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APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período HISTOLOGIA DA PELE A pele, maior órgão do corpo, é formada por um epitélio estratificado de origem ectodérmica em contato com uma derme de tecido conjuntivo de origem mesenquimal. funções: - Proteção - Termorregulação - Resposta imune - Impermeabilidade - Sensação - Excreção - Endocrinometabólica: produção de vitamina D, testosterona, estronas, diidrotestosterona. A pele possui três camadas: epiderme, derme e hipoderme. Epiderme: é a camada mais superficial da pele, constituída de epitélio pavimentoso estratificado queratinizado (queratinócitos) e possui 5 camadas: camada basal, camada espinhosa, camada granulosa, camada lúcida e camada córnea. • Camada Córnea: - camada de células achatadas anucleadas, rica em queratina citoplasmática. • Camada Lúcida: - última camada da epiderme em que é possível encontrar células vivas. - constituída de queratinócitos pavimentosos com núcleo citoqueratinizado e está presente nas regiões em que a pele é mais espessa (plantas e palmas) e nos lábios. • Camada Granulosa: - Possui cerca de 5 fileiras de células achatadas, com c i top lasma r ico em grânu los de queratohialina. - possui grânulos lamelares, que auxiliam na impermeabilização da epiderme através da formação de uma barreira. • Camada Espinhosa: - Malpighi - camadas de células bem coesas, unidas através dos desmossomos, que a conferem uma aparência de espinhos. - possui tonofilamentos, feixes de filamentos de queratina. • Camada Basal ou germinativa: - mais interna, próxima ao tecido conjuntivo (derme), e é composta por uma única camada de células cúbicas (ou prismáticas), basófilas e de núcleo grande. - possui uma menor quantidade de citoplasma e é rica em células-tronco. - possui uma alta atividade mitótica que garante a renovação celular da pele. Derme: camada de tecido conjuntivo, abaixo da epiderme, no qual estão imersos os anexos cutâneos, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. É constituída de duas camadas: papilar e reticular. • Camada Papilar: - Constituída de tecido conjuntivo frouxo, é a camada dérmica mais superficial, em contato com a membrana basal, formada por fibras colágenas mais finas e dispostas mais verticalmente. • Camada reticular: - É a camada mais profunda, constituída por tecido conjuntivo denso, com feixes mais grossos de colágeno, ondulados e dispostos horizontalmente. Hipoderme: É a camada mais profunda da pele formada por lóbulos de adipócitos, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. DOENÇAS BACTERIANAS DA PELE IMPETIGO Infecção bacteriana superficial da pele (ao nível da epiderme). Considera-se uma doença contagiosa devido à possibilidade de transmissão horizontal. O calor e a umidade favorecem a infecção, que apresenta fácil disseminação. Fisiopatologa Causada principalmente por Staphylococcus aureus e, ocasionalmente, por Streptococcus B-hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes). O agente APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período penetra através de um trauma cutâneo, provocando lesões crostosas (mais comuns e associadas a S. pyogenes) ou bolhosas (através das toxinas esfoliativas produzidas por S. aureus). Pode ocorrer infecção mista pelos dois patógenos. Classificação quanto à origem: • Primária: Decorrente da invasão bacteriana direta em pele previamente normal; • Secundária: Infecção em sítio de pequenos traumas em pele, como abrasões, picadas de insetos, ou associada a condições predisponentes como eczema. Apresentação Clínica • Impetigo não bolhoso (crostoso): Pequena(s) placa(s) eritematosa(s) (pápulas), que evolui(em) para vesículas circundadas por eritema, seguida por formação de pústulas, com posterior aparecimento de c rosta amare lo-acastanhada (c ros tas melicéricas). - Altamente contagioso, é a forma mais comum de impetigo. - Acomete geralmente face e extremidades, em pele previamente traumatizada, e é associada a Streptococcus pyogenes, mas támbem pode-se associar ao S. aureaus. - O quadro costuma se apresentar em 7 