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AULA 3 
TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL PARA 
DEPENDÊNCIA QUÍMICA E 
ADIÇÕES CONTEMPORÂNEAS
Profª Silvia Helena Brandt 
 
 
2 
TEMA 1 – PRINCÍPIOS DA TCC 
De acordo com Araújo e Lotufo Neto (2014), a psiquiatria e os estudos do 
comportamento, embora partam de premissas diferentes acerca dos transtornos 
mentais, não são conflituosos; por isso, devemos estudar ambas as disciplinas e 
aproveitar o que há de contribuição de cada uma. 
A psiquiatria, para chegar à descrição de um transtorno, usa o modelo de 
observação, descrição e categorização das enfermidades que tenham sintomas 
em comum, para prever diagnóstico, evolução e tratamento. Já para a 
a análise do comportamento, a formulação de um diagnóstico passa pela 
compreensão dos comportamentos que são tidos como inadequados e 
isso requer a análise das contingências que os instalaram e que os 
mantêm. Nesse sentido o uso de classificações categoriais é limitante 
pois a topografia de um comportamento não é suficiente para a 
compreensão da sua função para um determinado indivíduo. A análise 
funcional do comportamento é imprescindível para o planejamento da 
intervenção clínica. (Araújo; Lotufo Neto, 2014, p. 68) 
 Tendo em vista as duas visões, compreende-se que o terapeuta pode fazer 
uso de uma categorização prévia, como meio de auxiliar a prever determinados 
comportamentos, embora não enquadre seu paciente fora de suas vivências 
pessoais no ambiente em que viveu e vive, bem como da forma como ele enxerga 
o mundo. Isto porque, apesar das muitas limitações da categorização dos 
transtornos no DSM, “é possível inferir que pacientes com o mesmo transtorno, 
dividindo traços semelhantes, possam apresentar comportamentos semelhantes. 
” (Araújo; Lotufo Neto, 2014, p. 69). Os autores apontam ainda que outra 
vantagem é facilitar a comunicação entre áreas diferentes, uma vez que se 
padroniza a linguagem. 
 Em um processo de contínuo aperfeiçoamento da ciência, o Diagnóstico de 
Saúde Mental passa por reestruturação de tempos em tempos. A última versão 
do DSM foi publicada em 2013, após 12 anos de estudos: o DSM 5. 
Em seu aspecto estrutural o DSM-5 rompeu com o modelo multiaxial 
introduzido na terceira edição do manual. Os transtornos de 
personalidade e o retardo mental, anteriormente apontados como 
transtornos do Eixo II, deixaram de ser condições subjacentes e se 
uniram aos demais transtornos psiquiátricos no Eixo I. Outros 
diagnósticos médicos, costumeiramente listados no Eixo III, também 
receberam o mesmo tratamento. Conceitualmente não existem 
diferenças fundamentais que sustentem a divisão dos diagnósticos em 
Eixos I, II e III. O objetivo da distinção era apenas o de estimular uma 
avaliação completa e detalhada do paciente. Fatores psicossociais e 
ambientais (Eixo IV) continuam sendo foco de atenção, mas o DSM-5 
recomendou que a codificação dessas condições fosse realizada com 
base no Capítulo da CID-10-CM, Fatores que Influenciam o Estado de 
 
 
3 
Saúde e o Contato com os Serviços de Saúde (códigos Z00-Z99). Por 
fim, a Escala de Avaliação Global do Funcionamento, anteriormente 
empregada no Eixo V, foi retirada do manual. Por diversos motivos 
entendeu-se que a nota de uma única escala não transmite informações 
suficientes e adequadas para a compreensão global do paciente. A APA 
continua recomendando a aplicação das diversas escalas que possam 
contribuir com cada caso e apresenta algumas medidas de avaliação na 
Seção III do DSM-5. (Araújo; Lotufo Neto, 2014, p. 70) 
TEMA 2 – O QUE MUDA NO DSM-5 ACERCA DOS TRANSTORNOS POR USO 
DE SUBSTÂNCIAS 
O DSM-5, de acordo com Araújo e Lotufo Neto (2014, p. 81), removeu a 
divisão feita pelo DSM-IV-TR entre os diagnósticos de Abuso e Dependência de 
Substâncias, reunindo-os como Transtorno por Uso de Substâncias. 
