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Rafaela Pamplona
Resumo II - REUMATOLOGIA
SÍNDROME DE SJOGREN ....................................................................................................................................................................... 1
ESPONDILITE ANQUILOSANTE .............................................................................................................................................................. 3
ARTRITES INFECCIOSAS ....................................................................................................................................................................... 7
SÍNDROME DO ANTIFOSFOLÍPIDE - SAF .............................................................................................................................................. 9
ESCLEROSE SISTÊMICA ...................................................................................................................................................................... 10
MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS ....................................................................................................................................... 16
SÍNDROME DE SJOGREN
Introdução
• Doença sistêmica autoimune
• Caracterizada pela presença de infiltrado órgão-específico no
epitélio de glândulas exócrinas
Principalmente salivar e lacrimal
• Síndrome sicca = olho e boca seca
Não é patognomônico, mas é um sintoma importante!
• Prevalência de 0,05 a 0,4% da população geral
• Mais comum em mulheres 9:1, na 5ª e 6ª décadas de vida
Classificação
• Primária
• Secundária
AR, LES, miopatias, DMTC, tireoidite de Hashimoto,
hepatite autoimune etc
Etiopatogenia
• Susceptibilidade genética
• Agentes infecciosos: Epstein-Barr, CMV, Herpes vírus
• Fatores hormonais: estrógeno
Manifestações clínicas
• Síndrome seca, fadiga, dor – 70% pacientes
• Manifestações mais graves que acometem órgãos-alvo – 30%
pacientes
• Linfoma de células B – 5% pacientes
• Xerostomia: boca seca, cáries, disfagia
de transferência e condução, redução
do paladar, queimação etc
• Xeroftalmia: prurido, hiperemia,
sensação de corpo estranho etc
• Xerodermia
• Xerotraqueia: tosse seca, rinite, secura
nasal etc
• Secura vaginal
• Parotidite recorrente
Manifestações extra glandulares sugerem doença mais
grave
• Poliartrite não erosiva e não deformante – semelhante ao LES
• Mialgia e fadiga são comuns
• Manifestações cutâneas: púrpura, eritema nodoso etc
• Manifestação pulmonar: até 1/3 dos casos – tosse seca e
desconforto respiratório → Rx e TC de alta resolução
Pneumopatia intersticial não específica – mais frequente
Pneumonia organizante
Bronquiolite crônica
TC de alta resolução: padrão de vidro fosco ou vidro
despolido, característico de pneumopatia intersticial
• Manifestações renais em 1/3 dos casos
85%- Nefrite tubulointersticial, acidose tubular renal distal,
paralisia periódica hipocalêmica
15%- Glomerulonefrite
• Manifestações neurológicas em 20% dos casos
SNP: polineuropatias axonais sensitivas, sensitivo-motoras
SNC: convulsões, neurite óptica, vasculite SNC, cefaleias
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Rafaela Pamplona
• Citopenias
Anemia, leucopenia, plaquetopenia
• Manifestações cardíacas
Pouco frequentes – arritmia, derrame pericárdico
Exames complementares
• Xeroftalmia
Teste de Schirmer
- Avaliar se o olho produz uma quantidade suficiente de
lágrima para manter-se lubrificado
Teste de coloração da superfície ocular – Teste rosa
bengala
- Avalia o grau de comprometimento as células da
superfície da córnea e da conjuntiva causados pela baixa
proteção do filme lacrimal (olho seco)
• Xerostomia
Sialografia
- Exame radiográfico que consiste na visualização dos
canais das glândulas salivares, através da introdução de
um material de contraste no seu interior
Cintilografia de glândulas salivares
Medida do fluxo salivar: fluxo ≤ 0,1 ml/min – Critério EULAR
Biópsia de glândulas salivares menores: infiltração
linfocitária focal – padrão ouro
Na prática, faz cintilografia. Olho seco + achados
laboratoriais fecham diagnóstico. Só em casos duvidosos
faz biopsia
• Citopenias
• Eletroforese de proteínas: hipergama policlonal, monoclonal
associado a linfoma
• FAN+ > 80% pacientes – nuclear pontilhado fino
• Anti Ro/SSA – 60 a 90%
• Anti LA /SSB – 30 a 60%
• Fator Reumatoide + – 50%
Critérios de diagnóstico
• ACR/EULAR para SSP: somatório escore ≥ 4
• Critério de inclusão: pelo menos 1 sintoma de xerostomia ou
xeroftalmia
Diagnóstico diferencial
• Síndrome seca
Uso de medicações: antidepressivos, anti-histamínicos e
anti-hipertensivos
Radioterapia de cabeça e pescoço
Hepatite C, HIV
• LES, AR
• Fibromialgia
Tratamento
• Baseado nas manifestações clínicas
• Síndrome seca
Uso de salivas artificiais, gomas de mascar sem açúcar,
enxaguantes
Importante avaliação odontológica frequente: cáries
Pilocarpina: 5 a 30 mg/dia
- Agente antimuscarínicos, efeito colateral é aumento da
diurese
Olho seco: colírios lubrificantes, ciclosporina tópica, ômega
3 de 1 a 2g/dia
• Manifestações sistêmicas – individualizado
Poliartralgia ou Poliartrite
- Hidroxicloroquina com ou sem corticoide
- Metotrexato (MTX)
Imunobiológicos
- Ainda sem evidência científica
Casos graves
- Corticoide em dose imunossupressora, ciclofosfamida
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Rafaela Pamplona
CASO CLÍNICO
Paciente sexo feminino, 55 anos
QP: dor nas juntas
HDA: paciente queixa-se de dor m punhos, IFPS, cotovelos e
joelhos há cerca de 2 meses. A dor piora pela manhã,
acompanhada de rigidez matinal de cerca de 70 min.
