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metodologia do ensino da arte

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Prévia do material em texto

Unidade 3
Livro Didático 
Digital
Éderson da Cruz
Metodologia do 
Ensino da Arte
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autor 
ÉDERSON DA CRUZ
O AUTOR
Éderson da Cruz
Olá. Meu nome é Éderson da Cruz. Sou formado em Letras-Português 
(UNISINOS, 2010), Mestre e Doutor em Educação (UNISINOS, 2015; 2019), 
Especialista em Gestão Escolar – Orientação e Supervisão (Faculdade 
São Luís, 2017) e Pedagogo (UFRGS, 2020), com uma experiência técnico 
profissional nas áreas de Letras, Linguagens e Educação de mais de dez 
anos. Passei por instituições públicas (estaduais e municipais) e privadas, 
de Educação Infantil, Ensinos Fundamental e Médio, Ensino Técnico e 
Ensino Superior, no estado do Rio Grande do Sul, atuando como docente e 
também como supervisor escolar. Sou apaixonado pelo que faço e adoro 
transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas 
profissões. Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens e integrar seu 
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você 
nesta fase de muito estudo e trabalho. Neste material, estudaremos os 
fundamentos do ensino da Arte. Você verá que a arte, além de uma forma 
de expressão, é um campo de saber muito rico e conectado com nossa 
realidade de diferentes formas, possibilitando o gosto estético e também 
o repensar e realidade e a forma como percebemos o mundo que nos 
cerca. Vamos nessa? Conte comigo para o que precisar. Bons estudos!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Arte e inclusão ............................................................................................. 12
A arte, a inclusão e o papel do docente ........................................................................ 12
Arte, inclusão e legislação ...................................................................................................... 13
Fases do desenvolvimento da criança – desenho .............................. 15
A Arte e a deficiência visual .................................................................................. 18
A Arte e a deficiência física ................................................................................... 19
A Arte e a deficiência auditiva ............................................................................ 20
Reflexões acerca da metodologia do ensino da arte ..................22
A organização dos conteúdos no ensino da Arte ....................................................23
A avaliação em Arte .......................................................................................................................24
Artes visuais .........................................................................................................................................26
Música ..................................................................................................................................27
Teatro ....................................................................................................................................28
Dança ....................................................................................................................................28
Formas de avaliação ....................................................................................................................29
Autoavaliação .....................................................................................................................................29
Docência da disciplina “Arte” .................................................................32
Sociedade do futuro ou do presente? .............................................................................32
O fazer arte como um exercício de experimentação ....................... 36
O professor e o ensino da Arte ..............................................................................................37
Dificuldades enfrentadas pelo professor de Arte ................................................. 39
A arte como produto da cultura e da diversidade ........................43
O que é diversidade? ....................................................................................................................43
A construção da diversidade sociocultural na sociedade ................................45
O que é cultura? ............................................................................................................45
Regras culturais ............................................................................................................................... 48
A Arte como um produto da diversidade e da cultura ........................................ 51
9
LIVRO DIDÁTICO DIGITAL
UNIDADE
03
Metodologia do Ensino da Arte
10
INTRODUÇÃO
Mas o que será que diferencia a arte das demais atividades humana? 
De modo geral, arte é técnica. Porém, funções do dia a dia também 
exigem uma técnica. Também podemos dizer que arte é linguagem. Mas, 
por exemplo, uma notícia não é artística e também é linguagem. Podemos 
dizer que a arte também é aquilo que nos toca. Mas... tragédias da vida 
real também podem nos tocar! Percebe como definir arte pode ser fácil e 
complicado ao mesmo tempo? Se nós, pessoas com experiências de vida 
mais plurais, temos essa dificuldade, imagine, então, numa sala de aula! 
Metodologia do Ensino da Arte
11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Associar arte e inclusão;
2. Investigar a metodologia do ensino da arte
3. Descrever a docência da disciplina “Arte”.
4. Identificar a arte como produto da cultura e da diversidade.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Metodologia do Ensino da Arte
12
Arte e inclusão
INTRODUÇÃO:
Ao término desse capítulo, você será capaz de compreender 
que o ensino de arte é um tema democrático e abrangente, 
que pode ser trabalhado conforme as especificidades de cada 
aluno e sujeito envolvido. Isso também está em consonância 
com as principais diretrizes da educação brasileira. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos 
lá. Avante!
