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Ebook completo_Manejo de Bacias Hidrográficas_SER_V2( versão digital)

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Prévia do material em texto

M
AN
EJO
 D
E BACIAS H
ID
RO
G
RÁFICAS
Autor:
José Stroessner
MANEJO DE BACIAS 
HIDROGRÁFICAS
Manejo de Bacias 
Hidrográficas 
© by Ser Educacional
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro 
tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia 
autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional.
Imagens e Ícones: ©Shutterstock, ©Freepik, ©Unsplash.
Diretor de EAD: Enzo Moreira.
Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato.
Coordenadora de projetos EAD: Jennifer dos Santos Sousa.
Equipe de Designers Instrucionais: Gabriela Falcão; José Carlos Mello; Lara 
Salviano; Leide Rúbia; Márcia Gouveia; Mariana Fernandes; Mônica Oliveira 
e Talita Bruto.
Equipe de Revisores: Camila Taís da Silva; Isis de Paula Oliveira; José Felipe 
Soares; Nomager Fabiolo Nunes.
Equipe de Designers gráficos: Bruna Helena Ferreira; Danielle Almeida; 
Jonas Fragoso; Lucas Amaral, Sabrina Guimarães, Sérgio Ramos e Rafael 
Carvalho.
Ilustrador: João Henrique Martins.
Stroessner, José.
Manejo de Bacias Hidrográficas:
Recife: Grupo Ser Educacional - 2022.
110 p.: pdf
ISBN: 978-65-81507-62-6
1. Bacias 2. Água 3. Rio.
Grupo Ser Educacional
Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro
CEP: 50100-160, Recife - PE
PABX: (81) 3413-4611
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
Iconografia
Estes ícones irão aparecer ao longo de sua leitura:
ACESSE
Links que 
complementam o 
contéudo.
OBJETIVO
Descrição do conteúdo 
abordado.
IMPORTANTE
Informações importantes 
que merecem atenção.
OBSERVAÇÃO
Nota sobre uma 
informação.
PALAVRAS DO 
PROFESSOR/AUTOR
Nota pessoal e particular 
do autor.
PODCAST
Recomendação de 
podcasts.
REFLITA
Convite a reflexão sobre 
um determinado texto.
RESUMINDO
Um resumo sobre o que 
foi visto no conteúdo.
SAIBA MAIS
Informações extras sobre 
o conteúdo.
SINTETIZANDO
Uma síntese sobre o 
conteúdo estudado.
VOCÊ SABIA?
Informações 
complementares.
ASSISTA
Recomendação de vídeos 
e videoaulas.
ATENÇÃO
Informações importantes 
que merecem maior 
atenção.
CURIOSIDADES
Informações 
interessantes e 
relevantes.
CONTEXTUALIZANDO
Contextualização sobre o 
tema abordado.
DEFINIÇÃO
Definição sobre o tema 
abordado.
DICA
Dicas interessantes sobre 
o tema abordado.
EXEMPLIFICANDO
Exemplos e explicações 
para melhor absorção do 
tema.
EXEMPLO
Exemplos sobre o tema 
abordado.
FIQUE DE OLHO
Informações que 
merecem relevância.
SUMÁRIO
UNIDADE 1
A água e seus recursos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 11
A origem e a composição da água na Terra � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 11
Distribuição da água no planeta� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 13
Histórico da utilização dos recursos hídricos pela humanidade � � 18
UNIDADE 2
A dinâmica da água no relevo terrestre � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 25
Intemperismo e erosão � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 25
Estudos de hidrogeomorfologia � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 32
Classificação dos rios quanto aos cursos de água � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �33
Classificação dos rios quanto aos tipos de canais fluviais � � � � � � � � � � � 35
Os rios retilíneos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 36
Os rios meandrantes � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 37
Os rios anastomosados � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 38
Os rios entrelaçados � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 39
Classificação dos rios quanto aos tipos de drenagem � � � � � � � � � � � � � � � 40
UNIDADE 3
Estudo das características morfométricas das bacias hidrográficas
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �45
Padrões de drenagem � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 48
Relação de bifurcação � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 50
Densidade de drenagem � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 52
Gradientes dos canais � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 54
Índice de compacidade e Fator Forma � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 55
O ciclo hidrológico nas baciashidrográficas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 57
Características das precipitações pluviométricas, Interceptação e 
escoamento nas redes de drenagem � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 58
UNIDADE 4
Gestão de bacias hidrográficas: enchentes urbanas � � � � � � � � � � � � 69
Regiões Hidrográficas do Brasil � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 69
Estudo de hidrogramas e as intervenções antrópicas � � � � � � � � � � � � � � �71
As precipitações e suas características � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 72
Características fisiográficas da bacia � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 74
Tipos de solos e o uso e ocupação � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 74
Intervenções no rio � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 78
Enchentes e inundações em áreas urbanas � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 79
Gestão de bacias hidrográficas: enquadramento e outorga do uso 
da água � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 89
Parâmetros de qualidade da água e sua outorga � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 90
Poluição dos corpos hídricos e o tratamento � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 94
Fontes poluidoras quanto à distribuição espacial das águas superficiais
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 95
Apresentação
Olá, prezado (a) aluno (a), tudo bem com você? Seja bem-vindo (a) 
à disciplina Manejo de Bacias Hidrográficas.
O que significa Manejo de Bacias Hidrográficas?
Neste conteúdo, você entenderá os conceitos básicos desse 
tema, e como ele está interligado no nosso dia a dia, mesmo que 
você more em centros urbanos.
Começaremos tratando sobre algumas teorias a respeito do 
surgimento da água em nosso planeta, e de que ela não se encontra 
apenas no planeta Terra, mas também em outros corpos celestes no 
nosso Sistema Solar. Entenderemos que, apesar de Terra ter 70% 
de sua superfície coberta por água, nas terras emersas ela não está 
bem distribuída, dificultando a vida de muitas pessoas. Veremos 
também a história da relação da água com os seres humanos até os 
dias atuais.
No próximo conteúdo, entenderemos como a água pode in-
fluenciar na modelagem do relevo terrestre através dos processos 
de intemperismo e erosão. Aprenderemos as várias classificações 
que os cursos de água podem receber e relacionaremos essas classi-
ficações ao aporte sedimentar dos rios.
No terceiro material de estudo, trataremos sobre o ciclo da 
água e seus caminhos até a sua chegada aos rios, como: a precipi-
tação, a captação, a infiltração e o escoamento superficial. Anali-
saremos como o estudo dos aspectos fisiográficos de uma Bacia 
Hidrográfica pode contribuir para a sua melhor gestão, em ambien-
te natural ou antropizado.
Por fim, estudaremos os índices de qualidade da água e de 
como vários fatores de origem, principalmente de origem antrópi-
ca, podem influenciar na sua composição química e física, impos-
sibilitando seu uso. Também veremos o sistema de outorga de uso 
de águae programas de monitoramento da qualidade dos corpos 
líquidos.
Autoria
José Stroessner
Olá, sou o professor José Stroessner; sou Bacharel e Licenciado em 
Geografia, Especialista em Educação Ambiental e Mestre em Geo-
ciências pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Traba-
lho com educação há mais de dez anos, com campo de atuação que 
vai de cursos técnicos de Meio Ambiente e Edificações até cursos su-
periores de Geografia, Engenharia Civil, Gestão Ambiental e Arqui-
tetura e Urbanismo. Também participo, nos momentos vagos, em 
trabalhos de consultoria em meio ambiente. 
Currículo Lattes
UN
ID
AD
E
1
Objetivos
1. Aprender a origem e a composição da água na Terra.
2. Entender os vários ambientes em que a água se encontra e 
como eles se comunicam pelo ciclo hidrológico.
3. Compreender como se dá a distribuição espacial da água na 
Terra.
4. Estudar a história da relação homem x água.
10
Introdução
Olá, a partir de agora você conhecerá o seguinte conteúdo: a água - 
origem, distribuição e relação histórica com a humanidade.
Na primeira parte, você irá descobrir que a água não existe 
unicamente no nosso planeta e conhecerá algumas teorias de como 
ela surgiu na Terra. Você aprenderá, ainda, os vários ambientes em 
que a água se encontra, o tempo de renovação dela nesses ambien-
tes e de como eles se interligam pelo ciclo hidrológico. Entenda que, 
apesar de a Terra ser coberta por ¾ de água, não há uma distribui-
ção homogênea do recurso, o que causa desafios.
Já na segunda parte, você conhecerá como o ser humano de-
senvolveu sua relação com a água, partindo desde aspectos abstratos 
até processos físicos. Acompanhe de forma cronológica a interação 
da sociedade com os recursos hídricos e sua saga para entendê-los 
e dominá-los, e que nem sempre esse entendimento e domínio do 
recurso foi sustentável.
11
A água e seus recursos
A origem e a composição da água na Terra
O planeta Terra se formou há aproximadamente 4,5 bilhões de 
anos. Durante todo esse período, vários acontecimentos mudaram 
a configuração do planeta, como: choque com um planeta menor e 
formação da lua, formação do campo magnético, solidificação da 
crosta, choques de meteoros, formação da atmosfera e surgimento 
da água.
A composição química da água é de dois átomos de Hidrogênio 
para um átomo de Oxigênio, formando a molécula H2O; ela é inco-
lor, insípida e inodora. A água pode ser encontrada em três estados 
da matéria: sólido, líquido e gasoso. Para a maioria dos cientistas, 
ela é essencial para que haja vida em qualquer lugar no universo, 
quando aliada a outros fatores que fogem ao escopo deste material.
A água (H2O) é uma substância que não existe só na Terra; 
pesquisas recentes provaram que Marte (nosso vizinho vermelho) 
possui água em estado sólido, e que um dos satélites naturais de 
Júpiter, Europa, possui um extenso oceano líquido abaixo da cama-
da de gelo que rodeia o satélite.
Então fica o questionamento: como surgiu a água na Terra?
A resposta é a seguinte: o surgimento da água no nosso pla-
neta ainda é um assunto estudado, porém teorias mais aceitas o 
relacionam ao período de acreção de matéria ao planeta oriundo de 
choques de asteroides que possuíam em sua composição água. Isso 
não quer dizer que após o planeta ter atingido a sua massa atual 
não tenha acontecido bombardeios de asteroides com água, não 
é verdade?
