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GOVERNANÇA CORPORATIVA Giancarlo Giacomelli Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147 G721 Governança Corporativa [recurso eletrônico] / Giancarlo Giacomelli... [et al.] ; [revisão técnica: Gisele Lozada]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado também como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-169-3 1. Governança. 2. Administração pública. I. Giacomelli, Giancarlo. CDU 336.773 Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar o papel e as funções da assembleia geral. � Reconhecer a importância e as características do conselho de admi- nistração, bem como o papel da presidência do conselho. � Avaliar a atuação do conselho fiscal e dos comitês para o sucesso da governança. Introdução A estrutura de governança é composta por diferentes órgãos que têm como finalidade equilibrar os interesses entre as diferentes partes interes- sadas. Assim, a assembleia geral representa a vontade dos acionistas, que é comunicada ao CEO pelo conselho de administração, e os conselhos fiscais e comitês buscam assegurar a veracidade nas informações e a coerência das ações da direção com a vontade dos acionistas. Neste texto você vai saber mais sobre cada um desses agentes. Assembleia geral A assembleia geral é a instância máxima da governança e consiste na reunião dos acionistas para deliberações cruciais para a empresa. Salvo exceções previstas em lei, a assembleia geral pode instalar-se, em primeira convocação, com a presença de acionistas que representem, no mínimo, um quarto do capital votante, o chamado quórum de instalação. Caso o quórum não seja atingido, a assembleia será instalada em segunda convocação, com qualquer número de acionistas presentes. Assim, a assembleia é o órgão máximo de uma sociedade por ações e constitui sua instância deliberativa superior. Conforme a lei e o estatuto da organização, a assembleia tem poderes para decidir sobre todos os aspectos relativos ao objeto da companhia, bem como tomar todas as decisões que julgar pertinentes para a sustentabilidade e o sucesso do negócio. A assembleia geral tem algumas competências e objetivos exclusivos, entre eles: � reformar o estatuto social; � eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e os fiscais da companhia; � tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras; � autorizar a emissão de debêntures; � suspender o exercício dos direitos dos acionistas; � definir a avaliação de bens com os quais o acionista forma o capital social; � autorizar a emissão de partes beneficiárias; � deliberar sobre a transformação, fusão, incorporação, cisão, dissolução e liquidação da companhia; � autorizar os administradores a confessarem falência e pedirem concordata. Será competência do conselho de administração, se houver, ou da diretoria, convocar a assembleia geral. No entanto, em casos excepcionais, previstos expressamente em lei ou no estatuto social, o conselho fiscal e os acionistas também podem convocá-la. Conforme o Art. 124 da Lei das S/As (BRASIL, 1976), a convocação da assembleia geral deve ser feita por meio de anúncio publicado por, no mínimo, três vezes, contendo local, data, horário, ordem do dia e indicação das matérias nas reformas do estatuto. Para companhias fechadas, a primeira convocação deve ser efetuada com no mínimo oito dias de antecedência; já para companhias abertas, esse prazo sobe para 15 dias. De acordo com a competência e a matéria a ser votada, a assembleia geral pode ser de dois tipos: Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês310 � AGO – Assembleia Geral Ordinária: convocada anualmente, nos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deli- berando sobre contas dos administradores, aprovação de demonstrações financeiras, destinação dos lucros, distribuição de dividendos e eleição dos administradores e membros do conselho. � AGE – Assembleia Geral Extraordinária: pode ser convocada a qualquer tempo, respeitando-se as regras de convocação. Trata de to- dos os demais assuntos que não forem contemplados na AGO e que mereçam a atenção dos acionistas – dentre os quais se pode destacar os elencados na Figura 1, que mostra o fluxo de convocação de uma assembleia geral. A AGE pode, inclusive, ser realizada simultaneamente à AGO, em mesmo local, data e horário, e instrumentada na mesma ata. Figura 1. Fluxo de convocação de uma assembleia geral. Fonte: Rodrigues e Mendes (2004). 311Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês A Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976) – denominada Lei das SAs – é a prin- cipal prática regulamentadora da atuação dos conselhos de administração e demais órgãos que se consolidaram como fundamentais para a governança corporativa. Isso porque as sociedades de responsabilidade limitada (como a Eireli – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e a Ltda – Limitada) não têm a obrigatoriedade de constituição de um conselho de administração, ainda que, conforme a Lei 10.406/02 (BRASIL, 2002), esse órgão possa ser constituído nessas sociedades. Acesse os links abaixo para ler as seguintes leis: Lei 6.404/76: https://goo.gl/kpvvu Lei 10.406/02: https://goo.gl/tB90g Dependendo das características da organização, seu estatuto poderá con- ter determinações específicas sobre aspectos como quórum de instalação, momento da realização das assembleias, prazos de convocação, entre outros, que, embora possam estar sujeitos a uma mesma legislação, poderão ainda variar de acordo com a empresa e as disposições de seu estatuto. Assim, as práticas apresentadas pelas referidas leis tendem a representar requisitos legais notadamente inferiores às boas práticas de governança. Com isso, o Guia de boas práticas do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2010) pode apresentar sugestões distintas, de caráter comple- mentar àquelas previstas na legislação. Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês312 https://goo.gl/kpvvu https://goo.gl/tB90g Para conhecer mais sobre as orientações e recomendações do IBGC sobre as assembleias, acesse o Caderno 8 – Boas Práticas para Assembleias de Acionistas, disponível no link ou código a seguir: https://goo.gl/UP6bX9 O fato é que, na prática, a imensa maioria das empresas que adota as práticas de governança corporativa são sociedades anônimas – o que reforça ainda mais a abrangência da Lei das SAs. Enquanto isso, as empresas de responsabilidade limitada normalmente tratam de sócios, e não de acionistas, e, desse modo, não costumam ter conselho de administração. Características do conselho de administração e o papel da presidência do conselho Enquanto a reunião dos acionistas na assembleia geral é um evento pontual, realizado mediante convocação, a administração da companhia em seu nível estratégico competirá, conforme disposição do estatuto, ao conselho de ad- ministração e à diretoria, ou somente à diretoria. De acordo com o Art. 138 da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976), a existência de um conselho de administração é uma obrigatoriedade em apenas três tipos de sociedades: as sociedades de capital aberto, as de economia mista e as de capital autorizado. No entanto, no contexto da estrutura de governança, a existência do conselho é considerada de extrema importância para o sucesso das práticas propostas em todos os tipos de empresas. 313Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês https://goo.gl/UP6bX9 Uma sociedade de economia mista é uma empresa que resulta da união entre o Estado e entes privados. Normalmente, masnão obrigatoriamente, o capital da companhia é aberto, com ações negociadas em bolsa, e repartido entre acionistas individuais e/ ou pessoas jurídicas (ADMINISTRADORES.COM, 2014). Capital autorizado corresponde a um limite estabelecido no Estatuto da empresa que autoriza o Conselho de Administração a aumentar o capital social, independentemente de reforma estatutária. Ou seja, se trata da parcela de capital autorizado ainda não subscrito, que representa o montante que os acionistas se comprometeram em aplicar na empresa. (SISTEMA, 2014). O conselho de administração é compreendido como um órgão de delibera- ção colegiada, composto por no mínimo três membros eleitos pela assembleia geral e destituíveis pela assembleia a qualquer tempo. Algumas práticas de governança sinalizam a importância de que seja observado um número ímpar de membros na constituição do conselho, evitando os empates nas decisões, o que faria com que o presidente assumisse o voto de desempate. Essa observação já sinaliza o entendimento sobre o papel do presidente do conselho de administração – PCA. O presidente do conselho não é visto como uma figura com o poder máximo decisório. Em vez disso, ele é tido como um grande articulador, que tem como atribuição conciliar os interesses e pontos de vista e construir decisões com o menor nível de divergências possíveis. São competências do conselho de administração: � fixar a orientação geral dos negócios da companhia; � eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições; � fiscalizar a gestão dos diretores; � convocar a assembleia geral; � manifestar-se sobre o relatório da administração e sobre as contas da