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ParasitologiaParasitologiaParasitologia veterináriaveterináriaveterinária MONTEIRO, Silvia Gonzalez. Parasitologia na medicina Veterinária, 2 Ed. TAYLOR, M.A. Parasitologia Veterinária, 4 Ed. Feito com base nas aulas e nos livros: @medvetresume -Versão gratuita--Versão gratuita--Versão gratuita- @medvetresume Por exemplo, larva migrans cutânea no ser humano, que é causada pela forma larval de Ancylostoma caninum (parasito do cão). Parasitam um hospedeiro diferente do seu habitual. Parasitologia veterinária INTRODUÇÃO CONCEITOS EM PARASITOLOGIA Parasitologia: Ciência que estuda o parasitismo e sua relação com o hospedeiro. É uma associação entre seres vivos, no qual o parasito vive à custa do hospedeiro e que pode parcialmente ter prejuízo. Na ecologia, o parasitismo é caracterizado por ter uma relação ecológica interespecífica, ou seja entre espécies diferentes, e sendo desarmônica, com o parasito beneficiado e o hospedeiro prejudicado. Parasito do grego, significa “ser que se alimenta de outro ser ” No caso esse outro ser é o hospedeiro Organismo que abriga o parasito. Nesse sentido, parasita é um organismo que necessita de outro ser para ter abrigo e alimento, para reproduzir e perpetuar a espécie e não raro causando-lhe dano. Unilateralidade de benefícios: O parasito é sempre beneficiado, e o hospedeiro, prejudicado. Podendo haver dependência metabólica; CLASSIFICAÇÃO DOS PARASITOS LOCALIZAÇÃO NO HOSPEDEIRO Endoparasitos: Vivem dentro do hospedeiro. Por exemplo, helmintos e protozoários Endoparasitas infectam!! → Infecção: É a invasão de um hospedeiro por organismos (vírus, bactérias, protozoários, helmintos) Ectoparasitos: Vivem na superfície ou em cavidades do hospedeiro. Ectoparasitas infestam!! → Infestação: É o estado ou a condição de ser infestado, restrito à presença de parasitos externos. PERMANÊNCIA NO HOSPEDEIRO Temporário: Uma ou mais formas evolutivas do parasito procuram o hospedeiro somente para se alimentar ou buscar abrigo. Por exemplo, pulgas e mosquitos Permanente: Em todas as suas fases de vida, alimentam-se e reproduzem-se no hospedeiro. Dependem do hospedeiro para sobreviver. Por exemplo, sarnas e piolhos Periódico: Apenas em uma fase de sua vida alimentam-se no hospedeiro. Só são parasitos em uma fase de desenvolvimento. RELAÇÃO COM O HOSPEDEIRO Obrigatório: Organismos incapazes de ter vida livre e precisam de um hospedeiro para sobreviver. Por exemplo, Toxoplasma gondii Facultativo: Aqueles seres que podem ou não viver parasitando. Por exemplo, as moscas da família Calliphoridae Acidental: Acidentalmente entra em contato com o hospedeiro, porém não evolui nele. Aquele que vai a outro lugar que não o ideal e fica por acaso. Por exemplo, carrapato, larva de Dermatobia hominis, larva de Cochliomyia hominivorax. Por exemplo, artrópodes (ácaros e insetos), como bernes, carrapatos, pulgas. @medvetresume Por exemplo, ciclo de Fasciola (o parasito passa uma parte do ciclo no interior de um molusco e a outra em um vertebrado NÚMERO DE HOSPEDEIROS Monóxenos (direto): Necessita somente de um hospedeiro. Infesta ou infecta diretamente seu hospedeiro definitivo, sem necessitar de hospedeiro intermediário. Por exemplo, Haemonchus Heteróxenos (indireto): Quando existem dois ou mais hospedeiros. → Sendo chamados de Dioxeno, quando são dois hospedeiros e trioxeno, quando são três, e assim por diante. ESPECIFICIDADE Estenoxenos: Quando são muito específicos, só aceitam aquele hospedeiro. → Especificidade parasitária restrita: Parasito restrito a uma determinada espécie Por exemplo, Babesia bovis em bovinos. Eurixenos: Quando apresentam especificidade parasitária, tendo uma variedade de hospedeiros. → Parasita hospedeiros de diferentes grupos de animais; Por