Uma das razões para se acreditar nessa teoria é a composi-
ção da água na Terra. Ela possui o Deutério (D), conhecido como 
Hidrogênio pesado (possui massa 2 em vez do 1, característica esta 
do Hidrogênio), formando a água HDO. Essa água é encontrada nos 
asteroides (TEIXEIRA et. al, 2009).
12
Estudos mais recentes indicam que a relação de D/H (Deuté-
rio por Hidrogênio) nos oceanos é de 150 partes por milhão (ppm), 
que é semelhante à encontrada nos asteroides: 140 partes por mi-
lhão (ppm).
Figura 01 - Asteroide (como cometa) com água em sua composição
Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2016/06/24/11/20/
asteroid-1477065_960_720.jpg
Os asteroides são corpos celestes rochosos (menores que os pla-
netas) que se encontram em órbita no nosso Sistema Solar. Eles se 
concentram em uma região denominada Cinturão de Asteroides en-
tre Marte e Júpiter. Quando um desses asteroides se choca com um 
planeta, o chamamos de meteoro (quando destruídos na atmosfera) 
ou meteorito (quando se chocam na superfície).
VOCÊ SABIA?
13
Distribuição da água no planeta
A Terra atualmente tem ¾ de sua superfície coberta de água, e foi 
na hidrosfera que surgiram as primeiras condições para que a vida 
florescesse. Apesar de sua importância, a água não é distribuída 
uniformemente no planeta, existindo locais em que ela se encontra 
em abundância e outros em que se encontra escassamente. 
A água não permanece para sempre em um mesmo ambien-
te (reservatório), de tempos em tempos ela muda de local, e uma 
das razões para isso acontecer é o ciclo hidrológico (ciclo da água). 
O ciclo da água é o movimento que a água faz em nosso planeta, 
através do qual ela se evapora e se precipita constantemente. Exis-
te a possibilidade de essa água se tornar sólida, isso acontece em 
ambientes gelados como os topos de altas montanhas e nas regiões 
de altas latitudes.
Apesar do ciclo hidrológico ter em seu nome “ciclo”, que 
significa algo cíclico, fechado, o planeta perde e ganha água desde 
os períodos mais remotos; mesmo assim a quantidade de água no 
planeta se mantém estável. De acordo com Sperling (2006), a Terra 
possui 1,4585102 bilhão de km³ de água, sendo 1,370125 bilhão de 
km³ de água salgada oceânica e 0,0883852 bilhão de km³ de água 
doce mais a água oriunda de lagos salgados.
Quadro 1 - Distribuição por reservatórios da água no planeta.
Local Volume (km³) Percentual do total (%)
Oceanos 1370000 97,61
Calotas polares e 
geleiras
29000 2,08
Água subterrânea 4000 0,29
Água doce de lagos 125 0,009
Água salgada de lagos 104 0,008
Água misturada no 
solo
67 0,005
14
Vapor de água na 
atmosfera
14 0,0009
Rios 1,2 0,00009
Fonte: adaptada de WETZEL, (2003)
Outra forma de mensurar a distribuição da água no planeta é 
pela proporção (em porcentagem) das águas salgadas e doces, como 
na figura abaixo:
Figura 2 - Distribuição da água no planeta (Sabesp)
Fonte: https://www.crq4.org.br/sms/files/file/artigo_gugliotti_agua.jpg
Durante todo ciclo hidrológico, as águas dos diferentes am-
bientes da Terra mudam de local, evaporam, condensam e preci-
pitam. As precipitações podem ser em forma líquida e sólida, e ao 
chegar à superfície podem escoar como cursos de água (escoamento 
superficial), alimentando lagos e rios, e se infiltrando no solo, o que 
dá origem aos aquíferos.
As reservas sólidas da água encontrada nos topos das altas 
montanhas e nas regiões de alta latitude é onde se encontra a maior 
15
quantidade de água doce no mundo. Cada uma das reservas de água 
no planeta possui um tempo específico de renovação, o vapor de 
água encontrado na atmosfera, por exemplo, se renova em aproxi-
madamente oito dias, enquanto o reservatório de água encontrado 
em solos congelados leva dez mil anos para ser renovado.
Quadro 2 - Período de renovação da água em diferentes reservatórios na Terra
Reservatórios Período médio de renovação
Oceanos 2 500 anos
Água subterrâneo 1 400 anos
Umidade do solo 1 ano
Áreas permanentemente geladas 9 700 anos
Geleiras em montanhas 1 600 anos
Solos congelados 10 000 anos
Lagos 17 anos
Pântanos 5 anos
Rios 16 dias
Biomassa algumas horas
Vapor d’água na atmosfera 8 dias
Fonte: Shiklomanov, (1997).
Um assunto bastante notificado atualmente é em relação à 
distribuição da água por continentes, países e regiões, e sua relação 
com as necessidades de uma população; consequentemente, é um 
tema de estudo muito importante, porque associa fatores naturais e 
antrópicos (humanos). O estresse hídrico, também chamado de es-
cassez hídrica, é quando a oferta de água disponível em um espaço 
geográfico é menor que a demanda,gerando com isso um déficit de 
água para a população. Como informado anteriormente, a água não 
está distribuída de forma homogênea, e isso afeta tanto o meio na-
tural quanto o antrópico.
16
Se for pensado no tocante ao nível socioeconômico, a escas-
sez hídrica pode afetar a qualidade de vida de uma região, o IDH (ín-
dice de desenvolvimento humano). As pessoas não terão acesso à 
quantidade e à qualidade suficientes de água, primeiro porque não 
tem quantidade suficiente e segundo porque a que água disponível 
quase nunca é de boa qualidade. Outra questão é que os setores pri-
mário e secundário (agropecuário e industrial) não se desenvolvem 
ou até mesmo nem se instalam em regiões com insuficiência de 
água, acarretando problemas para o crescimento e desenvolvimen-
to econômicos da área.
Quadro 3 - Patamares específicos de estresse hídrico.
Volume disponível per capita 
m³/hab.ano
Situação
> 1 700
Somente ocasionalmente tenderá a 
sofrer problemas de falta d’água.
1 000 - 1 700
O estresse hídrico é períodico e 
regular.
500 - 1 000
A região está sob o regime de crôni-
ca escassez de água;
Nesses níveis, a limitação na dispo-
nibilidade começa a afetar o desen-
volvimento econômico, o bem estar 
e a saúde.
< 500
Considera-se que a situação cor-
responde a escassez absoluta.
Fonte: Beekman, (1999).
O Brasil possui 12% da água doce acessível no mundo, e de 
acordo com Rebouças (2003), o país é detentor de uma vasta e den-
sa rede de drenagem que não seca em 90% do território, e isso dá 
a falsa impressão de que o país não sofre com problema de escas-
sez hídrica. Seguindo a ideia do mesmo autor, nem mesmo a Região 
Norte, que possui mais da metade da quantidade de água doce no 
país, escapa de problemas de escassez hídrica, lembrando que não é 
apenas uma questão natural e sim também de gestão pública.
17
No mapa a seguir, que dispõe relação da população em con-
traste com a disponibilidade de água, nota-se que a Região Norte 
detém 68% da água doce disponível, mas que possui 8,6% da po-
pulação total do país, enquanto a Região Sudeste detém 6% da água 
doce e possui 41,9% da população nacional, mostrando uma dis-
paridade entre oferta e demanda do recurso. Mas isso não se pode 
analisar apenas parcialmente, pois o Norte tem áreas com escas-
sez hídrica e o Sudeste tem áreas que não apresentam problemas 
de escassez hídrica, indicando que uma boa gestão das águas se faz 
essencial para o gerenciamento de tais situações.
Figura 3 - Relação da população x disponibilidade de água (Agência Nacional das 
Águas)
Fonte: ANA, (2017).
O Brasil vem passando nos últimos anos por problemas de 
escassez hídrica que vêm afetando a geração de energia, produção 
de alimentos e desenvolvimento das indústrias. Segundo o WRI 
Brasil (dados de 2019), o Nordeste, que já é uma região conhecida 
pela pouca água disponível, enfrentou cinco anos de seca extrema, 
18
ficando com um nível de crise hídrica semelhante aos dos países do 
Oriente Médio. No Sudeste, nos stados de São Paulo e do Rio de 
Janeiro, chegou a faltar água nas principais cidades entre 2014 e 
2015, o que causou um grande apelo jornalístico em nível nacional.
Histórico da utilização dos recursos 
hídricos pela humanidade
Os seres humanos, como qualquer outro ser vivo, sempre depende-
ram da água para a sua sobrevivência, e apesar de sua importância, 
no decorrer da história a relação do homem com a água oscilou en-
tre a adoração e o desprezo.
O homem, como ser social e racional, tende a dar significados 
a tudo que o rodeia, e com isso estabelece regras e condutas. Para 
algumas culturas, a água possui um significado de purificação e de 
cura, vide as crenças judaico-cristãs com o batismo e a hindú com 
os banhos tomados nos rios sagrados; em ambos os casos, a água 
tem um significado espiritual.
De acordo com Chevalier e Gheerbrant (1988), a simbologia 
da água desde sempre esteve presente em todas as culturas como 
símbolo mágico, de purificação e centro da regeneração. Vale a pena 
também conhecermos o que diz Bachelard sobre nosso vínculo com 
esse recurso tão importante para a vida:
A água, esse líquido universal submetido às leis 
do inconsciente, sugere um líquido orgânico. 
A água extraordinária, a água que surpreende 
o viajante, as aventuras que querem geográ-
ficas. Se ela é matéria fundamental para o in-
consciente, então deve comandar a terra. É o 
sangue da Terra. A vida da Terra. É a água que 
vai arrastar toda a paisagem para o seu pró-
prio destino. Em particular, uma determinada 
água, um determinado vale (...) A inquieta-
ção mais cedo ou mais tarde, deve surpreen-
der-nos no vale. O vale acumula as águas e as 
19
preocupações, uma água subterrânea o escava 
e o trabalha. (BACHELARD, p. 202, 1998).
Sabemos que desde os primórdios da civilização a humani-
dade preferiu estabelecer suas comunidades e cidades perto dos rios 
e no litoral, devido às facilidades para se conseguir e produzir ali-
mentos, bem como pelas rotas de comércio. Entender e dominar a 
relação da água na natureza sempre foi um objetivo, tanto que, com 
o passar do tempo, as civilizações (grega, mesopotâmica e egípcia) 
adquiriram as técnicas da irrigação, dos diques e da canalização, e 
essas técnicas são consideradas como as fundadoras da hidráulica 
(DECROSSE, 1990, apud RESENDE, HELLER, 2002).
