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AULA 3 TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA E ADIÇÕES CONTEMPORÂNEAS Profª Silvia Helena Brandt 2 TEMA 1 – PRINCÍPIOS DA TCC De acordo com Araújo e Lotufo Neto (2014), a psiquiatria e os estudos do comportamento, embora partam de premissas diferentes acerca dos transtornos mentais, não são conflituosos; por isso, devemos estudar ambas as disciplinas e aproveitar o que há de contribuição de cada uma. A psiquiatria, para chegar à descrição de um transtorno, usa o modelo de observação, descrição e categorização das enfermidades que tenham sintomas em comum, para prever diagnóstico, evolução e tratamento. Já para a a análise do comportamento, a formulação de um diagnóstico passa pela compreensão dos comportamentos que são tidos como inadequados e isso requer a análise das contingências que os instalaram e que os mantêm. Nesse sentido o uso de classificações categoriais é limitante pois a topografia de um comportamento não é suficiente para a compreensão da sua função para um determinado indivíduo. A análise funcional do comportamento é imprescindível para o planejamento da intervenção clínica. (Araújo; Lotufo Neto, 2014, p. 68) Tendo em vista as duas visões, compreende-se que o terapeuta pode fazer uso de uma categorização prévia, como meio de auxiliar a prever determinados comportamentos, embora não enquadre seu paciente fora de suas vivências pessoais no ambiente em que viveu e vive, bem como da forma como ele enxerga o mundo. Isto porque, apesar das muitas limitações da categorização dos transtornos no DSM, “é possível inferir que pacientes com o mesmo transtorno, dividindo traços semelhantes, possam apresentar comportamentos semelhantes. ” (Araújo; Lotufo Neto, 2014, p. 69). Os autores apontam ainda que outra vantagem é facilitar a comunicação entre áreas diferentes, uma vez que se padroniza a linguagem. Em um processo de contínuo aperfeiçoamento da ciência, o Diagnóstico de Saúde Mental passa por reestruturação de tempos em tempos. A última versão do DSM foi publicada em 2013, após 12 anos de estudos: o DSM 5. Em seu aspecto estrutural o DSM-5 rompeu com o modelo multiaxial introduzido na terceira edição do manual. Os transtornos de personalidade e o retardo mental, anteriormente apontados como transtornos do Eixo II, deixaram de ser condições subjacentes e se uniram aos demais transtornos psiquiátricos no Eixo I. Outros diagnósticos médicos, costumeiramente listados no Eixo III, também receberam o mesmo tratamento. Conceitualmente não existem diferenças fundamentais que sustentem a divisão dos diagnósticos em Eixos I, II e III. O objetivo da distinção era apenas o de estimular uma avaliação completa e detalhada do paciente. Fatores psicossociais e ambientais (Eixo IV) continuam sendo foco de atenção, mas o DSM-5 recomendou que a codificação dessas condições fosse realizada com base no Capítulo da CID-10-CM, Fatores que Influenciam o Estado de 3 Saúde e o Contato com os Serviços de Saúde (códigos Z00-Z99). Por fim, a Escala de Avaliação Global do Funcionamento, anteriormente empregada no Eixo V, foi retirada do manual. Por diversos motivos entendeu-se que a nota de uma única escala não transmite informações suficientes e adequadas para a compreensão global do paciente. A APA continua recomendando a aplicação das diversas escalas que possam contribuir com cada caso e apresenta algumas medidas de avaliação na Seção III do DSM-5. (Araújo; Lotufo Neto, 2014, p. 70) TEMA 2 – O QUE MUDA NO DSM-5 ACERCA DOS TRANSTORNOS POR USO DE SUBSTÂNCIAS O DSM-5, de acordo com Araújo e Lotufo Neto (2014, p. 81), removeu a divisão feita pelo DSM-IV-TR entre os diagnósticos de Abuso e Dependência de Substâncias, reunindo-os como Transtorno por Uso de Substâncias. Assim, ficam juntos os critérios antigos acerca do abuso e da dependência, o que é chamado de Transtornos Relacionados às Substâncias e Transtornos Aditivos. As alterações são: • exclusão de ‘problemas legais recorrentes relacionados à substância’; • inclusão de ‘craving ou um forte desejo ou impulso de usar uma substância’; • o diagnóstico passou a ser acompanhado de critérios para Intoxicação, Abstinência, Transtorno Induzido por Medicação/Substância e Transtornos Induzidos por Substância Não Especificados; • exige dois ou mais critérios para o diagnóstico de Transtorno por Uso de Substância; • a gravidade do quadro passou a ser classificada de acordo com o número de