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Direito Constitucional Pós Graduação Intervale

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DIREITO CONSTITUCIONAL 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Silvano Alves Alcantara 
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CONVERSA INICIAL 
Na aula de hoje, falaremos de assuntos diversos também tratados pela 
Constituição da República de 1988. 
Abordaremos a defesa do Estado e das instituições democráticas para 
sabermos como o Estado pode agir para manter a segurança e a ordem pública. 
Estudaremos outra questão muito importante e que faz parte de nosso 
cotidiano que é a tributação. Ainda veremos as disposições constitucionais sobre 
a ordem econômica, financeira e social. E ao final falaremos sobre as funções 
essenciais para a promoção da justiça. 
TEMA 1 – DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS 
Determina a Constituição Federal de 1988 que quando for necessário 
preservar ou restabelecer a ordem pública ou a paz social em virtude de estarem 
ameaçadas por grave ou iminente instabilidade institucional ou atingidas por 
calamidades de grandes proporções na natureza, o Presidente da República 
poderá decretar estado de defesa. 
Silva (2017, p. 50) diferencia a defesa do Estado do estado de defesa: 
Defesa do Estado e estado de defesa: o primeiro significa uma 
ordenação que tem por fim específico e essencial a regulamentação 
global das relações sociais entre os membros de uma dada população 
sobre um dado território; o segundo, segundo o art. 136, consiste na 
instauração de uma legalidade extraordinária, por certo tempo, em 
locais restritos e determinados, mediante decreto do Presidente, para 
preservar a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e 
iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de 
grandes proporções na natureza. 
Ressaltamos que o Presidente da República deverá, antes de decretar o 
estado de defesa, ouvir os Conselhos da República e de Defesa Nacional. 
Ainda existe a possibilidade, a depender da situação, da decretação do 
estado de sítio nos casos indicados pelos incisos do art.137 da Constituição de 
1988 (Brasil, 1988): “[...] I - comoção grave de repercussão nacional ou 
ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o 
estado de defesa; II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão 
armada estrangeira”. Como na decretação do estado de defesa, o Presidente da 
República deverá ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa 
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Nacional, mas aqui ainda existe a obrigatoriedade de solicitar autorização ao 
Congresso Nacional. 
Estando em estado de sítio em razão dos fatos do inciso I do art. 137 
(Brasil, 1988), algumas medidas podem ser tomadas contra as pessoas, de 
acordo com o art. 139 da Carta de 1988 (Brasil, 1988): 
[...] 
I - obrigação de permanência em localidade determinada; 
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por 
crimes comuns; 
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo 
das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de 
imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; 
IV - suspensão da liberdade de reunião; 
V - busca e apreensão em domicílio; 
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; 
VII - requisição de bens. 
São medidas extremas que o Estado poderá tomar em razão de situações 
graves para garantir a segurança de todos e a estabilidade institucional. 
TEMA 2 – TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO 
A tributação e o orçamento estão dispostos na Constituição Federal a 
partir de seu art. 145 (Brasil, 1988). 
Particularmente sobre a tributação, podemos entender que as disposições 
constitucionais e legais dizem respeito ao tributo e suas espécies. 
Paulsen (2014, p. 606), ao caracterizar o Sistema Constitucional Tributário 
tal como concebido, afirma que o conceito de tributo pode ser extraído da própria 
Constituição Federal: 
A Constituição Federal, ao estabelecer as competências tributárias, as 
limitações ao poder de tributar e a repartição de receitas tributárias, 
permite que se extraia do seu próprio texto qual o conceito de tributo 
por ela considerado. Cuida-se de prestações em dinheiro exigidas 
compulsoriamente, pelos entes políticos, de quem revele capacidade 
contributiva ou que se relacione direta ou indiretamente à atividade 
estatal específica, com vista à obtenção de recursos para o 
financiamento geral do Estado ou para o financiamento de atividades 
ou fins realizados e promovidos pelo próprio Estado ou por terceiros no 
interesse público, com ou sem promessa de devolução. Tais 
características se evidenciam quando da leitura do Capítulo “Do 
Sistema Tributário Nacional”. A outorga de competência se dá para que 
os entes políticos obtenham receita através da instituição de impostos 
(arts. 145, I, 153, 154, 155 e 156), taxas (arts. 145, II, e 150, V), 
contribuições de melhoria (art. 145, III), empréstimos compulsórios (art. 
148) e contribuições especiais (arts. 149 e 195). Em todas as normas 
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ali existentes, verifica-se que estamos cuidando de obrigações em 
dinheiro, tanto que há diversas referências à base de cálculo e à 
alíquota, bem como à distribuição de receitas e reservas de 
percentuais do seu produto para aplicação em tais ou quais áreas. 
 
