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Você já respondeu todas as 6 questões deste caso. Sua média de acertos final foi de 100,00%. Caso Anamnese Voltar para o índice de Casos Interativos Obstrução Intestinal Maligna Mulher com diagnóstico de câncer de ovário - há dezoito meses, atualmente em estádio IV (metástase peritoneal e hepática), encaminhada para Serviço de Atenção domiciliar paliativo. Publicado em 3 de Agosto de 2015 Autores: Karen Knopp de Carvalho, Rogério da Silva Linhares Editores: Anaclaudia Fassa e Luiz Augusto Facchini Editores Associados: Everton José Fantinel, Deisi Cardoso Soares, Natália Sevilha Stofel, Samanta Bastos Maagh, Daniela Habekost Cardoso RECOMEÇAR Branca S.C.P. 59 anos Empregada doméstica Náuaseas Vômitos Dor abdominal M eu P ro gr es so Histórico Queixa principal Náuseas, vômitos e dor abdominal em cólica. Histórico do problema atual Há dois anos, procurou atendimento médico na Unidade Básica de Saúde (UBS) de seu bairro, por estar sentindo aumento de volume do abdome, dor em baixo ventre, aumento da frequência urinária e urgência miccional. Foi realizado exame ginecológico, com toque bimanual, que identificou massa pélvica sólida, fixa e bilateral. Foi encaminhada para realização de ultrassonografia transvaginal de urgência, que evidenciou lesão ovariana sugestiva de malignidade, sendo submetida à laparotomia exploradora com excisão tumoral (histerectomia abdominal total e salpingooforectomia bilateral) há dezoito meses para avaliação anatomopatológica e estadiamento da doença. Após a cirurgia realizou quimioterapia adjuvante. Atualmente apresentou recidiva tumoral e metástase peritoneal e hepática (estádio IV), uma vez que a paciente está ciente do agravamento da sua doença e expressou o desejo de não realizar mais nenhuma cirurgia e evitar internação hospitalar foi encaminhada para o Serviço de Atenção Domiciliar Paliativo. Ao chegar ao domicílio, no final da manhã, a equipe é recebida pela sobrinha (cuidadora) e S.C.P. estava deitada no sofá da sala, com seu cachorro de estimação deitado aos pés. Durante a visita domiciliar demonstrou estar bastante fraca, relatando falta de apetite nos últimos meses. Nas últimas 48 horas, refere piora importante das náuseas e apresenta vômitos biliosos aquosos em grande quantidade, não conseguindo mais se alimentar. Também relata dor em cólica e que não tem evacuado há três dias. História social Paciente reside com uma sobrinha em casa de alvenaria de 4 cômodos composto por: sala, cozinha, banheiro e quarto. Morava sozinha desde a separação do marido há quinze anos. Com o adoecimento e piora dos sintomas, a sobrinha de 25 anos, de quem sempre foi próxima, disponibilizou-se a morar com S.C.P. A sobrinha divide o quarto com a tia e além de cuidá-la, realiza as atividades domésticas da casa. S.C.P. está recebendo seguro saúde como empregada doméstica e recebe um salário mínimo. Antecedentes pessoais S.C.P., nuligesta, menarca aos 11 anos, menopausa aos 50 anos, nunca usou contraceptivo oral, nega utilização de terapia de reposição hormonal, ex-tabagista, tendo fumado até os 55 anos. Relata que nunca conseguiu engravidar e que acabou M eu P ro gr es so Exame Físico desistindo da intenção de ter filhos, nunca tendo investigado possíveis causas. Não costumava realizar exames de saúde de rotina. Medicações em uso Metoclopramida 10 mg de 6 em 6 horas via oral Hioscina 20 mg de 6 em 6 horas via oral Dipirona 500 mg de 6 em 6 horas via oral Antecedentes familiares Mãe faleceu de câncer de mama aos 47 anos, desconhece a causa de morte do pai, que morreu aos 62 anos. Sintomas gerais: Paciente em mau estado geral, pálida, emagrecida, desidratada, com face de dor e chorosa. Cavidade oral com xerostomia, apresenta prótese dentária total. Ausculta pulmonar com presença de murmúrios vesiculares, sem ruídos adventícios. Ausculta cardíaca com bulhas normofonéticas, ritmo regular em dois tempos, sem sopros. Abdome levemente distendido, na ausculta ruídos metálicos, presença de massas abdominais palpáveis em hipocôndrio e flanco direitos, com referência de dor periumbilical, intermitente e curta. Uma única micção nas últimas 24 horas, sem mensuração de