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SER TERAPEUTA SISTÊMICO DE CASAL Profª. Anchielle Silva Quando se decide ser terapeuta de casal existe no mínimo um questionamento a ser feito: Para atender casais, quais são as habilidades que devemos desenvolver como terapeutas? Terapeuta é gente que lida com gente. Percepção das condições próprias (como terapeuta) para lidar com o caso e percepção das condições do seu cliente para efetuar as mudanças. Avaliação dos riscos ( próprio e do cliente); O terapeuta deve saber que gente precisa de limites ( postura firme) e também tem seus limites ( temporários ou permanentes). E o cliente deve saber que terapeuta e terapia também tem seus limites (não tem soluções mágicas); e que tem regras básicas para o trabalho acontecer (contrato terapêutico). O terapeuta precisa lembrar que o ser humano é ambivalente; deve perceber as diferenças entre PRECISAR E DESEJAR; entre desejo de mudança e inércia (característica humana). Trabalhar com as expectativas (próprias e as do cliente) evitando frustrações e desistências (responsabilidade compartilhada). Saber que o processo evolutivo é cheio de recaídas Antes de descobrir os "porquês", tenta entender o "para quê". Qual a finalidade deste sintoma e/ou do membro sintomático neste sistema. O terapeuta sistêmico entende que o que sintoma é um mal menor, para não lidar com um mal maior. O sintoma é o para quê (tem a função de encobrir um mal maior). O terapeuta deve lembrar que é o diretor da cena terapêutica A postura do terapeuta é muito importante, porque senão o consultório poderá torna-se uma repetição das cenas domesticas do casal. Assim o terapeuta deve ter o cuidado de ser ativo para não se tornar cumplice de ambiguidade não esclarecedores, reforçadoras de resistências. Função Inicial: “Entrosador & Negociador” O psicoterapeuta deve ajudar as partes do casal a perceberem melhor “ seu espelho” e tudo que está refletido através dessa relação de casal. Oliveira ( 2014) A questão é ! Criar repertório clínico ou habilidades suficientes para lidar com elas. Como você imagina uma sessão de Casal ? Discussões? Falta de Diálogo? Disputa? Relação de Poder? Raiva? Necessidade de controle? Insegurança ? Em geral os casais chegam “perdidos” em seus “encontros”. O psicoterapeuta servirá de facilitador no entrosamento do casal, nas suas diferenças e semelhanças. “Entrosar” Engrenar, dispor ou ordenar bem ( coisas complicadas) “NEGOCIAR” Processo em que duas ou mais partes, com interesses comuns e antagônicos, se reúnem para confrontar, debater e discutir propostas explicitas, com objetivo de alcançarem um acordo. “Negociar requer tempo e paciência e não exclui desacordo e oposições”. MITO 1: Não Deve Ter Brigas Nem Desentendimentos! Os contos de fada e os filmes românticos acabam onde a vida começa. Neles, não há brigas, desacordos, nem desentendimentos. Tampouco existem toalhas molhadas no chão, pratos sujos, contas a pagar e egos. Descontruir MITOS! É absolutamente impossível que dois seres humanos em processo de humanização vivam juntos e não briguem. “...Nem uma relação saudável ( e não perfeita), as brigas tem seu espaço...” Os desentendimentos são discutidos e a raiva expressada. MITO 1: Não Deve Ter Brigas Nem Desentendimentos! Além da inexistência das brigas, as pessoas pensam que num casamento feliz tudo é perfeito! “...quando um quiser falar , o outro sempre estará disposto a ouvir; quando um estiver carente, o outro dará colo; haverá consideração com outro em todos os momentos.... Estamos falando de uma relação amorosa entre seres humanos, Certo? Ninguém é legal, atencioso e disponível o tempo todo. MITO 2 - Tudo é Perfeito! MITO 3- SEMPRE ROLA ‘TESÃO’ Esse é um mito que apavora homens e mulheres. No entanto, é normal que haja períodos ( dias, semanas, e até mesmo