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Trematoides Classe do filo Platyhelminthes. São vermes chatos, acelomados e com sistema excretor por células flama, são, em geral, hermafroditas excetuando-se o Schistosoma mansoni. Possuem corpo em formato de folha, exceto pelo Paramphistomum. Seu corpo não é segmentado com trato digestivo terminando em um fundo cego. Possuem ventosas para sua fixação. Geralmente ocorrem em ductos biliares, digestivos e no sistema vascular. Fasciola hepatica Da subclasse Digenea, são parasitas dos ductos biliares e fígado de mamíferos, principalmente de bovinos e ovinos, porém pode afetar outras espécies, até mesmo humanos, zoonose. Seus hospedeiros intermediários são caramujos aquáticos do gênero Lymnaea. São altamente patogênicos podendo causar destruição de tecidos, insuficiência hepática pelo espessamento da mucosa dos ductos. O verme possui formato de folha, com até 3cm de comprimento e 1,5 de largura. Possuem duas ventosas para sua fixação, uma oral na porção anterior do verme, e uma ventral. Possuem espinhos em seu tegumento. Os vermes adultos vivem nos canalículos da vesícula biliar e fígado e nutrem-se de conteúdo biliar e de produtos da inflamação causada pela sua presença na mucosa. Seus ovos são operculados, possuem uma “tampa” que é aberta para a saída do verme. Ciclo biológico: 1. Os ovos são postos nos canais biliares e são levados junto a bile para o intestino e saem nas fezes. 2. No ambiente, em água com temperatura adequada os ovos passam por desenvolvimento embrionário, em seu interior se desenvolve a larva miracídio. 3. Quando totalmente desenvolvido, o MIRACÍDIO digere o cemento que fecha o opérculo do ovo e sai. 4. Na água o miracídio tem até 3 horas para encontrar e penetrar no HI, caramujo do gênero Lymnaea. 5. Após penetração vira ESPOROCISTO. Cada esporocisto dá origem a cerca de 5 a 8 RÉDIAS que ficam no hepatopâncreas do molusco. 6. Em condições ideais cada rédia dá origem a cerca de 20 CERCÁRIAS que saem do caramujo. 7. As cercárias encontram vegetações próximas a água, perdem a cauda e encistam formando uma METACERCÁRIA que pode viver encistada na vegetação por até 3 meses. 8. HI comem a vegetação contendo a metacercária e se infectam. Na boca a cápsula externa do cisto se rompe e, ao chegar no intestino, libera a fasciola jovem que atravessa a parede e cai na cavidade peritoneal e migra para o fígado. 9. Uma vez no fígado fica “andando” sobre o parênquima por até 8 semanas do órgão até que o penetra indo para os canalículos e iniciar a postura de ovos. Os caramujos, uma vez infectados, liberam cercárias até sua morte que é causada pelo próprio desenvolvimento dos parasitas em seu hepatopâncreas. Os miracídios são larvas ciliadas que se desenvolvem dentro do ovo. As cercárias da Fasciola possuem cauda simples que se agita como chicote permitindo seu nado até as vegetações. Após os miracídios saírem dos ovos eles não se alimentam mais, e tem até 3 horas para penetrarem no caramujo, incluindo o tempo da penetração que é de aproximadamente 30 min, caso não encontrem o caramujo os miracídios morrem. Devido aos períodos de migração mais os de amadurecimento sexual dos vermes existe um período pré-patente de até 2 meses. A migração dos vermes pelo fígado e os espinhos em seu tegumento pode causar hepatite traumática e hemorrágica podendo causar, também colangite = inflamação dos ductos biliares, hiperplasia do epitélio tubular e até obstrução o que pode causar insuficiência hepática, causando icterícia, fibrose hepática e emagrecimento. Em infecções agudas pode causar anemia, diarreia sanguinolenta e morte dos animais. Diagnóstico: Pode ser clínico, pelos sinais clínicos apresentados que são pouco específicos; Epidemiológico, animais doentes com histórico de pastejo em locais de pasto alagadiço que pode ser habitat do caramujo, ocorrência sazonal devido a especificidade de temperatura para conclusão do ciclo biológico do verme; Necroscópico, lesões no fígado e ductos biliares, formação de fibrose hepática, espessamento dos epitélios tubulares; Laboratorial, encontro dos ovos nas fezes, avaliação de enzimas hepáticas, ELISA. Schistosoma mansoni Produzem a doença chamada de esquistossomose ou esquistossomíase que é importante para a medicina veterinária e para a medicina humana, sendo considerada como um dos mais sérios problemas de saúde pública no Brasil. Possui mamíferos como seus hospedeiros definitivos, sendo os bovinos e ovinos os mais acometidos, em ovinos é mais grave e importante que em bovinos. Os hospedeiros intermediários são caramujos aquáticos da espécie Biomphalaria glabrata. Os vermes adultos se localizam nas veias mesentéricas do intestino grosso. Se diferem dos demais trematoides e platelmintos no geral por possuírem vermes machos e fêmeas, com dimorfismo