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15 Estudo dirigido Avaliação Audiológica I

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AUDIOLOGIA CLÍNICA 1 
Avaliação Audiológica I 
 
IMPORTÂNCIA DA AUDIÇÃO 
 
 - NA LINGUAGEM HUMANA: 
 
Comunicação humana: troca de informações sobre nossos pensamentos e idéias. 
 
Pensamentos e idéias: 
 . Não existem na forma física não podendo ser diretamente transmitidos. 
 . É necessário transformá-los em forma física para que possam ser transmitidos entre os indivíduos. 
 
SISTEMA DE COMUNICAÇÃO HUMANA ATRAVÉS DA FALA (SANDERS) 
 
 
DESENVOLVIMENTO FILOGENÉTICO DA AUDIÇÃO 
 
 A audição humana é o resultado de como vários animais ancestrais desenvolveram seus 
sistemas auditivos. 
 
PEIXES: 
- Primeiros animais a escutar; 
- Possuíam um órgão do equilíbrio que adquiriu um receptor auditivo; 
- O labirinto dos peixes possui canais semicirculares, utrículo, sáculo e lagena; 
- Lagena: extensão do sáculo e presumivelmente o antecessor da cóclea; 
- Provavelmente células da mácula do sáculo e da lagena se tornaram sensíveis ao som; 
- Caminhos neurais e centros cerebrais apareceram para transmitir e interpretar sinais deste órgão 
sensorial. 
 
ANFÍBIOS: 
- Também desenvolveram um labirinto auditivo pela transformação de células ciliadas do labirinto 
vestibular e mudanças no sistema nervoso central para se tornar sensível ao som; 
- As células sensoriais descansam em uma estrutura firme e uma membrana tectória se move sobre 
elas em resposta a vibrações sonoras; 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 2 
- No início tinham uma péssima audição por via aérea. Passavam seu tempo na água ou se 
arrastavam pelo chão e a vibração era conduzida para o labirinto através dos óssos do corpo 
(pelos nossos modelos tinham uma perda condutiva); 
- Desenvolveram um aparelho condutivo com membrana timpânica e columela (ossículo) que 
transmitem a energia sonora do ar para o labirinto auditivo. 
 
RÉPTEIS: 
- Desenvolveram um labirinto auditivo composto por células ciliadas dentro de canais cheios de 
líquido; 
- As células sensoriais repousam sobre uma membrana flexível que fica entre dois canais repletos 
de fluído; 
- A membrana e as células cilidas se movem em resposta ao som; 
- O movimento relativo entre cílio e corpo celular estimula a célula; 
- O sistema dos répteis é o desenho básico que passou para os animais que vieram depois, inclusive 
o homem; 
- O aparelho condutor de som é semelhante ao dos anfíbios. 
 
MAMÍFEROS: 
- Trouxeram com eles o labirinto auditivo dos répteis (como fizeram os pássaros depois); 
- O órgão de corti é uma especialização dos mamíferos; 
- A diferenciação entre células ciliadas internas e externas representa uma evolução. 
- O aparelho condutor do som também evoluiu tornando-se mais eficiente. 
 
 
Bibliografia: 
PECK, JAMES E. Development of hearing. Part I: Phylogeny. J Am Acad Audiol 5: 291-299 (1994) 
 
 
CONCEITOS IMPORTANTES DA ACÚSTICA 
 
 
SOM: ondas de pressão que se propagam nos meios elásticos em planos de compressão e rarefação. 
 
QUALIDADES DO SOM: 
 
FREQUÊNCIA 
 
 Número de ciclos que as partículas realizam em 1 segundo. 
 ciclos/ seg ou Hertz (Hz) 
 
- Sons audíveis: de 20 a 20000 Hz 
 
- Infra-sons: ondas de freqüência abaixo de 20 Hz. 
 
- Ultra-sons: ondas de freqüência acima de 20000 Hz. 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 3 
 A faixa de sons audíveis pode ser dividida em 3 zonas: 
 
- Zona grave: 20 a 512 Hz 
 
- Zona média: 512 a 2048 Hz (zona de audição da palavra falada) 
 
- Zona aguda: 2048 a 20000 Hz 
 
 
TOM PURO: 
 
 Som formado por apenas uma freqüência. 
 
 Quanto maior for a freqüência mais agudo. 
 
 Quanto menor for a freqüência mais grave. 
 
 
 
SOM COMPLEXO: 
 É constituído de várias frequências: uma frequência fundamental (a menor) e outras frequências múltiplas 
da fundamental (harmônicos) 
 Exemplos: - voz 
- som emitido por instrumentos musicais. 
 
RUÍDO: 
 Superposição de várias freqüências sem relação harmônica entre elas. 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 4 
INTENSIDADE 
 
 É a qualidade do som relacionada à amplitude da onda. Quanto maior a amplitude maior será a intensidade 
do som. Pode ser medida através da: 
 
- Energia transportada: medimos a quantidade de energia que atravessa uma superfície (1cm2) em uma 
unidade de tempo (1 seg) Watt/ cm2 
 
- Pressão Sonora: medimos a alteração cíclica da pressão atmosférica causada pela onda sonora. dina/ 
cm2 ou micro Pascal( Pa) 
 
PSICOACÚSTICA 
 
 Ramo da psicofísica que estuda as relações entre os estímulos acústicos e a sensação produzida por eles. 
 
 
LEI PSICOFÍSICA DE FECHNER-WEBER: 
 A sensação cresce como logaritmo da excitação, o que significa que a intensidade da excitação cresce numa 
progressão geométrica enquanto a sensação aumenta numa progressão aritmética. A sensação auditiva 
obedece esta lei. 
 
Intensidade Sensação 
10 1 
100 2 
1000 3 
 
Como conhecemos o valor da intensidade do estímulo, podemos determinar a sensação estabelecendo uma 
relação entre ambas por meio de uma escala logarítmica. 
 
Foi por meio desta relação que se adotou a unidade Bel (unidade que relaciona a intensidade física com a 
sensação auditiva percebida). 
 
Bel: unidade logarítmica que exprime a relação entre duas quantidades de energia. 
 
NB= log I / I0 
 
 Mas o Bel ainda é uma unidade que oferece valores muito grandes para os cálculos usuais, por isto usa-se o 
decibel que é um submúltiplo do Bel. 
 
NdB= 10 log I / I0 
 
 O nível de referência I0 é a média estatística da menor quantidade de energia que pessoas entre 18 e 25 
anos podem ouvir na frequência de 1000 Hz. 
 
Decibel Nível de Intensidade (dBNI): usa como nível de referência 10-16 watt / cm2 
 
dBNI= 10 log I / 10-16 watt / cm2 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 5 
Decibel Nível de Pressão Sonora (dBNPS): usa como nível de referência 0,0002 dina / cm2 ou 20µPa 
dBNPS= 20 log P / P0 
(a intensidade é proporcional ao quadrado da pressão) 
 dBNPS= 20 log P / 0,0002 dina / cm2 
 
Experimentos psicoacústicos determinaram a faixa de frequências da audição humana ( 20 a 20.000 
Hz) e o limiar mínimo de detecção ou audibilidade (a mais fraca intensidade sonora ou pressão sonora capaz 
de impressionar o ouvido humano). A sensibilidade da orelha varia para as diferentes frequências. Para cada 
frequência existe um nível de intensidade mínimo para a maioria da população. 
Através de pesquisa realizada com indivíduos otologicamente normais, com idades entre 18 e 25 
anos, criou-se um padrão para a audição das pessoas normais. O 0 dB neste padrão corresponde à menor 
intensidade ou pressão sonora por frequência ouvida pela maioria da população. 
 
 
GRÁFICO DA SENSIBILIDADE AUDITIVA 
 
 
 O audiômetro de tons puros è o instrumento eletrônico calibrado de tal forma que o zero para cada 
frequência corresponde ao que foi encontrado como a menor intensidade ou pressão sonora ouvida pela 
maioria da população. 
 O primeiro audiômetro foi construído pela Bell Telephone Labratories e a calibração foi realizada de acordo 
com uma pesquisa com 85 funcionários jovens da Bell. 
 O padrão de calibração ASA 1951 baseou-se em uma pesquisa realizada no Serviço de Saúde Pública de 
Beasley em 1938 pela American Standards Association. O padrão de calibração ISO 1964 realizado pela 
International Standards Organization baseou-se em 15 estudos realizados por 5 países. 
 O padrão de calibração ANSI 1969 Foi realizadoo pela American National Standards Institute (anteriormente 
ASA) que fez uma pequena revisão das Normas ISSO 1964. 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 6 
 Sendo assim, ao realizarmos uma audiometria tonal estamos comparando a audição do indivíduo com a 
audição da maioria da população. 
 
Decibel Nível de Audição (dBNA): É o decibel calibrado no audiômetro onde o zero dBNA 
corresponde à média da menorintensidade ouvida por uma população jovem e sem queixas auditivas. 
 
Decibel Nível de Sensação (dBNS): É a quantidade de energia sonora que está acima do limiar do 
indivíduo. Exemplo: um som de 80dBNA corresponde a 60dBNS para um indivíduo que tem um limiar 
auditivo de 20dBNA e 50dBNS para um indivíduo que tem um limiar auditivo de 30dBNA. 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA AUDIÇÃO 
 
MÉTODOS PSICOMÉTRICOS 
 
 
Avaliação da audição: 
 
 Objetiva → Avaliação eletrofisiológica 
 Subjetiva → Avaliação psicoacústica ou comportamental 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 7 
ANAMNESE 
 
 Informação sobre o início, evolução e possíveis causas de uma doença. 
Primeiro passo na realização de uma avaliação audiológica. 
 
OBJETIVOS DA ANAMNESE 
 
- Preparar o examinador para os prováveis resultados da avaliação audiológica. 
- Guiar o examinador para uma adequada estratégia de avaliação. 
 
 
ANAMNESE NA AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BÁSICA 
 
IDENTIFICAÇÃO: 
- Nome 
- Idade 
- Sexo 
- Profissão 
- Endereço 
 
QUEIXA (MOTIVO DA REALIZAÇÃO DO EXAME) 
 
HISTÓRIA E SINTOMAS: 
 -Queixa auditiva: 
- Início 
- Duração 
- Súbita ou progressiva 
- Uni ou bilateral 
- Flutuação 
- Sons audíveis 
- Intolerância a sons 
- Zumbido 
- Plenitude auricular 
- Dificuldade de compreensão: 
 . ao telefone 
 . ambientes ruidosos 
- Tontura 
- Antecedentes otológicos 
- Exposição a ruídos (tempo, uso de protetor, 
explosões) 
- Antecedentes familiares 
- Outras doenças: 
 . Metabólicas 
 . Vasculares 
 . Diabetes 
 . Sífilis 
 . Outras 
- Medicamentos 
 
Na anamnese de crianças as perguntas são feitas 
aos pais e devem incluir outros itens como: 
 
- Impressão dos pais sobre a audição da criança 
- Gestação 
- Parto 
- Desenvolvimento motor 
- Reação a sons 
- Desenvolvimento de linguagem 
- Doenças 
- Antecedentes otológicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 8 
AUDIOMETRIA TONAL LIMINAR 
 
- É um teste subjetivo que utiliza o método psicométrico dos limites. 
 