Relata ainda fadiga e mialgia difusa
IOA: boca seca
Irritação nos olhos, sensação de “areia”
AM: HAS controlada: usa Losartana 50 mg ao dia
Exame físico
EG bom, eupneica, hidratada, acianótica, normocorada
FC 85 BPM FR 20 IRPM PA 120X80 MMHG
AR e ACV normais
SOA: edema leve das articulações referidas e dor à
palpação
Hipóteses diagnósticas:
Exames complementares
Hb 12 Ht 37 Leuco 2800 (leucopenia leve) Plaq 160.000
VHS 70 mm
PCR 5 mg/dl
TGO, TGP, UR e Creatinina: normais
FAN: 1:640 Nuclear pontilhado fino
ANTI RO+ 80 (<10), ANTI LA +20 (<10)
ANTI-DNA, ANTI-SM, ANTI-RNP- negativos
FR 45 UI/ML (REF<20)
Sum urina normal
Teste de Schirmer +- 3mm
ESPONDILITE ANQUILOSANTE
Epidemiologia
• Conceito: inflamação + fusão vertebral
• Predominam em homens (3:1)
• Com pico de incidência no início da vida adulta (≈23 anos)
• O início após os 40 anos é incomum (5% dos casos)
• HLA-B27 positivo: 90%
Patogenia
• Entesite ou entesopatia
Lesão que acometeu as enteses – inserções ósseas de
ligamentos, tendões, aponeuroses e cápsulas articulares
Se caracteriza por uma reação inflamatória crônica com
erosão do osso adjacente, seguida por um processo
também crônico de reparação tecidual, durante o qual
costuma haver neoformação óssea e evolução para
anquilose
Radiograficamente se revela pela ossificação das enteses
• As articulações mais acometida: quadril e coluna vertebral
• A articulação mais precocemente e caracteristicamente
envolvida é a sacrilíaca
Entesite da sínfise púbica, do calcâneo da patela e da
articulação manúbrio-esternal
• Coluna: a entesite começa na região anterior da vértebra, na
inserção do ânulo fibroso do disco
Sindesmófito: o osso neoformados, formam uma ponte
entre os corpos vertebrais
Após anos de atividade clínica pode surgir a alteração mais
clássica da doença: a rígida "coluna em bambu"
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Rafaela Pamplona
• Mãos: não apresenta vilosidades sinoviais exuberantes (como
na AR), a membranasinovial apresenta aspecto de hipertrofia
e formação de pannus
• Erosões cartilaginosas centrais causadas pela proliferação de
tecido de granulação subcondral são comuns na EA
• Artrite periférica predomina em MMII – padrão assimétrico
• Coluna: envolvimento da coluna se faz de forma ascendente,
começando pelas articulações sacrilíacas e coluna
lombossacral, atingindo posteriormente a coluna torácica e
cervical
• Coluna torácica: dor e cifose progressiva
Associa à lesão das articulações costovertebrais,
costoesternais e manúbrio-esternal, justificando uma
redução da expansibilidade torácica
• Coluna cervical: tardio, com dor e rigidez
Evoluem com perda quase completa da extensão cervical
Muitos pacientes, quando em posição ortostática e com os
pés juntos, não mais conseguem encostar o occipito na
parede – Teste occipito-parede
EA x AR
Neoformação óssea nas áreas
afetadas (ex.: sindesmófitos)
Erosões do osso articular
A histopatologia da membrana
sinovial na EA mostra predomínio
de neutrófilos, macrófagos e
hipervascularização
Agregados linfoides, células
dendríticas e hiperplasia das
células de revestimento da
membrana sinovial (lining cells)
Não se observa aumento da
citrulinização proteica no tecido
articular
É encontrado citrulinização
A infecção avançada pelo HIV
pode desencadear uma forma
grave de espondilite anquilosante
A depleção de linfócitos TCD4+
associada à sida costuma
amenizar a artrite
Manifestações clínicas
• Dor lombar – pela sacroileíte
Unilateral (no início), insidiosa e profunda,
• Rigidez matinal
Melhora com as atividades físicas
Retorna tão logo o doente volte a permanecer em repouso
• Redução na amplitude de movimento da coluna lombar,
especialmente nos planos anteroposterior e laterolateral
Exame físico
• Avaliação das sacrilíacas
Ex: teste de Patrick – FABERE
• Avaliação da mobilidade lombar
Teste de Schöber
• Entesites
Dor a digitopressão nas junções costocondrais, apófises
espinhosas das vértebras, cristas ilíacas, trocânteres
maiores, tuberosidades isquiais e tibiais e nos calcâneos
• Sintomas constitucionais inespecíficos (principalmente em
idosos): fadiga, anorexia, perda ponderal, febre baixa
Teste de Schöber
• Com o paciente de pé marca-se a apófise espinhosa de L5 e
traça-se outra marca horizontal 10 cm acima dela
• Solicita-se então que o paciente faça uma flexão da coluna
• Em condições normais, as duas marcas devem ficar a mais
de 15 cm de distância (aumento de 5 cm ou mais da distância
na posição ereta)
• Aumentos inferiores a 4cm indicam comprometimento
funcional da coluna lombar – Teste positivo
Teste da expansibilidade torácica
• A medida da expansibilidade do tórax deve ser feita na altura
do 4ºEIC em homens e logo abaixo das mamas em mulheres,
sendo a diferença entre a inspiração e expiração máximas
• O valor normal é ≥ 5cm
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Rafaela Pamplona
Teste Patrick – FABERE
• Paciente em decúbito dorsal deverá flexionar o joelho
posicionando o pé no membro oposto que não será
examinado – o quadril está fletido, abduzido e em rotação
externa (FABERE)
Mnemônico
F – flexão
AB – abdução
e
RE – rotação externa
• O examinador promove força sobre o joelho para verificar se
desencadeia dor – positivo
Dor na região anterior da virilha: artrite de quadril, patologia
do íleo psoas
Dor no quadril posterior: patologia sacrilíaca
Estágios avançados
• Postura encurvada, com cifose dorsal exagerada, perda da
curvatura lordótica normal da coluna lombar e coluna rígida,
com o paciente adotando a posição do "esquiador“
• A marcha se torna cambaleante e o paciente pode ter
dificuldade no seu campo visual anterior
• O processo de anquilose evolui com dor, mas uma vez que a
anquilose se estabelece, a dor desaparece
• A sinovite pode levar à dor importante que, certas vezes, pode
ser incapacitante
Manifestações extra articulares
• Oculares
Uveíte anterior aguda – mais comum
- 30-40% dos indivíduos: associação ao HLA-B27
- Pode preceder a espondilite
- Não existe relação do quadro ocular com a gravidade da
doença
- Quase sempre unilateral e origina sintomas de dor,
lacrimejamento excessivo, fotofobia e turvação da visão
- Os episódios costumam ser autolimitados, por vezes
recorrentes
Outras complicações: glaucoma secundário e a catarata
• Pulmonares
Fibrose pulmonar dos lobos superiores: mais comum
Os pacientes podem se apresentar com tosse produtiva
crônica e dispneia progressiva
A formação de cistos (fibrose bolhosa) e a subsequente
invasão por Aspergillus podem resultar nos micetomas e
justificar uma eventual hemoptise
A ventilação pulmonar costuma ser bem mantida pelo
diafragma, apesar da rigidez da parede torácica
• Cardíacas
Até 10% dos pacientes com EA grave desenvolvem
insuficiência aórtica, cardiomegalia e distúrbios
permanentes de condução
As valvas aórticas encontram-se espessadas e com um
certo grau de fibrose
A extensão do processo fibroso para o nódulo AV pode levar
ao bloqueio AV completo (BAVT)
• Renais
1-3% dos casos
Amiloidose secundária, que se manifesta principalmente por
proteinúria
Outra forma de dano renal: nefropatia por IgA
• Neurológicas
Riscos de deslocamentos e fraturas (coluna cervical)
Síndrome da cauda equina
- Os sintomas iniciais incluem perda sensorial nos
dermátomos sacrais ("anestesia perineal em sela"), dor e
fraqueza dos membros inferiores, com hiporreflexia e
flacidez
- Perda do tônus dos esfíncteres retal e urinário