critérios preenchidos: dois ou três critérios indicam um transtorno leve, quatro ou cinco indicam um distúrbio moderado e seis ou mais critérios indicam um transtorno grave. (Araújo e Lotufo Neto, 2014, p.81) • são descritas 10 classes distintas de drogas: álcool; cafeína; Cannabis; alucinógenos (com categorias distintas para fenciclidina [ou arilciclo- -hexilaminas de ação similar] e outros alucinógenos); inalantes; opioides; sedativos, hipnóticos e ansiolíticos; estimulantes (substâncias tipo anfetamina, cocaína e outros estimulantes); tabaco; e outras substâncias (ou substâncias desconhecidas). (APA, 2015) Também houve a inclusão o transtorno do jogo. De acordo com o DSM-5 (APA, 2015), isto “reflete as evidências de que os comportamentos de jogo ativam sistemas de recompensa semelhantes aos ativados por drogas de abuso e produzem alguns sintomas comportamentais que podem ser comparados aos produzidos pelos transtornos por uso de substância." O DSM-5 (APA, 2015) faz ainda a ressalva: 4 Outros padrões comportamentais de excesso, como jogo pela internet, também foram descritos, mas as pesquisas sobre esta e outras síndromes comportamentais são menos claras. Portanto, grupos de comportamentos repetitivos, por vezes denominados adições comportamentais, com subcategorias como "adição sexual", "adição por exercício" ou "adição por compras", não estão inclusos porque, até o momento, não há evidências suficientes revisadas por pares para estabelecer os critérios diagnósticos e as descrições de curso necessários para identificar tais comportamentos como transtornos mentais. Importante compreender que o DSM-5 se baseia no processo de ativação do sistema de recompensa do cérebro (reforço de comportamento e criação de novas memórias). Assim, descreve (APA, 2015): Essas 10 classes não são totalmente distintas. Todas as drogas que são consumidas em excesso têm em comum a ativação direta do sistema de recompensa do cérebro, o qual está envolvido no reforço de comportamentos e na produção de memórias. A ativação do sistema de recompensa é intensa a ponto de fazer atividades normais serem negligenciadas. Em vez de atingir a ativação do sistema de recompensa por meio de comportamentos adaptativos, as drogas de abuso ativam diretamente as vias de recompensa. Os mecanismos farmacológicos pelos quais cada classe de drogas produz recompensa são diferentes, mas elas geralmente ativam o sistema e produzem sensações de prazer, frequentemente denominadas de "barato" ou "viagem". Além disso, indivíduos com baixo nível de autocontrole, o que pode ser reflexo de deficiências nos mecanismos cerebrais de inibição, podem ser particularmente predispostos a desenvolver transtornos por uso de substância, sugerindo que, no caso de determinadas pessoas, a origem dos transtornos por uso de substância pode ser observada em seus comportamentos muito antes do início do uso atual de substância propriamente dito. TEMA 3 – TRANSTORNOS RELACIONADOS A SUBSTÂNCIAS Os transtornos relacionados a substâncias dividem-se em dois grupos: transtornos por uso de substância e transtornos induzidos por substância. 3.1 Por uso de substância A característica essencial de um transtorno por uso de substâncias consiste na presença de um agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos indicando o uso contínuo pelo indivíduo apesar de problemas significativos relacionados à substância. O diagnósticode um transtorno por uso de substância pode se aplicar a todas as 10 classes, com exceção da cafeína. Para determinadas classes, alguns sintomas são menos salientes e, em uns poucos casos, nem todos os sintomas se manifestam (p. ex., não se especificam sintomas de abstinência para transtorno por uso de fenciclidina, transtorno por uso de outros alucinógenos nem transtorno por uso de inalantes). Uma característica importante dos transtornos por uso de substâncias é uma alteração básica nos circuitos cerebrais que pode persistir após a desintoxicação, especialmente em indivíduos com transtornos graves. Os efeitos comportamentais dessas alterações cerebrais podem ser exibidos nas recaídas constantes e na fissura intensa por drogas quando 5 os indivíduos são expostos a estímulos relacionados a elas. Uma abordagem de longo prazo pode ser vantajosa para o tratamento desses efeitos persistentes da droga. De modo geral, o diagnóstico de um transtorno por uso de substância baseia-se em um padrão patológico de comportamentos relacionados ao seu uso. Para