dias; tende a ser bem localizado, mas pode apresentar lesões múltiplas. - Geralmente acomete a faixa etária acima dos 2 anos. • Impetigo bolhoso: Vesículas superficia is translúcidas, que aumentam de tamanho com formação de bolhas flácidas com líquido amarelo- claro, que se torna mais escuro e turvo com a evolução. Posteriormente, há ruptura das bolhas, levando à formação de uma fina crosta marrom e colarete descamativo. - Está associada a infecção por S. aureus (produção de toxina esfoliativa A). - Normalmente ocorre um menor número de lesões em comparação ao impetigo crostoso, e acomete predominantemente o tronco. - Acomete mais a faixa etária entre 2-5 anos. - A ocorrência em adultos deve levar à suspeição de infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). • Ectima: Forma ulcerativa de impetigo com lesões com extensão para a epiderme e derme. Consiste em úlceras cobertas com crostas amareladas com margens violáceas elevadas. Diagnóstico O diagnóstico é baseado na história e apresentação clínica. Em caso de dúvida diagnóstica, a biópsia da lesão pode ser realizada: - Impetigo bolhoso: Observa-se clivagem da epiderme ao nível da camada granulosa. Há poucas células inflamatórias e não encontramos bactérias no conteúdo das bolhas; Exames de rotina não são necessários. - Caso seja necessário, poderá ser solicitada a bacterioscopia pelo Gram e cultura de secreções das lesões para tentar isolar o agente etiológico responsável pela infecção. Tratamento Limpeza da região com sabonete antissépticos. A terapêutica farmacológica pode ser tópica e/ou sistêmica. - Os benefícios da terapia tópica incluem menor risco de contribuição para resistência bacteriana e menos efeitos adversos em comparação com a terapia oral. - Já a terapia sistêmica ocorre na dificuldade de adesão ao tratamento tópico e/ou múltiplas lesões. E c t i m a d e v e s e m p r e s e r t r a t a d a c o m antibioticoterapia sistêmica. Sugere-se a precaução de contato até 24 horas desde o início da antibioticoterapia. Mupirocina (primeira linha) e Ácido fusídico são opções terapêuticas tópicas para o impetigo. Há, porém, evidências do aumento da resistência de S. aureus ao Ácido fusídico em algumas localidades, tornando-se uma opção terapêutica menos favorável. De forma geral, a antibioticoterapia sistêmica é direcionada para tratamento de S. aureus e estreptococos, sendo uma alternativa inicial razoável o uso de Cefalexina. Obs: Neomicina, Polimixina B, Fluoroquinolonas não são recomendadas para o tratamento de impetigo. ERISIPELA Infecção bacteriana de pele que acomete a derme superior e/ou subcutânea, incluindo linfáticos cutâneos superficiais. É um tipo de celulite superficial com acometimento dos linfáticos dérmicos. Fisiopatologia Invasão do agente por uma porta de entrada (ex: trauma cutâneo prévio) gerando infecção ao nível da derme e/ou tecido subcutâneo, mais comumente causada pelos estreptococos beta-hemolíticos do g r u p o A ( S t r e p t o c o c c u s p y o g e n e s ) o u APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período Staphylococcus aureus. Outros estreptococos beta- hemolíticos (grupos B, C, G e F) podem também estar associados a essa patologia. A erisipela consiste em um dos tipos de manifestações clínicas do grupo das celulites. Apresentação clínica Caracterizada clinicamente por lesões em placas, elevadas, enduradas e sensíveis com margens bem delimitadas. Há também uma forma bolhosa. Pródromo: Febre alta, calafrios, adinamia, queda do estado geral, mialgia e artralgia, náusease cefaleia, geralmente antecedendo o quadro cutâneo. Quadro cutâneo: A pele pode inicialmente exibir eritema e bolhas superficiais com evolução para dor, vermelhidão, inchaço e calor, de surgimento agudo, com queimação e prurido local. Locais mais comuns de acometimento: Membros inferiores e face, geralmente com localização unilateral. Complicações possíveis: Bacteremia, endocardite, artrite séptica, osteomielite, infecção metastática, sepse e síndrome do choque tóxico. Fatores de risco: Diabetes; infecção por HIV; obesidade; quebra da barreira cutânea (picadas