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Geovana Sanches - TXXIV EPILEPSIAS CONCEITOS Epilepsia • Doença crônica, na qual ocorrem crises recorrentes de forma espontânea • Todos os epilépticos já apresentaram crise epiléptica o Mas nem todos os indivíduos que tiveram uma crise epiléptica são epilépticos • Critério diagnóstico o Pelo menos 2 crises com intervalo maior de 24h entre elas OU o 1 crise com alta probabilidade de recorrência (> 60% em 10 anos) Risco de recorrência após uma crise • Risco de 2ª crise não provocada o 26% a 40% • Risco da 3ª crise o 60% a 87% • Risco da 4ª crise o 61% a 90% Crise epiléptica • Decorrente do aumento da atividade elétrica de alguma área do cérebro, de maneira síncrona e excessiva o “Superávit neurológico” • Alteração elétrica à manifestação clínica o Uma crise que não apresente alteração na atividade elétrica ou não apresente sintomas, não é uma crise epiléptica • Sempre é temporária Convulsão • Manifestação motora que pode ou não ser epiléptica, ou seja, existem convulsões não epilépticas • Ocorrem quando a área frontal é atingida pela crise o Dependendo da área que a crise atinge, diferentes manifestações clínicas ocorrem • Apresentam curta duração (autolimitadas) Crise não epiléptica • Atividade elétrica normal • Manifestações clínicas iguais a crise epiléptica • Involuntário • Geralmente é psicogênico Crise não convulsiva • Atividade elétrica aumentada de forma síncrona e excessiva • Não atinge o lobo frontal e, portanto, não apresenta manifestações motoras • Pode ter manifestação visual, auditiva, tátil, gustativa, olfativa, entre ouros EPIDEMIOLOGIA • Doença cerebral mais comum (OMS) • 5 a 10% da população terá uma crise na vida sem outras manifestações subsequentes • Prevalência o 1% no mundo o 1,5% a 2% na América Latina o 0,5% em São Paulo e no Rio de Janeiro • Incidência o Varia conforme a idade, mas pode afetar indivíduos em todas as faixas etárias o Mais comum nos extremos da vida § Crianças: o cérebro ainda não está completamente desenvolvido § Idosos: o cérebro está involuindo • SP: 0,87% FISIOPATOLOGIA A fisiopatologia da epilepsia envolve especialmente os neurotransmissores glutamato (excitatório) e GABA (inibitório). Glutamato Há aumento da ação e da quantidade de glutamato, provocando: 1. Abertura dos canais de sódio, cálcio e magnésio Geovana Sanches - TXXIV 2. Despolarização do neurônio 3. Intensa transmissão do potencial de ação a. O impulso se propaga no axônio intensamente, tendo em vista que há maior potencial de ação b. maior propagação da atividade elétrica GABA Ocorre diminuição da ação do GABA, o qual naturalmente promove: 1. Abertura de canais de cloreto 2. Hiperpolarização da célula 3. Inibição do potencial de ação Conclusão Como temos uma atividade aumentada dos neurotransmissores excitatórios (glutamato) e diminuída de neurotransmissores inibitórios (GABA), há uma atividade elétrica muito exacerbada. CLASSIFICAÇÃO • Início focal o Afeta apenas um hemisfério o Pode acometer a consciência • Início generalizado o Afeta simultaneamente os dois hemisférios cerebrais desde o início o Não necessariamente acomete a consciência • Início desconhecido o Não se sabe por onde a crise iniciou • Inclassificáveis o Não se enquadram em nenhuma categoria PRINCIPAIS ETIOLOGIAS DA CRISE EPILÉPTICA Neonatos • Hipóxia e isquemia perinatal • Outros o Traumatismo craniano e hemorragia o Infecção aguda do SNC o Distúrbios metabólicos o Abstinência de fármacos o Distúrbios do desenvolvimento e genéticos Lactentes e crianças • Convulsões febris • Outros o Distúrbios genéticos o Infecção do SNC o Distúrbios do desenvolvimento o Traumatismo o Idiopática Adolescentes • Traumatismo • Outras o Distúrbios genéticos o Infecção o Tumor cerebral o Drogas ilícitas idiopáticas Adultos jovens • Traumatismos • Outras o Abstinência de álcool o Drogas ilícitas o Tumor cerebral o Idiopáticas Adultos e idosos • Doença cerebrovascular (AVC) • Outros o Tumor cerebral o Abstinência de álcool o Distúrbios metabólicas o Doença de Alzheimer e outras doenças degenerativas do SNC o Idiopáticas CRISE DE INÍCIO FOCAL As crises de início focal podem ser motoras ou não motoras, perceptivas (totalmente consciente) ou disperceptivas (com prejuízo na consciência). Crises de início focal não motoras perceptivas • Lobo temporal o Lobo mais epileptogênico o Crises duram cerca de 1 minuto e são estereotipadas (diferenciando- a com alucinações, as quais são mais demoradas e podem ocorrer de diferentes formas) o Alterações § Olfato § Psíquica (dejavú) § Auditiva o Temporal vem de sinal do tempo, pois este é o primeiro local em que os cabelos ficam brancos • Ínsula o Mal-estar epigástrico o Fenômenos autonômicos • Lobo occipital o Visual • Lobo parietal Geovana Sanches - TXXIV o Parestesias • Lobo frontal é poupado (e por isso não há sintomas motores) Crises de início focal motoras perceptivas • Afetam o lobo frontal • Abalos contralaterais • Paralisia de Todd o Após o final da crise, pode ocorrer hemiparesia unilateral (fraqueza muscular) por esgotamento do ATP o Sempre que um paciente chega ao pronto-socorro com uma área paralisada, faz-se necessário questionar se ocorreram movimentos estranhos antes desse sintoma • Não há prejuízo na consciência Crises de início focal disperceptivas (PROVA) • Iniciadas ou que afetam o lobo temporal • Olhar fixo • Automatismos orais e manuais • Distonia contralateral o Contração simultânea do agonista e antagonista, gerando uma postura anormal o É contralateral ao hemisfério acometido • Duração de 1 a 2 minutos • Prejuízo da consciência (redução) CRISES DE INÍCIO GENERALIZADO Não motoras (ausências) As ausências consistem em breves episódios de comprometimento da consciência, seguidas de recuperação completa da consciência, sem confusão, reassumindo a atividade que antes fazia. Ausência típica • Infância • DNPM normal • Duração de 5 a 30 segundos • Desencadeada por hiperpneia Ausência atípica • Crianças menores • Atraso DNPM • Duração maior Motoras • Tônicas o Rigidez muscular o Aumento da FC, PA e midríase o Incontinência esfincteriana o Cianose • Clônicas o Movimentos rítmicos nos quatro membros o Incontinência esfincteriana • Tônico-clônicos o Perda abrupta da consciência o Contração tônica, seguida de clônica nos quatro membros o Apneia, liberação esfincteriana, sialorreia e mordedura da língua o Dura cerca de um minuto • Mioclônicas o Movimento arrítmico nos membros • Espasmos o Contração no tronco, sem afetar os membros CRISES DE INÍCIO DESCONHECIDO Motoras • Tônico-clônicas • Espasmos epilépticos Não-motoras • Crise de ausência • Parada comportamental CRISES EPILÉPTICAS As crises epilépticas podem evoluir desde comprometimento leve até comprometimento intenso. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Eventos com consciência preservada • Distúrbios do movimento Geovana Sanches - TXXIV • Tiques • Distúrbios da atenção • Enxaqueca (a aura dura ao menos cinco minutos) • Vertigem posicional paroxística benigna • Crises de pânico e hiperventilação • AITs com fenômenos negativos (“limb shaking”) • Amnésia global transitória • Surto de esclerose múltipla Eventos durante o sono • Mioclonias fisiológicas do sono • Pesadelos • Terror noturno • Sonambulismo • Narcolepsia-cataplexia • Movimentos periódicos dos membros durante o sono • Distúrbio comportamental do sono REM Eventos com consciência comprometida • Crises não epilépticas psicogênicas • Quadros confusionais agudos • Enxaqueca basilar • Síncope e lipotimia (prova) É de extrema importância que uma crise epiléptica seja diferenciada de umasíncope. Clínica Crise epiléptica Síncope Duração Minutos Segundos Postura Indiferente Em pé Pródromo Sintomas positivos Sintomas negativos Liberação esfincteriana Comum Rara Movimentos involuntários Presentes Raros Pele Rubor, cianose Palidez Mordedura de língua Comum Ausente