e nos afro-americanos • Pico de incidência entre 30 e 50 anos o Retardo no diagnóstico?? ETIOPATOGENIA • Multifatorial • Genética o Múltiplos genes envolvidos o IRF5, STAT4, CDH7, CD247 • Fatores ambientais o L-triptofano § utilizado por muito tempo como um suplemento vitamínico o Drogas § Bleomicina o Infecções virais § Citomegalovírus (CMV) FISIOPATOLOGIA A fisiopatologia página consiste em um dano endotelial que leva a reposta autoimune e consequente fibrose. Dano endotelial • Evento inicial = lesão da microvasculatura • Consequências o Maiores níveis de vasoconstritores § Endotelina 1 o Menores níveis de vasodilatadores § Óxido nítrico (NO) o Hipóxia à isquemia Autoimunidade • Maiores níveis de LTCD4+ e células Th2 • Citocinas: IL-6, IL-4, IL13 Fibrose • Ativação dos fibroblastos • Maior produção de colágeno • Maior expressão do TGF-Beta o estimula moléculas de adesão e a produção de fibrose • Pode ocorrer em qualquer órgão Resumidamente... QUADRO CLÍNICO A esclerose sistêmica é uma doença multissistêmica, com envolvimento de diversos órgãos. Reflete dano microvascular e a fibrose associada. Há elevada mortalidade e pior prognóstico em pacientes com pneumopatia – os pulmões são o principal órgão acometido. Fenômeno de Raynaud O fenômeno de Raynaud se caracteriza por isquemia transitória causada por temperaturas baixas ou estresse emocional. Essa vasoconstricao Geovana Sanches, TXXIV das artérias, das arteríolas pré-capilares e dos shunts arteriovenosos cutâneos dos dedos forma uma área bem demarcada de palidez cutânea ou cianose. Após a fase isquêmica, há uma fase de recuperação da irrigação sanguínea que se evidencia por eritema cutâneo secundário à repercussão rápida dos dedos. Ele pode ser classificação em primário ou secundário, sendo a forma primária do Fenômeno de Raynaud a mais comum, sem relação direta com doenças autoimunes; relaciona-se muito com a exposição ao frio (hipersensibilidade). Carcterísticas • Acomete de 3 a 5% da população • Predomina em mulheres jovens o Especialmente entre 15 e 30 anos • 30% evoluem com doença do tecido conjuntivo o 70% não apresentam qualquer doença • Presente em 95% dos pacientes com esclerose sistêmica e 30% dos pacientes lúpicos • Maioria das vezes bilateral • Todos os dedos são acometidos, uns mais e outros menos • Predomínio em mãos e pés, mas também pode acometer outras extremidades, como a ponta do nariz Fases 1. Palidez (hipóxia) 2. Cianose (isquemia) 3. Hiperemia (reperfusão) Classificação Primário • Forma mais comum • Menor frequência de crises o 1 a 2 vezes por trimestre • Controle efetivo apenas com medidas de proteção local • Ausência de úlceras • Ausência de manifestações cutâneas • Autoanticorpos negativos • Capilaroscopia periungueal normal Secundário • Menos prevalente na população • Crises frequentes • Menor probabilidade de controle apenas com medidas as não medicamentosas • Presença de úlceras • Espessamento cutâneo • Telangiectasias • Autoanticorpos positivos • Capilaroscopia alterada (padrão SD) à Capilaroscopia periungueal A capilaroscopia periungueal é um exame que permite a avaliação do componente morfológico da microcirculação. Permite a avaliação de um padrão adequado, nas quais há número normal de capilares e de padrões alterados, como a presença de áreas desnudas (completamente isquêmicas) associada a vasodilatação compensatória de alguns capilares. Tratamento Geovana Sanches, TXXIV A primeira linha de tratamento consiste em evitar o frio e aquecer as extremidades. Para fenômenos de Raynaud primários, essa medida em geral é suficiente, não sendo necessário um tratamento farmacológico. Caso não seja suficiente, pode-se prescrever Bloqueadores de Canal de Cálcio (BCC) diidropiridínico em monoterapia, principalmente anlodipino e linfedipino. A partir disso, caso o tratamento não seja efetivo, devemos encaminhar o paciente para o especialista. O próximo passo consistiria em adicionar o inibidor de fosfodiesterase 5 ou nitrato tópico. Todavia, muitos pacientes não toleram utilizar essas medicações em conjunto devido à hipotensão. Uma boa opção consiste na associação deste último com antagonistas de endotelina. Manifestações cutâneas • Edema das mãos (puffy hands) • Espessamento cutâneo o Inicialmente distal, progredindo para o proximal o Apresenta-se com a pele retraída • Esclerodactilia o Espessamento simétrico, enrijecimento e endurecimento dos dedos o Pode ser incapacitante • Telangiectasias • Espessamento da face • Microstomia • Úlceras digitais o Sempre acompanhado de fenômeno de Reynaud • Pigmentação em sal e pimenta o Geralmente em pacientes de pele negra • Calcinose o Aparece como pontos amarelados na porção distal dos dedos