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Direito Constitucional Pós Graduação Intervale

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DIREITO CONSTITUCIONAL 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Silvano Alves Alcantara 
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ivaldo José F
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula estudaremos o panorama da formação e evolução 
constitucional do Brasil. 
Abordaremos, mesmo que de maneira muito sucinta, os principais 
avanços que cada Constituição brasileira trouxe em seu bojo. E é claro, 
falaremos das principais características de cada uma delas. 
TEMA 1 – CONSTITUIÇÕES DE 1824 E 1891 
A Constituição Política do Império do Brazil de 1824, primeira do Brasil, 
foi outorgada pelo Imperador D. Pedro I. Além de continuar com os poderes 
Executivo, Legislativo e Judiciário, criou o Poder Moderador, que atribuía ao 
Imperador o status de chefe supremo do Estado brasileiro. Este poder era maior 
do que os outros três e a ele também era submetido o poder da Igreja Católica. 
Lembramos que ainda existia a escravidão no Brasil, e essa era a grande 
preocupação desse momento histórico, ou mais especialmente sua abolição, 
que se evidenciou ainda sob a égide desse diploma constitucional, com a Lei 
Áurea, em 13 de maio de 1888, tida por alguns como a lei trabalhista mais 
importante promulgada até hoje no Brasil. 
Segunda constituição brasileira e primeira da República, a Constituição 
da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891 foi promulgada no governo 
provisório do Marechal Deodoro da Fonseca. Sob a influência do Estado Liberal, 
apresentava os ideais do laissez-faire bastante arraigados, assim como a 
mentalidade do Estado mínimo, em que o dever do Estado era bem restrito, 
basicamente relativo à segurança pública, à propriedade privada e ao 
cumprimento das obrigações advindas dos contratos, deixando os demais 
interesses privados, incluindo-se os trabalhistas, à deriva, em que os próprios 
interessados deviam estipular o que de melhor entendessem para si, “[...] e 
caracterizava-se por estabelecer o Brasil como uma república federativa” (Hack, 
2012, p. 48). 
Esta Carta ainda determinou o voto universal masculino para todos os 
brasileiros alfabetizados maiores de 21 anos de idade, com voto aberto, 
excluídos os analfabetos, as mulheres e os militares do direito a votar. 
 
