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Sociologia e Relações Étinico-Raciais e Direitos Humanos - 4º Período - Multivix

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1
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
SUMÁRIO
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES 
ÉTNICO-RACIAIS E 
DIREITOS HUMANOS
2
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
A Faculdade Multivix está presente de norte a sul 
do Estado do Espírito Santo, com unidades em 
Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova 
Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. 
Desde 1999 atua no mercado capixaba, des-
tacando-se pela oferta de cursos de gradua-
ção, técnico, pós-graduação e extensão, com 
qualidade nas quatro áreas do conhecimen-
to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem-
pre primando pela qualidade de seu ensino 
e pela formação de profissionais com cons-
ciência cidadã para o mercado de trabalho.
Atualmente, a Multivix está entre o seleto 
grupo de Instituições de Ensino Superior que 
possuem conceito de excelência junto ao 
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui-
ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram 
notas 4 e 5, que são consideradas conceitos 
de excelência em ensino.
Estes resultados acadêmicos colocam 
todas as unidades da Multivix entre as 
melhores do Estado do Espírito Santo e 
entre as 50 melhores do país.
 
MISSÃO
Formar profissionais com consciência cida-
dã para o mercado de trabalho, com ele-
vado padrão de qualidade, sempre mantendo a 
credibilidade, segurança e modernidade, visando 
à satisfação dos clientes e colaboradores.
 
VISÃO
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-
da nacionalmente como referência em qualidade 
educacional.
GRUPO
MULTIVIX
3
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
SUMÁRIO
BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte)
As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com
Souza, Daniel Leão de e Leão, Fábio Luiz da Silva de Sousa.
Sociologia e Relações Étnico Raciais e Direitos Humanos / Daniel Leão de Souza e Fábio Luiz da Silva de Sousa Leão. – Serra: 
Multivix, 2019.
EDITORIAL
Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra
2019 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX
Diretor Executivo
Tadeu Antônio de Oliveira Penina
Diretora Acadêmica
Eliene Maria Gava Ferrão Penina
Diretor Administrativo Financeiro
Fernando Bom Costalonga
Diretor Geral
Helber Barcellos da Costa
Diretor da Educação a Distância
Pedro Cunha
Conselho Editorial
Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente 
do Conselho Editorial)
Kessya Penitente Fabiano Costalonga
Carina Sabadim Veloso
Patrícia de Oliveira Penina
Roberta Caldas Simões
Revisão de Língua Portuguesa
Leandro Siqueira Lima
Revisão Técnica
Alexandra Oliveira
Alessandro Ventorin
Graziela Vieira Carneiro
Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo
Carina Sabadim Veloso
Maico Pagani Roncatto
Ednilson José Roncatto
Aline Ximenes Fragoso
Genivaldo Félix Soares
Multivix Educação a Distância
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial
Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Direção EaD
Coordenação Acadêmica EaD
4
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Aluno (a) Multivix,
Estamos muito felizes por você agora fazer parte 
do maior grupo educacional de Ensino Superior do 
Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a 
Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional.
A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei-
ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, 
São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, 
no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de 
cursos de graduação, pós-graduação e extensão 
de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: 
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo-
dalidade presencial quanto a distância.
Além da qualidade de ensino já comprova-
da pelo MEC, que coloca todas as unidades do 
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das 
Instituições de Ensino Superior de excelência no 
Brasil, contando com sete unidades do Grupo en-
tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-
-se bastante com o contexto da realidade local e 
com o desenvolvimento do país. E para isso, pro-
cura fazer a sua parte, investindo em projetos so-
ciais, ambientais e na promoção de oportunida-
des para os que sonham em fazer uma faculdade 
de qualidade mas que precisam superar alguns 
obstáculos. 
Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: 
“Formar profissionais com consciência cidadã para o 
mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança 
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e 
colaboradores.”
Entendemos que a educação de qualidade sempre 
foi a melhor resposta para um país crescer. Para a 
Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o 
mundo à sua volta.
Seja bem-vindo!
APRESENTAÇÃO 
DA DIREÇÃO 
EXECUTIVA
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina 
Diretor Executivo do Grupo Multivix
5
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
 > FIGURA 1 - Estereótipo do antropólogo 18
 > FIGURA 2 - Karl Marx 48
6
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
SUMÁRIO
1UNIDADE
2UNIDADE
1 A SOCIOLOGIA COMO CAMPO DE ESTUDO 12
INTRODUÇÃO 12
1.1 O CAPITALISMO E AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS 13
1.2 O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA 15
1.3 REFLEXÕES SOBRE A ANTROPOLOGIA SOCIAL 18
1.4 O DIREITO E AS NORMAS SOCIAIS 22
1.5 PSICOLOGIA SOCIAL E COMPORTAMENTO SOCIAL 24
1.6 A EVOLUÇÃO DA GEOGRAFIA HUMANA E O ESPAÇO SOCIAL 26
1.7 METODOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 28
CONCLUSÃO 31
2 CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA 33
INTRODUÇÃO 33
2.1 POSTULADO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA 34
2.1.1 CONHECENDO ÉMILE DURKHEIM 36
2.1.1.1 SOLIDARIEDADE, COESÃO SOCIAL E DIVISÃO DO TRABALHO 37
2.1.2 DIREITO E ANOMIA 40
2.2 QUEM FOI MAX WEBER? 43
2.2.1 A ASCESE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO 43
2.2.1.1 O PROTESTANTISMO E O “ESPÍRITO” DO CAPITALISMO 44
2.3 APRESENTANDO KARL MARX 47
2.3.1 O MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO 49
2.3.1.1 O BRASIL E A SOCIEDADE DE CLASSES 52
CONCLUSÃO 55
7
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
SUMÁRIO
3UNIDADE
4UNIDADE
SUMÁRIO
3 AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA CONSTRUÇÃO DA 
SOCIEDADE BRASILEIRA 57
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 57
3.1 AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA CONSTRUÇÃO DA 
SOCIEDADE BRASILEIRA 59
3.1.1 A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL COLÔNIA 59
3.1.1.1 A CHEGADA DOS EUROPEUS 59
3.1.1.2 A ESCRAVIZAÇÃO DE AFRICANOS NO BRASIL 61
3.1.1.3 O IMPACTO DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL 63
3.1.2 A LUTA PELA ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO 64
3.1.2.1 QUILOMBOS 66
3.1.3 REVOLTAS NEGRAS 68
3.1.3.1 A GREVE DE 1789 69
3.1.3.2 REVOLTA DE CARRANCAS 71
3.1.3.3 REVOLTA DOS MALÊS 72
3.1.3.4 REVOLTA DOS QUEBRA-QUILOS 74
CONCLUSÃO 76
4 A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL CONTEMPORÂNEO 79
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 79
4.1 SER NEGRO NO BRASIL 80
4.1.1 RAÇA E TEORIAS RACIAIS 83
4.1.1.1 ETNIA E ETNOCENTRISMO 86
4.1.2 O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL 89
4.1.3 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA 93
4.2 AS LUTAS POR DIREITOS 94
4.2.1 DIREITOS E DESIGUALDADE RACIAL 95
4.2.2O PROTAGONISMO DO MOVIMENTO NEGRO 95
4.2.3 MOVIMENTO NEGRO E AÇÕES AFIRMATIVAS 97
8
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
SUMÁRIO
CONCLUSÃO 99
5 O HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS NO CENÁRIO NACIONAL 
E INTERNACIONAL 101
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 101
5.1 BREVE HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS 102
5.2 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 104
5.3 HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL 106
5.4 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA 108
5.4.1 DIREITOS HUMANOS E VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 109
5.4.2 DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE 112
5.4.3 DIREITOS HUMANOS E TRABALHO ESCRAVO NA ATUALIDADE 113
6 SOCIEDADE, CULTURA E DIREITOS HUMANOS 116
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 116
6.1 DIREITOS HUMANOS E O DIREITO INTERNACIONAL 117
6.1.1 O ESTABELECIMENTO DAS NORMAS INTERNACIONAIS DE 
DIREITOS HUMANOS 119
6.2 DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DIREITOS HUMANOS 122
6.3 SOCIEDADE E CULTURA EM DIREITOS HUMANOS 125
6.3.1 CULTURA EM DIREITOS HUMANOS 127
6.4 DIREITOS HUMANOS E SEGURANÇA PÚBLICA 129
GLOSSÁRIO 132
REFERÊNCIAS 133
5UNIDADE
6UNIDADE
9
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
SUMÁRIO
ICONOGRAFIA
ATENÇÃO 
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
DICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
GLOSSÁRIO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
CURIOSIDADES
QUESTÕES
ÁUDIOSMÍDIAS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES
EXEMPLOS
CITAÇÕES
DOWNLOADS
10
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Caro estudante, seja bem-vindo. A disciplina de Sociologia e Relações Étnico-Ra-
ciais e Direitos Humanos é de grande relevância para a sua formação, pois apresenta 
alguns conteúdos referentes às relações sociais, à organização social, aos aspectos 
econômicos e políticos da sociedade, às desigualdades raciais e à formação racial 
da sociedade brasileira. Além desses temas, esta disciplina aborda o conteúdo dos 
direitos humanos debatendo e propondo reflexões a respeito de conceitos ligados a 
essa temática.