auxiliar a organização, pode-se considerar que as condições sob "Critério A" encaixam-se nos agrupamentos gerais de baixo controle, deterioração social, uso arriscado e critérios fannacológicos. O baixo controle sobre o uso da substância é o primeiro grupo de critérios (Critérios 1-4). O indivíduo pode consumir a substância em quantidades maiores ou ao longo de um período maior de tempo do que pretendido originalmente (Critério 1). O indivíduo pode expressar um desejo persistente de reduzir ou regular o uso da substância e pode relatar vários esforços malsucedidos para diminuir ou descontinuar o uso (Critério 2). O indivíduo pode gastar muito tempo para obter a substância, usá-la ou recuperar-se de seus efeitos (Critério 3). Em alguns casos de transtornos mais graves por uso de substância, praticamente todas as atividades diárias do indivíduo giram em tomo da substância. A fissura (Critério 4) se manifesta por meio de um desejo ou necessidade intensos de usar a droga que podem ocorrer a qualquer momento, mas com maior probabilidade quando em um ambiente onde a droga foi obtida ou usada anteriormente. Demonstrou-se também que a fissura envolve condicionamento clássico e está associada à ativação de estruturas específicas de recompensa no cérebro. Investiga-se a fissura ao perguntar se alguma vez o indivíduo teve uma forte necessidade de consumir a droga a ponto de não conseguir pensar em mais nada. A fissura atual costuma ser usada como medida de resultado do tratamento porque pode ser um sinal de recaída iminente. O prejuízo social é o segundo grupo de critérios (Critérios 5-7). O uso recorrente de substâncias pode resultar no fracasso em cumprir as principais obrigações no trabalho, na escola ou no lar (Critério 5). O indivíduo pode continuar o uso da substância apesar de apresentar problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados por seus efeitos (Critério 6). Atividades importantes de natureza social, profissional ou recreativa podem ser abandonadas ou reduzidas devido ao uso da substância (Critério 7). O indivíduo pode afastar-se de atividades em família ou passatempos a fim de usar a substância. O uso arriscado da substância é o terceiro grupo de critérios (Critérios 8 e 9). Pode tomar a forma de uso recorrente da substância em situações que envolvem risco à integridade física (Critério 8). O indivíduo pode continuar o uso apesar de estar ciente de apresentar um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que provavelmente foi causado ou exacerbado pela substância (Critério 9). A questão fundamental na avaliação desse critério não é a existência do problema, e sim o fracasso do indivíduo em abster-se do uso da substância apesar da dificuldade que ela está causando. Os critérios farmacológicos são o grupo final (Critérios 10 e 11). A tolerância (Critério 10) é sinalizada quando uma dose acentuadamente maior da substância é necessária para obter o efeito desejado ou quando um efeito acentuadamente reduzido é obtido após o consumo da dose habitual. O grau em que a tolerância se desenvolve apresenta grande variação de um indivíduo para outro, assim como de uma substância para outra, e pode envolver uma variedade de efeitos sobre o sistema nervoso central. Por exemplo, tolerância a depressão respiratória e tolerância a sedação e coordenação motora podem se desenvolver em ritmos diferentes, dependendo da substância. A tolerância pode ser difícil de determinar apenas pela história, e testes de laboratório podem ser úteis (p. ex., níveis elevados da substância no sangue com poucas evidências de intoxicação sugerem boa chance de tolerância). A tolerância também deve ser diferenciada da variação individual na sensibilidade inicial aos efeitos de substâncias específicas. Por exemplo, algumas pessoas que consomem álcool pela primeira vez apresentam 6 pouquíssimas evidências de intoxicação com três ou quatro doses, enquanto outras com o mesmo peso e história de consumo de álcool apresentam fala arrastada e incoordenação. Abstinência (Critério 11) é uma síndrome que ocorre quando as concentrações de uma substância no sangue ou nos tecidos diminuem em um indivíduo que manteve uso intenso prolongado. Após desenvolver sintomas de abstinência, o indivíduo tende a consumir a substância para aliviá-los. Os sintomas de abstinência apresentam grande variação de uma classe de substâncias para outra, e conjuntos distintos de critérios para abstinência são fornecidos para as