Pós-ictal Confusão, sonolência Curto EEG Alterado em 50 a 90% dos casos Normal ECG Normal Normal ou alterado EXAMES COMPLEMENTARES Eletroencefalograma (EEG) • Estudo das ondas elétricas cerebrais o Delta: 0,5 a 3 Hz § É a mais lenta § Sono de ondas lentas o Theta: 4 a 7 Hz § Adormecimento o Alpha: 8 a 13 Hz § Relaxamento o Beta: 14 a 30 Hz § Acordado e em atividade o Gama: é a mais rápida, mas não aparece no EEG • De acordo com as situações do dia, temos diferentes tipos de onda no eletro • Na crise epiléptica, ele pode ser anormal Paroxismos epileptiformes • Onda assimétrica (polifásica) que aparece abruptamente no EEG durante ou fora da crise • Frequência intrínseca diferente da atividade de base • Seguida por pós-descarga única de onda lenta • Surgem em área com atividade de base normalmente lenta Crise focal • Apenas um hemisférico é afetado • Alteração em apenas uma porção do EEG Crise generalizada • Os dois hemisférios são afetados simultaneamente • Alteração em todo o eletroencefalograma Geovana Sanches - TXXIV Crise de ausência típica (prova) • Complexo espícula-onda lenta • Frequência 3 Hz • Distribuição generalizada • Eletroencefalograma típico Neuroimagem • Tomografia computadorizada de crânio o Avalia melhor a parte óssea • Ressonância magnética o Permite boa visualização do hipocampo o Podemos encontrar atrofia em pacientes com epilepsia § Não há alteração de memória pois apenas um dos hipocampos encontra- se atrofiado o Esclerose mesial temporal: ocorre em decorrência de crise febril prolongada na infância e pode ser identificada na ressonância • Spect o Injeta-se substância radioativa no paciente durante a crise, a qual marca o local de maior metabolismo (indica o local onde a crise está ocorrendo) Avaliação da primeira crise epiléptica A primeira crise epiléptica pode ser uma crise isolada única ou pode evoluir para epilepsia. A maioria dos indivíduos não tem essa relação direta entre uma primeira crise e a epilepsia. Exames Causas Exames Distúrbios Hidroeletrolíticos Na, Ca, P, Mg Distúrbios metabólicos Glicose, TGO, TGP, Cr, Ur Tóxicos Toxicológico Ácidos-básicos Hipóxia Gasometria arterial Lesão neurológica aguda TC de crânio Neuroinfecção HSA Líquor Medicamentos à Crise sintomática aguda provocada • Analgésicos • Antineoplásicos • Antimicrobianos o Carbapenêmicos o Cefalosporinas de 4ª geração o Isoniazida o Fluoroquinolonas o Penicilinas o Cloroquina o Aciclovir o Amantadina • Hipoglicemiantes • Imunossupressores • Psicotrópicos • Pneumológicos • Psicoestimulantes CLASSIFICAÇÃO ANTIGA DAS EPILEPSIAS A classificação antiga das epilepsias leva em consideração: Geovana Sanches - TXXIV • Resultados encontrados no EEG (eletroencefalograma) o Focal o Generalizada • Achados da ressonância magnética o Alterada (sintomática) o Normal (idiopático) Epilepsia Sintomática Idiopática Focal Esclerose mesial temporal Epilepsia rolândica Generalizada West Lennox- Gastaut Ausência Mioclônica juvenil Esclerose mesial temporal • Epilepsia focal sintomática • Forma mais comum de epilepsia no adulto • História natural o Crise febril complexa na infância § Prolongada e focal § Pode deixar sequela o Morte de neurônios no hipocampo unilateral o Após anos § Crises disperceptivas, espontâneas e recorrentes • Epilepsia de difícil controle Epilepsia rolândica • Epilepsia focal idiopática • Ocorre normalmente pela noite e se inicia na área rolândica • Acometimento principal do lobo frontal o Manifestações motoras • Doença benigna, que costuma melhorar ao longo do tempo • Em geral, não é necessário tratamento Importante O lobo temporal, no indivíduo acordado, é o mais epileptogênico. Entretanto, durante o sono, o lobo frontal assume esse papel, sendo o mais epileptogênico. Síndrome de West e Síndrome de Lennox-Gastaut • Epilepsia generalizada sintomática • Diferenciação o West: surge em lactentes o Lennox-Gastaut: surge na infância e apresenta convulsões diárias • Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor Crise de ausência e Crise Mioclônica juvenil • Epilepsia generalizada idiopática • Acometimento bilateral • Mioclônica juvenil o Mais comum com privação de sono e estímulo luminoso CLASSIFICAÇÃO ATUAL DAS EPILEPSIAS A classificação atual das epilepsias leva em consideração a etiologia, o tipo de crise, o tipo de epilepsia e as comorbidades do paciente. É uma classificação muito mais complexa, utilizada apenas por profissionais especializados em epilepsia. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Mecanismos de ação O mecanismo de ação exato nem sempre é conhecido. Entretanto, os principais são: • Inibição da função dos canais de sódio • Inibição da função dos canais de cálcio • Potencialização da ação do GABA Tipos de fármacos antiepilépticos (FAE) Drogas indutoras • Topiramato • Carbamazepina e oxcarbazepina • Fenitoína e fenobarbital As drogas indutoras diminuem o nível sérico de outros fármacos antiepilépticos. Sendo assim, eles não devem ser usados em associação, pois como diminui o nível do outro fármaco, faz com que ambos não apresentem efeito. Dica: O hINDU não TOma CAFE • Os indutores são o Topiramato o Carbamazepina o Fenitoína / fenobarbital Geovana Sanches - TXXIV Drogas inibidoras • Valproato • Lamotrigina As drogas inibidoras aumentam o nível sérico de outros fármacos antiepilépticos. Sendo assim, o uso combinado deve ser realizado com muita cautela. Importante Quando tratamos o paciente epiléptico com doses corretas e otimizadas e ele não melhora, devemos considerar crises epilépticas psicogênicas associadas. Aproximadamente 50% dos epilépticos apresentam também esse tipo de crise. Drogas de primeira escolha • Crises de início focal o Lamotrigina ou o Carbamazepina • Crises de início generalizado o Valproato ou o Lamotrigina • Primeira crise epiléptica o Situações com alto risco de recorrência (> 60% em 10 anos) – recomendável tratar § Lesão cerebral prévia § EEG com atividade epileptiforme § TC ou RM alterada § Crise noturna o Situações com baixo risco de recorrência – recomendável não tratar § Convulsões febris em crianças de 0,5 a 6 anos de idade § Crises por abstinência ao álcool § Crises metabólicas (sódio, cálcio, magnésio, glicose, oxigênio) § Crises por intoxicações (reações de drogas ou retirada, insuficiência renal) § Síncope convulsiva § Convulsão concussiva aguda § Crises na primeira semana após TCE, infecção ou AVC • Indicação de antiepiléptico profilático para quem nunca teve crise o TCE grave (GCS < 8) § Indicação de intubação o Profilaxia é realizada por cerca de 4 semanas com fenitoína ou levetiracetam Epilepsia e gravidez • Defeitos de fechamento do tubo neural • Não modificar o esquema durante a gravidez o Caso a mulher não esteja grávida, mas apresenta esse desejo, podemos tentar trocar a medicação para o levetiracetam ou lamotrigina • Risco de complicações por uma crise é maior do que pelo fármaco antiepiléptico • Droga mais segura o Levetiracetam • Droga mais perigosa o Valproato o Resulta em 10% de malformações maiores Efeitos colaterais dos principais fármacos Carbamazepina • Indicado para crises focais • Diplopia • Neutropenia • Plaquetopenia • Hiponatremia Fenitoína• Via oral o Ataxia o Hirsutismo o Anemia megaloblástica o Hiperplasia gengival • Via endovenosa: utilizada no estado de mal epiléptico, mas deve ser administrada lentamente o Ataxia o Hipotensão o Arritmias cardíacas (alteração no intervalo QT) • Toxicidade é dose dependente o Síndrome fetal o Pode evoluir para endocardite Lamotrigina • Ataxia • Diplopia • Insônia Geovana Sanches - TXXIV • Irritabilidade • Erupção cutânea • Cefaleia • Prolongamento do intervalo QT o Arritmia cardíaca • Sd. De Stevens Johnson o Acomete 1% dos pacientes Topiramato • Indicado para crises focais e generalizadas • Nefrolitíase • Comprometimento cognitivo • Anorexia • Afasia • Glaucoma agudo • Encefalopatia Oxcarbazepina • Indicado