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AULA 2 
ATENDIMENTO EM REDE 
Prof. Paulo Sérgio Aragão 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Neste momento, vamos nos dedicar mais atentamente ao que podemos 
chamar de aproximação de conceitos de redes, estabelecendo conexões com 
uma gama de autores que se alicerçam majoritariamente sobre uma base teórico-
crítica. 
É perceptível, nas palavras de José Paulo Netto, em sua obra Marxismo 
Impenitente (2011), a afirmação de que “quem erra na análise erra na ação”, 
trazendo-nos a responsabilidade de sermos rigorosos nas fontes de interpretação 
dos fenômenos que se apresentam, para assim compreendermos os sentidos, 
intensidades e direções a que se dirigem. 
Assim, ao buscarmos uma aproximação ao conceito de rede de proteção 
social, devemos ter em mente que este objetivo se faz imperioso, no sentido de 
compreender corretamente as determinantes que nos permitem identificar, 
quantificar e estabelecer conexões mais sólidas para este tipo de intervenção 
social, o qual tem atraído o debate sobre a ação das políticas sociais ultimamente. 
Assim, neste momento, vamos intensificar nossas análises no sentido de 
compreender as características, tipologias e relevância de cada rede, concebendo 
ainda que o mais crucial são as suas intersecções. 
TEMA 1 – APONTAMENTOS SOBRE REDES DE PROTEÇÕES SOCIAIS 
Neves (2009), ao abordar o conceito de “rede”, parte do significado da 
palavra para indicar o seu conteúdo. A autora argumenta que tal significado vem 
do latim – retis – sendo descrito pela língua oficial portuguesa como uma estrutura 
que possui entrelaçamento de fios, composta de tal maneira que permite a 
formação de um tecido, com espaços mais ou menos regulares. 
De fato, ao nos apoiarmos sobre tal significado, revelamos coerência às 
tentativas de construção de sistemas que, de uma forma ou de outra, se apoiam 
reciprocamente em face de estabelecer mecanismos de proteções sociais que 
ultrapassem as iniciativas singulares institucionais. 
Com isso, partimos do pressuposto que uma rede requer assim conexões 
mais ou menos estáveis e regulares, que se auxiliam mutuamente em razão de 
objetivos comuns e específicos, proporcionando por meio de seus elos, uma teia, 
a qual serve a uma gama diversificada de fins. 
 
 
3 
Como definição básica, o termo rede origina-se do latim retis, e é definido 
pelos dicionários da língua portuguesa como o entrelaçamento de fios 
com aberturas regulares, capazes de formar uma espécie de tecido. A 
partir da noção de entrelaçamento, assim como da estrutura reticulada, 
a palavra rede foi ganhando novos significados, de modo a caracterizar-
se diante das mais diferenciadas situações. (Neves, 2009, p. 148) 
A autora tece seus argumentos destacando que, mesmo em uma 
convergência na origem da palavra, é possível encontrar diferentes sentidos e 
composições de redes. Cita as redes enquanto definição de armadilhas para a 
pesca, a rede protetora e amortecedora de impactos, as redes ligadas ao campo 
da economia e dos negócios rentáveis, entre tantas outras formas de composição 
e sentidos do termo. 
Contudo, dá ênfase a uma característica interessante – que aqui nos serve 
de baliza. Argumenta que as redes não possuem um centro irradiador e definidor 
de sua trama, mas se constitui nas relações e nos vínculos que se estabelecem 
entre si, de forma não hierárquica e ainda em sua manifestação horizontal. 
Se apoiando em diferentes fontes, destaca que o sentido de redes vem se 
transformando ao longo da história, tomando matizes distintas a partir da década 
de 1980 respondendo as necessidades de flexibilidade, conectividade e 
descentralização na esfera da intervenções sociais, caminhando assim na direção 
da democracia. 
Gonçalves e Guará (2010) também solidificam esta concepção de redes, 
compreendendo que a sua denominação e sentido projetam estruturas que se 
arranjam por ligações que estabelecem entre si. 
No entanto, os autores advertem que quando tudo é denominado de rede, 
o conceito se empobrece, e obscurece seu potencial. Nos parecem plausíveis tais 
considerações, principalmente quando queremos delinear diferentes redes que se 
sustentam junto às intervenções de proteção social. 
 Os autores buscam, deste modo, delinear a concepção de redes de 
proteção social, as quais eles descrevem: 
A rede da qual tratamos neste caderno é aquela que articula 
intencionalmente pessoas e grupos humanos, sobretudo como uma 
estratégia organizativa que ajuda os atores e agentes sociais a 
potencializarem suas iniciativas para promover o desenvolvimento 
pessoal e social de crianças, adolescentes e famílias nas políticas 
sociais públicas. (Gonçalves e Guará, 2010, p. 15) 
Convergimos na direção desta interpretação, compreendendo que as redes 
de proteção social se estabelecem por interconexões, reciprocidade, concepções 
da fragmentação especializada e da necessidade de união de pontos, a fim de 
 