diretoria; � manifestar-se, previamente, sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim exigir; � deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou bônus de subscrição; Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês314 http://administradores.com/ � autorizar, também mediante previsão estatutária, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de terceiros; � escolher e destituir os auditores independentes, quando houver. Como é possível notar, o estatuto exerce um regramento fundamental na atuação do conselho. É por meio dele que são definidas todas as “regras do jogo” na relação das sociedades limitadas. O estatuto deve estabelecer aspectos como o número de conselheiros – ou o máximo e o mínimo permitidos –, o processo de escolha e de substituição do presidente do conselho, o modo de substituição dos conselheiros, o prazo de gestão do conselho – que não deve ser superior a três anos – com reeleição permitida, além das normas sobre convocação, instalação e funcionamento do conselho. Nadler, Behan e Nadler apud Guerra (2017) propuseram a existência de cinco perfis de atuação dos conselhos de administração, divididos dependendo do grau de envolvimento do CA. Esses arquétipos são apresentados e descritos na Tabela 1. Fonte: Guerra (2017). Perfil do CA Grau de envolvimento na organização Passivo � Oferece atividade e participação limitada; � Funções a critério do CEO; � Ratifica as decisões da gestão; Certificador � Certifica aos acionistas que o CEO está fazendo o que o CA espera; � Estabelece um processo de sucessão ordenado; Engajado � Associa-se ao CEO para prover conselho e apoio nas principais decisões; � Responsabilidade de supervisionar o desempenho do CEO e da empresa; � Desempenha papel duplo: guiar/apoiar e julgar; Interventor � Típico em situação de crise; � Intensamente envolvido em discussões e decisões; Operador � Toma principais decisões enquanto a gestão implementa; � Não é incomum em início de operações (startups), quando o CA preenche as lacunas de experiência da gestão. Tabela 1. Arquétipos dos CA, de Nadler, Behan e Nadler. 315Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês O conselho de administração se configura no principal representante da vontade dos acionistas e tem na figura do presidente do conselho um mediador e articulador, que estreita a comunicação das expectativas do conselho com o CEO da organização. O presidente do conselho e o CEO (Chief Executive Officer, ou diretor executivo) são (ou deveriam ser) pessoas diferentes. Esta, inclusive, consiste em uma importante recomendação das boas práticas de governança. Sandra Guerra, autora do livro A Caixa Preta da Governança (2017) e integrante de alguns conselhos de administração, realizou um importante estudo sobre os conselhos e os papéis desempenhados pelo presidente do conselho, sobre o qual ela disserta: Quando se trata da atuação do presidente do conselho de administração (PCA), só há um ponto praticamente unânime: a maioria concorda que o papel do PCA não é plenamente compreendido – não só por quem ocupa essa cadeira, mas também por todos aqueles que interagem com ele. É bem provável que uma das causas dessa incompreensão seja o fato de que suas atribuições têm sido tradicionalmente subestimadas e até mesmo negligenciadas dentro e fora do universo corporativo. Basta verificar, por exemplo, como é escassa a literatura com foco nos melhores atributos dos PCAs, enquanto os especialistas esqua- drinham e reconstroem idealmente o perfil de competências dos CEOs. Já nas salas de conselho, essa incompreensão torna-se flagrante: por seu papel não ser bem compreendido, com frequência, o PCA é mal interpretado no exercício das suas atribuições, o que aumenta o grau de tensão em suas interações com os executivos e até mesmo com os demais conselheiros. (GUERRA, 2017, p.). Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês316 Para minimizar essa incompreensão, a autora buscou diversas fontes. Uma delas é particularmente relevante: uma entrevista de 2013 dada por Sir Adrian Cadbury, autor do relatório Cadbury, que em 1992 definiu os principais padrões de governança corporativa e acabou sendo adotado no mundo inteiro, inspirando inclusive algumas legislações. Sir Adrian falou com a autora em dezembro de 2013. Segundo ele: É tarefa do PCA fazer com que o conselho seja eficaz e isso exige uma com- preensão individual dos conselheiros e, acima de tudo, para viabilizar que eles trabalhem juntos como um grupo. Como presidente do conselho, você tem que ser perceptivo em relação à experiência e às habilidades de todos os conselheiros. Tem que compreender o que cada um pode