Uma outra civilização que desenvolveu o controle dos recur-
sos hídricos foram os Persas (2000 a.C), que viviam na região que 
hoje engloba o Irã. Eles utilizaram técnicas construtivas, canais de 
irrigação, cisternas, galerias, poços e aquedutos, porém já se tinha 
relatos de poluição causada por essas ações, o que resultava em pu-
nição; tanto que no livro Zenda Vesta se fala sobre cuidados de saúde 
e higiene ao se manejar a água (ROCHA, 2018).
Azevedo Netto (1984) cita que registros da preocupação com 
a qualidade da água vêm de muito mais tempo; remontam, aproxi-
madamente, a 3750 a.C, quando existiam em Nippur (Índia) galerias 
de esgotos, quer dizer, saneamento, assim como quando os Egípcios 
(2000 a.C.) possuíam o processo de clarificação da água (por sul-
fato de alumínio), e também outras técnicas de purificação, como 
a exposição ao sol, fervuras, filtração por carvão e por sedimentos 
(areias e cascalhos), porém a população em geral não associavam a 
falta de saneamento a doenças, e sim a castigos divinos, diferente 
dos faraós, que já entendiam a correlação.
Na Mesopotânia (1600 a.C) no Código de Hamurabi existiam 
artigos (48, e do 53 ao 56) que estabeleciam regras de condutas a fa-
tores relacionados à água. O 48 liberava os agricultores da obrigação 
de pagamento das dívidas aos seus credores, caso tivessem prejuízo 
em sua produção devido a um evento de seca. E os artigos 53, 54, 55 
e 56 tratavam das penas que os agricultores teriam que sofrer pelo 
mau uso das estruturas hidráulicas, por descuido, preguiça, que 
acarretassem danos aos seus vizinhos.
20
53. Se alguém for preguiçoso demais para man-
ter sua barragem em condições adequadas, não 
fazendo a manutenção desta: caso a barragem 
se rompa e todos os campos forem alagados, 
então aquele que ocasionou tal problema de-
verá ser vendido por dinheiro, e o dinheiro 
deve substituir os cereais que ele prejudicou 
com seu desleixo.
54. Se ele não for capaz de substituir os cereais, 
então ele e suas posses deverão ser divididos 
entre os agricultores cujos grãos ele alagou.
55. Se alguém abrir seus canais para aguar seus 
grãos, mas for descuidado, e a água inundar o 
campo do vizinho, então ele deverá pagar ao 
vizinho os grãos que este perdeu.
56. Se alguém deixar entrar água, e a água ala-
gar a plantação do vizinho, ele deverá pagar 10 
gur de cereais por cada 10 gan de terra (MAR-
CILIO, 2013, s.p)
Na cultura grega, Platão (427-437 a.C) via a necessidade de se 
estabelecer critérios para o uso da água, porque diferente de outros 
recursos naturais (que não podiam ser contaminados na época), 
a água era passível de contaminação, e assim ele prescreviaalgu-
mas formas de punição para quem causasse dano ao recurso (SILVA, 
1998). Na Roma Antiga existia a Comissão de Águas contendo o sis-
tema de administração de águas, que foi o primeiro modelo de ge-
renciamento do uso da água da humanidade, tendo como objetivo o 
estabelecimento de magníficos sistemas de esgotamento sanitário e 
banhos, o que mostra que o Estado já se preocupava com as deman-
das da sociedade. Os romanos (nos anos 100 a.C) já entendiam o ciclo 
da água e que este ciclo era guiado pelas mesmas forças da natureza 
que regem o dia e a noite, lição aprendida do dramaturgo Plauto.
Dos anos 500 a 1500 d.C, na Idade Média, houve um retro-
cesso em várias áreas do conhecimento na Europa, o que acabou 
por afetar o entendimento de saúde e saúde pública. Apesar dos 
povoados e cidades terem se desenvolvido às margens de rios e or-
las marítimas, a qualidade e o consumo de água eram insuficientes 
21
para a nutrição e para os cuidados de higiene, o que contribuiu para 
graves problemas de saúde à população, vide a peste de Justiniano, 
543, e a Peste Negra, 1348 (SILVA, 1998). Em 1388, foi promulgado o 
Acto Inglês, que tinha como lei proibir o lançamento de excremen-
tos, lixo e detritos nos corpos de água, para impedir a contaminação 
dos mananciais que abasteciam a população.
Na Idade Moderna, por volta dos anos 1500, os conhecimen-
tos do ciclo hidrológico já tinham um arcabouço mais científico, de-
vido aos estudos de Leonardo da Vinci (1452–1519). Nesse mesmo 
período agrícola (1494–1555) passou-se a discutir questões da rela-
ção da mineralogia aos corpos de água, o que tornava possível iden-
tificar as fontes de água de acordo com os gostos minerais e também 
os problemas que a mineração poderia fazer nos cursos de água 
(PFANNKUCH, 1987). Todos esses avanços foram possíveis graças à 
descoberta (1425) de textos originais de Frontinus (um engenheiro 
e senador romano que viveu de 40 d.C a 103 d.C) que tratavam das 
construções dos aquedutos romanos, que, até então, nunca tinham 
sido superados na tecnologia.
Felizmente, com o Renascimento, houve um fortalecimento 
das relações entre saúde e saneamento, favorecida pela criação de 
escolas e pelo desenvolvimento das ciências naturais. A Engenha-
ria passou por grandes avanços e pelo aprimoramento dos conheci-
mentos relativos ao ciclo da água, da hidráulica e da geotecnia. 
Durante o período da revolução industrial, houve o desen-
volvimento de encanamentos de ferro, que conseguiam resistir à 
pressão da água, e assim tornou-se mais fácil que a água pudesse 
ser levada a distâncias maiores (AZEVEDO NETTO et al., 1998). Com 
os rápidos avanços tecnológicos e industriais, o uso da água se tor-
nou cada vez mais importante, porém não foi o suficiente para que 
o recurso natural não fosse degradado, pois o meio ambiente como 
um todo, ar, solo, água e seres vivos, estavam sendo atingidos em 
uma proporção jamais vista até então. E devido a esses impactos ne-
gativos, culminou-se a busca de novos modelos de gerenciamento 
dos recursos naturais, e entre eles a água, conforme veremos neste 
material.
22
Agora, reflita sobre os seguintes questionamentos:
 • Depois da leitura deste conteúdo, você acredita que estamos 
próximos de atingirmos um desenvolvimento sustentável 
com a utilização do recurso hídrico?
 • Ao estudarmos a história de algo, aprendemos com os erros 
cometidos anteriormente. Mas, será que a lição foi aprendida 
a contento?
A água, apesar de não ser encontrada apenas em nosso planeta, foi 
o recurso natural mais importante para o surgimento da vida na 
Terra. Antes de a vida existir na atmosfera, a hidrosfera possibilitou 
as condições ideais para tal acontecimento. O ciclo da água possi-
bilita que haja uma distribuição desse recurso em várias partes do 
planeta, evitando que o elemento se mantenha confinado em um só 
ponto, mesmo assim a distribuição da água é desigual no planeta. 
Essa distribuição desigual se dá em razão de fatores naturais e an-
trópicos, sendo esse último fator mais intenso e “descontrolado”.
O entendimento da água pela humanidade favoreceu o seu desen-
volvimento, tanto na agropecuária, para as primeiras fixações em 
terras, quanto no desenvolvimento posterior, na produção de ou-
tros produtos. Apesar de no decorrer da história, em geral, a água 
não ter sido bem tratada pela população, os estudiosos de cada épo-
ca buscaram, em suas limitações, entender o recurso no tocante à 
melhor utilizá-lo sem degradá-lo, mesmo que tenham tido muitas 
falhas nesses objetivos.
REFLITA
SINTETIZANDO
UN
ID
AD
E
2
Objetivos
1. Aprender o que é intemperismo e erosão.
2. Entender a relação das águas nos processos de intemperismo, 
erosão e deposição de material.
3. Conhecer os vários tipos de classificação dos rios.
24
Introdução
Caro(a) aluno (a), nesta unidade vamos abordando o seguinte tema: 
a dinâmica da água no relevo terrestre.
Você aprenderá como a água pode influenciar na modelagem 
do relevo terrestre, através das chuvas e dos rios, intemperizando e 
erodindo a superfície de vários ambientes. Na parte 1 estudaremos 
os tipos de intemperismo, a sua diferença conceitual da erosão e sua 
relação com a água.
Já na parte 2, aprenderemos a classificar os rios quanto aos 
cursos de água, quanto aos canais fluviais e quanto aos tipos de dre-
nagem, relacionando ao aporte sedimentar dos ambientes em que 
os rios se encontram.
25
A dinâmica da água no relevo terrestre
Intemperismo e erosão
O planeta Terra, no decorrer de bilhões de anos, passou por várias 
transformações, que foram causadas por dois grupos de forças:
 • Agentes endógenos: modificam o relevo de dentro para fora. 
Os agentes endógenos (internos) da Terra são as forças ad-
vindas do interior do planeta, que têm o poder de construir o 
relevo em um nível de alteração tanto local (vulcões), regional 
(relevos) e global (continentes).
 • Agentes exógenos: modelam o relevo externamente. Esses 
agentes exógenos (externos) atuam desgastando o relevo, 
fazendo montanhas se tornarem menores, desgastando as 
rochas para que virem solos, através dos agentes do intempe-
rismo, tendo a água como sua principal representante.
Neste material iremos nos focar nos agentes exógenos do re-
levo, entre os quais a água atua, e para isso é necessário entender-
mos alguns processos, como o intemperismo e a erosão.
Vamos lá!
O intemperismo é um conjunto de processos que atuam des-
gastando a superfície terrestre e que podem ser de ordem física 
(desagregação e fragmentação mecânica) e química (decomposi-
ção e alteração dos minerais) pelos agentes bióticos e abióticos. Os 
agentes bióticos são oriundos dos seres vivos, através das raízes das 
árvores e ácidos orgânicos. Já os agentes abióticos são o sol, a di-
ferença de pressão e a água. O resultado final do intemperismo das 
rochas são os solos (PEDRON, 2009).