quantidade. Deambula com dificuldade, extremidades frias e cianóticas. Sinais Vitais e Medidas Antropométricas PA: 100/60 mmHg FR: 18 mrpm FC: 72 bpm Temperatura: 37,0ºC Peso: 45,0 kg Altura: 1,68 m IMC: 15,9 kg/m² Escala visual-analógica de dor (EVA): 9 Exames Laboratoriais Hemoglobina: 9,0 mg/dL M eu P ro gr es so Saiba Mais Hematócrito: 27% Leucócitos: 12.000 Plaquetas: 150.000 Creatinina: 1,2 (VR: 0,6-1,2 mg/dL) Sódio: 140,0 (VR: 135-145 mmol/L) Potássio: 3,7 (VR: 3,5-5,5 mmol/L) Cálcio sérico: 8,6 (VR: 8,5-10,2 mg/dL) CA 125: 300 U/mL (VR: até 35 U/mL) Escalas de Desempenho Escala de desempenho segundo KARNOFSKY: 40% (Fragilizado) Escala de desempenho de ECOG: PS 3 A Tabela 1 apresenta as Escalas de Capacidade Funcional de ECOG e Karnofsky sobre a relação de alguns instrumentos de avaliação inicial, validados para a utilização em cuidados paliativos oncológicos. Tabela 1 - Escalas de Capacidade Funcional: ECOG* e Karnofsky Escala de Zubrod (ECOG) Escala de Karnofsky (%) PS 0 - Atividade Normal 100 - nenhuma queixa: ausência de evidência da doença 90 - capaz de levar vida normal; sinais menores ou sintoma da doença PS 1 - Sintoma da doença, mas deambula e leva seu dia normal 80 - alguns sinais ou sintomas da doença com o esforço 70 - capaz de cuidar de si mesmo; incapaz de levar suas atividades normais ou exercer trabalho ativo PS 2 - Fora do leito mais de 50% do tempo 60 - necessita de assistência ocasional, mas ainda é capaz de prover a maioria de suas atividades 50 - requer assistência considerável e cuidados médicos frequentes PS 3 - No leito mais de 50% do tempo, carente de cuidados mais intensivos 40 - incapaz; requer cuidados especiais e assistência 30 - muito incapaz; indica hospitalização, apesar da morte não ser iminente PS 4 - Preso ao leito *ECOG: Eastern Cooperative Oncology Group; PS: Performance Status. Fonte: Ministério da Saúde, 2013, p.88. M eu P ro gr es so Escolha simplesQuestão 1 Tendo como base a história clínica de S.C.P., pode-se considerar como possível explicação para o agravamento das queixas atuais? Acertou A paciente apresenta síndrome de anorexia e caquexia, porém o agravamento dos sintomas e a presença de vômitos biliosos aquosos em grande quantidade não fazem parte desta síndrome. A paciente não utiliza drogas que expliquem a constipação a ponto de causar a piora do quadro e os vômitos. Também não seria constipação secundária a distúrbio hidroeletrolítico porque o nível sérico do cálcio está margem do valor de referência, descartando no momento um quadro de hipercalcemia. A história clínica e os sinais e sintomas de náuseas, vômitos biliosos aquosos em grande quantidade, dor em cólica na região periumbilical, intermitente e curta e a não eliminação de fezes há três dias são compatíveis com um quadro de obstrução intestinal maligna com localização gástrica ou intestino delgado proximal. Obstrução intestinal maligna com localização gástrica ou intestino delgado proximal. Constipação secundária a distúrbio hidroeletrolítico por hipercalcemia. Obstrução intestinal maligna com localização no intestino delgado distal ou intestino grosso. Síndrome de caquexia e anorexia. Constipação secundária a drogas, tendo como consequência náusea e vômitos. M eu P ro gr es so Saiba mais Obstrução Intestinal Maligna Na obstrução intestinal maligna (OIM) de intestino delgado distal ou intestino grosso os vômitos estão ausentes ou são em pequena quantidade, com presença de odor. Além disso, ocorre distensão abdominal e a dor costuma apresentar intervalos mais longos. Caracteriza-se como uma interrupção do trânsito gastrointestinal por oclusão da luz e/ou alterações da motilidade intestinal. Tem como principais origens os tumores gastrointestinais e pélvicos. Pode se originar no intestinodelgado (61%), no intestino grosso (33%) ou em ambos simultaneamente (20%). A sobrevida em 6 meses é de 50% nos pacientes cirúrgicos e de 8% naqueles com OIM inoperável. O trânsito intestinal pode ser interrompido por diferentes mecanismos. A obstrução pode ser: mecânica ou funcional; parcial ou completa; pode ocorrer em um ou muitos locais. Critérios para definição de Obstrução Intestinal Maligna: a. evidência clínica