A proposta da disciplina é possibilitar uma reflexão crítica sobre a sociedade em que 
vivemos, buscando subsídios nos estudos sociológicos para compreender as relações 
entre os indivíduos e as instituições sociais. Além disso, a disciplina visa possibilitar 
uma reflexão a respeito da formação racial da sociedade brasileira, trazendo a cena o 
conceito de raça e como o mesmo opera em todas as instâncias sociais. A temática 
dos direitos humanos é abordada a partir de sua complexidade conceitual, demons-
trando a relevância do debate sobre esse tema na sociedade brasileira do século XXI. 
Bons estudos!
Objetivos da disciplina
Ao final desta disciplina, esperamos que você esteja apto(a) a:
• Identificar os conceitos básicos da sociologia, assim como seu surgimento e 
desenvolvimento ao longo da história.
• Explicar a realidade social em que está inserido, a partir de reflexões sociológi-
cas que considerem a sociedade como uma construção histórica.
• Discutir o conceito de raça na formação da sociedade brasileira.
• Examinar a formação da identidade negra na sociedade brasileira.
• Debater a temática dos direitos humanos e sua relevância para compreender 
a sociedade brasileira.
11
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
SUMÁRIO
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Explicar o surgimento 
e desenvolvimento da 
sociologia como uma 
ciência independente.
> Interpretar as 
transformações 
ocorridas ao longo 
dos séculos XVIII e XIX 
que possibilitaram 
o surgimento da 
sociologia e sua 
consolidação como 
campo científico.
UNIDADE 1
12
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
1 A SOCIOLOGIA COMO 
CAMPO DE ESTUDO
Nesta unidade, analisaremos como se deu o surgimento e o desenvolvimento da so-
ciologia como ciência autônoma, propondo uma reflexão sobre esse contexto histó-
rico, social e político marcado por grandes transformações no sistema produtivo, que 
fizeram surgir um novo modelo de organização social.
Nesse sentido, também abordaremos o conceito de antropologia social, para com-
preendermos aspectos referentes à representação social e como se dão as relações 
entre os indivíduos e suas experiências nas diversas instâncias sociais.
Para compreender as transformações aceleradas da sociedade e as relações estabe-
lecidas entre os indivíduos, o Estado, a família e outras instituições. Discutiremos o 
conceito de direito, uma vez que a crescente complexificação da sociedade exige o 
desenvolvimento de normas, regras e leis para o convívio social. Estas se fundamen-
tam em valores e regras, sejam morais, sejam de comportamento, o que faz necessá-
ria uma análise sociológica e crítica para compreendê-las. 
Também nos debruçaremos sobre o conceito de psicologia social e espaço geográfi-
co, para compreender os fenômenos sociais e as relações entre os indivíduos e o meio 
em que vivem.
Por fim, nos atentamos para a questão da metodologia das ciências sociais, apre-
sentando diferentes perspectivas de análise e possibilitando a compreensão dessa 
temática a partir de sua formação histórica.
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, apresentaremos o contexto histórico, econômico e social que pos-
sibilitou o surgimento da sociologia como um campo de estudo científico. Nesse 
sentido, abordaremos os aspectos referentes às transformações sociais advindas da 
consolidação do sistema capitalista. A proposta é que você reflita sobre as mudanças 
13
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
SUMÁRIO
nas relações entre os indivíduos e o meio social que propiciaram um novo modelo de 
organização social e econômica.
Para compreender o contexto em que se desenvolveu e se consolidou o campo cien-
tífico da sociologia, nos debruçamos sobre algumas áreas de estudo relevantes para 
as reflexões no âmbito das ciências sociais, tais como a antropologia social, que con-
tribui de maneira significativa ao estudar os fenômenos relacionados aos indivíduos 
e à sociedade a partir de suas complexidades.
Nesse sentido, a construção desta unidade foi balizada também pela busca da com-
preensão do conceito de direito e normas sociais. Trata-se de conceitos importantes 
para compreendermos a organização dos indivíduos em sociedade. Também trare-
mos à cena os conceitos de geografia humana e comportamento social, a fim de dis-
cutirmos as diferentes formas de se ocupar o espaço desenvolvido pelos indivíduos.
Por fim, focaremos nas diferentes perspectivas metodológicas que envolveram a so-
ciologia desde seus primórdios até os dias atuais, buscando, assim, demonstrar sua 
trajetória histórica e a importância de entender a relação entre os indivíduos e a so-
ciedade por meio de suas especificidades. 
1.1 O CAPITALISMO E AS TRANSFORMAÇÕES 
SOCIAIS 
O capitalismo tem sua origem nos séculos finais da Idade Média (V – XV), durante o 
processo de desintegração do modelo de produção feudal. Nesse período, a socie-
dade feudal vivenciava um momento de reaquecimento das atividades comerciais. 
Entretanto, é importante ressaltar que, mesmo durante a chamada Alta Idade Média, 
que compreende o período que vai do século V ao século X, diversos comerciantes e 
artesãos mantiveram relações comerciais e produziram, mesmo com poucos recursos.
Esses grupos de comerciantes e artesãoshabitavam as áreas de domínio dos senho-
res feudais. Esses lugares ficaram conhecidos como burgos. Inicialmente, os senhores 
feudais exerciam forte controle sobre as atividades dos burgueses (nome dado aos mo-
radores dos burgos). Contudo, nos últimos séculos da Idade Média, muitos burgos se 
desenvolveram e tornaram-se cidades poderosas e importantes da sociedade medieval.
14
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Nessas localidades, foram criadas as chamadas Corporações de Ofício, que se consti-
tuíam em associações que reuniam profissionais de determinada profissão, desde os 
mestres até os aprendizes. O objetivo dessas corporações era a fiscalização, organiza-
ção e distribuição de determinados produtos.
A corporação também funcionava como um órgão fiscalizador de preços e como 
uma maneira de evitar a concorrência entre os artesãos, além de adequar à demanda 
por determinado produto a produção.
Muitos burgueses endinheirados passaram a emprestar dinheiro a juros, situação que 
era condenável pela Igreja Católica, pois a mesma proibia a usura. Surgia nos burgos 
as atividades de banqueiros e cambistas, e a cidade tornou-se o centro das relações 
comerciais, onde desenvolvia-se uma economia monetária.
Alguns fatores, tais como a expansão demográfica, o aumento das atividades produ-
tivas manufatureiras e a especialização do trabalho, são essenciais para compreender 
a expansão comercial, contribuindo também para o crescimento urbano na Europa 
Ocidental.
Nesse contexto, desenvolveu-se uma nova lógica econômica, na qual as relações co-
merciais passaram a se basear não no valor de uso que determinada mercadoria 
possuía, mas no seu valor de troca.
Esse processo de monetarização da economia fez com que o valor de uma mercado-
ria fosse baseado em determinada quantia. Os comerciantes, aos poucos, deixavam 
de dar valor a suas mercadorias, tendo como base a demanda e o valor de uso. 
A ideia passou a ser o cálculo de custos e lucros monetários que poderiam ser obti-
dos com determinada mercadoria. Os comerciantes passaram a almejar o alcance 
máximo de lucros e acumulação de capitais.
Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, a burguesia conquistava um 
grande poder econômico e tinha o interesse de explorar outras regiões, conquistar 
novos mercados, regular os impostos e padronizar moedas. Por meio de acordos e 
alianças com parte da nobreza, passaram a gozar de poder político e força para de-
fender seus objetivos.
Importante ressaltar que tanto nobres como burgueses tinham interesse em um go-
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
SUMÁRIO
verno centralizado. Embora fossem interesses distintos, esses grupos viam na centra-
lização do poder nas mãos de um governante um meio de obter certas vantagens.
A nobreza tinha o interesse de preservar suas terras e seus privilégios. Sua situação 
econômica era difícil, uma vez que muitos nobres se endividaram ao contraírem dívi-
das na formação de exércitos para lutar nas Cruzadas. Ao retornarem das guerras, era 
comum muitos nobres encontrarem feudos abandonados, devido às diversas revoltas 
camponesas que eclodiram nesse contexto.
Nesse contexto, a burguesia passou a apoiar a formação de Estados Nacionais fortes, 
que pudessem levar a cabo seus interesses de expansão comercial. 
Na concepção burguesa, um Estado forte e centralizado possibilitaria a unificação 
das moedas e das leis, além de possibilitar a padronização dos pesos e medidas, tão 
relevantes para o estabelecimento das relações comerciais.
1.2 O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
O surgimento da sociologia como uma nova área do conhecimento traz para o de-
bate científico o estudo do mundo social. Ela nasce no contexto de desagregação do 
feudalismo e consolidação do capitalismo.
Estudo do 
mundo social
Sociologia
Consolidação 
do capitalismo
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É importante ressaltar o significado do século XVIII para o surgimento dessa ciência. 
Nesse século, foram profundas as transformações políticas, sociais e econômicas vivi-
das na Europa Ocidental. Também foi nesse período que o capitalismo se consolidou 
como modelo de sociedade. Esse processo está ligado diretamente às Revoluções 
Industrial e Francesa.
