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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 28 Professor: Daniel Butters – danielmbutters@hotmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: CIRCUITOS ELÉTRICOS I 2.4. NÓS, RAMOS E LAÇOS Conhecemos anteriormente que um circuito elétrico é caracterizado pela inter- conexão entre elementos, porém veremos que estes elementos podem ser conecta- dos de diversas maneiras. Por isso, em análises de circuitos é muito importante estu- darmos as propriedades relacionadas à colocação dos elementos nos circuitos e a sua configuração geométrica. Um ramo é qualquer elemento de dois terminais, podendo ser, portanto, um componente simples como um resistor ou uma fonte ou um grupo de componentes percorrido pela mesma corrente. Em um circuito, um nó é indicado por um ponto. Este ponto interliga dois ou mais ramos. Se um curto-circuito conecta dois nós, estes constituem, portanto, um único nó. Em um circuito real, os nós podem ser o ponto de solda, incluindo todos os condutores conectados a esse ponto. Um laço é um caminho fechado, iniciando-se em um nó, passando por uma série de nós e retornando ao nó inicial sem passar por qualquer outro mais de uma vez. Podemos dizer que um laço é independente se ele contiver pelo menos um ramo que não faça parte de outro laço independente. Em um circuito, podemos formar um conjunto de laços independentes que resultam em um conjunto de equações indepen- dentes. Uma malha é um laço que não possui caminhos fechado em seu interior. AULA 3 Ramo representa um elemento único ou conjunto de elementos percorridos pela mesma corrente. Observação: O teorema fundamental da topologia de rede determina que em uma rede com b ramos, n nós e l laços independentes, deve satisfazer a condição: 𝒃 = 𝒍 + 𝒏 − 𝟏 Nó é o ponto de conexão entre dois ou mais ramos. Laço é qualquer caminho fechado em um circuito. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 29 Professor: Daniel Butters – danielmbutters@hotmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: CIRCUITOS ELÉTRICOS I No exemplo de circuito a seguir, podemos classificar cada fonte e cada resistor como um ramo, portanto temos 5 ramos. Podemos visualizar três nós, representados pelas letras a, b e c. Vale ressaltar que os nós interligados por curtos-circuitos, fazem parte de um único nó. Além disso, neste circuito é possível formar até três laços inde- pendentes, como por exemplo, o caminho fechado entre a fonte de tensão, o resistor de 5 Ω, o resistor de 2 Ω e o retorno até a fonte de tensão seria um laço, representado pela seta azul. Da mesma forma ocorrem os laços representados pelas setas verme- lha e verde. Outras duas definições importan- tes em topologia de circuitos, que são de grande valia para os estudos de tensões e correntes, são as definições de cone- xão em série e conexão em paralelo. Os elementos estão em série quando estiverem conectados em se- quência, de ponta a ponta, comparti- lhando um nó em comum e que nenhum outro elemento estiver conectado a esse nó. Os elementos estão conectados em paralelo quando são conectados ao mesmo par de terminais e estiverem submetidos a mesma tensão. Figura 16: Representação de nós, ramos e laços. Fonte: ALEXANDER, CHARLES K.; SADIKU, MATTHEW N. O. Funda- mentos de Circuitos Elétricos 5ª Edição. Porto Alegre: Mc Graw Hill, 2013. Pág. 32. Figura 17: Representação de ligação em série. Fonte: ALEXANDER, CHARLES K.; SADIKU, MATTHEW N. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos 5ª Edição. Porto Alegre: Mc Graw Hill, 2013. Pág. 39. Figura 18: Representação de ligação em paralelo. Fonte: ALEXANDER, CHARLES K.; SADIKU, MATTHEW N. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos 5ª Edição. Porto Alegre: Mc Graw Hill, 2013. Pág. 40. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 30 Professor: Daniel Butters – danielmbutters@hotmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: CIRCUITOS ELÉTRICOS I 2.5. LEIS DE KIRCHHOFF As leis de Kirchhoff juntamente com a lei de Ohm, formam um conjunto de fer- ramentas poderoso e suficiente para análise de circuitos elétricos. As análises, teore- mas e técnicas mais complexas que veremos nas próximas aulas, são basicamente a aplicação destas leis juntamente com a utilização de recursos matemáticos. A lei de Kirchhoff para corrente (LKC) determina que a soma das correntes que entram em um nó é igual à soma das correntes que saem desse nó. Esta lei é baseada na lei da conservação da carga, a qual diz que cargas não podem ser criadas nem destruídas e, portanto, como o conceito de corrente elétrica está intimamente ligado as cargas elétricas, o mesmo se aplica para as correntes em um nó. Matematicamente, a LKC implica o seguinte: ∑ 𝑖𝑛 𝑁 𝑛=1 = 0 Onde N é o número de ramos conectado ao nó e in é a enésima corrente que entra (ou sai) do nó. 