de obstrução intestinal (história, exames físico e radiológico); b. obstrução distal ao ângulo de Treitz; c. presença de câncer de origem primária intra-abdominal ou câncer extra-abdominal, com claro comprometimento peritoneal; d. doença incurável. Manifestações Clínicas da Obstrução Intestinal Maligna Os diferentes níveis de obstrução podem determinar os vários padrões de sintomas, influenciando em sua apresentação, intensidade, gravidade e consequente resultado. Os sintomas de OIM mais frequentes são náuseas (100%), vômitos (87- 100%), parada de eliminação de gases e fezes nas últimas 72 horas (84-93%) e dor em cólica (72-80%). O Quadro 1 ajuda na diferenciação da localização da obstrução intestinal. Quadro 1 - Diferenciação de Sintomas de Obstrução Intestinal Maligna de acordo com a Localização da Obstrução Intestinal SINTOMA GÁSTRICA OU INTESTINO DELGADO PROXIMAL INTESTINO DELGADO DISTAL OU INTESTINO GROSSO VÔMITOS Biliosos; aquosos; grande quantidade; pouco ou nenhuma odor. Com sedimentos; pequena quantidade; presença de odor; pode não ocorrer. M eu P ro gr es so Escolha simplesQuestão 2 Com relação à indicação de tratamento cirúrgico para obstrução intestinal maligna e ao processo de tomada de decisão do mesmo, na situação de S.C.P., escolha a alternativa mais correta: DOR Sintoma precoce; periumbilical; intermitente; curtos intervalos; cólica. Sintoma tardio; localizado; dor visceral; intervalos longos entre as cólicas. DISTENSÃO ABDOMINAL Pode estar ausente. Presente. ANOREXIA Sempre. Fonte: NAYLOR, 2012. p. 227 O estado nutricional de S.C.P. e a debilidade pelo câncer de ovário avançado justificam o encaminhamento imediato para tratamento cirúrgico. A cirurgia possibilita qualidade de vida e sobrevida. A paciente e sua sobrinha devem ser bem informadas e envolvidas no processo de decisão. O tratamento da obstrução intestinal maligna é primariamente cirúrgico e tem por objetivo restabelecer a permeabilidade digestiva. A decisão deve considerar o prognóstico de S.C.P. e ser tomada pela equipe de saúde e comunicada a S.C.P. e sua sobrinha. A realização de cirurgia em S.C.P. é imprescindível, pois o tratamento farmacológico paliativo não oferece o adequado controle de sintomas e manutenção do conforto. A paciente e sua sobrinha devem ser bem informadas e envolvidas no processo de decisão. As condições clínicas de S.C.P. evidenciam fatores prognósticos benéficos para a cirurgia de obstrução intestinal maligna. A decisão deve ser tomada pela equipe de saúde e comunicada a família. O estado nutricional de S.C.P. e a debilidade pelo câncer de ovário avançado aumentam o risco de mortalidade na cirurgia e esta possibilita um baixo nível de evidência em termos de qualidade de vida e sobrevida. A paciente e sua sobrinha devem ser bem informadas e envolvidas no processo de decisão. M eu P ro gr es so Acertou O processo de tomada de decisão na avaliação cirúrgica e tratamento mais adequado para a paciente requer avaliação individualizada baseada na extensão da doença, prognóstico, estado geral e respeito a opção do paciente após informação. Assim, a decisão deve ser compartilhada com a paciente, devendo refletir ativamente as escolhas pessoais de S.C.P., do que ela deseja para sua vida e do que considera como qualidade de vida até o momento de sua morte. A cirurgia pode ser uma abordagem terapêutica com grande potencial em algumas situações, mas no caso de S.C.P, considerando a extensão da doença, principalmente pela disseminação do tumor e presença de massas intra-abdominais palpáveis o benefício em termos de qualidade de vida e sobrevida para justificar esta intervenção é muito pequeno ou nulo, não justificando a decisão pela realização desta intervenção. Além disso, a paciente havia expressado claramente o desejo de evitar internação hospitalar e novas cirurgias. O tratamento farmacológico pode manter o máximo conforto possível, aliviando a dor abdominal, reduzindo as náuseas e vômitos, permitindo mínimas ingestas de líquidos e alimentos e possibilitando a permanência no domicílio. Saiba Mais Tratamento da Obstrução Intestinal Maligna O processo de tomada de decisão em todo paciente oncológico avançado requer uma