- Diagnóstico pode ser confirmado por TC ou RM
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Rafaela Pamplona
• Intestinais
60% dos pacientes que apresentam inflamação no cólon ou
íleo são assintomáticos
5-10%: doença inflamatória intestinal
Observaram-se ainda como associação à EA a ocorrência
de fibrose retroperitoneal e aumento da prevalência de
prostatite em homens
Diagnóstico
• Critério ASAS
Lombalgia > 3 meses, início < 45 anos
Sacroileíte em exame de imagem mais pelo menos 1
comemorativo de espondiliartrite axial
OU
HLA B27 positivo mais pelo menos 1 comemorativo de
espondiliartrite axial
Comemorativos: lombalgia inflamatória, artrite, entesite,
uveíte anterior, dactilite, psoríase, DC ou RCU, boa resposta
a AINE, HF de espondiloartrite axial, HLA B27, PCR elevada
Alterações radiográficas
• No início dos sintomas as radiografias não costumam
apresentar alterações
• Inicia-se um borramento na imagem das articulações
sacrilíacas com esclerose e erosões subcondrais irregulares,
mais pronunciadas no terço inferior
• A progressão das erosões ósseas pode causar uma imagem
conhecida como "pseudoalargamento" do espaço articular
• Incidência de Ferguson é a mais apropriada
Angulação cefálica de 30º do feixe de raio-X permitindo uma
melhor visualização das articulações sacro-ilíacas
• Erosões, esclerose e neoformações ósseas nos pontos de
inserção tendinosa, como púbis e calcâneo
• As radiografias laterais do calcanhar podem revelar esporões
ósseos no local de inserção do tendão calcâneo
• "Coluna em bambu": sindesmófitos
Caracterizando um estágio avançado (e pouco comum)
Tratamento
• Objetivo
Alívio sintomático, melhora da capacidade funcional,
minimizar as manifestações extra articulares e prevenir as
deformidades articulares e suas possíveis complicações
• AINEs
Controle da dor e rigidez da doença
Terapia de 1º linha para todos os pacientes sintomáticos
com EA
Uso contínuo de AINE pode retardar a progressão
radiográfica da doença
• Glicocorticoides sistêmicos (prednisona) não devem ser
prescritos
Além de não melhorarem os sintomas, ainda podem piorar
a osteoporose vertebral e justarticular relacionada à doença• Sulfassalazina (na dose de 2-3 g/dia) pode ser utilizada, com
discreto benefício, principalmente em pacientes com artrite
periférica
• Anti-TNF: melhora dos sintomas, melhora radiográfica e
melhora dos indicadores objetivos e subjetivos
Indicação: pacientes com doença ativa que não obtiveram
resposta ao uso de pelo menos dois AINEs diferentes
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Rafaela Pamplona
ARTRITES INFECCIOSAS
Definição
• Invasão da articulação por agente infeccioso
Bactéria: TGI, clamídia e S. pyogenes
Vírus: hepatite B e rubéola
Fungos
Artrite infecciosa – bacteriana
• As artrites piogênicas são emergências médicas
• Trata-se de um processo inflamatório da membrana sinovial
de caráter supurativo
• A virulência e o tropismo dos microrganismos, combinados
com a resistência ou suscetibilidade da membrana sinovial à
invasão do agente infeccioso, são determinantes no
desenvolvimento de uma artrite piogênica
• Incidência: 2-10 casos por 100 mil pessoas na população
• Distúrbios imunológicos e próteses: 30-70 casos em 100 mil
pessoas
• Gonocócicas X não gonocócicas
• Principais fatores de risco
Idade > 80 anos Usuários de drogas IV
Diabetes DRC em HD
Prótese articular de joelho ou
quadril
Doença hepática avançada
Cirurgia articular recente Hemofilia e anemia falciforme
Infecção de pele adjacente Malignidade
HIV Hipogamaglobulinemia
• Etiologia
É mandatório separar por grupo etário
Microrganismo Características
S. Aureus (60%)
Adultos sadios, lesões cutâneas,
articulações lesadas (artrite reumatoide),
próteses. Mais comum também em
crianças e neonatos
Neisseria gonorrhoeae
(+ freq. nos grupos jovens)
Adultos sadios (jovens sexualmente
ativos), tenossinovite, pústulas,
frequentemente cultura negativa no
líquido sinovial
Streptococcus beta-
hemolíticos (15%)
Adultos sadios, disfunção esplênica
Bactérias gram-negativas
aeróbicas e anaeróbicas
Imunossuprimidos, infecções
gastrointestinais
Micobactérias
Imunossuprimidos, indivíduos
provenientes das áreas endêmicas
Fungos Imunossuprimidos
Haemophilus Mais comum em crianças
• Patogênese
Hematogênica – 70%
- Mais comum
- A passagem das bactérias do sangue para o espaço
articular é facilitada pelo fato dos capilares sinoviais não
possuírem membrana basal
Inoculação direta
- Traumas ou mordidas
- Cirurgias ortopédicas
- Procedimentos intra-articulares
Contiguidade
- Secundária a osteomielite
- Raro
• Fisiopatologia
A penetração de bactérias no espaço articular geram
resposta inflamatória mediada por neutrófilos
Horas depois as bactérias já estão aderidas a cartilagem
articular
- Ocorre liberação de proteases e citocina pelos com
grande invasão da cartilagem pelas bactérias e células
inflamatórias
- Aumento da pressão intra-articular decorrente do derrame
articular purulento predispõem isquemia local, que
intensifica o processo destrutivo
Em 48h, já pode ser visualizada necrose da cartilagem
sinovial e até mesmo do osso subjacente
A bactéria, após colonização da articulação, rapidamente
prolifera e ativa uma resposta imune do hospedeiro
Citocinas como IL-6 e IL-1 surgem no líquido sinovial
Ativam as proteínas de fase aguda (p. ex., PCR) que
promovem a opsonização e a ativação do sistema
complemento
Esse processo induz um fluxo de células inflamatórias na
tentativa de fagocitose da bactéria, observando-se
macrófagos, sinoviócitos e polimorfonucleares
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Rafaela Pamplona
Outras citocinas: TNF-α, IL-8 e o fator de estimulação de
crescimento dos macrófagos e granulócitos
Os níveis de metaloproteinases (estromelisina, gelatinases
e colagenases) estão aumentados e iniciam o processo de
degradação da cartilagem, em associação a toxinas
bacterianas
• Quadro clínico – não gonocócica
Início agudo: dor, edema e redução da mobilização
- Febre (40 – 90%) e queda do estado geral
Monoarticular
- Poliarticular (20%): usuários de drogas IV, AR, sepse,
endocardite
Grandes articulações: joelho (55%) > quadril > tornozelo >>
ombro > punho > cotovelo
Esternoclavicular e Sacrilíaca – usuários de drogas IV ou
pacientes em hemodiálise
• Quadro clínico – gonocócica
Causa mais comum de monoartrite em jovens sexualmente
ativos
Infecção gonocócica disseminada
Ocorre em 1 a 3% das infecções gonocócicas
3x mais comum em mulheres
Infecção inicial assintomática e não tratada
Formas clínicas
- Síndrome artrite-dermatite: fase poliarticular
~ Manifestações sistêmicas: febre alta, calafrios e lesões
de pele
~ Tenossinovite principalmente em punho, tornozelo,
mãos (dactilite), pés e tendão de Aquiles (tendinite dos
amantes)
~ Hemocultura: positiva
~ Cultura do liquido sinovial: negativa
- Artrite supurativa: fase monoarticular
~ Acomete grandes articulações periféricas (joelho,
tornozelo e punho)
~ Hemocultura: negativa
~ Cultura do liquido sinovial: positiva
Diagnóstico
• Leucocitose e PCR elevados em 60 – 90% dos casos
• Celularidade do líquido: 50.000–100.000 cél com > 85% PMN
• PCR para gonococo do líquido sinovial
• Alta suspeita com cultura negativa
• Cultura positiva em 70 – 90% das artrites não gonocócicas
• Pró-calcitonina > 0,5ng/ml e < 0,3 ng/ml
Sensibilidade e especificidade > 90%
• Acompanhamento das culturas para ajuste individualizado da
terapêutica