- Sua finalidade é medir a sensibilidade auditiva do indivíduo, em relação a tons puros, para determinadas 
freqüências sonoras. 
 
- É realizada com auxílio do audiômetro. 
 
 Mede a audição através da obtenção de limiares para tons puros. 
 
 Objetivos: 
 . Fornecer dados precisos e diferenciais no que diz respeito à integridade do mecanismo auditivo a fim de 
auxiliar o diagnóstico médico. 
 
 . Determinar a extensão do prejuízo a fim de propiciar uma conduta audiológica adequada. 
 
 Composta de duas partes: 
. Audiometria tonal por via aérea: realizada com fones 
. Audiometria tonal por via óssea: realizada com vibrador ósseo 
 
 
LIMIAR DE AUDIBILIDADE: 
 
 É a menor quantidade de energia sonora (dBNA), necessária para o indivíduo responder a 50% dos estímulos 
sonoros, apresentados sob a forma de tom puro. 
 
 Fatores responsáveis pela variabilidade do limiar; 
- Motivação; 
- Inteligência; 
- Atenção; 
- Nível de ruído ambiental; 
- Familiaridade com o teste; 
- Presença de zumbido. 
 
MATERIAL UTILIZADO: 
 
1) Cabina acústica: 
• Ambiente tratado acusticamente de forma a atenuar ruídos externos e evitar reverberações. 
• Objetivo de sua utilização: evitar que o ruído ambiental mascare os tons puros utilizados no teste, acusando 
perdas auditivas inexistentes. 
• Norma ANSI 3.1 - 1991 (American National Standards Institute): recomenda que existam valores de nível de 
ruído apropriados para quando da utilização de fones ou de alto-falantes, específicos para cada freqüência. 
• Se o ruído no interior da cabina for inferior é possível que o indivíduo perceba sons oriundos do próprio corpo o 
que prejudica a obtenção correta dos limiares. 
• Se o ruído no interior das cabina for superior, pode mascarar os tons puros acusando uma perda auditiva 
inexistente. 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 9 
2) Audiômetro: 
- Aparelho eletroacústico utilizado na realização de audiometria tonal liminar. 
 
- Componentes básicos: 
 . Gerador de freqüências - produz tons puros nas frequências de 125, 
250, 500, 750, 1000, 1500, 2000, 3000, 4000, 6000 e 8000 Hz 
 
 . Atenuadores - com intensidade de -10 a 110 dBNA na via aérea e de 10 a 70 dBNA na via óssea, em 
intervalos de 5 dBNA. 
 
 . Gerador de ruído - o ruído é utilizado para excluir a orelha não submetida ao teste. Gera um ruído de 
banda estreita para mascarar tons puros e um de banda larga para mascarar sons de fala. 
 
 . Fones - transforma energia elétrica em estímulo sonoro e é utilizado na testagem por via aérea. 
 
 . Vibrador ósseo - transforma energia elétrica em vibração e é utilizado na testagem de via óssea. 
 
 . Circuito de logoaudiometria - possibilita a realização de testes de fala. 
 
 
 
AUDIOMETRIA TONAL LIMINAR 
 
REALIZAÇÃO DO EXAME POR VIA AÉREA: 
 
- Instrução: deve ser simples e adequada a cada paciente. É muito importante para a realização adequada 
do teste. 
Exemplo: Você vai escutar uns apitinhos, toda vez que escutar levante a mão. Se escutar na orelha 
direita levante a mão direita, se escutar na esquerda levante a mão esquerda. O apitinho vai ficar 
cada vez mais fraco, levante a mão mesmo se ele for bem baixinho. 
 
- Colocação de fones: 
Devemos pedir para o paciente tirar brincos e óculos, ter cuidado para colocar o fone bem 
centralizado no meato acústico externo, não dobrar o pavilhão auditivo, não deixar cabelo entre o 
fone e a orelha e colocar o fone vermelho na orelha direita e o azul na esquerda. 
 
- Orelha adequada para iniciar o teste: 
Devemos iniciar o teste sempre pela orelha melhor pois o paciente entende melhor o teste e, quando 
formos avaliar a pior orelha, podemos verificar a necessidade do uso do mascaramento. 
 
- Frequências testadas: 
Ao realizarmos a audiometria tonal por via aérea testamos as seguintes frequências, nessa ordem: 
 1000 – 2000 – 3000 – 4000 – 6000 – 8000 – 500 – 250 Hz 
 
- Tom utilizado: 
Podemos utilizar o tom puro contínuo, pulsátil ou modulado. Normalmente usamos o tom puro 
contínuo. O tom puro pulsátil e o modulado devem ser utilizados na avaliação de crianças ou quando 
o paciente tiver zumbido. 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 10 
- Técnicas que podem ser utilizadas: 
Normalmente utilizamos a Técnica Descendente: pesquisa do limiar auditivo realizada do som para 
o silêncio (inicia-se com um som presumivelmente audível para um inaudível). 
 Podemos também utilizar a Técnica Ascendente: pesquisa do limiar auditivo realizada do silêncio para o 
som. 
 
- Descrição da técnica de realização da audiometria tonal liminar por via aérea: 
Colocamos o paciente na cabina acústica, damos as instruções ao paciente e colocamos os fones. 
Iniciamos o teste pela melhor orelha na freqüência de 1000Hz. Colocamos a intensidade de 40dBNA 
e damos o estímulo. Se o paciente não responder vamos subindo de 20 em 20 dBNA até que ele 
responda. Se ele responder vamos abaixando o som de 10 em 10 dBNA até que ele pare de responder. 
Aí vamos variando de 5 em 5 dBNA para cima e para baixo até encontrarmos a intensidade em que 
ele reponde a pelo menos 50% das apresentações. Anotamos o resultado no audiograma e passamos 
para outra freqüência. Fazemos o mesmo nas freqüências de 2000, 3000, 4000, 6000, 8000, 500 e 
250 Hz. 
 
 
 CUIDADOS NA APRESENTAÇÃO DOS ESTÍMULOS: 
 
• Duração do estímulo: não deve ser muito longo nem muito curto 
• Apresentação em intervalos irregulares de tempo 
• Não dar pistas visuais 
 
PADRÃO DE NORMALIDADE: 
 
Os limiares auditivos são considerados normais até 25dBNA no adulto e até 15dBNA na criança. 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 11 
 
REALIZAÇÃO DO EXAME POR VIA ÓSSEA: 
 
- Quando realizar: Aaudiometria tonal liminar por via óssea deve ser realizada quando os limiares 
aéreos não estiverem normais. 
 
- O trajeto do som na audiometria tonal por via óssea: orelha interna, nervo coclear e sistema nervoso 
auditivo central: 
 
 
- Objetivos: 
. Determinar o grau de comprometimento condutivo: através da comparação dos limiares aéreos e 
ósseos; 
. Determinar o grau do comprometimento sensorioneural: através da comparação do limiar ósseo do 
paciente com o 0dBNA. 
 
- Necessidade de utilização do mascaramento: 
 Quando qualquer local do crânio é estimulado pelo vibrador ósseo, as duas cócleas são estimuladas 
simultaneamente; 
Isto significa que não há atenuação interaural dificultando o exame de cada orelha separadamente; 
Há necessidade da aplicação do mascaramento como forma de eliminar a participação da orelha não 
testada quando a outra está sendo estimulada. 
 
- Instrução ao paciente: 
Exemplo: Você vai continuar a escutar os apitinhos só que junto vai escutar um barulho de chuva. 
Não ligue para o barulho da chuva e continue a levantar a mão ao escutar o apitinho. 
 
 
REALIZAÇÃO DA AUDIOMETRIA TONAL LIMINAR POR VIA ÓSSEA: 
 
- Colocação do vibrador ósseo: 
. Colocação preferencial: mastóide da orelha a ser testada; 
. Quando colocar na fronte: registrar no audiograma, pois os limiares obtidos desta forma diferem 
dos obtidos na mastóide. 
 
- Colocação dos fones: 
. a orelha oposta deverá ser coberta pelo fone; . a orelha sob teste deverá ficar descoberta. 
 
- Freqüências testadas: 
Ao realizarmos a audiometria tonal por via óssea testamos as seguintes freqüências, nessa ordem: 
1000 – 2000 – 3000 – 4000 – 500 
 . A freqüência de 250 Hz não é testada por provocar muita sensação tátil. . O vibrador ósseo apresenta 
limitações mecânicas para a transmissão de freqüências abaixo de 250 Hz e acima de 4000 Hz. 
- Intensidade: 
. O vibrador ósseo apresenta limitações mecânicas para a transmissão de intensidades superiores a 
70 dBNA; 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 12 
. Em perdas sensorioneurais maiores que 70 dBNA, a via óssea estará ausente em 70 dBNA (ou no 
valor máximo de saída do audiômetro para via óssea). 
 
AUDIOGRAMA 
Gráfico onde são anotados os resultados obtidos na pesquisa dos limiares tonais. 
 
 Segundo AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION (ASHA,1978) 
 
- Frequências sonoras de 250 a 8000 Hertz (Hz), deverão aparecer na abcissa, numa escala logarítmica. 
 
- Intensidades de -10 a 120 decibel nível de audição (dBNA), deverão aparecer na ordenada, numa 
escala linear. 
 
- O audiograma deverá ter dimensões preestabelecidas: a distância entre as oitavas, na escala de 
frequências, é igual a distância de 20 dB na escala de intensidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 13 
AUDIOGRAMA 
 
ANOTAÇÃO DOS RESULTADOS (ASHA,1974) 
 
- Os valores da orelha direita são marcados em vermelho e unidos por uma linha contínua. 
 
- Os valores da orelha esquerda são marcados em azul e unidos por uma linha tracejada. 
 
 Orelha direita Orelha esquerda 
via aérea X via óssea 
 
 
 
 
 
 
 
- Ao se chegar ao limite de saída máxima do audiômetro, e mesmo assim o indivíduo não responder, 
usam-se os símbolos acima acrescidos de uma seta para baixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Representação dos símbolos audiométricos 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 14 
AUDIOGRAMA 
 
SIMBOLOGIA ADOTADA PELA ASHA (1988) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 15 
LOGOAUDIOMETRIA 
 
 É qualquer teste realizado com estímulos lingüísticos que nos permite avaliar qualitativamente a audição do 
indivíduo. 
 Permite a medida da habilidade do paciente de entender a comunicação cotidiana. 
 Crianças pequenas respondem melhor à fala que a tons puros, por isto os resultados da logoaudiometria 
são mais confiáveis que os da audiometria tonal. 
 