No intemperismo físico acontece a fragmentação das rochas, 
preservando-se a sua composição química; já no intemperismo quí-
mico, pode acontecer a mudança mineralógica da rocha ou até mes-
mo sua dissolução. Logo percebe-se que o intemperismo químico 
é mais forte em suas ações. Um fator que não pode ser esquecido é 
26
o de que, para ocorrer o intemperismo químico, se faz necessária 
a presença da água, já no intemperismo físico, não há essa neces-
sidade em absoluto. Outro ponto importante é que os dois tipos de 
intemperismo na maioria das situações atuam concomitantemen-
te, quer dizer, atuam em conjunto o intemperismo físico e químico 
(LEÃO, M.F, 2017).
Figura 1: Intemperismo físico e químico
Fonte: logicambiental. Disponível em: https://i2.wp.com/www.logicambiental.
com.br/wp-content/uploads/2016/10/imtemperismo-qu%C3%ADmico.
jpg?resize=499%2C395&ssl=1. Acesso em: 11 mar. de 2022.
A água é o maior agente do intemperismo, e isso acontece 
graças à chuva. A água, oriunda das precipitações, carrega consigo 
o ácido carbônico (H2CO3), isso acontece devido a reações quími-
cas na atmosfera. Quando o vapor de água(rico em O2) se encontra 
com o CO2, é gerada uma reação química que dá origem ao (H2CO3), 
diminuindo o pH da água para aproximadamente 5; esse pH ácido, 
ao chegar à superfície, atua desgastando quimicamente as rochas, o 
que se soma à ação física do impacto da água da chuva na superfície, 
o efeito splash.
27
Figura 2: Cânions do Xingó no Rio São Francisco (exemplo do poder do intemperismo 
da água)
Fonte: Estrangeira.com.br. Disponível em: https://estrangeira.com.br/wp-content/
uploads/2020/08/quanto-custa-viajar-para-sergipe-passeios-759x497.jpg. Acesso 
em: 11 mar. de 2022.
Quando a água da chuva chega à superfície terrestre, se ela encon-
trar um ambiente rico em matéria orgânica em decomposição (fo-
lhas, por exemplo), pode ficar ainda mais ácida, isso porque a água 
(ácida) da chuva se junta aos ácidos orgânicos oriundos da decom-
posição da matéria orgânica no solo.
A ação da água no intemperismo varia de acordo com alguns 
fatores, pois alguns desses colaboram mais para a ação de um de-
terminado agente do que outro. Os principais fatores que contro-
lam a ação do intemperismo são: clima, relevo ou topografia e rocha 
VOCÊ SABIA?
28
parental. O clima atua através da variação da temperatura e das 
quantidades de chuvas que cada ambiente climático possui. Lugares 
muito quentes e úmidos favorecem o intemperismo químico, de-
vido à presença da água e temperaturas altas. A água está presente 
nas reações químicas na natureza e o calor atua como catalisador da 
reação química, acelerando o processo de desgaste do material em 
que o agente, a água, esteja presente (FLORENZANO, 2008).
Em ambientes frios e secos, a água atua, predominantemen-
te, de modo físico. Isso acontece porque a água quando ainda líquida 
entra nas fendas das rochas e, ao ser congelada, aumenta de volume 
(12%), quebrando a rocha em pedaços menores (crioclastia), for-
mando através da erosão as morenas.
Prezado (a) estudante, você sabe o que é/são “Morena(s)”?
Morena: acumulação colinosa de detritos rochosos glaciais mal 
classificados (till) dos lados ou à frente de uma geleira.
Fonte: http://sigep.cprm.gov.br/glossario/verbete/morena.htm
Figura 3: Intemperismo físico pela água do gelo.
Fonte: Hambrey, M. Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/-FL8chsmD8Bo/
TmOijyVr9eI/AAAAAAAABQs/hDoYFonWaWc/s1600/img-2.jpg. Acesso em 11 mar. 
de 2022.
DEFINIÇÃO
29
Para finalizar, em ambientes frios e úmidos, há um favoreci-
mento do intemperismo químico pela água, porque, como a tempera-
tura não é alta, há uma degradação incompleta da matéria orgânica, 
que deixa a solução de lixiviação (solução de água acidificada) mais 
concentrada, e dessa forma atua mais fortemente nas rochas.
O relevo ou topografia tem uma relação mais diversa com a 
água ao intemperizar um ambiente. Dependendo do ponto do relevo 
em que a água esteja a atuar, o intemperismo poderá ser maior, me-
nor ou mesmo não acontecer.
Figura 4: Influência da topografia na intensidade do intemperismo.
Fonte: TEIXEIRA, et al. (2009)
Ao analisarmos a figura acima, percebemos que o relevo está 
dividido em três setores: A, B e C.
Cada setor possui peculiaridades que serão explicadas a 
seguir:
 • Setor A: boa infiltração e boa drenagem, favorecendo o intem-
perismo químico. A água da chuva, já acidificada, ao chegar 
ao solo passa a reagir com os materiais sólidos, alterando-
-os quimicamente, e passa a formar a solução de lixiviação. 
30
A solução de lixiviação é o resultado da água da chuva mais o 
soluto gerado pelo intemperismo, isto é, o soluto é o material 
erodido da rocha. A solução de lixiviação segue dois caminhos: 
escoamento superficial e infiltração. O setor A, por possuir 
uma boa drenagem, faz com que a solução de lixiviação siga 
descendo solo adentro, e ao ir descendo vá deixando as par-
tes superiores livres para receberem mais água da chuva para 
mais desgaste.
 • Setor B: boa infiltração e má drenagem, desfavorecendo o in-
temperismo químico. Considerado a continuação do setor A, 
o setor B recebe a solução de lixiviação, que já está em proces-
so de saturação, e que mesmo possuindo uma boa infiltração, 
não ocorre a drenagem do material. Isso faz com que, pouco a 
pouco, a água ácida da chuva perca potência, porque a solução 
de lixiviação irá se acumular e acabará por se saturar com o 
tempo.
 • Setor C: má infiltração e má drenagem. Percebe-se que se re-
fere ao pináculo, pois no pináculo não há acúmulo de água da 
chuva, logo a chuva apenas bate na rocha e por impacto in-
temperiza fisicamente e erode a rocha.
Existe uma confusão em algumas literaturas sobre o que seria in-
temperismo e erosão. Apesar de serem fenômenos interligados, 
um é a causa e o outro é a consequência.
O intemperismo é a ação de desgaste do material (causa); a água, 
ao entrar em contato com um material, pode, com o tempo, des-
gastá-lo quimicamente e/ou fisicamente. Quando a água desgasta, 
o material pode ficar friável e se quebrar em pedaços. Esses peda-
ços (sedimentos) vão sair do lugar de origem, pois vão cair e serão 
transportados, nesse transporte há perda de material, o que se cha-
ma erosão (consequência).
DEFINIÇÃO
31
Erosão é o transporte do material criado pelo intemperismo. Logo a 
erosão é a consequência do processo do intemperismo. O contrário 
da erosão é a deposição do material. Você pode dizer “essa rocha 
está sendo erodida”, significando que ela está perdendo material 
oriundo do processo de intemperismo (GUERRA, 2005).
Figura 5 - Intemperismo e erosão
Fonte: SÓ Geografia. Disponível em: https://www.sogeografia.com.br/Conteudos/
GeografiaFisica/Relevo/content2_3_geomorfologia2_1_clip_image012.jpg. Acesso 
em: 11 mar. 2022.
A rocha parental se refere aos diferentes tipos de rochas e 
consequentemente a suas diferentes resistências aos agentes do 
intemperismo. Quanto mais minerais resistentes ao desgaste uma 
rocha tiver, mais resistente ela será ao intemperismo. No geral as 
rochas ígneas são mais resistentes que as Metamórficas, que são 
mais resistentes que as sedimentares. Logo a ação de desgaste das 
águas (chuvas e rios) nas rochas vai variar com a resistência, tempo 
de exposição e a fauna e flora existente onde cada tipo de rocha se 
encontra (TEIXEIRA et. al, 2009).
Rocha Bruta Intemperismo Erosão
32
Estudos de hidrogeomorfologia
Como já foi bastante divulgado, o nosso planeta tem aproximada-
mente 70% de sua superfície coberta por água, e por conta disso o 
estudo da ação desse elemento no relevo terrestre é muito impor-
tante. A Hidrogeomorfologia estuda os corpos líquidos e suas ações 
na modelagem do relevo terrestre, desde deslizamentos de massa, 
formação de canais de rios, tipos de drenagem, enchentes e relação 
das águas no transporte sedimentar.
Quando acontece a precipitação, a água segue três caminhos 
primordiais: o escoamento superficial, subsuperficial e a infiltra-
ção. O primeiro acontece através do surgimento de filetes de águas 
que vão seguindo seu percurso até se convergirem para córregos e 
rios, que constituem as redes de drenagem, isto é, são as bacias hi-
drográficas. Já o segundo, são as águas que pela força da gravidade 
percolam pelo subsolo até atingirem profundidades específicas para 
formarem os lençóis freáticos (GUERRA, 2003).
Figura 6 - Escoamento superficial e subterrâneo da água
Fonte: FISRWG (modificado) (1998).
33
Os rios (escoamento superficial) possuem algumas classifi-
cações importantes para a compressão da ação desse agente na su-
perfície terrestre, e neste material vamos estudar três deles: quanto 
ao curso de água, quanto aos canais fluviais e quanto ao tipo de 
drenagem.
Classificação dos rios quanto aos cursos de água
Prezado (a) aluno (a), conheça, a partir de agora, a classificação dos 
rios quanto aos cursos de água:
 • Perenes: os rios perenes são aqueles que contêm água todo o 
tempo, mesmo em períodos secos, porque as fontes alimen-
tadoras desses rios são constantes, e essas fontes podem ser 
oriundas de geleiras, grandes lagos,outros rios e aquíferos. É 
importante frisar que em determinadas épocas do ano pode 
acontecer que alguns trechos desses rios fiquem sem água, 
isso acontece por questões pedológicas, taxas de evaporação 
e depósitos sedimentares, que em alguns pontos são maiores 
que outros, mas graças aos seus tributários os rios perenes 
não deixam de existir por completo, porque possuem várias 
fontes alimentadoras de água por todo seu percurso, que nor-
malmente também são fontes perenes.
Figura 7 – Exemplo de rio perene: rio Capibaribe-PE
Fonte: (IBV) institutoboavista.com
34
 • Intermitentes: os rios intermitentes possuem um escoamento 
durante as estações de chuvas e vão secando gradativamente 
até chegar ao período de estiagem. Isso acontece porque as 
fontes alimentadoras (lençóis freáticos, por exemplo) desses 
rios são intermitentes também, elas só liberam a água que foi 
acumulada durante o período de chuva.