avaliação individualizada baseada na extensão da doença, prognóstico global, possibilidade de tratamentos oncológicos específicos, comorbidades associadas, estado geral e as opções pessoais do paciente estando devidamente informadas. No caso da Obstrução Intestinal Maligna, essas premissas se mantêm e os tratamentos possíveis são cirurgia, paliação endoscópica, descompressão por ostomia e a terapêutica paliativa sintomática clínica. Medidas Gerais M eu P ro gr es so Reposição hidroeletrolítica pelas perdas sofridas e prescrição de medicações antieméticas e analgésicas podem ser necessárias. Colocação temporária de sonda nasogástrica (SNG) para drenagem da secreção gastrointestinal, redução de distensão abdominal e melhora da náusea e vômito, enquanto a melhor abordagem é decidida e esses sintomas não são controlados com medicação. Cirurgia da Obstrução Intestinal Maligna A cirurgia tem por objetivo restabelecer a permeabilidade digestiva. O tratamento da obstrução intestinal é primariamente cirúrgico. Aderências benignas ocorrem em 20% dos pacientes, especialmente naqueles submetidos à radioterapia prévia. Cirurgia deve sempre ser considerada em pacientes com estado geral preservado e com nível único de obstrução. Os resultados após o procedimento dependem tanto dos critérios de seleção de pacientes que irão ser verdadeiramente beneficiados com a intervenção quanto da experiência e habilidade do cirurgião. Os fatores prognósticos de baixo benefício para cirurgia na OIM estão demonstrados no quadro 2 e que podem ajudar na tomada da decisão de não operar. Quadro 2 - Fatores Prognósticos de Baixo Benefício para Cirurgia em OIM FATORES PROGNÓSTICOS DE BAIXO BENEFÍCIO PARA A CIRURGIA DE OBSTRUÇÃO INTESTINAL MALIGNA Obstrução secundária a câncer Tumor disseminado Pacientes acima de 65 anos com caquexia Ascite (paracenteses frequentes, com ascite > 3 1) Nível de albumina sérica baixo RXT prévia em abdômen ou pelve Deficiência nutricional Massas intra-abdominais palpáveis e comprometimento de fígado Metástase à distância, derrame pleural ou metástases pulmonares Obstrução intestinal - múltiplos sítios Baixa performance status Laparotomia recente, demonstrando doença metastática difusa (2,8) M eu P ro gr es so Escolha simplesQuestão 3 Considerando o manejo da dor da paciente escolha a alternativa mais adequada? Fonte: NAYLOR, 2012. p. 229 “Paliação endoscópica e colocação de próteses (stents) A colocação de stents tem se intensificado nos últimos anos como uma alternativa endoscópica ao tratamento das obstruções de trato gastrointestinal (TGI)”. Além disso, serve como um adjuvante à terapia cirúrgica definitiva para pacientes com lesões colônicas obstrutivas, pois facilita a limpeza intestinal para uma posterior cirurgia eletiva. “Obstrução gástrica e de intestino delgado São complicações comuns em pacientes com câncer de pâncreas, estômago distal, vesícula biliar e colangiocarcinoma, mas também podem resultar de metástases de câncer de ovário e neoplasias não abdominais como câncer de pulmão e mama. A cirurgia de gastroentero-anastomose no passado era o tratamento de escolha para obstrução de passagem gástrica”. “No entanto, para pacientes com câncer avançado e performance status comprometida a gastroenteroanastomose traz um risco significante de morbimortalidadee sua abordagem através da colocação de stent para a desobstrução do TGI é particularmente útil. A taxa de sucesso da técnica de colocação do stent é de 90% e de sucesso clínico na resolução da náusea e vômito e melhora da capacidade de ingerir alimentos via oral é de 75%. As complicações mais frequentes com a colocação de stents são hemorragia ou perfuração (1,2%), migração do dispositivo (5%) e a obstrução do stent, suscetível em algumas ocasiões a repermeabilização por laser ou colocação de um segundo dispositivo”. (NAYLOR, 2012, p. 230) Substituir a Dipirona via oral por Tramadol intravenosa de 6/6 horas. Substituir a Dipirona via oral por Codeína + Paracetamol via oral de 6/6 horas. Substituir a Dipirona via oral por Sulfato de Morfina subcutânea de 4/4 horas. Alterar a via de administração e a dose da Dipirona via oral por Dipirona subcutânea de 6/6 horas. M eu P