 
OBJETIVOS DA LOGOAUDIOMETRIA 
 
- Medir limiares para fala; 
- Checar a audiometria tonal: existe uma relação entre audição para tons puros e para fala, por isto a 
logoaudiometria serve para verificar se a audiometria está correta; 
- Ajudar no topodiagnóstico ou diagnóstico diferencial; 
- Fazer estimativa da função comunicativa; 
- Ajudar na detecção de perdas auditivas funcionais ou não orgânicas e nos quadros de simulação de perda 
auditiva; 
- Auxiliar na indicação de aparelho de amplificação sonora individual. 
 
(RUSSO & SANTOS, 1994; STACH, 1998) 
 
 
PERCEPÇÃO DE FALA 
 
 Envolve um sistema de interação complexa que ultrapassa a realidade de simples detecção de sinais 
acústicos. O estímulo de fala precisa ser identificado, categorizado e reconhecido. 
 
 
ETAPAS DA PERCEPÇÃO DE FALA 
 
1) Audibilidade: detecção do som. 
2) Recepção da informação sonora. 
3) Discriminação: entre sons de diferentes espectros. 
4) Reconhecimento: comparação do que foi ouvido com experiências anteriores. 
5) Memória: retenção e evocação de elementos da fala. 
6) Compreensão da mensagem falada. 
 
(RUSSO & BEHLAU, 1993) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 16 
 
 Fatores que fazem parte do processo linguístico e cognitivo do indivíduo ao receber um sinal de fala: 
 
- Análise-síntese: é a decomposição e a integração das informações de fala recebidas. 
- Sequenciação: capacidade de ordenar os estímulos sonoros. 
- Fechamento auditivo: reconstrução da mensagem sonora quando parte desta foi omitida ou 
quando o ouvinte realiza suplência mental antes do término da fala. 
 
(KEITH, 1982) 
 
 
 
REDUNDÂNCIA NA PERCEPÇÃO DE FALA 
 
 
 Existe grande quantidade de redundância associada com nossa habilidade de ouvir e processar a fala. 
 
 
 -REDUNDÂNCIA INTRÍNSICA: abundância de informação presente no sistema auditivo central devido a 
presença de grande número de caminhos neurais. 
 Permite o processamento multissensorial e o processamento simultâneo de diferentes sinais auditivos. 
 
 
 -REDUNDÂNCIA EXTRÍNSICA:abundância de informação presente no sinal de fala. 
 Esta informação vem de pistas fonéticas, fonêmicas sintáticas e semânticas. 
 A redundância extrínsica aumenta com o tamanho do sinal da fala: a sílaba sem sentido tem a menor 
redundância, o discurso é o mais redundante. 
 Quanto menor a redundância extrínsica do material de fala mais a percepção é afetada pela perda auditiva 
periférica. 
 
 -Sílabas sem sentido e monossílabos são sinais de fala apropriados para detectar perdas periféricas. 
 
 - É muito difícil ter acesso aos efeitos de uma desordem no SNAC na percepção de fala. 
 Sinais de fala de todos os níveis de redundância dão muita informação para o SNAC que tem grande 
redundância intrínsica. 
 Mesmo que a redundância intrínsica esteja reduzida por problemas neurológicos, a redundância extrínsica 
de fala é suficiente para permitir um processamento normal. 
 A solução para ter acesso às desordens do SNAC é reduzir a redundância extrínsica da 
informação de fala. 
 
 
MATERIAIS DE FALA PARA LOGOAUDIOMETRIA 
 
 Diferentes tipos de materiais de fala são úteis para diferentes tipos de medidas audiométricas de fala: 
- Sílabas sem sentido 
- Monossílabos 
- Dissílabos ou espondaicos 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 17 
- Trissílabos 
- Sentenças sem sentido mas sintaticamente apropriadas 
- Sentenças 
 
 
 
AUDIÔMETRO CIRCUITO PARA REALIZAÇÃO DE LOGOAUDIOMETRIA 
 
1) Microfone utilizado pelo examinador ou toca-fitas ou CD player; 
2) Medidor de volume (VU meter) que permite ao examinador estabilizar a intensidade de sua voz; 
3) Fones ou caixas acústicas; 
4) Circuito de retorno da voz do paciente (microfone, fones de ouvido ou caixa acústica para recepção das 
respostasdo paciente. 
 
 
VALORES ACÚSTICOS MÉDIOS DE FREQÜÊNCIA E INTENSIDADE DOS SONS 
DA FALA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO, DISPOSTOS NO REGISTRO GRÁFICO 
DO AUDIÔMETRO (RUSSO & BEHLAU, 1993) 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 18 
SDT ou LDV 
 
SPEECH DETECTION THRESHOLD (SDT) SPEECH AWARENESS THRESHOLD (SAT) LIMIAR DE DETECÇÃO DE 
VOZ (LDV) 
 
 
DEFINIÇÃO: é a intensidade em dBNA na qual o indivíduo pode detectar a presença de um sinal de fala em 
50% das apresentações. Não é esperado que o indivíduo identifique e entenda este sinal, basta que ele o 
perceba. 
 
 
 
APLICAÇÃO CLÍNICA: confirmação dos limiares tonais. É usado quando não é possível realizar o SRT (em 
pacientes que não tem linguagem oral ou em deficiências auditivas profundas). 
 
 
 
MATERIAL DE FALA: 
- Convencionou-se utilizar a repetição da sílaba “pa” para pesquisar o SDT. 
 
 
MÉTODO: 
- Obtém-se a média dos limiares tonais por via aérea nas frequências de 500, 1000 e 2000Hz para cada 
orelha; 
- O paciente é instruído a levantar a mão ou apertar um botão ao ouvir a voz do examinador; 
- Inicia-se o teste com 30 a 40 dB acima da média tonal. 
- Abaixa-se a intensidade de 10 em 10 dB até o paciente deixar de ouvir a voz; - Varia-se a intensidade 
subindo e descendo de 5 em 5dB até encontrar o nível de intensidade onde o paciente detecta 50% das 
apresentações. 
- O resultado do SDT é expresso em dBNA 
 
 
RESULTADO ESPERADO: 
- O SDT está situado no nível de intensidade correspondente à perda média tonal, ou seja, àquela referente 
às freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz. Em alguns casos pode coincidir com o melhor limiar tonal (RUSSO 
& SANTOS, 1994). 
- O SDT deve coincidir com o melhor limiar auditivo encontrado dentre as frequências de 250 a 6000 Hz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 19 
SRT 
 
SPEECH RECOGNITION THRESHOLD - SRT LIMIAR DE RECONHECIMENTO DE FALA SPEECH RECEPTION 
THRESHOLD - SRT LIMIAR DE RECEPÇÃO DE FALA LIMIAR DE INTELIGIBILIDADE LIMIAR 
LOGOAUDIOMÉTRICO SPONDEE THRESHOLD - ST 
 
DEFINIÇÃO: 
- É o menor nível de intensidade em que a fala pode ser identificada (STACH, 1998). 
- Nível de intensidade no qual o ouvinte pode identificar 50% das palavras apresentadas (RUSSO & 
SANTOS, 1994). 
 
 
MATERIAL DE FALA: palavras familiares ao ouvinte, fáceis de serem entendidas e igualmente percebidas. 
 . Alta inteligibilidade pois o teste tem a finalidade de ser a medida da sensitividade e não da habilidade de 
discriminação; 
 . Inteligibilidade homogênea para que a resposta do paciente não varie em função da palavra do teste mas 
somente em função do nível de apresentação. - Na língua inglesa são usadas as palavras espondaicas 
(spondees), isto é, dissílabos acentuados em ambas as sílabas (hot-dog, cowboy). - Como na língua 
portuguesa não existe espondaicas usamos: 
 . palavras trissilábicas ou polissilábicas (RUSSO & SANTOS, 1994; FROTA, 1998); 
 . palavras dissilábicas; . perguntas ou ordens simples; . figuras ou 
objetos. 
 
 
MÉTODO: 
- pode ser feito com viva voz ou com gravação em fita cassete ou CD; 
- Obtém-se a média dos limiares tonais por via aérea nas frequências de 500, 1000 e 2000Hz para cada 
orelha; 
- Instrui-se o paciente a repetir as palavras da maneira que ouvir. Não esquecer de referir que elas vão 
ficando cada vez mais fracas; 
- Inicia-se o teste com 30 a 40 dB acima da média tonal; 
- Na maneira convencional as palavras são apresentadas em grupos de quatro e a intensidade deverá ser 
diminuída, em passos de 10dB, até o ponto em que o indivíduo consiga repetir apenas 1 palavra. A 
intensidade então é aumentada de 5 em 5dB, até o nível em que ele repita corretamente 2 palavras (50%). 
 -Com a finalidade de tornar o exame mais rápido, diminui-se de 10 em 10 dB, apresentando uma palavra 
em cada nível de intensidade, até que o paciente não mais repita. Aumenta-se 5 dB e apresenta-se 4 palavras. 
Dependendo de quantas palavras o paciente emita corretamente, passaremos a aumentar ou diminuir a 
intensidade em intervalos de 5dB, apresentando 4 palavras em cada nível, até encontrar a intensidade onde 
o paciente acerta 2 e erra 2 palavras (50%). 
- Se fizermos com perguntas ou ordens, descemos 10 dB a cada acerto do paciente. Quando errar subimos 
5 dB e fazemos outra pergunta ou damos outra ordem. Subimos e descemos de 5 em 5 dB até encontrar a 
menor intensidade em que o paciente acerta. 
 
RESULTADO ESPERADO: 
 
- O SRT está situado entre 5 e 10 dB acima da média dos limiares de 500, 1000 e 2000Hz, desde que sejam 
mantidas as condições ideais de isolamento acústico e de nível de ruído interno da cabine audiométrica 
(RUSSO & SANTOS, 1994). 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 20 
- O SRT (realizado com espondaicas) está situado entre 6dB da média dos limiares de 500, 1000 e 2000Hz 
(STACH,1998). 
 
 APLICAÇÃO CLÍNICA: 
- Confirmação dos limiares tonais; 
- Serve também para alertar o audiologista quanto a possíveis falhas na avaliação. 
 Se o SRT estiver situado acima ou abaixo desses valores indicará: 
. erro na determinação dos limiares tonais que deverão ser retestados; 
. presença de desordem funcional ou simulação; 
. falha no equipamento; 
. falha do examinador no controle do V.U. ou da intensidade de voz ao realizar o SRT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 21 
IPRF ÍNDICE PERCENTUAL DE RECONHECIMENTO DE FALA 
 
Definição: é a medida da habilidade de reconhecimento de monossílabos no silêncio. 
 
 
Objetivo: determinar a porcentagem de palavras repetidas corretamente no nível de intensidade mais 
confortável para o paciente. 
 