para crises focais • Ataxia • Diplopia • Hiponatremia o Ocorre em 80% dos pacientes Lacosamina • Utilizada em monoterapia para crise focal • Cefaleia • Tontura • Diplopia • Arritmia cardíaca Levetiracetam • Mais seguro para mulheres em idade fértil o Menor teratogenicidade • Cefaleia • Tontura • Fraqueza • Depressão TRATAMENTO CIRÚRGICO • Calosotomia • Lesionectomia • Cortiço-amigdalo-hipocampectomia • Ressecções extratemporais • Mapeamento cerebral por eletrodo cortical • Estimulador vagal Estimulador vagal • Aprovado para tratamento de epilepsia refratária • Diminui o número de crises em 61% dos pacientes e a frequência basal em até 50% • Contraindicações o Arritmias cardíacas o Apneia obstrutiva do sono • Ineficaz em 25% dos casos • Raramente há controle completo das crises (3%) • Pode ser utilizado em crises focais e generalizadas, Lennox-Gastaut • Efeito duradouro: aumenta em 7% em 1 a 5 anos • Melhora do humor TIPOS DE EPILEPSIA MAIS IMPORTANTES Epilepsia de ausência na infância • Idade o 6 a 7 anos • Crises de ausência o Duração entre 5 e 25 segundos • Eletroencefalograma (EEG) o Descargas generalizadas, síncronas o 3Hz • Neuroimagem normal • Tratamento o Ácido valpróico ou o Etossumida o Drogas novas § Lamotrigina § Topiramato • Prognóstico o Remissão na adolescência ou após 2 anos de tratamento Epilepsia mioclônica juvenil • Idade o 13 a 20 anos • Crises mioclônicas ou tônico-clônicas generalizadas ao despertar • Desencadeantes o Privação do sono o Estímulo luminoso • Eletroencefalograma (EEG) o Descargas generalizadas, síncronas o 4,5 Hz • Tratamento o Ácido valpróico • Prognóstico o Uso indefinido de medicação o 90% de chance de voltar se parar a medicação Epilepsia do lobo temporal • Causa mais comum de epilepsia em adulto • Idade o Final da infância e início da adolescência • Crises Geovana Sanches - TXXIV o Crises de início focal com manifestação autonômica o Crises cognitivas (dispercetivas) § Perda do contato § Distonia § Mexe na roupa o Evolução para crise clônico-tônica bilateral • Neuroimagem o Esclerose mesial temporal (hipocampo) • Eletroencefalograma o Descargas unilaterais ou bilaterais temporais • Tratamento o Carbamazepina o Lamotrigina o Novos FAE o Cirurgia (EMT) § Se tratamento refratário § Cortico amigdalo hipocampectomia • Prognóstico o 40%: controle total com FAE o 60%: cirurgia ESTADO DE MAL EPILÉPTICO O estado de mal epiléptico é uma emergência neurológica. Consiste em uma crise prolongada, com duração maior do que 5 minutos; quando supera os 30 minutos, inicia-se a morte de neurônios. É uma condição com risco iminente de lesão e óbito. Epidemiologia • Incidência o 7 a 41 casos / 100 mil o Considerando duração de 30 min • Maior incidência em crianças < 1 ano e idosos > 60 anos • Afeta 10% dos adultos epilépticos e 20% das crianças com epilepsia • Mortalidade: 16% a 40% Classificacão 1. Convulsivo x Não convulsivo o Convulsivo: identificamos abalos; é mais grave o Não convulsivo: não se identificam abalos, mas o EEG está alterado; é de difícil identificação, principalmente em paciente internados 2. Focal x Generalizado 3. Uma crise prolongada x 2 crises sucessivas sem recuperação completa da consciência entre elas o ocorrência de uma crise prolongada é mais comum 4. T1 x T2 o T1: crise prolongada, maior que 5 minutos o T2: risco de complicações graves; maior que 30 minutos 5. Duração o Iminente: 5 minutos o Estabelecido: 30 minutos o Refratário: 60 minutos o Supra-refratário: 24h Principais causas Paciente não epiléptico • AVC • TCE • Neoplasia • Hipóxia / anoxia • Intoxicação exógena • Abstinência a sedativos • Distúrbios hidroeletrolíticos Pacientes epilépticos • Uso irregular da medicação • Troca da medicação • Evolução de epilepsia refratária • Intercorrência clínica o Redução do limiar o Uso de medicamento que corta efeito do FAP • Nova doença em SNC Diagnóstico • Sempre solicitar o eletroencefalograma o Pacientes com crise