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TEMA 2 – CONSTITUIÇÕES DE 1934 E 1937 
Iniciada a Era Vargas em 1930, em 16 de julho de 1934 foi promulgada a 
segunda Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. 
Segundo Hack (2012, p. 48): 
A Constituição de 1934 é marcada por ser a primeira a prever direitos 
de cunho social e a primeira a tratar das questões econômicas, de 
educação, família e cultura. As Constituições anteriores eram mais 
sintéticas, derivadas de um Estado liberal, limitando-se apenas a 
estabelecer e regulamentar o Estado. 
Várias inovações se apresentaram em todos os âmbitos, principalmente 
grandes avanços na esfera trabalhista. A Carta Constitucional tratou de questões 
econômicas, de educação, de família e também de direitos sociais. Aparece 
então o constitucionalismo social, sendo determinada no maior diploma de um 
Estado Democrático de Direito as normas específicas do Direito do Trabalho. 
A possibilidade de associação livre já admitida na constituição anterior 
deu margem ao reconhecimento dos sindicatos e das associações profissionais. 
Enfim, foi criado o salário-mínimo, nesse primeiro momento, sendo aquele 
salário que, atendendo às condições de cada região, deveria suprir as 
necessidades básicas do trabalhador, regulamentado posteriormente pelo 
Decreto-Lei n. 2.162, de 1º de maio de 1940. Esta Constituição criou ainda a 
Justiça do Trabalho, que nesse primeiro momento não estava inserida no âmbito 
do Poder Judiciário, conquanto, em sede administrativa, como também a Justiça 
Eleitoral e os Tribunais de Contas. 
Finalmente, determinou que o voto seria secreto e estabeleceu o voto 
feminino. 
Após três anos de vigência, um golpe de Estado dissolvia o Congresso 
derrogando a atual Constituição e criando a Carta de 1937, conhecida como a 
Constituição Polaca, por ter sido baseada na Constituição autoritária da Polônia. 
Iniciou-se sob a batuta de Getúlio Vargas o que se chamou de Estado 
Novo, que duraria até 1945. A Constituição de 1937, outorgada pelo presidente, 
foi um reflexo do ideal revolucionário que se instalava, especialmente 
legitimando a intervenção do Estado no domínio econômico. Extremamente 
corporativista, manteve algumas diretivas trabalhistas já existentes, alterando ou 
extinguindo outras tantas. 
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Sob o domínio dessa Carta Constitucional entrou em vigor o Decreto-Lei 
n. 5.452, de 1º de maio de 1943, conhecido como a Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT). 
No final do ano de 1945, no dia 29 de outubro, o país enfrentou um novo 
golpe militar, dessa feita José Linhares, então presidente do Supremo Tribunal 
Federal (STF), assumiu o governo, convocando e realizando eleições gerais, 
com a instalação de nova Assembleia Nacional Constituinte, em que foi 
elaborada e promulgada nova Constituição. 
TEMA 3 – CONSTITUIÇÃO DE 1946 
Já se falou que a Constituição de 1946 tinha em seu texto uma visão social 
bastante ampla e que por esta razão foi considerada uma das melhores Cartas 
das democracias sólidas. Ela manteve os mesmos princípios sociais-
democráticos do Diploma de 1934. 
O Ministério Público do Trabalho foi incorporado ao Ministério Público da 
União. 
TEMA 4 – CONSTITUIÇÕES DE 1967 E 1969 
Mais um golpe militar se fez presente em nossa história, em 31 de março 
de 1964, assumindo o governo de direito o presidente da Câmara dos Deputados 
Ranieri Mazzilli. Porém, quem de fato determinava as regras era uma junta militar 
assim chamada de Comando Supremo da Revolução. 
Assumindo poderes constituintes, o Congresso Nacional aprovou, em 24 
de janeiro de 1967, a Constituição do Brasil, outorgada em seguida pelo governo. 
Ela estabeleceu de pronto, valorando e elevando o trabalho à condição de 
dignidade da pessoa humana. 
Em 1969, a Constituição de 1967 sofreu a Emenda Constitucional n. 1 
que, por mais que fosse uma emenda, alterou completamente a Carta vigente, 
por esta razão considerada uma nova carta constitucional, chamada de 
Constituição da República Federativa do Brasil. 
Após alguns anos sob o julgo do regime militar, novos tempos se 
mostraram, e novamente a democracia se instalou, quando foi convocada nova 
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Assembleia Nacional Constituinte, que promulgou no dia 5 de outubro de 1988 
a Constituição da República Federativa do Brasil. 
TEMA 5 – CONSTITUIÇÃO DE 1988 
Na Carta Magna de 1988, apelidada de “Constituição Cidadã” e 
promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte, podemos evidenciar a maior 
tentativa de crescimento jurídico já ocorrida em qualquer constituição brasileira, 
especialmente em relação aos direitos sociais. 
Ela garantiu a forma e o regime de governo, respectivamente, a República 
e o presidencialismo. Determinou que fossem eleitos pelo povo, por meio de voto 
direto e secreto, o Presidente da República, os governadores dos Estados, os 
prefeitos municipais e os representantes do Poder Legislativo em todas as 
esferas. Dispôs ainda sobre a independência e a harmonia dos poderes 
constituídos. Aumentou as atribuições do Poder Público, como também ampliou 
a divisão administrativa do país, que passou a ter 26 estados federados e um 
Distrito Federal. Estabeleceu uma ordem econômica tendo por base a função 
social da propriedade e a liberdade de iniciativa, limitada pelo intervencionismo 
estatal. 
O trabalhador conseguiu de imediato várias conquistas, além da 
preservação das que até então já havia conquistado, sendo que outras vieram 
durante a vigência da Carta por meio de emendasconstitucionais. 
Entendemos que o constituinte estava imbuído de ideais democráticos tão 
elevados, que fizeram com que, por meio dos comandos constitucionais 
aprovados, pudesse existir a possibilidade de uma participação mais efetiva da 
sociedade em geral, principalmente dos grupos, nas discussões sociais, para 
que a criação das normas jurídicas tão necessárias à nova condição que se 
apresentava fosse melhor aproveitada. 
Trazemos a seguir alguns avanços dispostos da Constituição Federal de 
1988. 
 Está presente a determinação de eleições majoritárias em dois turnos, 
caso nenhum candidato consiga atingir a maioria dos votos válidos em 
primeiro turno, como também, o voto facultativo para aqueles menores de 
18 e maiores de 16 anos, aos maiores de 70 anos e aos analfabetos. 
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 Na área da seguridade social, consolidou o Sistema Único de Saúde 
(SUS), e proibiu a comercialização de sangue e seus derivados. 
 Determinou o fim da censura a emissoras de rádio e televisão, a jornais e 
revistas, bem como a peças de teatro e filmes. 
 Afirmou que a função social deve ser cumprida pela propriedade privada 
urbana e rural, como também pela atividade econômica. 
 Entende que o meio ambiente é um patrimônio de todos, quando assegura 
em seu art. 225 (Brasil, 1988) que: “Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. 
NA PRÁTICA 
O salário-mínimo é considerado uma das maiores conquistas do 
trabalhador, e nos dias de hoje é assegurado pela Constituição de 1988 seu 
recebimento pelos trabalhadores urbanos e rurais, como aquele capaz de 
atender às necessidades vitais básicas do indivíduo e às de sua família com 
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e 
previdência social. É bem provável que a atual Constituição não tenha sido a 
primeira a prever o salário-mínimo em suas disposições. Você saberia dizer qual 
foi a primeira Constituição brasileira a dispor sobre o salário-mínimo, e a partir 
de que diploma legal ele foi implementado? 
FINALIZANDO 
Vimos nesta aula a evolução e o histórico das constituições brasileiras, 
desde a primeira, ainda na época do Império, até a atual, conhecida como 
Constituição Cidadã. 
Pudemos verificar que gradativamente tivemos garantidos 
constitucionalmente direitos ao cidadão, na área social, na saúde, além de 
direitos fundamentais, acompanhando às realidades que se faziam presentes no 
momento de cada uma delas. Percebemos também que na Constituição vigente, 
de 1988, estão dispostos todos os direitos e garantias fundamentais ao cidadão, 
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como também os parâmetros de gestão do Estado, que veremos pontualmente 
na sequência de nossos estudos. 
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REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
_____. Decreto-Lei n. 2.162, de 1º de maio de 1940. Diário Oficial da União, 
Rio de Janeiro, 1º maio 1940. 
HACK, É. Direito constitucional: conceito, fundamentos e princípios básicos. 
Curitiba: InterSaberes, 2012. 
 
 
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