 
Nível de intensidade confortável: 
- É preciso determiná-lo com precisão para que se atinja o máximo de inteligibilidade; 
- Não existe um nível de intensidade que assegure o máximo de inteligibilidade para todos os pacientes; 
- Ouvintes normais atingem o máximo de inteligibilidade entre 25 e 40 dBNS (CARHART, 1965); 
- Adotou-se 40 dBNS como a intensidade para ser usada neste teste já que a maioria da população de 
ouvintes normais necessita desta intensidade para atingir o máximo de inteligibilidade; 
- Para perdas auditivas sensorioneurais, 40 dBNS pode ser desconfortável para o paciente, reduzindo a 
porcentagem de reconhecimento. Nestes casos é preciso pesquisar o nível mais confortável para cada 
indivíduo. 
 
 
Material de fala: 
- As palavras utilizadas para esta avaliação deverão: 
 . conter todos os fonemas da língua; 
 . ser familiares; 
 . ter igual dificuldade, tanto entre vocábulos quanto entre as listas de cada orelha. 
- Segundo CARHART (1965), o balanceamento fonético é de importância secundária, uma vez que os 
vocábulos mais usados e significantes são aqueles que proporcionam os melhores resultados no teste. 
- São montadas duas listas de 25 palavras monossilábicas, uma para cada orelha. 
- Utiliza-se, também, duas listas de 25 palavras dissilábicas, uma para cada orelha. 
 
 
Cuidados: 
1) Observar se os fones estão corretamente posicionados; 
2) Certificar-se de que a voz do paciente esteja sendo ouvida perfeitamente a fim de evitar possíveis erros 
de interpretação; 
3) Ajustar o V.U. de forma que não ultrapasse a marca zero, mas que a atinja em todas as apresentações; 
4) Emitir as palavras de modo claro, sem exagero ou articulação forçada; 
5) Pronunciar as palavras em velocidade e ritmo normais de fala, deixando, entre elas, um intervalo 
suficiente para possibilitar a identificação e a repetição das mesmas; 
6) Usar a gravação sempre que existir algum problema que possa alterar a inteligibilidade de sua voz 
(resfriados, rouquidão). 
 
 
Método: 
- Pode ser realizado com viva-voz ou com gravação; 
 
- Instruir opaciente para que repita a última palavra que lhe for apresentada; 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 22 
- Utilizar uma frase introdutória antes de cada palavra (“Repita a palavra...”; 
 
“Diga a palavra...”; “Repita ...”) para: 
 . preparar o ouvinte para a chegada da palavra; 
 . reduzir a variabilidade devido a falta de atenção; 
 . permitir ao audiologista modular sua voz de forma a manter o mesmo nível de apresentação das palavras; 
 . situar a palavra em contexto, o que facilita sua captação e compreensão. 
(RUSSO & SANTOS, 1994); 
 
- Colocar a intensidade de 40 dBNS ou aquela que for mais confortável para o paciente; 
 Obs.: Colocar 40 dBNS e antes de iniciar o teste perguntar se o som está muito forte, se está incomodando. 
Em caso de resposta positiva, abaixar a intensidade de 5 em 5 dB pesquisando em cada nível se ainda existe 
desconforto. O teste poderá ser iniciado quando a intensidade confortável for encontrada. 
 
• Aplica-se uma lista de 25 monossílabos na OD e outra na OE; 
• Calcula-se o resultado: conta-se os acertos do paciente e multiplica-se por 4 para obter a porcentagem de 
palavras repetidas corretamente. Isto é feito separadamente para cada orelha; 
• Se encontrarmos uma porcentagem igual ou inferior a 88%, repetimos o procedimento utilizando palavras 
dissilábicas. 
 
Resultados: 
 Este teste é supraliminar e seus resultados são expressos em porcentagem de acertos no reconhecimento 
das palavras e não em nível de intensidade. 
 
- Segundo JERGER e col. (1968): 
90 a 100% - limites normais 
75 a 89% - ligeira dificuldade 
60 a 74% - dificuldade moderada 
50 a 59% - reconhecimento pobre, dificuldade acentuada em acompanhar uma 
conversação 
abaixo de 50% - reconhecimento muito pobre, provavelmente incapaz de 
acompanhar uma conversação. 
 
 Resultado em função do tipo de perda auditiva: 
. Perdas condutivas: espera-se uma porcentagem acima de 90% já que este tipo de perda não compromete 
a discriminação. 
. Perdas sensoriais: a porcentagem de reconhecimento será compatível com a perda auditiva, isto é, 
dependerá: 
. do grau da perda auditiva; 
 . da configuração da curva audiométrica (é pior nas perdas descendentes); 
. da etiologia do problema. 
- Perdas neurais: a porcentagem de reconhecimento é pior do que o esperado para a perda. 
- Alterações centrais: geralmente o IPRF está normal. 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 23 
CURVA DE INTELIGIBILIDADE CURVA DE ARTICULAÇÃO FUNÇÃO PERFORMANCE-INTENSIDADE 
PERFORMANCE-INTENSITY FUNCTION (PI FUNCTION) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 24 
IMITÂNCIA ACÚSTICA 
 
IMITÂNCIA ACÚSTICA: termo geral que descreve a facilidade ou a oposição ao fluxo de energia sonora 
através de um sistema. 
 
IMPEDÂNCIA ACÚSTICA: oposição à passagem do fluxo de energia sonora através de um sistema 
 
ADMITÂNCIA ACÚSTICA: facilidade com que o fluxo de energia sonora passa através de um sistema 
 
IMITÂNCIA ACÚSTICA IMPEDÂNCIA + ADMITÂNCIA 
IMPEDÂNCIA ACÚSTICA 
(OPOSIÇÃO) 
← GRANDEZAS 
RECÍPROCAS → 
ADMITÂNCIA ACÚSTICA 
(FACILIDADE) 
RESISTÊNCIA 
ACÚSTICA – ATRITO 
(independe da freqüência 
sonora) 
← GRANDEZAS 
RECÍPROCAS → 
CONDUCTÂNCIA 
ACÚSTICA – ATRITO 
(independe da freqüência 
sonora) 
REACTÂNCIA DE 
RIGIDEZ 
(freqüências graves) 
← GRANDEZAS 
RECÍPROCAS → 
SUSCEPTÂNCIA DE 
RIGIDEZ 
(freqüências graves) 
REACTÂNCIA DE 
MASSA 
(freqüências agudas) 
← GRANDEZAS 
RECÍPROCAS → 
SUSCEPTÂNCIA DE 
MASSA 
(freqüências agudas) 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 25 
 
MEDIDAS DE IMITÂNCIA ACÚSTICA 
 
 
1. COMPLIÂNCIA ESTÁTICA 
 
• Representa a contribuição da orelha média na imitância acústica do sistema auditivo. 
 
• É obtida subtraindo-se a compliância na pressão de + 200 daPa da compliância na pressão do pico. 
 
• É expressa em volume equivalente de ar (ml). 
 
 
 Quando a pressão está em +200 daPa a membrana timpânica está em posição de máxima impedância. A 
compliância neste ponto será equivalente ao volume do meato acústico externo. 
 
 
2. TIMPANOMETRIA 
 
 É uma medida dinâmica que verifica a mudança da compliância decorrente da variação da pressão do ar no 
meato acústico externo. 
 Quando a pressão do ar no meato acústico externo é a mesma da orelha média a imitância do sistema 
auditivo está em seu pico ótimo e a energia que flui no sistema é máxima. A pressão da orelha média é 
alcançada variando-se a pressão do meato acústico externo vedado até que o nível de pressão sonora do 
tom da sonda esteja em seu mínimo indicando máxima transmissão de som através do mecanismo auditivo. 
Quando a pressão de ar no meato acústico externo varia acima e abaixo do ponto de máxima transmissão, 
o nível de pressão sonora do tom da sonda aumenta indicando redução na transmissão de som para a orelha 
média. 
 
 
APLICAÇÃO CLÍNICA: diagnostico diferencial entre as perdas auditivas condutivas. 
 
 
TIMPANOGRAMA: gráfico que relaciona a pressão do ar em daPa (decaPascal) na abcissa e a compliância na 
ordenada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 26 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS CURVAS TIMPANOMÉTRICAS (JERGER,1970) 
 
 
TIPO A: 
 Encontrada em indivíduos com função de orelha média normal. 
 Mostra um pico de máxima compliância entre 0,28 e 2,5 ml ao redor da pressão atmosférica ( 100 daPa) 
 
 
 
TIPO AD 
 Encontrada em indivíduos com disjunção de cadeia ossicular ou com membrana timpânica flácida. 
 O pico da curva ultrapassa o limite do gráfico deixando um intervalo entre os dois ramos da curva igual ou 
superior a 100 daPa. 
 
 
TIPO AR 
 Encontrada em indivíduos que apresentam rigidez no sistema tímpano-ossicular. A rigidez pode estar na MT, 
na articulação dos ossículos ou fixação da platina do estribo na janela oval. 
O pico de máxima compliância está rebaixado. 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 27 
 
 
 
TIPO B 
 Indica presença de líquido na orelha média (otite serosa ou secretora). Pode ainda representar vedação do 
meato ou perfuração timpânica. 
 Não apresenta pico de máxima compliância, sendo a curva achatada. 
 
 
 
 
TIPO C 
 Encontrada em indivíduos com disfunção tubária, isto é, que apresentam pressão negativa dentro da orelha 
média. 
 O pico de máxima compliância está deslocado para pressões negativas, abaixo de -100 daPa. 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 28 
 
 
 3. REFLEXO ACÚSTICO 
 
• A orelha média possui dois músculos: o estapédio (músculo do estribo) e o tensor do tímpano. 
• Sons intensos produzem um reflexo de contração da musculatura da orelha média. 
• Nos humanos é o músculo estapédio que dá a maior contribuição ao reflexo acústico. Em outros animais, 
o músculo tensor do tímpano contribui bastante para este reflexo (STACH, 1998). 
• O músculo estapédio está ligado, através de um tendão, da parede posterior da orelha média até a cabeça 
do estribo. Quando ele contrai, aumenta a rigidez da cadeia ossicular reduzindo a transmissão da energia 
sonora através da orelha média. Esta redução da transmissão da energia produz um aumento do nível de 
pressão sonora do tom de prova no meato acústico externo que pode ser captado pelo imitanciômetro. 
• O músculo estapédio é inervado pelo nervo facial (VII par craniano) que provoca sua contração. 
• Em orelhas normais, a estimulação sonora intensa em qualquer orelha provoca contração do músculo de 
estribo bilateralmente. Devido a isto podemos observar reflexos acústicos contralaterais e ipsilaterais 
 
 
 
NÍVEL DO REFLEXO ACÚSTICO: 
- É a menor intensidade sonora capaz de provocar mudança na imitância da orelha média 
devido à contração do músculo estapédio 
- Em pessoas com função de orelha média e audiçãonormal, encontra-se entre 70 e 90 dBNS 
(LOPES FILHO, 1972). 
 