 
4 
oferecer possibilidades de intervenção com fins de ampliar os êxitos no campo 
social. 
Assim, retomamos as concepções de Neves (2009), a qual concebe as 
redes sobre a seguinte conceituação: 
[...] caracterizam-se a partir de algumas definições, considerando as 
interrelações, associações encadeadas, interações, vínculos não 
hierarquizados, todos estes aspectos envolvendo relações de 
comunicação, assim como o intercâmbio de informações e trocas 
diversas. (Neves, 2009, p. 149) 
Acrescenta-se ainda a tais características suas determinações na busca de 
objetivos comuns aos diferentes atores sociais, sendo estes estabelecidos entre 
eles de forma não hierarquizada. 
Assim, temos que uma rede se constitui a um fim estabelecido em comum, 
indicando uma direção e movimento a qual sustenta suas justificativas de 
existência. 
É interessante notarmos que a questão de não-hierarquização, junto às 
experiências que emergem das redes de proteção social, possibilitam 
intervenções partilhadas sem a necessidade de imposição, mas mediada nas 
argumentações e nas relevâncias dos seus diferentes sujeitos, estabelecendo 
aqui um rompimento com a verticalização tão presente na sociedade do capital. 
Destaca-se a relevância dada a cada ator social quando da sua 
predisposição para integrar um sistema que manifesta responsabilidades 
recíprocas, interdependência e que necessita de estabelecer comunicações 
intensas a fim de proporcionar um fluxo que permita a ampliação da proteção 
social. 
Também, para Castells (1998) destaca-se que, mesmo sendo identificadas 
diferenças entre os sujeitos que compõem as diferentes estruturas de redes, estes 
se submetem a uma relação de interdependência para compor um sistema 
integrado. Este autor afirma ainda que são flagrantes os temores e receios de 
seus sujeitos, os quais, mesmo os possuindo, apostam nestas relações. 
As afirmações de Castells (1998) corroboram para ressaltar que as 
diferenças compositoras dos atores sociais não são obstáculos insuperáveis para 
o trabalho na perspectiva de redes. Assim, as especificidades de composição e 
atuação de cada ator deve ser considerada, e não aplainada, devendo incentivar 
suas singularidades, e atuar também no sentido de cooperação dirigida a fins 
específicos delineados conjuntamente. 
 