ro gr es so Acertou Pacientes com Obstrução Intestinal Maligna predominantemente apresentam dor contínua ou em cólica de alta intensidade, no caso de S.C.P. se identifica a nota 9 na Escala Visual Analgésica que representa dor de forte intensidade. Assim, segundo os princípios de controle da dor da Organização Mundial da Saúde (OMS) deve ser utilizado um opioide forte como o Sulfato de Morfina, por ser o primeiro opioide de eleição segundo a OMS, pode ser utilizado a via subcutânea neste caso. A Dipirona, que é um analgésico simples não opioide, é utilizado para dor fraca a moderada, devendo ser suspensa. A Codeína e o Tramadol são opioides fracos, estando indicados para dor moderada. Além disso, devido ao quadro de obstrução intestinal maligna completa se deve evitar as medicações por via oral. O Fentanil transdérmico até poderia ser uma opção a Morfina, mas não há necessidade de uso intravenoso. Saiba Mais Substituir a Dipirona via oral por Fentanil intravenosa em infusão contínua. Tratamento Paliativo Farmacológico da Obstrução Intestinal Maligna – Abordagem da Dor “Mais de 80% dos pacientes com OIM apresentam dor contínua ou em cólica de alta intensidade. A administração de analgésicos, em sua maioria opioides fortes de acordo com a Escada Analgésica da Organização Mundial de Saúde (OMS), permite o adequado controle deste sintoma em mais de 80% dos casos. A dose do opioide deve ser titulada e, de modo geral, as vias subcutânea, intravenosa, sublingual e transdérmica são de preferência pela presença de náusea e vômitos. A morfina é o primeiro opioide de eleição segundo a European Association for Palliative Care (EAPC) e a OMS, na ausência de ensaios clínicos controlados comparando os diferentes opioides nesta indicação, mas hidromorfona, fentanil, oxicodona e mesmo metadona podem ser utilizados. Se a cólica persistir, hioscina deve ser administrada em associação.” (NAYLOR, 2012, p. 232) Revisando os Analgésicos Opiáceos M eu P ro gr es so Escolha simplesQuestão 4 O termo opioide inclui todas as drogas que têm ação morphine-like, nos receptores opiáceos endógenos. “É costumeiro subdividir opiáceos em duas categorias gerais: opiáceos fracos (codeína, tramadol) e opiáceos fortes (morfina, metadona, fentanil, oxicodona).” “A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma classificação diferente, onde há os opiáceos para dor leve a moderada e para dor moderada a intensa. A analgesia com opiáceo é mediada através de receptores centrais e não há teto máximo de ação, ou seja, a dose pode ser aumentada virtualmente, sem limite, obviamente, respeitando tolerância e efeitos adversos em cada paciente”. (BRASIL, 2002, p.24) As informações abaixo são provenientes do manual técnico Cuidados Paliativos Oncológicos: controle da dor (Brasil, 2002, p. 25-26): “CODEÍNA: A codeína, opiáceo “fraco” não usado via parenteral, tem em torno de 1/10 da potência da morfina e 10% da população não aceita a conversão da codeína para a morfina. No entanto, aqueles que obtêm mesmo um pequeno benefício analgésico da codeína, experimentam a mesma incidência de efeitos adversos. Dose oral: de 30 a 120 mg, VO de 4/4 horas”. “TRAMADOL: É usada para os casos de dor leve a moderada, disponível via oral e parenteral. Efeito analgésico relacionado com estimulação do receptor opióide mu, com 1/10 da potência da morfina, dado via parenteral. Tem efeitos colaterais comuns aos opiáceos, embora constipação intestinal apareça com menor intensidade. Dose oral é 200 a 400 mg/ dia e EV é de 600 mg, divididos 4/6h”. “MORFINA: É um derivado natural da papoula de rápida absorção após ingesta oral, no intestino delgado, porção superior e metabolizada no fígado em M3G e M6G que é um ativo metabólito, mais potente do que a morfina. É excretada por via renal e a administração de 4/4 h, por qualquer via, é necessária para alcançar concentração terapêutica adequada. Pacientes que não estão com controle adequado da dor, no segundo degrau da escada analgésica, devem iniciar o tratamento com morfina, nas doses ideais-5 a 10 mg, de 4/4 h, aumentando de acordo com a necessidade. Dois terços dos pacientes com câncer necessitam de dosagem acima de 180mg/ dia. Dois terços, irá