exemplo, Toxoplasma gondii ou Fasciola hepatica, que podem parasitar várias espécies animais Oligoxenos: Têm uma especificidade limitada, porém maior que os estenoxenos e menor que os eurixenos. → Os hospedeiros têm que ter Parentes, normalmente estão na mesma família ou no mesmo gênero; Por exemplo, Echinococcus granulosus pode ser encontrado no cão e no lobo, ambos mamíferos agrupados na família Canidae. TIPOS DE HOSPEDEIROS Definitivo (HD): É aquele em que o parasito é encontrado na sua forma adulta, em que ele alcança sua maturidade sexual. Por exemplo, no ciclo da Taenia saginata, o ser humano é o HD, pois tem o parasito adulto no seu intestino delgado. Para isso acontecer, o indivíduo ingeriu a forma larval da Taenia que estava na carne de bovino malcozida, ou seja, o ruminante é o hospedeiro intermediário (HI). No ciclo de vida do Toxoplasma, um protozoário que apresenta mais de um hospedeiro, o HD é o felino, pois é nele que ocorre a reprodução sexuada; já os animais domésticos e o ser humano vão ser os HI, pois, nestes, só ocorre a reprodução assexuada. Intermediário (HI): É aquele no qual se encontra a forma imatura do parasito, ele não consegue alcançar sua maturidade sexual nesse hospedeiro. Por exemplo, no ciclo do protozoário Plasmodium, o ser humano é o HI, ocorrendo apenas a reprodução assexuada e o mosquito Anopheles é o HD, onde ocorre a reprodução sexuada. Paratênico (de transporte): É um ser vivo que serve de refúgio temporário e de veículo até que o parasita atinja o hospedeiro definitivo. → O Parasita apresenta-se na sua fase não adulta; → Esse hospedeiro entra no ciclo por acidente e não são essenciais para a continuação do ciclo, mas facilitam a transmissão do parasito para seus hospedeiros. Por exemplo, os ratos no ciclo de Toxocara canis ingerem ovos no ambiente e albergam as larvas do verme nos seus tecidos. Se o rato for ingerido por um cão (HD do T. canis), o parasito se desenvolve até a forma adulta no intestino delgado do canino. Não necessariamente são dois ou três hospedeiros diferentes No caso de protozoários, eles se encontram na fase sexuada No caso dos protozoários, é no HI que se dá a fase assexuada @medvetresume Reservatório: É o ser vivo responsável pela sobrevivência do parasito. O parasito dificilmente causa doença nesse hospedeiro. Por exemplo, a capivara é um reservatório do T. evansi VETORES São veículos que transmitem o parasito entre um hospedeiro e outro; → Termo usado para artrópodes. → São essenciais para a sobrevivência do parasito. Se o vetor for eliminado, o parasito é erradicado. Por exemplo, na malária, o Plasmodium é disseminado pelos mosquitos, que são os vetores biológicos; se os mosquitos fossem extintos, não existiria mais a doença. Podem ser divididos em: • Vetores mecânicos: meros transportadores. Não há desenvolvimento do parasito. Por exemplo, o ácaro Macrocheles usa um besouro para se transportar • Vetores biológicos: Funcionam como HI, pois haverá desenvolvimento do parasito. Por exemplo, a Dermatobia hominis pode ovipor na mosca Stomoxys, e o desenvolvimento da larva (L1) do berne ocorre nessa mosca. • Vetores inanimados (Fômites): Quando o parasito é transportado por objetos. Por exemplo, agulhas, espéculos, etc. ACÃO DO PARASITO NO HOSPEDEIRO Ação mecânica: • Obstrução: como a de Toxocara, esse parasito forma bolos de vermes no intestino e o obstrui; • Compressão: como a do Coenurus cerebralis, que, conforme cresce, comprime o cérebro, causando perturbações neurológicas e funcionais. Ação espoliadora: É quando o parasito absorve nutrientes e fluidos do hospedeiro, tornando-o abatido, apático, magro e alvo fácil de outras doenças. Por exemplo, Haemonchus ao sugar sangue no abomaso de ovelhasAção inflamatória/irritante: Ocorre pela penetração ativa de larvas na