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SOCIOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO
SOCIOLOGIA
E ADMINISTRAÇÃO
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SOCIOLOGIA E ADMINISTRAÇÃOSOCIOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO
SOCIOLOGIA
E ADMINISTRAÇÃO
Relações sociais nas organizações
Valmiria Carolina Piccinini
Marilis Lemos de Almeida
Sidinei Rocha de Oliveira
organizadores
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SOCIOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO
© 2011, Elsevier Editora Ltda.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610, de 19/02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida 
sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográfi cos, gravação ou quaisquer outros.
Copidesque: Jussara Bivar
Revisão: Jayme Teotônio Borges Luiz e Roberta Borges
Editoração Eletrônica: Estúdio Castellani
Elsevier Editora Ltda.
Conhecimento sem Fronteiras
Rua Sete de Setembro, 111 – 16o andar
20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Rua Quintana, 753 – 8o andar
04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP – Brasil
Serviço de Atendimento ao Cliente
0800-0265340
sac@elsevier.com.br
ISBN 978-85-352-3878-5
Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, 
impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de 
Atendimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão.
 Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou 
bens, originados do uso desta publicação.
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
S662 Sociologia e administração: relações sociais nas 
 organizações / Valmíria Carolina Piccinini, Marilis Lemos 
 Almeida, Sidinei Rocha de Oliveira, organizadores. – Rio de 
 Janeiro: Elsevier, 2011. 
 Contém exercícios
 Inclui bibliografi a
 ISBN 978-85-352-3878-5
 1. Sociologia do trabalho. 2. Comportamento organizacional. 
 3. Administração de empresas. 4. Trabalho. 5. Relações 
 trabalhistas – Aspectos sociais. I. Piccinini, Valmíria. II. Almeida, 
 Marilis Lemos. III. Oliveira, Sidinei Rocha de. 
10-4759. CDD: 306.3
 CDU: 316.334.22
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Os autores
Andrea Poleto Oltramari 
Bacharel em Administração pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Mestre em 
Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (CPGA/UFSC). Dou-
tora em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGA/
EA/UFRGS). Professora de Administração da UPF.
Betina Magalhães Bitencourt
Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 
Mestranda em Administração pela Escola de Administração da Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Sul (PPGA/EA/UFRGS).
Cláudia Sirangelo Eccel 
Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFR-
GS). Mestre e Doutora em Administração (PPGA/EA/UFRGS).
Daniel da Silva Lacerda
Bacharel em Engenharia da Computação pela Escola Politécnica da Universidade 
de São Paulo (PCS/USP). Mestrando em Administração de Empresas pela Escola 
Brasileira de Administração Pública e Empresarial da Fundação Getulio Vargas 
(FGV/EBAPE-RJ).
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Daniel Gustavo Mocelin
Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais. Mestre e Doutorando em Sociologia 
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGS/UFRGS).
Daniela Alves de Alves
Bacharel em Ciências Sociais. Mestre e Doutora em Sociologia pela Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul (PPGS/UFRGS). Professora adjunta de Ciências 
Sociais da Universidade Federal de Viçosa (DCS/UFV).
Daniele dos Santos Fontoura
Bacharel, mestre e doutoranda em Administração pela Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul (PPGA/EA/UFRGS). 
Francis Moraes de Almeida 
Graduado em Ciências Sociais e em Psicologia pela Universidade Federal de Santa 
Maria (UFSM). Mestre e Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (PPGS/UFRGS). Professor de Sociologia da UFSM.
Leandro Raizer
Bacharel e licenciado em Ciências Sociais, mestre em Sociologia e doutorando 
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Lucas Rodrigues Azambuja
Bacharel em Ciências Sociais e mestre em Sociologia pela Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul (PPGS/UFRGS). Doutorando em Sociologia pela Universida-
de de São Paulo (PPGS/USP).
Marcelo Milano Falcão Vieira
Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio Grande 
(FURG). Mestre em Administração pela Universidade Federal de Santa Catari-
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na (CPGA/UFSC). PhD em Administração pela University of Edinburg, Escócia. 
Pós-doutorado na École de Hautes Études Commercialles (HEC-Paris). Professor 
da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio 
Vargas (FGV/EBAPE-RJ).
Marilis Lemos de Almeida
Bacharel em Ciências Sociais e em Ciências Econômicas. Mestre em Sociolo-
gia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGS/UFRGS). Douto-
ra em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas 
(DPCT/UNICAMP). Professora adjunta do Departamento de Sociologia do Insti-
tuto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul (IFCH/UFRGS).
Nilson Varella Rübenich 
Bacharel e Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul (PPGA/EA/UFRGS). Professor do Instituto Brasileiro de Gestão de Negócios 
(IBGEN-RS).
Patrícia Amélia Tomei
Bacharel em Administração Pública pela Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ). 
Mestre em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do 
Rio de Janeiro (PUC-RJ) e professora de Pós-Graduação em Administração de 
Empresas na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ). Dou-
tora em Administração pela Universidade de São Paulo (USP) e pela New School 
for Social Research (NSSR), em Nova York.
Rosângela Maria Pereira
Bacharel e licenciada em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Minas 
Gerais (UEMG). Mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Ge-
rais (FAE/UFMG). Doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (PPGS/UFRGS).
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Sidinei Rocha de Oliveira
Bacharel e mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul (PPGA/EA/UFRGS). Doutor em Administração pela Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul (PPGA/EA/UFRGS) e pela Université Pierre-Mendès-France 
(UPMF). Professor adjunto do Departamento de Administração da Universidade 
Federal Fluminense (UFF).
Tatiana Ghedine 
Graduada em Informática e habilitada em Análise de Sistemas pela Universida-
de do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Tecnóloga em Hotelaria pela Uni-
versidade de Caxias do Sul (UCS). Mestre e doutora em Administração pela 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGA/EA/UFRGS). Professora da 
Faculdade de Administração no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 
(SENAC-RS) e do Curso de Administração nas Faculdades Integradas de Taqua-
ra (FACCAT).
Valmíria Carolina Piccinini
Bacharel, licenciada em Ciências Sociais e mestre em Sociologia pela Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul (PPGS/UFRGS). Doutora em Economia do Traba-
lho e da Produção pela Université Pierre-Mendès-France (UPMF). Pós-doutorado 
na École de Hautes Études Commercialles (HEC-Montréal).Professora Associada 
de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGA/EA/
UFRGS).
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A P R E S E N T A Ç Ã O
Nexos entre a Sociologia 
e a Administração
MARILIS LEMOS DE ALMEIDA
VALMÍRIA CAROLINA PICCININI
Em nossa experiência como professores de Sociologia Aplicada à Admi-nistração e de Sociologia nos deparávamos como uma situação comum a muitos professores, que era a dificuldade em encontrar um livro-texto 
para indicar aos alunos que contemplasse pelo menos parte dos conteúdos que 
pretendíamos desenvolver. Adicionalmente, o tratamento das temáticas da So-
ciologia Aplicada requer algum conhecimento, ainda que em nível introdutório, 
sobre Sociologia, em particular as reflexões sobre a gênese da sociedade industrial 
e suas implicações sobre a vida social, o que tornava ainda mais complexa a tarefa 
de encontrar material didático apropriado.
O desafio de enfrentar esta lacuna veio com o convite, em 2007, para oferecer 
em 90 horas um curso a distância de Sociologia Aplicada à Administração na Esco-
la de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na 
ocasião nos propusemos a organizar um programa que contemplasse os conteúdos 
básicos de Sociologia e os de Sociologia Aplicada à Administração produzindo 
materiais didáticos para suplantar a referida ausência de livros-texto na área. Para 
tanto, contamos com uma equipe de tutores composta de estudantes de mestrado 
e doutorado em Sociologia e em Administração.
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As avaliações positivas enviadas pelos alunos do Ensino a Distância nos esti-
mularam a aprofundar e ampliar os textos que inicialmente foram desenvolvidos 
como material de apoio aos chats e fóruns, de modo a transformá-los em um livro 
que pudesse ser usado em sala de aula. A participação de nossos ex-tutores, hoje 
já mestres e/ou doutores em sua maior parte, que aceitaram o desafio foi funda-
mental para chegarmos a esta obra.
O livro foi pensado para suprir as necessidades de um curso completo de So-
ciologia Aplicada à Administração, percorrendo um amplo espectro de temas clás-
sicos e contemporâneos. Com o intuito de oferecer a professores e alunos uma 
obra que contemplasse conteúdos que consideramos essenciais ao tratamento do 
tema, convidamos professores de outras instituições a colaborarem apresentando, 
assim, um rico e diversificado conjunto de visões nem sempre convergentes, mas 
por isso mesmo valioso.
O objetivo deste livro é evidenciar as conexões entre a Sociologia e a Admi-
nistração procurando oferecer aos leitores um conjunto de categorias e conceitos, 
muito dos quais advindos da Sociologia, que lhes permitam pensar as organiza-
ções e a inserção no mundo do trabalho. As organizações integram a sociedade, 
e portanto são produto ao mesmo tempo em que incidem sobre ela. Assim, as 
categorias que nos permitem compreender a vida em sociedade tais como cultura, 
controle, estratificação, ação social, racionalidade e poder, entre tantas outras, são 
dimensões igualmente presentes no âmbito das organizações e nas relações que os 
indivíduos estabelecem entre si no interior dessas organizações.