 
5 
Compreendemos ainda, nesta relação, o estabelecimento de confiança e 
cooperação que os sujeitos estabelecem entre si enfatizando que investir na 
estruturação de redes equivale a apostar nas relações humanas. 
Por todos estes conteúdos compreendemos que as redes sociais, ou seja, 
redes que atuam no cenário social podem ser definidas pela conjugação de 
esforços originados e coordenados coletivamente em prol de objetivos comuns. 
Devem preservar as especificidades de cada ator componente neste 
sistema horizontal e não-hierárquico, cuja relações de reciprocidade, confiança, 
estabelecimento de vínculos, solidificadas em relações humanas, proporcionam 
maiores êxitos em ações no tecido social. 
Esta visão, a qualfoi apoiada nos diferentes autores citados aqui, nos 
oferece uma base privilegiada para a estruturação de tais mecanismos, bem como 
em sua operacionalização. 
Assim, convergindo com Baptista (2013), bem como com Gonçalves e 
Guará (2010), vamos ainda identificar os diferentes perfis de redes, trazendo aqui 
suas diferentes características, composições e finalidades que se manifestam na 
contemporaneidade. 
TEMA 2 – ESBOÇO DE UMA TIPOLOGIA DE REDES – I 
Pois bem, já compreendida a questão das redes e sua conceituação, de 
forma abrangente, remetendo-nos a uma análise de suas características, 
funcionalidades, significados, ainda nos falta a delimitação de um esboço de 
classificação das diferentes composições de redes que se apresentam na 
sociedade. É sobre esta tarefa que vamos nos ater agora. 
Contudo, é fato que esta classificação nos serve tão somente de 
identificação dos diferentes sistemas que se apresentam na contemporaneidade. 
Com isso, não pretendemos aprisionar o leitor a uma formatação rígida, irreal e 
sem grande utilidade para o nosso objeto, afinal, buscamos aqui oferecer 
conceitos, características, vantagens e limites desta perspectiva de atuação no 
cenário social. 
Assim, vamos recorrer a Mirian Veras Baptista (2013) a qual destaca cinco 
tipos de redes que circulam na esfera social hodiernamente. A autora as classifica 
– alicerçada em diferentes autores – as redes sociais como espontâneas, como 
de serviços sócio comunitárias, as redes setoriais públicas, as redes setoriais 
privadas e as redes sociais movimentalistas. 
 
 
6 
2.1 Redes sociais espontâneas 
Para a autora, as redes sociais espontâneas se classificam como 
organizações que se manifestam no espaço local. Elas se constituem com laços 
espontâneos mais ou menos sólidos. São manifestas como vínculos constituídos 
nas suas relações sociais primárias, incluindo aqui as relações constituídas na 
família, nos laços de vizinhanças, no círculo de amigos próximos, no conjunto de 
pessoas que estão inseridas nos mesmos postos de trabalho, bem como nas 
relações constituídas nas religiões manifestas. 
Podemos perceber neste tipo de rede um círculo próximo que se 
estabelece em reações no universo do cotidiano, com suas expressões 
espontâneas, tal como na denominação de sua classificação. Destaca-se, ainda, 
que suas intervenções se dão mais nas relações imediatas, através de 
reciprocidade, troca de informações e ainda prestação de serviços. 
Também buscamos amparo em Gonçalves e Guará (2010) para quem este 
tipo de rede, é definido como redes primárias ou espontâneas: 
As redes primárias ou de proteção espontânea são aquelas que se 
organizam na perspectiva do apoio mútuo e solidariedade, como nas 
relações afetivas, de parentesco, de proximidade com amigos, vizinhos 
e nas relações entre os indivíduos de uma mesma comunidade. 
(Gonçalves; Guará, 2010, p., 23) 
Os autores também afirmam ser estas relações um tipo de conceito 
alargado de família, onde suas relações se dão de forma cotidiana. Registra-se 
assim que estes laços correm maiores riscos de esfacelamentos à medida das 
exposições das vulnerabilidades sociais. 
Isso equivale dizer que quanto maior a precariedade das estruturas e das 
proteções sociais manifestas nos territórios, tanto maior é a necessidade de 
intervenção para melhor aportar estas relações e evitar o seu desgaste. 
Destacamos, em comunhão com os autores, que este tipo de rede se 
sustenta sob a reciprocidade, estabelecendo assim um tipo de união informal que 
se abriga e oferece proteções mútuas. Ude (2002) destaca que alguns estudos 
vêm apontando que quando os indivíduos veem sua rede se fragilizar e romper, 
tendem a adoecer, revelando aqui uma condição imanente ao ser humano, a sua 
constituição social. 
Nos parece interessante acrescentar que o fato de estas redes 
espontâneas estarem mais submetidas à erosão em face das vulnerabilidades 
 
