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Doutrina de Inteligência I
Aula 4 - Conceitos, princípios e noções
fundamentais
INTRODUÇÃO
Nesta aula, você irá compreender diversos conceitos necessários à Doutrina de Inteligência. Além disso, você irá
identificar os princípios basilares nos quais se apoia a atividade de Inteligência e seus profissionais. Por fim, irá
analisar algumas noções fundamentais sobre os tipos de conhecimento produzidos por profissionais de Inteligência.
OBJETIVOS
Compreender alguns conceitos sobre Inteligência;
Identificar os princípios que regem a atividade de Inteligência;
Analisar noções fundamentais sobre a atividade de Inteligência.
Tendo nos familiarizado com a parte introdutória da Doutrina, chega o momento de aprofundarmos nossos estudos,
para que avancemos sobre o vasto campo da Inteligência. Para tanto, é necessário que tenhamos intimidade com
algumas expressões, alguns princípios e fundamentos básicos, que nos permitirão absorver e compreender as lições
por vir.
Atenção
, Clique aqui (galeria/aula4/docs/a04_t03.pdf) para conhecer conceitos básicos.
Princípios
Os que escrevem sobre o tema costumam elencar diferentes princípios orientadores da
atividade de Inteligência. Separamos aqui, aqueles que, com variações insignificantes,
costumam ser descritos por cada um dos autores sobre o tema.
Objetividade
Apregoa que a Inteligência deve sempre ter uma finalidade ou um objetivo específico e bem
delineado. O conhecimento produzido deverá sempre ser expresso através da maior
precisão possível, com fidelidade, clareza e simplicidade. Não se deve fugir dos objetivos a
serem alcançados.
Segurança
Pressupõe que todo o planejamento, a produção e a divulgação do conhecimento sejam
permeados pelo sigilo. Visa-se limitar o acesso à Inteligência apenas às pessoas que a ela
devem conhecer. Isto não significa que todo o produto da atividade de Inteligência será
sigiloso, uma vez que, por vezes, a difusão do conhecimento produzido mostra-se
necessária. 
Outro aspecto deste princípio está relacionado à proteção física, lógica e pessoal das
instalações, sistemas, acessos etc. Por fim, a atividade de Inteligência deve ser
desenvolvida em um quadro de segurança, ausência de perigo, que possibilite ao agente de
Inteligência trabalhar de forma eficiente e eficaz. 
O princípio da segurança é importantíssimo, neste aspecto, devendo nortear a criação de
protocolos, processos e sistematização do constante treinamento e aprendizado, visando
minimizar a possibilidade de falhas.
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/GON829/galeria/aula4/docs/a04_t03.pdf
Oportunidade
Pressupõe que o conhecimento deva ser produzido em prazo que o permita ser útil e
oportuno, atingindo o fim para o qual foi produzido. O valor de uma informação tem um
prazo para ser aproveitado, após o qual, mesmo sendo de credibilidade máxima, não é mais
útil. Assim, o desrespeito a este princípio poderá acarretar a inutilização do conhecimento
produzido. Os dados e as informações devem ser entregues ao tomador de decisão, de
modo que se permita a ele a adoção de medidas oportunas para atingir seus objetivos.
Controle
Prevê a utilização de rígidas normas com o fim de detectar e evitar, minimizar e/ou corrigir
os desvios (erros por vazamentos de informações, documentos, conhecimentos, e desvios
de conduta). Também impõe um rígido processo de recrutamento de pessoal. Direção
honesta e capaz, estrutura organizacional adequada, fluxograma de documentos,
recrutamento administrativo cuidadoso, são medidas aptas a implementar o citado
princípio.
Imparcialidade
Significa a adoção de medidas aptas a evitar o surgimento de fatores que possam causar
distorções nos resultados dos trabalhos. O princípio da imparcialidade determina que as
ações, na Atividade de Inteligência, sejam desencadeadas de forma isenta de ideias
preconcebidas, subjetivas, distorcidas ou tendenciosas. Os objetivos devem ser alcançados
sem que haja interferências pessoais.
Simplicidade
Pressupõe a produção de conhecimentos claros e concisos apresentados através de
documentos simples. A linguagem utilizada não deve ser rebuscada, prolixa ou erudita,
porquanto o conhecimento produzido deva ser de fácil, imediata e completa compreensão
por parte do destinatário. Está associado ao princípio da clareza. Deve-se evitar a
adjetivação em excesso. O tomador de decisão muitas vezes tem pouquíssimo tempo para
decidir, de maneira que as informações devem ser de rápida e fácil compreensão.
Clareza
Muitas vezes, confunde-se com o princípio da simplicidade, no entanto, refere-se mais ao
conteúdo textual do documento, do que a forma de apresentação. Implica assim na
necessidade de se manter o texto conciso, claro, sem rebuscamento, com sentenças curtas
e objetivas.
