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Citologia Bacteriana Objetivos: 1. Conceituar 2. Descrever a célula bacteriana (estruturas essenciais e acessórias) 3. Descrever as estruturas e função das mesmas para funcionalidade celular 4. Descrever morfologia e arranjo celulares bacterianos Conceito: As bactérias: São microrganismos unicelulares que apresentam morfologia de acordo com a composição da parede celular em forma de cocos, bacilos, espiralados, estrelares e quadrados. São unidades autônomas de matéria viva. Reproduzem-se de forma organizada e através da molécula de DNA (genoma) adquirem suas características genéticas. Principais diferenças entre células eucarióticas e procarióticas: As células eucarióticas têm estruturas que as procarióticas não possuem: aparelho de golgi, membrana nuclear que divide o núcleo do citoplasma. A célula procarionte possui nucleoide, que está disperso no citoplasma e contêm o DNA e um cromossomo que não possui a divisão principal entre o citoplasma. Filogenia microbiana: Com base na filogenia do RNA 165, Woese estabeleceu que existem três tipos de organismos celulares: Bacteria, Archea e Eurakya. Citologia Bacteriana: A bactéria tem estruturas que são extra parede celular. Essa parede celular contorna toda a bactéria. A membrana plasmática contorna todo o citoplasma. Existem estruturas que estão acima da parede celular: flagelos (filamentos longos), fímbrias (filamentos curtos), pilus (fenda sexual). Dentro do citoplasma, abaixo da parede celular, tem a membrana plasmática e estruturas que estão dispersas dentro do citoplasma. A bactéria tem seu nucleoide, que contem o DNA. Tem plasmídeos, que são fitas de DNA circulares extracromossomal. Tem ribossomos. Tem grans de inclusão. Tem esporos. As bactérias são caracterizadas morfologicamente pelo seu tamanho, forma e arranjo. Tamanho: Variam de 0,3 por 0,8 µm até 10 por 25 µm. As espécies de maior interesse médico medem entre 0,5 e 1,0µm por 2 a 5 µm. Forma: Arredondadas: cocos Alongadas: bacilos/bastonetes Espiraladas/helicoidais: espirilo, vibrião, espiroqueta Formas quadradas Formas estreladas Também ser pleomórficas, mudando sua morfologia Morfologia e arranjo celular cocos: a) estreptococos (colar) b) diplococos (pares) c) tetracocos (4) d) sarcinas (8) e) estafilococos (cachos de uva) Quando uma bactéria se divide, suas células se agrupam, formando os arranjos celulares. Morfologia e arranjo dos bacilos: Citologia Bacteriana: Estruturas essenciais: Parede celular Membrana celular Mesossomos Ribossomos Cromossomo Estruturas acessórias: Cápsula Camada limosa Flagelo Pili ou fímbria Esporos Granulos de reserva Plasmídios Parede celular: Estrutura bacteriana essencial. Dá rigidez a célula bacteriana. Reveste toda a membrana citoplasmática. Dá uma característica de permeabilidade à célula. Define a morfologia celular. Composição química: polissacarídeos -> peptídeoglicano (o ácido N-acetilmurâmico e a N- acetilglucosamina). Esses dois peptídeos vão se intercalando, formando a parede celular. Existem bactérias com várias camadas de peptideoglicanos e outras tem poucas camadas de peptideoglicanos. Existem bactérias com os radicais verticais que se intercalam com os peptideoglicanos, que são os D- alamina, que também vai formar diferentes tipos de parede celular. Os peptideoglicanos são sintetizados na membrana citoplasmática, com a ajuda de enzimas chamadas transpeptidases. Gram positivas Gram negativas Peptideoglicana 15 a 50% do peso seco da célula Peptideoglicana ± 5% do peso seco da célula Ácidos teicóicos de parede Fosfolipídeos Ácidos lipoteicóicos Lipopolissacarídeos Lipoproteínas Parede celular das bactérias gram positivas: Muitas camadas de peptideoglicanos (cerca de 90% da parede). Ácido teicoico (polissacarídeo ácido com resíduo de glicerol fosfato ou ribitol fosfato). Tanto o ácido teicoico quanto o ácido lipoteicoico possuem resíduo de glicerol fosfato, porem o lipoteicoico também possui lipídeos. O lipoteicoico penetra até a membrana citoplasmática. O ácido teicoico vai até metade da parede celular. O ácido teicoico oferece variabilidade genética à bactéria. Parede celular das bactérias gram negativas: Membrana externa: Acima do peptideoglicano. Contém fosfolipídeos, lipoproteínas, proteínas e lipopolissacarídeos. Corresponde a uma segunda bicamada lipídica, semelhante à membrana plasmática. Substâncias penetram pela parede celular através das porinas, que são canais. O lipopolissacarídeo vai fornecer à bactéria uma variabilidade genética e faz com que a bactéria resista aos sais biliares, por isso que o intestino é repleto de bactérias gram negativas. O lipídio A é uma