 
7 
sociais que são expostas, remete à ação de outras redes mais estruturadas que 
possam vir a trabalhar no sentido de seu fortalecimento e/ou reconstrução, 
registrando aqui uma relação à que se destina muitas de nossas estruturas de 
proteção social. 
2.2 Redes de serviços sociocomunitários 
Baptista (2013) seguindo a classificação dos tipos de redes sociais registra 
as características das redes de serviços sociocomunitários. Para a autora, esta 
rede se constitui por serviços alicerçados na filantropia e nas organizações 
comunitárias estabelecendo relações com base mutualista como as de iniciativa 
de mutirões para manutenção e ampliação de equipamentos nos territórios. 
Destaca-se também as considerações a respeito da relação territorial que 
recorta este tipo de redes, manifestando coesão sobre suas conexões. Suas 
expressões se constituem na história do território, revelando as inciativas 
comunitárias e em grandes parcelas as expressões políticas de um conjunto de 
atores sociais. Acrescenta-se que o desenvolvimento e os êxitos dos serviços de 
políticas públicas dependem muito da interconexão entre estas redes. 
É hoje sobejamente conhecida a importância da relação próxima e 
participativa dessas redes para construir sentido de pertencimento e de 
comunidade. O grupo familiar e comunitário constitui a condição objetiva 
e subjetiva de pertença e não pode ser descartado quando se projetam 
processos de inclusão social. (Gonçalves; Guará, 2010, p. 24). 
Acrescenta-se aqui uma relação de necessidade recíproca entre as 
estruturas estatais e a manifestação da vida comunitária, que ultrapassa o terreno 
da relação intrafamiliar e transborda para um território convivido. 
Aqui, novamente, temos o apelo à interconexão de redes estabelecidas, 
em que diferentes organizações se favorecem mutuamente na busca de seus 
objetivos. 
TEMA 3 – ESBOÇO DE UMA TIPOLOGIA DE REDES - II 
3.1 Redes movimentalistas 
Em seguida abordaremos as redes movimentalistas. Este tipo de rede se 
caracteriza pela ação de pressão e vigilância com a sociabilidade existente, 
estabelecendo uma postura de denúncia contra aquilo que considera de ameaça 
aos padrões por elas defendidos. 
 
 
8 
Sua constituição se dá perante grupos de atuação e natureza diversa, 
ligados por relações interpessoais possibilitando uma certa oxigenação nos 
processos junto as demandas sociais ao lançarem-se por vias de controle sociais 
e democratização das deliberações. 
Gonçalves e Guará (2010) destacam que este tipo de rede evidencia 
principalmente a presença das redes sócio comunitárias, estabelecendo, mesmo 
em suas diferentes bandeiras e pontos de lutas em comum. 
Como temos ressaltado, é cada vez mais perceptível que a classificação 
cumpre um papel descritivo, mas que no cotidiano se serve de relação interna que 
ultrapassa esta mesma divisão. 
Os autores acima nos possibilitam uma compreensão rica da relevância 
deste tipo de rede, quando expõem as suas vantagens para um aprimoramento 
dos serviços prestados à população. 
A existência dos “fóruns de direitos”, simpósios e debates, nos diferentes 
níveis de ação, são estratégias importantes para a rearticulação ou a 
articulação de redes sociais movimentalistas instituintes, que tornam 
visíveis e problematizam as novas demandas da realidade local 
ampliando as conquistas legais com a participação da sociedade civil. 
(Gonçalves; Guará, 2010, p. 26) 
3.2 Redes setoriais públicas 
Também destacamos aqui as redes setoriais públicas, as quais se 
caracterizam pela presença do Estado nos territórios, sendo travejadas pelo 
princípio da legalidade se constituindo como direitos sociais garantidos perante 
um arcabouço de legislações. Este tipo de rede se modifica no Brasil a partir do 
pacto social estabelecido em 1988, o qual nos oferece uma via legal de maiores 
proteções sociais. 
Aqui temos a materialização das obrigações do Estado, que se manifestam 
em serviços de natureza pública, porém, nem sempre pela via estatal,sendo 
consolidada como as responsabilidades estatais perante o pacto estabelecido. 
Gonçalves e Guará (2010) nos alertam para a imobilidade, resistência e a 
verticalidade que este tipo de rede pode manifestar, entrando em contraste com 
as características não hierárquicas presentes até aqui. Tal estrutura pode servir a 
um risco quando da vontade política não se encontra motivações para romper com 
as burocracias estatais e circular um poder mais verticalizado acima das relações 
territoriais que devem servir. 
 