Estruturado em três partes, o livro aborda na Parte I – Fundamentos Teóricos 
da Sociologia para a Administração – temas clássicos que perpassam a sociologia e 
a administração e que se mostram relevantes para a compreensão do mundo con-
temporâneo, em particular o trabalho e as organizações. Na Parte II – A Sociedade 
e as Organizações – examinamos as organizações e as relações sociais estabeleci-
das nelas, as quais envolvem conflito, controle, formação de grupos, bem como 
os aspectos culturais que perpassam essas relações. Enquanto na Parte II o foco 
recai sobre a dinâmica das organizações, na Parte III – O Trabalho na Sociedade 
Contemporânea – o olhar se desloca para o trabalho na sociedade contemporânea, 
apresentando um variado conjunto de capítulos que recobrem dimensões concei-
tuais acerca do trabalho e examinam formas de organização e gestão do trabalho 
do ponto de vista conceitual e histórico.
No Capítulo 1, “O surgimento da Sociologia e da Sociologia Aplicada à Admi-
nistração”, de autoria de Marilis Lemos de Almeida e Valmíria Carolina Piccinini, 
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são analisadas as condições de emergência da Sociologia e da Administração, es-
pecialmente o contexto econômico, social e político, de um lado, e as influências 
intelectuais, de outro, buscando demonstrar como tais aspectos incidiram sobre 
as estruturas de ambas as disciplinas definindo seus contornos iniciais. As autoras 
demonstram que o surgimento da Sociologia encontra-se intimamente articulado 
à sociedade moderna, período de eclosão de um conjunto de transformações que 
possibilitam seu surgimento ao valorizar o conhecimento científico, ao mesmo 
tempo em que implica a necessidade de criar categorias que permitam a com-
preensão dessa nova realidade. Assim, a Sociologia promove uma reflexão crítica 
acerca da sociedade capitalista, voltando-se, sobretudo em seus primórdios, a uma 
crítica à acentuada desigualdade existente e uma tentativa de explicação das suas 
origens e condições que asseguram sua permanência. Tal abordagem é bem retra-
tada pela análise do pensamento de Karl Marx (1818-1883).
No caminho para a institucionalização da Sociologia como disciplina científi-
ca, a par da reflexão acerca da sociedade moderna que permanece como foco de 
atenção, há um esforço orientado para a construção das bases metodológicas e do 
objeto desta nova ciência que se caracteriza, desde sua origem, pela coexistência 
de diferentes abordagens teóricas e metodológicas. Émile Durkheim (1858-1917) 
buscou sistematizar o que considerava ser o método sociológico, como parte de 
um esforço para delimitar a Sociologia como ciência. Um dos grandes temas que 
permeou todas as suas obras é a questão da importância da unidade e da coesão 
para o equilíbrio da sociedade. Para Max Weber (1864-1920) a Sociologia tem 
por objeto compreender o sentido da ação social buscando evidenciar o sentido 
pensado pelo sujeito autor da ação, portanto o indivíduo é a sua unidade de análise 
básica, pois só ele pode conferir sentido, signo e valores às suas ações. Weber abor-
dou uma ampla gama de temas, passando por religião, capitalismo, dominação, 
estratificação, entre outros, porém os temas da racionalidade e da racionalização 
do Ocidente são questões centrais em sua obra.
O surgimento da Administração também está relacionado com o processo de 
expansão do capitalismo, de concentração de capitais e surgimento das grandes 
corporações, o que exigia grande capacidade de gerenciamento dos sistemas de 
produção e de distribuição das mercadorias. Surge, neste contexto, a figura da ge-
rência separada da propriedade do capital dando início ao que se chamou de revo-
lução gerencial. Impulsionado pelo paradigma da ciência positiva o espaço da pro-
dução também se tornou alvo da busca de métodos mais eficientes da produção, 
propiciando as condições que permitiriam emergir trabalhos como o de Taylor 
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(1856-1915), que propunha uma Administração Científica do trabalho. Na ad-
ministração das empresas as mudanças que ocorrem na sociedade têm reflexos 
imediatos no interior das organizações, que passam a preocupar-se em ter traba-
lhadores adaptados e adaptáveis às mudanças que vão ocorrendo. Tais mudanças 
se refletem nas relações que se estabelecem na sociedade (legislação do trabalho, 
regulamentos internos às empresas, padrões de salários etc.) e que norteiam a ação 
social. Há necessidade portanto de explicação sociológica para os fenômenos da 
administração.
O Capítulo 2, “Marx, Weber e Durkheim: Quadro comparativo sobre o pen-
samento dos autores clássicosda Sociologia”, de Lucas Rodrigues Azambuja e 
Daniel Gustavo Mocelin, oferece uma valiosa síntese das perspectivas desses três 
autores clássicos da Sociologia. Sob a forma de quadro comparativo os autores 
apresentam as principais questões que nortearam os estudos de Marx, Weber e 
Durkheim, apontando as influências intelectuais e o contexto a partir do qual 
emergiram as respectivas teorias sociais e proposições metodológicas. Dentre os 
temas analisados estão a concepção desses clássicos sobre a ciência e o conhe-
cimento social; as relações entre indivíduo e sociedade; as inclinações políticas; 
as interpretações sobre a divisão do trabalho social; as perspectivas metodológi-
cas e as concepções de mercado. Em um texto sintético conseguem apontar os 
elementos fundamentais para compreender a obra desses teóricos, permitindo 
entender seu papel no desenvolvimento do pensamento social e sua influência 
na reflexão sociológica, fornecendo elementos para conhecer as organizações nos 
dias de hoje.
No Capítulo 3, Lucas Rodrigues Azambuja, em “Tipos de ação, de raciona-
lidade e o processo de racionalização na Sociologia de Max Weber”, realiza uma 
sofisticada e rigorosa discussão acerca de dois temas centrais na sociologia webe-
riana, a racionalidade e a racionalização. Azambuja pontua as diferenças entre 
os dois conceitos no pensamento de Weber demonstrando a importância deles 
na construção da explicação acerca da origem e difusão do capitalismo. Em rela-
ção ao conceito de racionalidade, apresenta uma definição clara de dois tipos de 
racionalidade – com relação a fins e com relação a valores. Em relação ao processo 
de racionalização discute a visão de Weber do capitalismo como expressão de 
um processo de crescente racionalização de esferas específicas da vida social, 
especialmente a religiosa, política e econômica. O pensamento de Weber exerce 
grande influência no estudo das organizações e da explicação do desenvolvimento 
do sistema capitalista.
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No Capítulo 4 “O processo de estratificação social nas sociedades modernas: 
As visões de Durkheim, Weber e Marx”, Leandro Raizer discute um tema central 
na Sociologia, que permite compreender como se estabelecem as relações en-
tre indivíduos e grupos no interior das sociedades e das organizações. As teorias 
sobre a estratificação social examinam como os indivíduos e grupos no interior 
das sociedades hierarquizam-se e estabelecem entre si relações assimétricas, ana-
lisando as fontes dessas diferenças que podem se traduzir em acesso desigual a 
poder, oportunidades, privilégios e prestígio social. Raizer vai buscar nas obras 
de Durkheim, Weber e Marx um conjunto de conceitos para a compreensão das 
diversas dimensões implicadas no fenômeno da estratificação, tais como: tipos de 
solidariedade, classes sociais, estamentos, grupos de interesse, lutas e conflitos. 
Com isso, fornece ao leitor não apenas uma visão ampla sobre a estratificação ao 
revelar as diferentes interpretações acerca do fenômeno, mas também um con-
junto de conceitos que permitem analisar como tal fenômeno se faz presente no 
interior das organizações.
O Capítulo 5, apresentado por Marcelo Milano Falcão Vieira e Daniel da 
Silva Lacerda, é “Poder nas organizações: Da dominação de poucos à ação de 
todos”. A temática abordada pelos autores é de grande interesse para a Sociologia 
Aplicada à Administração, uma vez que o poder é uma das categorias centrais 
para a análise das organizações. Os autores lembram que este é um tema contro-
verso e que muitos autores sequer admitem a sua existência como algo inerente 
às organizações, porém a sua invisibilidade não pode ser confundida com ausên-
cia, uma vez que o exercício do poder se manifesta de inúmeras maneiras e pode 
assumir formas mais visíveis e diretas de controle ou menos visíveis e sutis por 
meio daquilo que se convencionou rotular como cultura organizacional. Vieira 
e Lacerda oferecem de maneira sintética e extremamente rigorosa um apanhado 
acerca de duas grandes formas de conceber o poder: de um lado a perspectiva do 
poder assimétrico, representado pela definição de Weber, e, de outro, a de poder 
simétrico, de Hanna Arendt. A perspectiva de Weber parte do pressuposto da 
existência de conflitos e, nesse sentido, os estudos posteriores que comungam tal 
vertente teórica enfatizam a questão da dominação, da obtenção da legitimidade 
e de suas formas de manifestação explícitas e implícitas, sendo bastante utilizado 
para a análise do poder nas organizações. A perspectiva de Hanna Arendt repre-
senta um contraponto importante ao analisar o poder como uma capacidade ou 
realização coletiva e integra uma visão crítica ao poder associado a violência. O 
poder simétrico entendido desta forma somente pode se manifestar em um am-
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biente social de iguais, que é uma premissa incompatível com a grande maioria 
das organizações modernas.