Figura 1
Fonte: Pixabay
A arte, a inclusão e o papel do docente
Um aspecto muito importante ao profissional que pretende 
atuar nos anos iniciais do Ensino Fundamental é a questão inclusiva. 
Na atualidade, todo professor, independentemente do nível de ensino 
que atue, encontrará em maior ou menor escala, alunos “de inclusão” 
Metodologia do Ensino da Arte
13
com alguma forma de dificuldade considerada especial e, paras isso, é 
importante que estejamos preparados. 
No ensinoda Arte não é diferente, pois sempre estamos sujeitos a 
encontrar alunos diferentes, que necessitarão de uma atenção especial 
do docente. Por este motivo, destinamos um espaço desta unidade 
para refletir sobre o ensino de Arte para as crianças com necessidades 
especiais. 
De modo geral, não com o objetivo de rotular, preconceituar ou 
segregar, as crianças com necessidades especiais são caracterizadas 
por serem portadores de alguma forma de limitação que requer certas 
modificações ou adaptações em seu programa educacional, a fim de que 
possa atingir seu potencial ao máximo.
SAIBA MAIS:
Você pode ampliar sua compreensão sobre o ensino de 
arte numa perspectiva inclusiva assistindo ao documentário: 
Inclusão-Arte, no link: <https://bit.ly/2HpMlld> . Acesso em: 24 
mar., 2020.
Arte, inclusão e legislação 
A legislação educacional brasileira, bem como as principais 
diretrizes que orientam a organização dos currículos de forma inclusiva, 
abrangendo o ensino de Arte. Porém, essa é abordada sob a perspectiva 
de quatro blocos, a saber: artes visuais, música, teatro e dança. 
Você, caro aluno, já se perguntou como trabalhar, por exemplo, 
artes visuais com um deficiente visual? Ou ainda, música, teatro e dança 
com deficientes físicos e auditivos? Será que isso é possível?
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LEI nº 
9394/96), em seu capítulo dedicado para tratar somente da educação 
especial,
Metodologia do Ensino da Arte
14
A modalidade de educação escolar, oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos 
portadores de necessidades especiais. Haverá, quando 
necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, 
para atender às peculiaridades da clientela de educação 
especial. O atendimento educacional será feito em classes, 
escolas ou serviços especializados, sempre que, em função 
das condições específicas do aluno, não for possível a sua 
integração nas classes comuns de ensino regular. (BRASIL, 
1996)
Pode-se perceber que a Lei estipula como prioridade a inclusão do 
aluno em classes regulares, e por isso, se torna tão necessário que todos 
os professores, atualmente e futuramente em sala de aula, conheçam 
esse assunto.
A atualidade se caracteriza, entre outros aspectos, pelo contato 
com imagens, luzes e cores em quantidade impensável séculos antes. 
A criação e a exposição a uma multiplicidade de manifestações visuais 
geram a necessidade de uma educação para saber ver, perceber e 
distinguir diversos fatores, como: sentimentos, sensações, ideias e 
qualidades contidas nas formas e nos ambientes. 
Uma das habilidades artísticas que podem ser trabalhadas com 
os alunos inclusivos é o desenho, que pode ser considerada a principal 
linguagem artística infantil, pois independe até mesmo da existência de 
um mediador adulto. Essa manifestação é espontânea e só depende de 
recursos materiais disponíveis, não necessariamente sofisticados, apenas 
papel e lápis. 
Já nos primeiros anos de vida, antes mesmo da criança registrar 
a sua existência por meio de outras linguagens, ela se expressa, já no 
período sensório-motor, por meio das primeiras garatujas (rabiscos 
Metodologia do Ensino da Arte
15
desordenados) que cria, que representam suas capacidades, habilidades 
e potencialidades. 
Há dois autores, Lowenfeld e Brittain (1971), que sintetizaram as etapas 
de desenvolvimento do desenho infantil, em sua obra “Desenvolvimento 
da capacidade criadora”. Traremos, a seguir, alguns elementos abordados 
pelos autores, que podem ser pensados numa perspectiva inclusiva. 