 REFLEXO CONTRALATERAL: 
 Quando o estímulo sonoro é apresentado em uma orelha e o reflexo acústico é medido na outra. 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 29 
REFLEXO IPSILATERAL: 
 Quando o estímulos sonoro é apresentado na mesma orelha em que o reflexo é medido. 
 
 
TÉCNICA 
 
• Depois de realizar a timpanometria, coloca-se o manômetro na pressão que foi encontrada quando a 
membrana timpânica se encontrava em máximo relaxamento (pressão do meato acústico externo = 
pressão da orelha média), a fim de que qualquer modificação na imitância da OM possa ser registrada. 
• Para realizar o reflexo contralateral, coloca-se na freqüência de 500 Hz e estimulase, pelo fone, a partir 
de 80 dBNA aumentando a intensidade até notarmos uma modificação na imitância. 
• Repete-se o mesmo procedimento com as freqüências de 1000, 2000 e 4000 Hz. 
• Repete-se o procedimento para realizar o reflexo ipsilateral 
• Anota-se os resultados 
 
ARCO REFLEXO 
 
PARTE AFERENTE: Nervo Coclear (VIII par craniano). 
PORÇÃO CENTRAL DO ARCO REFLEXO: Complexo Olivar Superior (tronco cerebral). 
PARTE EFERENTE: Nervo Facial (VII par craniano). 
 
nervo coclear (VIII par) → núcleo coclear ventral →complexo olivar superior →núcleo motor do nervo 
facial →nervo facial (VII par) →músculo estapédio 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 30 
 
 
REFLEXO ACÚSTICO 
 
 
 A ausência do reflexo contralateral direito pode ser devido a: 
• perda condutiva elevada na orelha direita que deixa o som com intensidade insuficiente para causar o 
reflexo. 
• perda sensorioneural severa na orelha direita. 
• tumor no nervo auditivo direito. 
• lesão nas fibras que cruzam a linha média na porção central do arco reflexo. 
• problema no nervo facial esquerdo que impede que os estímulos nervosos cheguem ao músculo 
estapédio. 
• problema condutivo na orelha esquerda que impede que a contração do músculo estapédio influencie a 
imitância da orelha média. 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 31 
 
APLICAÇÕES CLÍNICAS DA IMITANCIOMETRIA 
 
 
 Avaliação da função tubária 
 
a) Com perfuração da membrana timpânica (Teste ou Prova de Função Tubária) - Vedamos o meato 
acústico externo com uma oliva adequada. 
- Introduzimos uma pressão de +200 daPa. 
- Damos um copo de água ao paciente e solicitamos que coloque um pouco na boca e degluta ao nosso 
comando. 
- A cada deglutição observamos o manômetro. 
- Resultados: 
 
1) Tuba funcionante (permeável): após 3 ou 4 goles de água a pressão retorna ao 0 daPa: 
 
 
 
 
2) Tuba hipofuncionante (semi-permeável): a pressão diminui mas permanece uma pressão 
residual: 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 32 
3) Tuba não permeável (impermeável): quando há um bloqueio total da tuba a pressão 
permanece fixa em +200 daPa. 
 
 
 
b) Sem perfuração de membrana timpânica: 
- Timpanometria: 
- se o pico estiver entre 100 daPa a função tubária está normal. 
- se houver registro de pulsação sincrônica com a respiração a tuba é hiperfuncionante. 
- Manobra de Valsalva: 
- O paciente faz uma expiração forçada com as narinas ocluídas forçando a entrada de ar na orelha média; 
- Realiza-se a timpanometria que deverá ter o pico deslocado para pressões positivas; 
- Pede-se para o paciente tomar um gole de água; 
- Realiza-se novamente a timpanometria; 
- Se a tuba estiver permeável o pico retorna para 0daPa. 
- Manobra de Toymbee: 
- O paciente deglute com o nariz obstruído; 
- Realiza-se a timpanometria que deverá mostrar um pico deslocado para pressões negativas; 
- Pede-se para o paciente tomar um gole de água; 
- Realiza-se novamente a timpanometria; 
- Se a tuba estiver permeável o pico retornará ao 0daPa. 
 
• Diagnóstico diferencial entre as perdas auditivas de condução 
 
 Os vários tipos de curvas timpanométricas (A, Ad, Ar, B e C) ajudam no diagnóstico diferencial das perdas 
auditivas de condução. 
 
• Pesquisa do recrutamento objetivo de Metz 
 
 Metz, em 1946, observou que indivíduos com perdas sensorioneurais apresentavam os mesmos níveis de 
reflexo estapediano que os indivíduos com audição normal. 
 Quando existe uma diferença reduzida (inferior a 60dB) entre os limiares tonais e os limiares de reflexo 
acústico, temos o recrutamento que é indicativo de problema coclear. 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 33 
 
 
• Pesquisa do declínio do reflexo (decay imitanciométrico) 
 
 Apresenta-se um tom puro, 10 dB acima do limiar do reflexo acústico em 500 e 1000 Hz, durante 10 
segundos. 
 Se a agulha do balance voltar mais que 50% nos primeiros 5 segundos, o decay será positivo sugerindo 
presença de lesão retro-coclear. 
 
 
 
 
• Diagnóstico de fístula perilinfática 
 - Pesquisa do fenômeno de Túlio: 
 Fenômeno de Túlio é a presença de vertigem após a apresentação de um som intenso. 
 Apresenta-se um som de 125 dB nas freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz e observa-se a presença de 
vertigem. 
 A presença deste fenômeno é indicativo de fístula perilinfática. 
 
- Pesquisa do sinal de Hennebert: 
 Sinal de Hennebert é o aparecimento de vertigem e nistagmo após variação rápida de pressão no meato 
acústico externo. 
 Muda-se a pressão de positiva para negativa e vice-versa, de forma rápida, e observa-se a presença de 
vertigem e nistagmo. 
 
• Detecção de lesão do tronco cerebral 
 
 A ausência de reflexo acústico contralateral acompanhada da presença do reflexo ipsilateral em orelha com 
audição normal pode revelar uma lesão de tronco cerebral. 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 34 
• Topodiagnóstico das paralisias faciais periféricas 
 
 Em paralisias faciais supra-estapedianas (acima da emergência do ramo do nervo facial para o músculo 
estapédio) o reflexo estará ausente. 
 Em paralisias faciais infra-estapedianas (abaixo da emergência do ramo do nervo facial para o músculo 
estapédio) o reflexo estará presente. 
 
• Diagnóstico de tumores glômicos na orelha média 
 
 A presença de pulsação sincrônica com a pulsação periférica durante a timpanometria, pode indicar 
presença de tumor glômico pulsátil ou hipertensão arterial. 
 
• Pesquisa da surdez psicogênica ou simulação 
 
O paciente apresenta perda auditiva profunda e apresenta reflexo acústico em níveis de intensidade 
normais. 
 
• Screening (triagem) imitanciométrico 
 
O screening ou triagem tem o propósito de diferenciar indivíduos auditivamente normais e anormais dentro 
de uma dada população. Identifica o indivíduo que necessita de investigação mais profunda. 
 O screening imitanciométrico em escolares é mais efetivo que ao audiométrico pois identifica patologias da 
orelha média. 
 
• Avaliação da função auditiva em bebês e crianças pequenas 
 
 Por ser um teste objetivo é muito útil na avaliação de bebês e crianças pequenas, pois não necessita da 
colaboração da criança. 
 
• Predição do limiar auditivo em perdas auditivas sensorioneurais (JERGER,1974) 
 
Baseada na diferença do limiar de reflexo acústico para tons puros e para ruído branco. Esta diferença é de 
20 a 30 dB, sendo o reflexo para ruído branco obtido a níveis menos intensos de estímulo. 
O limiar de reflexo para ruído branco é subtraído da média dos limiares de reflexo para tons puros de 500, 
1000 e 2000 Hz. 
 O valor desta diferença varia de acordo com o equipamento utilizado, por isto é preciso pesquisar a diferença 
entre estes dois níveis de reflexo, em ouvintes normais, para obter o fator de correção. Jerger encontrou 25 
db de diferença. Se a diferença encontrada for inferior ou superior a este valor deve-se acrescentar o valor 
de correção ao cálculo da perda. 
 Se a diferença entre os dois limiares de reflexo for inferior a 15 dB indica presença de perda auditiva 
sensorioneural. 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 35 
MASCARAMENTO 
 
DEFINIÇÃO: 
• Mascaramentoé o processo pelo qual o limiar de audibilidade para um som é elevado pela presença 
de outro som (ANSI, 1989) 
 
OBJETIVO DO USO DO MASCARAMENTO: 
 
• Eliminar a participação da orelha não testada (ONT) durante a avaliação da orelha testada (OT). 
 
 Um ruído, apresentado à ONT, é empregado para alterar a sensibilidade da cóclea não testada e impedir 
que ela responda quando o estímulo for apresentado à OT. 
 
RUÍDOS MASCARANTES 
 
 
1. RUÍDOS DE BANDA LARGA: a energia sonora está distribuída de forma linear em uma faixa que 
abrange diversas frequências. 
 
1.1 RUÍDO BRANCO (WHITE NOISE) 
 
• Ruído com energia acústica em níveis de intensidade aproximadamente equivalentes em todas as 
frequências do espectro audível. 
• Quando o Ruído branco passa por um transdutor (fone, vibrador ósseo ou alto falante) sua banda é 
reduzida devido à limitação imposta pela resposta de frequência do transdutor. 
• Fone TDH39: o espectro é horizontal até 6000Hz mas cai rapidamente depois desse ponto. 
 
 
Espectro acústico do Ruído Branco apresentado por meio de um fone TDH-39 (Fonte: 
Musiek e Rintelmann, 2001) 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 36 
1.2 RUÍDO ROSA (PINK NOISE) 
 
 
• É uma filtragem do Ruído Branco abrangendo uma área mais reduzida do espectro audível; 
 
• Sua energia está igualmente distribuída na faixa de freqüências de 500 a 4000 Hz; 
 
• Por ter energia concentrada numa faixa de freqüências mais estreita do que o Ruído Branco, sua 
efetividade de mascaramento para sons de fala é maior, necessitando de menor intensidade total. 
 
Espectro de Amplitude do Ruído Rosa (Fonte: Almeida, Russo e Santos, 1995) 
 
 1.3 RUÍDO DE FALA (SPEECH NOISE) 
 
• É uma filtragem do Ruído Branco contendo a distribuição da energia na faixa de frequências de 500 a 2000 Hz; 
• Tem uma frequência com pico da curva em 1000 Hz e um decréscimo de 12 dB por oitava; 
• Por apresentar uma largura de banda que corresponde à da faixa de frequências do espectro da fala que 
concentra maior energia, necessita de menor intensidade do que o Ruído Branco e o Rosa. 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 37 
 
FAIXA CRÍTICA 
 
• Quando um tom puro é mascarado por um Ruído de Banda Larga, apenas uma faixa limitada do ruído em 
torno da freqüência testada é essencial para mascarálo; 
 
• O restante do Ruído de Banda Larga irá contribuir apenas com o loudness do ruído mascarante. 
 