No Capítulo 6, ao discutirem “Socialização e cultura organizacional” Sidinei 
Rocha de Oliveira e Cláudia Sirangelo Eccel lembram que o ser humano ao viver 
em sociedade é regido por normas e crenças que lhe permitem integrar-se ao seu 
grupo social. A socialização ocorre pela submissão aos costumes de seu grupo 
ou cultura, primeiramente à família e à vizinhança, e a criança pela imitação até 
introjetar os hábitos dos adultos e aprendendo a viver naquela sociedade. Ao com-
preender a socialização como processo de construção social permitem vislumbrar 
a possibilidade de mudança social. Lembram que nesse momento emerge uma 
nova organização sociocultural em que outras instâncias interferem no processo 
de socialização como os grupos de referência, os meios de comunicação de massa, 
os mitos e heróis contribuindo para a formação de sujeitos com formas de ação 
heterogêneas e, por vezes, contraditórias. Ressaltam, na atualidade, o papel da 
internet como um meio de socialização pelas redes de interação virtual. Nesse 
meio em que a socialização se faz de forma mais ampla discutem a socialização or-
ganizacional, que se faz necessária para as organizações contarem com elementos 
integrados e vinculados aos próprios objetivos e cultura. Descrevem as formas de 
socialização tanto em relação aos novos entrantes quanto aos que já fazem parte 
da organização e nela ascendem. A cultura organizacional é discutida a partir de 
duas correntes, uma baseada na objetividade e outra na interpretação. Assim, para 
alguns autores a cultura organizacional é objetiva e gerenciável podendo ser mo-
dificada, controlada e gerenciada intencionalmente, enquanto outros questionam 
a capacidade de transformação da cultura organizacional, pois a mudança é cons-
tante, isto é, em cada organização diferentes grupos se inter-relacionam de mo-
dos distintos, podendo dar origem a múltiplas culturas. Ao final, Oliveira e Eccel 
destacam como a cultura organizacional se relaciona com a sociedade na qual está 
inserida e as principais implicações para o pensar das práticas gerenciais.
No Capítulo 7, “Controle organizacional no processo capitalista de produção”, 
Daniela Alves de Alves e Sidinei Rocha de Oliveira abordam um tema altamente 
pertinente tanto à Sociologia como à Administração: a coordenação e o controle 
que, desde os primórdios da formação da fábrica, são tidos como as principais for-
mas de assegurar a continuidade da produção e aumentar a ação das organizações 
sobre o trabalhador. O texto coloca em evidência as mudanças que os meios de 
controle tiveram ao longo do tempo, desde a delimitação do espaço da fábrica e a 
incorporação do relógio como instrumento de mensuração do tempo até a utiliza-
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ção da avançada tecnologia que ajuda a acompanhar todas as etapas do processo 
produtivo, agindo como um vigilante que jamais parade observar. Apontam ain-
da a valorização de aspectos da cultura organizacional para incutir valores e um 
elevado nível de comprometimento nos trabalhadores, fazendo-os incorporarem 
a responsabilidade sobre o controle de suas atividades e os objetivos e resultados 
da organização.
No Capítulo 8, “Os grupos nas organizações”, Daniele dos Santos Fontoura, 
Francis Moraes de Almeida e Nilson Varella Rübenich abordam as novas formas 
de organização das empresas. Diferenciam grupos primários – em que as normas, 
os papéis e os status são conhecidos e aceitos por todos, apesar de não escritos; 
a interação social gera laços emocionais fortes, e suas relações se estendem por 
longos períodos e perpassam uma ampla gama de atividade – e grupos secundá-
rios, maiores e mais impessoais, gerando laços emocionais mais fracos, de menor 
duração e com uma gama menor de atividades envolvidas. Enquanto os grupos 
formais são constituídos pelas organizações, os grupos informais se constituem 
espontaneamente, por afinidade, proximidade física, semelhança social, interesses 
comuns ou problemas similares compartilhados por seus membros. No Brasil, o 
trabalho em grupos torna-se mais presente a partir do final da década de 1980, 
com a introdução dos princípios da especialização flexível coincidente a um con-
texto de redemocratização e abertura da economia. Na linguagem de negócios, 
têm sido utilizados também os termos “equipe” ou “time” para fazer referência a 
grupos de trabalho formais: o grupo seria formado por um conjunto de pessoas 
que compartilham valores, crenças e visões semelhantes de mundo e que apresen-
tam uma identidade em comum. Já a equipe partilha um objetivo comum, clara 
e explicitamente formulado. Enfim, a existência de grupos, tanto formais como 
informais, deve ser levado em conta, pois podem contribuir para um bom ou mau 
ambiente de trabalho, resolver ou criar problemas dependendo de como são enca-
rados e como funcionam.
O Capítulo 9, “Participação dos trabalhadores nas organizações: Mito ou rea-
lidade?”, Daniele dos Santos Fontoura, Betina Magalhães Bitencourt e Andrea 
Poleto Oltramari abordam o tema da participação que seguidamente retorna aos 
estudos organizacionais. Analisam as políticas de gestão participativa, suas origens, 
o que estimulou a sua implantação nas organizações e os seus possíveis limites. 
A participação foi gradualmente se institucionalizando nos meios empresariais, 
gerenciais e sindicais brasileiros, tendo significados e reflexos distintos em cada 
uma destas esferas: as empresas passaram a visualizá-la como uma das possíveis 
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ferramentas gerenciais de aumento da produtividade; a imprensa de negócios di-
vulgava inovações tecnológicas e organizacionais, o que contribuiu para aumentar 
as discussões a respeito da necessidade de os gerentes implementarem programas 
participativos; e o meio sindical contribuiu por intermédio de reivindicações e da 
introdução de formas de intervenção operária, representadas principalmente pelas 
comissões de fábrica. Existem, portanto, sistemas de participação e políticas de 
gestão participativa. Eles podem diferir nos seus objetivos, significando uma estra-
tégia de gestão ou uma política de participação que é conquistada num modelo de 
sociedade mais democrática.
No Capítulo 10, “Algumas reflexões sobre a inveja nas organizações segundo 
tipologias culturais”, Patrícia Amélia Tomei ressalta que inveja é um sentimento 
perturbador que faz parte do nosso cotidiano e um conceito pouco discutido na 
teoria organizacional, mas que não pode ser negado nas relações humanas e no 
ambiente de trabalho. Os trabalhos que desenvolvem essa dimensão têm relacio-
nado as manifestações da inveja nas organizações com a sua cultura, legitimando a 
importância da questão como um grande desafio à gestão organizacional. A inveja 
representa uma reação extremamente complexa, pois se manifesta nos indivíduos 
pelo temor das consequências de sua própria inveja e o medo de ser alvo da inveja 
dos outros. A autora analisa como os diferentes contextos sociais e fatores eco-
nômicos, sociais, culturais e religiosos incidem sobre a inveja. Logo, para enten-
der o fenômeno da inveja e de suas consequências é necessário estudar a cultura. 
Apresenta uma série de modelos indicando como culturas organizacionais podem 
se refletir nos tipos de inveja e sugere que se aceite sua existência e potenciais 
conflitos.
No Capítulo 11, “A constituição do trabalho na sociedade moderna”, Sidinei 
Rocha de Oliveira e Valmíria Carolina Piccinini destacam o trabalho como uma 
atividade complexa, de difícil definição e conceituação pela variedade de objetos, 
eventos e situações que engloba. As concepções do trabalho se modificam ao lon-
go do tempo. Nas sociedades antigas servia apenas à satisfação das necessidades de 
sobrevivência; na sociedade feudal inicia o sentimento positivo por sua valorização 
como meio direcionado para algum fim. Com a Reforma Protestante o trabalho 
passa a ser reconhecido não só como meio de obtenção de riquezas, mas também 
como exercício de vida ascética. Atualmente, com as transformações que afetam 
o trabalho – a globalização da economia, a difusão de tecnologias, a nova divi-
são internacional de trabalho, a preponderância da política econômica com traços 
neoliberais, desequilíbrio de forças no mercado de trabalho e das relações de traba-
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lho – emergem visões distintas. Autores europeus e americanos previram o “fim da 
centralidade do trabalho” na sociedade e na vida dos indivíduos. Outros estudiosos 
consideram que o trabalho é ainda central tanto sob o ponto de vista econômico 
quanto social, embora tenha adquirido novas “roupagens” como consequência das 
transformações ocorridas. Enfim, o trabalho ainda permanece, para o homem, 
tanto um meio de subsistência e acesso aos bens de consumo quanto de expressão 
individual, identidade de classe e profissão e meio de interação coletiva.
No Capítulo 12, “Processo e organização do trabalho: Conceitos”, Valmíria 
Carolina Piccinini e Tatiana Ghedine apontam as diferenças entre processo e or-
ganização do trabalho, conceitos que na realidade se complementam. No texto, 
aborda-se o desenvolvimento da tecnologia desde a atividade na manufatura até 
a automação e as novas tecnologias de informação e comunicação, destacando as 
transformações no processo de trabalho ao longo do tempo. São apresentadas as for -
ças ambientais (econômicas, políticas, sociais, tecnológicas) que influenciam as 
organizações e vão se traduzir em tendências de gestão, mas demonstram que a 
organização não pode mais ser considerada uma máquina eficiente, tampouco 
gerir na era do saber significa deter o controle total sobre a informação, mas, ao 
contrário, gerir num ambiente de incerteza e de complexidades cada vez maiores. 