Fases do desenvolvimento da criança – desenho
Num primeiro momento de vida, as crianças começam a rabiscar 
para representar o imediato, o próximo, o “aqui” e o “agora”. Essa fase é 
chamada de “Fase das Garatujas”, em que a criança começa a descobrir a 
relação entre o desenho, o pensamento e a realidade, que vai dos 2 (dois) 
aos 4 (quatro) anos de vida, aproximadamente. A criança, inicialmente, 
realiza um determinado movimento sem qualquer significado, apenas 
para fixar, através da repetição, os movimentos manuais. (LOWENFELD, 
1971)
Pouco a pouco, a criança passa a dar significados aos seus 
desenhos, nomeando-os. Por volta dos 5 (cinco) anos de idade, começam 
a surgir, no desenho das crianças, algumas formas fechadas (semelhantes 
a círculos), organizadas de acordo com determinados preceitos (dentro/
fora, em cima/ embaixo). Essas formas fechadas são conquistadas pelas 
crianças em sua fase de desenvolvimento chamada de “pré-esquemática”.
Entre os 7 (sete) e 12 (doze) anos, aproximadamente, a criança 
entra na fase “esquemática”, caracterizada pela utilização de linhas 
geométricas e de formas esquemáticas. A figura é representada com 
exagero em partes que a criança considera importantes e com omissão 
ou esquecimento de outras partes sentidas como irrelevantes. As cores 
utilizadas buscam corresponder às cores reais dos objetos e das coisas. 
Entre os 9 (nove) e 11 (onze) anos, começa a se delinear o realismo. A 
criança se afasta dos esquemas e das linhas geométricas, passando a 
se preocupar com detalhes, como a diferenciação entre masculino e 
Metodologia do Ensino da Arte
16
feminino, com a caracterização dos vestuários, dentre outros aspectos. 
(LOWENFELD, 1971)
Dependendo do grau de dificuldades de aprendizagem, as 
crianças com necessidades especiais podem (ou não) seguir as etapas 
anteriormente apresentadas e, se assim for, isso acontecerá de uma forma 
diferenciada, mais lenta, podendo não seguir “ao pé da letra” a descrição 
realizada nas páginas anteriores.
Quando trabalhamos por crianças portadoras de necessidades 
especiais, precisamos levar em consideração a necessidade de um espaço 
físico que seja adequado, bem como oferecermos estímulos e liberdade 
para que manipulem instrumentos e objetos e para que movimentem seu 
próprio corpo, desenvolvendo-se e descobrindo o mundo ao seu redor.
Dessa forma, a escola deve contribuir para que todos os alunos 
passem por um conjunto amplo de experiências voltadas à criação e 
à aprendizagem, para que articulem a percepção, a sensibilidade, o 
conhecimento e a produção artística, de forma individual e coletiva. 
Ao perceber e ao criar formas visuais, estamos trabalhando com 
elementos específicos da linguagem e suas relações em espaços 
bidimensionais (imagens planas) e tridimensionais (objetos com altura, 
largura e profundidade). Elementos como ponto, linha, cor, plano, luz, 
textura, movimento e ritmo relacionam-se, dando origem a códigos, 
representações e sistemas de significações.
A Arte também pode ser utilizada para auxiliar no desenvolvimento 
das habilidades e das capacidades de um portador de necessidades 
especiais, pois, por meio dela, esse indivíduo construirá suas próprias 
representações ou ideias e as transformará ao longo do desenvolvimento, 
à medida que avança no processo educativo.
Um ensino diferenciado pode ajudar os alunos especiais de várias 
maneiras. Deste modo, a Arte, segundo Lowenfeld (1971):
 • Deve propiciar, por ser uma linguagem natural, atividades que 
proporcionem a observação, exploração, associação, comparação, 
imaginação, reprodução, simbolização e expressão por meio das 
formas, cores, planos, espaços e texturas;
Metodologia do Ensino da Arte
17
 • Estimula, por meio de exercícios de pintura, a realização e também o 
controle de movimentos específicos. A prática da arte pode facilitar 
a organização pessoal e os pensamentos; já as atividades em grupo 
auxiliam a desenvolver a cooperação, a comunicação com os outros, 
além de ofertarem oportunidades interpessoais;
 • Não deve instigar a competição, ela é essencialmente individual, pois 
não há pontos que serão disputados, entre oponentes, não há jogos a 
serem ganhos ou perdidos. Por outro lado, a própria atividade artística 
pode ser compartilhada entre muitas pessoas. 