pele. Por exemplo, Strongyloides papillosus Ação de transmissão: Hospedeiros transmitem agentes patogênicos. Por exemplo, carrapato transmitindo Babesia Ação Tóxica: É quando o parasito produz enzimas ou metabólitos que podem lesar o hospedeiro. Por exemplo, reações alérgicas aos metabólitos produzidos por Anaplasma marginale Ação Traumática: Provocada por formas larvais de helmintos, apesar de parasitos adultos também possuírem essa ação. Por exemplo, larvas de Haemonchus PERÍODO DE PARATISMO Período pré-patente (PPP): É o período entre o momento da infecção até a maturidade sexual, quando se inicia a eliminação de ovos, cistos, oocistos ou larvas. → Corresponde ao período de incubação da doença no animal. Tempo decorrido entre a exposição de um animal a um organismo patogénico e a manifestação dos primeiros sintomas da doença. Período patente (PP): A partir da fase adulta até o fim da vida dos parasitos ou fim da infecção. → No caso dos protozoários, é a fase de reprodução sexuada. @medvetresume É o período em que os parasitos são facilmente diagnosticados por meio dos seus ovos, cistos, oocistos ou larvas. Geralmente coincide com o período de sintomas da doença no animal. Termina quando as fases citadas anteriormente não são mais encontradas nos exames. CURIOSIDADES NA PARASITOLOGIA → A maioria dos parasitos se reproduz rapidamente e tem um ciclo de vida simples, como por exemplo a giárdia. → Parasitos de animais podem levar ao abortamento. → Não existe cura parasitológica para a Leishmaniose em cães (protozoário hemoparasita), mas existe um tratamento para que proporcione uma melhor qualidade de vida ao animal. → A Doença de Chagas pode ser contraída pela ingestão de açaí contaminado com fezes do barbeiro. → Picada pelo mosquito conhecido como barbeiro não é mais a principal causa da enfermidade, capaz de trazer graves abalos ao coração. → Existe um parasito (toxoplasma gondi) que faz o rato perder medo do gato. → Doenças parasitárias trazem prejuízos econômicos. → O número de algumas doenças parasitárias aumenta no verão, por conta da alta temperatura. Como, por exemplo, carrapatos, pulgas, leishmaniose, (...). → Suínos pode ter a cisticercose e não teníase. → O animal precisa ser vermifugado independente se o animal sai na rua ou não. @medvetresume Os protozoa/protozoários são organismos unicelulares, eucarióticos e que apresentam nutrição heterotrófica. Os protozoários, em sua grande maioria, apresentam-se em: ✓ Vida livre sendo encontrados em diferentes ambientes aquáticos e úmidos. ✓ Espécies que vivem em associação com outros organismos, como é o caso dos parasitas. Reprodução Assexuada ✓ Divisão binária: ✓ Brotamento: ✓ Merogonia(esquizogonia): Várias divisões do núcleo celular sem que haja divisão imediata do citoplasma. Sexuada ✓ Gametogonia: Formação de gametas ✓ Esporogonia: Formação dos esporozoítos Alguns protozoários possuem fase sexuada e assexuada. Classificação Por locomoção ✓ Protozoários ciliados se locomovem por auxílio de estruturas denominadas de cílios, cada cílio se origina em um corpo basal; ✓ Flagelados: Utilizam flagelos para se locomover, no qual pode ser originado no corpo basal ou aderido ao corpo do protozoário (membrana ondulante); Reino Protozoa @medvetresume ✓ Pseudópodes: movimentam com a ajuda de pseudópodes, que são prolongamentos citoplasmáticos que modificam a forma do corpo do organismo e promovem a locomoção. O seu citoplasma flui pelos prolongamentos Capacidade fagocítica Alimentação ✓ Fagocitose: Englobam pequenas estruturas macromoleculares ✓ Pinocitose: Englobam gotículas líquidas Alguns filos do Reino Protozoa Os protozoários possuem uma classificação complexa e que estão sempre em revisão Atualmente, alguns pesquisadores classificam esses seres em 13 filos Apenas 9 filos são