estrutura patogênica. Quando a bactéria é destruída ou se reproduz, libera esse lipídio A na corrente sanguínea do individuo. O lipídio A está relacionado à sepse bacteriana. Ele é envolvido pelos macrófagos, e a partir disso o individuo começa a liberar substâncias inflamatórias que vai desencadear o choque séptico bacteriana. Funções da parede celular: Rigidez Proteção osmótica Proteção mecânica Molde a sua própria síntese Permeabilidade do tipo peneira Possui receptores para fagos “Responsável” pelas reações tintoriais ao Gram e ao Ziehl-Neelsen Membrana externa gram negativas: Funções ligadas a componentes da membrana externa: Lipídeo A - endotoxina Polissacarídeo – antígeno (AgO) Porinas OMPs – receptores de fagos OMPs – receptores de pili sexual (estrutura externa que vai ajudar a transferência genética entre bactérias) Funções ligadas aos ácidos teicóicos: Regulação da entrada e saída de cátions Regulação das autolisinas, proteínas que ajudam as gram positivas a ficarem agrupadas Aderência a células do hospedeiro Antígeno para sorotipificação Receptor de bacteriófagos Parede celular das micobactérias: São bactérias que possuem crescimento extremamente lento. Parede celular atípica: Esse tipo de bactéria não forma parede celular composta de peptideoglicano. Como alternativa, possui uma membrana celular de esterol, da mesma forma que as células eucarióticas. São bactérias filamentosas e pleimórficas. Ex: Mycoplasma pneuominae Filamentosa e com tamanho de 0,1µm a 0,25µm. Estruturas externas parede celular: Cápsula Camada limosa/glicocálice Flagelos Fimbrias SPE: Substancias poliméricas extracelulares (SPE) Compostos orgânicos que são depositados para fora da parede celular Cápsula – restrito a uma camada que é ligada a parede celular como um revestimento externo Camada limosa/glicocálice – massa amorfa, dispersa, parcialmente ligada à célula bacteriana Cápsula: Envoltório mais externo que a parede celular, presente em algumas bactérias. É considerada uma estrutura patogênica, porque vai favorecer na bactéria a inibição da fagocitose, a inibição da opsonização, facilitando a invasão tecidual dentro do hospedeiro. Composta de tecido viscoso. Composição química: Geralmente polissacarídea, podendo mais raramente ser proteica. Possibilita a diferenciação de sorotipos. Funções: Dificultar a fagocitose, facilitando a invasão do tecido É um antígeno (Ag K) Camada limosa: Substâncias poliméricas extracelulares (SPE) (predominantemente polissacarídeos) frouxamente ligadas à parede celular, também chamadas glicocálice ou “slime”. Formam estrutura amorfa que pode evoluir para uma matriz altamente organizada, composta por camadas sobrepostas de bactérias, chamada biofilme. Ex. de bactérias produtoras de biofilme: Staphylococcusaureus Staphylococcus epidermidis Streptococcus mutans Pseudomonas aeruginosa Esse biofilme é também produzido por bactérias gram positivas e gram negativas. Principal diferença: Cápsula: camada condensada e bem definida que circunda a célula; contribui para capacidade de invasão das bactérias patogênicas. Glicocálice: rede frouxa de fibrilas que se estende para fora da célula; desempenha papel na aderência (biofilme). Cápsula – glicocálice: Cárie: sacarose -> streptococcus mutans -> dextrana -> placa bacteriana ->lactobacillus sp -> fermentação -> ácidos -> desmineralização do esmalte Pili (fimbrias) e a aderência bacteriana: São filamentos mais finos e mais curtos do que os flagelos, não móveis, localizados na superfície de algumas bactérias. Composição química: proteínas (pilina). Pode ser de 2 tipos: somática ou sexual (Pili F) Funções: Aderência especifica a células do hospedeiro (pili somática) Conjugação entre bactérias Gram negativas (pili sexual) Pili sexual: fímbria mais longa do que as somáticas. A bactéria F+ possui plasmídeos conjugativos, que são transferidos para outra bactéria, a F-. Flagelo: Estrutura e composição: Apêndice longo e sinuoso Seu numero e distribuição varia como gênero-espécie Possuem três partes: filamento, gancho e corpo basal Filamento é constituído de uma proteína globular: flagelina Funções: Motilidade Participa da quimiotaxia (estímulos nutricionais) e fototaxia (estímulos luminosos) Filamento axial – endoflagelo: A bactéria espiralada possui endoflagelos. O endoflagelo contorna toda a estrutura celular da bactéria. Membrana citoplasmática ou plasmática: Composição lipoproteica: bicamada lipídica e proteica. Modelo mosaico fluido. Cobre todo o citoplasma da bactéria. Fornece a bactéria uma permeabilidade seletiva. Nela, vai ter a presença das enzimas transpeptidases, que vão sequenciar a formação da parede celular. Funções: Transporte