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Protozoários São seres unicelulares eucarióticos, possuem organelas específicas relacionadas a locomoção - FLAGELOS, CÍLIOS, PSEUDÓPODOS E MICROTÚBULOS. Flagelos: estrutura fina, pode distinguir espécies e estágios dos protozoários a partir do ponto em que se exterioriza da célula. Ex: No Leishmania sp o flagelo sai da porção anterior da célula, já no Trypanosoma seu flagelo sai da porção posterior da célula formando uma membrana ondulante através da célula. Cílios: estruturas mais finas e curtas que os flagelos, cada um se origina num corpo basal, revestem grande parte da estrutura corporal do protozoário. Ex: Paramecium spp. Pseudópodes: prolongamentos citoplasmáticos que também possuem atividade fagocítica. Ex: Entamoeba spp. Microtúbulos: permitem sua locomoção por deslizamento e/ou ondulações. Ex: Toxoplasma gondii. Classificação: São pertencentes ao Filo PROTOZOA, podendo ser dos subfilos SARCOMASTIGOPHORA, protozoários que se locomovem por flagelos ou pseudópodes, e APICOMPLEXA, protozoários que se movimentam por deslizamento de cílios ou microtúbulos. O subfilo Apicomplexa possui duas classes a serem estudadas: COCCIDIA, parasitas de células epiteliais, e PIROPLASMIDIA parasitas de células sanguíneas. Leishmania São do subfilo Sarcomastigophora, possuindo UM ÚNICO FLAGELO, durante uma de suas duas fases, que se localiza na sua extremidade de sua PORÇÃO ANTERIOR. São da família Trypanosomatidae e do Gênero Leishmania. Leishmania tropica - agente etiológico da leishmaniose cutânea ou “botão do oriente”, menos agressiva, suas lesões restringem-se ao local da picada. Leishmania braziliensis - causador da leishmaniose tegumentar americana ou “úlcera de Bauru”. Leishmania chagasi, L. infantum, L. donovani - são todas as mesmas espécies de Leishmania, porém diferem no modo como são chamadas dependendo do país, a primeira na América, segunda na Europa e terceira na África e Ásia. As três formas podem ser chamadas de complexo Donovani que causa a forma mais agressiva da doença, a LEISHMANIOSE VISCERAL. Ciclo de vida: Seu ciclo é HETEROXENO, ou seja, possui dois ou mais hospedeiros. Possui dois estágios de desenvolvimento dependendo do hospedeiro: Amastigota: forma esférica ou oval, SEM FLAGELO (flagelo rudimentar que não é exteriorizado), sendo visíveis na microscopia óptica apenas NÚCLEO E CINETOPLASTO (é como uma mitocôndria responsável pelo fornecimento de energia apenas para o batimento do flagelo). A forma amastigota é a que se encontra no interior das células do HOSPEDEIRO VERTEBRADO, as quais o protozoário utiliza como transporte tornando o flagelo descartável. Nessa forma esse protozoário se reproduz por FISSÃO BINÁRIA dentro das células hospedeiras que são principalmente células do sistema imune, do qual a Leishmania evade. Promastigota: forma COM FLAGELO longo que sai da porção anterior da célula. É a forma que se encontra no intestino dos vetores, o MOSQUITO PALHA ou Lutzomyia longipalpis, cuja picada o transmite. Ciclo biológico: 1. Mosquito L. longipalpis infectado pica um mamífero passando a forma promastigota da Leishmania. 2. Formas promastigotas provenientes do mosquito viram amastigota após serem fagocitadas pelas células do sistema imune do mamífero. 3. As formas amastigotas se reproduzem por fissão binária lotando a célula hospedeira. 4. A lotação da célula hospedeira proporciona sua ruptura/fissão liberando formas amastigotas livremente no sangue. 5. Mosquito não infectado pica esse mamífero que está com formas amastigotas livres no sangue e se infecta, fechando o ciclo. Quadro clínico: A leishmaniose não apresenta sinais clínicos imediatos, é uma DOENÇA CRÔNICA que pode levar meses e até mesmo anos para apresentar sinais clínicos. Leishmaniose cutânea: Provocada pelo Leishmania (Vianna) braziliensis. Provoca descamação cutânea periocular, nos pavilhões auditivos, difusa, de forma que soltam escamas que parecem caspa; Rarefação pilosa, queda de pelos, e alopecia; Úlceras cutâneas, primeiro restritas ao local da picada, depois se espalham, principalmente em locais de saliências ósseas como no coxal e costelas. Leishmaniose visceral: Provocada pelo L. chagasi. É mais agressiva que a cutânea, possuindo os mesmo sinais clínicos que ela acrescidos de outros mais, como altos níveis de anticorpos na tentativa de reação do organismo que não adianta devido a capacidade de evasão do sistema imune pelos protozoários, lesões viscerais além das cutâneas como na forma cutânea, possui longos períodos de assintomatologia = crônica que dificilmente mata o hospedeiro, sintomatologia variável. Seus protozoários ocupam, principalmente, linfonodos causando linfoadenomegalia, fígado - hepatomegalia, baço - esplenomegalia, medula óssea - anemia severa, além disso causam grande perda de peso - emaciação e caquexia (animal fica caquético), onicogrifose - crescimento exagerado das unhas (mais pela falta de desgaste delas pela falta de mobilidade do animal devido a deposição de complexos imunes das articulações), febre irregular. Diagnóstico: Direto: quando se encontra o parasita podendo ser por PUNÇÃO BIÓPSIA ASPIRATIVA (PBA) e IMPRINT de órgãos linfáticos, principalmente linfonodos e baço (apenas pós morte). Indireto: PCR que detecta o DNA do protozoário, INOCULAÇÃO EM ANIMAIS (hamsters), exames sorológicos para pesquisa de anticorpos como ELISA, IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA que é o padrão ouro de diagnóstico, e HEMAGLUTINAÇÃO. Tratamento: Em humanos é efetivo e feito com antimoniais pentavalentes (Glucantime) + alopurinol (Zyloric), antes utilizados também no tratamento com cães, porém estes não são totalmente curados, sendo apenas amenizada os sinais clínicos e é necessária a reaplicação do tratamento a cada ano. Riscos de desenvolvimento de resistência aos fármacos utilizados pelos protozoários causaram a proibição do tratamento dos animais a instituição de seu sacrifício até que foi criado um fármaco apenas de uso animal para o tratamento com miltefosine como princípio ativo, porém que também não cura completamente os animais e deve ser reaplicado a cada dois anos, mesmo tratado o animal continua portador do protozoário e pode infectar mosquitos que os piquem. O tratamento dos animais é feito com auxílio de antifúngicos para melhora do aspecto da pele. Controle: Diagnóstico e tratamento de humanos; Eliminação de cães errantes devidoao oneroso tratamento para ser arcado pelo poder público; Identificação e sacrifício de cães sorologicamente positivos, já que, mesmo com o caro tratamento disponível não possível para a realidade da maioria a população, esses animais permanecem portadores representando risco de infecção de novos mosquitos e, consequentemente, mamíferos próximos; Controle do vetor; Vacinas foram desenvolvidas para os animais. Porém o controle esbarra em algumas limitações como a dificuldade de utilização de testes de ELISA e imunofluorescência pelo custo; Proximidade dos tutores aos animais que não querem deixá-los sacrificar; Falta de pesquisas epidemiológicas que comprovem a eficiência dos sacrifícios; Possível existência de outros reservatórios silvestres; Controle do vetor é difícil e limitado.
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