Amplitude
O conhecimento deverá ser produzido de forma mais completa, levando em consideração
tudo relacionado ao fato ou à situação, devendo submeter-se, no entanto, à objetividade.
Legalidade
A Atividade de Inteligência deve ser exercida dentro dos ditames legais. No Estado
democrático de direito, as instituições públicas e privadas devem obediência à Constituição
e aos Tratados Internacionais dos quais o Brasil seja signatário.
Compartimentação
Este princípio determina a restrição do acesso ao conhecimento produzido somente àqueles
que tenham a necessidade de conhecê-lo, ou seja, dentro da agência, por exemplo, em regra,
não há necessidade que um analista de uma carteira tenha acesso ao conhecimento
produzido pelos analistas de outra carteira.
Sigilo
Diz respeito à adoção de medidas que visem à proteção do conhecimento produzido, bem
como dos meios empregados para a obtenção do conhecimento. Ex.: Artigo 325 do CP.
Artigo 40, IX do DL 220/75.
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
Algumas noções preliminares são essenciais ao nosso aprofundamento e total compreensão do tema. Assim, faremos
uma relação com os conceitos anteriormente esposados e as noções que agora serão apresentadas.
O conhecimento é o resultado, a transformação do dado. Tem início com a representação de um fato ou de uma
situação que não decorra da produção intelectual do profissional de Inteligência, mas que seja de interesse deste. É
isso que se considera como dado na linguagem de inteligência.
O dado é a matéria-prima bruta, sem trabalho de análise. É toda e qualquer representação de fato, situação,
comunicação, notícia, documento, extrato de documento, fotografia, gravação, relato, denúncia etc., ainda não
submetido, pelo profissional de Inteligência, à metodologia de Produção de Conhecimento.
Acompanhando o percurso do dado até a sua transformação em conhecimento, é preciso observar os estados da
mente diante da verdade.
Atenção
, A verdade é a perfeita concordância do conteúdo do pensamento com o objeto. Porém, a relação da mente com o objeto nem
sempre se efetiva de forma perfeita, pois, algumas vezes, a mente encontra obstáculos que a impedem de formar uma imagem
totalmente fiel ao objeto. Desta forma, todos os profissionais que a exercem devem acautelar-se contra a mera ilusão da verdade,
ou seja, contra o erro.
Fonte da Imagem: Shutterstock
A mente, então, pode se encontrar em vários estados mentais ao se deparar com a verdade. Estes estados mentais
são:
Ignorância: é o estado mental caracterizado pela ausência de qualquer imagem de determinado objeto;
Dúvida: é o estado de equilíbrio do espírito entre duas asserções contraditórias. É o estado mental de equilíbrio, em que
se encontram razões para aceitar e razões para negar que a imagem, por ela mesma formada, está em conformidade
com determinado objeto;
Opinião: é o estado de espírito que afirma, com algum temor de se enganar. É o estado em que a mente aceita,
ressalvando enganar-se, a imagem que ela mesma formou. Não se deve confundir opinião com suspeita, tampouco
com preconceito;
Certeza: é a aceitação total, pela mente, da imagem que ela formou, como sendo aquela correspondente a
determinado objeto. Resulta da razão e da experiência.
Erro é uma desconformidade do juízo com o que é de verdade. É ailusão da verdade, a negação da verdade. É causado
pela falta de perspicácia, falta de atenção e concentração, falta de memória, vaidade, preguiça, impaciência. Para que
se evite o erro deve-se desenvolver a inteligência, evitar devaneios, caprichos, associações de imagens, estudar as
regras de lógicas etc.
Fonte da Imagem: Shutterstock
Faz-se ainda necessário observar que diante da verdade, percorremos processos ou operações intelectuais visando
adquirir toda a percepção de um contexto. Os processos que percorremos são:
Ideia: é a simples concepção da imagem do objeto;
Juízo: é o processo intelectual através do qual a mente estabelece uma relação entre ideias;
Raciocínio: é o processo intelectual percorrido pela mente, a partir mais de um juízo conhecido, em que se alcança
outro juízo que deles decorre logicamente.
Por fim, temos os tipos de conhecimento de inteligência que serão produzidos com a utilização dos processos mentais
a partir dos estados mentais. São eles:
1. Informe
É o conhecimento resultante de juízo(s) formulado(s) pelo profissional de Inteligência e que
expressa a sua certeza ou opinião sobre fato ou situação passados e/ou presentes. 
Créditos aos autores da Apostila de Inteligência Policial disponível em:
//serjorsil.wixsite.com/detetivesergio/biblioteca
(//serjorsil.wixsite.com/detetivesergio/biblioteca), acesso em 11/12/2016; 
Então vejamos, na definição, o conhecimento carrega as seguintes características iniciais do
informe:
• É uma representação oral ou escrita;
• Tem por objetivo fatos ou situações necessariamente de interesse da Atividade de
Inteligência;
• É produzido pelo profissional de Inteligência.