sexual, machos com até 1cm de comprimento e 0,11cm de largura, brancos e com canal ginecóforo no qual a fêmea com até 1,6cm de comprimento e 0,016cm de largura, escura e acinzentada devido ao útero, vive dentro. Outra diferença é que, mesmo sendo trematoides, não possuem formato de folha, são alongados e cilíndricos. Se alimentam de sangue venoso, possuem espinhos no tegumento que auxiliam na sua movimentação dentro dos vasos, além das ventosas e dos movimentos de extensão e contração do corpo. O ovo do Schistosoma mansoni é único, contém um espinho que permite a sua saída dos capilares do intestino grosso para o lúmen do intestino e saída nas fezes. Os que não conseguem sair dos capilares para o lúmen vão pela circulação para o fígado e acabam saindo depois junto a bile, outros podem formar granulomas na parede do intestino. Ciclo biológico: 1. Fêmeas inserem a cauda em vênulas e depositam os ovos que saem dos capilares para o lúmen intestinal e são eliminados com as fezes. 2. Na água, com boas condições de luz, temperatura e osmolaridade os MIRACÍDIOS rompem a casca do ovo e saem. 3. Os miracídios nadam até os caramujos que podem estar a 2 metros de profundidade. Após encontrar penetram no molusco com o auxílio de glândulas e ventosas. 4. Após penetrar forma o ESPOROCISTO PRIMÁRIO que se diferencia formando ESPOROCISTO SECUNDÁRIO. Os esporocistos secundários migram para o hepatopâncreas do molusco onde continua a crescer. 5. Esporocistossecundários maturam (de 3 a 4 semanas) e geram CERCÁRIAS que saem dos moluscos e tendem a se acumular na superfície. 6. Penetram ativamente na pele ou são engolidas pelos hospedeiros definitivos atraídas por substâncias lipídicas e pelo calor. Após a penetração perdem a cauda bifurcada se tornando ESQUISTOSSÔMULOS. 7. Permanece na pele por alguns dias, as que não forem destruídas pelo sistema imune caem na circulação e vão para sistema porta onde crescem e amadurecem migrando para as veias mesentéricas. Devido a passagem dos ovos dos capilares para o lúmen pode haver diarreia sanguinolenta, podendo conter muco. Há queda nos níveis produtivos do animal, anorexia, desidratação, anemia e emagrecimento. Diagnóstico: Pelos sintomas clínicos, presença dos ovos nas fezes e testes sorológicos que detectam o parasita ou suas toxinas. Paramphistomum Não possuem formato de folha, mas sim cônicos com cerca de 1cm de comprimento. O gênero Paramphistomum possui duas espécies, P. cervi e P. microbothrium que são parasitas de rúmen e retículo de bovinos, ovinos e caprinos. Os hospedeiros intermediários são caramujos dos gêneros Planorbis e Bulinus. Os vermes adultos ficam no retículo e rúmen. Os imaturos ficam no duodeno. Seus ovos são operculados. Ciclo biológico: Semelhante ao da Fasciola hepatica na temperatura e hospedeiro intermediário. 1. Ingestão das metacercárias na vegetação. 2. Vermes imaturos no duodeno se desenvolvem e migram de volta para os pré-estômagos. Inflamações maciças podem causar enterite severa devido aos vermes imaturos. Os adultos praticamente não causam danos. Diagnóstico: Clínico associado ao epidemiológico = sinais clínicos e histórico de áreas de pastejo, presença de ovos nas fezes, e encontrando os trematoides no duodeno ou pré-estômagos na necrópsia. Eurytrema coelomaticum Pode também ser chamada de Eurytrema pancreaticum, são sinonímias. É um parasita de canais pancreáticos de bovinos, caprinos e ovinos. Seus hospedeiros intermediários são os caramujos terrestres do gênero Bradybaena seguidos dos gafanhotos do gênero Conocephalus. O verme adulto possui 16mm de comprimento e vivem nos canais pancreáticos causando consequências semelhantes as da Fasciola, lesões no pâncreas causadas pela inflamação crônica do órgão devido a migração dos vermes. Levam a pancreatite crônica que é mais evidenciada nos canais obstruídos pelos trematoides. A prevalência desse verme é alta, porém não há relatos de mortalidade devido ao parasita nem estudos de prejuízos, sendo assim considerados benignos. Ovos são operculados e o miracídio se desenvolve dentro. Ciclo biológico: 1. Parasitas põe os ovos nos canais pancreáticos que são levados ao intestino junto as secreções pancreáticas sendo eliminados nas fezes. 2. Moluscos ingerem os ovos já com miracídio formado e após 4 semanas, aproximadamente, há diferenciação em ESPOROCISTOS em suas glândulas digestivas. 3. Os esporocistos geram CERCÁRIAS do tipo microcercária, com formato oval e cauda curta, que saem do caramujo ativamente. 4. As cercárias vão para a vegetação e são ingeridas pelo segundo hospedeiro, o gafanhoto se tornando METACERCÁRIAS. 5. Os HD ingerem os gafanhotos acidentalmente junto a pastagem. Outros detalhes do ciclo no HD ainda não estão descritos, acredita-se que seja parecido com o da Fasciola.
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