Assim, ficam juntos os critérios antigos acerca do abuso e da dependência, 
o que é chamado de Transtornos Relacionados às Substâncias e Transtornos 
Aditivos. 
As alterações são: 
• exclusão de ‘problemas legais recorrentes relacionados à 
substância’; 
• inclusão de ‘craving ou um forte desejo ou impulso de usar uma 
substância’; 
• o diagnóstico passou a ser acompanhado de critérios para 
Intoxicação, Abstinência, Transtorno Induzido por 
Medicação/Substância e Transtornos Induzidos por Substância Não 
Especificados; 
• exige dois ou mais critérios para o diagnóstico de Transtorno por 
Uso de Substância; 
• a gravidade do quadro passou a ser classificada de acordo com o 
número de critérios preenchidos: dois ou três critérios indicam um 
transtorno leve, quatro ou cinco indicam um distúrbio moderado e seis 
ou mais critérios indicam um transtorno grave. (Araújo e Lotufo Neto, 
2014, p.81) 
• são descritas 10 classes distintas de drogas: álcool; cafeína; 
Cannabis; alucinógenos (com categorias distintas para fenciclidina [ou 
arilciclo- -hexilaminas de ação similar] e outros alucinógenos); inalantes; 
opioides; sedativos, hipnóticos e ansiolíticos; estimulantes (substâncias 
tipo anfetamina, cocaína e outros estimulantes); tabaco; e outras 
substâncias (ou substâncias desconhecidas). (APA, 2015) 
Também houve a inclusão o transtorno do jogo. De acordo com o DSM-5 
(APA, 2015), isto “reflete as evidências de que os comportamentos de jogo ativam 
sistemas de recompensa semelhantes aos ativados por drogas de abuso e 
produzem alguns sintomas comportamentais que podem ser comparados aos 
produzidos pelos transtornos por uso de substância." 
O DSM-5 (APA, 2015) faz ainda a ressalva: 
 
 
4 
Outros padrões comportamentais de excesso, como jogo pela internet, 
também foram descritos, mas as pesquisas sobre esta e outras 
síndromes comportamentais são menos claras. Portanto, grupos de 
comportamentos repetitivos, por vezes denominados adições 
comportamentais, com subcategorias como "adição sexual", "adição por 
exercício" ou "adição por compras", não estão inclusos porque, até o 
momento, não há evidências suficientes revisadas por pares para 
estabelecer os critérios diagnósticos e as descrições de curso 
necessários para identificar tais comportamentos como transtornos 
mentais. 
Importante compreender que o DSM-5 se baseia no processo de ativação 
do sistema de recompensa do cérebro (reforço de comportamento e criação de 
novas memórias). Assim, descreve (APA, 2015): 
Essas 10 classes não são totalmente distintas. Todas as drogas que são 
consumidas em excesso têm em comum a ativação direta do sistema de 
recompensa do cérebro, o qual está envolvido no reforço de 
comportamentos e na produção de memórias. A ativação do sistema de 
recompensa é intensa a ponto de fazer atividades normais serem 
negligenciadas. Em vez de atingir a ativação do sistema de recompensa 
por meio de comportamentos adaptativos, as drogas de abuso ativam 
diretamente as vias de recompensa. Os mecanismos farmacológicos 
pelos quais cada classe de drogas produz recompensa são diferentes, 
mas elas geralmente ativam o sistema e produzem sensações de prazer, 
frequentemente denominadas de "barato" ou "viagem". Além disso, 
indivíduos com baixo nível de autocontrole, o que pode ser reflexo de 
deficiências nos mecanismos cerebrais de inibição, podem ser 
particularmente predispostos a desenvolver transtornos por uso de 
substância, sugerindo que, no caso de determinadas pessoas, a origem 
dos transtornos por uso de substância pode ser observada em seus 
comportamentos muito antes do início do uso atual de substância 
propriamente dito. 