Os problemas de gestão aos quais se deverá fazer face serão ligados mais à escolha 
da informação pertinente que a seu acesso.
No Capítulo 13, “Taylorismo e fordismo: A racionalidade técnica na organiza-
ção do trabalho” Rosângela Maria Pereira e Sidinei Rocha de Oliveira detalham o 
surgimento e desenvolvimento do taylorismo nos Estados Unidos e como o modelo 
se consolidou como uma forma amplamente utilizada de organização do trabalho. 
Reconhecem o fordismo como algo mais amplo que a estruturação dos processos 
organizacionais, sendo um modelo que atrela produção, trabalho e consumo le-
vando à formação de um novo padrão de relações sociais. No entanto, o padrão de 
expansão continua assentado na padronização de produtos, os aumentos salariais 
constantes e altos estoques entram em colapso com a redução da demanda. No 
Brasil, em razão das características históricas como o desenvolvimento tardio e o 
excedente de mão de obra o modelo se desenvolveu apenas em algumas regiões,embora ainda influencie as práticas em alguns setores.
No Capítulo 14, “Práticas contemporâneas de produção e gestão do trabalho”, 
Sidinei Rocha de Oliveira e Rosângela Maria Pereira apresentam os novos modelos 
de organização do trabalho que surgem a partir da década de 1970 em diferentes 
países. Tais propostas têm por objetivo romper com algumas práticas do tayloris-
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mo desenvolvendo produtos de alta qualidade, maior variedade e de acordo com a 
demanda. Nos processos de produção são centrais o desenvolvimento tecnológico, 
a presença do trabalhador e a redução de custos internos, representados prin-
cipalmente pelos estoques. Ressaltam que, apesar de algumas semelhanças, tais 
modelos representam uma miríade de configurações ligadas ao contexto social e 
econômico, características da mão de obra (nível de qualificação, preparação para 
participar etc.) e orientação para inovação dos grupos organizacionais.
No Capítulo 15, o último, “Sociedade salarial e flexibilização do trabalho”, 
Valmíria Carolina Piccinini busca resgatar as mudanças sofridas nas relações de 
emprego nos últimos anos. O sistema baseado no emprego formal, característico 
do século XX, vai sendo substituído pelo “emprego flexível” que surge, muitas 
vezes, como meio de burlar a legislação de proteção social, pela contratação de 
trabalhadores com menor ou maior qualificação, que podem exercer suas funções 
na forma de prestação de serviços. A flexibilização, no Brasil, atinge principalmen-
te mulheres, jovens, etnias e raças diferentes da branca; minorias sexuais e os de 
menor nível de instrução, o que é demonstrado pelas estatísticas apresentadas. Os 
defensores da flexibilização sugerem que a regulação do mercado, que marcou o 
país desde a década de 1940, formou uma sociedade marcada por privilégios para 
poucos e penúria para muitos. A difusão do emprego flexível se reflete em traba-
lho mal pago, pouco reconhecido e instável. A autora conclui que somente políti-
cas ativas de emprego e de inclusão social, seja pelo ensino, seja pela qualificação 
e pelo aumento das oportunidades de emprego, possibilitarão uma perspectiva de 
futuro melhor para esses trabalhadores.
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Sumário
PARTE I
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA SOCIOLOGIA PARA A 
ADMINISTRAÇÃO
1 O surgimento da Sociologia e da Sociologia Aplicada 
à Administração 3
2 Marx, Weber e Durkheim: Quadro comparativo sobre 
o pensamento dos autores clássicos da Sociologia 21
3 Tipos de ação, de racionalidade e o processo de racionalização 
na sociologia de Max Weber 41
4 O processo de estratificação social nas sociedades modernas: 
As visões de Durkheim, Weber e Marx 49
5 Poder nas organizações: Da dominação de poucos à ação 
de todos 63
Referências 83
Atividades propostas para a Parte I 86
PARTE II
A SOCIEDADE E AS ORGANIZAÇÕES
6 Socialização e cultura organizacional 95
7 Controle organizacional no processo capitalista de produção 115
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8 Os grupos nas organizações 135
9 Participação dos trabalhadores nas organizações: 
Mito ou realidade? 149
10 Algumas reflexões sobre a inveja nas organizações segundo 
tipologias culturais 167
Referências 189
Atividades propostas para a Parte II 195
PARTE III
O TRABALHO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
11 A constituição do trabalho na sociedade moderna 203
12 Processo e organização do trabalho: Conceitos 219
13 Taylorismo e fordismo: A racionalidade técnica na organização 239
14 Práticas contemporâneas de produção e gestão do trabalho 257
15 Sociedade salarial e flexibilização do trabalho 275
Referências 291
Atividades propostas para a Parte III 297
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C A P Í T U L O 1
O surgimento da Sociologia e da 
Sociologia Aplicada à Administração
MARILIS LEMOS DE ALMEIDA
VALMÍRIA CAROLINA PICCININI
Para compreender a constituição de uma nova área de conhecimento é im-portante observar o contexto da época, tanto do ponto de vista cultural como social, político, econômico e intelectual. A análise da gênese da dis-
ciplina permite identificar as preocupações do período, as necessidades, os confli-
tos e as influências sofridas por essa área nascente do conhecimento, ajudando a 
entender as configurações assumidas.
A Sociologia surgiu no período comumente denominado moderno, durante 
o qual acontecimentos importantes transformaram profundamente a sociedade. 
Para ficar apenas entre aqueles que podem ser considerados marcos simbólicos da 
nascente sociedade moderna podemos destacar a transição do feudalismo para o 
capitalismo (séculos XV-XVIII); o Renascimento (séculos XIV-XVI); a Revolução 
Científica (século XVII), o Iluminismo (século XVIII), a Revolução Industrial (se-
gunda metade do século XVIII na Inglaterra), a Independência dos Estados Unidos 
da América (1775-1783) e a Revolução Francesa (1789). A Sociologia, conforme 
postula Ianni, pode ser entendida tanto como expressão dessa época, traduzindo 
seus anseios e suas perspectivas, quanto como produtora de uma explicação que 
organiza e atribui sentido a nova sociedade que emerge desse processo.
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4 S O C I O L O G I A E A D M I N I S T R A Ç Ã O
Nesse ambiente, a Sociologia encontra elementos essenciais da sua formação, 
do seu estilo de pensamento. A despeito das diversidades de perspectivas, 
das peculiaridades dos princípios explicativos, é inegável que a Sociologia 
nasce e se desenvolve com as realizações e os dilemas da modernidade. Tan-
to é assim que ela não abandona essa problemática primordial. Ao contrário, 
torna e retorna frequentemente a ela. No presente, como no passado, a So-
ciologia está empenhada em desvendar o modo pelo qual o homem, deus e 
o diabo estão metidos no meio do redemoinho. (IANNI, 1989, p. 23)
O longo processo de transição do feudalismo para o capitalismo e, em especial, 
as mudanças ocorridas tanto nas formas de produzir quanto nas relações jurídicas 
e políticas dão a nova feição à sociedade – mais urbana e mais industrial – que vai 
surgindo. Estreitamente vinculadas à nascente sociedade moderna, novas ideias 
passam a disputar a posição de um discurso legítimo e ao conhecimento científi-
co é atribuído um papel privilegiado. Assim, embora a Sociologia venha a surgir 
como disciplina somente no século XIX ela é herdeira do pensamento filosófico 
anterior, do Renascimento e da Revolução Científica.
Neste capítulo, trataremos das condições culturais, intelectuais e sociais pre-
sentes na origem da Sociologia e da Administração, buscando demonstrar como 
tais aspectos incidiram sobre as estruturas de ambas as disciplinas e definindo seus 
contornos iniciais. A seguir, trataremos da constituição da Sociologia e da Admi-
nistração como disciplinas científicas, na virada para o século XX.
1. ASPECTOS CULTURAIS E INTELECTUAIS QUE 
TRANSFORMARAM O MUNDO MODERNO
O século XVI foi decisivamente marcado pelo Humanismo, ou seja, pela cres-
cente valorização do homem e de sua capacidade de realização, modo de pensa-
mento que se fez presente no Renascimento, no Iluminismo e na própria Sociolo-
gia. A centralidade atribuída ao homem, como ser dotado de livre-arbítrio e capaz 
de produzir, gerir e construir seu próprio destino se contrapõe ao papel até então 
atribuído a Deus como responsável pela fortuna da humanidade.
O Renascimento, em parte movido por tal perspectiva humanista, foi um mo-
vimento intelectual e cultural que talvez tenha como uma de suas principais con-
sequências o resgate do espírito crítico e investigativo do homem. Esse movimento 
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 O surgimento da Sociologia e da Sociologia Aplicada à Administração 5
promoveu a retomada dos valores do mundo clássico e teve expressão no campo 
das artes(Michelangelo, Rafael, Ticiano), da literatura (Dante Alighieri, Miguel 
de Cervantes y Saavedra, William Shakespeare), da ciência (Nicolau Maquiavel, 
Johannes Kepler, Nicolau Copérnico, Galileu Galilei) e das grandes navegações 
(Cristóvão Colombo, Vasco da Gama). Entre estas diferentes formas de mani-
festação da inventividade humana encontra-se um fio que as interliga que é uma 
nova maneira de representar o homem. Nas artes, a representação realista da figura 
humana, com músculos e veias aparentes, com o corpo em evidência e em movi-
mento, contrasta com a arte medieval fixista que retratava papas, bispos e reis não 
em sua humanidade, mas em sua representação projetada como um enviado de 
Deus. Na ciência, emblematicamente, o realismo está também presente na obra 
de Maquiavel – O Príncipe – acerca de como funciona, de fato, a política rompen-
do com a visão filosófica e normativa que enfatizava o “dever ser” como um ideal 
a ser perseguido. Ao mesmo tempo, o questionamento dos dogmas religiosos e do 
princípio da autoridade da Igreja abriu caminho para as reformas religiosas. Após 
um longo período de predomínio do pensamento teológico e do monopólio da 
Igreja sobre o saber, que perdurou durante toda a Idade Média (séculos V-XV), há 
um enfraquecimento deste poder a partir da Reforma Protestante (século XVI).