De acordo com Carlos Benedito Martins: 
A Revolução Industrial significou algo mais do que a introdução da máqui-
na a vapor e dos sucessivos aperfeiçoamentos dos métodos produtivos. Ela 
representou o triunfo da indústria capitalista, capitaneada pelo empresário 
capitalista que foi pouco a pouco concentrando as máquinas, as terras e as 
ferramentas sob seu controla, convertendo grandes massas humanas em sim-
ples trabalhadores despossuídos (MARTINS, 2013, p. 8).
Ao mesmo tempo em que o capitalismo se enraizava e desenvolvia, desapareciam, 
gradualmente, os hábitos e costumes característicos da sociedade feudal. Foram in-
troduzidas novas formas de organizar a vida social.
As relações de trabalho também foram afetadas. O uso da máquina no sistema pro-
dutivo impôs ao trabalhador (artesão) um novo estilo de vida, baseado em uma disci-
plina rígida e em uma nova relação com a terra, o tempo e a produção.
No período que vai de 1780 a 1860, a Inglaterra passou por uma profunda mu-
dança. Surgiram cidades enormes, que comportavam as nascentes e prósperas 
indústrias inglesas. A população, que era basicamente rural, experimentou um 
processo acelerado de urbanização.
As transformações provocadas pela industrialização e consequente urbanização da 
Europa Ocidental foram responsáveis por mudanças significativas, tais como:
• desmantelamento do sistema de trabalho servil;
• elevada emigração do campo para a cidade;
• transformação do trabalho artesanal em fabril;
• grandes jornadas de trabalho diárias;
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SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
SUMÁRIO
• desaparecimento das pequenas propriedades rurais.
Todas essas mudanças rápidas introduzidas pelo modelo capitalista de produção 
trouxeram graves consequências aos centros urbanos. Sem uma estrutura que pu-
desse concentrar o aumento demográfico experimentado naquele período, as cida-
des vivenciaram um aumento nos índices de criminalidade, de doenças, exploração 
do trabalho, alcoolismo, entre outros.
São exatamente essas transformações, que impactavam significativamente as socie-
dades da Europa Ocidental, que explicam o surgimento da sociologia. Era necessário 
um campo analítico capaz de dar conta da compreensão das rápidas mudanças que 
atingiam a organização produtiva, social, econômica, política e cultural.
De acordo com MARTINS (2013), no caso da Revolução Industrial, que tem como 
palco a Inglaterra, os pensadores ingleses que vivenciaram essas mudanças e se 
debruçaram em busca da compreensão dos fenômenos que atingiam a orga-
nização social daquele país não eram sociólogos, nem mesmo cientistas. Eram 
pessoas que desejavam modificações na sociedade e que, por isso, se envolviam 
nas questões políticas e sociais. Eles participavam de maneira ativa nos debates 
que envolviam correntes liberais, conservadoras e socialistas. Sendo assim, os 
percussores da sociologia estavam entre os militantes políticos e indivíduos en-
volvidos e engajados na resolução dos problemas do seu tempo.
Foram acentuadas as mudanças vivenciadas na Europa ao longo dos séculos XVIII e 
XIX. As aceleradas industrialização e urbanização fizeram nascer um novo modelo de 
sociedade,organizada a partir do horário da fábrica. Também surgiram novos proble-
mas sociais e políticos. Todos esses elementos reunidos formavam um terreno fértil 
para o surgimento da sociologia.
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1.3 REFLEXÕES SOBRE A ANTROPOLOGIA SOCIAL
O estereótipo do antropólogo em meio a uma tribo indígena ou africana, utilizando 
vestimenta e acessórios de caçador, faz parte do imaginário social construído a partir 
dos filmes hollywoodianos consolidados pelo cinema. 
O filme hollywoodiano “Indiana Jones” é um bom exemplo do estereótipo do 
antropólogo social. Sucesso de bilheteria no mundo todo, esse filme contribuiu 
para a propagação de estereótipos acerca da figura dos antropólogos.
Veja na figura a seguir que a representatividade do explorador aventureiro comu-
mente associada ao antropólogo.
FIGURA 1 - ESTEREÓTIPO DO ANTROPÓLOGO
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
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SUMÁRIO
A antropologia tem se destacado entre as ciências das experiências humanas como 
aquela que conseguiu elaborar perguntas e oferecer respostas a respeito das expe-
riências de vida em sociedade e como cultura.
Por outro lado, dizer que a antropologia estuda a sociedade e a cultura é tão simplis-
ta quando dizer que a história estuda o passado, a geografia, os espaços físicos, e a 
biologia, a vida. 
Também seria contraproducente apresentar uma definição, correndo o risco de es-
conder mais do que revelar os sentidos e práticas que a fazem ser o que ela é. Por 
isso, o antropólogo Clifford Geertz recomendou que a resposta fosse buscada entre 
os próprios antropólogos, isto é, na compreensão do que eles estão fazendo e assu-
mindo como antropologia. Assim, ele afirma: 
[...] Se você quer compreender o que é a ciência, você deve olhar, em primeiro 
lugar, não para as teorias ou as suas descobertas, e certamente não para que 
os seus apologistas dizem sobre ela; você deve ver o que os praticantes da 
ciência fazem (GEERTZ apud BRANDÃO, 1987, p. 43).
E o que os próprios antropólogos estão fazendo? 
Em antropologia ou, de qualquer forma, em antropologia social, o que seus 
praticantes fazem é a etnografia. E é justamente ao compreender o que é a 
etnografia ou, mais exatamente, o que é a prática da etnografia, é que se pode 
começar a entender o que representa a análise antropológica como uma for-
ma de conhecimento (GEERTZ apud BRANDÃO, 1987, p. 44).
Geertz apresenta em seu livro “A interpretação das culturas” sua experiência etnográ-
fica ao tentar decifrar a vida das pessoas da ilha Bali, na Malásia. Nessa imersão, ele 
buscou compreender como os balineses constroem e usam socialmente um sistema 
de significados em que o nome e os sentidos da própria pessoa amalgamam-se às 
várias dimensões do tempo, do espaço, das relações sociais e praticamente todo o 
mundo que a imaginação e o pensamento conseguem alcançar e tornar uma repre-
sentação. 
Ali, como em qualquer outra sociedade, diferentes categorias de tempo e pessoas in-
terligam-se em uma complexa cadeia de símbolos e significações capazes de dese-
nhar as diversas dimensões do real sinalizando quem é cada sujeito em relação aos 
outros, suas obrigações, seus comportamentos, etc. São essas as regras e princípios 
impostos a todos os membros da sociedade que, ora as acatam porque creem em seus 
fundamentos, ora as confrontam, o que também faz parte da própria dinâmica social.
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No caso do Brasil, durante vários anos, antropólogos estrangeiros e nacionais tiveram 
nas comunidades indígenas seu primeiro objeto de estudo. Até mesmo por uma 
visão eurocêntrica, vários estudiosos acreditavam que as sociedades indígenas eram 
primitivas, isto é, formas rudimentares e menos complexas de organização social e, 
portanto, mais fáceis de serem traduzidas. 
Assim, alguns se interessaram por descrever os aspectos da cultura, das relações eco-
lógicas e econômicas, as formas de organização do trabalho e os ritos e mitos que 
constituíam o universo de símbolos e significados desses grupos humanos. 
Outros analisaram aspectos mais específicos, como o sistema de parentesco, os ri-
tuais de morte ou os sistemas de classificação de animais e plantas, na tentativa de 
explicar as relações estruturais, as formas de organização e modificação da cultura. 
Tratava-se de uma tentativa de explicar questões abrangentes que diriam respeito a 
“todos os homens” em “todas as sociedades” e, nesse sentido, desenvolver um conhe-
cimento totalizador. 
Clifford Geertz (1926-2006) foi um importante antropólogo estadunidense e 
fundador da antropologia hermenêutica/simbólica/interpretativa, na qual a cul-
tura humana é compreendida como um conjunto de textos sobre o qual o an-
tropólogo se debruça. Ele publicou cerca de 20 livros, suas principais pesquisas 
ocorreram na Indonésia e no Marrocos.
Pode-se dizer que a antropologia social surgiu como um ramo especializado da so-
ciologia dedicada à compreensão da vida coletiva por meio do estudo das ditas so-
ciedades primitivas. Ela se interessa por desvelar a complexa trama de relações entre 
os sujeitos sociais, que se dão por meio de seus símbolos, poderes e instituições. Logo, 
a antropologia está em constante diálogo com outras áreas das ciências humanas, 
como a história, a ciência política e a sociologia. 
Mas o que a difere a antropologia social de outros campos é o método de aborda-
gem, os meios de formular perguntas, as estratégias de investigação e a ênfase na 
busca por explicações. 