Figura 8 – Exemplo de rio intermitente
Fonte: Pensamento Verde.
 • Efêmeros: os rios efêmeros escoam durante ou imediatamen-
te após as chuvas, e só possuem escoamento superficial. O que 
os diferencia dos filetes de água é que normalmente o canal 
desses rios já é formado.
Figura 9 – Exemplo de rio efêmero.
Fonte: researchgate.net
35
Classificação dos rios quanto aos tipos de canais 
fluviais
Uma outra classificação dos rios é referente aos tipos de canais flu-
viais, que podem ser:
 • retilíneos
 • meandrantes
 • anastomosados
 • entrelaçados
É importante frisar que um rio pode permear, por toda sua 
extensão, os quatro tipos de canais, pois cada um desses canais cor-
responde a condições de energia, geologia e geomorfologia próprias. 
Vamos conhecê-los mais detalhadamente!
36
Os rios retilíneos
Possuem baixa sinuosidade e possuem pequenos segmentos de dre-
nagem que normalmente se encontram em regiões de declividade 
acentuada (montante), possuem alta carga sedimentar e alta ener-
gia e são bem oxigenados. Porém, os rios retilíneos também estão 
presentes em distributários deltaicos, quer dizer, em regiões de 
planície. “Os canais verdadeiramente retos são muito raros na na-
tureza, existindo principalmente quando o rio está controlado por 
linhas tectônicas, como no caso de cursos de água acompanhando 
linhas de falha” (CHRITOFOLETTI, 1980, p.88).
Figura 10 - Exemplo de canal retilíneo de um rio.
Fonte: Brasil Escola. Disponível em: https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/e/
classificacao%20dos%20rios.jpg. Acesso em: 11 mar. 2022.
37
Os rios meandrantes
São aqueles que apresentam curvas sinuosas, largas e semelhan-
tes entre si. Isso acontece devido a processos de erosão contínuos 
em margens com maior velocidade (côncava) e de deposição na 
margem de menor velocidade (convexa). Possuindo geralmente 
um único canal, o rio meandrante tem um padrão característico de 
transporte sedimentar, fazendo com que a carga de suspensão e de 
fundo possuam quantidades mais ou menos equivalentes, e tam-
bém possua um fluxo contínuo e regular (GUERRA;CUNHA, 2009). 
Outra condição para a formação de rio meandrante é que as camadas 
sedimentares tenham uma granulação móvel, coerente e firme, as-
sim, nas margens convexas formam-se as barras de pontal. 
Figura 11: Exemplo de canal retilíneo de um rio.
Fonte: EcoDebate. Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/wpcontent/uploads/
2012/09/431533_341696335916536_739033248_n.jpg. Acesso em: 11 mar. 2022.
38
Os rios anastomosados
Passamos agora para os anastomosados, que possuem múltiplos 
canais, com grande carga sedimentar em seu leito, separados por 
relevos de baixa altitude e extensas planícies de inundação. Por se-
rem canais de baixa energia, quando esses canais recebem grande 
quantidade de sedimentos de granulometria grosseira, acabam por 
depositar esses materiais em seu leito, formando obstáculos na-
turais e consequentemente fazendo com que o rio se ramifique em 
vários canais desordenados, pequenos e rasos. “os trechos anas-
tomosados sempre se localizam ao longo do curso fluvial, pois no 
ponto de início como no ponto terminal deverá haver um único ca-
nal” (CHRISTOFOLETTI, 1980, p. 88).
Figura 12 - Exemplo de canal anastomosado de um rio.
Fonte: Pinterest
39
Os rios entrelaçados
Esses rios podem, à primeira vista, ser parecidos com os anasto-
mosados, mas se diferenciam por serem formados por um único rio 
(canal principal) que se divide em vários braços, que depois voltam a 
se unir no mesmo canal principal, e também por os rios entrelaçados 
possuírem alto suprimento sedimentar e carga de fundo, formando 
por seu percurso ilhas fluviais e barras arenosas ou cascalhosas.
Figura 13 - Exemplo de canal entrelaçado de um rio.
Fonte: Pinterest
40
Classificação dos rios quanto aos tipos de 
drenagem
Por fim, caro (a) estudante, conheça a classificação dos rios quanto 
ao tipo de drenagem, são elas:
 • Drenagem Exorreica: quando os rios desaguam suas águas 
nos oceanos.
 • Drenagem Endorreica: quando os rios deságuam dentro do 
continente, em lagos ou em outros rios.
 • Drenagem Criptorreica: quando os rios param seu percur-
so na superfície, mas continuam o seu trajeto em cavernas 
subterrâneas.
 • Drenagem arreica: quando os rios acabam o seu fluxo em um 
determinado ponto do trajeto.
De acordo com cada especificidades dos canais fluviais nota-
-se diferentes padrões de energia e consequentemente de transpor-
te sedimentar.
Os rios que se encontram em ambientes mais altos (próximos 
a montantes) possuem uma maior força de atuação na paisagem, 
modelando aquele ambiente, e carreando mais sedimentos não se-
lecionados, quer dizer, cascalhos às areias finas. Enquadram-se 
nesse padrão os canais retilíneos.
Quando os rios estão em altitudes menores e seu movimen-
to não tem uma grande influência da gravidade, os rios começam a 
perder energia e então começam a selecionar melhor os sedimentos. 
Nessa fase os canais meandrantes surgem. O rio não consegue mais 
transpassar os obstáculos, assim ele vai se moldando de acordo com 
a paisagem, dando origem aos meandros, às curvas. É importante 
lembrar que, devido ao grande aporte sedimentar ainda existente, 
os meandros vão se entupindo de material inconsolidado, chegando 
um momento em que ele mesmo se assoreia, e as águas não con-
seguem mais transpassar aquela área, então as águas seguem um 
novo caminho e aquele anterior é abandonado, dando origem aos 
41
meandros mortos ou exumados. Os meandros abandonados com o 
tempo vão perdendo sua água (por evaporação e infiltração), dando 
origem a pântanos, e depois, quando toda água seca, aquele local se 
torna mais uma área da planície de inundação, podendo ser vegeta-
da (CARVALHO, 2008).
Figura 14: meandro abandonado
Fonte: dicionariodopetroleo. Disponível em: https://dicionariodopetroleo.com.br/wp-
content/uploads/2021/07/GettyImages-103401770-58b59a3e5f9b5860467e5591-
1024x678.jpg. Acesso em: 11 mar. de 2022.
As planícies de inundação são todas as áreas ao redor dos canais 
fluviais, porque em momentos de maiores precipitações os rios te-
rão suas cheias e posteriormente inundarão toda aquela área de-
terminada. Essas planícies podem ser inundadas tanto por canais 
retilíneos, meandrantes, anastomosados e entrelaçados. Os canais 
anastomosados são os que possuem uma maior área de inundação 
devido a sua própria morfologia, que foi explicada anteriormente.
CURIOSIDADE
42
Figura 15: Planície de inundação
Fonte: Bargos (2018)
A água, sendo o maior agente intempérico, possui um papel pre-
ponderante na modelagem do relevo terrestre. Através de sua força, 
as águas intemperizam a superfície do planeta e carregam o mate-
rial erodido de um lugar a outro, em um ciclo de perda e ganho de 
material.
Os rios possuem diferentes classificações, como por exemplo: em 
relação aos cursos de água (rios cuja nomenclatura vai de perenes 
a efêmeros), quanto aos canais fluviais (de retilíneos a anastomo-
sados), e quanto aos tipos de drenagem (rios que desaguam no mar 
a rios que simplesmenteparam em um determinado ponto do seu 
percurso). Ao juntar os estudos de todos os pontos até aqui citados, 
podemos ter uma melhor noção do quanto as águas modelam o re-
levo terrestre e são responsáveis pelo transporte do aporte sedi-
mentar no planeta.
SINTETIZANDO
UN
ID
AD
E
3
Objetivos
1. Entender o que é uma bacia hidrográfica.
2. Estudar os parâmetros morfométricos das bacias hidrográficas.
3. Compreender a interação do ciclo hidrológico nos mais varia-
dos terrenos em que as bacias se encontram.
4. Entender o que são as chuvas intensas e se é possível medi-las 
e prevê-las.
44
Introdução
Seja muito bem-vindo (a), estimado (a) estudante. Nesta unidade 
vamos abordar mais um tema de bastante relevância: Estudos dos 
parâmetros morfométricos das bacias hidrográficas e sua relação 
com o ciclo hidrológico.
O que seria de nós humanos se não procurássemos entender 
o meio em que vivemos, não é verdade?
Todos nós estamos inseridos em alguma bacia hidrográfica 
e sofremos com a influência dela em nosso dia a dia. As bacias hi-
drográficas são uma rede de canais interconectados em um rio prin-
cipal delimitados por um conjunto de relevos. No capítulo 01, deste 
conteúdo, estudaremos os principais parâmetros morfométricos 
das bacias hidrográficas e aprenderemos que a forma e o número de 
canais influenciarão, bem como se a bacia é propícia a ter inunda-
ções com frequência, ou não.
No capítulo 2 abordaremos, de maneira mais aprofundada, 
o ciclo hidrológico e como as precipitações interagem com os pa-
râmetros morfométricos das bacias hidrográficas, entendendo a 
quantidade de água que uma bacia pode captar, o seu tempo de con-
centração, o tempo de retorno das chuvas intensas e a relação com 
as mudanças climáticas.
45
Estudo das características morfométricas 
das bacias hidrográficas
Quando estudamos um curso de água específico (um rio), às vezes 
não nos damos conta que ele faz parte de um sistema maior: uma 
rede de drenagem.
E o que é uma rede de drenagem?
As redes de drenagem, como o nome já diz, são canais conectados 
entre si, redes de canais de águas que formam uma bacia 
hidrográfica, podendo ser naturais (formadas pela própria 
natureza) e artificiais (construídas por nós seres humanos 
nas cidades).
Primeiramente iremos estudar as bacias hidrográficas em 
suas características naturais, sem a interferência humana.
A bacia hidrográfica é uma área do terreno drenada por um rio 
principal com seus vários afluentes, delimitadas por um relevo cir-
cundante que separa uma bacia da outra, chamado divisor de águas 
ou topográfico (BARRELLA, 2001). O divisor topográfico é formado 
pelas cotas mais altas de um relevo que circunda uma bacia, fazendo 
que toda água siga para os pontos mais baixos onde se encontrará 
com o rio principal. Já o divisor freático é onde se encontra o reser-
vatório subterrâneo da bacia e é delimitado pela geologia do terreno, 
que pode ser, ou não, simétrico ao divisor topográfico, porque varia 
de acordo com a quantidade de água armazenada com o tempo.