necessitar doses mais altas, no decurso de sua doença”. “FENTANIL: É um analgésico sintético opiáceo, usado em anestesia por sua meia-vida curta. Disponível em adesivo (patch) para administração transdérmica para pacientes com dor crônica, em câncer. Os adesivos de fentanil devem ser colocados ao mesmo tempo, a cada três dias, embora o sítio de aplicação deva ser mudado - devem ser colados em local seco, plano, limpo e sem pelos, para aderência ideal. Não devem ser utilizados em pacientes com hipertermia ou sudorese”. “Seu uso é mais apropriado quando o paciente é incapaz de tolerar morfina (efeitos colaterais intoleráveis) e incapaz de ingesta oral pela própria evolução da doença. Dor não controlada com morfina oral, não será resolvida pela conversão a uma dose equivalente de fentanil transdérmico. Não é usado como analgésico em quadro agudo, onde rápida titulação é necessária. Pacientes em uso de morfina que converterão para fentanil devem permanecer ainda com a morfina para resgate, até o alcance do pico plasmático do fentanil, que se dará entre 12 e 24 horas”. M eu P ro gr es so Além da medicação para dor, considerando as medicações em uso e o manejo farmacológico de uma possível obstrução intestinal maligna qual deve ser a conduta terapêutica paliativa sintomática? Acertou Uma vez que a paciente está com Obstrução Intestinal Maligna completa deve ser evitada a administração de medicamentos pela via oral, devendo ser substituída por outras vias de administração de medicamentos alternativas. A Hioscina deve ser mantida, pois é uma droga antissecretora, reduzindo a hipersecreção intestinal e, secundariamente, melhorando náuseas, vômitos e também da dor. A Metoclopramida deve ser suspensa, pois é uma droga procinética, estimulando a motilidade do trato digestivo e exacerbando a cólica. Deve ser substituída pelo Haloperidol, que possui potente ação antiemética, sem ação procinética. A Dexametasona pode ser acrescentada Alterar a via de administração da hioscina para subcutânea, passar a metoclopramida para via subcutânea e associar haloperidol por via subcutânea. Manter a hioscina por via oral, manter a metoclopramida e acrescentar dexametasona por via subcutânea. Passar a via de administração da hioscina para subcutânea, manter a metoclopramida e associar dimenidrinato por via intramuscular. Manter a hioscina por via oral, aumentar a dose e passar a metoclopramida para via subcutânea e associar haloperidol por via subcutânea. Passar a hioscina para via subcutânea, substituir a metoclopramida pelo haloperidol por via subcutânea e pode ser acrescentada dexametasona por via subcutânea. M eu P ro gr es so Escolha simples por reduzir o edema de parede intestinal, reduzir água e sal na luz intestinal, que pode facilitar uma possível resolução espontânea do quadro oclusivo, além de ter propriedades antieméticas e analgésicas. Saiba Mais Questão5 Tratamento Paliativo Farmacológico – Alívio de Sintomas “O tratamento farmacológico especificamente paliativo da OIM inoperável pode oferecer adequado controle de sintomas com medidas dirigidas a manter o máximo conforto possível com os objetivos de aliviar a dor abdominal contínua e em cólica, reduzir os vômitos a um nível aceitável de 1 a 2 vezes por dia sem o uso de sonda nasogástrica (SNG), aliviar náusea, permitir mínimas ingestas de alimentos, favorecer a alta hospitalar para um acompanhamento por assistência domiciliar”. “A dose do opioide deve ser titulada e, de modo geral, as vias subcutânea, intravenosa, sublingual e transdérmica são de preferência pela presença de náusea e vômitos”. (NAYLOR, 2012, p. 231-232) Tratamento Paliativo Farmacológico da Obstrução Intestinal Maligna – Abordagem da Náusea e Vômitos “Náusea e vômitos são conduzidos usando-se dois diferentes tipos de abordagem farmacológica: 1. Administração de drogas que reduzem a secreção gastrointestinal; 2. Administração de antieméticos de atuação no sistema nervoso central (SNC), como droga única ou em associação com drogas antissecretoras. O tratamento desses sintomas se baseia no uso de drogas de 3 grupos farmacológicos: antagonistas da dopamina, anticolinérgicos e antagonistas da serotonina (5HT3). Os