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SOCIOLOGIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DIREITOS HUMANOS
SUMÁRIO
Antropologia
social
Compreensão
da vida coletiva
Diálogo com
outras áreas das
ciências
humanas
Surge como
ramo
especializado da
sociologia
De acordo com Carlos Rodrigues Brandão (1987), a principal marca de diferenciação 
da antropologia social está em sua vocação holística, isto é, a capacidade de explica-
ção a partir do ponto de vista das relações que produzem a totalidade dos fenôme-
nos sociais dos quais são parte.
Proveniente da investigação de sociedades “simples”, onde o sentido do todo 
domina a razão de ser de cada uma de suas partes de vida social e simbólica, 
a antropologia aspira ainda a lidar com estruturas, relações e símbolos sociais 
como fatos sociais totais, feliz expressão de Marcel Mauss, um dos fundadores 
da antropologia social (BRANDÃO, 1987, p. 49, grifos do autor).
Nesse sentido, cabe ao antropólogo lidar com as investigações e análise de socieda-
des menos complexas, ao mesmo tempo em que necessita compreender e ter uma 
noção das estruturas e relações que envolvem os indivíduos e as diversas instâncias 
sociais.
Uma característica relevante da antropologia social é o relativismo, ou seja, a noção 
de que as culturas humanas se equivalem como valor e experiência, não sendo pos-
sível medi-las em torno de superioridade/inferioridade ou a partir de escala de evo-
lução. Isso remete à dualidade de ideias que acompanha o trabalho do antropólogo. 
A primeira seria a noção de que cada sociedade cria, ao longo do tempo, soluções 
culturais próprias que só fazem sentido na própria lógica dos sistemas que produzem 
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e que, portanto, tem na diferença seu maior valor comoproduto e sentido de troca 
entre os sujeitos de cada sociedade. Outra ideia diz respeito à possibilidade de traçar 
relações de semelhança entre diversas culturas e sociedades, de modo a compreen-
der, para além das diferenças, o sentido do comportamento humano, das regras e 
princípios que regem tais comportamentos e dos significados que se atribuem a elas.
Assim, a antropologia social é, em sua essência, uma ciência dedicada a estudar as 
sociedades a partir de suas representações sociais, aquilo que os sujeitos fazem quan-
do vivem e pensam sobre suas vidas cotidianas, ou seja, a sociedade como um com-
plexo sistema de símbolos e significados. 
1.4 O DIREITO E AS NORMAS SOCIAIS
Não existe sociedade organizada sem normas sociais para regular suas relações. Toda 
lei é fruto da inteligência humana, seja uma lei a respeito do mundo natural, físico ou 
social. 
O estabelecimento de normas tem por objetivo alcançar determinados fins. Assim, se 
você quer atingir o objetivo A, deve praticar a ação B. Nesse sentido, de acordo com 
Carlos Checchia (1987), as leis são sempre uma fórmula de ordem. Portanto, leis ou 
normas sociais são dispositivos convenientemente organizados para que certos resul-
tados sociais sejam alcançados. 
Para compreender o desenvolvimento e complexificação das normas sociais, Carlos 
Checcia (1987) parte do pressuposto que sociedades primitivas ou rudimentares são 
aquelas nas quais pode-se observar uma estrutura de organização mais simples e na 
qual a solidariedade prevalece nas relações. Nesses grupos, as normas sociais variam 
de acordo com o objeto de interesse do indivíduo com sua conduta. O comporta-
mento mais simples é regido pela moral. A moral diz respeito a um conjunto de 
valores e regras propostas ao indivíduo por meio de estruturas prescritivas, como a 
religião e a família. Mas os comportamentos morais tendem a cristalizar-se em nor-
mas morais e, posteriormente, em normas jurídicas. 
A religião também é uma forma primitiva de conduta humana, pois nela o homem 
diferencia seu comportamento. Os homens pré-históricos estabeleciam suas normas 
religiosas por meio das impressões que lhes causavam os fenômenos naturais. 
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SUMÁRIO
Resumidamente, as normas sociais, que podem ser morais, religiosas, econômicas, 
entre outras, são leis que regulam a conduta dos homens. Assim, nos grupos primiti-
vos, as normas sociais não estão escritas, mas impregnadas na consciência das pes-
soas e nas práticas cotidianas.
Normas
sociais
Morais
Religiosas
Econômicas
À medida em que os grupos humanos se tornam mais complexos por meio da se-
dentarização, do desenvolvimento da agricultura, da divisão do trabalho e da hierar-
quização social, as normas que regem a sociedade precisam ser separadas e cate-
gorizadas conforme sua relevância, para manter a coesão e a sobrevivência do todo. 
Desse modo, nascem as normas especiais obrigatórias reforçadas por sanções, isto é, 
as normas jurídicas. 
De acordo com Norberto Bobbio (2001), a norma é aquilo que deve ser, mas quando 
a ação real não corresponde à ação prescrita, diz-se que a norma foi violada. Nesse 
sentido, todo sistema normativo implica o expediente da sanção – controle de eficá-
cia –, que pode ser moral ou legal/jurídico. Por exemplo, quando um indivíduo fere 
uma norma de etiqueta, a sanção pode ser o escárnio do grupo, ao passo que o des-
cumprimento da norma que proíbe o furto tem por pena a reclusão de seu agente. 
O surgimento das normas jurídicas e o nascimento do direito estão relacionados ao 
maior grau de desenvolvimento de uma sociedade. Afirma Bobbio: “[...] o direito nas-
ce no momento em que um grupo social passa de uma fase inorgânica para uma 
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fase orgânica, de uma fase de grupo inorgânico ou não organizado para a fase de 
grupo organizado” (BOBBIO, 2001, p. 30).
Seguindo essa lógica, o direito é produto histórico da formação dos Estados moder-
nos, erigidos sobre a dissolução da sociedade medieval. Esta era formada por vários 
ordenamentos jurídicos que se opunham ou se integravam. Assim, o Estado moder-
no foi formado por meio da eliminação ou absorção de ordenamentos jurídicos su-
periores e inferiores pela sociedade nacional, em um processo de monopolização da 
produção jurídica. 
Em sentido amplo, o direito significa a própria ciência jurídica, incluindo leis e prin-
cípios fixados como verdadeiros. Mas o direito é, sobretudo, um conjunto de leis que, 
não fosse a ciência jurídica, seria consideravelmente mais difícil adequar as normas 
gerais e abstratas aos fatos sociais, individuais e concretos.
Em sentido amplo, podemos dizer que o direito significa a própria ciência jurídica, 
incluindo suas leis e princípios fixados como verdadeiros. Nesse sentido, é importante 
destacar que o direito adequa as normas sociais numa tentativa de organizar a socie-
dade e a fim de obter os resultados esperados.
1.5 PSICOLOGIA SOCIAL E COMPORTAMENTO 
SOCIAL
A psicologia social surgiu no pós-Primeira Guerra, mais especificamente nos Esta-
dos Unidos. Ela é fruto da preocupação e da necessidade de compreender as crises 
sociais em um sentido amplo e extensivo. Assim, com o objetivo de intervir nas rela-
ções sociais e proporcionar maior qualidade de vida às pessoas, os psicólogos sociais 
passaram a estudar os fenômenos de liderança, comunicação, conflito, relações de 
grupo, entre outros. Eles estavam preocupados em descobrir um método de ajusta-
mento dos comportamentos individuais ao contexto social, pois compreendiam que 
as ações humanas eram resultado de fatores internos, como traços de personalidade 
e até mesmo instintos, sendo a sociedade apenas o local em que tais comportamen-
tos se manifestariam. 
Dessa forma, nos primórdios da psicologia social, seus teóricos acreditavam que o 
indivíduo e a sociedade influenciavam-se mutuamente, porém consideravam ambos 
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SUMÁRIO
como esferas distintas, negando, portanto, sua interdependência. 
Assim, os psicólogos sociais não consideravam a existência de classes sociais antagô-
nicas ou dos conflitos como parte permanente da sociedade e buscavam eliminar os 
conflitos e diferenças, entendidos como anomalias do corpo social. Nessa perspec-
tiva, por exemplo, uma greve de trabalhadores seria analisada como doença social, 
e não como resultado da luta de classes em uma sociedade de superexploração do 
trabalho. 
As primeiras críticas às percepções primárias da psicologia social surgem por volta da 
década de 1960, na França. Essas críticas diziam respeito ao caráter ideológico da psi-
cologia social, que percebia as relações como estanques, em uma perspectiva con-
servadora. Mas somente em 1979, no Congresso de Psicologia Interamericano, reali-
zado no Peru, que se manifestou a necessidade de redefinição da psicologia social. 
No Brasil, essa urgência gerou a Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), 
cuja maior preocupação é conhecer o indivíduo no conjunto de suas relações sociais 
e, portanto, inserido na sociedade de classes. 
Contemporaneamente, a psicologia social estuda o indivíduo e suas manifestações 
específicas, grupais e sociais, tendo em vista o contexto histórico e o papel do sujeito/
agente como transformador da realidade. 
Se o homem não for visto como produto e produtor, não só de sua história 
pessoal mas da história da sua sociedade, a psicologia estará apenas reprodu-
zindo as condições necessárias para impedira emergência das contradições e 
a transformação social (CODO; LANE apud LIMA, 1987, p. 81).