A Arte pode influenciaras seguintes situações:
 • Durante a realização de atividades artísticas, a criança especial pode 
vivenciar, de forma natural, situações que a encorajem a ampliar seus 
limites físicos e mentais;
 • Após certo tempo de práticas artísticas, a criança especial poderá 
começar a controlar e a dirigir suas emoções. O professor, através da 
escolha cuidadosa de atividades artísticas, pode encorajar a criança 
a utilizar certos movimentos e mostrá-la que diferentes movimentos 
resultam em diferentes sinais no desenho e no espaço.
Veja, caro aluno, que as crianças podem vir a aprender por meio de 
atividades artísticas simples, como a manipulação de materiais variados, 
identificando semelhanças e diferenças de texturas, formas e tamanhos. 
Todos os sentidos do corpo humano são passíveis de nos 
transmitirem sensações diversas, sejam elas agradáveis ou desagradáveis, 
mas essas sensações dependem não só da relação com o objeto de 
concentração, mas também das aptidões receptivas de cada indivíduo. 
Por isso, independente de sua deficiência, o portador de necessidades 
especiais usará a Arte por algum dos seus sentidos. (LOWENFELD, 1971)
A seguir, abordaremos o ensino da Arte relacionado às deficiências 
com maior número de indivíduos, a saber: deficiência visual, deficiência 
auditiva e deficiência física. 
Metodologia do Ensino da Arte
18
A Arte e a deficiência visual
De início, você pode achar impossível, uma vez que a característica 
da deficiência visual é a ausência de ou a baixa visão. Porém, os deficientes 
visuais são muito mais sensíveis às artes do que as pessoas podem pensar. 
Pelo fato de não enxergarem, eles desenvolvem mais apuradamente 
os outros sentidos, o que lhes permite uma melhor compreensão das 
sensações visuais, ainda que isso pareça um tanto paradoxal.
É primordial para o deficiente visual, como também para a criança 
que não apresenta esse tipo de deficiência a ação sobre as coisas, para 
conhecê-las, formar as imagens e interioriza-las, evocando-as, desse 
modo, quando necessário e expressando-as por meio de diversas 
linguagens. 
Quanto mais experiências propiciadas, mais “imagens” de coisas, 
pessoas e situações vão sendo delineadas com clareza. O desempenho 
do deficiente visual é mais lento na seleção de elementos úteis para 
formar imagens. 
O aluno que é deficiente visual, por meio da exploração dos canais 
expressivos relacionados às experiências sinestésicas e táteis, conseguirá 
realizar a decodificação, a interpretação e a reprodução de ideias, imagens 
e objetos. 
Grande parte dos projetos artístico educacionais, com vistas à 
inclusão, apresentam preocupação com os portadores de necessidades 
especiais. Atualmente, já encontramos, em museus, preparação para 
deficientes visuais os visitarem – as visitas monitoradas. 
SAIBA MAIS:
Você pode ampliar seus conhecimentos e fomentar ideias 
assistindo ao vídeo “Deficiência visual e arte”, disponível em: < 
https://bit.ly/2HgmUTD>. Acesso em: 24 mar., 2020.
Metodologia do Ensino da Arte
19
A Arte e a deficiência física
A arte, para o deficiente físico – por meio da expressão plástica – pode 
atuar de duas formas: na deficiência primária, constituída pela alteração 
muscular, e na deficiência subjetiva, caracterizada pela incapacidade de 
superação de comprometimentos emocionais. 
Mesmo que cada caso de deficiência física deve ser considerado 
em suas peculiaridades, é importante que o professor tenha sempre a 
atenção em aula, pois, em qualquer atividade de Arte, a coordenação 
motora e os efeitos emocionais constituem sempre a sua parte essencial. 
Em casos mais extremos de alterações musculares, será difícil 
estabelecer, de início, uma autoidentificação com as expressões 
criativas, pois a dificuldade de controlar os músculos, quando se trata de 
coordenação motora, constitui-se um obstáculo difícil de ser vencido. 
Em qualquer tentativa de desenvolver uma coordenação muscular, 
a expressão plástica torna-se importante. Nas primeiras atividades com o 
deficiente físico, pode ser utilizada uma técnica de pintura com os dedos. 
Esse tipo de trabalho traz satisfação à criança que vê o resultado do 
movimento com seus dedos. 