de inseto, traumas, intertrigo, escoriações, uso de drogas injetáveis); história de faringite recente; inflamação ou infecção de pele preexistente; edema crônico (insuficiência cardíaca, insuficiência venosa ou obstrução linfática). Marcadores de gravidade: - > 60 anos de idade; - Acometimento facial; - Imunossupressão; - Sinais de sepse; - Resistência ao tratamento ambulatorial. Diagnóstico Geralmente dispensa exames complementares, porém, nos quadros mais graves, para monitorização terapêutica, pode-se solicitar exames laboratoriais. Quando indicada investigação complementar, solicitar: Hemograma completo, função renal e eletrólitos, glicemia, proteína C-reativa, velocidade de hemossedimentação. - Hemograma: Pode apresentar leucocitose com desvio à esquerda, principalmente na presença de sinais sistêmicos. - Proteína C-reativa (PCR) e velocidade de hemossedimentação (VHS): Marcadores de inflamação sistêmica costumam estar elevados. Hemocultura: Deve ser solicitada em vigência de sepse grave e/ou quando indicada internação hospitalar, preferencialmente antes do início da antibioticoterapia. No entanto, menos de 10% dos casos apresentam hemocultura positiva. Exame de imagem: Não indicados de rotina. A ultrassonografia pode ser complementar para avaliar a p resença de abscesso , e a tomografia computadorizada com contraste e/ou ressonância magnética são úteis para a definição de osteomielite. Obs: - Internação hospitalar: Recomendada apenas nos quadros moderados a graves ou refratários: acometimento facial, crianças ou idosos, pacientes debil itados, imunocomprometidos ou com transtornos psicossociais que limitem o tratamento ambulatorial. - Seguimento ambulatorial: Pacientes com erisipela, em geral, podem seguir tratamento ambulatorial com retorno garantido após término da antibioticoterapia. Tratamento Antibioticoterapia: Duração do tratamento deve ser individualizada (média de 5-14 dias): - Erisipela leve: Antibioticoterapia oral com cobertura para estreptococos beta-hemolíticos; - Erisipela moderada a grave: Antibioticoterapia parenteral com cobertura para estreptococos beta- hemolíticos. Tratamento adjuvante: - Elevação do membro acometido, facilitando a drenagem por gravidade do edema e das substâncias inflamatórias; - Tratamento de condições subjacentes (tinea pedis, linfedema, insuficiência venosa crônica); - Meias compressivas e diureticoterapia para pacientes com edema prévio hidrostático. Obs: No tratamento da erisipela, espera-se uma piora inicial do aspecto da lesão devido à destruição de patógenos, o que aumenta a inflamação local. APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período CELULITE Infecção bacteriana que se espalha na pele e nos tecidos que se encontram imediatamente abaixo dela. Inflamação não necrosante da pele e do tecido celular subcutâneo, usualmente causada por infecção aguda a partir de uma porta de entrada com quebra da barreira cutânea. Fisiopatologia Decorre da invasão do agente por uma porta de entrada (ex: trauma cutâneo prévio) gerando infecção ao nível do tecido subcutâneo, mais comumente causada pelos estreptococos beta-hemolíticos do g r u p o A ( S t r e p t o c o c c u s p y o g e n e s ) o u Staphylococcus aureus. Obs: Outros estreptococos beta-hemolíticos (grupos B, C, G e F) podem também estar associados a essa patologia. Apresentação clínica Geralmente afeta apenas um lado do corpo, como uma mão ou uma perna. Os primeiros sintomas de celulite são vermelhidão, dor e sensibilidade em uma área da pele. Esses sintomas são causados tanto pelas bactérias quanto pelas tentativas do organismo de lutar contra a infecção. A pele infectada fica quente e inchada e pode apresentar um aspecto ligeiramente pontilhado, como a casca de uma laranja. Por vezes, surgem bolsas cheias de líquido, que podem ser pequenas (vesículas) ou grandes (bolhas). Os limites da área afetada não são muito claros, exceto na forma da celulite chamada erisipela. Principais queixas: Dor, eritema sem limites bem definidos, edema e calor no local da lesão, de surgimento agudo ou subagudo (insidioso). Na maioria