de solutos Produção de energia por transporte de elétrons e fosforilação oxidativa Biossíntese Duplicação do DNA Processos de obtenção de energia A membrana plasmática pode invaginar, formando o mesossoma. Mesossoma: Invaginação da membrana celular que vai ajudar no processo de divisão septal e no processo de duplicação celular. Bicamada fosfolipídica entremeada de proteínas globulares. Pode ser uma forma da bactéria aumentar a superfície da membrana celular, potencializando as funções executadas por ela. Funções: Síntese e secreção de substâncias Respiração celular Orientação da formação do septo transverso (hipotética) Divisão do genoma após sua replicação (hipotética) Ribossomos: Formados por 2 subunidades Dispersos no citoplasma Composto por RNA ribossômico (RNAr) Sítio de ação de antibióticos como cloranfenicol, eritromicina e aminoglicosídeos Função: Síntese proteica Genoma: Estrutura e composição: Fita de DNA de fita dupla, circular Fita super enovelada, dispersa no citoplasma Pode ocupar até 20% da área do citoplasma Organizado e compacto, pois dentro dele há enzimas que vão ajudar no processo de compactação e organização Não possui membrana celular Não possui histonas Funções: Armazenamento das informações genéticas Grânulo de inclusão: Função e composição: Grânulos “metacromáticos”: grânulos de volutina (polifosfato) Reserva de nutrientes: grânulos polissacarídicos (amido; glicogênio) Reserva de “energia”: grânulos de enxofre Inclusões lipídicas: Mycobacterium, Bacillus (poli-β-hidroxibutirato) Magnetossomas: Aquaspirillum (óxido de ferro) Plasmídeo: Material genético extra-cromossomal, de replicação autônoma. Podem existir diferentes plasmídeos, ou mesmo varias copas do mesmo plasmídeo em uma bactéria. Podem ser transferidos de uma bactéria para outra, principalmente por conjugação. Composição química: DNA Função: Codificar características adicionais da célula bacteriana tais como: produção de pili F (plasmídeo F), resistência a antimicrobianos (plasmídeos R), toxinas, etc. Esporos bacterianos: Células altamente diferenciadas e que possuem pouca quantidade de água. Atuam como estrutura de sobrevivência – condições ambientais desfavoráveis. Estão dispersos dentro do citoplasma. São inertes. Estão inativos. Se a bactéria passa por um processo de estresse, a célula pode morrer, mas os esporos podem começar a entrar em desenvolvimento, a célula começa a esporolar, tendo a produção de toxinas, e resistência a temperatura, pH, levando à sobrevivência dessa bactéria. Estrutura formada por alguns bastonetes Gram positivos (ex: Clostridium, Bacillus) quando expostos a condições adversas. São formas desidratadas, impermeáveis e sem atividade metabólica. Função: Permitir a sobrevivência da célula bacteriana em condições ambientais adversas tais como temperaturas extremas, dessecação, radiações, presença de O2, pH extremos, alta osmolaridade, etc. Classificação de acordo com morfologia e arranjo celular: Classificação das bactérias quanto a respiração: Bactérias aeróbicas: realizam respiração celular e precisam de oxigênio para sobreviver. Bactérias anaeróbicas: realizam fermentação. Tem as restritas, que só sobrevivem na ausência de oxigênio, e as facultativas, que podem sobreviver tanto na ausência como na presença de oxigênio. Classificação bacteriana quanto à nutrição: Bactérias autótrofas: produzem glicose através dos processos de fotossíntese e quimiossíntese. Bactérias heterótrofas: são incapazes de sintetizar sua glicose, devendo obtê-la através da alimentação. Respiração (aeróbica) e fermentação (lática e alcóolica). Reprodução celular bacteriana: Assexuada – bipartição (divisão binária/cissiparidade) Microbiota humana: Principais grupos bactérias gram positivas: Principais grupos bactérias gram negativas: Taxonomia bacteriana: A classificação é a organização das bactérias em grupos tendo por base as semelhanças existentes entre os diferentes grupos. Na classificação bacteriológica, a “espécie” é o grupo fundamental: As espécies estão reunidas em gêneros. Os gêneros em famílias. As famílias em ordens. As ordens em classes. É a organização de vários grupos em gêneros, espécies, etc. denominados Taxon ou Taxa. É regida pelo código internacional ou nomenclatura bacteriana: Manual de Bergey (livro referência para classificação e identificação bacteriana de interesse médico, industrial ou ecológico). Os taxon são construídos da mesma maneira, o que permite a comunicação entre microbiologistas e outros profissionais. O nome do gênero e das espécies é sempre escrito em itálico e na falta desse tipo de letra, o nome é sublinhado.
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