Ao pintar com pincel, a necessidade de ter que pressionar esse 
instrumento com os dedos pode causar dificuldades ao aluno. Uma 
alternativa para essa atividade é adaptar uma fita adesiva como recurso 
de fixação do pincel à mão, mesmo que se saiba que o uso exclusivo do 
pincel proporciona maior incentivo para o desenvolvimento do aluno.
O planejamento das atividades de Arte de forma inclusiva requer 
do professor conhecimento de causas, tipo de deficiência física e que 
movimentos físicos evidenciam mais tal deficiência. 
Também é necessário que o deficiente físico aprenda a enfrentar 
suas limitações quando realiza as atividades. Muitas vezes, é possível 
observar que ele experimenta uma sensação de alívio ao representar, por 
Metodologia do Ensino da Arte
20
meio da Arte, certas partes do corpo, pois consegue, dessa forma, realizar 
através da imaginação, o que de outro modo, será incapaz de fazer.
Os objetivos da Arte com relação ao trabalho com deficientes físicos 
são basicamente os de promover uma consciência corporal; reforçar a 
identidade do próprio indivíduo e reforçar a percepção dos próprios 
limites e dos limites dos outros, e como objetivo principal, promover a 
integração social do indivíduo. 
SAIBA MAIS:
Amplie seus conhecimentos e horizontes, assistindo ao vídeo 
“Arte na educação especial, incentivando a aprendizagem”, 
disponível em: <https://bit.ly/3klofqx>. Acesso em: 24 mar., 
2020.
A Arte e a deficiência auditiva
A comunicação é um elemento primordial para promover a inclusão 
dos deficientes auditivos na sociedade. E nada melhor do que a Arte para 
oportunizar o desenvolvimento da comunicação nesse deficiente. 
O deficiente auditivo, embora não ouça (ou ouça pouco), tem uma 
grande percepção para a música, pois ele sente suas vibrações.
Vários profissionais já fizeram projetos nessa área, como por 
exemplo o projeto Surdodum, criado em 1995, em Brasília, pela professora 
Ana Lúcia da Silveira Soares. No Surdodum, jovens surdos são iniciados 
na música, aprendendo a cantar e a tocar percussão. As atividades têm 
como objetivo trabalhar, principalmente, a fala, a dramatização, a Língua 
Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a autoestima do surdo. Outro projeto 
interessante, também nessa área, criado em 2003, é o projeto Céu e Terra, 
que propõe balé para portadores de deficiência auditiva. 
Metodologia do Ensino da Arte
21
O uso da música é uma excelente forma de desenvolver a 
fala natural, pois estimula e aguça a percepção das crianças surdas, 
possibilitando que potencializam sua sensibilidade. 
É importante destacar, no entanto, especialmente, em relação ao 
deficiente auditivo que as atividades – assim como em todos os demais 
casos de deficiência – não devem ter por objetivo “corrigir” ou “normalizar” 
esses indivíduos, mas desenvolver seu potencial.
A comunidade surda, por exemplo, tem se mobilizado cada vez 
mais fortemente em relação ao seu reconhecimento não como um grupo 
de deficientes, mas como uma grande comunidade com características 
próprias de comunicação. 
Da mesma forma, os deficientes visuais hoje contam com uma rede 
de apoio bem mais ampla do que há alguns anos atrás, sendo importante 
que a escola desenvolva, de alguma forma, seu conhecimento sobre 
braille.
Os deficientes físicos, por sua vez, devem ter suas limitações 
respeitadas e, ao mesmo tempo, é importante que se estimule sua 
interação com o próprio corpo e com o ambiente externo.
Ainda assim, cabe ressaltar ser importante que nenhum caso de 
deficiência seja tratado com “coitadismo”, com pena ou com menosprezo, 
mas com respeito, para que o indivíduo sinta-se acolhido e também 
valorizado dentro do contexto. 
Amplie seus conhecimentos e tire ideias para o trabalhoartístico 
com os surdos assistindo aos vídeos a seguir, que abordam os projetos 
apresentados nesta seção:
 • BRASIL, Fábio. Surdodum Documentário. 2017. Disponível em: < 
https://bit.ly/37rvAkG>. Acesso em: 24 mar., 2020.
 • TV HORIZONTE. Pra mudar o mundo – Projeto Céu e Terra. 2014. 
Disponível em: < https://bit.ly/3kkGUTm>. Acesso em: 24 mar., 2020. 
