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Conceitos Básicos em Epidemiologia

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Conceitos Básicos em Epidemiologia
A palavra saúde vem do latim sanitas, que significa: integridade anatômica e funcional dos organismos vivos.
Até o século XIX:“Saúde era a ausência de doença”. O centro das atenções era a doença em si.
· 1947: “Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença” (OMS – Organização Mundial da Saúde, 1947). A Carta Magna de 7 de abril trouxe o primeiro conceito de saúde, que, apesar de revolucionário, era subjetivo e idealizado.
· 1970: Cristopher Boorse formulou a Teoria Bioestatística da Saúde, altamente criticada.
· 1986: Acontece a VIII Conferência Nacional de Saúde, realizada em Brasília, que traz a seguinte definição: “Saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e dos acessos aos serviços de saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social”.
· 1988: O artigo 196, de 5 de outubro de 1988, da Constituição Federal diz que: “Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços, para sua promoção, proteção e recuperação”. Segundo Tambellini, 1988, “saúde é um bem coletivo que deve ser compartilhado individualmente por todos os cidadãos. Comporta duas dimensões essenciais: a dimensão do indivíduo e a dimensão da coletividade”. A saúde passou a ser também um critério de cidadania. Assim, podemos afirmar que todos os cidadãos são responsáveis pela manutenção da sua saúde (citado por Rouquayrol).
História Natural da Doença: Compreende as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, à invalidez, recuperação ou morte (Rouquayrol).
· PERÍODO PRÉ-PATOGÊNICO: Ocorre antes da instalação do agente patogênico; ausência da doença; medidas de atenção primária à saúde.
· PERÍODO PATOGÊNICO: Momento em que o agente patogênico se instalou; presença da doença.
· PERÍODO PÓS-PATOGÊNICO: Momento após a instalação do agente patogênico; presença ou ausência de incapacidades ou invalidez conforme a doença que se instalou.
Atenção Primária á Saúde: Realizada no período pré-patogênico. Compreende a aplicação de medidas dirigidas a determinado agravo à saúde. Objetivos:
· Promoção da saúde e prevenção de doenças;
· Interceptar as causas patológicas antes que atinjam o indivíduo. Exemplos de medidas de proteção específica: imunização, quimioprofilaxia para certas doenças, proteção contra acidentes, controle de vetores, aconselhamento genético, o autocuidado em saúde (alimentação adequada, prática regular de exercícios físicos, higiene).
Atenção Secundária á Saúde: Realizada no indivíduo sob ação do agente patogênico, isto é, quando o período pré-patogênico já foi ultrapassado e o processo patológico foi desencadeado.
As medidas preventivas nesse nível incluem: diagnóstico precoce, tratamento imediato e limitação da incapacidade.
Atenção Terciária á Saúde: Corresponde às medidas adotadas após as consequências da doença, representadas pela instalação de deficiências funcionais. Objetivo:
· Consiste em alcançar a recuperação total ou parcial do paciente por meio dos processos de reabilitação e de aproveitamento da capacidade funcional remanescente.
· As medidas mais frequentemente utilizadas nesse nível são: prática de exercício físico com auxílio de profissionais de Educação Física e Fisioterapia; reeducação alimentar, terapia ocupacional e readaptação à vida normal.
A doença pode ser definida como uma falha nos mecanismos de adaptação do organismo, levando a perturbações na estrutura, na função de um órgão, de um sistema ou de todo o organismo e de suas funções vitais (Jenicek & Cléroux citados por Rouquayrol, 1999).
Entende-se como processo saúde-doença a forma como interagem os fatores ambientais, sociais e próprios do indivíduo. Esse processo causa dois tipos de impacto:
· Individual: Doença/ Sofrimento/ Dor
· Representação da Doença: Problema de Saúde Pública
As causas das doenças, ou os fatores etiológicos, podem se dar por meio da multifatorialidade (vários fatores de ordem individual e coletiva que interferem e são determinantes no processo saúde-doença). Esse processo pode ser de origem:
· Endógena: Intrínseca/ Genética – Ambiente Humano
· Exógena: Extrínseca – fatores sociais + fatores ambientais (agressores físico-químico e biológicos).