Classificação do acometimento cutâneo Cutâneo limitada • Acometimento distal • Fenômeno de Raynaud de longa evolução • Telangiectasias • Calcinose • Hipertensão arterial pulmonar e doença gastrointestinal mais graves • Anti-centrômero + Cutâneo difusa • Acometimento proximal • Fenômeno de Raynaud < 1 ano Geovana Sanches, TXXIV o Início próximo a do espessamento cutâneo • Pneumopatia intersticial • Acometimento renal • Anticorpo Anti-SCL70 positivo • Pior prognóstico Manifestações pulmonares Pneumopatia intersticial • Principal determinante da morbimortalidade na esclerose sistêmica. • Desenvolvimento precoce o Aparece nos primeiros 5 anos da doença • Mais prevalente em pacientes com ES cutânea difusa • Maior risco e gravidade em afro- americanos e portadores de anti-SCL70 • Quadro clínico o Dispneia aos esforços o Tosse seca • Exame físico o Estertores em “velcro” bilateralmente em bases • Avaliação o Prova de função pulmonar § Distúrbio restritivo o TC de tórax sem contraste § Pneumopatia intersticial não específica § Bronquiectasias de pressão Hipertensão arterial pulmonar (HAP) • Elevada morbimortalide • Fatores de risco o Idade avançada ao diagnóstico da ES o Forma cutânea limitada o Telangiectasias o Anti-centrômero e Anti-RNP • Quadro clínico o Dispneia aos esforços o Fadiga o Edema de membros inferiores • Casos graves o Síncope o Morte cardíaca súbita • Exame físico o Hiperfonese de B2 o Edema de MMII • Abordagem o BNP o Eletrocardiograma o Ecocardiograma o Cateterismo de câmaras direitas § Padrão ouro Manifestações gastrointestinais • Presente em mais de 90% dos pacientes • Hipomotilidade de toda a extensão do TGI • DRGE é a manifestação mais comum • Maior risco para câncer de esôfago • Sangramento gástrico devido a malformações vasculares • Pseudo-obstrução intestinal e distúrbios da absorção • Abordagem o Manometria esofágica detecta alterações precoces o Endoscopia digestiva alta se suspeita de úlceras ou neoplasias Manifestações renais • Crise renal esclerodérmica • Muito infrequente, acometendo entre 5 e 10% dos pacientes • Fatores de risco o ES cutânea difusa o Doença de início recente o Afro-americanos o Anti-RNA polimerase III o Doses elevadas de corticoterapia § Predinisona > 15 a 20 mg/dia • Quadro clínico o Hipertensão acelerada maligna § Cefaleia § Escotomas § Convulsões § Falência renal DIAGNÓSTICO Os autoanticorpos anticentrômero e antitopoisomerase-SCL70 são marcadores específicos da esclerose; os demais são menos relevantes. Geovana Sanches, TXXIV Critérios classificatórios Pacientes com pontuação > 9 são classificadoscom Esclerose Sistêmica. Item Nota Espessamento cutâneo de ambas as mãos proximal as metacarpofalangianas 9 Espessamento cutâneo dos dedos (pontuar apenas o maior escore) Ø Puff fingers Ø Esclerodactilia (distal as metacarpofalangianas) 2 4 Lesões digitais (pontuar apenas o maior escore) Ø Úlceras digitais Ø Microcicatrizes 2 3 Telangiectasias 2 Capilaroscopia anormal 2 Hipertensão arterial pulmonar ou pneumopatia 2 Fenômeno de Raynaud 3 Autoanticorpos específicos Ø Anticentrômero Ø Antitopoisomerase (SCL-70) Ø AntiRNA polimerase III 3 TRATAMENTO Medidas gerais • Direcionado para o órgão acometido • Reconhecimento precoce é essencial • Rastreio periódico o pneumopatia intersticial o hipertensão arterial pulmonar o úlceras digitais o doença do reflexo gastroesofágico • Evitar corticoterapia em doses elevadas devido ao risco de crise renal esclerodérmica Medidas específicas DRGE • Medidas não farmacológicas • Inibidores da bomba de prótons • Pró-cinéticos Crise renal esclerodérmica • Controle pressórico • iECA é a classe de escolha Fenômeno de Raynaud • medidas não farmacológicas • Se necessário, abordagem medicamentosa Espessamento cutâneo rapidamente progressivo • Pode ser tratado com imunossupressores Pneumopatia intersticial • CVF < 70% e TC com acometimento parenquimatoso > 20% o Imunossupressão § Ciclofosfamida § Micofenolato Hipertensão arterial pulmonar • Tratamento com inibidores de PD5 e/ou • Antagonista da endotelina CONCLUSÃO • Doença autoimune sistêmica caracterizada por fibrose cutânea, dano vascular e disfunção orgânica • Fenômeno de Raynaud é a manifestação mais comum – presente em 95% dos pacientes com ES o Presença de úlceras digitais e capilaroscopia anormal • Acometimento cutâneo pode ser dividido em forma limitada e difusa • Pneumopatia intersticial ocorre precocemente e determina pior prognóstico • Rastreio de acometimento orgânico é imperativo • Tratamento é direcionado para o órgão envolvido • Imunossupressão apenas se o Pneumopatia intersticial o Acometimento cutâneo em casos selecionados
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