considerados de importância veterinária, são eles: ✓ Amoebozoa ✓ Percolozoa ✓ Euglenozoa ✓ Parabasalia ✓ Formicata ✓ Metamonada ✓ Preaxostyla ✓ Apicomplexa ✓ Cilophora @medvetresume É importante saber o reino, a ordem, o gênero e a espécie! Família Trichomonadidae Inclui diversos gêneros de interesse médico e veterinário: Tritrichomonas, Trichomonas, Tetra-trichomonas, Trichomitus e Pentatrichomonas. Identificação das espécies e relação parasito x hospedeiro ainda não são conhecidas; ✓ Em bovinos, causa a tricomonose bovina, doença que pode levar à infertilidade e aborto; ✓ Pode estar associada a doenças intestinais em gatos; O patógeno mais importante desta família é o gênero Tritrichomonas foetus Tritrichomonas foetus Aspectos gerais Protozoário transmitido classicamente por via sexual; Hospedeiros ✓ Bovinos e gatos Localização ✓ Prepúcio dos machos e útero e vagina das fêmeas; ✓ Intestino delgado de gatos; Forma evolutiva ✓ Trofozoíto ✓ Alguns autores descrevem um pseudocisto. Um pseudocisto pode aparentar ser um cisto verdadeiro. Entretanto, ele não é tecnicamente um cisto. A parede de um cisto verdadeiro consiste de uma camada de células epiteliais claramente definida. A parede de um pseudocisto consiste de tecido fibroso e/ou de granulação. Distribuição ✓ Em todo o mundo, embora a prevalência venha diminuindo. Morfologia ✓ Formato piriforme ou fusiforme; ✓ Axóstilo, estrutura de sustentação, tem uma parte livre e se localiza no centro do corpo; ✓ Um núcleo ovalado grande e deslocado; ✓ Sem simetria bilateral; ✓ Blefaroplasto localizado anteriormente ao axóstilo; ✓ Presença de quatro flagelos, sendo três anteriores e um recorrente, os quais formam a membrana ondulante que percorre todo o corpo do parasito, tendo a extremidade posterior livre Ciclo biológico ✓ A transmissão é puramente mecânica e se dá por meio do coito; Por isso não apresenta forma cística, pois não necessita de resistência no ambiente. Tritrichomonas foetus Reino: Protozoa Filo: Parabasalia Classe: Trichomonadea Ordem: Trichomonadida Família: Trichomonadidae Gênero: Tritrichomonas Espécie: Tritrichomonas foetus https://pt.wikipedia.org/wiki/Cisto https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido_fibroso https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tecido_de_granula%C3%A7%C3%A3o&action=edit&redlink=1 @medvetresume ✓ O macho, uma vez infectado, passa a ser o agente transmissor; ✓ Pode ocorrer contaminação também por fômites e sêmen contaminado. Refere-se aos objetos inanimados que podem levar e espalhar a doença e agentes infecciosos, como os espéculos; ✓ Nas vacas, o parasito passa da vagina para a parede uterina, onde se fixa às células epiteliais, induzindo a liberação de substâncias tóxicas, o que causa morte celular; ✓ Antes do estro, os tricomonas vão para a vagina e contaminam o touro durante a monta natural; ✓ Reproduzem-se por divisão Binária longitudinal. Importância na Medicina Veterinária ✓ Infecção seguida de aborto precoce (pouco detectado devido ao pequeno tamanho do feto) ✓ Repetição de cio, vaginite, endometrite, piometra, infertilidade e consequente redução na produção de carne e leite. ✓ Propicia o aparecimento de infecções oportunistas, principalmente se ocorrer retençãode placenta. ✓ O macho, muitas vezes, não apresenta sintomatologia, mas passa o parasito para outras vacas por meio do coito, sendo inviabilizado para a reprodução (o tratamento no macho não é seguro). ✓ As vacas, por sua vez, adquirem resistência com o tempo. ✓ Não causa patogenia no ser humano. Patogenia No touro ✓ Corrimento prepucial com nódulos na membrana prepucial e peniana Na vaca ✓ Abortamento antes do quarto mês ✓ Pode haver retenção das membranas fetais em desenvolvimento, levando à endometrite purulenta, corrimento purulento, ausência