classes de drogas. Sinais fisiológicos marcados e, geralmente, de fácil aferição são comuns com álcool, opioides e com sedativos, hipnóticos e ansiolíticos. Os sinais e sintomas de abstinência de estimulantes (anfetaminas e cocaína), bem como de tabaco e Cannabis, costumam estar presentes, mas são menos visíveis. Não foi documentada abstinência significativa em seres humanos após o uso repetido de fenciclidina, de outros alucinógenos e de inalantes; portanto, esse critério não foi incluído no caso dessas substâncias. Não são necessárias tolerância nem abstinência para um diagnóstico de transtorno por uso de substância. Contudo, na maioria das classes de substâncias, história prévia de abstinência está associada a um curso clínico mais grave (i.e., início mais precoce de transtorno por uso de substância, níveis mais elevados de consumo de substância e uma quantidade maior de problemas relacionados a substâncias). Sintomas de tolerância e abstinência que ocorrem durante o tratamento médico adequado com medicamentos receitados (p. ex., analgésicos opioides, sedativos, estimulantes) são especificamente desconsiderados ao se diagnosticar um transtorno por uso de substância. Houve casos em que o surgimento de tolerância farmacológica normal e esperada e de abstinência durante o curso de tratamento médico conduziu ao diagnóstico equivocado de "adição" mesmo quando estes eram os únicos sintomas presentes. Indivíduos cujos únicos sintomas são os decorrentes de tratamento médico (i.e., tolerância e abstinência como parte de assistência médica quando os medicamentos são usados conforme prescritos) não devem ser diagnosticados unicamente com base nesses sintomas. Contudo, medicamentos com receita podem ser usados de forma inadequada, e pode-se diagnosticar corretamente um transtorno por uso de substância quando houver outros sintomas de comportamento compulsivo de busca por drogas. (APA, 2015) 3.2 Induzidos por substância A categoria geral de transtornos induzidos por substâncias inclui intoxicação, abstinência e outros transtornos mentais induzidos por substância/medicamento, como transtorno psicótico induzido por substância e transtorno depressivo induzido por substância. 3.3 Intoxicação por substância Sua característica fundamental é o desenvolvimento de uma síndrome reversível específica de determinada substânciaque ocorreu devido a sua recente ingestão (Critério A). As mudanças comportamentais ou psicológicas clinicamente significativas associadas à intoxicação (p. ex., beligerância, labilidade do humor, julgamento prejudicado) são atribuíveis aos efeitos fisiológicos da substância sobre o sistema nervoso central e desenvolvem-se durante ou logo após o uso da substância 7 (Critério B). Os sintomas não são atribuíveis a outra condição médica nem são mais bem explicados por outro transtorno mental (Critério D). A intoxicação por substância é comum entre pessoas com transtorno por uso de substância, mas também ocorre com frequência em indivíduos sem esse transtorno. Essa categoria não se aplica ao tabaco. As alterações mais comuns decorrentes da intoxicação envolvem perturbações de percepção, vigília, atenção, pensamento, julgamento, comportamento psicomotor e comportamento interpessoal. As intoxicações breves, ou "agudas", podem ter sinais e sintomas diferentes dos presentes nas intoxicações prolongadas, ou "crônicas". Por exemplo, doses moderadas de cocaína podem, inicialmente, produzir sociabilidade, mas isolamento social pode se desenvolver caso essas doses sejam repetidas com frequência por dias ou semanas. Quando usado no sentido fisiológico, o termo intoxicação é mais amplo do que intoxicação por substância tal como é definido aqui. Muitas substâncias podem produzir alterações fisiológicas ou psicológicas que não são, necessariamente, problema. Por exemplo, um indivíduo com taquicardia decorrente do uso de substância sofre um efeito fisiológico, mas se esse for o único sintoma na ausência de comportamento problemático, o diagnóstico de intoxicação não se aplica. A intoxicação pode, às vezes, persistir além do tempo durante o qual a substância é detectável no corpo, em decorrência de efeitos duradouros sobre o sistema nervoso central, cuja recuperação leva mais tempo do que a eliminação da substância. Esses efeitos mais prolongados da intoxicação devem ser diferenciados da abstinência (i.e., sintomas iniciados por um declínio nas concentrações de uma substância no sangue e nos tecidos). (APA, 