• Faixa limitada de freqüências de um ruído, ao redor da freqüência testada, que é essencial para 
mascarar o tom puro (Silman e Silverman, 1997); 
 
• Extensão da faixa do ruído cuja energia é igual à energia do tom puro no centro da faixa quando o 
tom mal é mascarado pelo ruído (Goldstein e Newman, 1999); 
 
• Extensão da faixa do ruído cujo limiar absoluto é igual ao limiar do tom puro no centro da faixa 
(Goldstein e Newman, 1999); 
 
• A energia acústica acima e abaixo dessa faixa pode ser removida sem afetar o mascaramento 
produzido pelo ruído (Sanders e Hall, 2001). 
 
 
Faixa crítica para mascaramento 
(Fonte: Silman e Silverman, 1997) 
 
Frequência 250 Hz 500 Hz 1000 Hz 2000 Hz 3000 Hz 4000 Hz 6000 Hz 8000 Hz 
Faixa crítica 50 Hz 50 Hz 64 Hz 100 Hz 158 Hz 200 Hz 376 Hz 501 Hz 
 
 
• Os níveis de intensidade da faixa crítica produzem o mascaramento mais eficiente para estímulos 
com tom puro mas tendem a ter uma tonalidade que pode ser confundida com o tom em teste. Para 
resolver este problema: faixas de frequências maiores do que a faixa crítica tem sido utilizadas nos 
audiômetros (Goldstein e Newman, 1999). 
 
 
2. RUÍDO DE BANDA ESTREITA (Narrow Band Noise) 
 
• Ruído criado pela passagem do Ruído Branco através de uma série de filtros eletrônicos ativos de 
banda estreita; 
 
• A energia sonora está concentrada numa faixa restrita de freqüências sendo que a freqüência central 
é a testada na audiometria tonal. 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 38 
Espectro de Amplitude do Ruído de Banda Estreita (Narrow Band Noise) 
(Fonte: Almeida, Russo e Santos, 1995) 
 
 
 
RUÍDO DE BANDA ESTREITA (Narrow Band Noise) 
 
 
 
 
 
MASCARAMENTO EFETIVO 
 
• É o nível de intensidade no qual o limiar tonal é alterado por um determinado ruído cuja freqüência 
central é a mesma do tom teste. 
 
❖ Um tom puro, em uma dada intensidade e freqüência, será mascarado por um ruído 
mascarante cuja energia na faixa de freqüência correspondente à faixa crítica para o tom 
puro, seja equivalente à energia do tom puro; 
 
❖ A diferença entre a menor intensidade do ruído mascarante que mascara o tom e a 
intensidade do tom puro mascarado é a efetividade do mascaramento. 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 39 
(Goldstein e Newmann, 1999) 
 
• É a intensidade do sinal que o ruído mascarante deve mascarar, mais a efetividade do mascaramento 
(Silman e Silverman, 1997). 
 
EXEMPLO: 
• Se um tom puro de 2000Hz é apresentado a 60dBNA e a menor intensidade de NBN centrado em 
2000Hz que mascara o tom é 70dB, a efetividade do mascaramento é 10dB: 
70dB – 60dB = 10dB 
 
 
QUANTO USAR DE MASCARAMENTO 
 
• Supermascaramento: 
 
❖ Ocorre quando o ruído mascarante, ao ser apresentado à ONT, cruza e eleva o limiar ósseo da 
OT. 
 
❖ Como o ruído mascarante é apresentado por via aérea, o supermascaramento não ocorre até 
que a intensidade do ruído mascarante seja 40dB maior que o limiar ósseo da OT. 
 
• Mascaramento mínimo: 
 
❖ Nível de mascaramento suficiente para mascarar o tom teste na ONT. 
 
❖ Depende da efetividade do mascaramento. 
 
• Mascaramento máximo : 
 
❖ Quantidade máxima de mascaramento que pode ser colocada na ONT para que não ocorra 
supermascaramento. 
 
• A intensidade do ruído mascarante deve estar entre esses dois níveis 
 
 
 
QUANDO USAR O MASCARAMENTO 
 
• Quando houver possibilidade de ocorrer lateralização. 
 
LATERALIZAÇÃO é a transmissão do estímulo, através do crânio, da OT para a ONT (SANDERS; HALL, 2001) 
 
• A lateralização depende da atenuação interaural 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 40 
ATENUAÇÃO INTERAURAL 
 
• É a queda na intensidade de um estímulo acústico do transdutor audiométrico (fone ou vibrador ósseo) 
da OT para a cóclea da ONT. 
 
• A atenuação interaural depende: 
 
❖ Do tipo de transdutor utilizado: 
 - Fone circum-aural; 
- Fone de inserção; 
- Vibrador ósseo. 
 
❖ Da frequência testada 
 
❖ De variações anatômicas individuais 
 
 Faixa de extensão dos valores da atenuação interaural para estímulos conduzidos por via aérea através 
de fones circum-aurais (Fonte:KATZ, 1999): 
 
Estudo 
 
Freqüências 
 
 125 250 500 1000 2000 4000 8000 
Liden e col. (1959) 40-75 45-75 50-70 45-75 45-75 45-75 45-80 
Chaiklin (1967) 32-45 44-58 54-65 57-66 55-72 61-85 51-61 
Coles e Pride (1968) ---- 50-80 45-80 40-80 45-75 50-85 ---- 
 
Menores valores de atenuação interaural para 3 tipos de transdutores (Fonte: STACH, 1998): 
 
Frequência (Hz) Circum-aural (TDH49) Inserção (ER-3A) Vibrador Ósseo 
250 40 75 
500 40 75 0 
1000 40 60 0 
2000 45 55 0 
4000 50 65 0 
8000 50 65 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 41 
 
Fatores importantes na decisão de quando mascarar (Sanders e Hall, 2001) 
 
• Intensidade do estímulo; 
• Sensibilidade auditiva na orelha não testada; 
• Atenuação interaural. 
 
CURVA SOMBRA 
 
• Curva audiométrica obtida quando os limiares da OT refletem as respostas da cóclea da ONT. 
 
 
QUANDO MASCARAR 
 
• Sempre que a diferença entre a intensidade do estímulo apresentado à OT e os limiares ósseos da ONT 
for igual ou maior que a atenuação interaural. 
 
 
AUDIOMETRIA TONAL POR VIA AÉREA: 
 
• Quando houver diferença igual ou maior que 40 dB entre o limiar da pior orelha(OT) e o limiar 
ósseo da melhor orelha (ONT). 
 
• Esse método pode levar ao mascaramento desnecessário mas irá garantir a utilização do 
mascaramento sempre que for preciso. 
 
- Ao realizarmos a audiometria obtemos os limiares da via aérea da melhor orelha seguidos dos 
limiares aéreos da pior orelha. 
- Quando a melhor orelha tem um problema condutivo, não saberemos a necessidade de usar 
mascaramento até obtermos os limiares da via óssea; - Os limiares aéreos deverão ser pesquisados 
novamente ao verificarmos que os limiares obtidos podem ser resposta da melhor orelha. 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 42 
 
AUDIOMETRIA TONAL POR VIA ÓSSEA: 
 
• A ONT deve ser mascarada sempre que a OT apresentar GAP aéreo-ósseo. 
 
 
 
LOGOAUDIOMETRIA: 
 
• LDV (SDT): Quando a diferença entre o LDV da OT, obtido sem mascaramento, e o melhor limiar da 
ONT, for igual ou maior que 40 dB. 
 
• LRF (SRT):Quando a diferença entre o LRF da OT, obtido sem mascaramento, e a média dos limiares 
ósseos de 500, 1000 e 2000 Hz da ONT, for igual ou maior que 45 dB. 
 
• IPRF: Quando a diferença entre a intensidade utilizada no teste do IPRF da OT e a média dos limiares 
ósseos de 500, 1000 e 2000 Hz da ONT for igual ou maior que 45 dB. 
 
 
 BIBLIOGRAFIA 
 
ALMEIDA, K. de; RUSSO, I.C.P; SANTOS, T.M. Aplicação do mascaramento em audiologia. São Paulo: Lovise, 
1995. 55 p 
 
American National Atandars Institute. Specifications for audiometers – ANSI S.3.6., New York, 1989. 
 
FRAZZA, M.M.; SILVA, M.L.G. da; MUNHOZ, M.S.L.; GANANÇA, M.M.; CAOVILLA, 
H.H. Mascaramento. In: MUNHOZ, M.S.L.; CAOVILLA, H.H.; SILVA, M.L.G. da; GANANÇA, M.M. Audiologia 
clínica. São Paulo: Atheneu, 2000. pp.73-84 
 
GOLDSTEIN, B.A.; NEWMAN, C.W. Mascaramento clínico: tomando decisões. In: KATZ, J. Tratado de 
audiologia clínica. 4.ed. São Paulo: Manole, 1999. pp. 109-131 
 
REDONDO, M. do C. Mascaramento clínico. In: FROTA, S. Fundamentos em fonoaudiologia. Audiologia. Rio 
de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. pp. 69-75 
 
RUSSO, I.C.P. Acústica e psicoacústica aplicadas à fonoaudiologia. São Paulo: Lovise, 
1993. pp. 134-138 
 
SANDERS, J.W.; HALL, J.W. Mascaramento Clínico. In: MUSIEK, F.E.; RINTELMANN, W.F. Perspectivas atuais 
em avaliação auditiva. Barueri-SP: Manole, 2001. pp. 63-83 
 
SILMAN, S.; SILVERMAN, C.A. Auditory Diagnosis: principles and applications. San Diego: Singular Publishing 
Group, 1997. pp. 1-6 e 36-44 
 
STACH, B.A. Clinical audiology. An introduction. San Diego: Singular Publishing Group, 1998. pp. 216-229 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 43 
TESTES REALIZADOS COM DIAPASÕES (TESTES ACUMÉTRICOS) 
 
 
DIAPASÕES: são barras metálicas em formato de U que possuem um cabo e dois ramos que ao entrarem em 
vibração produzem tons puros. Os diapasões mais usados são os de 256, 512 e 1024 Hz. 
 Antes do aparecimento do audiômetro era usado para investigar o limiar mínimo de audição. 
 Continuam a ser utilizados na prática audiológica para averiguar, de forma rápida, se o problema é condutivo 
ou sensorioneural. 
 Modo de usar: segura-se o diapasão o mais perto possível da extremidade e deve-se bate-lo sobre uma 
superfície. 
- por via óssea: aplica-se o pé do diapasão em vibração sobre a mastóide ou fronte. 
- Por via aérea: coloca-se o diapasão, com os ramos dirigidos para baixo e perpendiculares ao eixo 
longitudinal da cabeça. 
 