Além dessa interpretação, a legislação também conceitua o tributo, assim 
descrito pela Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), 
em seu art. 3º: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou 
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, 
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada”. 
Em relação às espécies tributárias também não há mais dúvidas, sendo 
elas: os impostos; as taxas; as contribuições de melhoria; os empréstimos 
compulsórios e as contribuições especiais, todas versadas pela Constituição de 
1988, nos artigos trazidos na citação acima, cada uma delas com suas 
características e seus fatos geradores. 
Se a Constituição Federal de 1988 determina como o Estado pode 
arrecadar, distribuindo competências a cada um dos entes tributantes, impõe, 
também, que seus gastos devam atender aos ditames constitucionais e legais. 
Hack (2012, p. 187) informa que “As despesas do Estado devem estar 
todas previstas em lei. Assim, existe o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes 
Orçamentárias (LDO) e a Lei do Orçamento Anual (LOA)”. 
TEMA 3 – ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA 
Diz a Constituição Federal em seu art. 170 (Brasil, 1988) que a ordem 
econômica tem como alicerces o trabalho humano e a livre iniciativa. Seu 
objetivo é assegurar dignidade a todos, dentro da justiça social, baseada nos 
princípios: da soberania nacional; da propriedade privada; da função social da 
propriedade; da livre concorrência; da defesa do consumidor; da defesa do meio 
ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto 
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e 
prestação; da redução das desigualdades regionais e sociais; da busca do pleno 
emprego e do tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte 
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constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no 
país. 
Para entendermos alguns desses princípios, trazemos nosso 
entendimento em Alcantara (2016, p. 30-40): 
Princípio da soberania nacional 
A soberania é o baluarte para a própria existência da República 
Federativa do Brasil como Estado Democrático de Direito, no qual 
existe um respeito aos poderes e às instituições constituídas, aos 
direitos fundamentais e à hierarquia das normas jurídicas, prevista 
como o primeiro dos princípios fundamentais que sustentam nossa 
Constituição da República/88 em seu artigo 1º.Princípio da propriedade privada 
[...] De maneira geral, é claro que qualquer pessoa pode dispor de sua 
propriedade da maneira que lhe convier, dentro dos parâmetros legais 
e, especialmente, em relação ao empresário, utilizando-a a bem de sua 
atividade econômica, para que a mesma possa lhe trazer os frutos 
desejados, e pelo princípio da propriedade privada, sem a interferência 
de ninguém, nem mesmo do Poder Público, se sua atividade não 
requerer autorizações especiais 
[...] 
Princípio da livre concorrência 
A atividade econômica pode e deve ser explorada pelo particular, sem 
que o Poder Público interfira ou faça grandes exigências, como 
autorizações especiais para toda e qualquer atividade – é claro, 
atendendo aos requisitos mínimos exigidos por lei. (grifos nossos) 
Observados todos estes princípios, na visão da Constituição, a ordem 
econômica no Brasil estará preservada. 
TEMA 4 – ORDEM SOCIAL 
O art. 194 da Constituição da República (Brasil, 1988) declara que a 
seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos 
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à 
saúde, à previdência e à assistência, sendo estes, portanto, os grandes pilares 
da seguridade social brasileira. 
O art. 195 (Brasil, 1988) estabelece que o financiamento da seguridade 
social seja feito por toda a sociedade, de forma direta ou indireta, mediante 
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos estados, do Distrito 
Federal e dos municípios. Há ainda as chamadas contribuições sociais, isto é, 
dos empregadores, das empresas e das entidades a ela equiparadas sobre a 
folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados à 
pessoa física que lhes preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, o 
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faturamento e o lucro; dos trabalhadores e outros segurados da previdência 
social e sobre a receita de concursos de prognósticos. 
Dentro da Ordem Social, ainda determina a Constituição Federal de 1988 
que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, sendo também 
dever do Estado fomentar as práticas desportivas e assegurar a todos o exercício 
de seus direitos culturais. 