2015) 3.4 Abstinência de substância A característica fundamental é o desenvolvimento de uma alteração comportamental problemática específica a determinada substância, com concomitantes fisiológicos e cognitivos, devido a interrupção ou redução do uso intenso e prolongado da substância (Critério A). A síndrome específica da substância causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo (Critério C). Os sintomas não se devem a uma condição médica geral nem são mais bem explicados por outro transtorno mental (Critério D). A abstinência geralmente, mas nem sempre, está associada a um transtorno por uso de substância. A maioria dos indivíduos com abstinência sente necessidade de readministrar a substância para reduzir os sintomas. (APA, 2015) TEMA 4 – TRANSTORNOS CONTIDOS NO DSM-5 4.1 Transtornos relacionados ao álcool Transtorno por uso de álcool; intoxicação por álcool; abstinência de álcool; outros transtornos induzidos por álcool; transtorno relacionado ao álcool não especificado 4.2 Transtornos relacionados à cafeína Intoxicação por cafeína; abstinência de cafeína; outros transtornos induzidos por cafeína; transtorno relacionado à cafeína não especificado 8 4.3 Transtornos relacionados a cannabis Transtorno por uso de cannabis; intoxicação por cannabis; abstinência de cannabis; outros transtornos induzidos por cannabis; transtorno relacionado a cannabis não especificado 4.4 Transtornos relacionados ao uso de fenciclidina Transtorno por uso de fenciclidina; transtorno por uso de outros alucinógenos; intoxicação por fenciclidina; intoxicação por outros alucinógenos; transtorno persistente da percepção; induzido por alucinógenos; outros transtornos induzidos por fenciclidina; outros transtornos induzidos por alucinógenos; transtorno relacionado a fenciclidina não especificado; transtorno relacionado a alucinógenos não especificado 4.5 Transtornos relacionados a inalantes Transtorno por uso de inalantes; intoxicação por inalantes; outros transtornos induzidos por inalantes; transtorno relacionado a inalantes não especificado 4.6 Transtornos relacionados a opioides Transtorno por uso de opioides; intoxicação por opioides; abstinência de opioides; outros transtornos induzidos por opioides; transtorno relacionado a opioides não especificado 4.7 Transtornos relacionados a sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos Transtorno por uso de sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos; intoxicação por sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos; abstinência de sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos; outros transtornos induzidos por sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos; transtorno relacionado a sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos não especificados 9 4.8 Transtornos relacionados a estimulantes Transtorno por uso de estimulantes; intoxicação por estimulantes; abstinência de estimulantes; outros transtornos induzidos por estimulantes; transtorno relacionado a estimulantes não especificado 4.9 Transtornos relacionados a outras substâncias (ou substâncias desconhecidas) Transtorno por uso de outra substância (ou substância desconhecida); intoxicação por outra substância (ou substância desconhecida) abstinência de outra substância (ou substância desconhecida); transtornos induzidos por outra substância (ou substância desconhecida); transtorno relacionado a outra substância (ou substância desconhecida) não especificado. TEMA 5 – TRANSTORNOS QUE ESTÃO CONTIDOS NO DSM-5 5.1 Transtornos relacionados ao tabaco Transtorno por uso de tabaco; abstinência de tabaco; outros transtornos induzidos por tabaco; transtorno relacionado ao tabaco não especificado. O transtorno por uso de tabaco é comum entre indivíduos que fazem uso de cigarros e outras formas de tabaco diariamente e incomum entre os que não fazem uso diário ou que usam medicamentos com nicotina. A tolerância ao tabaco é exemplificada pelo desaparecimento da náusea e da tontura após o consumo repetido e com um efeito mais intenso do tabaco na primeira utilização do dia. A interrupção do uso de tabaco pode produzir uma síndrome de abstinência bem definida. Muitos indivíduos com transtorno por uso de tabaco utilizam-no para aliviar ou para evitar os sintomas de abstinência (p. ex., ao saírem de uma situação na qual o uso é restrito). Muitos que usam tabaco apresentam doenças ou sintomas físicos relacionados à substância e continuam a fumá-la. A