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Gasometria Arterial: Exame e Interpretação

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Gasometria
exame de gasometria arterial é rotineiramente utilizado em ambientes hospitalares, especialmente em enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva (UTI). 
Como o próprio nome diz, o exame é feito por meio do gasômetro, com o objetivo de identificar parâmetros referentes ao equilíbrio acidobásico e a ocorrência de possíveis desvios (acidose ou alcalose), bem como subsidiar o monitoramento da função respiratória do paciente. Além dos gases sanguíneos, o equipamento também possibilita avaliar os níveis de ácido lático, glicose, sódio, potássio, bilirrubina, entre outras substâncias. 
Dr. Silvio destaca que a fase pré-analítica da gasometria é determinante para a garantia do resultado do exame. Para isso, alguns cuidados são rigorosamente necessários na hora de fazer a coleta da amostra e seu transporte. Ele lembra que a amostra de sangue arterial é considerada uma amostra crítica, diferentemente do sangue venoso, por exemplo. Assim, a punção arterial requer algumas restrições, como o local de coleta, principalmente quando é realizada na artéria radial.
A Gasometria e seus principais parâmetros 
A Gasometria se refere à determinação de quatro parâmetros principais em amostras de sangue total arterial ou venoso: pH – potencial hidrogeniônico, pO2 – pressão parcial de oxigênio, pCO2 – pressão parcial de gás carbônico e HCO3– – concentração do ânion bicarbonato. O pH é o logaritmo negativo da concentração de íons hidrônio (H3O+); a pO2 é a quantidade de moléculas de oxigênio dissolvidas no sangue e a pCO2 é a quantidade de moléculas de gás carbônico dissolvidas no sangue, estas duas últimas expressas na forma de pressão parcial.
“Os três primeiros são parâmetros medidos, enquanto que o último é calculado através do pH e da pCO2. Assim, estes parâmetros indicam o status ácido-base sanguíneo e a eficiência da troca de gases no pulmão dos pacientes”, explica Bárbara de Morais, especialista de produtos da Labtest.
Para entender como os parâmetros se comportam é necessário saber como funciona o sistema de tamponamento sanguíneo e como ele é regulado. O sangue é um sistema tamponado, o que significa que o seu pH é menos suscetível a mudanças. O tampão que constitui o sangue é o tampão bicarbonato. Trata-se de um sistema aberto regulado através do processo de respiração. 
O gás carbônico é formado como produto final do processo de respiração celular aeróbica, que converte glicose e oxigênio em gás carbônico, água e energia. Na presença de água, o gás carbônico (CO2) forma o ácido carbônico (H2CO3), que se dissocia nos íons bicarbonato (HCO3–) e íons hidrônio (H3O+), conforme mostrado na equação:
“Através deste equilíbrio químico ocorre a regulação do pH sanguíneo. O equilíbrio se desloca para a direita quando a frequência respiratória diminui, com o aumento da concentração de CO2 no sangue. E se desloca para a esquerda quando a frequência respiratória aumenta, com a diminuição da concentração de CO2 no sangue. Desta maneira, quando o equilíbrio se desloca para a direita, o pH sanguíneo diminui e quando este se desloca para a esquerda, o pH sanguíneo aumenta”, complementa Bárbara.
COMO FAZER O EXAME DE GASOMETRIA?
Por ser um exame de urgência e, consequentemente, exigir um tempo de resultado mais rápido, é importante ter em mente que a composição da amostra e as condições do paciente também variam constantemente. 
Para ser possível a realização do exame, a estabilização da respiração do paciente é imprescindível, pois ele deverá permanecer em estado estável de ventilação. Para assegurar essa estabilidade, recomenda-se repouso de, pelo menos, cinco minutos, em caso de o paciente estar em deambulação. Caso o paciente esteja no leito da UTI, recomenda-se, no mínimo, 20 minutos de controle da ventilação respiratória.
Fatores como dor ou ansiedade em pacientes antes da coleta ou uso de medicamentos também podem interferir no resultado.
QUAIS AS CONDIÇÕES IDEAIS PARA A REALIZAÇÃO DO EXAME?
Os protocolos indicam que a amostra sanguínea a ser utilizada na gasometria deve ser processada em até 30 minutos após a coleta. Se, por algum motivo, não for possível, é obrigatório que o transporte da amostra seja feito em ambiente refrigerado e de forma imediata, lembrando sempre de observar a correta identificação do paciente no tubo utilizado.