Figura 1: Esquema em perfil do divisor de água e freático
Fonte: o autor.
46
Uma bacia hidrográfica pode ocupar alguns milhares de km² 
há vários milhões de km², e isso vai depender das condições geoló-
gicas, biogeográficas e climatológica da área em que ela vá se for-
mar, no decorrer dos milhares de anos.
A bacia hidrográfica que estiver em terrenos com solos rela-
tivamente impermeáveis apresentará uma densa rede de drenagem 
(maior escoamento superficial) e se estiverem em terrenos com so-
los mais permeáveis possuirão uma densidade menor na sua rede de 
drenagem, porque solos permeáveis absorvem mais águas oriundas 
das chuvas, por exemplo.
Como já dito, um curso de água (um rio) não ocorre isolado, 
ele está unido a outros rios que podem ter ordem menor ou maior 
que ele. Chamamos de ordem dos cursos ou hierarquia fluvial a mé-
trica dada ao volume e origem de cada curso de água, que vai au-
mentando progressivamente na medida que aumentam de volume 
e/ou comprimento.
Existem três metodologias de leituras das ordens dos rios, 
mas neste material trataremos das duas principais, são elas:
Segundo Horton (1945):
 • Primeira ordem: são aqueles que não possuem outros rios o 
alimentando (tributários), eles nascem de uma fonte que é seu 
único alimentador.
 • Segunda Ordem: alimentados por um rio de ordem menor (1ª 
ordem).
 • Terceira Ordem: recebem águas de canais de segunda ordem e 
podem também receberem águas de canais de primeira ordem.
 • Quarta ordem, quinta ordem por diante: são relativos ao ta-
manho da rede de drenagem da bacia hidrográfica, onde o rio 
de maior ordem de uma bacia é o rio principal dela. O rio prin-
cipal é traçado a partir do ponto mais distante da montante à 
foz (jusante), ou exutório.
47
Figura 2: Diagrama esquemático da ordem dos cursos de água, segundo Horton.
Fonte: Horton, 1945
Segundo Strahler (1957):
 • Primeira ordem: são aqueles que não possuem outros rios o 
alimentando (tributários), eles nascem de uma fonte que é seu 
único alimentador.
 • Segunda ordem: são aqueles formados, pelo menos, pela 
confluência de dois rios de ordem menor (ordem 1).
 • Terceira ordem: são aqueles formados, pelo menos, pela con-
fluência de dois rios de ordem 3.
 • Quarta ordem e quinta ordem em diante: seguem a mesma 
ideia de confluência.
Figura 3: Diagrama esquemático 
da ordem dos cursos de água, 
segundo Strahler.
Fonte: Roach, 2012.
Horton
48
Caro (a) aluno (a), depois de conhecermos as duas metodolo-
gias (Horton e Strahler) de ordens dos rios, iremos abordar os pa-
drões de drenagem, inclusive, ilustrando cada tipo.
Padrões de drenagem
Os padrões de drenagem de uma bacia dependem de fatores como 
da quantidade de chuva, da cobertura vegetal, topografia, solos, e 
feições geológicas que favoreçam caminhos preferenciais das águas. 
Como já foi informado, quanto menos permeável for um solo mais 
densa será a rede de drenagem e quanto mais permeável menos 
densa será a rede de drenagem.
Existem cerca de seis tipos de padrões de drenagem, porém 
vamos analisar os quatro tipos mais comuns, são eles:
 • Dendrítico: também chamado de padrão arborescente (por se 
parecer com uma árvore), se forma em ambientes que pos-
suem um substrato rochoso com resistência uniforme ou em 
rochas com estratificação horizontal.
Figura 4: padrão de drenagem dendrítica
Fonte: Adaptado de Press et al., 2006
 • Treliça: se encontra em terrenos de rochas sedimentares es-
tratificadas, possuindo leitos mais profundos e maiores em 
rochas menos resistentes que sofreram muito intemperismo 
49
e erosão, localizados em vales com paredes de rochas mais re-
sistentes. Possui um arranjo geométrico com canais retilíneos 
e confluências em ângulo reto.
Figura 5: padrão de drenagem dendrítica
Fonte: Adaptado de Press et al., 2006
 • Retangular: se nota nesse padrão alterações bruscas nas dire-
ções dos cursos de água, com ângulos retos tanto no rio prin-
cipal quanto nos tributários, indicando uma grande influência 
por sistemas de falhas ou sistemas de diáclases (fraturas).
Figura 6: padrão de drenagem retangular
Fonte: Adaptado de Press et al., 2006
50
 • Radial: é formado por canais dispostos em raios em relação a 
um ponto central e podem ter duas configurações: uma cen-
trífuga e outra centrípeta.
Figura 7: padrão de drenagem dendrítica
Fonte: Adaptado de Press et al., 2006
Assim notamos que os fatores geológicos são muito impor-
tantes na disposição dos rios que formam uma bacia hidrográfica. 
Isso não quer dizer que os rios não possam com o tempo procurarem 
outros caminhos, porém os caminhos preferenciais sempre serão 
aqueles caminhos que já estão “prontos”, mais baixos em relação 
ao relevo que se encontra ao redor. É fácil de perceber, estudante: 
você pode até observar em sua casa, se você lançar qualquer líquido 
ao chão, esse líquido vai seguir por alguma rachadura, fratura ou até 
seguir pelo rejunte da cerâmica do piso.
Relação debifurcação
Ao estudarmos os padrões das redes de drenagem e as ordens dos 
rios de uma bacia hidrográfica, observamos que algumas possuem 
mais rios do que outras, possuem mais bifurcações, pelos mais va-
riados fatores, como a geologia do terreno e a topografia. Essas va-
riações nas quantidades de rios e seu grau de bifurcação se chama, 
relação de bifurcação.
51
Afinal, o que vem a ser relação de bifurcação?
O estudo da relação de bifurcação é muito importante por-
que serve de referência para diferenciar as condições ambientais 
de uma bacia de acordo com a observação do desenvolvimento da 
rede de canais dos rios, e faz relações com os fatores geológicos e 
topográficos. Pela quantidade de nascentes (rios de onde 1) pode-
mos identificar a magnitude de uma bacia, quer dizer, quanto mais 
nascentes uma bacia tiver maior será a sua relação de bifurcação e 
seu tamanho, fazendo uma grande rede de rios (canais) por todo 
o espaço que se encontrar, indicando se uma bacia está se alongando 
ou se alargando.
Para se fazer a relação de bifurcação de uma bacia hidrográ-
fica, primeiramente contamos e discriminamos todas as ordens dos 
rios, contando quantos rios são de 1ª ordem, 2ª ordem, 3ª ordem e 
assim por diante. Depois colocamos num quadro de três colunas, em 
que na primeira coluna se encontra a quantidade de ordens daquela 
bacia (u), na segunda coluna a quantidade de rios de cada ordem 
(Nu), e na terceira coluna a relação de bifurcação (Rb) que é obtida 
pela divisão da quantidade de rios da ordem inferior pela quantida-
de de rios da ordem superior, como por exemplo:
Figura 8: Bacia hidrográfica com as ordens dos canais e padrão de drenagem 
dendrítica.
Fonte: Strahler, 1957.
52
Fórmula 1: fórmula da relação de bifurcação
Fonte: Horton (1945).
Quadro 1: relação de bifurcação
Ordem, u Nu Rel. Bifurcação
1 10
2 4 2,5
3 2 2,0
4 1 2,0
Rb médio 2,2
Fonte: Horton, 1945.
Se a relação média de bifurcação possuir índices elevados, in-
dica que o substrato rochoso da área tem uma taxa de infiltração 
menor, logo haverá mais água sobrando para o escoamento super-
ficial oriundo das chuvas. Se tiver índices menores, indica substrato 
mais permeável a pluviosidade e aí terá menos escoamento superfi-
cial e menos redes de drenagem.
*A variação comum da relação média de bifurcação varia entre 3,0 e 5,0.
Densidade de drenagem
A densidade de drenagem de uma bacia hidrográfica é mais uma ca-
racterística importante para se saber como os aspectos da geologia, 
topografia, vegetação e solos influenciam no tempo gasto para o es-
coamento superficial de toda bacia. Ela consiste na relação entre o 
comprimento total dos canais (rios) e a área da bacia hidrográfica 
(HORTON, 1945).
Uma densidade de drenagem alta indica que a bacia terá 
uma capacidade maior de drenagem fazendo com que ela tenha 
53
escoamentos mais rápidos até o seu exutório (foz ou ponto mais 
baixo de uma bacia):
Bacias com drenagem pobre → Dd < 0,5 km/km2
Bacias com drenagem regular → 0,5 ≤ Dd < 1,5 km/km2
Bacias com drenagem boa → 1,5 ≤ Dd < 2,5 km/km2
Bacias com drenagem muito boa → 2,5 ≤ Dd < 3,5 km/km2
Bacias excepcionalmente bem drenadas → Dd ≥ 3,5 km/km2
Figura 9: Tipos de drenagens de bacias hidrográficas.
Fonte: Lollo, 1995.
Perceba o cálculo da densidade de drenagem, de acordo com 
exemplo abaixo:
Figura 10: Exemplo do cálculo da densidade de drenagem
Fonte: o autor
Área de drenagem
Densidade de 
drenagem
Soma total dos 
comprimentos
Baixar (regular) drenagem a solos muito permeáveis ou 
escassez de chuvas.
54
Gradientes dos canais
É a relação entre a diferença de cotas da nascente até a foz e o 
comprimento do rio principal “L”. As cotas são as medidas das 
altitudes de cada ponto específico de um rio principal, e indica a 
declividade do canal, podendo esse grau de declividade ser expressa 
em percentual “%”.
Analisando a figura e o quadro a seguir, percebemos que o 
gradiente de canal influencia nos processos de aporte/deposição 
sedimentar e na natureza dos sedimentos (seixos, areia, silte e ar-
gila) erodidos e ou depositados.
Figura 11: Esquema em perfil da ação da declividade em um rio principal.