antagonistas da dopamina se dividem em benzaminas (metoclopramida), butirofenonas (haloperidol) e fenotiazinas (clorpromazina, prometazina).” (NAYLOR, 2012, p.233) M eu P ro gr es so Em relação às medidas não farmacológicas, identifique quais cuidados mais adequados de conforto a equipe do serviço de atenção domiciliar deve realizar e orientar a sobrinha quanto a sua realização: Acertou A hidratação parenteral embora diminua a toxicidade a drogas e evite quadros de desidratação com confusão mental, não aumenta a sobrevida e pode promover o aumento das secreções no trato digestivo e a retenção hídrica. Em quadros de vômitos de difícil controle, manter o doente com restrição hídrica O volume de hidratação deve ser restringido. Deve ser utilizada hidrataçãocom solução contendo eletrólitos por via intravenosa. Não utilizar sondanasogástrica, evitando complicações, tais como, broncoaspiração, erosãode asa de nariz e esofagite. Manter jejum absoluto. Aumentar o volume de hidratação. Deve ser utilizada hidratação comsolução contendo eletrólitos por hipodermóclise. Usar sonda nasogástricapara dietoterapia a fim de tratar o quadro de caquexia. Priorizar a hidrataçãoda boca. Aumentar o volume de hidratação. Deve ser utilizada hidratação com solução contendo eletrólitos por via subcutânea. Não utilizar sonda nasogástrica, evitando complicações, tais como, broncoaspiração, erosão de asa de nariz e esofagite. Manter jejum absoluto. O volume de hidratação deve ser restringido. Pode ser utilizada hidratação com solução isotônica por hipodermóclise. Usar sonda nasogástrica até melhora da distensão e redução do volume de drenagem. Priorizar a hidratação da boca, realizando higiene oral. Aumentar o volume de hidratação. Deve ser utilizada hidratação comsolução contendo eletrólitos por hipodermóclise. Usar sonda nasogástricaaté melhora da distensão e redução do volume de drenagem. Priorizar ahidratação da boca, realizando higiene oral. M eu P ro gr es so Escolha múltipla parcial pode contribuir para melhora do quadro. Hipodermóclise é uma boa opção ao invés de infusão endovenosa, especialmente no acompanhamento domiciliar para pacientes como S.C.P. que requerem um volume de hidratação restrito, encontram-se desidratados, com quadro de vômitos e rede venosa frágil. Além disso, permite o envolvimento seguro e a capacitação da sobrinha de S.C.P. na administração de medicamentos. A sonda nasogástrica deve ser colocada temporariamente até que os sintomas sejam controlados com as medicações e a melhor abordagem para a OIM ser decidida. Medidas de conforto, tais como, hidratação da boca, higiene oral, oferecimento de cubos de gelo e pequenos goles d’água a intervalos regulares contribuem para amenizar os sintomas e devem ser utilizadas. Questão 6 O tratamento farmacológico implementado em S.C.P. utiliza a via SC como via parenteral de escolha. Acerca dessa via é correto afirmar: O perfil de absorção mais lento pela via subcutânea, faz com que essa seja a via de escolha se S.C.P. por precisar infundir soluções de grande volume em um período curto de tempo. A via subcutânea é uma boa opção de escolha para S.C.P, pois quando comparada com as via intravenosa e intramuscular leva menor tempo para atingir a concentração sérica máxima e mantém níveis plasmáticos elevados por menos tempo. A via subcutânea é segura para S.C.P., com pouco risco de complicação, de fácil manipulação e manutenção. Permite maior mobilidade, pois apresenta opções variadas para os sítios de instalação da punção e não necessita da imobilização do membro. Para administração dos medicamentos via subcutânea em S.C.P. pode ser utilizado scalp, tipo butterfly, preferencialmente calibrosos, tais como os 19 e 21, que pode permanecer por até 48 horas. M eu P ro gr es so 100 / 100 acerto A utilização da via subcutânea para administração de medicamentos e soluções de reidratação é uma via segura, simples e sem complicações graves, sendo uma boa alternativa para manutenção do tratamento no domicílio, permitindo a manipulação pelo paciente e seus cuidadores. Com relação à capacidade de absorção quando comparada com as vias intravenosa e intramuscular leva maior tempo para atingir a