TEMA 3 – TRANSTORNOS RELACIONADOS A SUBSTÂNCIAS 
Os transtornos relacionados a substâncias dividem-se em dois grupos: 
transtornos por uso de substância e transtornos induzidos por substância. 
3.1 Por uso de substância 
A característica essencial de um transtorno por uso de substâncias 
consiste na presença de um agrupamento de sintomas cognitivos, 
comportamentais e fisiológicos indicando o uso contínuo pelo indivíduo 
apesar de problemas significativos relacionados à substância. O 
diagnósticode um transtorno por uso de substância pode se aplicar a 
todas as 10 classes, com exceção da cafeína. Para determinadas 
classes, alguns sintomas são menos salientes e, em uns poucos casos, 
nem todos os sintomas se manifestam (p. ex., 
não se especificam sintomas de abstinência para transtorno por uso de 
fenciclidina, transtorno por uso de outros alucinógenos nem transtorno 
por uso de inalantes). 
Uma característica importante dos transtornos por uso de substâncias é 
uma alteração básica nos circuitos cerebrais que pode persistir após a 
desintoxicação, especialmente em indivíduos com transtornos graves. 
Os efeitos comportamentais dessas alterações cerebrais podem ser 
exibidos nas recaídas constantes e na fissura intensa por drogas quando 
 
 
5 
os indivíduos são expostos a estímulos relacionados a elas. Uma 
abordagem de longo prazo pode ser vantajosa para o tratamento desses 
efeitos persistentes da droga. 
De modo geral, o diagnóstico de um transtorno por uso de substância 
baseia-se em um padrão patológico de comportamentos relacionados ao 
seu uso. Para auxiliar a organização, pode-se considerar que as 
condições sob "Critério A" encaixam-se nos agrupamentos gerais de 
baixo controle, deterioração social, uso arriscado e critérios 
fannacológicos. O baixo controle sobre o uso da substância é o primeiro 
grupo de critérios (Critérios 1-4). O indivíduo pode consumir a substância 
em quantidades maiores ou ao longo de um período maior de tempo do 
que pretendido originalmente (Critério 1). O indivíduo pode expressar um 
desejo persistente de reduzir ou regular o uso da substância e pode 
relatar vários esforços malsucedidos para diminuir ou descontinuar o uso 
(Critério 2). O indivíduo pode gastar muito tempo para obter a 
substância, usá-la ou recuperar-se de seus efeitos (Critério 3). Em 
alguns casos de transtornos mais graves por uso de substância, 
praticamente todas as atividades diárias do indivíduo giram em tomo da 
substância. A fissura (Critério 4) se manifesta por meio de um desejo ou 
necessidade intensos de usar a droga que podem ocorrer a qualquer 
momento, mas com maior probabilidade quando em um ambiente onde 
a droga foi obtida ou usada anteriormente. Demonstrou-se também que 
a fissura envolve condicionamento clássico e está associada à ativação 
de estruturas específicas de recompensa no cérebro. Investiga-se a 
fissura ao perguntar se alguma vez o indivíduo teve uma forte 
necessidade de consumir a droga a ponto de não conseguir pensar em 
mais nada. A fissura atual costuma ser usada como medida de resultado 
do tratamento porque pode ser um sinal de recaída iminente. 
O prejuízo social é o segundo grupo de critérios (Critérios 5-7). O uso 
recorrente de substâncias pode resultar no fracasso em cumprir as 
principais obrigações no trabalho, na escola ou no lar (Critério 5). O 
indivíduo pode continuar o uso da substância apesar de apresentar 
problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes 
causados ou exacerbados por seus efeitos (Critério 6). Atividades 
importantes de natureza social, profissional ou recreativa podem ser 
abandonadas ou reduzidas devido ao uso da substância (Critério 7). O 
indivíduo pode afastar-se de atividades em família ou passatempos a fim 
de usar a substância. 