Fonte: EMATER (modificado pelo autor)
Quadro 02: Relação declividade e característica (gradiente de canais)
Declividade (%) Discriminação
0 - 3 Relevo plano
4 - 8 Relevo suavemente ondulado
9 - 20 Relevo ondulado
21 - 45 Relevo fortemente ondulado
46 - 75 Relevo montanhoso
> 75 Relevo fortemente montanhoso
Fonte: Horton, 1945
55
Índice de compacidade e Fator Forma
O índice de compacidade (Kc) é a relação entre o perímetro da bacia 
(P em “m” ou “Km”) e a circunferência de um círculo de área (A em 
“m²” ou “Km²”) igual à da bacia, é adimensional.
Vejamos o porquê:
 • Quanto mais próximo de um círculo uma bacia se assemelhar, 
maior será sua capacidade de proporcionar grandes cheias. 
Isso acontece porque bacias com formatos circulares, ovais 
ou quadradas, a área das extremidades ao meio são quase que 
as mesmas, fazendo com que as águas recebidas em toda sua 
área cheguem quase ao mesmo tempo no meio da bacia, onde 
normalmente se encontra o rio principal (L).
 • As bacias com formatos retangulares ou triangulares são 
menos propensas a enchentes que as circulares, ovais ou 
quadradas.
O Fator Forma (Kf) é a relação entre a área da bacia (A) e o 
quadrado de seu comprimento axial (Lax²) medido ao longo do cur-
so d’água desde a desembocadura até a cabeceira mais distante, 
o rio principal. O fator forma também indica a maior ou menor ten-
dência para enchentes de uma bacia e é adimensional. Assim como 
o índice de compacidade (Kc) o fator forma (Kf) também relacio-
na o formato da bacia à sua maior propensão a enchentes, ou seja, 
quanto mais circular, oval ou quadrada for, maior será sua propen-
são à enchentes, já quanto mais retangular, menor a propensão à 
enchentes; perceba nas figuras a seguir.
Figura 12: Bacia circular e hidrograma relativo.
Fonte: Horton, 1945
56
Figura 13: Bacia elíptica e hidrograma relativo.
Fonte: Horton, 1945
Esses foram apenas alguns parâmetros relacionados às ba-
cias hidrográficas, agora vamos estudar a relação do ciclo hidroló-
gico nas bacias.
Vamos começar!
57
O ciclo hidrológico nas bacias 
hidrográficas
A bacia hidrográfica também chamada de bacia de drenagem de 
um curso de água é a área onde, devido à geomorfologia, as águas 
oriundas das chuvas e, posteriormente, escoamento superficial se-
guem em direção a um rio principal e afluentes. Por se encontrar em 
um terreno de relevo (aclive e declives), o fluxo das águas segue a 
gravidade e vai da montante (lugar mais alto) à jusante (lugar mais 
baixo) e, por final, podem atingir o oceano. Quando a precipitação 
chega ao solo, ela pode seguir como escoamento superficial, sub-
terrâneo, pode ficar no dossel das árvores como também serem ab-
sorvidas pela vegetação, e daí, parte dela volta à atmosfera por meio 
da evapotranspiração.
Figura 14: Esquema de uma bacia hidrográfica
Fonte: soberaniaambiental.eco.br
De uma maneira ou de outra, apesar de existirem drenagens 
com rios endorreicos, arreicos e criptorreicos (já citados no conteú-
do anterior), todas as águas um dia voltam ao oceano e daí recomeça 
o ciclo hidrológico. O ciclo hidrológico é um fenômeno natural de 
ciclagem das águas entre a superfície da terra e a atmosfera que tem 
como motor: o sol, a gravidade e a rotação do planeta.
O estudo dos caminhos da água é essencial quando se estuda 
bacias hidrográficas porque a partir do ciclo hidrológico, a água é 
58
evapotranspirada, condensada, precipitada, escoada e infiltrada, e 
todas essas etapas, em suas diferentes intensidades, influenciam no 
espaço (natural e artificial) em que as bacias se encontram.
Características das precipitações pluviométricas, 
Interceptação e escoamento nas redes de 
drenagem
A precipitação é um evento metereológico em que a água em estado 
de vapor, ao subir para as partes mais altas da troposfera, passa por 
processosde condensação e caem na superfície da Terra. O processo 
de condensação do vapor de água acontece por fenômenos de aglu-
tinação de milhares de minúsculas gotículas de vapor em núcleos 
higroscópicos que são particulados, que se encontram em suspen-
são na atmosfera. Quando nesses particulados as milhares de go-
tículas se unem, acabam por formar uma gota de chuva, e, por sua 
vez, a gota de chuva por ser mais pesada que o ar não consegue se 
manter em suspensão, e, em consequência, se precipita para a su-
perfície terrestre.
A chuva ao descer a superfície, ainda na atmosfera, reage com gases 
de origem natural e antrópica fazendo-a se tornar mais ácida ou até 
mesmo poluída quando capta muito poluentes, por isso as águas das 
chuvas, principalmente de ambientes urbanos, não são tão limpas 
como muita gente acredita.
Para as gotas de chuva precipitarem na superfície é necessá-
rio que o peso delas seja superior às forças de turbulência natural 
e ascendentes do ar no alto da troposfera. Pode acontecer também 
que devido às baixas temperaturas as gotas de chuva se congelem 
formando granizo (quando há um grande resfriamento repentino 
por tempo curto) ou neve (resfriamento mais lento e duradouro).
VOCÊ SABIA?
59
As precipitações hidrológicas não possuem a mesma intensi-
dade e duração, quando essas precipitações ultrapassam em poucos 
dias (ou até mesmo em um único dia) o que era para ter chovido em 
um período de um mês, dizemos que ocorreu chuva intensa (PFA-
FSTETTER, 1984).
A chuva antes de se chocar no solo pode encontrar cobertura 
vegetal (dossel de árvores, arbustos e gramíneas) que irá reter uma 
parte dessa água, e depois liberando-a por meio da evapotranspira-
ção, que para muitas regiões é muito importante, elevando a umi-
dade do ar da área, chamado de interceptação.
Alguns fatores influenciam nas perdas das águas das chuvas 
por interceptação, como o estágio de desenvolvimento das plantas 
e os tamanhos de suas folhagens, por conseguinte, quanto mais 
desenvolvidas mais águas poderão interceptar, assim como folhas 
largas e grandes também aumentarão a quantidade dessa água in-
terceptada. Quando as águas das chuvas entram em contato com a 
vegetação ela acaba por alterar a acidez da água, modificando sua 
qualidade e intemperizando as rochas ao chegar no solo.
Quadro 3: Relação da cobertura florestal x escoamento superficial
Cobertura florestal (%) Escoamento superficial (%)
0 100
8 77
40 58
90 43
100 25
Fonte: Burger (1976) apud Balbinot et al. (2008, p. 141).
Quando finalmente as chuvas atingem a superfície ela pode 
seguir três caminhos, o escoamento superficial, o subsuperficial e 
uma parte também se infiltra no solo formando o fluxo de águas 
subterrâneas ou vazão de base. O escoamento superficial, o subsu-
perficial e o fluxo subterrâneo formam a vazão total da saída da ba-
cia de drenagem, que é chamada de hidrógrafa.
Vale lembrar que o escoamento depende de alguns fatores 
como:
60
 • Tipos de solos: em solos pedregosos e de textura granu-
lométrica mais grossa, as águas tendem a se infiltrar em 
maior quantidade, desfavorecendo o escoamento superficial. 
Enquanto em solos de texturas mais finas como siltosos, ar-
gilosos e humíferos, as águas tendem a se infiltrar em menor 
quantidade favorecendo o escoamento superficial.
 • Relevo: quanto mais irregular o relevo, maior serão as chan-
ces de terem acúmulos de águas nos baixios.
 • Vertentes: quanto mais inclinadas forem as vertentes, mais a 
força da gravidade atuará no escoamento superficial em de-
trimento da infiltração.
 • Cobertura vegetal: já bem explicado no texto, porém quanto 
mais vegetada for a área, mais devagar a água atingirá o solo 
e com isso dará tempo para o solo absorvê-la, retardando o 
escoamento superficial e a erosão.
Salientamos que a densidade de drenagem, forma da bacia 
hidrográfica, intensidade da precipitação e alterações antrópicas 
serão discutidos no decorrer deste conteúdo.
Infográfico 1 - Equação do balanço hídrico
Fonte: autor
As bacias hidrográficas, como estudamos, possuem vários 
parâmetros que interferem em sua capacidade de receber a pluviosi-
dade que podem ou não causar constantes inundações, como: o fator 
forma, gradiente dos canais e densidade de drenagem. Estas carac-
terísticas são influenciadas por fatores geológicos, topográficos, 
P - EVT - Q = ∆S
Total precipitado sobre a bacia 
em forma de chuva, neve, etc., 
expressa em mm.
Perdas por evapotranspiração 
expressa em mm.
Variação de todos os 
armazenamentos, superficies e 
subterrâneos, em m³ ou em mm.
Escoamento superficial que sai 
da bacia em mm.
61
pedológicos e climatológicos. A partir desses pressupostos podemos 
entender a dinâmica dos acontecimentos ambientais em qualquer 
bacia hidrográfica e estabelecer padrões, assim como procurar mi-
tigar possíveis problemas.
A partir das medidas de precipitação podemos estimar o 
quanto de águas pluviais uma bacia hidrográfica pode receber, es-
sas medidas são feitas a partir de pluviômetros e pluviógrafos em 
estações distribuídas pela área da bacia, são eles:
 • Pluviômetro padrão: tem a capacidade de fornecer a medida 
total de chuva em milímetros (mm). Cada 1 mm, marcado, de 
chuva é igual a 1 litro de água em um metro quadrado (m²).
Figura 15: Pluviômetro
Fonte: researchgate.net
62
 • Pluviógrafo: além de fornecer o total de chuva em milímetros, 
ele indica o início e término da chuva (duração) e a intensidade.
Figura 16: Pluviógrafo
Fonte: AEMet
63
Vamos agora para um exemplo!
Perceba como se calcula o total da água captado por uma bacia hi-
drográfica (fictícia):
Figura 17: Cálculo do total de água captado por uma bacia hidrográfica
Fonte: o autor
Podemos ver então que a bacia fictícia de 10 km² pôde captar 
duzentos e sessenta e quatro mil litros de água em 9h20min, mas 
será que foi uma precipitação normal ou intensa?
Para isso temos que saber as séries históricas de chuvas 
de cada região do mundo, que são obtidas através dos pluviógra-
fos. Lembrando que a relação de intensidade e duração é uma de-
terminação empírica por meio de análises estatísticas (GARCEZ & 
ALVAREZ, 1988).