Desde o Renascimento, a religião, suporte do saber, vinha sofrendo diversos 
abalos com o questionamento da autoridade papal, o advento do protestan-
tismo e a consequente destruição da unidade religiosa. Ao critério da fé e da 
revelação, o homem moderno opõe o poder exclusivo da razão de discernir, 
distinguir e comparar. Ao dogmatismo opõe a possibilidade da dúvida. De-
senvolvendo a mentalidade crítica, questiona a autoridade da Igreja e o saber 
aristotélico. Assume uma atitude polêmica perante a tradição. Só a razão é 
capaz de conhecer. (ARANHA, 1993, p. 148)
No século XVII a Revolução Científica instituiu a Ciência Moderna, com mé-
todo científico próprio que estabelece novos procedimentos para o conhecimento 
apoiados na observação, na experimentação, no uso de cálculos e de instrumentos, 
propiciando o desenvolvimento do método científico nas ciências naturais. As des-
cobertas de Galileu no campo da Astronomia simbolicamente são reconhecidas 
com uma inflexão importante no modo como o conhecimento é estabelecido e le-
gitimado na sociedade. Embora Kepler e Copérnico já tivessem dado os primeiros 
passos em direção à visão ptolomaica do universo, foi Galileu que, valendo-se de 
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6 S O C I O L O G I A E A D M I N I S T R A Ç Ã O
dois instrumento tipicamente modernos – a experimentação e o uso de instrumen-
tos – se tornou, o símbolo da emergência da ciência moderna ao promover uma 
revolução conceitual. A ciência progride com intensidade no período e divide-se 
em vários ramos especializados como química, física, matemática e medicina. A 
ciência moderna, que busca identificar as regularidades e leis gerais do universo 
apoiando-se para tanto no uso do método científico, estabelece o novo paradigma 
de conhecimento que regerá, mais tarde, a organização da Sociologia e da Admi-
nistração como disciplinas científicas.
Segundo Henry (1998), o método científico que emerge com a ciência moder-
na caracteriza-se pela matematização da representação do mundo e pelo uso do 
método experimental. A Matemática, até então considerada um saber prático e 
instrumental, é elevada à condição de uma forma segura de estabelecer a verdade, 
explicando o funcionamento do mundo físico. A experimentação, sistemática e 
regida por regras, fornece novos princípios para a justificação do conhecimento, 
uma vez que a ciência moderna coloca em xeque o saber cuja justificação assenta-
-se apenas sobre axiomas, valorizando a prova e a corroboração. A valorização 
da razão e do saber prático e a laicização de todas as esferas da vida social são 
características do pensamento moderno apontadas por Aranha (1993). A ciência 
moderna está intimamente ligada à nova ordem capitalista emergente, na qual há 
esta mesma valorização da atividade prática e do trabalho, pois a capacidade de 
gerar inventos e descobertas que aumentem a capacidade de produzir mercadorias 
são fundamentais para impulsionar o desenvolvimento da indústria.
Seguindo os novos caminhos traçados pelos pensadores que se destacaram 
nesse período de transição, foi se firmando um novo conhecimento, uma 
nova ciência, que buscava leis, e leis naturais, que permitissem a com-
preensão do universo. Essa nova ciência – a ciência moderna – despontou 
com o surgimento do capitalismo e a ascensão da burguesia e de tudo que 
está associado a esse fato: o renascimento do comércio e o crescimento 
das cidades, as grandes navegações, a exploração colonial, o absolutismo, 
as alterações por que passou o sistema produtivo, a divisão do trabalho 
(com o surgimento do trabalho parcelar), a destruição da visão de mundo 
própria do feudalismo, a preocupação com o desenvolvimento técnico, a 
Reforma, a Contrarreforma. A partir de então, estava aberto o caminho 
para o acelerado desenvolvimento que a ciência viria a ter nos períodos 
seguintes. (ANDERY, 1992, p. 178)
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 O surgimento da Sociologia e da Sociologia Aplicada à Administração 7
O Iluminismo (XVIII) é um movimento de caráter filosófico, científico e 
racional que influenciou profundamente os pensadores da época e ainda hoje 
se faz presente no pensamento social. A razão Iluminista confronta-se com a 
ideia de revelação religiosa e busca superar o princípio da autoridade e romper 
com superstições e crenças religiosas. O Humanismo está presente no Ilumi-
nismo pela valorização do homem como produtor da própria história, capaz de 
transformar a realidade e (re)construir a sociedade sem depender de elementos 
divinos ou sobrenaturais. Além disso, o pensamento iluminista é profundamente 
marcado por uma visão otimista acerca do progresso, do desenvolvimento e da 
capacidade do homem, por meio da ciência, de construir um mundo melhor. O 
Iluminismo apresenta ênfases diferentes em vários países, adquirindo um caráter 
mais intelectual em alguns (Escócia: Adam Smith; Alemanha: Gottfried Wi-
lhelm von Leibniz, Immanuel Kant) e mais político em outros (França: Voltaire, 
Jean-Jacques Rosseau, Condorcet).
2. AS CONDIÇÕES SOCIAIS E A ORIGEM 
DA SOCIOLOGIA E DA ADMINISTRAÇÃO
As condições decisivas e mais imediatamente relacionadas com o surgimento 
da Sociologia como área disciplinar autônoma e imbuída de uma abordagem cien-
tífica foram duas grandes transformações que se desenrolaram no século XVIII e 
que marcaram o mundo a partir de então: a Revolução Industrial e a Revolução 
Francesa. A Sociologia tem na sua origem a tentativa de entender as dimensões so-
ciais de tais transformações, buscando desenvolver um saber sistemático e secular 
capaz de ser validado.
No plano econômico a Revolução Industrial representou a ruptura com as 
relações de produção feudal e o surgimento do modo capitalista de produção, 
com superação do sistema artesanal de produção para o modo mecanizado carac-
terístico da indústria. Porém, a Revolução Industrial não é importante apenas do 
ponto de vista produtivo, sobretudo ela tem um significado especial como revo-
lução social – mudanças na estrutura institucional, cultural, social e política. Com 
a Revolução Industrial tem-se o surgimento de novas classes sociais – burguesia e 
proletariado –, bem como os conflitos e crises sociais decorrentes das mudanças 
verificadas na sociedade e que resultaram no agravamento da pobreza e na explo-
ração da força de trabalho, inclusive infantil. Ligado ao crescimento da indústria, 
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8 S O C I O L O G I A E A D M I N I S T R A Ç Ã O
as cidades atraem trabalhadoresem busca de ocupação nem sempre existente, 
acelerando o processo de urbanização que, somado ao crescimento demográfico, 
resultam em uma concentração de milhares de pessoas que, tendo abandonado 
seus locais de origem, vagam em busca de trabalho subsistindo em condições de 
miserabilidade.
No plano político a Revolução Francesa é emblemática, pois transformou as 
relações sociais ao elevar a burguesia ao poder político e inaugurar o Estado Mo-
derno, tendo consequências profundas e duradouras não só na Europa. A Revo-
lução Francesa, ao instaurar um novo regime jurídico, político e social adequa-
do à nascente sociedade moderna capitalista, acentuou as pressões no sentido de 
promover mudanças sociais. No entanto, não significou o início de um período 
de paz social; ao contrário, o século seguinte foi marcado por intensa instabilidade 
política, tanto pela cisão dentro da classe dominante quanto pelo crescimento de 
movimentos revolucionários (socialistas) e contrarrevolucionários.
A Revolução Francesa é, inegavelmente, o maior acontecimento político 
do período. Ela não só marcou profundamente a configuração geral da 
França dos séculos XVIII e XIX como também a de toda a Europa do 
mesmo período; além disso, suas consequências chegam até nossos dias. 
(ANDERY, 1992, p. 269)
A Sociologia tinha como foco a compreensão desse processo de mudança ca-
racterístico do momento de instalação da sociedade industrial, abordando ques-
tões como mudança social, revolução, contrarrevolução, classes sociais, Estado, 
capitalismo e tecnologia. Porém, é preciso lembrar que as ciências naturais já eram 
reconhecidas socialmente e estavam organizadas em disciplinas autônomas desde 
os séculos XVII/XVIII, mas ainda estava em disputa qual campo do conhecimen-
to deveria legitimamente ocupar-se das questões relativas ao mundo social, que 
eram muitas naquele momento. Até então tratadas de modo pouco sistemático e 
prescindindo de um método, as questões sociais e o estudo da sociedade se tornam 
objeto da Sociologia, porém esta ainda carece de uma abordagem científica, tal 
qual existia nas ciências naturais.