Entre os temas mais caros para a psicologia social, destacam-se a socialização, o pro-
cesso grupal e as relações de trabalho. 
Como vimos, os estudos relacionados à psicologia social e ao comportamento social 
possuem uma trajetória histórica relevante. Compreender o processo de desenvolvi-
mento da psicologia social envolve entender o contexto de grandes mudanças viven-
ciadas no contexto pós-Primeira Guerra Mundial. Nesse período, os psicólogos sociais 
buscavam respostas para as crises sociais a partir de estudos sobre o comportamento 
social.
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1.6 A EVOLUÇÃO DA GEOGRAFIA HUMANA E O 
ESPAÇO SOCIAL
De acordo com Waldyr Mayer (1987), o estudo da geografia humana e do espaço so-
cial diz respeito há um complexo de relações dinâmicas entre espaços de diferentes 
níveis e funções. Esses espaços são organizados pelos seres humanos e apresentam di-
versos âmbitos de integração que refletem os sistemas políticos, econômicos e sociais. 
A organização espacial também atua como componente do espaço, oferecendo 
maiores ou menores possibilidades de mudanças numa perspectiva espaço-tempo-
ral de desenvolvimento. 
A superfície terrestre tem aproximadamente 510 milhões de km², nos quais as cole-
tividades humanas se desenvolvem. Essa superfície transforma-se a partir de forças 
históricas e naturais.
Espaço geográfico é o esteio de sistemas de relações, algumas determinadas 
a partir de dados do meio físico (arquitetura de volumes rochosos, clima, ve-
getação) e outras provenientes das sociedades humanas, responsáveis pela 
organização do espaço em função da densidade demográfica, da organiza-
ção social e econômica, do nível das técnicas, em uma palavra: de toda essa 
tessitura pejada de densidade histórica a que damos o nome de civilização 
(DOLLFUS apud MAYER, 1987, p. 90).
Pode-se dizer que os diferentes povos da Terra estão imersos nessas constantes trans-
formações estabelecida pelos sistemas de relações aos quais se refere Dollfus. Da 
dinâmica de organização social e econômica provenientes das sociedades, decorrem 
as diversas formas de ocupação do espaço.
A organização do espaço corresponde aos atuais empreendimentos destina-
dos a modelar o espaço herdado, para neles se introduzirem as estruturas 
técnicas, jurídicas e administrativas que derivam de um espírito de sistemati-
zação da sua utilização (DOLLFUS apud MAYER, 1987, p. 90).
Dentro desse tipo de organização do espaço social, surgem as diferentes formas de 
espaço, ou seja, o espaço agrícola, o espaço urbano, o espaço industrial e o espaço 
não organizado e ocupado pelas sociedades primitivas.
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SUMÁRIO
Espaço
agrícola
Espaço
urbano
Espaço
industrial
Espaço não
organizado
Entre esses, o espaço social é mais abrangedor, pois compõe todas as outras formas 
de espaço: [...] é dentro do espaço social que cada um de nós está colocado, assu-
mindo a vida, com posições ou papéis os mais diferenciados, dentro da sociedade do 
mundo contemporâneo” (MAYER, 1987, p. 91).
O problema espacial é de suma importância na contemporaneidade por se 
tratar de uma forma de manifestação do poder. Assim, afirma Pierre George: “A 
mais inelutável das razões da desigualdade entre os homens é hoje sua origem 
geográfica, isto é, o lugar onde nascem.” (GEORGE apud MAYER, 1987, p. 91).
Isso significa entender que os grupos humanos estão submetidos a sistemas de re-
lações fixados em nível mundial, pois, com o avanço das tecnologias e dos sistemas 
de transporte e comunicação, o mundo pode ser considerado uma grande ilha e, 
portanto, o espaço social deve ser compreendido nas suas particularidades próprias 
e originais, também no seu todo.
Logo, apesar das nações se circunscrevem em territórios, é na mesma superfície ter-
restre que todos nós nos movemos e “[..] não temos outro lugar para ir e, portanto, 
estamos destinados a viver sempre na vizinhança e na companhia de outros” (BAU-
MAN, 2004, p. 149), assevera Kant na análise de Bauman. O mesmo filósofo, interpre-
tando o problema contemporâneo dos refugiados (sans papiers), afirma:
Quando os últimos locais portando o rótulo de ubis leones desaparecem rapi-
damente do mapa-múndi e as últimas das muitas terras de fronteira distantes 
são reclamadas por forças suficientemente poderosas para fechar divisas e 
negar vistos de entrada, o mundo como um todo está se transformando numa 
terra de fronteira planetária... (BAUMAN, 2004, p. 160, grifos do autor).
Em geografia humana, afirma-se que o mundo é um só, afinal o espaço geográfico é 
um grande espaço de relações. Pierre George define assim o espaço de relação:
Deve ser compreendido como sendo as diferentes categorias de espaço en-
volvidos pelas atividades humanas. O espaço de relação é um dado concreto. 
No caso de uma área de influência política ou econômica pode ter dimensões 
continentais ou mesmo planetária (GEORGE apud MAYER, 1987, p. 91).
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Em geografia humana, o mundo pode ser compreendido como o espaço geográfico 
de relações.
A geografia humana como ciência surge no fim do século XVIII e consiste no estudo 
dos modos de vida dos homens na superfície terrestre. Isto é, os modos de agrupa-
mento, em simples descrições confirmando um conhecimento de caráter utilitário e 
prático ou uma análise dos costumes e das diferentes formas de ser dos povos. Seus 
precursores foram Alexandre Von Humboldt (1769-1859), Karl Ritter (1779-1859) e 
Friedrich Ratzel (1884-1904). 
Atualmente, com a evolução e o avanço dos conhecimentos científicos e a tendência 
às especializações, inclusive no campo da geografia, muitos temas outrora tratados 
pela geografia humana passam a ser analisados e estudados por outras disciplinas. 
Em todo caso, os geógrafos devem se preocupar em explicar a realidade e, para isso, 
desenvolver e testar teorias, e não se afligir em estabelecer limites em termos de téc-
nicas, métodos e temas de atuação, desde que esteja sempre presente a questão da 
dimensão espacial. 
Pensar a evolução da geografia humana e o espaço social é de suma importância 
para uma leitura crítica e para formação de sujeitos históricos ativos. Compreender 
esses conceitos nos permite refletir de maneira mais profunda sobre as complexas 
relações entre os indivíduos, o meio social e o desenvolvimento e ocupação do espa-
ço social.
1.7 METODOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
O ser humano é naturalmente questionador. Desde os primórdios da humanidade, o 
homem sempre se preocupou em compreender a realidade que o rodeava. Portanto, 
qualquer pessoa pode manifestar-se acerca da realidade, pois, por mais simples que 
pareça sua reflexão, pressupõe uma visão de mundo. Assim, estando o indivíduo inse-
rido em determinada realidade social, este é constantemente motivado no sentido de 
questionar, problematizar e buscar respostas às inúmeras questões que lhe apareçam.
A relação do homem com o meio o leva a procurar uma compreensão para os fe-
nômenos sociais, a fim de superá-los e, assim, transformá-los. Logo, o sujeito/agente 
social se apresenta como problematizador da realidade. Nesse sentido, a investiga-
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SUMÁRIO
ção científica decorre do incessante desejo pelo saber e da busca de soluções paraproblemas humanos. Para tanto, o investigador usa uma gama de recursos. 
O conhecimento metodológico exige uma postura em relação à realidade e à prática 
social, assim, de acordo com Dulce Maria Leme (1987), a metodologia apresenta-se 
como um conjunto de técnicas e ferramentas que se sucedem ao método (teoria/
prática) no processo de conhecimento sobre o social. Ela é o conjunto de decisões 
a serem tomadas a partir das visões de mundo, com o objetivo de adquirir conhe-
cimento. Já o método exige técnicas condizentes com essa postura adotada pelo 
sujeito, isto é, ele decore da concepção de mundo frente às relações objetivas do 
mundo real. Por último, a técnica diz respeito aos processos destinados a produzir as 
ferramentas necessárias para o conhecimento das relações sociais.
Metodologia
TécnicaMétodo
Soma-se a isso a ideia de paradigma de investigação, entendida como o conjunto de 
postulados, valores e teorias aceitos pela comunidade científica em um momento 
histórico. 
De acordo com Thomas Kunh (1922-1996), um paradigma cientifico é só um con-
junto de crenças, valores e técnicas compartilhados por uma comunidade científica, 
mas também um modelo investigativo definido por seu contexto histórico e social. 
Diante disso, apresentaremos brevemente três importantes paradigmas para as ciên-
cias sociais, o positivista, o interpretativo e o crítico. 
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O primeiro é empírico-analista e busca compreender a realidade de forma objetiva, 
quantitativa e neutra. Criado e desenvolvido por Auguste Comte (1798-1875), esse 
paradigma prevaleceu durante o século XIX e o início do século XX. Posteriormen-
te, floresceu o paradigma interpretativo, de características humanista, hermenêutica, 
fenomenológica e etnográfica, cujas análises compreendiam a realidade de forma 
indutiva/descritiva e interpretativa. A novidade estava na relação entre teoria e prática 
como interdependentes e correlacionadas, assim como na valorização do investiga-
dor do conhecimento. 