 PROVAS CLÁSSICAS COM DIAPASÃO: 
 
 TESTE DE RINNE 
 
Compara via aérea com via óssea da mesma orelha. 
 
Técnica: Aplica-se, primeiro, o pé do diapasão em vibração na mastóide do paciente até que informe não 
mais ouvir o som. Nesse momento aplica-se o diapasão por via aérea. 
 
Resultados: 
- Rinne positivo: a vibração será ouvida por via aérea, após ter deixado de ouvir por via óssea. 
 Aparece na: 
- audição normal 
-perda sensorioneural (aqui o tempo de ambas as vias está diminuído) 
- Rinne negativo: a sensação por via óssea se mantém por tempo maior que por via aérea. 
 
 
 TESTE DE WEBER 
 
- Compara a audição por via óssea entre as duas orelhas. 
- Técnica: apoia-se a base do diapasão na testa do paciente que deve informar onde está percebendo o 
som. 
- Resultados: 
- Indiferente: não percebe o estímulo localizado em uma das orelhas. Aparece na audição normal ou perda 
simétrica do mesmo tipo. 
- Lateralizado para a orelha com melhor audição: em perdas sensorioneurais. 
- Lateralizado para a orelha com maior perda de audição: em perdas condutivas. 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 44 
WEBER AUDIOMÉTRICO: 
 
 Técnica: coloca-se o vibrador do audiômetro na testa e o paciente é instruído a informar onde percebe o 
som. 
 Faz-se nas freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. 
 A intensidade utilizada é a média dos limiares ósseos das duas orelhas na freqüência testada, acrescido de 
15 dB. 
 Resultados: iguais aos da técnica com diapasão. 
 
 
TESTE DE BING 
 
 Compara o tempo de audição por condução óssea relativa (com o conduto auditivo externo aberto) 
e por condução óssea absoluta (conduto auditivo externo ocluído). 
- Técnica: coloca-se a base do diapasão em vibração na mastóide do paciente e oclui-se o conduto 
auditivo pressionando o tragus. O paciente deve referir se o som ficou mais forte quando o 
conduto foi obstruído ou se permaneceu igual. 
- Resultados: 
Bing + : o som fica mais forte com o conduto auditivo externo obstruído. Aparece em audição 
normal ou perda sensorioneural. 
Bing - : o som não muda quando se obstrui o conduto auditivo externo. Aparece em problemas 
condutivos. 
 
 
TESTE DE SCHWABACH 
 
 Compara o tempo de audição por via óssea do paciente com o tempo de audição por via óssea de um 
ouvinte normal. 
 -Técnica: Aplica-se o pé do diapasão em vibração na mastóide do paciente que deverá informar quando 
deixar de ouvir o som, momento em que o examinador, com audição normal, retira o diapasão e o coloca 
imediatamente na sua própria mastóide. A seguir vibra-se novamente o diapasão e inverte-se o processo: 
coloca-se primeiro na mastóide do examinador e quando este deixar de ouvir, coloca-se na mastóide do 
paciente. 
 Resultados: 
- Schwabach normal: quando os tempos de audição são semelhantes. 
- Schwabach encurtado: quando o examinador ouve mais tempo que o paciente. Aparece em 
problemas sensorioneurais. 
Schwabach alargado: quando o paciente ouve mais tempo que o examinador. Aparece em prob 
 
 
BIBLIOGRAFIA: 
SEBASTIAN, GONZALO DE. Audiologia Prática. 3.ed. Rio de Janeiro: Enelivros, 1986. 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 45 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE ALTERAÇÕES COCLEARES E RETROCOCLEARES 
 
Os pacientes portadores de alterações sensorioneurais podem apresentar distorções da sensação 
sonora que podem ser classificadas como: 
 
a) Recrutamento: crescimento anormal da sensação de intensidade. Supondo que um indivíduo 
apresente um limiar auditivo, em 1000 Hz, de 5 dBNA em uma orelha e 45 dBNA em outra, nestas 
intensidades os tons são percebidos como sendo de igual intensidade nas duas orelhas, pois 
ambos estão no limiar. Para que ocorra a sensação de 20 dB deve-se aumentar 20 dB a cada um 
dos limiares. Existem casos, porém, em que basta que se aumente 5 dB na orelha pior para que 
o paciente tenha a sensação igual à da orelha boa. A este fenômeno dá-se o nome de 
recrutamento. A presença de recrutamento é indicativa de lesão coclear. 
b) Diplacusia: alteração da sensação de altura. O paciente refere que o som percebido em uma das 
orelhas é diferente daquele percebido na outra. Às vezes, o paciente refere sentir o tom 
"desafinado", "quebrado" e esta sensação também é decorrente da distorção da sensação de 
tom. A presença de diplacusia é indicativa de lesão coclear. 
c) Adaptação: diminuição na sensitividade auditiva na presença de um estímulo contínuo.A 
presença de adaptação é indicativa de lesão no VIII par craniano, isto é, nas lesões retrococleares. 
 
 
 
TESTES PARA AVALIAR A FUNÇÃO COCLEAR 
 
 1) Teste de Balanceamento Binaural Alternado da Sensação de intensidade ou teste de Fowler (ou 
ABLB - Alternate Binaural Loudness Balance) 
 
Este teste compara o crescimento da sensação de intensidade em uma frequência para as duas 
orelhas. 
O teste de Fowler é realizado em indivíduos que apresentam uma diferença mínima de 20 dB e 
máxima de 60 dB entre as orelhas na frequência a ser testada, e que tenham a orelha melhor praticamente 
normal. A escolha da frequência a ser testada deverá ser aquela menos comprometida pela perda auditiva 
e mais próxima de 1000 Hz. 
 
 Procedimento para a realização do teste de Fowler: 
Após a obtenção dos limiares tonais para ambas as orelhas, seleciona-se a frequência para iniciar o 
teste. Aumenta-se a intensidade em 20 dBNS para a orelha melhor e para a pior. Apresenta-se o som 
alternadamente, pedindo-se ao paciente que informe se o som na orelha pior é mais forte, igual ou mais 
fraco do que aquele apresentado na melhor. Varia-se a intensidade do estímulo apresentado à orelha pior 
até que o paciente responda que ambos estão no mesmo nível de intensidade. 
Anota-se a intensidade em que a igualdade das sensações ocorreu. 
Aumenta-se a intensidade do som para 40 dBNS na orelha melhor e varia-se novamente a intensidade 
do som na orelha pior até que o paciente refira que estão iguais. Aumenta-se 20 dB no atenuador cada vez 
que o paciente igualar a sensação de intensidade entre as duas orelhas, até que se atinja o limite máximo 
do audiômetro. 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 46 
Anotação dos resultados do teste de Fowler: 
Os níveis no qual a sensação de intensidade foi igualada são unidos por linhas. Os pontos referentes 
à orelha melhor aparecem com uma distância regular de 20 dB um do outro a partir do limiar. Os pontos 
referentes à orelha pior são marcados no nível onde aconteceu à mesma sensação de intensidade. 
Se as linhas que conectam os pontos da mesma sensação permanecerem paralelas é sinal de que não 
ocorreu o recrutamento, já que um aumento na intensidade da orelha melhor resulta em aumento igual 
na orelha pior para que se obtenha a mesma sensação de intensidade. 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 48 
2) Teste de Balanceamento Monoaural Alternado da Sensação de Intensidade ou Teste de Reger (MLB - 
Monoaural Loudness Balance): 
 
Neste teste há uma comparação entre a sensação de crescimento da intensidade de freqüências 
diferentes na mesma orelha. 
É utilizado nos casos de perdas auditivas sensorioneurais bilaterais simétricas desde que com uma 
diferença de 20 dB a 60 dB entre duas freqüências próximas na mesma orelha. 
 
 
Procedimento para realização do teste de Reger: 
Após a obtenção dos limiares tonais para ambas as orelhas, seleciona-se as freqüências para iniciar o 
teste. Aumenta-se a intensidade em 20 dBNS para a freqüência com melhor limiar e para a pior. Apresenta-
se o som alternadamente, pedindo-se ao paciente que informe qual dos sons é mais forte apesar de serem 
diferentes. Varia-se a intensidade da freqüência pior até que o paciente refira que ambos os sons estão no 
mesmo nível de intensidade. Anota-se a intensidade em que a igualdade das sensações ocorreu. 
Aumenta-se a intensidade do som para 40 dBNS na freqüência melhor e variase novamente a 
intensidade do som da freqüência pior até que o paciente refira que estão iguais. Aumenta-se 20 dB cada 
vez que o paciente igualar a sensação de intensidade entre as duas freqüências, até que se atinja o limite 
máximo do audiômetro. 
 
 
Anotação dos resultados: 
Os resultados deste teste são anotados da mesma forma que no Fowler, ou seja, a cada momento 
em que o paciente equipara a sensação de intensidade entre as duas freqüências na mesma orelha, o 
registro deverá ser feito. 
Se as linhas que conectam os pontos de mesma sensação permanecerem paralelas é sinal de que não 
ocorreu o recrutamento, já que um aumento na intensidade da freqüência melhor resulta em aumento 
igual na freqüência pior para que se obtenha a mesma sensação de intensidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 49 
3) Índice de Sensibilidade a Pequenos Incrementos ou Teste SISI (Short lncrement Sensitivity Index) 
 
O teste SISI surgiu a partir de pesquisas realizadas sobre o gradiente diferencial de intensidade, ou 
seja, a menor mudança na intensidade de um tom puro que o ouvido pode detectar. Vários autores 
suspeitaram que pacientes com lesões cocleares poderiam apresentar gradientes diferenciais de 
intensidade (GDI) para tons puros menores do que os de ouvintes normais ou os pacientes com lesões não 
cocleares. Na maioria dos casos um GDI reduzido era sugestivo de recrutamento e que se as medidas do 
GDI não fossem uma medida direta do recrutamento, seriam pelo menos medidas indiretas deste. 
O sucesso de Jerger (1952, 1953) com as medidas do GDI permitiu o desenvolvimento do teste SISI 
por Jerger, Shedd e Harford (1959). Jerger (1961) observou que o SISI não era para ser visto como um teste 
direto ou indireto do recrutamento, mas, de preferência como um teste de localização da lesão. 
 
 
Procedimento para a realização do teste SISI: 
 
O teste é realizado nas freqüências de 500 a 4000Hz. Um tom contínuo é apresentado a 20dBNS na 
freqüência a ser examinada. A cada 5 segundos um pequeno incremento é superposto, inicialmente com 
aumentos bem detectáveis, em torno de 5 dB, para treinamento do paciente. O incremento de intensidade 
diminui para 1 dB e a partir deste momento começa realmente o teste, o qual consta da aplicação de 20 
incrementos de 1dB. 
Ao paciente se pede que responda apertando um botão, ou levantando a mão toda vez que perceber 
este aumento. 
 