Assim, está aberto o caminho para o desenvolvimento de uma sociologia po-
sitiva ou de uma física social, como Auguste Comte (1798-1857) denominou 
inicialmente, capaz de entender as regras que regem a mudança social para que 
ela fosse promovida de modo organizado e racional. A Sociologia surgiu inspira-
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 O surgimento da Sociologia e da Sociologia Aplicada à Administração 9
da no método das ciências naturais, e como tal possuía uma intenção prática: os 
pioneiros da Sociologia estavam envolvidos com os acontecimentos da época e 
aspiravam a fazer do conhecimento sociológico um instrumento para a ação. Críti-
cos da sociedade capitalista e reformadores sociais, preocupados com a acentuada 
desigualdade social e pobreza de grande parte da população formada pelos traba-
lhadores, buscavam constituir um saber prático e, ao mesmo tempo, em sintonia 
com os princípios da ciência moderna.
Olhando retrospectivamente, é possível identificar Karl Marx (1818-1883) 
como um dos precursores do tipo de reflexão que viria a caracterizar a Sociologia. 
O período em que Marx viveu e produziu foi de agravamento da questão social 
e de instabilidade política e econômica. Esse contexto, aliado à sua formação in-
telectual e trajetória política, orientou sua preocupação para a compreensão do 
capitalismo buscando explicar as fontes da exploração social e econômica e os 
possíveis caminhos para a superação do sistema capitalista, que ele considerava 
gerador de desigualdades. Para isso, Marx debruçou-se sobre a história inglesa no 
período de transição do feudalismo para o capitalismo, analisando minuciosamen-
te a Revolução Industrial para extrair daí uma teoria acerca da mudança social.
Uma das faces do processo de constituição do capitalismo revelada por Marx 
e retratada em O Capital é da pauperização e da deterioração das condições de 
vida da população. Desde o século XVI acentuava-se a concentração populacional 
nas cidades inglesas, em parte por causa das transformações ocorridas no campo, 
sobretudo o processo de cercamento das terras comuns dos feudos. A substituição 
do sistema de exploração agrícola de subsistência – típico do regime feudal – pelas 
pastagens e a criação de carneiros para fornecer lã para as indústrias têxteis repre-
sentava uma opção mais lucrativa. Tudo isso se refletiu numa grande miséria para 
os camponeses que, sem alternativas, foram forçados a migrar para as cidades. 
Londres, que em 1790 contava com 1 milhão de habitantes, em 1841 já abrigava 
2,5 milhões. Essa ocupação intensiva e desorganizada do espaço urbano acentuou 
problemas como a degradação do meio ambiente, a precariedade e ausência de 
moradias e a falta de infraestrutura, como água, esgoto e aquecimento. A cidade 
apresentava problemas de contaminação do ar, da água e acumulação de detri-
tos humanos e industriais, o que contribuía para elevar a ocorrência de doenças 
e epidemias. Quanto aos trabalhadores, entre os quais se encontravam crianças e 
mulheres que recebiam salários ínfimos, eram submetidos a elevados níveis de 
exploração do trabalho e cumpriam extensas jornadas. Assim era a denominada 
questão social que mobilizava reformadores sociais, revolucionários e até contrar-
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10 S O C I O L O G I A E A D M I N I S T R A Ç Ã O
revolucionários que diante da miséria generalizada apregoavam um retorno ao 
regime monárquico.
Se, por um lado, [a Revolução Industrial] tornou os ricos cada vez mais ri-
cos, tornou, por outro lado, os pobres cada vez mais pobres, em condições 
de vida extremamente precárias: moradias superlotadas, escuras, insalu-
bres, jornadas de trabalho de até 16 horas diárias, condições alarmantes 
de trabalho, crianças fora da escola trabalhando por longos períodos, em 
péssimas condições. (ANDERY, 1992, p. 262)
A outra face do processo de transição para o capitalismo é uma profunda mu-
dança nas formas de produzir, já observada por Adam Smith (1723-1790), que, 
ao analisar a divisão do trabalho, demonstrou que se um operário trabalhasse iso-
ladamente obteria 20 unidades de alfinetes ao fim do dia, ao passo que, se 18 ope-
rários se ocupassem de uma única operação diferente dividindo o trabalho entre 
si, ao final do dia produziriam até 4.800 unidades. As possibilidades abertas pela 
divisão do trabalho foram vislumbradas por Adam Smith como estratégia eficiente 
para elevar a produtividade do trabalho, mas também foram apontadas por Karl 
Marx como fator que permitiria a incorporação de mão de obra não qualificada e 
a redução dos níveis salariais.
Além disso, Marx argumentou que as mudanças no conteúdo e no processo de 
trabalho, se comparadas com o período em que a produção era artesanal, significa-
ram uma perda de autonomia para o trabalhador. A partir do momento em que os 
trabalhadores passaram a trabalhar reunidos em um único local – nas manufatu-
ras –, deixaram de ser artesãos livres e independentes, dando início ao processo de 
subordinação formal do trabalho ao capital. O espaço, a matéria-prima, os meios 
de trabalho e a energia já não pertenciam aos trabalhadores, não sendo, igualmen-
te, seus os produtos gerados pelo próprio trabalho. Paulatinamente, a progressiva 
separação entre propriedade, de um lado, e gestão e controle, de outro, origina um 
grupo específico de trabalhadores que se ocupam destas últimas atividades. Nesse 
novo modo de produção a autonomia do trabalhador para decidir sobre o ritmo 
de trabalho e a duração da jornada diária é reduzida, e as tarefas de controle e 
disciplina foram assumidas pelos capatazes. A figura do capataz, nesse momento, 
pode ser visto como um germe da figura do gerente, pois a ele cabiam as tarefas de 
seleção e dispensa detrabalhadores, controle e a parca orientação fornecida para 
a execução das atividades.
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 O surgimento da Sociologia e da Sociologia Aplicada à Administração 11
Estas mudanças nas formas de produzir, assim como as difíceis condições de 
trabalho e de vida, deram origem a fortes reações por parte dos trabalhadores, as 
quais se traduziram na multiplicação de manifestações populares, desde aquelas 
espontâneas e desorganizadas até outras que resultaram na constituição de sindica-
tos e partidos proletários, exacerbando o conflito entre patrões, capatazes encarre-
gados do controle e trabalhadores. Entre 1830 e 1840 os movimentos de contes-
tação do capitalismo na Europa se intensificaram, aumentando a instabilidade a as 
incertezas quanto ao seu futuro. Passada essa fase de crise social e política, após o 
fracasso da revolução de 1848, inicia-se um novo período, entre 1840 a 1873, que 
ficou conhecido como a era de ouro do capitalismo de livre concorrência, o qual 
é interrompido pelas primeiras grandes crises do capitalismo entre 1873 e 1896, 
as quais impuseram transformações na economia capitalista que resultaram em 
crescente concentração industrial. As fusões e aquisições do final do século XIX 
não só resultaram no aumento do tamanho das empresas, como também implica-
ram a necessidade de criar mecanismos mais complexos de gestão e de logística, 
impulsionando o desenvolvimento da área da Administração. Nesse contexto, a 
Sociologia surge como tentativa de entender a nova sociedade que emerge a partir 
da Revolução Industrial, e a Administração, do ponto de vista prático, surge pela 
necessidade de gerir as primeiras grandes organizações industriais e, do ponto de 
vista científico, busca assentar as bases para um conhecimento mais racional, me-
tódico e rigoroso sobre as organizações.
3. A CONSTITUIÇÃO DA SOCIOLOGIA 
COMO DISCIPLINA CIENTÍFICA
A Sociologia ainda percorreu um longo caminho até sua institucionalização 
como disciplina científica no século XIX, período no qual se destacam as contri-
buições de dois importantes sociólogos para o delineamento da disciplina: Émile 
Durkheim (1858-1917), na França, e Max Weber (1864-1920), na Alemanha.
O período em que ambos viveram e produziram é distinto daquele de Marx; 
o capitalismo já estava constituído e transitava do capitalismo liberal ao monopo-
lista e, em termos de transformações nos sistemas produtivos, estava-se em ple-
na Segunda Revolução Industrial. Do ponto de vista político, há uma crescente 
institucionalização dos conflitos entre capital e trabalho pela criação das centrais 
sindicais e dos partidos socialistas, fortalecidos pela conquista do direito ao voto 
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pelos trabalhadores. Do ponto de vista da construção do conhecimento científico, 
o século XIX é marcado por esse processo de disciplinamento e profissionalização 
do conhecimento. A premissa era de que a investigação sistemática exigia concen-
tração especializada nos múltiplos e distintos domínios da realidade (COMISSÃO 
GULBEKIAN, 1996).
Neste sentido, Durkheim buscou sistematizar o que considerava ser o método 
sociológico, trabalho que faz parte de um esforço para delimitar a Sociologia como 
ciência. Herdeiro de Comte, Durkheim compartilhava a ideia de que o método 
positivo se afirma como científico porque é desenvolvido por meio de um método 
objetivo e por se contrapor à filosofia especulativa, dedutiva e não científica.
Preocupava-se em definir rigorosamente a área de estudos da Sociologia, com 
objeto e método próprios, e em diferenciar a Sociologia da Biologia e da Psico-
logia. Qual o domínio da Sociologia? O ponto de partida é que há um grupo de 
fenômenos, em todas as sociedades, que se distinguem daqueles estudados pe-
las demais, que são os fatos sociais, são distintos dos fenômenos orgânicos e que 
igualmente não se confundem com os fenômenos psíquicos, uma vez que estes 
estariam relacionados com as consciências individuais. Para Durkheim caberia à 
Sociologia, uma nova ciência, estudar estes fenômenos ligados à vida social e ainda 
não tratados por nenhuma outra especialidade.