de estro, piometra fechada; Inflamação na vagina Cérvix Útero Vaginite Descolamento da placenta Corrimento mucopurulento Abortamento precoce Placentas e membranas Não expulsão da placenta Fetais eliminadas e membranas Endometrite catarral Cura espontânea crônica Esterilidade @medvetresume Diagnóstico ✓ É realizado por meio da lavagem do trato reprodutivo (prepúcio ou diretamente do muco vaginal) com soro fisiológico para observação do conteúdo em microscópio e cultura do material; ✓ Reação em cadeia da polimerase (PCR) e Ensaio imunoenzimático (ELISA) É necessário repetir os exames várias vezes, pois o parasita nem sempre está na região. Tratamento ✓ Dimetridazol (5 dias de tratamento) ✓ Ipronidazol ✓ Metroniadazol Único licenciado aqui no Brasil ✓ Tripaflavina ✓ Acriflavina Controle ✓ Inseminação artificial ✓ Touro positivo deve ser retirado do plantel ✓ Descanso sexual para fêmeas (3 a 4 meses) ✓ Utilizar touro negativo e de boa procedência ✓ Exames periódicos no macho para ✓ comprovar que são negativos para a doença ✓ Descarte de plantel: deve ser periódico e de touros velhos (acima de 5-6 anos); ✓ Vacina? Ela existe, mas tem apenas 45% de eficácia. Tritrichomonas foetus em gatos Geneticamente diferente do T. foetus isolado de bovinos; Alguns autores propões uma nova espécie Tritichomonas blagburni (WALDEN et al., 2013); Nos gatos, parasitam o trato gastrointestinal; Sintomas ✓ Diarreia de intestino grosso crônica ou intermitente; ✓ Proctite; ✓ Incontinência fecal. Tratamento ✓ Ronidazol ✓ Metronidazol Ingestão Eliminação das fezes Divisão Intestino grosso @medvetresume É importante saber o reino, a ordem, o gênero e a espécie! Giardia duodenalis O gênero Giardia inclui protozoários flagelados que parasitam o intestino delgado de mamíferos, aves, répteis e anfíbios; Engloba, provavelmente o primeiro protozoário intestinal humano conhecido; Leeuwenjoek (1681) teria descrito esse parasito como “animálculos” ao observar suas próprias fezes Aspectos gerais Causa a Giardíase, que é uma zoonose. É a principal causa de diarreia crônica em humanos. Protozoário flagelado parasita cavitário Adaptado ao parasitismo monoxênico Hospedeiros ✓ Humanos, cães, caprinos, bovinos e outros. Localização ✓ Intestino delgado. Forma evolutivas ✓ Trofozoíta; ✓ Cisto. Distribuição ✓ Em todo o mundo; ✓ Cães jovens imunossuprimidos apresentam maior incidência para a doença. Morfologia Trofozoíto da Giardia ✓ Forma ativa (causa a doença) e móvel; ✓ Formato piriforme (de pera) e com simetria bilateral; ✓ Essa forma é pouco resistente ao meio ambiente. Externamente ✓ Face dorsal lisa e convexa; ✓ Face ventral côncava o Disco ventral (Discos suctórios ou adesivos, são ventosas que mantêm o parasito fixo na mucosa para que se alimente.) o Corpos medianos Internamente ✓ Dois núcleos ✓ Dois axóstilos (“linha que passa dividindo o protozoário”) ✓ Quatro pares de flagelos o Anteriores, posteriores, ventrais e caudais Outras estruturas ✓ Corpos basais (de onde saem os flagelos) Giardia duodenalis Reino: Protozoa Filo: Metamonada Classe: Trepomanadea Ordem: Giardiida Família: Giardiidae Gênero: Giardia Espécie: Giardia duodenalis (sin. Giardia intestinalis, Giardia lamblia) @medvetresume Cisto da Giardia ✓ Forma resistente ao meio ambiente que, a depender das condições de temperatura e umidade, pode sobreviver até dois meses no meio externo; ✓ Tem forma ovoide e elipsoide; ✓ Membrana delicada; ✓ Caracterizada pela presença de quatro núcleos. Comparando as formas evolutivas Trofozoíto e Cisto Ciclo biológico A contaminação se dá pela ingestão de alimentos ou água contaminados com a forma cística. Segundo Beck et al., a transmissão também pode ocorrer de modo direto (pois não precisa de um H.I., principalmente em áreas onde os animais ficam aglomerados (canis, gatis). → Após ingerido, o cisto chega ao duodeno onde se “desencista” e origina dois trofozoítos. → Os trofozoítos se fixam na mucosa intestinal, reproduzem-se por fissão binária e amadurecem. Divisão binária longitudinal: ✓ Primeiro ocorre a nucleotomia: divisão do núcleo; ✓ Depois ocorre plasmotomia: divisão do citoplasma. → O ciclo se completa quando alguns trofozoítos voltam a se encistar e esses novos cistos são eliminados para a luz do intestino, por onde vão ao meio exterior com as fezes. Provavelmente isso se dá devido ao pH intestinal e ao desprendimento do trofozoíto da mucosa Os cistos podem sobreviver por vários meses no meio ambiente Importância na Medicina Veterinária Um dos principais parasitos intestinais de humanos e animais; Alta prevalência, porém nem todos os infectados desenvolvem sintomas (assintomáticos); Acomete principalmente animais jovens (risco zoonótico), mas depende da cepa do parasito e da imunidade do hospedeiro; ✓ Ribossomos ✓ Aparelho de Golgi ✓ Vacúolos o Pinocitose ✓ Retículos endo plasmáticos ✓ Disco ventral o Formado por microtúbulos o Permite a adesão do parasito à mucosa ✓ Mesmas estruturas, mas de maneira desorganizada. Axóstilos Axóstilos Corpos basais @medvetresume Fonte: Vet Smart Sintomas ✓ Sintomas moderados a graves; ✓ Diarreia intermitente. ✓ Diarreia pode alternar com fezes normais; ✓ Comprometimento da digestão e absorção dos alimentos; ✓ Fezes com sangue e/ou muco; ✓ Náusea; ✓ Vômitos; ✓ Perda ou diminuição de apetite; ✓ Apatia; ✓ Dores abdominais; ✓ Pelos fracos; ✓ Gases. → Em animais jovens pode ocasionar a Síndrome da má absorção (condição que impede a absorção de nutrientes pelo intestino delgado), o que irá retardar o seu crescimento. Diagnóstico ✓ Identificação de cistos nas fezes formadas; o Centrífugo-flutuação com Sulfato de Zinco ✓ Identificação de trofozoítos nas fezes diarreicas frescas Os cistos só podem ser encontrados em fezes formadas! Formas císticas (1) e trofozoíta (2) de Giardia sp. em exame direto de fezes corado com lugol. Tratamento ✓ Fenbedazol; ✓ Albendazol; ✓ Metronidazol. O sucesso do tratamento depende não apenas dos medicamentos, mas também da higiene e manejo do ambiente. Controle ✓ Recolher fezes imediatamente e desinfetar o local (hipoclorito no local por 20 minutos); ✓ Manter a limpeza do ambiente; ✓ Lavar bem os alimentos e beber água filtrada ✓ Vacinas disponíveis. o Reinfecções frequentes Há, no mercado, vacina contra Giardia para cães, mas as medidas de controle devemser mantidas. @medvetresume É importante saber o reino, a ordem, o gênero e a espécie! Gênero Leishmania Aspectos gerais Parasitas intracelulares de macrófagos; Doenças ✓ Leishmaniose cutânea e visceral Hospedeiros Vertebrados ✓ Homem, cão e roedores ✓ Hábitat: Células do sistema mononuclear fagocitário(SMF), principalmente macrófagos. Hospedeiros Invertebrados ✓ Flebotomíneos hematófagos ✓ Hábitat: Lúmen do trato digestório Morfologia Polimórficos No inseto ✓ Promastigota o Corpo alongado; o Sem membrana ondulante o Kinetoplasto (cinetoplasto) anterior: Estrutura parecida com a mitocôndria o Possuem flagelo livre e longo na porção anterior No mamífero ✓ Amastigota o Na microscopia aparecem como ovais, esféricas ou fusiformes o Núcleo grande e arredondado o Kinetoplasto visível o Sem flagelo externo Formas clínicas Leishmaniose visceral ou calazar Formas viscerais (baço, fígado, medula óssea e tecidos linfoides). Leishmaniose cutânea Formas que provocam lesões cutâneas, ulcerosas ou não, em número limitado. Leishmania spp. Reino: Protozoa Filo: Euglenozoa Classe: Kinetoplasta Ordem: Trypanosomatida Família: Trypanosomatidae Gênero: Leishmania Espécies no Brasil: Leishmania (Viannia) braziliensis L. (Viannia) guyanensis L. (Leishmania) amazonenses L. (Leishmania) chagasi ou