oferecer, quais são suas motivações, de onde vêm. Então, tem que propiciar um fórum, realizar reuniões nas quais cada um possa expressar suas visões e dar suas contribui- ções. A capacidade de viabilizar que as pessoas deem o seu melhor requer a habilidade pessoal de ouvir, de compreender os outros. O PCA tem ainda que estar pronto a não trazer para si o papel de líder, mas assegurar que o conselho como um todo assuma o crédito e isso, em última instância, depende das pessoas que estão no conselho. Acima de tudo, o PCA deve ter a habilidade para avaliar a contribuição de cada conselheiro e de suas contribuições como um colegiado. (GUERRA, 2017, p.) Esse entendimento ajuda a perceber o papel do PCA como um mediador, o que evidencia profundamente a ideia de “conselho”; ou seja, não se trata de uma equipe com um líder, mas sim de um grupo de pessoas capazes que precisam chegar em consensos. Sandra conclui que “o PCA deve assumir a liderança do conselho como uma reencarnação do conceito romano de primus inter pares – o primeiro entre iguais” (GUERRA, 2017). Segundo a autora, o voto do presidente não pode ter peso maior do que o dos demais membros do conselho, nem mesmo ser decisivo quando ocorre empate nas deliberações. Ou seja, o PCA não tem maior poder do que os demais conselheiros, e deve assumir o caráter de protagonista. Ainda conforme Guerra (2017), o PCA se distingue por sua competência em extrair o melhor de cada um dos conselhei-ros, em conciliar os interesses dos envolvidos e em coordenar o trabalho do conselho de administração, assegurando que o órgão máximo de governança seja efetivamente deliberativo. 317Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês Para conhecer mais sobre o conselho de administração, as recomendações para sua formação e a quantidade e a escolha dos membros, leia o Caderno 5 do IBGC, chamado “Modelo de regimento interno de conselho de administração” (INSTITUTO..., 2008), disponível no link a seguir: https://goo.gl/rZA7P6 Outra interessante contribuição para o tema é oferecida no artigo “Conselho de administração: saiba como sua empresa pode se beneficiar com um bom conselho administrativo” (PAULA, 2016), que pode ser acessado pelo link a seguir: https://goo.gl/nkbTJy Conselho fiscal e comitês Completando as estruturas organizacionais de governança, existem ainda os conselhos fiscais e os comitês, que podem ser de auditoria ou outras fi- nalidades. Esses mecanismos servem para cobrir as lacunas de execução e validação da governança, formando os órgãos de fiscalização e controle que muito colaboram para o sucesso do sistema de governança. Segundo o IBGC, o conselho fiscal é o instrumento de fiscalização eleito pelos sócios, enquanto que o comitê de auditoria é o órgão de controle cujas funções são delegadas pelo conselho de administração. Ou seja, o conselho fiscal não se subordina ao conselho de administração. Além disso, a instalação do conselho fiscal não exclui a possibilidade da constituição do comitê de auditoria, ou seja, um não substitui o outro. Desse modo, a principal função do conselho fiscal é proteger os acionistas, principalmente os minoritários, por meio da fiscalização da gestão da empresa e das contas dos administradores. Conforme a Lei das SAs, o conselho fiscal é uma exigência legal para todas as sociedades por ações, ainda que seu funcionamento seja facultativo. O estatuto irá dispor se o conselho fiscal terá atuação permanente ou se apenas será acionado a pedido dos acionistas nos exercícios sociais. O conselho será composto de três a cinco membros, acionistas ou não, eleitos pela assembleia geral. Os acionistas controladores têm o direito de escolher a maioria dos Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês318 https://goo.gl/rZA7P6 https://goo.gl/nkbTJy conselheiros fiscais; os titulares de ações sem direito a voto (preferenciais), ou com voto restrito, terão o direito de escolher um conselheiro fiscal, as- sim como os acionistas que representem pelo menos 10% do capital votante (INSTITUTO..., 2007). Como já mencionado, as práticas de governança costumam ter indicações superiores às previsões legais. Assim, as orientações baseadas nas diretrizes da Lei das SAs costumam ser o ponto de partida para práticas de governança, enquanto as recomendações do IBGC têm o intuito de aperfeiçoar ainda mais essas práticas nas organizações e, eventualmente, podem ser distintas das previsões legais. Um exemplo disso é a recomendação relativa à composição do conselho fiscal: embora a lei defina a forma de eleição dos conselheiros fiscais, as boas práticas de GC recomendam que, com o objetivo de propiciar