 
Resultados: 
 
A avaliação do SISI é determinada pelo número de incrementos de 1 dB detectados pelo paciente. 
Como o teste consiste de 20 incrementos, quando o sujeito detecta todos, diz-se que obteve o índice de 
100% no SISI, o que significa lesão coclear. 
Índices entre 0 e 20% são considerados comuns em indivíduos normais. 
Os valores entre 20 e 60% são considerados duvidosos e podem ser encontrados em indivíduos com 
alterações retrococlear ou mesmo coclear. 
Finalmente, os valores entre 60 e 100% são considerados indicadores positivos de recrutamento, 
portanto são mais freqüentes em sujeitos portadores de lesão coclear. 
 
 
Cuidados: 
Os indivíduos com audição treinada, como por exemplo músicos e afinador de piano, podem detectar 
os incrementos sem apresentar lesão coclear. 
Os incrementos são apresentados em intervalos de tempo iguais, o que pode levar o paciente a 
responder condicionado ao tempo e não por estar detectando o incremento. 
 
 
Anotação dos resultados: 
 
Deve-se contar quantos incrementos o paciente percebeu em cada freqüência e multiplica-se por 5 
para encontrar o resultado em porcentagem. Ex: 
Orelha direita 500 Hz: percebeu 4 incrementos (4 X 5 = 20%) 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 50 
1000 Hz: percebeu 8 incrementos (8 X 5 = 40%) 
2000 Hz: percebeu 12 incrementos (12 X 5 = 60%) 
4000 Hz: percebeu 20 incrementos (20 X 5 = 100%) 
 
S I S I 
 
 
 
500 Hz 1000 Hz 2000 Hz 4000 HZ 
D 
 
20 % 40 % 60 % 100 % 
E 
 
 
 
 
 
 
4) Pesquisa de recrutamento objetivo de Metz: 
 
Metz, em 1946, observou que indivíduos com perda auditiva sensorioneural coclear apresentavam os 
mesmos níveis de reflexo acústico que os indivíduos com audição normal. 
Denomina-se Recrutamento objetivo de Metz quando existe uma diferença reduzida, inferior a 60 dB, 
entre os limiares tonais e os limiares de reflexo acústico temos o recrutamentoque é indicativo de lesão 
coclear. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 51 
 TESTES PARA AVALIAR A FUNÇÃO RETROCOCLEAR 
 
Os potenciais auditivos evocados de tronco encefálico, Auditory Brainstem Response (ABR), a 
tomografia computadorizada e a ressonância magnética são testes objetivos freqüentemente utilizados na 
detecção de lesões retrococleares. 
Entretanto, os testes comportamentais têm uma função diagnóstica importante como um 
procedimento de triagem e continuam a ser usados clinicamente devido a sua viabilidade, baixo custo e 
eficácia. 
O objetivo da aplicação destes testes é o de identificar pessoas com suspeita de alterações retrococlear 
e, servem como referência para posterior confirmação do diagnóstico. 
Os testes que avaliam a função retrococlear devem ser aplicados nos casos de: - Perdas auditivas 
sensorioneurais unilaterais ou assimétricas; 
- Quando o IPRF for incompatível com os limiares tonais, limiares razoavelmente bons e IPRF muito ruim; 
- Perda auditiva sensorioneural súbita; - Presença de zumbido unilateral. 
 
 
1) Tone Decay (TDT - Tone Decay Test): 
 
A adaptação é a redução progressiva da sensação de intensidade quando a excitação é por 
estimulação contínua, ocorre, portanto, mudança do limiar auditivo durante a estimulação. Este é um 
fenômeno peri-estimulatório. 
O Tone Decay é um teste que pesquisa o fenômeno de adaptação. 
 
Procedimento para realização do TDT: 
Ele é realizado através de qualquer audiômetro e pode ser aplicado em qualquer freqüência que o 
examinador julgar necessário. Na rotina clínica geralmente são testadas as freqüências de 500, 1000, 2000 
e 4000 Hz. 
Para a realização do teste deve ser solicitado ao paciente que levante a mão assim que ouvir o apito, 
permanecendo assim enquanto estiver ouvindo, e que abaixe a mão somente quando não o ouvir. 
Na prática clínica são utilizadas duas técnicas para medir a adaptação: 
a) Método de Carhart (1957): 
- Instruir o paciente. 
- Iniciar o teste apresentando um estímulo tonal contínuo à orelha testada 5dBNS. 
- Assim que o indivíduo responder, começar a marcar o tempo com um cronômetro. 
- Se o estímulo do teste é percebido durante 1 minuto, encerrar o teste. 
- Se o paciente abaixar a mão, antes de completar os 60 segundos, aumentar a intensidade em 
5dB sem interromper o estímulo, zerar o cronômetro e marcar novamente o tempo de 1 minuto. 
- Continuar aumentando a intensidade do tom em degraus de 5 dB até que a intensidade 
atingida permita ao paciente perceber o tom por um minuto inteiro. 
- Quando isto ocorrer o teste deverá ser encerrado nesta freqüência. 
- Prosseguir desta maneira até que todas as freqüências desejadas tenham sido testadas. 
b) Método de Rosemberg (1958): 
Esta é uma versão mais rápida do teste de Carhart. 
O que diferencia este método é que se o paciente abaixar a mão, indicando que não ouve mais, a 
intensidade do tom é aumentada em 5dB, sem que o cronômetro seja desligado. 
O procedimento é repetido todas as vezes que o paciente abaixar a mão até que o cronômetro atinja 
60 segundos. Quando isto ocorre o teste deve ser encerrado nesta freqüência. 
Prossegue-se desta maneira até que todas as freqüências tenham sido testadas. 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 52 
Estudos demonstraram que o método de Carhart é mais eficiente na detecção de lesões 
retrococleares. 
 
 
Resultados: 
A quantidade de declínio tonal em dB (tone decay) é a diferença entre o limiar do indivíduo e a 
intensidade em que o teste terminou, ou seja: 
0 a 10 dB - normal 
15 a 25 dB - coclear 
30 dB ou mais - retrococlear 
 
Quanto maior o tone decay e o número de freqüências afetadas, particularmente as freqüências mais 
graves, maior a possibilidade de ser uma doença grave. Anotação dos resultados: 
Exemplo: OE – 500Hz – limiar = 30 dBNA teste finalizado em 60 dBNA 
decay 60 – 30 = 30 
 
TDT 
 
 
500 
Hz 
1000 
Hz 
2000 
Hz 
4000 
HZ 
D 
E 
30 
dBNS 
 
 
 
 
2) STAT (Supra Threshold Adaptation Test) ou Teste de Adaptação Supraliminar 
O teste STAT foi descrito por Jerger e Jerger (1975) trabalhando com a hipótese de que um tone decay 
anormal aparece primeiro em intensidades mais fortes. 
 
Procedimento para realização do STAT: 
- As freqüências testadas são 500, 1000 e 2000 Hz. 
- O sujeito é instruído a avisar, ficando com a mão levantada, enquanto estiver ouvindo o som 
na orelha testada. A orelha não testada deverá ser mascarada se o som dado na orelha testada for 
suficientemente forte para chegar na orelha não testada. 
- Um tom contínuo de 500 Hz a 100 dBNA, para qualquer perda auditiva, é apresentado até que 
o paciente indique que não ouve mais o som (abaixando a mão), ou até que 60 segundos tenha se 
passado. 
- A intensidade de apresentação do som (100 dBNA) deve representar um nível de sensação de 
pelo menos 20 dBNS, ou seja, um limiar tonal de até 80 dBNA em cada freqüência testada. 
 
 
Resultados: 
 
Se o paciente escutar o som por 60 segundos o resultado é negativo. 
Se durante a apresentação do som o paciente referir que não está mais escutando, o resultado é 
positivo indicando problema localizado no nervo auditivo, ou seja, retrococlear. 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 53 
 
 
3) Função performance-intensidade: Índice de Rollover 
 
Habilidades de reconhecimento de fala (IPRF) são geralmente avaliadas na intensidade mais 
confortável para o paciente ou em algum nível de sensação fixo, acima do limiar de recepção de fala (SRT). 
Sua utilização, embora de grande utilidade na avaliação da habilidade de reconhecer fala do paciente, não 
provou ser tão efetivo na diferenciação de doença coclear e retrococlear. 
Porém, Jerger e Jerger (1971) notaram uma diminuição significante no percentual em níveis de 
intensidade mais fortes nos resultados de pacientes com tumor do VIII par craniano quando comparados aos 
pacientes com doença coclear. 
 
Procedimento para realizar o teste Função Performance-intensidade: 
 
- Depois de realizar o IPRF na intensidade mais confortável para o paciente, apresenta-se a lista 
de monossílabos em intensidades sucessivamente mais fortes até o máximo do aparelho. O pior 
resultado obtido com intensidades fortes (PB mínimo) é subtraído do melhor resultado (PB máximo) 
e este total é dividido pelo PB máximo para obter o índice de Rollover (IR). 
 
IR= ( PB max - PB min) 
PB max 
 
 
Resultado: 
 
Jerger e Jerger (1971) encontraram o índice de 0,40 como sendo o mais alto em problemas cocleares 
e o índice de 0,45 como o mais baixo em problemas retrococleares. Baseando-se neste estudo considerar-se 
que índices iguais ou maiores que 0,45 sugerem presença de alteração retrococlear. 
 
 
4) Pesquisa do declínio do reflexo acústico ou Decay imitanciométrico: 
Este teste é realizado com o imitanciômetro. Para tanto, apresenta-se um tom puro, 10dB acima do 
limiar do reflexo acústico em 500 e 1000 Hz durante 10 segundos. 
Se a agulha voltar mais que 50% do seu percurso inicial nos primeiros 5 segundos, o decay será positivo 
sugerindo presença de alteração retrococlear. 
 
 
 AUDIOLOGIA CLÍNICA 54 
CARACTERÍSTICAS AUDIOLÓGICAS DAS DEFICIÊNCIAS AUDITIVAS CONDUTIVAS 
 
 
Audiometria tonal por via aérea: rebaixada 
 
A perda auditiva condutiva pura pode ser de grau leve ou moderado. 
Quanto à configuração da curva, são mais comuns as perdas ascendentes ou planas. O aumento da 
rigidez do sistema tímpano-ossicular dificulta a passagem dos sons graves, curva ascendente; e, o aumento 
da massa dificulta mais a passagem dos sons agudos, porém, este aumento também gera um aumento de 
rigidez, afetando todas as freqüências testadas, ocasionado uma curva plana. 
A perda auditiva pode ser unilateral ou bilateral, simétrica ou assimétrica. 
 
 
Audiometria tonal

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