grande maioria relata fissura pela substância quando deixam de fumar por várias horas. Gastar uma grande quantidade de tempo usando o tabaco pode ser exemplificado por fumar um cigarro atrás do outro, sem intervalos. Como as fontes de tabaco são de fácil acesso e lícitas, e como a intoxicação por nicotina é muito rara, gastar muito tempo na tentativa de obter tabaco ou de recuperar-se de seus efeitos é incomum. A desistência de atividades sociais, profissionais ou recreacionais importantes pode ocorrer quando o indivíduo evita uma atividade porque esta ocorre em áreas onde o fumo é restrito. O uso de tabaco raramente resulta em fracasso em cumprir obrigações importantes (p. ex., interferência no trabalho ou nos afazeres domésticos), porém problemas sociais e interpessoais persistentes (p. ex., discutir com os outros sobre o uso de tabaco, evitar situações sociais devido à desaprovação do uso de tabaco pelos outros) ou uso que representa perigo à integridade física (p. ex., fumar na cama, fumar próximo a substâncias químicas inflamáveis) ocorrem em prevalência intermediária. Embora esses 10 critérios sejam preenchidos com menor frequência por usuários de tabaco, caso comprovados, podem indicar um transtorno mais grave. (APA, 2015) 5.2 Abstinênciade tabaco Os sintomas de abstinência prejudicam a capacidade de interromper o uso de tabaco. Os sintomas após a abstinência de tabaco devem-se, em grande parte, à privação de nicotina. Os sintomas são muito mais intensos entre indivíduos que fumam cigarros ou formas não fumáveis de tabaco do que entre aqueles que usam medicamentos com nicotina. A diferença na intensidade dos sintomas provavelmente se deve ao início mais rápido e aos níveis mais altos de nicotina com o fumo de cigarros. A abstinência de tabaco é comum entre usuários diários da substância que interrompem ou reduzem o hábito, mas também pode ocorrer entre usuários não diários. Em geral, a frequência cardíaca se reduz em 5 a 12 batimentos por minuto nos primeiros dias após a interrupção do tabagismo, e o peso aumenta em média 2 a 3 quilos ao longo do primeiro ano após a interrupção do tabagismo. A abstinência de tabaco pode produzir alterações no humor e prejuízo do funcionamento clinicamente significativos. (APA, 2015) 5.3 Outros transtornos induzidos por tabaco O transtorno do sono induzido por tabaco é abordado no capítulo "Transtornos do Sono-Vigília" (consultar "Transtorno do Sono Induzido por Substância/Medicamento"). 5.4 Transtornos não relacionados à substância transtorno do jogo Jogar envolve arriscar algo valioso na esperança de obter algo ainda mais valioso. Em diversas culturas, indivíduos apostam em jogos e eventos, e a maioria o faz sem experimentar problemas. Contudo, algumas pessoas desenvolvem um comprometimento considerável com relação ao seu comportamento de jogo. A característica essencial do transtorno do jogo é o comportamento de jogo desadaptativo persistente e recorrente que perturba os objetivos pessoais, familiares e/ou profissionais (Critério A). O transtorno do jogo é definido como um grupo de quatro ou mais sintomas listados no Critério A, com ocorrência no mesmo período de 12 meses. Um padrão de "recuperar as perdas" pode se desenvolver, acompanhado de uma necessidade urgente de continuar jogando (frequentemente com apostas ou riscos maiores) a fim de desfazer uma perda ou uma série de perdas. O indivíduo pode abandonar sua estratégia de jogo e tentar recuperar todas as perdas ao mesmo tempo. Embora muitos jogadores possam apresentar essa característica durante períodos breves, essa atitude freqüente e em geral prolongada é típica do transtorno do jogo (Critério A6). As pessoas podem mentir para familiares, terapeutas, ou outras pessoas para esconder a extensão de seu envolvimento com o jogo e ocultar, entre outros, comportamentos ilícitos como falsificação, fraude, roubo ou estelionato para a obtenção de dinheiro para o jogo (Critério A7). Também podem apelar para comportamento de "resgate financeiro", voltando-se para a família ou outras pessoas ao solicitar ajuda com uma situação financeira desesperadora causada pelo jogo (Critério A9). (APA, 2015) 11 REFERÊNCIAS APA – American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-V. 5. Porto Alegre: Artmed, 2015. E-book. ARAÚJO, C. A; NETO, F. L. A Nova Classificação Americana Para os Transtornos Mentais: o DSM-5. Revista Brasileira de Terapia Comportamental Cognitiva, v. XVI, n. 1, p. 97-82, 2014.