Por fim, o mais recente, o paradigma crítico, denomina-se sócio-crítico, orientado para 
as mudanças e para a emancipação humana. Ele fundamenta-se na Teoria Crítica e na 
Praxeologia e tem natureza múltipla, holística, divergente, interativa e histórica. 
Assim sendo, uma determinada visão sobre a realidade pressupõe uma opção meto-
dológica que lhe corresponda. 
Do saber contemplativo, em que o sujeito é mero expectador passivo do real, 
em que há supervalorização das técnicas de investigação onde a verdade está 
contida nos fatos, dispensando a intervenção da teoria, passa-se à concepção 
de um sujeito ativo que constrói os seus próprios esquemas de observação, 
verificação e transformação da realidade (LEME, 1987, p. 99).
Thomas Kuhn (1922-1996) foi um físico e filósofo norte-americano cujas teorias 
tornaram-se uma referência fundamental para a história da ciência e a filosofia 
da ciência. “A revolução copernicana” e “Estrutura das revoluções científicas” são 
suas obras de maior destaque.
Os primórdios das ciências sociais no Brasil, a partir da década de 1950, passam pela 
preocupação com a pesquisa empírica e a ausência de aportes teóricos. Já na década 
de 1970 aparece uma tendência de priorizar os modelos de análise em detrimento 
das realidades sociais. 
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SUMÁRIO
Em ambas, se desconsidera o contexto histórico, não oferecendo condições para o 
estabelecimento da relação teoria/prática. Contemporaneamente, esses problemas 
têm sido superados, e uma metodologia crítica que busca o contato com a realidade, 
a relação entre teoria e prática e o acesso ao conhecimento de forma integral e não 
fragmentada, está presente em grande parte dos estudos. Por fim, a advertência de 
Leme é imprescindível para a continuidade do desenvolvimento das ciências sociais 
e humanas de forma crítica.
Finalmente, há necessidade de se ressaltar, novamente, que a produção de 
conhecimento em ciências sociais implica que os principais acontecimentos 
sociais, econômicos, políticos e culturais do problema investigado sejam trata-
dos em sua unidade. Daí a importância de se recorrer à interdisciplinaridade, 
para não correr o risco de obter um conhecimento parcial e fragmentado do 
real (LEME, 1987, p. 101).
CONCLUSÃO
A sociologia surge como campo dos estudos científicos em um contexto de grandes 
transformações econômicas, sociais e políticas vivenciado na Europa Ocidental. Para 
entender esse fenômeno, é necessário nos atentarmos para as nuances que mar-
caram o século XVIII, tais como a Revolução Industrial, na Inglaterra, e a Revolução 
Francesa.
Foi nesse período que o capitalismo se consolidou como um novo modelo de socie-
dade e, com ele, uma gama de transformações abalaram a Europa Ocidental. Surgia 
na Europa um modelo de sociedade baseado em uma nova relação entre as pessoas 
e o mundo do trabalho. Aos poucos, iam desaparecendo costumes e hábitos comuns 
na Idade Média.
Surgiram, na Europa Ocidental, grandes cidades que aglomeravam um número cada 
vez maior de pessoas em busca de trabalho nas indústrias. Processualmente, conso-
lidou-se uma nova relação dos indivíduos com o tempo. 
Essas mudanças significativas que aconteceram na Europa ao longo do século XVIII é 
um dos elementos explicativos para o surgimento da sociologia. Era mais que neces-
sário um campo analítico que pudesse se debruçar sobre as rápidas transformações 
que atingiam a organização social, política e econômica da sociedade.
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OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que você:
> Examinar o 
conceito histórico 
do surgimento da 
sociologia como 
campo científico.
> Explicar os principais 
conceitos elaborados 
por autores clássicos 
da sociologia.
> Explicar a relevância 
dos estudos 
sociológicos para 
a formação de 
indivíduos críticos.
UNIDADE 2
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SUMÁRIO
2 CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA
Nesta unidade, você aprenderá sobre alguns conceitos básicos da sociologia. Para 
isso, convidamos você a aprofundar sobre o pensamento de três grandes teóricos, 
sendo eles Max Weber, Émile Durkheim e Karl Marx. Como ponto de partida, de-
monstraremos o contexto histórico em que essa disciplina se desenvolveu como um 
campo científico.
A sociologia surge em um período de grandes e rápidas transformações políticas, 
econômicas e sociais. A Revolução Industrial e a Revolução Francesa são fatos histó-
ricos que impactam de maneira acentuada a sociedade europeia, alterando rapida-
mente as relações sociais dos indivíduos.
Nesse contexto, muitos teóricos buscaram compreender as nuances que marcavam 
essas aceleradas mudanças. Diversos estudos sociológicos foram produzidos no intui-
to de compreender as novas relações dos indivíduos com as forças produtivas, com o 
Estado e com os novos modelos de organização social.
Sendo assim, o estudo desta unidade possibilitará conhecer os fundamentos socio-
lógicos possibilitarão a compreensão de relevantes conceitos ligados ao campo da 
sociologia.
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, abordaremos as perspectivas teóricas de três autores clássicos das 
ciências sociais. Apresentaremos subsídios nos estudos de Émile Durkheim, Max We-
ber e Karl Marx para compreender como se deu o surgimento e consolidação da so-
ciologia enquanto campo científico.
Abordaremos conceitose reflexões relevantes desenvolvidos por esses autores. Em 
relação à Durkheim, discutiremos os conceitos de coesão social, direito e anomia. 
Também observaremos as reflexões de Max Weber sobre os indivíduos e a sociedade, 
dando ênfase aos seus estudos sobre o protestantismo e a ética capitalista.
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Em Marx, destacaremos os estudos referentes ao materialismo histórico. De acordo 
com essa teoria, as explicações para as realidades sociais vivenciadas em determina-
do período estariam ligadas às condições materiais.
Por último, trataremos o tema das desigualdades presentes na sociedade brasileira 
demonstrando as raízes históricas das mazelas sociais que assolam o Brasil.
Bons estudos!
2.1 POSTULADO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA
A sociologia, assim como as demais ciências humanas, tem como objetivo explicar 
e compreender os fenômenos, transformações e permanências que ocorrem nas so-
ciedades.
Ao longo de suas histórias, os indivíduos em busca de sobrevivência e melhor qualida-
de de vida, transformam a natureza. Eles buscam suprir suas necessidades a partir da 
produção de alimentos, da fabricação de roupas e por meio da instituição de normas 
e regras. A vida em sociedade exige de cada indivíduo a participação nessa produção. 
As análises sociológicas vêm demonstrando que as trajetórias dos indivíduos são per-
meadas por uma série de fatores, sejam eles de ordem psicológica, familiar, estrutural, 
pessoal, etc. E, é nessa complexa relação entre esses fatores, que podemos encontrar 
pistas para compreender as trajetórias dos indivíduos e das instituições.
A sociologia fornece conceitos e possibilita uma análise das questões que permeiam 
o meio social e a individualidade. Como campo científico, ela fornece ferramentas 
imprescindíveis para uma visão crítica e sistematizada de determinado contexto so-
cial.
Uma das funções da sociologia é desenvolver o senso crítico e contribuir para a for-
mação de indivíduos autônomos e conscientes da realidade social em que vivem.
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SUMÁRIO
Sociologia
Trajetórias
Realidade
social
Visão
crítica
Isso significa que a sociologia desenvolve dispositivos individuais que permitem ao 
indivíduo uma análise de suas vivências e experiências cotidianas, além de possibili-
tar que esse indivíduo faça relações entre as mais diversas situações políticas, sociais, 
econômicas e culturais que condicionam suas vidas.
É importante frisar que a sociologia surgiu como uma maneira de se tentar explicar 
as transformações aceleradas que atingiram a sociedade europeia no decorrer dos 
séculos XVIII e XIX, momento do desenvolvimento da sociedade capitalista.
Na busca do entendimento das transformações geradas pela introdução e uso acen-
tuado das máquinas no sistema produtivo e também buscando soluções para os 
problemas gerados pelo desenvolvimento de uma nova organização social, muitos 
pensadores produziram teorias, que se tornariam as bases para a sociologia se desen-
volver enquanto uma ciência autônoma.
A sociologia se consolidou e, ao longo do século XX, se destacou, tornando-se uma 
disciplina reconhecida mundialmente. Os estudos sociológicos possuem grande re-
levância para a sociedade, uma vez que possibilitam aos indivíduos entenderem os 
mecanismos que regem a sociedade, possibilitando uma leitura crítica da sociedade. 
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2.1.1 CONHECENDO ÉMILE DURKHEIM
Nascido na cidade de Épinal, França, Durkheim (1858–1917) formou-se na Escola 
Normal Superior. Em 1887, começou a ministrar a disciplina de sociologia em Bor-
deaux, na França.
Ainda jovem, Durkheim é enviado à Alemanha e fica deslumbrado com as universi-
dades e sua organização. Ele entra em contato com filósofos alemães que se interes-
savam pelo papel do Estado Moderno.