O uso arriscado da substância é o terceiro grupo de critérios (Critérios 8 
e 9). Pode tomar a forma de uso recorrente da substância em situações 
que envolvem risco à integridade física (Critério 8). O indivíduo pode 
continuar o uso apesar de estar ciente de apresentar um problema físico 
ou psicológico persistente ou recorrente que provavelmente foi causado 
ou exacerbado pela substância (Critério 9). A questão fundamental na 
avaliação desse critério não é a existência do problema, e sim o fracasso 
do indivíduo em abster-se do uso da substância apesar da dificuldade 
que ela está causando. 
Os critérios farmacológicos são o grupo final (Critérios 10 e 11). A 
tolerância (Critério 10) é sinalizada quando uma dose acentuadamente 
maior da substância é necessária para obter o efeito desejado ou quando 
um efeito acentuadamente reduzido é obtido após o consumo da dose 
habitual. O grau em que a tolerância se desenvolve apresenta grande 
variação de um indivíduo para outro, assim como de uma substância 
para outra, e pode envolver uma variedade de efeitos sobre o sistema 
nervoso central. Por exemplo, tolerância a depressão respiratória e 
tolerância a sedação e coordenação motora podem se desenvolver em 
ritmos diferentes, dependendo da substância. A tolerância pode ser 
difícil de determinar apenas pela história, e testes de laboratório podem 
ser úteis (p. ex., níveis elevados da substância no sangue com poucas 
evidências de intoxicação sugerem boa chance de tolerância). A 
tolerância também deve ser diferenciada da variação individual na 
sensibilidade inicial aos efeitos de substâncias específicas. Por exemplo, 
algumas pessoas que consomem álcool pela primeira vez apresentam 
 
 
6 
pouquíssimas evidências de intoxicação com três ou quatro doses, 
enquanto outras com o mesmo peso e história de consumo de álcool 
apresentam fala arrastada e incoordenação. 
Abstinência (Critério 11) é uma síndrome que ocorre quando as 
concentrações de uma substância no sangue ou nos tecidos diminuem 
em um indivíduo que manteve uso intenso prolongado. Após 
desenvolver sintomas de abstinência, o indivíduo tende a consumir a 
substância para aliviá-los. Os sintomas de abstinência apresentam 
grande variação de uma classe de substâncias para outra, e conjuntos 
distintos de critérios para abstinência são fornecidos para as classes de 
drogas. Sinais fisiológicos marcados e, geralmente, de fácil aferição são 
comuns com álcool, opioides e com sedativos, hipnóticos e ansiolíticos. 
Os sinais e sintomas de abstinência de estimulantes (anfetaminas e 
cocaína), bem como de tabaco e Cannabis, costumam estar presentes, 
mas são menos visíveis. Não foi documentada abstinência significativa 
em seres humanos após o uso repetido de fenciclidina, de outros 
alucinógenos e de inalantes; portanto, esse critério não foi incluído no 
caso dessas substâncias. Não são necessárias tolerância nem 
abstinência para um diagnóstico de transtorno por uso de substância. 
Contudo, na maioria das classes de substâncias, história prévia de 
abstinência está associada a um curso clínico mais grave (i.e., início 
mais precoce de transtorno por uso de substância, níveis mais elevados 
de consumo de substância e uma quantidade maior de problemas 
relacionados a substâncias). 
Sintomas de tolerância e abstinência que ocorrem durante o tratamento 
médico adequado com medicamentos receitados (p. ex., analgésicos 
opioides, sedativos, estimulantes) são especificamente 
desconsiderados ao se diagnosticar um transtorno por uso de 
substância. Houve casos em que o surgimento de tolerância 
farmacológica normal e esperada e de abstinência durante o curso de 
tratamento médico conduziu ao diagnóstico equivocado de "adição" 
mesmo quando estes eram os únicos sintomas presentes. Indivíduos 
cujos únicos sintomas são os decorrentes de tratamento médico (i.e., 
tolerância e abstinência como parte de assistência médica quando os 
medicamentos são usados conforme prescritos) não devem ser 
diagnosticados unicamente com base nesses sintomas. Contudo, 
medicamentos com receita podem ser usados de forma inadequada, e 
pode-se diagnosticar corretamente um transtorno por uso de substância 
quando houver outros sintomas de comportamento compulsivo de busca 
por drogas. (APA, 2015) 
3.2 Induzidos por substância 
A categoria geral de transtornos induzidos por substâncias inclui 
intoxicação, abstinência e outros transtornos mentais induzidos por 
substância/medicamento, como transtorno psicótico induzido por substância e 
transtorno depressivo induzido por substância. 