 
9 
Com isso, estas relações se manifestas de forma mais hierárquica e 
verticalizada corroem sua efetividade e não se propõem a considerar as dinâmicas 
que os diferentes territórios os impõem, podendo se efetivar em má gestão dos 
recursos oriundos do fundo público. As autoras acima ainda destacam que a 
prática de relações intersetoriais ainda é rara, o que embasa a concepção de 
território sobre as políticas públicas. 
Com isso, fica o apelo aos diferentes atores sociais, principalmente aqueles 
constituídos na esfera estatal que abandonem suas posturas verticalizadas e 
corroborem para um processo mais democrático de gestar o fundo público. 
3.3 Redes setoriais privadas 
Baptista (2013) ainda destaca as redes setoriais privadas. Para esta autora: 
São redes que, por serem de caráter privado, seguem as leis do 
mercado, oferecendo seus serviços mediante pagamento. Embora 
acessíveis a uma parcela restrita da população, estas redes costumam 
estender-se, via convênios, aos trabalhadores do mercado formal. 
(Baptista, 2013, p. 61) 
Destaca-se que estas redes se constituem mais ricamente em zonas onde 
não se projetam vulnerabilidades em grande intensidade, estabelecendo uma 
estrutura onde registram-se consumidores e fornecedores dentro da cadeia 
produtiva. Tais estruturas nos ensinam que independente da natureza e da função 
dos atores, o mecanismo de redes se apresenta vantajoso. 
Esta gama de serviços se manifesta nos diferentes territórios e compõem 
a trama de vivência dinâmica destes. São serviços na área de educação, saúde, 
cultura, esportes que de uma forma ou de outra se entrelaçam as ofertas de 
caráter público. 
Assim, compreendemos as composições básicas de redes que nos 
interessa neste objeto ressaltando que mais importante que sua classificação em 
si, se dá a relevância das suas conexões e os aportes que se oferecem ao 
território. É nesta perspectiva que avançamos agora. 
TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS DAS REDES E QUESTÕES FUNDAMENTAIS 
Ao compreender os diferentes tipos de rede, advertimos que mais relevante 
do que formular perfis distintos de estruturas que se conectam, faz necessário 
 
 
10 
compreender o processo associativa que parte da incompletude de organismos e 
instituições que exercem diferentes papeis junto ao cotidiano. 
Com isso, afirmamos que independente da classificação e de suas 
singulares características, estas redes estabelecem entre si uma 
interdependência que se manifesta nos territórios, compondo uma estrutura 
dinâmica que é requerida na contemporaneidade, uma vez que compreendemos 
que a proteção social no Brasil não está restrita aos aparatos estatais, mas sim a 
uma gama variada de atores. 
Gonçalves e Guará (2010) sinalizam que na contemporaneidade há uma 
reivindicação para as ações de corte mais democrático, o que por outro lado 
requer dos gestores sociais uma abertura para a interação com os diferentes. 
Afirma que esta forma de ação possibilita maior legitimação frente a seus atores. 
Pois bem, alicerçados nos autores acima destacamos aqui alguns 
elementos e características para a atuação em rede. 
Um dos pontos determinantes para a atuação em rede é a implantação de 
mecanismos que possibilitem uma intensa e contínua comunicação, a fim de que 
possa realizar a animação desta estrutura, afinal, como diz o dito popular, “água 
parada apodrece”. Tal mecanismo não pressupõem a quebra da horizontalidade 
desta relação, apenas instrumentalidade que integre, organize e transcreva as 
decisões coletivas. 
Como buscamos uma participação livre e consciente, o foco na atuação 
destas redes deve reger suas condutas, trazendo aqui a questão de uma ideia de 
força que impulsione os trabalhos. Ainda se destaca a necessidade de divisão de 
tarefas, sendo esta uma estratégia eficaz que garante participação e 
responsabilidades. 
Recomenda-se junto ao trabalho de redes possuir um animador, ou 
facilitador que possa agregar, motivar e impulsionar os trabalhos. Enquanto 
estratégia que consolida as diferentes responsabilidades, este animador pode ser 
assumido de forma temporária pelos diferentes responsáveis dos serviços na 
rede. 
É também de perceptível utilidade se valer de eventos que possam animar 
a rede. 
A realização de eventos de mobilização e de comemoração tem, nos 
processos de rede, uma incrível capacidade de agregação, manutenção 
da adesão e de promover maior visibilidade das ações da rede. Os 
eventos podem ocorrer no início, ao longo do processo e para celebrar 
 