Os estudos de Durkheim contribuíram para a consolidação da sociologia como cam-
po científico. Em 1898, ele fundou uma revista de ciências sociais chamada L’Annee 
Sociologique e, em 1902, tornou-se professor da Faculdade de Letras de Paris, local 
em que vai desempenhar um papel relevante para tornar a sociologia uma disciplina 
universitária.
Na vida política, Durkheim foi fundador da Liga Francesa para a Defesa dos Direitos 
do Homem e do Cidadão. Ele também integrou a União Sagrada, um movimento 
político que reunia franceses de tendências políticas diversificadas durante a Primei-
ra Guerra Mundial. Tornou-se secretário do Comitê de Estudos e de Documentação 
sobre a guerra.
Durkheim é considerado o pai da sociologia moderna. Os métodos que ele desenvol-
veu são utilizados ainda hoje por diversos pesquisadores. Suas contribuições foram 
relevantes para construção de uma abordagem sociológica e para a sistematização 
dessa área do conhecimento.
De acordo com Durkheim, a sociologia deveria se preocupar com a apreensão e o 
estudo da realidade dos indivíduos. Para ter êxito nessa empreitada, seria necessário 
lançar mão do método científico e da observação empírica. 
Dessa forma, Durkheim buscava estabelecer os fundamentos da disciplina sociológi-
ca de maneira sistematizada e, assim, contribuiu de modo significativo na consolida-
ção desse campo científico.
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SUMÁRIO
2.1.1.1 SOLIDARIEDADE, COESÃO SOCIAL E DIVISÃO 
DO TRABALHO
De acordo com Émile Durkheim, a sociedade assegura sua perpetuação a partir de 
regras, normas, costumes e sistemas de leis que prevalecem sobre os indivíduos.
É importante ressaltar que são as leis que possibilitam a formação de uma consciên-
cia coletiva de integração entre todos os membros de uma determinada sociedade 
e, é a partir delas, que se solidificam as instituições, como a família, a escola, a igreja, o 
sistema judiciário e o Estado. Essas instituições formam a base de toda sociedade, pois 
congregam elementos que dão sustentação e ajudam na manutenção da mesma.
Para Durkheim, tamanha é a relevância das instituições sociais que o mesmo definia 
a própria sociologia como a ciência das instituições sociais, do seu surgimento e do 
seu funcionamento.
Para esse autor, o que garante a manutenção das instituições é a herança que vai 
sendo passada de geração a geração por intermédio da educação. Essa herança pode 
ser entendida como os costumes, hábitos e valores transmitidos por nossos pais e 
antepassados. 
A força da sociedade encontra-se justamente nessa herança, que, controlada e con-
dicionada pelas instituições, estabelece como cada membro da sociedade deve agir 
para não desestabilizar a sociedade.
Coesão social Integração
Para Durkheim, a coesão e integração são elementos essenciais da sociedade. Os 
conflitos, nessa perspectiva, seriam frutos da ausência ou insuficiência de normas e 
leis que gerissem as relações sociais. 
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O processo de socialização seria um fato social mais amplo, em que se propagam os 
valores gerais de uma sociedade e torna-se possível a construção e difusão de ideias 
que formam um conjunto homogêneo, fazendo com que a sociedade se sinta inte-
grada e se consolide no tempo.
Durkheim chama a atenção para o fato de que a crescente especialização e divisão 
do trabalho ocorrido na modernidade (produçãoindustrial) foi marcada não pelo 
conflito, como, por exemplo, dizia Karl Marx, mas, sim, por uma forma superior de 
solidariedade.
A coesão social estaria ligada à intensidade das relações de cada sociedade. Em so-
ciedades marcadas pelo alto grau de divisão do trabalho, é possível perceber uma 
acentuada interdependência funcional entre as pessoas.
Um exemplo que nos permite lançar luz sobre o conceito de coesão social pode 
ser, genericamente, relacionado às torcidas de futebol. Nesse caso, a coesão so-
cial pode ser percebida na composição das torcidas. O compartilhamento, por 
parte de indivíduos da mesma torcida, de uniformes, ações, entoação de hinos 
e objetivos comuns constituem dispositivos que permitem a interação dessas 
pessoas e desenvolvem um sentimento de identidade entre o grupo.
É importante frisar que a coesão social é um elemento de grande relevância 
para a construção de uma sociedade justa. Contudo, vale lembrar que, ao longo 
da história, há exemplos catastróficos relacionados à coesão social, tal qual o 
desenvolvimento do Estado nazista alemão, na primeira metade do século XX.
Os laços e as redes de interdependência que vão sendo construídos é que caracteri-
zam o que chamamos de coesão social. Em sociedades nas quais a divisão do traba-
lho aparece de maneira reduzida, a unidade (coesão) social é garantida pelas crenças. 
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SUMÁRIO
De acordo com Durkheim, o desenvolvimento de uma sociedade está estreitamente re-
lacionado com a divisão do trabalho. É a partir dessa divisão que se cria a solidariedade.
Émile Durkheim foi um autor fortemente influenciado pelos acontecimentos 
históricos dos séculos XVIII e XIX. A Revolução Industrial que iniciara em meados 
do século XVIII ampliou a produção de mercadorias. Com a utilização cada vez 
maior de tecnologias, a indústria e a produção industrial na Inglaterra se expan-
diram para outros países no século XIX.
A Revolução Francesa (1789) é um exemplo interessante para se pensar as trans-
formações políticas e estruturais. A revolução significou o fim do feudalismo e o 
surgimento de uma sociedade com novas bases de organização política, econô-
mica, social e cultural. 
As instituições políticas da sociedade feudal deram lugar a instituições que 
pregavam novos valores e que se baseavam nos ideais de liberdade, igualdade 
e fraternidade. Todas essas rápidas transformações eram observadas por Dur-
kheim na segunda metade do século XIX.
É importante ressaltar a estreita relação entre a divisão do trabalho, o conceito de 
coesão social e o conceito de solidariedade desenvolvido por Durkheim. Compreen-
der a dinâmica que envolve essa relação é essencial para entender a perspectiva teó-
rica desse autor.
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2.1.2 DIREITO E ANOMIA
Em “Da divisão do trabalho social”, Durkheim afirma que a solidariedade social é um 
fenômeno moral de difícil observação, mas que pode ser compreendido a partir de 
seu símbolo visível: o direito. 
Para o autor, quando a solidariedade social é forte, multiplicam-se as relações entre 
os homens, sendo que quanto mais solidários, mais estes mantêm relações diversas 
com outros indivíduos e grupos. Assim, ele afirma que o número dessas relações é 
diretamente proporcional àquele das regras jurídicas.
Com efeito, a vida social, em todas as partes em que ela existe de uma manei-
ra durável, tende inevitavelmente a tomar uma forma definida e organiza-se; 
o direito não é outra coisa senão esta organização mesma, no que ela tem de 
mais estável e preciso. A vida geral da sociedade não pode se desenvolver num 
ponto sem que a vida jurídica se estenda ao mesmo tempo e na mesma pro-
porção. Portanto, podemos estar certos de encontrar refletidas no direito to-
das as variedades essenciais da solidariedade social (DURKHEIM, 1983, p. 32).
Portanto, Durkheim defende um papel central do direito na sociedade moderna. Seu 
papel está em consolidar e precisar as relações sociais mais relevantes para a vida em 
sociedade. 
Para o pensador, o direito é público e privado e assume várias formas. Resumidamen-
te, ele divide o direito em duas categorias:
I. o direito repressivo, cujo objetivo é infligir pena a um criminoso. Age como 
reação passional, isto é, uma vingança pela violação da moral. Como exemplo, 
podemos citar o direito penal. Este refere-se às relações sociais orientadas para 
práticas e crenças comuns da sociedade, concernindo aos Estados fortes da 
consciência coletiva, ou seja, as crenças permanentes e precisas da coletividade; 
II. o direito restitutivo, que se direciona à restituição de um direito perdido. As 
causas do direito civil e direito comercial compõem essa categoria. Ele refe-
re-se às infrações contra o comportamento social em sentido especializado e 
tem fraca intensidade (STEINER, 2016).
Portanto, o direito como a manifestação externa da solidariedade social, permitiria 
compreender o objeto e sua evolução. A partir dessa análise do direito, Durkheim 
identificou duas formas de solidariedade social: a solidariedade mecânica e a solida-
riedade orgânica. 
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SUMÁRIO
A questão da divisão do trabalho observada por Durkheim no início do desenvol-
vimento industrial europeu levou-o a concluir que esta deveria provocar uma rela-
ção de cooperação e solidariedade entre os homens. Todavia, a crescente velocidade 
com que transformações socioeconômicas ocorriam e a ausência de valores morais 
eficientes capazes de guiar o comportamento dos indivíduos fazia com que a socie-
dade mergulhasse em um estado de anomia, isto é, a ausência de regras claramente 
estabelecidas. 