meses) durante os quais a libido de um dos dois, ou de ambos, esteja baixa . “ O sexo tem seus ciclos naturais” Estresse/questões emocionais e físicas MITO 4- É PRECISO PASSAR TODO O TEMPO POSSIVEL JUNTOS Ficar um tempo longe ( seja algumas horas ou alguns dias) é saudável ao casal. O distanciamento em equilíbrio renova a relação, faz lembrar os porquês e para quês de ter casado com tal pessoa. MITO 5- CASOS EXTRACONJUGAIS SÃO A PRIMEIRA CAUSA DE DIVÓRCIO Na verdade 80 % do homens e mulheres divorciados disseram que seus casamentos terminaram porque foram se afastando aos poucos e perderam a intimidade. OLIVEIRA (2014) MITO 6 – HOMENS Traem MAIS QUE AS MULHERES A frequência de casos extraconjugais não depende tanto de gênero quanto da oportunidade e desejo. MITO 7- OS Homens São de Marte, as Mulheres São de Vênus As diferenças de gênero podem contribuir, mas não são, unicamente, as causas dos problemas conjugais. TRABALHANDO COM CASAIS É importante entender que trabalhamos com uma abordagem contextual. Aprendemos que o comportamento de cada indivíduo e, portanto, de cada casal é formado e mantido por eventos ambientais singulares. Assim, quando recebemos o casal pela primeira em nosso consultório, devemos investigar padrões comportamentais advindos dessa díade como sendo únicos e frutos dessa interação. Indicações e restrições à terapia de casal Segundo Cordioli (1998, p.31), merecem ser consideradas indicações para terapia de casal: - Conflitos importantes nas relações interpessoais, que se agravam com o tempo; - Padrões de interação destrutiva, que podem levar á violência ou á quebra da relação; - Dificuldade na intimidade, envolvendo a comunicação de afetos e sentimentos, companheirismo, planejamento da vida em comum, troca de papéis. Indicações e restrições à terapia de casal Disfunções que surgem em função de mudanças de um dos parceiros: mudanças profissionais (ascensão, perda de emprego), mudança de características de personalidade pelo próprio crescimento pessoal ou em consequência de terapia; Disfunções sexuais. Demandas Na época atual, a possiblidade de uma psicoterapia de casal vir a ser útil para a superação dos conflitos conjugais ou mesmo para que se prepare uma “boa separação, um “bom divorcio”, tornou-se publicamente reconhecida. Demandas Muitos pares tomam a iniciativa espontaneamente, sem que esta tenha sido sugerido por alguém. Torna-se, inclusive, cada vez mais frequente que esse passo seja dado muito antes da convivência diária, ainda durante o período do namoro. Anton ( 2016) Encaminhamentos Muitas vezes a sugestão é apresentada por amigos íntimos; Médicos, que associam os sintomas e as patologias; Por psicoterapeutas individuais, que percebem quão intensamente o vínculo entre os parceiros está interferindo na vida e, inclusive no tratamento de seu paciente; Por psicoterapeuta de crianças, que observam quantos as dificuldades, as difusões ou até as patologias infantis estão alicerçadas em problemas dos pais, enquanto casal. Mas a indicação para terapia de casal não é tudo. Decisivo é o desejo, é o interesse em se tratarem. Facilmente, ambos enxergam, na possibilidade de terapia, uma bela oportunidade de se queixarem, de provarem o quanto seu parceiro deixa a desejar e de encontrarem no terapeuta um aliado capaz e reformar o cônjuge em questão. Restrições Cordioli (1998) ainda enumera um serie de contraindicações para a terapia de casal, entre as quais podemos salientar: Situações nas quais um ou ambos os cônjuges não podem ser honestos, mentem têm segredos; Quando um dos cônjuges tem transtorno grave; Quando a individuação de um ou mais membros ficaria comprometida caso a terapia fosse levada adiante. Principalmente em casos comprovados de violências. A resistência O terapeuta tem que ter uma boa margem de tolerância a frustações, suportando as resistências inicias apresentadas pelos pacientes e tentando compreender suas razões. Resistência tem que ser levadas a serio, não simplesmente como algo incômodo, que atrapalhar o andamento do processo terapêutico, mas como elementos que dele participam e queconstituem, por si só, boa parte de material clinico a ser selecionado, examinado e devidamente tratado. O Terapeuta sistêmico entende que ser humano é ser de relação e pode estar vivenciando ao menos dois tipos de interações: 1. Interação Viva: pessoas interagindo com vivacidade, trocas, oxigenada. 