3.3 Intoxicação por substância 
Sua característica fundamental é o desenvolvimento de uma síndrome 
reversível específica de determinada substânciaque ocorreu devido a 
sua recente ingestão (Critério A). As mudanças comportamentais ou 
psicológicas clinicamente significativas associadas à intoxicação (p. ex., 
beligerância, labilidade do humor, julgamento prejudicado) são 
atribuíveis aos efeitos fisiológicos da substância sobre o sistema nervoso 
central e desenvolvem-se durante ou logo após o uso da substância 
 
 
7 
(Critério B). Os sintomas não são atribuíveis a outra condição médica 
nem são mais bem explicados por outro transtorno mental (Critério D). A 
intoxicação por substância é comum entre pessoas com transtorno por 
uso de substância, mas também ocorre com frequência em indivíduos 
sem esse transtorno. Essa categoria não se aplica ao tabaco. 
As alterações mais comuns decorrentes da intoxicação envolvem 
perturbações de percepção, vigília, atenção, pensamento, julgamento, 
comportamento psicomotor e comportamento interpessoal. As 
intoxicações breves, ou "agudas", podem ter sinais e sintomas diferentes 
dos presentes nas intoxicações prolongadas, ou "crônicas". Por 
exemplo, doses moderadas de cocaína podem, inicialmente, produzir 
sociabilidade, mas isolamento social pode se desenvolver caso essas 
doses sejam repetidas com frequência por dias ou semanas. 
Quando usado no sentido fisiológico, o termo intoxicação é mais amplo 
do que intoxicação por substância tal como é definido aqui. Muitas 
substâncias podem produzir alterações fisiológicas ou psicológicas que 
não são, necessariamente, problema. Por exemplo, um indivíduo com 
taquicardia decorrente do uso de substância sofre um efeito fisiológico, 
mas se esse for o único sintoma na ausência de comportamento 
problemático, o diagnóstico de intoxicação não se aplica. 
A intoxicação pode, às vezes, persistir além do tempo durante o qual a 
substância é detectável no corpo, em decorrência de efeitos duradouros 
sobre o sistema nervoso central, cuja recuperação leva mais tempo do 
que a eliminação da substância. Esses efeitos mais prolongados da 
intoxicação devem ser diferenciados da abstinência (i.e., sintomas 
iniciados por um declínio nas concentrações de uma substância no 
sangue e nos tecidos). (APA, 2015) 
3.4 Abstinência de substância 
A característica fundamental é o desenvolvimento de uma alteração 
comportamental problemática específica a determinada substância, com 
concomitantes fisiológicos e cognitivos, devido a interrupção ou redução 
do uso intenso e prolongado da substância (Critério A). A síndrome 
específica da substância causa sofrimento clinicamente significativo ou 
prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo (Critério C). Os sintomas não se devem 
a uma condição médica geral nem são mais bem explicados por outro 
transtorno mental (Critério D). A abstinência geralmente, mas nem 
sempre, está associada a um transtorno por uso de substância. A 
maioria dos indivíduos com abstinência sente necessidade de 
readministrar a substância para reduzir os sintomas. (APA, 2015) 
TEMA 4 – TRANSTORNOS CONTIDOS NO DSM-5 
4.1 Transtornos relacionados ao álcool 
Transtorno por uso de álcool; intoxicação por álcool; abstinência de álcool; 
outros transtornos induzidos por álcool; transtorno relacionado ao álcool não 
especificado 
4.2 Transtornos relacionados à cafeína 
Intoxicação por cafeína; abstinência de cafeína; outros transtornos 
induzidos por cafeína; transtorno relacionado à cafeína não especificado 
 
 
8 
4.3 Transtornos relacionados a cannabis 
Transtorno por uso de cannabis; intoxicação por cannabis; abstinência de 