Tratamento
• Infecção gonocócica
Ceftriaxona EV 1 semana
Após, quinolona VO por 7 a 10 dias
• Infecção não gonocócica
Tempo variável de 2 a 6 semanas
Mínimo 2 semanas IV
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SÍNDROME DO ANTIFOSFOLÍPIDE - SAF
Introdução
• SAF é clinicamente definida por tromboses recorrentes,
arteriais ou venosas, perdas fetais de repetição e
laboratorialmente pela presença de anticorpos
antifosfolipídeos (aPL)
Anticardiolipina (aCL)
Anti-beta2 glicoproteína1 (B2GP1)
Lúpus Anticoagulante (LAC)
• Diátese trombótica autoimune caracterizada por obstruções
arteriais e venosas, morbidade obstétrica e presenças de
anticorpos antifosfolípides (AAF)
• Prevalência: 40-50 casos/ 100.000 pessoas
• Adultos jovens e de meia idade
• Sexo feminino mais acometido
• 46% pacientes que tiveram AVE (idade<50 anos)
Etiologia
• Determinantes genéticos
• AAF
• Exposição ambiental
Infecções
Trauma
Drogas
• Primária
• Secundária: associada a outra doença autoimune,
principalmente LES
Patogenia
• Anticorpos séricos contra fosfolípides de membrana (AAFs)
• Se ligam aos fatores de coagulação e as plaquetas
• Liberação de citocininas pró-inflamatórias
• Diminuição dos fatores antitrombóticos
Proteína C, antitrombina III
• Diminuição Fibrinólise
• Mecanismos patogênicos na SAF
• Há produção de autoanticorpos que se ligam aos fosfolipídeos
da membrana, quando eles se ligam aos fosfolipídeos eles
vão se ligar também aos fatores de coagulação da plaqueta e
vão liberar citocinas pró-inflamatórias nos vasos e isso vai
levar a diminuição dos fatores antitrombóticos e a um estado
pró-trombótico
• Os principais anticorpos antifosfolípides que aumentam o
estado pró-trombótico são
Anticoagulantes lúpico
Anticorpo anticardiolipina
Quadro clínico
• Estado pró-trombótico
• Tromboses em diversos sítios arteriais/venosos sem respeitar
o calibre vascular
• AVC isquêmico e TVP
• SAF obstétrica
Abortamento espontâneo recorrente devido a oclusão de
vasos uteroplacentários
Abortamentos de repetição no início da gestação, perdas
gestacionais tardias, pré-eclâmpsia e insuficiência
placentária
Morte fetal > 10s em feto morfologicamente normal é critério
específico e tem que ser investigado para SAF
• SAF catastrófica
Tromboses recorrentes em um curto espaço de tempo
(semanas/dias)em pelo menos 3 sítios diferentes
• Anemia microangiopática
• Trombocitopenia
• Livedo reticularis
Principalmente em MMII
Espasmo das arteríolas
ascendentes da derme intercalado por vasodilatação das
arteríolas adjacentes
• Valvulopatias e IAM
• Enxaquecas frequentes, crises convulsivas, coreia
• Manifestações Renais
Proteinúria, IRA, HAS
Tríade de Sneddon: AVE isquêmico + livedo + aPL
Diagnóstico
• Critérios clínicos
Trombose vascular
Morbidade gestacional
• Critérios imunológicos
Anticoagulante lúpico, anticorpo anticardiolipina e anticorpo
anti-β2 glicoproteína
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Rafaela Pamplona
• Critérios para classificação e diagnóstico da SAF
Se os dois primeiros exames laboratoriais da lista vierem
negativos, deve ser solicitado o Anti-Beta – custo elevado
Diagnóstico diferencial
• Trombofilias hereditárias
Mutação do fator V de Leiden
Mutação da Protrombina
Deficiência da Proteína S
Deficiência da Proteína C
• PTT
• Artrite de Takayasu
É uma vasculite que acomete principalmente os grandes
ramos da aorta, que pode causar envolvimento isquêmico
no sistema nervoso central
Tratamento
• Fase aguda evento trombótico
Heparina de baixo peso molecular (1mg/kg/dia) a cada 12h
+
Varfarina 5mg/dia
INR 4-7 dia após
Alvos
- Eventos venosos (entre 2 e 3)
- Eventos arteriais (entre 2,5 e 3,5)
• Pacientes com comorbidades (obesidade, HAS, dislipidemia)
Sulfato de Hidroxicloroquina 400mg/dia
• Imunossupressão somente em SAF catastrófica
• SAF gestacional – nunca teve evento trombótico
Na gestação: AAS 100mg + heparina baixo peso 1mg/kg/dia
A anticoagulação deve ser suspensa 24h antes do parto e
retomada 6-8h pós-parto, sendo mantida por 6 a 8 semanas
• Pacientes sem eventos trombóticos associados + SAF+
AAS 100mg – como profilaxia
ESCLEROSE SISTÊMICA
Introdução
• Conceito: endurecimento fibrótico da pele
Pode ser usado de duas maneiras distintas
- Grupo de doenças dermatológicas que cursam com
acometimento cutâneo isolado
- Síndrome clínica mais abrangente, onde, além de
acometimento cutâneo, ocorre lesão em diversos órgãos
internos (esclerose sistêmica)
~ Doença rara
~ Se origina a partir de uma superprodução e deposição
de colágeno, caracterizando-se basicamente pela
fibrose das estruturas envolvidas
• Doença crônica, multissistêmica, caracterizada por
Autoimunidade e inflamação
Vasculopatia: anormalidades estruturais e funcionais nos
vasos de pequeno tamanho
Fibrose progressiva da pele e vísceras
• Órgãos-alvo: pele, pulmão, rim, coração e TGI
• Etiologia desconhecida
Epidemiologia
• Distribuição universal, afeta todas as raças
• Estimativa da incidência nos EUA: 9-19 casos/milhão por ano
• Prevalência: 28-253 casos/milhão
• EUA: estimativa de 100.000 pessoas com a doença
• Mais comum em mulheres: 3 a 5:1
Mais marcante entre 15 e 40 anos, declinando após
menopausa
• Idade de início: 30-50 anos
• Rara em crianças (≠ formas localizadas de esclerodermia)
Localizada
- Não afetam os órgãos internos
- Ex.: morfeia, esclerodermia linear e lesão em "golpe de
sabre" – são mais comuns na infância
• Afro-americanos: maior incidência, início mais precoce, pior
prognóstico
Fatores genéticos
• Associação com HLA geralmente fraca
• Autoanticorpos específicos associados com alelos HLA
Anti-topoisomerase I – HLA DRB1 1101-1104 em
americanos e DRB1 1502 em japoneses
Anti-centrômero: HLADQB1
• Concordância em gêmeos monozigóticos ou dizigóticos baixa
• 1,6% pacientes – parente de primeiro grau
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Fatores ambientais
• Agentes infecciosos: principalmente vírus (parvovírus, CMV)
• Exposição ocupacional à sílica, resinas, hidrocarbonos
aromáticos, solventes orgânicos, drogas (cocaína,
bleomicina, supressores de apetite)
Patogênese
• Manifestação vascular
Fenômeno de Raynaud
- Vasoconstrição temporária de pequenas artérias e
arteríolas digitais, precipitado frequentemente pelo frio ou
por estresse emocional
- Após cerca de 10 a 15 minutos costuma sobrevir uma
vasodilatação de rebote e os pacientes acabam
manifestando as características alterações trifásicas de
coloração, geralmente nesta ordem
~ Palidez, cianose e rubor
↳ Palidez e cianose pode estar acompanhada de
dormência e esfriamento dos dedos
↳ Rubor associado a dor e formigamento
- Em casos graves e prolongados a isquemia digital pode
levar ao aparecimento de pequenas úlceras dolorosas em
polpa digital, que podem evoluir com gangrena e
necessidade de amputação de dedos
- É preciso fazer a vasodilatação periférica, pode ser
utilizado vasodilatador como BRA
Crise renal esclerodérmica
- Rara
- Grave – necessidade de diálise, devido a vasoconstricção
da artéria renal
- Associada a altas doses de corticoide
Hipertensão arterial pulmonar
Pequenas artérias, arteríolas e capilares
Alterações estruturais proliferativas e obliterativas da
parede dos vasos
Aumento da sensibilidade de receptores α2 adrenérgicos a
estímulos vasoconstrictores
Proliferação da íntima → estreitamento do lúmen (céls
músculo liso → miofibroblastos secreção colágeno/ matriz
extracelular)
Apoptose células endoteliais (autoac?)