Antes de utilizar o gasômetro, outros cuidados são igualmente importantes para garantir a integridade do exame. Fazer uma inspeção visual criteriosa na amostra, verificando possíveis irregularidades em sua composição, é um deles. Além disso, a amostra não pode, em hipótese alguma, conter bolhas ou coagulação. Portanto, o profissional precisa atentar-se à aspiração adequada, a fim de evitar a formação dessas bolhas e manter a homogeneização da amostra.
COMO INTERPRETAR A GASOMETRIA?
Na gasometria arterial, é feita a avaliação da acidose ou da alcalose — metabólica e respiratória —, que são o aumento ou a diminuição do pH na concentração sanguínea. Para manter o pH em limites compatíveis com os processos vitais, o organismo depende de alguns mecanismos regulatórios: sistema tampão, que age instantaneamente; componente respiratório, que leva minutos; e componente renal, que leva horas ou dias.
QUAIS AS CAUSAS DE ALTERAÇÃO NA GASOMETRIA?
Como visto anteriormente, existem quatro tipos de alterações que podem ser visualizadas na gasometria. São elas: acidose metabólica, alcalose metabólica, acidose respiratória e alcalose respiratória.
A acidose metabólica é causada pelo aumento da produção de ácido, perda gastrointestinal e renal de bicarbonato e redução da excreção renal de ácido. A alcalose metabólica é causada pela perda gastrointestinal e renal de ácido. A acidose respiratória, pela diminuição da atividade e função respiratória central, neuropatias, miopatias e distúrbios pulmonares. Por fim, a alcalose respiratória é desencadeada por distúrbios pulmonares, síndromes de ansiedade, febre, doença hepática, gravidez e toxinas ou drogas.
O uso da Gasometria no ambiente hospitalar 
Pacientes críticos em leitos, UTI, CTI ou em outras situações de urgência/emergência demandam extremo cuidado e monitoramento constante, para que haja boa evolução dos quadros clínicos existentes. A análise de Gasometria em amostras destes pacientes indica dois tipos de desordens do equilíbrio ácido-base conhecidas como acidose e alcalose. 
Acidose: ocorre quando o pH sanguíneo é menor que o valor inferior do intervalo de referência.
Alcalose: ocorre quando o pH sanguíneo é maior que o valor superior do intervalo de referência.
Para o sangue arterial, o intervalo de referência para pH é entre 7,35 e 7,45. Valores menores que 7,35 indicam um quadro de acidose e valores maiores que 7,45 indicam um quadro de alcalose. 
Segundo Bárbara, estas desordens podem ser de origem respiratória ou metabólica e podem ser processos compensados ou descompensados. Além disso, esta análise também indica a eficiência da troca de gases nos pulmões, através dos parâmetros pCO2 e pO2, permitindo avaliar se o processo respiratório está ocorrendo de forma adequada. Esta avaliação é feita, geralmente, na Gasometria Arterial. 
“O corpo humano está mais preparado para desordens relacionadas à acidose que à alcalose, sendo esta última considerada mais grave podendo levar o paciente a óbito rapidamente e demandando intervenção médica de forma mais imediata”, explica a especialista de produtos.
Esclarecendo a origem das desordens da acidose e alcalose
Para determinar qual é a origem destas desordens é necessário avaliar dois parâmetros, pCO2 e HCO3–, à luz da equação de Henderson-Hasselbach. Veja como identificar a origem dos dois tipos de desordens: 
Origem metabólica: quando a alteração do pH está relacionada a mudanças no HCO3.– 
Origem respiratória: quando a alteração no pH está associada a mudanças no pCO2.
Nesta avaliação também é necessário observar alguns outros parâmetros como o excesso de base (BE), a glicose e o lactato. “Um exemplo importante de acidose de origem metabólica é a acidose lática, que ocorrequando pH e HCO3– estão diminuídos e a concentração de lactato está aumentada”, explica Bárbara.
Para avaliar se a desordem está em um processo compensado ou descompensado é importante observar os parâmetros (medidos e calculados) da Gasometria como um todo. A compensação ocorre quando algum mecanismo do corpo é ativado espontaneamente no sentido de resolver aquela desordem. “Por exemplo, em um paciente que apresenta uma alcalose metabólica, a compensação pode ocorrer através de uma diminuição na frequência respiratória(hipoventilação), aumentando a pCO2 no sangue e, consequentemente, levando à diminuição do pH. Desta forma, a alcalose pode ser compensada”, exemplifica Bárbara.