Estamos, pois, diante de uma ordem de fatos que apresenta caracteres 
muito especiais: consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir ex-
teriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual 
se lhe impõem. Por conseguinte, não poderiam se confundir com os fenô-
menos orgânicos, pois consistem em representações e em ações; nem com 
fenômenos psíquicos, que não existem senão na consciência individual e 
por meio dela. Constituem, pois, uma espécie nova e é a eles que deve ser 
dada e reservada a qualificação de sociais. (DURKHEIM, 2003, p. 48)
Tais fenômenos são aqueles definidos para além dos indivíduos, uma vez que 
existiriam antes deles e, portanto, existem fora deles, possuindo uma existência 
objetiva. O meio social exerceria uma pressão sobre os indivíduos desde o seu 
nascimento, forçando-os a moldarem-se ao meio social em que vivem. Há uma 
coerção que é exercida ou pode ser exercida e que nem sempre pode ser observa-
da facilmente, mas que se manifesta de forma mais evidente diante de uma ação 
individual que tenta violar as crenças, normas ou práticas de uma sociedade.
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 O surgimento da Sociologia e da Sociologia Aplicada à Administração 13
A par da preocupação em construir a Sociologia como disciplina científica, 
Durkheim voltou-se para o tema da coesão social, presente em todas as suas obras. 
Para Durkheim, um herdeiro da tradição francesa segundo Levine (1997), a so-
ciedade e os fenômenos humanos não são apenas o somatório das ações de cada 
indivíduo, haveria um fenômeno supraindividual que resultaria da vida coletiva. 
Assim, a sociedade é ela própria a origem da moralidade social, ou seja, é fonte 
de sentimentos e hábitos morais, que ela instila nos indivíduos por intermédio de 
instituições como a família, a educação, a religião e o governo. Essa pressão do 
meio social sobre os indivíduos exerceria uma função positiva, na medida em que 
é produtora de coesão, de solidariedade e de integração.
Dada a centralidade atribuída à coesão social Durkheim interroga-se, diante 
das transformações sociais, econômicas, políticas e populacionais que ocorriam na 
sociedade à sua época, se estaríamos diante de uma crise da moral. Ou seja, te-
riam as rápidas modificações ocorridas na sociedade gerado uma espécie de vazio 
moral, uma vez que os antigos valores e sentimentos perdiam sua força, não sendo 
substituídos por uma nova moral? Tal condição levaria a sociedade a um estado de 
anomia, ou seja, ausência ou enfraquecimento das regras, que faria os indivíduos 
deixarem de sentir a pressão (necessária) da sociedade sobre eles e que os torna se-
res morais. A consequência seria o afrouxamento dos laços morais e a diminuição 
da coesão social, com um efeito desintegrador.
 É com essa questão de fundo que o autor inicia a obra Da divisão do trabalho 
social e nela se propõe a investigar se a crescente divisão do trabalho observada na 
sociedade moderna, para além das funções econômicas exercidas, teria também a 
função moral de manter os indivíduos integrados à sociedade. Para Durkheim, 
a vida social tem uma dupla origem: (a) a similitude das consciências e (b) a divi-
são do trabalho social.
Tudo se passa diferente com a solidariedade produzida pela divisão do tra-
balho. Enquanto a precedente [por similitude] implica que os indivíduos 
se assemelhem, esta supõe que difiram uns dos outros. A primeira não é 
possível senão na medida em que a personalidade individual está absorvida 
na personalidade coletiva; a segunda não é possível senão quando cada um 
tem uma esfera de ação que lhe é própria, consequentemente,uma perso-
nalidade. (DURKHEIM, 1995, p. 152)
Nas sociedades inferiores a norma de conduta impõe a realização dos traços 
do tipo coletivo em cada um dos indivíduos, isto é, os traços da consciência cole-
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tiva – conjunto de crenças e sentimentos comuns aos membros de uma sociedade 
– da época à qual pertencemos. A coesão social aqui é fruto da conformidade das 
consciências particulares com o “tipo psíquico” da sociedade, gerando os laços que 
une o indivíduo ao grupo. Este tipo de solidariedade – baseada nas similitudes dos 
membros do grupo, na existência de uma consciência coletiva ou comum entre 
eles – chama-se solidariedade mecânica e tanto será mais forte, quando as ideias 
comuns ultrapassarem as individuais, quanto a individualidade for nula. A função 
desta norma é a manutenção da solidariedade social e, portanto, possui um caráter 
moral.
Nas sociedades avançadas as similitudes são menores e insuficientes para man-
ter a solidariedade. A ambiguidade do crescimento da sociedade é que a especiali-
zação estimula/exige a individuação, mas a coesão necessita do ser coletivo. Con-
tudo, as sociedades modernas não tenderiam à fragmentação, apesar do intenso 
progresso, mas à emergência de uma nova moral, apoiada na divisão do trabalho, 
não mais nas similitudes. Nessas sociedades a norma que impõe a especialização é 
a que possui a função de manter a coesão pela divisão social do trabalho. Segun-
do Durkheim, a divisão do trabalho produz um tipo específico de solidariedade 
chamada orgânica, a qual pressupõe indivíduos diferentes, com esferas de atuação 
distintas, especializadas. É uma solidariedade mais forte, na qual o indivíduo de-
pende da sociedade, na qual cada órgão possui sua especificidade, sua especializa-
ção e também sua autonomia. É, portanto, também uma norma de caráter moral. 
Assim, para Durkheim a divisão do trabalho relaciona-se com aspectos morais e 
sociais, mais do que econômicos, pois a especialização é estabelecida socialmente 
e seu efeito moral é criar a solidariedade entre os indivíduos e assim reforçar a 
unidade e a coesão social.
Em acréscimo ao que já fora dito anteriormente sobre o contexto da época 
vale ressaltar algumas peculiaridades da Alemanha. O desenvolvimento econô-
mico alemão se dá em um ritmo diferente do restante da Europa. O processo de 
unificação nacional só ocorrerá em 1871, quase 100 anos depois da Revolução 
Francesa. Foi somente a partir deste processo de unificação que a Alemanha enfim 
promove seu processo de industrialização, transformando-se em uma poderosa na-
ção industrializada. Do ponto de vista político a importância e força de um Estado 
fortemente militarizado sem dúvida é uma referência importante no pensamento 
de Weber, especialmente nas implicações sobre a liberdade e a vontade indivi-
dual. Enquanto na Grã-Bretanhã e na França as revoluções científica copernicana 
e newtoniana significaram a reformulação e compatibilização das filosofias sociais 
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com esses novos pressupostos influenciando fortemente as nascentes ciências so-
ciais, na Alemanha a ascendência das ciências naturais foi vista como uma ameaça 
à natureza íntima, essencial do ser humano e à sua autodeterminação moral.
O ambiente intelectual alemão é importante para compreender a forma como 
Weber concebe a Sociologia e suas opções metodológicas. Herdeiro do pensamen-
to alemão antinaturalista, histórico e antipositivista, Weber rejeitava fortemente 
a ideia de que existiriam leis gerais capazes de explicar as realidades sociais. Se-
gundo Levine, seu pensamento expressaria e traduziria para as ciências sociais 
as principais posições da filosofia alemã, que poderiam ser sintetizadas em cinco 
grandes oposições ao pensamento naturalista:
Tomados em seu conjunto, os pensadores sociais alemães acabaram identi-
ficando cinco diferentes áreas de oposição à ética e à ciência social natura-
listas. (1) Na esteira da subtradição hermenêutica, rejeitaram sua perspec-
tiva sobre os seres humanos como objetos a estudar de fora para dentro, 
em favor de um método que prestava atenção aos significados subjetivos 
de agentes sociais. Na esteira de uma subtradição apriorística eles rejeita-
ram (2) uma epistemologia estritamente indutivista, a favor de uma que 
sublinhava o trabalho constitutivo do conhecedor, e (3) a premissa de que 
diretrizes práticas podiam basear-se exclusivamente em proposições teóri-
cas, a favor de uma clara distinção entre os domínios empíricos e normati-
vos. Na esteira da subtradição voluntarista, eles rejeitaram (4) uma meta-
física determinista, a favor de uma que protegia explicitamente o espaço 
para a livre ação humana, e (5) a tendência para analisar formações sociais 
em termos estritamente naturalistas, a favor de taxonomias que abrem 
espaço para associações construídas de forma consciente. (LEVINE, 1997, 
p. 184)
Estas perspectivas ou posicionamentos transparecem nas concepções teóricas 
e metodológicas de Weber. Assim, considerava que o foco das ciências sociais 
deveria ser o indivíduo, buscando analisar o sentido da sua ação e o entendimento 
das produções do espírito humano. Postulava a necessidade de uma ciência da 
experiência humana que diferisse das ciências da natureza, pois somente os se-
res humanos podem simbolizar significados que lhes permitam serem entendidos 
por outros. Tal preocupação com a apreensão dos significados resultou em uma 
sociologia que tem por objeto compreender o sentido da ação social, buscando 
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evidenciar o sentido pensado pelo sujeito autor da ação. O indivíduo é a unidade 
de análise básica, pois só ele pode conferir sentido, signo e valores às suas ações.