Além disso, ser resultante de juízo significa que o informe é a narração de um fato ou uma
situação, passados ou presentes, resultante exclusivamente do juízo formulado por um
profissional de Inteligência, o qual, no ato da elaboração, não ultrapassa os limites deste
juízo, por não ter configurada uma base mínima sobre a qual possa desenvolver um
raciocínio. 
Ser formulado por profissional de Inteligência destaca que é necessário ao Informe, o
atributo capacidade de julgamento e de análise e síntese, em níveis compatíveis com a
complexidade desse tipo de conhecimento. A produção do Informe exige, também, por parte
do profissional, o domínio de metodologia específica, em especial da técnica de avaliação
de dados. 
Expressa a sua certeza ou opinião, traduz a necessidade de se haver gradação no que diz
respeito ao estado em que se situa a mente com relação à verdade. Assim, o Informe pode
expressar certeza ou opinião, estados que são representados através do uso de linguagem
apropriada. 
Sobre um fato ou uma situação passados e/ou presentes, limita o tempo acerca do qual o
Informe tratará. Apenas os fatos e as situações pretéritos e/ou presentes serão abarcados.
Esta característica do Informe deixa claro que este documento não pode traduzir qualquer
tipo de evolução futura.
https://serjorsil.wixsite.com/detetivesergio/biblioteca
2. Informação
É o conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s) pelo profissional de Inteligência e
que expressa a sua certeza sobre fato ou situação passados e/ou presentes. 
É o conhecimento, ou seja, aqui de igual forma carrega as seguintes características iniciais
do informe: 
• É uma representação oral ou escrita; 
• Tem por objetivo fatos ou situações necessariamente de interesse da Atividade de
Inteligência; 
• É produzido pelo profissional de Inteligência. 
Resultante do raciocínio significa que a informação é consequente da operação mais
acurada da mente, o raciocínio. Assim, é um conhecimento que extravasa os limites da
simples narração dos fatos e contém uma interpretação. 
Elaborado pelo profissional de Inteligência traz a ideia de que, entre os atributos exigidos
para ele, destaca-se, como necessário à produção do conhecimento Informação, o
raciocínio lógico e flexível, em níveis compatíveis com a complexidade desse tipo de
conhecimento. 
Isto expressa a sua certeza e significa que admite gradação naquilo que se refere à relação
da mente com a verdade dos fatos. A informação expressa unicamente um estado de
certeza.
3. Apreciação
É o conhecimento resultante de raciocínio elaborado pelo profissional de Inteligência e que
expressa a sua opinião sobre fato ou situação passados e/ou presentes. 
As definições que já fizemos anteriormente aqui se aplicam igual. Já discorremos sobre o
significado das expressões que formam o conceito. 
A Apreciação tem muita semelhança com a Informação. No entanto, a grande diferença
reside no estado em que se posiciona a mente do agente de Inteligência no ato de produção
do conhecimento. Enquanto na Apreciação, o estado é de opinião, na Informação, conforme
visto, o estado é o de certeza. O fato de estar o conhecimento baseado na opinião permite
que o agente faça projeções sobre os fatos analisados, sem, entretanto, avançar a ponto de
fazer previsões sobre eventos futuros.
4. Estimativa
É o conhecimento resultante de raciocínio elaborado por agente de Inteligência e que
manifesta a sua opinião sobre a evolução de um fato. 
A estimativa trata essencialmente do futuro, na medida em que a expressão do agente se
refere ao que acredita que ocorrerá após a evolução daquele fato. 
Veja a segui um esquema destes conceitos, visando facilitar a compreensão e o
aprendizado.
1. O estado mental caracterizado pela ausência de qualquer imagem de determinado objeto é:
Ignorância
Certeza
Opinião
Dúvida
Verdade
Justificativa
2. A ação de procura de dados de obtenção difícil, dados que são negados, necessitando para isso do emprego de
técnicas operacionais e acionamento do elemento de operações é:
Coleta
Informe
Busca
Conhecimento
Compartimentação
Justificativa
3. Conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s) pelo profissional de Inteligência e que expressa a sua certeza
sobre fato ou situação passados e/ou presente é:
Ideia
Raciocínio
Informação
Informe
Estimativa
Justificativa
4. O conhecimento deverá ser produzido de forma mais completa, levando em consideração tudo relacionado ao fato
ou à situação, devendo submeter-se, no entanto, à objetividade. Este é o princípio da/do:
Compartimentação
Simplicidade
Sigilo
Amplitude
Legalidade
Justificativa
5. O processo intelectual percorrido pela mente, a partir mais de um juízo conhecido, em que se alcança outro juízo que
deles decorre logicamente, é:
Raciocínio
Ideia
Juízo
Erro
Convicção
Justificativa
Glossário

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