Aumento produção vasoconstrictores (endotelina)
Redução de vasodilatadores (NO e prostaciclina)
Ativação plaquetária secundária a anormalidades
endoteliais/íntima, liberação de tromboxano
Processo de revascularização defeituoso?
• Autoimunidade
Ativação de células T e acúmulo de monócitos/macrófagos
Auto AC: virtualmente todos os pacientes, níveis
relacionados a gravidade da doença
FAN > 95% dos pacientes
- Anti-centrômero (20-40%)
~ Doença limitada e relativamente bom prognóstico
~ HAP, cirrose biliar primária e isquemia digital grave
- Anti-topoisomerase / Scl-70 (20-40%)
~ Doença difusa e pior prognóstico
~ Fibrose pulmonar grave
- Anti-RNA polimerase (4-20%)
~ Crise renal esclerodérmica, envolvimento cardíaco e
maior mortalidade
Anticorpos específicos para esclerose
Anti-centrômero e Anti-topoisomerase: a presença deles
reforça o diagnostico, mas sua ausência não exclui o
diagnostico
• Fibrose
Marcador da doença
- Pele – seca e áspera, hiperpigmentada. Alguns pacientes
podem desenvolver hipopigmentação, semelhante ao
vitiligo
- Pulmão
- TGI – doença de refluxo associada a dismotilidade
Fibroblastos (células efetoras): ativação sustentada e
ampliada
Aumento da produção de colágeno tipo I, III, V e VI,
fibronectina, glicosaminoglicanos
Excesso de matriz extracelular: espessamento e fibrose
tecidual
A lesão esclerodérmica segue um curso típico em três fases:
edema, endurecimento e atrofia
Fase inicial: edema duro inflamatório nas áreas comprometidas,
sensação de que a pele está menos flexível e "inchada",
especialmente nas mãos e no antebraço. Surge um intenso
prurido, geralmente o sintoma que mais incomoda o paciente.
Após um período de semanas-meses, o endurecimento e
espessamento da pele se tornam objetivos. A progressão do
acometimento cutâneo é mais rápida na doença difusa do que
na limitada, com grau máximo em 3-5 anos de doença
Fase tardia da doença (atrófica), a pele torna-se fina e aderida
aos tecidos subjacentes. Os dedos contêm alterações
características: estão edemaciados e a pele vai se tornando
espessa, brilhosa, firmemente ligada ao tecido subcutâneo
12
Rafaela Pamplona
subjacente. As pregas cutâneas normais sobre as articulações
vão desaparecendo, originando uma típica incapacidade de
"pinçar" os tecidos moles dessas regiões. A pele tensa sobre os
dedos limita gradualmente a extensão completa, produzindo
contraturas fixas de flexão (esclerodactilia) e há queda de pelos
e redução dasudorese, pois a fibrose dérmica destrói os
fâneros cutâneos
Classificação
• Esclerodermia localizada
Morfeia: uma ou mais áreas de pele espessada
Escleroderma linear: linha de pele espessada afetando uma
ou mais extremidades
- Mais comum na infância e adolescência
- Geralmente acomete membros, tipicamente assimétrica
Lesão em “golpe de sabre”: doença linear que afeta a face
e região frontal
• Esclerodermia sistêmica
Cutânea limitada: comprometimento distal dos membros
- CREST: Calcinose, fenômeno de Raynaud, dismotilidade
Esofágica, eSclerodactlia e Telangectasia
~ Mais acometimento vascular
~ Diagnóstico 3 das 5
Cutânea difusa: pele do tronco, face, extremidades proximal
e distal
- Qualquer região da pele ou qualquer tecido ou órgão –
mais grave devido ao maior acometimento pulmonar
Esclerodermia “SINE”: órgãos internos, sistema vascular e
alterações sorológicas, sem alterações de pele
• Overlaping: +LES, AR ou doença inflamatória muscular, fecha
critérios para as duas doenças
Calcinose: deposito de cálcio nas partes moles
Esclero sine: raríssima e bem difícil de diagnosticar
Overlaping: associação de doenças autoimunes
Critérios classificatórios – ACR
• Critério maior
Espessamento proximal MCF (cutâneo)
Sensibilidade 91% Especificidade: 99%
• Critério menor
Esclerodactilia – espessamento distal
Reabsorção das pontas digitais / “pitting” – polpas digitais
Fibrose pulmonar bibasilar
* 1 maior ou 2 menores
Quadro clínico
• Fenômeno de Raynaud
Geralmente primeira manifestação, precede outros achados
meses a anos
Vasoespasmo dos pequenos vasos das mãos à exposição
ao frio
Palidez, cianose e rubor (menos frequente)
Primário
- 5 a 10% afro-americanos
- 15-25 anos
- Geralmente não resulta em dano tecidual- úlceras digitais
ou gangrene
Palidez, cianose e rubor = nem sempre acontecem
concomitante
Preciso fazer uma vasodilatação periférica do paciente,
geralmente utilizo bloqueador do canal de cálcio
Secundário – FAN
- Drogas (adrenérgicos, ergot)
- Feo, síndrome carcinoide, crioglobulinemia, policitemia,
esclerodermia
- Resulta frequentemente em perda tecidual irreversível
- Isquemia crônica: reabsorção óssea, afilamento dos
dedos, pitting scars, úlceras digitais e necrose
- Úlceras nas superfícies extensoras das MCP, IFP:
isquemia + traumas repetidos
• Esclerose sistêmica limitada
Espessamento de pele limitada à região distal dos cotovelos
e/ou joelhos, lesões viscerais mais brandas
Geralmente inicia com fenômeno de Raynaud (1-2 anos)
Pirose, pitting scars digitais dolorosos ou úlceras,
espessamento da pele dos dedos, que pode progredir para
dorso das mãos e antebraços
Achados tardios: dispneia associada à fibrose pulmonar,
telangiectasias (mãos e face), HAP (mais tardia)
Anti-centrômero
Sobrevida >70% - 10 anos
• Esclerose sistêmica difusa
Menor intervalo entre surgimento do Raynaud e
manifestações sistêmicas
Envolvimento orgânico ocorre geralmente nos 2 primeiros
anos de doença
Envolvimento cutâneo progride entre 1 e 5 anos e estabiliza
Artrite com contraturas articulares, atrito por fricção de
tendões
13
Rafaela Pamplona
Fase de piora cutânea: ↑ risco crise renal esc
Anti-topoisomerase (anti-Scl 70)
Sobrevida: 40-60% 10 anos
• Manifestações cutâneas
95% pacientes: espessamento cutâneo
Fase inicial: edema de mãos, prurido, dor cutânea
superficial
Hiper ou hipopigmentação (sal e pimenta) telangiectasias
(mãos, dedos, face), calcinose
Úlceras cutâneas dolorosas: proeminências ósseas
Pitting scars, necrose digital
Maior comprometimento de MMSS
Fibrose perioral: microstomia
• Manifestações constitucionais
Principais achados: fraqueza, perda ponderal, febre (rara)
• Manifestações músculo-esqueléticas
Principais achados: Poliartralgia, mialgia, atrofia, fraqueza
muscular, síndrome do túnel do carpo
Artralgia/mialgia
Contraturas articulares: mãos, punhos e cotovelos
Envolvimento tendíneo: atrito à palpação
Miopatia: curso não progressivo, fraqueza muscular
proximal leve, CPK pouco elevada, baixa resposta a
corticoides
Miosite: menos comum, fraqueza muscular progressiva,
alterações ENM típicas
Osteólise/reabsorção óssea digital – 40 a 80%
Artrite não erosiva
Neuropatia + comum: síndrome do túnel do carpo (fase
edematosa)
Baqueteamento digital – acometimento pulmonar
Fenômeno de Raynaud
Lesão aspecto sal e pimenta
Lesão sal e pimenta = mistura de lesões hiper e
hipopigmentadas
Pregas cutâneas vão desaparecendo – típica incapacidade de
“pinçar” os tecidos moles
Ulceração rasa da ponta dos dedos
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Rafaela Pamplona
Pele tensa sobre os dedos e limitada a extensão completa,
produzindo contraturas fixas de flexão
Telangiectasias
Face esclerodérmica ou face de passarinho
Alguns pacientes têm a microstomia, sendo difícil a intubação
Necessita de uma traqueostomia
Microstomia é o termo utilizado para referência de uma
abertura diminuída da cavidade oral. Pode ser decorrente de
trauma, queimadura elétrica ou térmica, ingestão de
substâncias cáusticas, entre as causas mais comuns
• Esclerodermia localizada
Morfeia em golpe de sabre em menino de 3 anos
Alterações cerebrais evidenciadas por ressonância magnética
Deformidade inflexão do V quirodáctilo esquerdo e placa
esclerótica em perna esquerda – morfeia linear em menina de
10 anos
• Manifestações gastrointestinais
Principais achados: refluxo gastroesofágico, esôfago de
Barrett, dismotilidade dos 2/3 do esôfago distal, “estômago
em melancia”, hipotonia e estase intestinal, divertículos
intestinais de “boca larga”
Dismotilidade relacionada à atrofia da musculatura lisa e
fibrose, envolvimento neural precoce (?)