 
11 
e divulgar diferentes resultados alcançados. (Gonçalves; Guará, 2010, 
p. 18) 
A compreensão sobre a relevância das diferentes redes de forma a se 
articularem na perspectiva do território tem se tornado mais relevante nos últimos 
anos. Este ponto merece atenção a fim de possibilitar redes estratégicas, como 
as redes sociocomunitárias. 
Os encontros também se revelam muito úteis à medida que devem se 
manifestar no sentido de composição e execução de uma agenda comum. Esta 
característica também assume uma grande relevância, à medida que a adesão a 
este processo requer identificação e relevância assumido pelos diferentes atores. 
Outro fator estratégico se referencia nos processos comunicativos no 
interior da rede. Este ponto não deve ser negligenciado, uma vez que é por meio 
deste que temos os impulsos que solidificam as ações desta estrutura. 
Recomenda-se abrir canais de comunicação que possam identificar ações de 
atores específicos como também processos conjuntos da iniciativa de rede. 
Ainda, nesta mesma vertente, uma atribuição de importância vital se 
concentra sob os registros de suas ações, devendo procurar alternância dos 
papeis dos relatores. Ademais, as redes se sustentam por relações humanas e 
institucionais, o que requer pensar que as ações não devem se centrara somente 
nas iniciativas pessoais, mas também contemplar-se nas dinâmicas institucionais. 
Compreendendo que as ações de redes não devem ser manifestas de 
forma episódica, requer-se objetivos estabelecido em comum, e destes se 
merecem aprofundamentos sob as circunstâncias e profundidades das situações 
que tendem a enfrentar. Neste sentido, a rede também é um local de 
aprofundamento de questões e estudos dirigidos, passando pela pesquisa e as 
formações de seus integrantes. 
Enquanto estrutura que se revela de intenção perene, é necessário que a 
rede assuma uma revisão contínua de sua composição, objetivos, fluxos e 
composição, a fim de absorver um caminho mais flexível em suas ações. No 
mesmo sentido, ao estabelecer uma gama variada de parcerias, busca-se ações 
de revitalização e/ou fortalecimento deste mecanismo. 
Abaixo, trazemos uma representação gráfica de rede intersetorial com 
perspectiva territorializada. 
 
 
 
12 
Figura 1 – Rede intersetorial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Aragão 2022/UT. 
TEMA 5 – RELEVÂNCIA DO TRABALHO EM REDE 
Tendo reconhecido os tipos de redes que se constituem assim no tecido 
social, compreendendo suas características formas de composição e conexões 
que lhes permite esta estrutura buscaremos agora analisar mais detalhadamente 
a relevância deste tipo de estrutura. 
Partimos de uma conceituação que oferece apoio para delimitar o que 
desejamos enquanto redes de proteção social. Refletimos anteriormente o apelo 
ao recorte territorial como forma de manifestação destas estruturas. 
Concebemos na dinâmicaterritorial as particularidades que cada espaço 
manifesta, sendo a rede e seus diferentes serviços se manifestando enquanto 
característica constituída naquele espaço. Não obstante, os serviços constituídos 
com o recorte territorial também se apresentam enquanto elemento constitutivo 
deste mesmo espaço, em uma relação dialética que se modificam mutuamente. 
Walter Ude (2002) também nos afirma que não é mais possível pensar e 
agir de forma fragmentada em um mundo de interconexões explícito hoje. Para 
isso adverte a necessidade de se estabelecer linhas de comunicação que prime 
pela escuta atenta dos diferentes pontos de vida que incidem sobre seus objetivos. 
O autor, destacando uma experiência vivenciada na cidade de Belo 
Horizonte – GIRARUA –, argumenta que o trabalho dos educadores sociais que 
CONSELHOS DE 
POLÍTICAS PÚBLICAS E 
DEFESA DE DIREITOS 
TERRITÓRIO 
POTENCIALIDADES E 
VULNERABILIDADES 
ATORES 
SOCIAIS 
PÚBLICOS - 
ESTATAIS E 
NÃO 
ESTATAIS 
SISTEMA DE 
GARANTIAS 
DE DIREITOS 
REPRESENTAÇÃO 
TERRITORIAL 
USUÁRIOS 
 