Fatores sociais do processo saúde-doença
· Fatores socioeconômicos: Os pobres são percebidos como mais doentios e mais velhos, além de serem mais propensos a enfermidades graves e morrerem mais cedo. A taxa de mortalidade infantil é maior, assim como o número de recém-nascidos com baixo peso (Rouquayrol).
· Fatores sociopolíticos: A incapacidade de decisão política e de participação comunitária são exemplos de desvalorização da cidadania.
· Fatores socioculturais: Os preconceitos, os hábitos culturais, as crendices, os comportamentos, os valores e a incapacidade de se organizar para reivindicar são exemplos de fatores socioculturais inseridos no processo de saúde-doenças.
· Fatores psicossociais: A marginalidade, a promiscuidade, as relações parentais instáveis, as condições de trabalho inadequadas, a carência afetiva de ordem geral e o bullying são fatores psicossociais que interferem no processo de saúde-doenças.
· Fatores ambientais: São todos os fatores que mantêm relações interativas com o agente etiológico e o suscetível. Ocorrem em situações ecológicas desfavoráveis produzidas por fatores naturais ou artificialmente pela ação do homem, podendo funcionar como agentes patogênicos. Os fatores ambientais estão divididos em:
· Ambiente Físico e Químico
· Ambiente Biológico
· Ambiente Humano
Maneiras de expressar prognóstico: Uma vez que uma pessoa é identificada como portadora de certa doença, surge a questão: “Como é possível caracterizar a história natural da doença em termos quantitativos?”. Tal quantificação é importante por diversas razões. Primeiro, é necessário descrever a gravidade de uma doença para estabelecer prioridades em serviços clínicos e programas de saúde pública. Segundo, frequentemente pacientes fazem perguntas sobre prognóstico. Terceiro, tal quantificação é importante para se estabelecer uma referência para a história natural, de modo que, quando novos tratamentos se tornam disponíveis, seus efeitos podem ser comparados ao desfecho esperado na ausência deles.
Além disso, se diferentes tipos de terapia estão disponíveis para determinada doença, tais como tratamentos cirúrgicos ou clínicos, queremos ser capazes de compará-los em termos de efetividade. Portanto, para permitir tais comparações, necessitamos de meios quantitativos para expressar o prognóstico em grupos que recebem diferentes tratamentos.
Saúde e Qualidade De Vida: De forma geral, a qualidade de vida depende de fatores intrínsecos (endógenos) e extrínsecos (exógenos) e varia de indivíduo para indivíduo. É um termo que representa a tentativa de nomear as características das experiências de vida relacionadas ao cotidiano. Existem vários conceitos propostos para qualidade de vida, e a maioria deles possui pontos comuns, como o modo de levar a vida e a satisfação das necessidades e expectativas dos seres humanos.
Verificando o Aprendizado
1. É o período preliminar ao aparecimento da doença no homem. 
R: Pré Parogênico
· O agente de doenças ainda não entrou no homem, mas os fatores que favorecem sua interação com o hospedeiro humano já existem no ambiente.
2. Com relação à história natural da doença, é INCORRETO afirmar que:
R: Tem desenvolvimento em dois períodos sequenciados: o patológico e o epidemiológico.
· A história natural da doença, portanto, desenvolve-se em doisperíodos sequenciados: o período epidemiológico e o período patológico. No primeiro, o interesse é dirigido para as relações suscetível-ambiente; no segundo, o que interessa são as modificações que se passam no organismo vivo. Abrange, dessa forma, dois domínios interagentes, consecutivos e mutuamente exclusivos, que se completam: o meio ambiente, onde ocorrem as pré-condições, e o meio interno lócus da doença, onde se processaria, de forma progressiva, uma série de modificações bioquímicas, fisiológicas e histológicas, próprias de determinada enfermidade.
3. A principal ênfase na epidemiologia ocupacional e ambiental tem sido dada aos estudos sobre:
R: Avaliação de medidas preventivas específicas.
· Todo processo epidemiológico ocorre por meio do processo de causa e efeito.

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