cannabis; outros transtornos induzidos por cannabis; transtorno relacionado a 
cannabis não especificado 
4.4 Transtornos relacionados ao uso de fenciclidina 
Transtorno por uso de fenciclidina; transtorno por uso de outros 
alucinógenos; intoxicação por fenciclidina; intoxicação por outros alucinógenos; 
transtorno persistente da percepção; induzido por alucinógenos; outros 
transtornos induzidos por fenciclidina; outros transtornos induzidos por 
alucinógenos; transtorno relacionado a fenciclidina não especificado; transtorno 
relacionado a alucinógenos não especificado 
4.5 Transtornos relacionados a inalantes 
Transtorno por uso de inalantes; intoxicação por inalantes; outros 
transtornos induzidos por inalantes; transtorno relacionado a inalantes não 
especificado 
4.6 Transtornos relacionados a opioides 
Transtorno por uso de opioides; intoxicação por opioides; abstinência de 
opioides; outros transtornos induzidos por opioides; transtorno relacionado a 
opioides não especificado 
4.7 Transtornos relacionados a sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos 
 Transtorno por uso de sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos; intoxicação por 
sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos; abstinência de sedativos, hipnóticos ou 
ansiolíticos; outros transtornos induzidos por sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos; 
transtorno relacionado a sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos não especificados 
 
 
 
9 
4.8 Transtornos relacionados a estimulantes 
 Transtorno por uso de estimulantes; intoxicação por estimulantes; 
abstinência de estimulantes; outros transtornos induzidos por estimulantes; 
transtorno relacionado a estimulantes não especificado 
4.9 Transtornos relacionados a outras substâncias (ou substâncias 
desconhecidas) 
 Transtorno por uso de outra substância (ou substância desconhecida); 
intoxicação por outra substância (ou substância desconhecida) abstinência de 
outra substância (ou substância desconhecida); transtornos induzidos por outra 
substância (ou substância desconhecida); transtorno relacionado a outra 
substância (ou substância desconhecida) não especificado. 
TEMA 5 – TRANSTORNOS QUE ESTÃO CONTIDOS NO DSM-5 
5.1 Transtornos relacionados ao tabaco 
 Transtorno por uso de tabaco; abstinência de tabaco; outros transtornos 
induzidos por tabaco; transtorno relacionado ao tabaco não especificado. 
O transtorno por uso de tabaco é comum entre indivíduos que fazem uso 
de cigarros e outras formas de tabaco diariamente e incomum entre os 
que não fazem uso diário ou que usam medicamentos com nicotina. A 
tolerância ao tabaco é exemplificada pelo desaparecimento da náusea e 
da tontura após o consumo repetido e com um efeito mais intenso do 
tabaco na primeira utilização do dia. A interrupção do uso de tabaco pode 
produzir uma síndrome de abstinência bem definida. Muitos indivíduos 
com transtorno por uso de tabaco utilizam-no para aliviar ou para evitar 
os sintomas de abstinência (p. ex., ao saírem de uma situação na qual o 
uso é restrito). Muitos que usam tabaco apresentam doenças ou 
sintomas físicos relacionados à substância e continuam a fumá-la. A 
grande maioria relata fissura pela substância quando deixam de fumar 
por várias horas. Gastar uma grande quantidade de tempo usando o 
tabaco pode ser exemplificado por fumar um cigarro atrás do outro, sem 
intervalos. Como as fontes de tabaco são de fácil acesso e lícitas, e 
como a intoxicação por nicotina é muito rara, gastar muito tempo na 
tentativa de obter tabaco ou de recuperar-se de seus efeitos é incomum. 