dos casos não acompanhados por sinais sistêmicos, sendo a presença desses um marcador de gravidade. Sinais sistêmicos: Febre, calafrios, adinamia e queda do estado geral. Locais mais comuns de acometimento: Membros inferiores; face e região periorbital; parede abdominal e região anal. Fatores de risco: Diabetes; quebra da barreira cutânea (picadas de inseto, traumas, escoriações, uso de drogas injetáveis); inflamação ou infecção de pele preexistente; edema crônico (insuficiência cardíaca, insuficiência venosa ou obstrução linfática). Linfangite: Pode acometer linfáticos, causando um quadro de linfangite local e acometimento de linfonodos regionais, inclusive folículos capilares, criando a típica aparência em casca de laranja (peau d’orange). Obs: Na ocorrência de gangrena e crepitação local, a etiologia da celulite inclui também a presença de germe anaeróbio. Marcadores de gravidade: - > 60 anos de idade; - Acometimento facial; - Imunossupressão; - Sinais de sepse; - Resistência ao tratamento ambulatorial. CELULITE x ERISIPELA • A erisipela, por acometer apenas a derme superior e os linfáticos superficiais, apresenta-se com lesões mais bem delimitadas do que a celulite, que acomete a derme profunda e o tecido celular subcutâneo, apresentando característica mais infiltrativa e mal delimitada. • A erisipela apresenta início agudo e exuberante, com sinais sistêmicos de febre e calafrios, enquanto a celulite apresenta um curso mais arrastado, com sintomas sistêmicos mais tardios. • Apenas a erisipela é capaz de acometer a orelha (sinal de Milian), visto que não apresenta derme profunda e subcutânea. Diagnóstico Geralmente, dispensa exames complementares, sendo o diagnóstico estritamente clínico, desde que o quadro respeite os seguintes critérios: - Área limitada de acometimento; - Dor localizada leve; - Sem sinais sistêmicos (dor, febre, calafrios, desidratação, taquicardia, taquipneia, hipotensão ou alteração do nível de consciência); - Sem fatores de risco para mau prognóstico (extremos etários, imunocomprometimento, comorbidades graves). Quando indicada investigação complementar, solicitar: Hemograma completo, função renal e eletrólitos, glicemia, proteína C-reativa, velocidade de hemossedimentação, creatina quinase (CK); hemocultura. Cultura de material aspirado ou drenado/biópsia Radiografia do membro: avaliar presença de osteomielite concomitante. Ultrassonografia: suspeita de abscesso subcutâneo, Tomografia computadorizada/ressonância magnética do membro: na suspeita de fasciíte necrosante. Hemograma: Pode apresentar leucocitose com desvio à esquerda, principalmente, na presença de sinais sistêmicos. Proteína C-reativa (PCR) e velocidade de hemossedimentação (VHS): Marcadores de https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-da-pele/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-da-pele/erisipela APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período inflamação sistêmica. VHS muito elevado aumenta a suspeita de acometimento ósseo ou articular (osteomielite e/ou artrite séptica). Hemocultura: Deve ser solicitada em vigência desepse grave e/ou quando indicada internação hospitalar, preferencialmente, antes do início da antibioticoterapia. Tratamento Antibioticoterapia: média de 7-14 dias: - Celulite leve: Antibioticoterapia oral; - Celulite moderada-grave (progressão rápida; sinais de toxicidade sistêmica; gangrena): Antibioticoterapia parenteral; - Celulite não purulenta (sem associação a exsudato ou abscesso): Iniciar a terapia empírica para estreptococos beta-hemolíticos e S. aureus MSSA; - Celulite purulenta (associada à drenagem de secreção purulenta ou exsudato, ou à presença de abscesso): Iniciar a terapia empírica para S. aureus MSSA. Tratamento adjuvante: - Elevação do membro acometido, facilitando a drenagem por gravidade do edema e das substâncias inflamatórias; - Tr a t a m e n t o d e c o n d i ç õ e s s u b j a c e n t e s predisponentes. - Meias compressivas e diureticoterapia para pacientes com edema prévio hidrostático. REFERÊNCIAS: •
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