Divisão
do
trabalho 
Solidariedade
Coesão
social
Cooperação
A anomia seria uma característica das sociedades orgânicas desenvolvidas e ocorre-
ria quando as várias funções sociais se tornam débeis e intermitentes. Desse modo, 
como as sociedades complexas se baseiam na diferenciação do trabalho, é preciso 
que as atividades individuais correspondam aos desejos e aptidões desses, mas como 
isso nem sempre acontece, os valores se enfraquecem e a sociedade fica ameaçada 
de desintegração. 
Como solução para o problema, Durkheim propõe as formas cooperativas de pro-
dução econômica. Portanto, a anomia é uma forma de patologia social sob a qual é 
preciso estabelecer um sistema moral capaz de resolver os conflitos sociais. Assim, ele 
afirma em obra já citada aqui:
[...] Se anomia é um mal, é antes de tudo porque a sociedade sofre dela, não 
podendo se privar, para viver, de coesão e regularidade. Portanto, uma regu-
lação moral ou jurídica exprime essencialmente necessidades sociais que a 
sociedade somente pode conhecer; ela repousa sobre um estado de opinião, 
e toda opinião é coisa coletiva, produto de uma elaboração coletiva. Para que 
a anomia tenha fim, é preciso, portanto que exista ou que se forme um grupo 
onde se possa constituir o sistema de regras que faz falta atualmente (DUR-
KHEIM, 1983, p. 5).
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Esse breve conceito, todavia, não pode ser levado ao pé da letra, já que, de acordo 
com Philippe Steiner (2016), a ideia de anomia é gradativamente relegada na obra 
de Durkheim.
Para compreendermos o pensamento de Durkheim, devemos nos atentar para 
alguns elementos importantes. Ele apontava a divisão do trabalho como um 
fator crucialpara o desenvolvimento de qualquer sociedade e considerava a es-
pecialização do trabalho essencial para uma análise social. Para ele, compreen-
der as funções sociais exercidas pelos indivíduos é fundamental para o entendi-
mento dos laços sociais que se desenvolvem na sociedade.
Entre os conceitos desenvolvidos por Durkheim, podemos destacar o de “fato 
social”. Preocupado em definir e sistematizar a sociologia como uma ciência, 
esse intelectual buscou rigorosamente definir o que é ou não objeto de estudo 
da sociologia.
Durkheim entendia que o chamado fato social era um fenômeno que podia ser 
apreendido, mesmo não sendo um elemento biológico ou físico. Sendo assim, 
os fatos sociais estariam ligados a uma força externa, que, de maneira coercitiva, 
exercia forte influência sobre os indivíduos.
Segundo esse autor, a sociedade é que determina as formas de ser dos indiví-
duos, o que pode ser observado na coerção social imposta aos mesmos.
No pensamento de Weber, encontramos pistas importantes para compreender as 
relações entre os indivíduos e o meio social. Os conceitos de direito e anomia elabo-
rados por esse autor nos permitem reflexões sociológicas profundas a respeito das re-
lações entre os indivíduos, o trabalho e o sentimento de solidariedade que se desen-
volve em algumas sociedades, a partir do grau de divisão do trabalho ou das crenças.
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SUMÁRIO
2.2 QUEM FOI MAX WEBER?
Max Weber foi um sociólogo alemão nascido em 1864. Era membro de uma família 
respeitada. Seu pai integrava o Partido Liberal conservador e sua mãe era filha de 
professores. 
Weber foi criado e educado sob uma educação clássica e, em 1882, ingressou na Fa-
culdade de Direito, tornando-se doutor em 1889.
Weber se destacou como professor universitário. Sua habilidade com a pesquisa e 
sua intelectualidade possibilitaram a produção de um estudo que analisava, a partir 
de uma leitura interdisciplinar, a síntese de pesquisas referentes à história econômica 
e à história das religiões.
Max Weber possuía vínculos de ordem acadêmica e política. Ele atuava na chamada 
União Social Evangélica. Tratava-se de um movimento ligado ao protestantismo, que 
representava uma reação ao modelo de sociedade industrial e urbana daquele período. 
Max Weber também integrava a União Social-Política, uma das mais importantes de 
todas as sociedades eruditas na história das ciências sociais. Também possuía víncu-
los com o Partido Liberal Nacional. Esse partido, apesar da forte influência que exercia 
na Prússia, não tinha força em nenhum outro país europeu. É importante frisar que o 
Partido Liberal Nacional tinha como integrante o pai de Max Weber.
2.2.1 A ASCESE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO
Ao analisar a ascese e o espírito do capitalismo, Weber busca compreender como o 
puritanismo ascético contribuiu de maneira peculiar para o desenvolvimento econô-
mico das regiões nas quais essa religiosidade se estabeleceu.
De acordo com o pensamento de Weber, a partir da ascese, ou seja, das práticas e 
comportamentos dos indivíduos puritanos, seria possível compreender quais meca-
nismos estão relacionados entre os comportamentos e hábitos puritanos e o desen-
volvimento e prosperidade econômica.
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Com base nessa mentalidade puritana, o tempo ocioso é visto negativamente, pois 
o descanso:
Deve ser deixado para o outro mundo, pois na Terra, o homem tem que traba-
lhar o dia todo, até mesmo os ricos, para que possam cumprir sua destinação, 
aumentando assim sua glória em Deus. A ociosidade é considerada o princi-
pal de todos os pecados (WEBER, 1987, p. 116).
Na mentalidade protestante, o trabalho tem um significado expressivo diante da vida, 
uma vez que é visto como um preventivo contra toda e qualquer tentação. O esforço 
individual é valorizado e é reconhecido como um meio de se obter a graça de Deus. 
As práticas religiosas protestantes não veem no lucro algo pecaminoso. Ao contrário, 
a prosperidade econômica é vista como uma dádiva de Deus, só condenável se utili-
zada para se obter prazeres mundanos.
O trabalho é a finalidade da vida e o preventivo contra todas as tentações. 
Quem não tem vontade de trabalhar não tem estado de graça. O crente deve 
utilizar a sua vocação para atingir o lucro. Se Deus vos aponta um meio pelo 
qual legalmente obtiverdes mais do que por outro (sem perigo para a vossa 
alma ou para a de outro), e se o recusardes um dos fins da vossa vocação, e 
recusareis a ser o servo do Deus, aceitando suas dádivas e usando-as para Ele, 
quando Ele assim o quis. Deveis trabalhar para serdes ricos para Deus, e, evi-
dentemente, não para a carne ou o pecado (WEBER, 1987, p. 116).
Essa visão sobre a prosperidade econômica é uma das explicações para a ideia de acu-
mular capitais valorizadas no protestantismo. Uma das maneiras de se explicar as divi-
sões do trabalho e as desigualdades sociais eram dadas a partir da leitura religiosa da vo-
cação. Sendo assim, cada indivíduo ocupa na sociedade o lugar que Deus lhe destinou.
2.2.1.1 O PROTESTANTISMO E O “ESPÍRITO” DO 
CAPITALISMO
“A ética protestante e o espírito do capitalismo” é a obra mais controvertida e excitan-
te de Max Weber, publicado entre os anos de 1904-05. Sua tese central era a de que 
a rigorosa doutrina calvinista havia criado um compromisso inexorável com a crença 
no dever ético que incita as pessoas a desprezar os prazeres mundanos. 
Logo, em face do estímulo da produção e da propriedade privada, sem a *usura, o re-
sultado foi que, nas nações protestantes, aconteceu um rápido acúmulo de capitais, 
que tornou possível o desenvolvimento do sistema econômico capitalista.
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SUMÁRIO
A certeza da graça, da salvação, viria por meio de uma dedicação exclusiva do tra-
balho, pelo qual o homem estaria condenado a seguir sozinho ao encontro de um 
destino que lhe fora designado já na eternidade. Ninguém poderia ajudá-lo, o que 
significa a eliminação da magia do mundo, isto é, o mundo foi desencantando.
Pode-se dizer mesmo que “Ética protestante e o espírito do capitalismo” é sua obra 
mais clássica de todas. Clássico é um livro que a gente lê muitas vezes e ainda deseja 
ler mais. Isso porque um clássico tem profundidade, eco que ressoa de uma maneira 
tal que cada vez que o lemos aprendemos alguma coisa nova.
Outra razão é o papel que ele joga quanto aos significados teóricos em seu campo. 
Ele oferece ao estudante iniciante em sociologia, economia ou até mesmo filosofia as 
melhores condições introdutórias no conhecimento dos aspectos e categorias teóri-
cas e metateóricas dessas ciências. Dependendo do ponto de partida, será possível 
encontrar um Weber modernista ou pós-modernista como intérprete da cultura, mas 
também como um analista da racionalidade.
Os Estados Unidos da América, que começaram como colônias puritanas, foram, já 
nos dias de Max Weber, a mais capitalista sociedade em todo o mundo. Os protes-
tantes americanos dominavam o mundo dos negócios, bem como as classes dos 
trabalhadores especializados até por volta de 1960.
Weber faz que exista de fato uma dependência (nexo causal) entre o protestantismo 
e o capitalismo. O capitalismo não foi inventado pela Reforma Protestante; já existia 
em muitas sociedades ao longo da história antiga e medieval.
Protestantismo Capitalismo
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