2. Interação combativa ou tóxica: o que prevalece é a disputa de poder - superior/inferior; busca de ter razão. Quando o casal vem a terapia, vem embutido um pedido ao terapeuta de ajuda para converter o outro em alguém diferente do que é! Observar a Realidade O terapeuta deve estar atento ao: Ciclo de vida do casal; Rede de apoio do casal ( família e amigos e como lida?); Se estão ligados a diferentes grupos ( religiosos); Quando ocorreu o casamento e em que circunstâncias ( antes ou depois de um gravidez, idade, interferência da família, etc.) Fronteiras; Triangulações Entender a questão geracional ( historia familiar de ambos); Entender os acontecimentos diários do casal (quem faz o que? E como faz?) Compreender os rituais; Papeis e funções Como cada um aprendeu modo de ser e relacionar-se. Entender o discurso do casal Linguagem não verbal: No casal, ás vezes, apenas um participante fala. O outro se exprime por sinais sonoros e/ ou gestuais. Linguagem verbal: Quem fala; como falam? Ciclo de vida do casal 1º Período de Galanteio : formas de escolha e aproximação do parceiro/a escolhido/a. O período natural para estabelecer a eleição de uma parceria. Fatores de risco: ansiedade sobre a relação ( será que e o que eu quero, sera que dará certo? É pra casar? Observação execissa sobre o outro) Ciclo de vida do casal 2 ºCasamento/ coabitação: Geralmente saída da casa do pais e da tutela desses. Busca de individuação da família de origem. Período de acomodação e criação de um novo sistema. Ciclo de vida do casal 3º Nascimento dos filhos: Toda entrada e saída de alguém no sistema familiar altera a homeostase do circuito. A criação de triângulos e a provável tendência de quebra de harmonia das identidades do casal podem ocorrer após o nascimento do 1º filho. Mas o período mais natura de ocorrência de crises é a partir da escolaridade dos filhos. Pode haver transferencia do sintoma do subsistema casal, no subsistema filhos. Ciclo de vida do casal 4º Período intermediário: Necessidade de uma constante revisão da ligação conjugal. Nesse sentido geralmente aprofundamento e ampliação da relação conjugal. Uma tática comum de estabilização é a comunicação do casal através dos filhos. Ciclo de vida do casal 5º Desmane dos filhos: Habitualmente a relação do casal entra em turbulência se os mesmo exercitaram apenas a parentalidade, pois agora se veem distante entre si. Nada tem a dizer e a compartilhar. Por vezes é comum os filhos apresentarem disfunções de conduta para manter o casal unido e ocupado. Ciclo de vida do casal 6º Saída da vida ativa e entrada na velhice: Novo sentido a vida. Sintomas relacionais e mais físicos. Aposentadoria e mais vivencias com os netos. Declínio sexual; A morte. Geralmente chegam muito infelizes, como muitos ressentimentos, expectativas frustradas e com muita dificuldade de dividirem a responsabilidade pelo relacionamento. E o maior problema advém da falta de diálogo ou do comprometimento desta. Recursos para conhecer a historia do casal Fotografias da família e do casal; Primeiro encontro, sensação, primeiro beijo ; Reação com as famílias de origem de esposo/a Relação com a diversão; Relação com o dinheiro e planos para o futuro.
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