𝑖1 + 𝑖3 + 𝑖4 = 𝑖2 + 𝑖5 𝑖1 + 𝑖3 + 𝑖4 − 𝑖2 − 𝑖5 = 0 Componentes estão em série se são percorridos pela mesma corrente. Componentes estão em paralelo se são submetidos à mesma tensão. A lei de Kirchhoff para corrente (LKC) diz que a soma algébrica das correntes que entram em um nó em qualquer instante (ou limite fechado) é zero. Observação: É importante ressaltar que quando dizemos “soma algébrica” significa que os sinais das correntes devem ser considera- dos na soma, portanto, consideramos as correntes que entram no nó como positivas e as correntes que saem como negativas. Figura 19: Correntes em um nó e LKC Fonte: ALEXANDER, CHARLES K.; SA- DIKU, MATTHEW N. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos 5ª Edição. Porto Ale- gre: Mc Graw Hill, 2013. Pág. 34. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 31 Professor: Daniel Butters – danielmbutters@hotmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: CIRCUITOS ELÉTRICOS I Uma aplicação simples da LKC é a associação de fontes de corrente em para- lelo. A associação pode ser substituída por uma fonte equivalente cujo valor de corrente é a resultante da soma algébrica das corren- tes fornecidas pelas fontes individuais. Por exemplo, as fontes da figura 20a podem ser combinadas, como mostra a figura 20b. A lei de Kirchhoff para tensão (LKT) ou lei das malhas, determina que a soma das quedas de tensão é igual a soma das elevações de tensão em um laço fechado. Esta lei se baseia no princípio da conservação de energia, a qual diz que energia não pode ser criada nem destruída e, portanto, como o conceito de tensão está intima- mente ligado ao conceito de trabalho e energia, o mesmo se aplica para as tensões em um laço fechado. Matematicamente, a LKT implica o seguinte: ∑ 𝑣𝑚 𝑀 𝑚=1 = 0 Onde M é o número de tensões no laço e vm é a enésima tensão presente no laço. Fonte: ALEXANDER, CHARLES K.; SADIKU, MATTHEW N. O. Fundamentos de Circuitos Elé- tricos 5ª Edição. Porto Alegre: Mc Graw Hill, 2013. Pág. 35. Figura 20: Associação de fontes de corrente em paralelo. Observação: Um circuito não pode conter duas fontes de corrente ideais dife- rentes em série, a menos que I1 = I2, caso contrário a LKC seria violada. A lei de Kirchhoff para tensão (LKT) diz que a soma algébrica de todas as tensões em torno de um caminho fechado (ou laço) é zero. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 32 Professor: Daniel Butters – danielmbutters@hotmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: CIRCUITOSELÉTRICOS I O circuito da figura 21 ilustra a aplicação da LKT. 𝑣2 + 𝑣3 + 𝑣5 = 𝑣1 + 𝑣4 𝑣2 + 𝑣3 + 𝑣5 − 𝑣1 − 𝑣4 = 0 Para analisarmos a LKT em um laço, como foi feito na figura 21, é fato que as fontes de tensão já possuem suas polaridades definidas, no entanto a polaridade dos elementos passivos depende do sentido da corrente que flui por eles e eventualmente essa polaridade não é indicada nem conhecida. Uma dica importante é não se prender em descobrir o sentido da corrente neste momento. O que pode ser feito inicialmente é definir uma corrente fictícia no sentido horário ou anti-horário e determinar as pola- ridades dos elementos passivos de acordo com o sentido dessa corrente. O sentido desta corrente também servirá de referência para montarmos a equação de LKT, onde consideraremos algebricamente positivas as tensões no qual a corrente entra pelo polo positivo e negativas as tensões no qual a corrente entra pelo polo negativo. Se após a análise inicial obtivermos tensão negativa em algum elemento passivo, isso significa que a sua polaridade de fato é oposta a referência utilizada e isso significa também que a corrente imaginada inicialmente percorrendo esse elemento é negativa, ou seja, na realidade a corrente flui em sentido contrário ao utilizado como referência. Uma aplicação simples da LKT é a associação de fontes de tensão em série. A associação pode ser substituída por uma fonte equivalente cujo valor de tensão é a resultante da soma algébrica das tensões fornecidas pelas fontes individuais. Por exemplo, as fontes da figura 22a podem ser combinadas, como mostra a figura 22b. Observação: A LKT pode ser aplicada per- correndo o laço no sentido horário ou no sentido anti-horário. Inde- pendente do sentido adotado, a soma algébrica das tensões em torno do laço é zero. Figura 21: Tensões em um laço e LKT Fonte: ALEXANDER, CHARLES K.; SADIKU, MATTHEW N. O. Fundamentos de Circuitos Elé- tricos 5ª Edição. Porto Alegre: Mc Graw Hill, 2013. Pág. 36. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 33 Professor: Daniel Butters – danielmbutters@hotmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: CIRCUITOS ELÉTRICOS I 2.6. PROBLEMAS RESOLVIDOS 1) Encontre as correntes desconhecidas para o circuito abaixo: R: Podemos encontrar a corrente I1 analisando o nó onde ela chega. A escolha de analisar este nó e não o outro, deve-se ao fato de se conhecer todos os valores das demais correntes. Utilizando a LKC, considerando positiva as correntes que entram e negativas as que saem, temos: 𝐼1 + 5 − 3 − 4 = 0 𝐼1 = −5 + 3 + 4 = 𝟐 𝑨 Conhecendo a corrente I1, podemos agora aplicar a LKC no outro nó e encon- trar a corrente I2: −𝐼2 − 2 + 3 − 7 = 0 𝐼2 = −2 + 3 − 7 = −𝟔 𝑨 Fonte: ALEXANDER, CHARLES K.; SADIKU, MATTHEW N. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos 5ª Edição. Porto Alegre: Mc Graw Hill, 2013. Pág. 36. Figura 22: Associação de fontes de tensão em série. Observação: Um circuito não pode conter duas fontes ideais de tensão com valores diferentes em paralelo, a menos que V1 = V2, caso contrário a LKT seria violada. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 34 Professor: Daniel Butters – danielmbutters@hotmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: CIRCUITOS ELÉTRICOS I 2) Encontre a corrente i0 para o circuito abaixo: R: Para encontrarmos a corrente i0 devemos aplicar a LKC no nó a. Devemos ficar atento pois a fonte de corrente a esquerda é uma fonte dependente, ou seja, o seu valor de corrente depende do próprio valor de i0. Aplicando a LKC teremos a seguinte equação: 0,5𝑖0 − 𝑖0 + 3 = 0 −0,5𝑖0 = −3 𝑖0 = −3 −0,5 = 𝟔 𝑨 3) Encontre a tensão de circuito aberto V para o circuito abaixo: R: Para encontrarmos a tensão V devemos aplicar a LKT ao laço. Devemos res- peitar a polaridade dos elementos que já estão determinadas e seguir apenas um sentido de análise. Adotaremos a análise no sentido horário, dessa forma temos: −10 + 20 + 60 − 40 + 𝑉 = 0 𝑉 = +10 − 20 − 60 + 40 = −𝟑𝟎 𝑽 O resultado negativo significa que a tensão V possui polaridade oposta à pola- ridade dada como referência no circuito. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 35 Professor: Daniel Butters – danielmbutters@hotmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: CIRCUITOS ELÉTRICOS I 4) Encontre as tensões v1 e v2 para o circuito abaixo: R: Para encontrarmos as tensões v1 e v2 devemos aplicar a LKT ao laço. Devemos respeitar a polaridade dos elementos que já estão determinadas e seguir apenas um sentido de análise. Adotaremos a análise no sentido horário, dessa forma temos: −32 + 𝑣1 − (−8) − 𝑣2 = 0 Nos deparamos com uma equação com duas incógnitas: v1 e v2. Para resolver esta questão, sabendo a resistência dos elementos e que a corrente que circula sobre eles é a mesma, utilizaremos a lei de Ohm para representar v1 e v2, lembrando que o terminal positivo do elemento passivo é onde a corrente entra e como adotamos para análise uma corrente no sentido horário, temos: 𝑣1 = 4𝑖 e 𝑣2 = −2𝑖 −32 + 4𝑖 − (−8) − (−2𝑖) = 0 4𝑖 + 2𝑖 = 32 − 8 6𝑖 = 24 𝑖 = 24 6 = 4 𝐴 Conhecendo o valor da corrente i, podemos obter a tensão v1 da seguinte forma: 𝑣1 = 4𝑖 = 4 × 4 = 𝟏𝟔 𝑽 Conhecendo o valor da corrente i, podemos obter a tensão v2 da seguinte forma: 𝑣2 = −2𝑖 = −2 × 4 = −𝟖 𝑽 O resultado negativo mostra que a tensão v2 possui polaridade oposta à pola- ridade dada como referência no circuito. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 36 Professor: Daniel Butters – danielmbutters@hotmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: CIRCUITOS ELÉTRICOS I REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O’ MALLEY, JOHN. Análise de Circuitos, 2. Ed. São Paulo: MAKRON Books, 1993. ALEXANDER, CHARLES K.; SADIKU, MATTHEW N. O. Fundamentos de Circuitos, 5. Ed. Porto Alegre: Mc Graw Hill, 2013. IRWIN, J. DAVID ; NELMS, R. MARK. Análise básica de Circuitos para Engenharia, 10. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. NILSSON, JAMES W. Circuitos Elétricos, 10. Ed. São Paulo: Pearson, 2016. BOYLESTAD, ROBERT. Introdução à análise de Circuitos, 13. Ed. São Paulo: Pe- arson, 2019. MARKUS, OTAVIO. Circuitos Elétricos. Érica, 2004.
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