Além disso, a recusa ao determinismo se traduz na tentativa de compreender o 
que move os indivíduos e as suas ações sociais, que tem como pressuposto que os 
indivíduos fazem escolhas ao agir, por mais que essas escolhas estejam relaciona-
das com ou condicionadas pelas relações sociais nas quais ele está inserido. Como 
corolário desta perspectiva não existiria, portanto, uma lei geral que pudesse ser 
encontrada e que seria capaz de explicar todas as sociedades; seria necessário olhar 
as singularidades, o que permitiria compreender as configurações específicas de 
cada sociedade. E essas singularidades têm origem na forma particular como se 
combinam as ações dos indivíduos que compõem esta sociedade. Enquanto as 
ciências da natureza eram nomotéticas – ou seja, seu método e intenção é formu-
lar leis –, as disciplinas históricas, como a Sociologia, buscavam realidades singula-
res e não recorrentes, porque dotadas de valores significativos. De um lado estava 
presente uma crítica aos grandes sistemas explicativos e, de outro, uma defesa de 
uma concepção particular da história.
Para Weber não há uma linha unívoca nem um curso objetivamente progres-
sivo no interior da história, o que o leva a negar que as mesmas causas possam 
operar ao longo do tempo em condições históricas diferentes. Ainda assim, o autor 
resgata a importância dos fatores econômicos ou materiais para a explicação de 
um problema, contra interpretações idealistas da época, mas afasta-se do materia-
lismo histórico ao negar a possibilidade de encontrar um curso objetivo determi-
nado nos processos históricos.
A rejeição ao indutivismo e a valorização do papel do sujeito que busca 
conhecer uma realidade transparece no esforço de criar taxonomias, como a 
taxonomia dos tipos de ação social, dos tipos de capitalismo e dos tipos de do-
minação. Weber elabora essas classificações como uma construção intelectual, 
um tipoideal porque idealizado mentalmente, que serve como ferramenta para 
analisar a realidade social. Assim, ao analisar o capitalismo na Alemanha, por 
exemplo, ele identifica o abandono de um tipo de capitalismo tradicional, no 
qual a conduta dos indivíduos é mais tradicional e, só por isso, dizemos que “o 
capitalismo é mais tradicional” e o surgimento de um tipo de capitalismo no 
qual impera a racionalidade e o cálculo econômico, resultado de condutas indivi-
duais mais racionais, ou seja, de indivíduos que agem racionalmente. Em A ética 
protestante e o espírito do capitalismo Weber vai buscar compreender o processo 
de secularização mostrando a importância da religião protestante, em particular 
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 O surgimento da Sociologia e da Sociologia Aplicada à Administração 17
da doutrina calvinista, para a difusão de um tipo de ação racional, inicialmente 
orientada por valores.
Mas sem dúvida a taxonomia mais conhecida de Weber é acerca dos tipos 
de ação social. Considera ação social um modo específico de ação, ou seja, uma 
conduta à qual o próprio agente associa um sentido. Essa ação não ocorre de 
modo isolado, é orientada pela conduta dos outros e está envolvida em uma cadeia 
motivacional. Nem toda a ação é social, algumas ações são apenas reativas, mas a 
Sociologia ocupa-se daquelas ações cujo sentido pode ser apreendido e, portanto, 
é passível de interpretação. Weber define quatro tipos puros ou ideais de ação 
social – ação afetiva, ação tradicional, ação racional orientada por valores e ação 
racional orientada por fins –, as quais permitem investigar e expor as conexões de 
sentido que influem na ação (WEBER, 2004).
Weber tem uma obra muito vasta, passando por temas muito variados que re-
velam uma grande curiosidade intelectual, rigor no tratamento das questões abor-
dadas e uma extrema erudição. Na sua obra emerge a questão da racionalidade 
e da racionalização do Ocidente como questões centrais, que são abordadas ao 
longo de toda a sua obra.1
4. INTERSEÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO
O desenvolvimento do que se convencionou chamar Segunda Revolução In-
dustrial, com a descoberta de novas fontes de energia como o petróleo e novas 
formas de comunicação como o telégrafo, favoreceram a expansão industrial e au-
mentaram o nível de emprego (em 1881 a indústria de bens de capital empregava 
o dobro da força de trabalho registrada em 1851). Há uma expansão da indústria 
pesada (ferrovia, construção naval, química e indústria de bens de capital), si-
multânea a uma maior concentração de capitais favorecida pela grande indústria. 
Essa concentração de capitais resultou na formação de oligopólios e cartéis, que 
tendiam a estabelecer medidas monopolistas e protecionistas, via preços adminis-
trados, que resultaram na expansão do capitalismo monopolista. No fim do século 
XIX o mundo era dominado por grandes corporações que produziam em escala 
artigos destinados aos mercados nacionais e mundiais.
1Ver o Capítulo 3.
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O surgimento dessas corporações exigiu um grande aprimoramento da capaci-
dade de gerenciamento dos sistemas de produção e de distribuição das mercado-
rias. Surge, nesse contexto, a figura da gerência separada da propriedade do capital 
dando início ao que passou a ser denominado revolução gerencial. Impulsionado 
pelo paradigma da ciência positiva, o espaço da produção também se tornou alvo 
da busca de métodos mais eficientes da produção, estabelecidos de forma rigorosa 
por meio de cálculos e experimentos, propiciando as condições que permitiriam 
emergir trabalhos como o de Frederic Taylor (1856-1915) que propunha uma 
Administração Científica do trabalho.
É possível perceber que a Sociologia e a Administração apresentam mais pontos 
de confluência do que se costuma supor, pois ambas estão intimamente ligadas em 
virtude da história da economia e da sociedade dos séculos XIX e XX que incidiram 
sobre o surgimento das duas disciplinas. Além disso, ambas surgiram sob a égide da 
ciência moderna, assim a Sociologia constituía-se como ciência positiva em seus pri-
mórdios postulando a identidade com as ciências exatas, enquanto a Administração 
era “científica”, com um viés nas ciências exatas, de acordo com Taylor.
Do ponto de vista das possibilidades de articulação entre as disciplinas, a So-
ciologia, ao promover uma reflexão acerca da sociedade, dos indivíduos e grupos 
sociais e das relações que eles estabelecem entre si, fornece para a Administração 
um rico arcabouço para compreender as organizações como parte destas socieda-
des e, portanto como produtoras e produto. Esta capacidade analítica e reflexiva 
é fundamental na administração das empresas se considerarmos que as mudanças 
que ocorrem na sociedade têm reflexos imediatos no interior das organizações. 
Valores, comportamentos e regras, difusão de práticas democráticas ou autoritá-
rias, marcos regulatórios, Estado, poder e grau de institucionalização dos conflitos, 
desigualdade e estratificação social são algumas das questões ligadas às formas 
como as sociedades se organizam que incidem diretamente e se traduzem nas 
organizações. Ninguém é alheio à sociedade em que vive.
Em termos de contribuições teóricas a Sociologia está presente nos estudos 
desenvolvidos na Administração tanto como insumo para a elaboração de teo-
rias organizacionais quanto como contraponto e crítica. No primeiro caso, há in-
fluência significativa da Sociologia americana por meio da obra de Parsons, que 
orientou a análise das organizações como subsistemas, focando nas próprias rela-
ções recíprocas com o ambiente externo e os demais subsistemas. As teorias das 
organizações também se nutriram dos estudos de Weber, em particular sobre a 
burocracia como tipo puro de dominação legal-racional. Para Weber a burocracia 
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 O surgimento da Sociologia e da Sociologia Aplicada à Administração 19
é um instrumento de precisão que pode ser colocada a serviço de interesses de 
domínio muito variados, quer políticos, quer econômicos. Contudo, cabe ressaltar 
que na Administração a incorporação de Weber é mediada pela respectiva leitura 
parsoniana.
No campo da crítica, talvez o autor mais emblemático seja Marx, pois, ao 
promover uma crítica ao caráter excludente e desigual do capitalismo, coloca a 
questão do conflito no interior das organizações, não como algo excepcional ou 
produto de situações atípicas, mas como intrínseco a este modo de produção. 
Portanto, trata-se de uma teoria social que permite romper com as perspectivas 
que partem do pressuposto que a sociedade de forma geral, e as organizações, mais 
especificamente, se caracterizam pelo equilíbrio, pela estabilidade e conservação 
e que, portanto, ignoram a questão do conflito e das assimetrias ou tendem a 
considerá-los desvios de uma situação normal.
Bertero (1975), ao analisar a influência da sociologia nos estudos organizacio-
nais, lembrava que a influência do funcionalismo estrutural, sobretudo da teo ria 
parsoniana, recebia duras críticas dos cientistas sociais. Contudo, é preciso re-
conhecer que a literatura de matiz parsoniano é muito mais presente na Admi-
nistração do que as perspectivas críticas. Mesmo que alguns autores de teoria ad-
ministrativa enfatizem uma análise marxista, como Tragtenberg (2004) e Farias 
(2004), este enfoque é minoritário se comparado com o do funcionalismo estru-
tural, mesmo nos textos apresentados neste livro em que grande parte dos autores 
apresentados é funcionalista, pois as abordagens na Administração são fundadas 
na Sociologia norte-americana, não marxista, e como tal são fundamentalmente 
funcionalistas.
Outra fonte de reflexão para a Administração e em particular para a Sociologia 
Aplicada

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