A desistência de atividades sociais, profissionais ou recreacionais 
importantes pode ocorrer quando o indivíduo evita uma atividade porque 
esta ocorre em áreas onde o fumo é restrito. O uso de tabaco raramente 
resulta em fracasso em cumprir obrigações importantes (p. ex., 
interferência no trabalho ou nos afazeres domésticos), porém problemas 
sociais e interpessoais persistentes (p. ex., discutir com os outros sobre 
o uso de tabaco, evitar situações sociais devido à desaprovação do uso 
de tabaco pelos outros) ou uso que representa perigo à integridade física 
(p. ex., fumar na cama, fumar próximo a substâncias químicas 
inflamáveis) ocorrem em prevalência intermediária. Embora esses 
 
 
10 
critérios sejam preenchidos com menor frequência por usuários de 
tabaco, caso comprovados, podem indicar um transtorno mais grave. 
(APA, 2015) 
5.2 Abstinênciade tabaco 
Os sintomas de abstinência prejudicam a capacidade de interromper o 
uso de tabaco. Os sintomas após a abstinência de tabaco devem-se, em 
grande parte, à privação de nicotina. Os sintomas são muito mais 
intensos entre indivíduos que fumam cigarros ou formas não fumáveis 
de tabaco do que entre aqueles que usam medicamentos com nicotina. 
A diferença na intensidade dos sintomas provavelmente se deve ao 
início mais rápido e aos níveis mais altos de nicotina com o fumo de 
cigarros. A abstinência de tabaco é comum entre usuários diários da 
substância que interrompem ou reduzem o hábito, mas também pode 
ocorrer entre usuários não diários. Em geral, a frequência cardíaca se 
reduz em 5 a 12 batimentos por minuto nos primeiros dias após a 
interrupção do tabagismo, e o peso aumenta em média 2 a 3 quilos ao 
longo do primeiro ano após a interrupção do tabagismo. A abstinência 
de tabaco pode produzir alterações no humor e prejuízo do 
funcionamento clinicamente significativos. (APA, 2015) 
5.3 Outros transtornos induzidos por tabaco 
O transtorno do sono induzido por tabaco é abordado no capítulo 
"Transtornos do Sono-Vigília" (consultar "Transtorno do Sono Induzido por 
Substância/Medicamento"). 
5.4 Transtornos não relacionados à substância transtorno do jogo 
Jogar envolve arriscar algo valioso na esperança de obter algo ainda 
mais valioso. Em diversas culturas, indivíduos apostam em jogos e 
eventos, e a maioria o faz sem experimentar problemas. Contudo, 
algumas pessoas desenvolvem um comprometimento considerável com 
relação ao seu comportamento de jogo. A característica essencial do 
transtorno do jogo é o comportamento de jogo desadaptativo persistente 
e recorrente que perturba os objetivos pessoais, familiares e/ou 
profissionais (Critério A). O transtorno do jogo é definido como um grupo 
de quatro ou mais sintomas listados no Critério A, com ocorrência no 
mesmo período de 12 meses. 
Um padrão de "recuperar as perdas" pode se desenvolver, 
acompanhado de uma necessidade urgente de continuar jogando 
(frequentemente com apostas ou riscos maiores) a fim de desfazer uma 
perda ou uma série de perdas. O indivíduo pode abandonar sua 
estratégia de jogo e tentar recuperar todas as perdas ao mesmo tempo. 
Embora muitos jogadores possam apresentar essa característica 
durante períodos breves, essa atitude freqüente e em geral prolongada 
é típica do transtorno do jogo (Critério A6). As pessoas podem mentir 
para familiares, terapeutas, ou outras pessoas para esconder a extensão 
de seu envolvimento com o jogo e ocultar, entre outros, comportamentos 
ilícitos como falsificação, fraude, roubo ou estelionato para a obtenção 
de dinheiro para o jogo (Critério A7). Também podem apelar para 
comportamento de "resgate financeiro", voltando-se para a família ou 
outras pessoas ao solicitar ajuda com uma situação financeira 
desesperadora causada pelo jogo (Critério A9). (APA, 2015) 
 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
APA – American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de 
transtornos mentais: DSM-V. 5. Porto Alegre: Artmed, 2015. E-book. 
ARAÚJO, C. A; NETO, F. L. A Nova Classificação Americana Para os Transtornos 
Mentais: o DSM-5. Revista Brasileira de Terapia Comportamental Cognitiva, 
v. XVI, n. 1, p. 97-82, 2014.

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