concentração sérica máxima e mantém níveis plasmáticos elevados por mais tempo. Esta característica permite uma concentração sérica estável do medicamento e impede picos plasmáticos que podem determinar o aparecimento de efeitos colaterais. Apresenta limitações para administração de grandes volumes e velocidade de infusão rápida. Recomenda-se como limite a administração de 2000 ml em 24 horas. O dispositivo mais utilizado é o scalp, tipo butterfly, preferencialmente não calibrosos, tais como os calibres 25 e 27, e que podem permanecer por até cinco dias. Os sinais flogísticos devem ser observados. (AZEVEDO; BARBOSA, 2012, p. 259-269) Objetivos do Caso Referências 1. AZEVEDO, Eliete Farias; BARBOSA, Maria Fernanda. Via subcutânea: a via parenteral de escolha para administração de medicamentos e soluções de reidratação em Cuidados Paliativos. In: CARVALHO, Ricardo Tavares de; PARSONS, Henrique Afonseca (Org.). Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2. ed. ampl. e atual. [São Paulo]: ANCP, 2012. p. 259-269. <https://paliativo.org.br/download/manual-de-cuidados-paliativos-ancp/> (https:// A utilização da via subcutânea para administração de medicamentos em S.C.P. não é uma boa escolha, ao dificultar sua permanência no domicílio, já que o scalp não pode ser manejado por sua sobrinha. Discutir a definição, as manifestações clínicas, o tratamento cirúrgico e paliativo do paciente com obstrução intestinal maligna através do caso clínico de uma paciente com neoplasia maligna de ovário com obstrução intestinal maligna inoperável. Discutir o controle de sintomas da obstrução intestinal maligna, como a desidratação, a dor, náuseas e vômitos. M eu P ro gr es so https://paliativo.org.br/download/manual-de-cuidados-paliativos-ancp/# paliativo.org.br/download/manual-de-cuidados-paliativos-ancp/#). Cópia local (/static/bib/manual_de_cuidados_paliativos_ancp.pdf) Acesso em 2020. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos: controle de sintomas. Rio de Janeiro: INCA, 2001. <http://bvsms.saude.gov.b r/bvs/.../inca/manual_cuidados_oncologicos.pdf> (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/.../inca/ manual_cuidados_oncologicos.pdf#). Cópia local (/static/bib/manual_cuidados_oncologicos.pdf) Acesso em 2015. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de Atenção Domiciliar. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. 205 p. (Melhorem casa: a segurança do hospital no conforto do seu lar, v. 2). <http://189.28.128. 100/dab/docs/portaldab/publicacoes/cad_vol2.pdf> (http://189.28.128.100/dab/docs/port aldab/publicacoes/cad_vol2.pdf#). Cópia local (/static/bib/cad_vol2.pdf) Acesso em 2015. 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados Paliativos Oncológicos: controle da dor. Rio de Janeiro: INCA, 2002. 120p. (Série Manuais Técnicos, n. 328). <http://www.inca.gov.br/publicacoes/manual_dor.pdf> (ht tp://www.inca.gov.br/publicacoes/manual_dor.pdf#). Cópia local (/static/bib/manual_dor.pdf) Acesso em 2015. 5. NAYLOR, C. Obstrução intestinal maligna. In: CARVALHO, R. T.; PARSONS, H. A. (Orgs.). Manual de cuidados paliativos ANCP. 2. ed. ampl. e atual. São Paulo: ANCP, 2012. p. 224- 238. <https://paliativo.org.br/download/manual-de-cuidados-paliativos-ancp/> (https://palia tivo.org.br/download/manual-de-cuidados-paliativos-ancp/#). Cópia local (/static/bib/manual_cuidados_oncologicos.pdf) Acesso em 2020. Coordenação: Anaclaudia Gastal Fassa e Luiz Augusto Facchini M eu P ro gr es so https://paliativo.org.br/download/manual-de-cuidados-paliativos-ancp/# https://dms.ufpel.edu.br/static/bib/manual_de_cuidados_paliativos_ancp.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/.../inca/manual_cuidados_oncologicos.pdf# https://dms.ufpel.edu.br/static/bib/manual_cuidados_oncologicos.pdf http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/cad_vol2.pdf# https://dms.ufpel.edu.br/static/bib/cad_vol2.pdf http://www.inca.gov.br/publicacoes/manual_dor.pdf# https://dms.ufpel.edu.br/static/bib/manual_dor.pdf https://paliativo.org.br/download/manual-de-cuidados-paliativos-ancp/# https://dms.ufpel.edu.br/static/bib/manual_cuidados_oncologicos.pdf
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