ao órgão a devida independência da administração, os sócios controladores abram mão da prerrogativa de eleger a maioria dos membros. Você pode ler mais sobre este e outros importantes pontos relacionados ao conselho fiscal no Caderno 1 do IBGC, intitulado “Guia de orientação para o conselho fiscal” (INSTITUTO..., 2007), disponível em: https://goo.gl/BQhky2 O funcionamento permanente do conselho fiscal ocorre apenas nas socie- dades de economia mista, ou em outros casos conforme previsão em estatuto. Quando o funcionamento não é permanente, o conselho é instalado pela assembleia geral a pedido dos acionistas que representem, no mínimo, 10% do capital votante ou 5% do capital não votante. Nesses casos, seu funcionamento encerrará na primeira assembleia geral ordinária realizada após sua instalação. São atribuições do conselho fiscal: � fiscalizar os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários; � opinar sobre o relatório anual da administração; � opinar sobre as propostas dos órgãos de administração a serem sub- metidas à assembleia geral, relativas à modificação do capital social, à emissão de debêntures ou de bônus de subscrição, aos planos de investimento ou aos orçamentos de capital; 319Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês https://goo.gl/BQhky2 � opinar sobre a distribuição de dividendos, transformação, fusão, cisão ou incorporação; � denunciar aos órgãos de administração e à assembleia geral os erros, as fraudes ou os crimes descobertos, e sugerir as providências úteis para a companhia; � convocar as assembleias gerais ordinárias, quando os órgãos de admi- nistração retardarem essa convocação por mais de um mês; � convocar as assembleias extraordinárias sempre que acontecerem mo- tivos graves ou urgentes; � analisar ao menos trimestralmente o balancete e as demais demons- trações financeiras. Os conselheiros fiscais possuem poder de atuação individual, apesar do caráter colegiado do órgão. Assim, os membros do conselho fiscal têm os mesmos deveres dos administradores e respondem pelos danos resultantes da omissão no cumprimento dos seus deveres. Segundo o IBGC, o conselho de administração (CA) deve reunir-se perio- dicamente com o conselho fiscal (CF), devendo o presidente do CA fornecer os esclarecimentos e informações solicitados pelo CF. Desse modo, de maneira geral, o conselho fiscal resume-se a fiscalizar os atos administrativos, sendo um validador das informações elaboradas pela empresa. Portanto, o CF não atua na avaliação do mérito ou da qualidade das decisões do conselho admi- nistrativo, apenas na verificação da veracidade e no atendimento aos requisitos legais e estatutários das ações realizadas. Já os comitês têm uma atuação complementar às atividades de governança e costumam ser constituídos para suprir alguma necessidade não atendida pelos mecanismos existentes na organização. O Código das Melhores Prá- ticas de Governança prevê a existência de comitês como uma destas boas práticas, sugerindo a utilização de conselheiros independentes para tratar pautas específicas. Os comitês têm um caráter especializado e transitório, sendo instituídos para alguma finalidade específica. Os comitês mais comuns são: comitê de auditoria, comitê de nomeação, comitê de governança corporativa e comitê de remuneração. O comitê de auditoria tem competência para analisar as demonstrações financeiras, monitorar os controles internos e avaliar o trabalho dos auditores independentes. Diversos assuntos, como mudanças nos princípios e critérios contábeis, utilização das reservas, métodos de avaliação de risco e deficiências relevantes no controle interno, serão alvo da atuação do comitê de auditoria. Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês320 Já o comitê de nomeação tem o papel central de desenvolver o processo de seleção e apresentar os possíveis candidatos para ocupar as vagas do conselho de administração. O comitê de nomeação deve ser composto, integralmente, por conselheiros independentes, e deve possuir um regimento interno que delimite os deveres mínimos do comitê. O comitê de governança, por sua vez, tem a atribuição de avaliar as práticas de governança corporativa da organização, assegurando um processo de monitoramento e melhoria contínua. Segundo indicação do IBGC, a companhia também deve possuir um comitê de remuneração, responsável pela definição e administração de um programa de remuneração executiva consistente. 