convulsiva podem evoluir para não convulsiva em decorrência da fadiga muscular o No EEG, identifica-se que ainda há atividade epilepticaforme, apesar de não haver mais movimento Conduta inicial • Sala de emergência o A: via aérea o B: garantir boa ventilação o C: avaliação cardiocirculatória • Monitoramento, acesso venoso e solicitação de exames • Paciente convulsivo: administrar tiamina e glicose para revenção de encefalopatia de Wernick Geovana Sanches - TXXIV Neurocritical Care Society (2012) Até 5 minutos • ABCD • Dextro • Acesso + exames • Benzodiazepínico o Midazolam IM § Efeitos por menor tempo § 0,2 mg/Kg até 10mg o Diazepam EV § 0,15 mg/kg até 10mg o Lorazepam EV § Não disponível no Brasil Entre 5 e 20 minutos • Fenitoína 20 mg/kg o Infusão lenta 50mg/min • Outras opções: valproato, fenobarbital, levetiracetam, midazolam Entre 20 e 40 minutos • Sedação contínua para pacientes sem melhora o Midazolam o Pentobarbital o Propofol o Tiopental Entre 40 e 60 minutos • Sedação contínua para pacientes sem melhora o Midazolam o Pentobarbital o Propofol o Tiopental American Epilepsy Society (2016) Até 5 minutos • ABCD • Dextro • Acesso + exames § Entre 5 e 20 minutos • Benzodiazepínico o Lorazepam EV o Midazolam IM o Diazepam EV § 0,15 a 0,20 mg/kg/dose § Máximo de 10mg Entre 20 e 40 minutos • Segunda droga o Fenitoína EV o Valproato EV o Levetiracetam EV o Fenobarbital Entre 40 e 60 minutos • Repetir 2ª droga ou realizar sedação contínua com tiopental, midazolam, pentobarbital ou propofol • Monitorização por EEG Na prática 1. ABCD + Exames 2. Benzodiazepínico 3. Se não houver melhora o Fenitoína 20mg/kg o Fenobarbital 4. Ainda sem resposta o Sedação contínua Necessidade de IOT • Sedação o Midazolam o Etomidato o Propofol • Bloqueador neuromuscular o Succinilcolina (duração de 4 a 6 minutos) Eletrocencalograma • Padrão surto-supressão: ausência de atividade elétrica seguida por surtos de atividade elétrica • Alvo da sedação o Quando atingido, deixar o paciente com essa dose de medicação por 48h, iniciando o desmame • Utilizado para casos refratários Eficácia das medicações Até 2014, o valproato era visto como a melhor medicação, sendo o fenobarbital com eficácia semelhante. Estudos de 2019, entretanto, verificaram que o valproato, levetiracetam e fosfonitoína apresentam a mesma eficácia, resultando em melhora de 50% dos pacientes. Complicações Respiratórias • Hipóxia e hipercapnia o Hipoventilação o Restrição da movimentação torácica (espasmo muscular) • Hipermetabolismo o Aumento do consumo de O2 o Aumento da produção de CO2 Geovana Sanches - TXXIV • Dificuldade em eliminar secreções • Edema pulmonar neurogênico Hemodinâmicas • Hiperestimulacao simpática • Liberação autonômica massiva de catecolaminas • Hipertensão • Taquicardia • Aumento de PVC o Exaustãoà hipotensão à hipoperfusão Fluxo sanguíneo cerebral • É reduzido devido a queda da PA • Fase hiperdinâmica o Fluxo sanguíneo cerebral cobre as necessidades de O2 • Exaustão o Fluxo sanguíneo cerebral diminui à medida que se instala hipotensão o Exaustão dos mecanismos de autorregulação o Início da lesão cerebral Metabolismo da glicose Há hiperglicemia na fase hiperdinâmica, seguido de exaustão com desenvolvimento de hipoglicemia – na presença de hipóxia, a hipoglicemia é precoce. 1. Hiperglicemia 2. Hipóxia 3. Queda nos níveis de glicose (maior consumo) 4. Início de metabolismo anaeróbio 5. Hipoglicemia 6. Lesão cerebral Complicações renais • Rabdomiólise • Hipercalcemia • Acidose metabólica Complicações cardíacas • ICC • Arritmias • Hipotensão Fatores de mau prognóstico • Idosos • Estado de mal epiléptico prolongado • EME não convulsivo após EME convulsivo • Sexo feminino • Presença de comorbidades Mortalidade e sequelas • Mortalidade em adultos com GCSE o 16 a 20% o EME refratário: 35 a 60% • Mortalidade de EME após anóxia: 69 a 81% • Rico de recorrência: 40% • Sequelas neurológicas: 10 a 50% dos sobreviventes