 
13 
intervinham com crianças e adolescentes em vivência de rua se revelava de suma 
importância que se alinhassem objetivos em comum. Argumenta ainda que esta 
objetividade contribuía para manter a coesão e delinear as estratégias de 
intervenção. 
Também nos apoiamos em Neves (2009) para enfatizar a relevância de tais 
estruturas, compreendendo aqui a divisão de tarefas e responsabilidades de 
forma coordenada que impulsionam ao êxito dos objetivos perseguidos. Em 
tempo, também menciona o processo democrático, enquanto valor que exala da 
própria dinâmica de atuação em rede. 
As redes sociais, em suas diferentes configurações indicam uma nova 
forma de organizar e vivenciar espaços de poder e segundo as 
afirmações de Amaral (2007) a expressão denominada “horizontalidade 
das relações resulta em princípios, os quais devem se revelar através da 
gestão e nas relações caracterizadas pela descentralização, 
insubordinação, conectividade, multi-liderança, autonomia, 
transparência, cooperação e interdependência”. (Neves, 2009, p. 156) 
Ao pensar nas vantagens que emergem da postura de redes de proteção 
social registramos aqui um resultado que parte da relação intrínseca dos 
diferentes atores compositores desta estrutura, sendo que por meio da 
intensificação das comunicações teremos procedimentos claros para o acesso 
aos diferentes serviços. 
Isso pressupõe ações no sentido de ampliar as proteções sociais no 
caminho da integralidade das proteções sociais, uma vez que se parte do 
pressupostos da incompletude dos serviços frentes as demandas sociais, o 
caminhar na direção do outro, compreendendo suas especificidades em prol de 
objetivos comuns se estabelece como grande vantagens, principalmente se esta 
relação se faz por meio do recorte territorial. 
Neves (2009) ainda destaca a relevância de as posturas de redes serem 
definidas sem a imposição, mas sim, através da relevância deste processo aos 
diferentes atores. Redes deve caminhar assim enquanto postura livre e 
consciente, em uma relação horizontalizada, e não verticalizada. 
Assim, emanam desta estrutura contribuições como um processo alinhado 
as necessidades territoriais, tendo neste sua delimitação e suas justificativas de 
ação. Emergem assim, como relações que devem ser livres e de consciência de 
sua relevância, a fim de consolidar estruturas estáveis e comprometidas com o 
processo de desenvolvimento do espaço local. 
 
 
14 
Destacam-se também a intensificação de aspectos democráticos, uma vez 
que vocalizam diferentes atores em relações horizontais, deliberando 
conjuntamente sobre a dinâmica territorial de que são compósitos. Registra-se 
também a intensificação dos fluxos de comunicação que se estabelecem neste 
processo, contribuindo para a eficiência dos serviços e otimização dos recursos 
territoriais. 
Teremos mais contribuições que se estabelecem neste processo de 
trabalho em rede, que ao caminhar dos nossos estudos vão se desmistificando. 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BAPTISTA, M. V. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. 2. 
ed. São Paulo: Veras Editora, 2000. 
CASTELLS, M. Hacia el estado red? Globalización economica e instituciones 
políticas en la era de la informação. In: SEMINÁRIO SOCIEDADE E REFORMA 
DO ESTADO. Brasília: 1998. 
GONÇALVES, A. S., GUARÁ, I. Redes de proteção social na comunidade. 1. 
ed. São Paulo: Associação Fazendo História, NECA, 2010. Disponível em: 
<https://www.neca.org.br/wp-content/uploads/Livro4.pdf>. Acesso em: 24 maio 
2022. 
NETTO, J. P. Marxismo Impenitente. Contribuição à história das ideias 
marxistas. São Paulo: Cortez. 2011. 
NEVES, M. N. Rede de Atendimento social: Uma ação possível? Revista da 
Católica, Uberlândia, v.1, n.1, p.147-165, 2009.

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