Falta coordenação das ondas peristálticas do esôfago
- Esofagopatia é a 3º manifestação mais comum, perde
apenas para fenômeno de Raynaud e comprometimento
cutâneo
- Ocorre com a mesma frequência nas três formas
DRGE → disfagia, esôfago de Barret, esofagite erosiva
- Devido à redução da pressão do esfíncteres esofagiano
inferior (EEI)
- É a primeira anormalidade identificável
- A incompetência do esfíncter transforma o refluxo em um
problema comum nos pacientes com esclerose sistêmica
Ectasia vascular gástrica antral (estômago em melancia) –
sangramentos
15
Rafaela Pamplona
Gastroparesia: plenitude pós-prandial, saciedade precoce
Supercrescimento bacteriano (delgado): diarreia
Constipação, incontinência fecal
Cirrose biliar primária → população em geral
• Manifestações pulmonares
Principais achados: alveolite com fibrose do parênquima
pulmonar, hipertensão pulmonar (e cor pulmonale)
Maior causa de morte
Inicialmente pouco sintomático
Insidioso: dispneia aos esforços, tosse seca
Forma difusa: fibrose intersticial
Forma limitada: hipertensão pulmonar (HAP) com sintomas
pouco específicos – dispneia em fase tardia
Testes função pulmonar: padrão restritivo – ↓CVF, vol
pulmonares, cap difusão CO
TCAR
- Capaz de diferenciar a fase inflamatória, alveolite, da fase
fibrótica – vidro despolido – inflamação/alveolite
Pacientes precisam estar fazendo avaliação pulmonar
Prova de função pulmonar (espirometria) e imagens
A maior preocupação é com a fibrose intersticial, sendo a
difusa a mais comum
Hipertensão pulmonar: eco triagem / arteriografia padrão
ouro
Corte de TC ao nível dos segmentos basais dos lobos
inferiores. as lesões apresentam envolvimento assimétrico dos
pulmões, com predomínio à direita e nas porções centrais de
ambos os pulmões. Os achados caracterizam-se por opacidade
em vidro fosco, infiltrado reticulare áreas de favelamento no
lobo inferior direito
• Manifestações cardíacas
Principais achados: miocardiopatia difusa fibrótica,
bloqueios e arritmias, pericardite, derrame pericárdico
Doença clínica evidente incomum
Relacionada com pior prognóstico
Distúrbios de condução, arritmias, ICC, pericardite – mais
comuns
Fibrose miocárdica – 81%
Derrame pericárdico pequeno ou moderado –
tamponamento raro
• Manifestações renais
Principais achados: crise renal da esclerose sistêmica
Crise renal esclerodérmica: principal causa de morte antes
da introdução dos IECA
Ocorre tipicamente no início da doença sistêmica, nos
primeiros 4 anos
Hipertensão severa, disfunção renal rapidamente
progressiva, proteinúria, hematúria microscópica
Fatores de risco: doença difusa, anti-RNA polimerase,
corticoide em dose elevada
Tratamento precoce com IECA: prognóstico favorável
Crise renal esclerodérmica é complicação mais temida
IECA muda totalmente o prognostico
Sempre fazer teste de função renal
Exames complementares
• Exames laboratoriais gerais: FAN, autoanticorpos Anti-
centrômero (limitada) e Anti-topoisomerase (difusa)
Diagnóstico é mais clínico e normalmente a gente vai triar o
envolvimento de órgãos alvos (pulmão, coração, TGI)
• Pulmão: espirometria, TCAR, cateterismo D (HAP)
• Esôfago: manometria esofágica, esofagograma, EDA
• Coração: ecodopplercardiograma
• Avaliação laboratorial geral, função renal, anemia e VHS altos
– fatores de mau prognóstico
Tratamento
• Tratamento desafiador por não haver muitas opções
• Depende do desenvolvimento do paciente
• Pele
Corticoide em baixas doses = metotrexato
D-penicilamina?? Hoje não usamos mais
Metotrexato: nos casos de esclerose difusa precoce
Outras alternativas: MFM, Azatioprina, ciclosporina,
ciclofosfamida – melhora dos escores cutâneos
• TGI
IBPs e pró-cineticos
Inibidor bomba de prótons devem ser usados para
prevenção de DRGE, úlceras
16
Rafaela Pamplona
Procinéticos: pacientes sintomáticos
ATB para supercrescimento bacteriano
• Raynaud
Aquecer extremidades, evitar frio
Tratamento inicial: vasodilatadores: bloqueador do canais
cálcio (nifedipina, anlodipina, fenlodipina)
Casos graves: prostanóides intravenosos – Iloprost
Casos refratários e ulceras digitais: Bosentan (antagonista
receptor endotelina)
Pentoxifilina / Cilostazol
Propanolol (β-bloqueador) é contraindicado porque faz
vasoconstricção periférica
• HAP
Bosentan: recomendado para o tratamento dos casos
graves (classe funcional WHO III/IV)
- Melhora capacidade de exercício, classe funcional,
medidas hemodinâmicas
Sitaxentan: alternativa ao Bosentan
Sildenafil: deve ser considerado para o tratamento de casos
em que o Bosentan foi inefetivo
Epoprostenol: tratamento de escolha para os casos graves
resistentes às terapias citadas
• Doença pulmonar intersticial
Ciclofosfamida – melhora da CVF, dispneia, HAQ
• Crise renal esclerodérmica
IECA – melhora da sobrevida, diminui a necessidade de
diálise
Evitar uso de corticoide
• Artralgia/artrite/tendinite
AINEs, analgésicos, corticoide baixa dose, fisioterapia
• Miopatia
Corticoide
MTX
MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS
Introdução
• Doenças inflamatórias musculares (idiopáticas) são um grupo
heterogêneo de enfermidades autoimunes caracterizadas
clinicamente por fraqueza muscular em consequência à
inflamação dos músculos estriados
• Classificação
Dermatomiosite (DM)
Polimiosite (PM)
Miosite por corpúsculo de inclusão (MCI)
Miopatia necrotizante autoimune etc
• São doenças raras
• Incidência anual: 0,5 a 8,4 casos por milhão de habitantes
• Idade
DM: mulheres, distribuição bimodal – 10 a 15 e 40 a 55 anos
PM: mulheres 40 a 55 anos
MCI: homens acima de 50 anos
• No Brasil
Tanto na DM como na PM, média de idade: 40 anos
Predomínio em mulheres
Fisiopatogênese
• A causa das doenças musculares inflamatórias continua
desconhecida – diversas vias patogênicas têm sido descritas
• Uma possibilidade seria a ocorrência de uma agressão
infecciosa ou, ainda, lesão microvascular na periferia da fibra
muscular, levando à liberação de antígenos musculares
• Outra seria a de mimetismo molecular entre determinantes
antigênicos de agressores externos e epítopos encontrados
em autoantígenos musculares
• Autoantígenos seriam apresentados a linf T por macrófagos
presentes no músculo após a infecção ou lesão primária
• A ativação e a proliferação dos linfócitos T resultam na