1. Uma das principais características das empresas que adotam práticas de governança corporativa é a existência de uma assembleia geral atuante. Sobre a assembleia geral, é corretoafirmar que: a) é o órgão máximo de uma sociedade por ações. b) está subordinada apenas ao conselho de administração. c) está subordinada apenas ao presidente do conselho de administração. d) pela lei, deve reunir-se pelo menos quatro vezes ao ano, antes da divulgação dos resultados trimestrais. e) após convocada, será realizada independentemente do número de presentes. 2. A governança se organiza com base em uma estrutura formada por diversos elementos ou agentes que possuem atribuições claramente definidas. Um desses agentes possui, entre suas responsabilidades: eleger e destituir os diretores da companhia; convocar a assembleia geral; escolher e destituir auditores; definir metas para o CEO; deliberar sobre bônus de subscrição. Qual é esse agente? a) Assembleia geral ordinária. b) Assembleia geral extraordinária. c) Presidência do conselho. d) Conselho fiscal. e) Conselho de administração. 3. O presidente do conselho de administração é uma figura extremamente relevante para o sucesso da governança. Sobre o seu papel, podemos afirmar que: a) é a autoridade máxima do conselho, e deve exercer seu poder hierárquico tomando a frente das decisões. b) as boas práticas de governança sugerem que o CEO e o presidente do conselho sejam a mesma pessoa, a fim de 321Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês agilizar o processo decisório. c) como via de regra, seu voto costuma ter um peso maior que o dos demais conselheiros. d) seu voto tem o mesmo peso dos demais, e espera-se dele uma atuação conciliadora. e) é o responsável pela escolha de todos os demais conselheiros. 4. Um conselho de administração que é muito presente em situações de crise e se envolve intensamente nas discussões com o CEO e a diretoria é caracterizado como: a) engajado. b) certificador. c) interventor. d) operador. e) passivo. 5. Uma das práticas mais recentes de governança é a instituição dos comitês como ferramenta de apoio à gestão. Os comitês se caracterizam por: a) ter um papel permanente, devendo ser constituídos por funcionários da empresa. b) atuarem de maneira dependente e subordinada ao CEO e a diretoria. c) serem uma grande alternativa para a promoção dos colaboradores da própria empresa, permitindo que estes tenham uma visão sistêmica do negócio. d) ter um perfil temporário e independente, sendo formado por especialistas nas temáticas, com atuação independente quanto à empresa, principalmente quanto à direção. e) responderem diretamente para o CEO, sem se relacionarem com o conselho de administração. BRASIL. Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF, 1979. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L6404consol.htm>. Acesso em: 27 out. 2017. BRASIL. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 27 out. 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Guia de orientação para o conselho fiscal. São Paulo: IBGC, 2007. Disponível em: <https://goo.gl/BQhky2>. Acesso em: 31 out. 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Caderno de Boas Práticas para Assembleias de Acionistas. São Paulo: IBGC, 2010. Disponível em: <http://www. ibgc.org.br/userfiles/8.pdf>. Acesso em: 27 out. 2017. Assembleia, conselho de administração, presidência, conselho fiscal, comitês322 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm https://goo.gl/BQhky2 http://ibgc.org.br/userfiles/8.pdf RODRIGUES, J. A.; MENDES, G. M. Governança Corporativa: estratégia para geração de valor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. SILVA, A. L. C. Governança Corporativa e Sucesso Empresarial: melhores práticas para aumentar o valor da Firma. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. Leituras recomendadas ADMINISTRADORES.COM. O que é uma sociedade de economia mista? MeuSucesso, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <https://meusucesso.com/artigos/direito/o-que-e- -uma-sociedade-de-economia-mista-290/>. Acesso em: 27 out. 2017. GUERRA, S. A Caixa preta da governança. Rio de Janeiro: Best Business, 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Modelo de regimento interno de conselho de administração. 2008. Disponível em: < https://goo.gl/rZA7P>. Acesso em: 31 out. 2017. LARRATE, M. Governança Corporativa e Remuneração de Gestores. São Paulo: Atlas, 2013. PAULA, G. B. Governança Corporativa: tudo que você precisa saber sobre o “fair play” do mundo dos negócios! Treasy, Joinville, 2016. Disponível em: <https://www.treasy. com.br/blog/governanca-corporativa>. Acesso em: 27 out. 2017. SISTEMA de Capital Autorizado (Area: Sociedades Anônimas). Tax Contabilidade, Indaiatuba, 2014. 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