As chuvas intensas acontecem quando é ultrapassada a 
quantidade de água estimada para se precipitar em um período em 
um lugar específico, causando inundações, maior escoamento su-
perficial e erosão. O estudo das características das chuvas intensas 
é importante para que se possa gerenciar técnicas de mitigação de 
inundações, como o dimensionamento das estruturas hidráulicas 
EXEMPLO
64
(drenagem) e a dragagem de rios aumentando a profundidade dos 
seus leitos, principalmente aqueles que se encontram nos centros 
urbanos, onde a área de suas margens e antiga área de inundação 
estão tomadas pela malha urbana. No meio rural essas chuvas atra-
palham a produtividade de várias culturas devido às perdas do solo 
(ARAGÃO et al., 2013).
Existe uma equação geral para se saber a intensidade das 
chuvas, o que isso quer dizer?
Quer dizer que quanto mais forte for uma chuva intensa 
maior será o tempo de retorno dela.
O tempo de retorno é o período estimado para que aquele tipo 
de chuva intensa se repita em um período, e normalmente se tenta 
buscar um padrão. Chuvas intensas com tempo de retorno de cinco 
anos é menos forte que uma que acontece a cada cinquenta anos, 
por exemplo; mas as mudanças climáticas estão fazendo com que as 
chuvas mais fortes se repitam num tempo de retorno menor, isso é 
muito grave!
Equação geral de chuvas intensas (TUCCI, 2004):
i = intensidade da chuva (mm/h)
T = tempo de retorno em anos
t = duração da chuva (minutos)
a, b, c, d = parâmetros adimensionais relativos à localidade
Sabemos que pesquisadores têm demonstrado a necessidade de que 
as equações sejam atualizadas periodicamente, devido a fatores 
como a urbanização e as mudanças climáticas (RAMOS, 2010).
SAIBA MAIS
65
Para esclarecer o assunto, indicamos uma breve leitura comple-
mentar: Coletânea das equações de chuva do Brasil, deVanderlei 
Festi.
Para finalizar nosso conteúdo, sinalizamos que quando chove 
em uma bacia hidrográfica existe um parâmetro de análise chamado 
“tempo de concentração” (tc).
Tempo de concentração é o tempo que leva para que a plu-
viosidade recebida na montante da bacia chegue no exutório, quer 
dizer, passe por toda extensão do rio principal. O tc é demonstrado 
através de várias equações, uma delas é a de Kirpich.
Esse parâmetro serve para se entender as enxurradas que as 
enchentes e inundações causam nas áreas rurais e urbanas, perce-
bemos na ilustração a seguir:
Figura 18 : Esquema do tempo de concentração de uma bacia e a equação de Kirpich.
Fonte: PEDRAZZI, 2003 apud COUTO 2019.
O tempo de concentração é um dos parâmetros de medição 
da capacidade de inundação de uma bacia hidrográfica, servindo 
para que as pessoas recebam um alerta, com uma certa antecipação, 
e possam se resguardarem em ambientes menos perigosos.
66
O estudo dos parâmetros morfométricos das bacias hidrográficas 
nos traz a capacidade de entender a complexidade que é estudá-las, 
devido a rede de interações que os fatores geológicos, topográficos, 
climáticos e biogeográficos proporcionam. Quando as precipitações 
ocorrem, dependendo da intensidade, elas podem causar grandes 
problemas nas áreas atingidas como as inundações e grandes levas 
de erosão e deposição sedimentar.
A partir dos conhecimentos adquiridos neste conteúdo, estaremos 
aptos (as) a entender como se faz uma gestão de bacias hidrográ-
ficas, visto que primeiro teríamos que saber como é que funciona 
o objeto de estudo para depois sabermos como interagir com ele, 
consequentemente, só poderemos saber que algo está com proble-
ma, percebendo como ele funciona, não é verdade?
Concluída mais uma etapa da disciplina, agradecemos a sua parti-
cipação e desejamos sucesso!
SINTETIZANDO
UN
ID
AD
E
4
Objetivos
1. Distinguir Bacias Hidrográficas de Regiões Hidrográficas.
2. Estudar os hidrogramas e as intervenções antrópicas.
3. Entender os elementos causadores das enchentes e inunda-
ções em áreas urbanas.
4. Estudar os parâmetros de qualidade da água e sua outorga.
5. Distinguir os tipos de poluição dos corpos hídricos e o 
tratamento.
68
Introdução
Olá, caro(a) aluno(a)! Chegamos a mais uma unidade, abordando o 
seguinte tema: As enchentes urbanas e qualidade da água.
Começamos com a seguinte pergunta: será que a forma como 
vivemos e gerenciamos a água está afetando a nossa vida? Reflita!
No capítulo 1, iremos estudar como o crescimento urbano 
sem uma gestão ambiental está afetando a nossa qualidade de vida 
em momentos de chuvas nas cidades, por exemplo. Apesar de sem-
pre buscarmos alternativas para mitigar os desequilíbrios gerados 
pela nossa ação, tudo indica que ainda não são suficientes, fazendo-
-nos repensar a forma de como interagimos com o planeta. 
No capítulo 2 abordaremos os níveis de classificação da qua-
lidade da água, e de como nós a poluímos. Veremos o que é o uso 
consuntivo e não consuntivo da água, as fontes poluidoras, tanto 
superficiais quanto subterrâneas, entender como se processa a po-
luição, e, por fim, quais as técnicas empregadas no tratamento da 
água, tanto de efluentes como de afluentes.
69
Gestão de bacias hidrográficas: enchentes 
urbanas
Regiões Hidrográficas do Brasil
O estudo das bacias hidrográficas é de suma importância porque 
a partir desses estudos podemos gerenciar, da melhor maneira, o 
equilíbrio entre as questões naturais da bacia e as interferências dos 
agentes antrópicos. Isso acontece porque na maioria dos ambientes 
que você se encontra, você está inserido em uma Bacia Hidrográfica.
O Brasil inicialmente possuía oito grandes Bacias Hidrográ-
ficas, porém em 15 de outubro de 2003 houve o lançamento da re-
solução 32 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) que 
estabeleceu doze regiões hidrográficas, sendo que essas regiões hi-
drográficas estão distribuídas pelo território nacional.
No Brasil as bacias possuem:
 • Águas federais: rios atravessando mais de um estado ou outro 
país.
 • Águas estaduais: águas subterrâneas e rios situados inteira-
mente no território de um único estado, exceto aqueles re-
servados em obras da União.
70
Figura 1: Mapa in Gestão de bacias hidrográficas, Monica F. A. Porto; Rubem La Laina 
Porto, Estud. av. vol.22 no.63 São Paulo 2008
Fonte: Ministério de Minas e Energia
Figura 2: Rede de rios Estaduais e Federais do Brasil. 
Fonte: Ministério de Minas e Energia
71
A bacia hidrográfica apresenta basicamente três funções 
(RIZZI, 2019):
 • Função hidrológica: recarga, armazenamento e descarga.
 • Função ambiental: conservação dos ciclos geoquímicos, flu-
xos genéticos, flora e fauna.
 • Função socioeconômica: produtividade com sustentabilidade 
e qualidade de vida.
Vale a pena notar que o conceito da região hidrográfica distingue um 
pouco de bacia hidrográfica. As regiões foram retiradas com base 
nas áreas das bacias, mas enquanto as bacias podem ultrapassar 
países, como a bacia amazônica, as regiões hidrográficas delimitam 
as áreas das bacias de acordo com o limite do território brasileiro.
Estudo de hidrogramas e as intervenções 
antrópicas
Para que saibamos avaliar os riscos de uma enchente ou de uma 
inundação temos que avaliar o escoamento superficial da bacia. Para 
isso temos que analisar o hidrograma, que é a resposta da bacia a 
uma precipitação, e vale salientar que esta resposta depende de fa-
tores intervenientes que são:
 • Características fisiográficas da bacia
 • Tipo de solo
 • Uso e ocupação do solo 
 • Intervenções no rio
SAIBA MAIS
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 • Características da precipitação
Em relação ao escoamento superficial, temos as seguintes 
grandezas:
 • O volume escoado por unidade de tempo é a principal grande-
za que caracteriza um escoamento;
 • O coeficiente de deflúvio é definido como a razão entre o vo-
lume de água escoado superficialmente e o volume de água 
precipitado;
 • O tempo de recorrência é o período médio em que um deter-
minado evento é igualado ou superado pelo menos uma vez;
 • O nível da água se refere à altura atingida pelo nível d’água em 
relação a um nível de referência.
Figura 3: elementos de um hidrograma
Fonte: Andrade, 2014
As precipitações e suas características
Antes de estudarmos as questões relacionadas a própria bacia, va-
mos entender um pouco mais como a precipitação se relaciona com 
a bacia:
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 • Intensidade e duração: chuvas com grande intensidade e 
curta duração costumam causar alagamentos nas cidades, os 
hidrogramas terão picos de vazão. Chuvas com menor inten-
sidade e maior duração, faz com que a quantidade de chuva 
seja distribuída por um tempo maior, acabando por gerar hi-
drogramas mais achatados, vazão uniforme.
 • Distribuição espacial: se chover na cabeceira de uma bacia 
vai gerar menores picos no hidrograma que se chover, direta-
mente ou muito próximo, do rio principal.
Precipitação efetiva: é a parcela da precipitação que produz o es-
coamento superficial.
Total precipitado: é a junção da água da chuva que foi evaporada, 
infiltrada, armazenada e escoada superficialmente.
Figura 4 – Hidrograma da chuva efetiva
Fonte: Andrade, 2014
DEFINIÇÃO
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Características fisiográficas da bacia
Prezado(a) aluno(a), lembra que no conteúdo anterior, estudamos 
algumas características fisiográficas das bacias, como o fator forma 
da bacia?
Reportando o estudado anteriormente com o contexto tratado 
agora, vamos analisar o seguinte: se colocássemos condições seme-
lhantes em duas bacias, sendo uma com formato mais arredonda-
do e outra mais retangular, veríamos que as redondas tenderão a 
apresentar picos de enchentes ou inundações maiores devido ao seu 
formato porque todos os pontos das bordas estão a quase a mesma 
distância do centro da bacia, já nas retangulares as águas das bordas 
se espalharão mais uniformemente.
Outro ponto é a rede de drenagem, que está relacionada a 
quantidade de canais (rios) e sua distribuição pela bacia,

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