produção de citocinas (IL-2 e INF-y) que, por sua vez,
ampliariam a resposta para macrófagos, provocando a
secreção de IL-1 e fator de necrose tumoral alfa (TNF-a)
• Essas citocinas ativam novamente os linfócitos T, que
passam a expressar moléculas de complexo de
histocompatibilidade principal (MHC) classes I e II
• Esse processo rapidamente se alastra, recrutando linfócitos
B, produtores de anticorpos
• PM se caracteriza por um infiltrado de linfócitos TCD8+ e
macrófagos em fibras musculares, os quais, por sua vez,
expressam altos níveis de antígenos MHC classe I e liberam
grânulos de perforina, resultando em lise das próprias fibras
musculares
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Rafaela Pamplona
• DM, sugere-se um papel relevante dos linfócitos B na
patogênese da doença, com base na detecção de
autoanticorpos, deposição de imunocomplexos em junção
dermoepiderme das lesões cutâneas e presença de linfócitos
B ao redor de fibras musculares inflamadas e áreas
perivasculares
Importante
• DM apresenta manifestações cutâneas características
(heliótropo, pápulas de Gottron, etc), além de estar
frequentemente associada à malignidade
• Quanto à patogenia
DM está associada com a deposição de imunocomplexos
em vasos na intimidade do músculo, com microangiopatia e
isquemia muscular
PM observa se destruição da célula muscular esquelética
por lesão direta pela ação dos linfócitos TCD8+
autorreativos
• MC o início do quadro pode ser marcado por um
acometimento predominantemente assimétrico da
musculatura distal, com destaque para o envolvimento do
quadríceps e dos flexores dos dedos das mãos
Quadro clínico
• Sintomas constitucionais (50% dos pacientes)
Fadiga persistente
Perda de peso
Febre
Mialgia
• Queixa clínica predominante: fraqueza muscular
Insidiosa (2 a 6 meses)
Progressiva
Simétrica
Proximal dos membros (superiores e/ ou inferiores)
• Dermatomiosite
20% dos pacientes podem não ter comprometimento
muscular – DM amiopática ou sine miosite
Alterações cutâneas típicas
- Heliótropo: erupção eritematoviolácea característica nas
pálpebras superiores. O edema palpebral encontra-se
presente em alguns casos
- Sinal/pápula de Gottron: formações escamosas, elevadas,
de coloração violeta, simetricamente distribuídas,
organizadas sobre os nós dos dedos
- Erupções eritematosas: face, pescoço, tórax (V) ou
superfície extensora das extremidades, ombro (xale)
Sem aumento de nível sérico de enzimas musculares
Sem evidência de miopatia inflamatória em biópsia
muscular e/ ou eletromiografia
• A musculatura faríngea pode ser acometida
• Disfagia superior: dificuldade de início de deglutição,
regurgitação nasal ou disfonia
• Disfunção cricofaríngea pode resultar em disfagia, sendo
mais comumente vista em pacientes com MCI
• Manifestações extra esqueléticas
Pulmonar: 5 a 47%
- Dispneia
- Tosse
- Dor torácica
- Diminuição da tolerância aos exercícios físicos
- Insuficiência respiratória
Cardíaco
- > 50% dos pacientes apresentam algum grau de disfunção
cardíaca
- Principal alteração: distúrbio de condução
Cutâneo: característico na DM
- Heliotropo
-Pápulas/sinal de Gottron
- Hiperqueratose e fissuras da região radial dos dedos e da
palma das mãos ("mãos de mecânico“)
- Rash em face, pescoço, tórax anterior (sinal do "V'' de
decote)
- Ombros e dorso (sinal do "xale“)
- Fotossensibilidade, hipertrofia das cutículas
- Eritemas periungueais
Heliotropo – manchas eritematosas ou violáceas
peripalpebrais, podendo cursar com edema local
Pápulas de Gottron, Pápulas violáceas nas superfícies
extensoras das interfalangianas e metacarpofalangeanas
18
Rafaela Pamplona
“Mãos de mecânico” – presença de hiperqueratose associada a
áreas de fissuras, principalmente na região palmolateral dos
dedos
Sinal de “xale”
Sinal de “V” do decote
Hipertrofia e hiperemia periungueal
Calcinose: ocorre em 40% das DMs juvenis
- Não é manifestação frequente nos casos adultos
- Pode ocorrer nas regiões subcutânea e intramuscular e na
fáscia
Ulceras e vasculites cutâneas, além de serem possíveis
sinais da gravidade da doença, são áreas de infecções
secundárias
Fenômeno de Raynaud: 10-15% dos pacientes
• Síndrome antissintetase
Acometimento articular – artrite
Acometimento pulmonar – intersticiopatia
Febre no início da doença
Fenômeno de Raynaud e "mãos de mecânico"
Autoanticorpos miosite – específicos denominados
antissintetases, sendo o mais frequente o anti-Jo-1
• Miosite por corpúsculo de inclusão (MCI)
Acomete mais homens
> 50 anos
Fraqueza muscular: distal e proximal
- Assimétrica e insidiosa
- Tipicamente refratária ao tratamento com corticosteroide
e/ou imunossupressores
Hipotrofia ou atrofia do antebraço associada à fraqueza dos
músculos extensores e/ou flexores dos dedos
Hipotrofia ou atrofia do quadríceps femoral
Disfagia: É frequente; costuma surgir mais tardiamente
Medicações que causam miopatias
• Estatinas e Fibratos
• Ácido nicotínico
• Corticosteroides
• Zidovudina (AZT)
• Antimaláricos
• Colchicina
• D-penicilamina
• Antipsicóticos: clozapina, risperidona, olanzapina, haloperidol
• Interferon-a
• Álcool etc
Fatores de mau prognóstico
• Idade tardia na ocasião do diagnóstico da dermatomiosite ou
polimiosite
• Intervalo entre início dos sintomas e início do tratamento
< 3 meses ou > 6 meses
• Acometimento cardíaco
• Acometimento pulmonar
• História pessoal ou familiar de neoplasia
• Paciente na cadeira de rodas ou acamado
• Fraqueza proximal e distal dos membros
19
Rafaela Pamplona
• Presença de autoanticorpos antissintetases
• Presença de vasculites cutâneas
• Associação com a neoplasia
• Presença de calcinose
• Disfagia grave
Exames complementares
• Exames laboratoriais
Hemograma: anemia de doença crônica
- Anemias devem ser cuidadosamente investigadas, pois
podem ser uma pista de neoplasia oculta
VHS e PCR não são bons indicadores de atividade de
doença
- Exceto doenças musculares inflamatórias idiopáticas
acompanhadas de quadro articular e/ou pulmonar, como
acontece em casos de síndrome antissintetase
CPK sérica
- É a enzima muscular mais sensível e específica
- Útil no diagnóstico e na monitoração do tratamento
- Em geral, atinge até 50x LSN
~ >100x: deve-se fazer diagnóstico diferencial
principalmente com rabdomiólise, hipotireoidismo e
miopatia por estatinas.