Determina ainda que a família tenha especial proteção, bem como a 
criança, o adolescente e o idoso. 
Afirma que o meio ambiente equilibrado é direito de todos e reconhece os 
direitos dos grupos indígenas. 
TEMA 5 – DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 
Você precisa de um advogado ou de um defensor público? O Ministério 
Público é importante para defender os interesses da sociedade? 
Estamos falando do que a Constituição de 1988 considera como funções 
essenciais à justiça. 
Estão nesse rol o Ministério Público, a Advocacia Pública, a Advocacia e 
a Defensoria Pública. O Ministério Público existe para fazer a defesa da ordem 
jurídica e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, possuindo autonomia 
e independência funcional e administrativa, sendo fiscal da lei como custus legis, 
também devendo promover ação penal pública, como dominus litis. Informa a 
Carta de 1988 (Brasil, 1988): 
Art. 128. O Ministério Público abrange: 
I - o Ministério Público da União, que compreende: 
a) o Ministério Público Federal; 
b) o Ministério Público do Trabalho; 
c) o Ministério Público Militar; 
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; 
II - os Ministérios Públicos dos Estados. 
A Advocacia Pública é exercida pela Advocacia-Geral da União, que 
patrocina os interesses da União na esfera judicial e extrajudicial, no âmbito do 
Poder Executivo. 
Ainda fazem parte da Advocacia Pública: a Procuradoria-Geral da 
Fazenda Nacional, que tem como incumbência atender aos interesses da União 
nos processos tributários, bem como exigir do contribuinte o pagamento de 
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créditos tributários que estejam em dívida ativa; os procuradores dos Estados e 
do Distrito Federal. 
Ao falar da advocacia, diz a Constituição (Brasil, 1988): “Art. 133. O 
advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus 
atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. Advogado é 
o bacharel em Direito, devida e regularmente inscrito nos quadros da Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB), sendo o único profissional com capacidade 
postulatória, ou seja, é o único capaz de praticar os atos processuais em juízo. 
A Defensoria Pública é exercida por advogados que são admitidos por 
meio de concurso público para darem orientação jurídica, promoverem os 
direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos, gratuitamente, 
àqueles mais desprovidos e necessitados. 
NA PRÁTICA 
Um motorista desatento ultrapassa um cruzamento sem perceber que o 
sinal de trânsito estava com a luz vermelha para ele. Após alguns dias, ele 
recebeu em seu endereço uma notificação do Poder Público informando-lhe da 
infração cometida, com foto de seu veículo, data e horário do fato, dando-lhe um 
prazo para eventual defesa. O motorista tentou de todas as formas impedir que 
a multa fosse cobrada, primeiramente impugnando o auto de infração, 
posteriormente, com os recursos cabíveis, mas infelizmente ao final teve que 
pagar a multa de trânsito. 
A chamada “multa” de trânsito paga pelo motorista infrator é um tributo? 
FINALIZANDO 
Vimos nesta aula alguns temas relevantes dispostos na Constituição da 
República de 1988. 
Pudemos estudar e refletir sobre como o Estado pode atuar para manter 
a segurança e a ordem pública, a partir do estudo do estado de sítio e do Estado 
de defesa. 
Estudamos as disposições sobre a tributação, trazendo o conceito de 
tributos e as espécies tributárias, todas elas disposta na Constituição de 1988. 
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Falamos ainda sobre a ordem econômica, financeira e social. 
E no final abordamos as funções essenciais para a promoção da justiça, 
entre elas, o Ministério Público, a Advocacia Pública, a Advocacia e a Defensoria 
Pública. 
 
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REFERÊNCIAS 
ALCANTARA, S. A. Direito empresarial e direito do consumidor. Curitiba: 
InterSaberes, 2016. 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
_____. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Código Tributário Nacional. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 out. 1966. 
HACK, É. Direito constitucional: conceito, fundamentos e princípios 
básicos. Curitiba: InterSaberes, 2012. 
PAULSEN, L. Direto tributário: constituição e código tributário à luz da doutrina 
e da jurisprudência. 16. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. 
SILVA, J. A. da. Curso de direito constitucional positivo. 40. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2017. 
 
 
 
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