L. (L.) infantum @medvetresume Leishmaniose cutaneomucosa ou mucocutânea Formas que se complicam com lesões desfigurantes e destrutivas das mucosas do nariz, da boca e da faringe. Leishmaniose cutânea difusa Formas disseminadas; ocorre pós- calazar e as lesões são de difícil tratamento. Leishmaniose Visceral Aspectos gerais Agente etiológico ✓ L. (Leishmania) chagasi/ L. (L.) infantum); Hospedeiros definitivos ✓ Humanos, cães e reservatórios silvestres; Hospedeiro intermediário ✓ Mosquito do gênero Lutzomyia Nesse caso é fêmea do mosquito que ingere a leishmania e a transmite para outros animais através da picada; Localização ✓ Formas amastigotas no fígado, no baço e na medula óssea do hospedeiro vertebrado. ✓ Formas promastigotas no canal alimentar do inseto. Ciclo biológico Na picada, o hospedeiro intermediário (Lutzomyia) se infecta com as formas amastigotas (que estão dentro de macrófagos presentes no sangue do hospedeiro vertebrado infectado; Estas, no intestino, transformam-se em promastigotas, que, ao se multiplicarem, podem até obstruir o canal alimentar do inseto. Ao se alimentar em um novo hospedeiro vertebrado, o mosquito inocula com a saliva o “bolo” de formas promastigotas, que penetram nos macrófagos, transformam-se em amastigotas, multiplicam-se e ganham a corrente sanguínea, indo ao baço, ao fígado, ou à medula óssea (sistema fagocitário mononuclear). No citoplasma das células, os parasitos multiplicam-se, distendendo-as até sua ruptura; Os parasitos liberados são fagocitados por novas células reticulares Apesar de ser reservatório, pode ser acometido pela doença Patogenia Patogenia Leishmaniose visceral humana (LVH): Inicialmente ocorrem quadro febril e aumento do volume do fígado e do baço; @medvetresume Em casos avançados, a infecção do trato digestivo se manifesta em diarreia, emaciação (perda de massa muscular e de gordura) e abdome distendido. A mortalidade alcança 70 a 90% dos casos Leishmaniose visceral canina (LVC): Patologia similar à humana; Provoca anemia, queda de pelo, febre, fraqueza, problemas renais, lesões oculares, perda de peso e, por fim, a morte, sendo a diarreia o sinal clínico terminal. Também, podem apresentar diátese hemorrágica (primariamente, epistaxe). Tratamento e Prevenção Não há cura para a leishmaniose, mas existe um medicamento para a cura clínica (não elimina o parasita) ✓ Milteforan o 28 dias de tratamento o 2mg/kg (1ml a cada 10kg) o Solução de 90 ml: R$ 1.291,82( FEV/2020); R$ 1.892,99 (MAR/2021) ✓ Vacina o LeishTec o Apenas animais soronegativos podem ser vacinados o Apresenta resultados imprecisos. Leishmaniose Cutânea Agente etiológico ✓ Leishmania brazilienis; Hospedeiros definitivos ✓ Humanos, cães e reservatórios silvestres; Hospedeiro intermediário ✓ Mosquito do gênero Lutzomyia; Localização ✓ Formas amastigotas nas células reticuloendoteliais ✓ Formas promastigotas no canal alimentar do inseto. Ciclo biológico Na picada, o hospedeiro intermediário se infecta com a forma amastigota, que se transforma em promastigota no canal alimentar do inseto. Ao picar um novo hospedeiro definitivo, inocula o “bolo” de formas promastigotas, que penetram nas células reticuloendoteliais e se transformam em amastigotas, as quais se multiplicam e ficam na pele do hospedeiro, provocando lesões características. Patogenia A denominação leishmaniose tegumentar americana (LTA) refere- se à forma cutaneomucosa (LCM), e leishmaniose cutânea (LC) refere-se às formas exclusivamente cutâneas. Nas lesões cutâneas: Hiperplasia histiocitária; Edema e infiltração celular; Hipertrofia do epitélio. Frequentemente, a inflamação cutânea evolui para necrose, formando uma úlcera rasa ou profunda, de bordos salientes e duros (úlcera leishmaniótica). Pode ocorrer contaminação bacteriana; Nas lesões mucosas: Metástases na mucosa nasal; Formação de nódulos; @medvetresume A úlcera pode progredir, determinando destruição das cartilagens e do osso do nariz e da região palatina, podendo acometer faringe e laringe; Nos cães: Onde acontece a maior contaminação, apresenta os sintomas abaixo. Lesões ulcerativas nas orelhas ou em outras áreas da pele; Lesões mucocutâneas erosivas Linfadenomegalia: consiste no aumento dos gânglios linfáticos, o que normalmente acontece quando o corpo está tentando combater alguma infecção, ou até mesmo algum tipo de câncer. Hiperqueratose de coxim com onicogrifose A hiperqueratose dos coxins é quando a pele fica grosseira por excesso de produção da queratina e a onicogrifose são unhas espessas e em formato de garras. Importância na Medicina Veterinária É uma zoonose endêmica na maioria dos Estados do Brasil. Sua importância está relacionada também à sua alta incidência, à ampla distribuição geográfica (vários outros países são acometidos) e ao fato de provocar lesões desfigurantes. Tratamento A leishmaniose canina é mais resistente à terapia do que a humana, porém alguns cães podem responder ao tratamento e serem curados da doença clínica. Isso significa que o cachorro não apresentará lesões ou sinais de estar doente Diagnóstico O diagnóstico clínico, durante a consulta é complexo pela ausência de sinais patognomônicos (sinais específicos de uma doença; ✓ Histopatologia (observação do parasita) Um pequeno fragmento do corpo é retirado, como por exemplo um pedaço de pele, e enviado ao laboratório. Lá, as células serão analisadas através de um microscópio. ✓ Citologia aspirativa, com uma agulha, o veterinário aspira as células de determinado órgão para avaliação. Em ambas as formas, o diagnóstico de leishmaniose em cães é conclusivo assim que o parasita é visualizado. Formas promastigotas de Leishmania sp. 1-Cinetoplasto; 2-núcleo. Formas amastigotas de Leishmania sp. 1-Núcleo; 2-Cinetoplasto. @medvetresume Entretanto, pode ser que a amostra retirada não contenha o protozoárioda leishmaniose. Isso acontece principalmente quando a infecção é branda ou está no início, pois a quantidade de leishmania ainda é pequena. É daí que surgem os falsos negativos ou não se confirma a presença do parasita. ✓ Testes sorológicos, como a imuno- histoquímica. Quando um problema surge no organismo, o sistema de defesa entra em ação para lutar contra esse agente. Essa resposta aparece como anticorpos que se formam para combater o parasita. Logo, a detecção da leishmaniose em cães é realizada a partir desses anticorpos específicos. Quando seus níveis são altos, temos a comprovação; ✓ Elisa, ensaio de imunoabsorção enzimática é um teste imunoenzimático que permite a detecção de anticorpos específicos; ✓ Testes de sangue rápidos, em que uma gotinha de sangue é misturada a uma solução para checar se há ou não reação com o anticorpo; ✓ PCR, detecção do DNA da Leishmania no sangue ou em um fragmento de órgão. Também tem chances de dar falsos negativos ou resultados inconclusivos. O veterinário vai avaliar o quadro clínico e todo o contexto do cachorro para escolher a técnica mais conveniente. Controle Medidas conjuntas devem ser adotadas: ✓ Diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanos; ✓ Redução da população de mosquitos do gênero Lutzomyia; ✓ Eliminação dos reservatórios infectados e atividades de educação em saúde; ✓ Educação em saúde; ✓ São usadas como forma de prevenção a coleira repelente do inseto vetor; ✓ Vacina contra leishmaniose para os cães. A vacina pode ser tomada por filhotes acima dos 4 meses de idade. É administrada em três doses, com intervalo de 21 dias entre elas, e deve ser repetida todos os anos. Apresente bons resultados, porém não protege 100%.
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