~ Na MCI, o aumento de CPK é mais discreto,
normalmente < 10x o limite superior da normalidade
Aldolase
- É também uma enzima utilizada e um pouco menos
específica que a CPK, podendo estar elevada em doenças
hepáticas e de outros órgãos
- O nível sérico de desidrogenase láctica (DHL), aspartato
aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT)
é ainda menos específico, mas pode auxiliar no
monitoramento da atividade muscular em alguns
pacientes com doenças musculares inflamatórias
Autoanticorpos
- Específicos para miosite
~ Autoanticorpos antiaminoacil-tRNA sintetases (anti-Jo-1
[histidil-], anti-PL-7 [reonil-], anti-PL-12 [alanil-], anti-EJ
[glicil-], anti-OJ [isoleucil-], entre outros)
~ Anti-signal recognition particle (anti-SRP)
~ Anti-Mi-2 anti-melanoma differerzdation associated
protein 5)
~ Anti-MDA-5
- Associados a miosite
~ Autoanticorpos anti-Ro/SSA, anti-Ku, anti PM-Scl.
~ Estes autoanticorpos estão presentes em 50%-90% dos
pacientes
~ Entre estes o mais frequente é o anti-Jo-1
• Eletromiografia
Classificação, localização e determinação de sua gravidade
Na investigação de uma fraqueza muscular, ajuda a
diferenciar alterações neuropáticas de miopáticas e fornece
subsídios para localizar as lesões neuropáticas
Padrão miopático característico: potenciais de unidade
motora polifásicos de baixa amplitude e de curta duração;
fibrilações, mesmo em repouso; descargas de formato
bizarro e repetitivas
• RM de músculos
Auxilia na avaliação do grau de hipotrofia ou atrofia
muscular, extensão de área de fibrose, substituição
gordurosa e grau de inflamação muscular
20
Rafaela Pamplona
RM do terço médio das coxas em corte transversal. Imagem
ilustrando intensa área de inflamação/edema, principalmente
dos quadríceps femorais
• Biopsia muscular
Padrão ouro
Usada principalmente na PM
Na DM pode não ser necessária, principalmente quando há
presença de lesões cutâneas típicas associadas à fraqueza
muscular proximal dos membros, aumento sérico de
enzimas musculares, presença de fraqueza e com
eletromiografia evidenciando miopatia inflamatória
O local deve ser escolhido por meio da ENMG ou RM dos
músculos
- Evita-se realizar a biópsia dos locais mais gravemente
afetados
Infiltrado de células linfomononucleares na região
endomisial ou perimisial, invadindo as fibras musculares
não necróticas. Há presença de fibras musculares em
degeneração, regeneração e necróticas
- Em casos crônicos, há tendência de se observar presença
de tecido conjuntivo fibroso endomisial ou perimisial, além
de áreas de substituição gordurosa
PM: infiltrado inflamatório tende a ser mais focal, com
predomínio no endomísio e com invasão de fibras
musculares não necróticas por linfócitos T CD8+
DM: o infiltrado tende a ser constituído predominantemente
por células B e T CD4+, predominando nas regiões
perimisial e perivascular
MCI são encontradas inclusões circulares avermelhadas
(rimmed vacuoles)
• Sorologia para toxoplasmose
• HIV
• Vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 [HTLV-1]
• Hepatites B e C
• Hormônio tireoestimulante [TSH], tiroxina livre [T4]
• Paratormônio [PTH] intacto quando cálcio sérico anormal
• Exames direcionados para acometimento de outros órgãos
Havendo a possibilidade de envolvimento pulmonar e
podendo este ser inicialmente assintomático, sugerem-se,
na abertura do quadro miopático para o diagnóstico precoce
- TC de tórax de cortes finos
- Prova de função pulmonar completa
- Eletrocardiograma
- Ecocardiograma
Devendo-se repeti-los a critério clínico
Neoplasias
• Fatores de risco
Manifestações cutâneas atípicas
VHS persistentemente elevada
Refratariedade ao tratamento em pacientes idosos
Progressão rápida da fraqueza muscular
Presença de autoanticorpos miosite-específicos
- Anti-MDA-5
Necrose cutânea ou eritema periungueal
Disfagia
Ausência de acometimento pulmonar e idade tardia no
momento do diagnóstico da doença
Idade tardia ao diagnóstico, principalmente no sexo
feminino, foi um fator preditor da presença de malignidade
21
Rafaela Pamplona
Diagnósticos diferenciais
• Toxoplasmose
• Endocrinopatias: síndrome de Cushing, hipo/hipertireoidismo,
hiperparatireoidismo
• Miosite por corpúsculo de inclusão
• Distrofias musculares
• Miopatias metabólicas: doenças de depósitos de lipídiosou
glicogênio, miopatias mitocondriais
• Miopatias induzidas por drogas
• Doenças de neurônio motor
• Miastenia grave
Abordagem terapêutica
• Corticoterapia
Prednisona: droga de escolha no tratamento inicial de DM e
PM
- Dose: 1 mg/kg/dia
Pacientes inicialmente graves (disfagia com risco de
broncoaspiração, doença pulmonar, insuficiência
respiratória, acamados, vasculite cutânea) devem receber
pulsoterapia com metilprednisolona 1 g, 1 vez ao dia, por 3-
5 dias
Contraindicação
- Imunoglobulina intravenosa humana
- Dose de 1 g/kg/ dia durante 2 dias
~ CI: deficiência seletiva de imunoglobulina classe A (IgA)
e insuficiência renal
• Imunossupressores
Início do tratamento para pacientes com fatores de mau
prognóstico
Quando não há resposta à corticoterapia
Quando ocorre recidiva da doença na retirada da mesma
• Metotrexato (MTX)
Inicia-se na dose de 7,5-10 mg/semana, podendo-se
aumentar até 25 mg/semana
Recomenda-se associar ácido fólico 1mg/dia ou 5mg 1x
semana
Monitorar enzimas hepáticas e hemograma
• Azatioprina
Na dose de 2-3 mg/kg/dia
Monitoradas enzimas hepáticas e hemograma
Associação de Azatioprina com MTX está indicada na falha
ou recidiva quando usada apenas uma das drogas
• Ciclosporina
Em casos resistentes a MTX e Azatioprina
• Ciclofosfamida
0,5–1g/m2 superfície corpórea
Com dose mensal endovenosa por aproximadamente 6
meses reservada para casos de doença intersticial, como
acontece nos casos de síndrome antissintetase
• Micofenolato de mofetil
2 a 3 g/dia em doses divididas,
Boa resposta em casos refratários
• Leflunomida
Dose de 20 mg/dia,
Em casos refratários, principalmente quando quadro
articular associado
• Imunobiológicos
Rituximabe: DM e PM refratários
• Tratamento da calcinose
Não se apresenta, até o momento, uma terapia altamente
eficaz no combate e resolução desta comorbidade
Procedimentos cirúrgicos têm sido reservados às áreas
extensas de calcificação, com incisão e drenagem local,
mostrando resultados satisfatórios
• Reabilitação é de extrema importância!
O exercício possa exercer efeito anti-inflamatório sistêmico
e local no musculoesquelético exercitado
• HAS
Alta prevalência de síndrome metabólica em pacientes com
DM, sendo hipertensão prévia ao diagnóstico da miopatia
fator determinante a seu desenvolvimento
O tratamento precoce faz-se imperativo para redução da
morbimortalidade
• Prevenção de osteoporose
Bifosfonatos
Carbonato de cálcio na dose de 1.000-1.500mg (diária)
Vitamina D 800-1.200 UI (diária), principalmente nos
usuários de corticosteroides