 •
Metodologia do Ensino da Arte
22
Reflexões acerca da metodologia do 
ensino da arte
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
alguns pressupostos importantes para o ensino de arte na 
escola. Isso fará toda a diferença em sua atuação profissional, 
uma vez que a arte faz parte do dia a dia da escola. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos 
lá. Avante!
Neste capítulo, apresentaremos algumas questões relevantes à 
metodologia do trabalho pedagógico na área de Arte. Dentre aquilo que 
aqui discutiremos, estão a organização dos conteúdos, a avaliação e a 
autoavaliação; o papel docente e as dificuldades enfrentadas por ele; 
a metodologia de ensino por meio de projetos e sua relevância para o 
ensino de Arte, além dos temas transversais presentes no cotidiano de 
nossos alunos. 
Figura 2
Fonte: Pixabay
Metodologia do Ensino da Arte
23
A organização dos conteúdos no ensino da 
Arte
Os principais documentos norteadores da educação no país, assim 
como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 2006), não trazem 
uma definição rígida sobre as modalidades a serem trabalhadas em cada 
ciclo (o 1º ciclo corresponde aos 1º e 2º anos; o 2º ciclo, ao 3º e 4º anos). 
Eles orientam o professor a adequar suas atividades ao repertório cultural 
que a criança traz à escola. Desta forma, o professor necessita saber como 
selecionar os conteúdos, uma vez que a área de artes apresenta uma 
vastidão de assuntos que podem ser trabalhados no Ensino Fundamental.
Segundo orientações do documento, o conjunto de conteúdos em 
Arte está articulado ao contexto de ensino e aprendizagem em três eixos 
norteadores: produção, fruição e reflexão, sendo que a produção se refere 
ao fazer artístico, a fruição, se refere à apreciação da arte, e a reflexão, 
à construção do conhecimento sobre o trabalho artístico pessoal dos 
colegas sobre a Arte como sendo um produto histórico. 
Os conteúdos de Arte podem ser trabalhados em qualquer 
ordem, segundo a decisão do professor, desde que em conformidade 
com o currículo escolar e, especialmente, de acordo com a formação e 
tendência do professor. 
Além disso, dentro dos conteúdos gerais das linguagens artísticas, 
tais como as artes visuais, a música, o teatro e a dança, são necessárias 
considerar, baseado nos PCN (2006), que:
 • Os conteúdos devem estar de acordo com as possibilidades de 
aprendizagem dos alunos;
 • É importante valorizar o ensino de conteúdos básicos de Arte, 
em especial, aqueles que são necessários à formação cidadã, 
considerando, ao longo dos ciclos de escolaridade, manifestações 
Metodologia do Ensino da Arte
24
artísticas de povos e de culturas de diferentes momentos históricos, 
inclusive o momento atual;
 • Devem ser trabalhadas, também, especificidades do conhecimento e 
da ação artística. 
 • Percebe-se, também, que nas diretrizes oficiais, os conteúdos não 
estão separados por séries ou por anos, ficando essa divisão ao 
critério de cada escola.
SAIBA MAIS:
Aprofunde a discussão sobre os conteúdos de arte assistindo 
ao vídeo “Conteúdos e Metodologias do Ensino da Arte”, 
disponível em: < https://bit.ly/3jqfDgJ>. Acesso em: 25 mar., 
2020. 
A avaliação em Arte
Um dos gargalos de qualquer sistema educacional, desde a 
Educação Infantil até a Pós-Graduação é, sem dúvidas, a avaliação. Já 
verificamos em nossa vida profissional ou mesmo acadêmica o quanto é 
difícil avaliar. 
A avaliação sempre é motivo de muita preocupação para os 
professores, independente da área do conhecimento humano ou do nível 
de ensino em que atuem na educação. 
Os professores costumam realizar questionamentos sobre isso, 
especialmente, se estão avaliando de forma correta, coerente e ética, e se 
a avaliação está colaborando para um processo qualitativo e não somente 
quantitativo ou classificatório.
Para avaliar o aproveitamento discente em Arte, o professor deve 
considerar o seu histórico e sua relação com as atividades desenvolvidas 
Metodologia do Ensino da Arte
25
na escola, observando a qualidade dos trabalhos em seus diversos 
registros. 
Por certo, a avaliação é parte integrante do processo de ensino e 
de aprendizagem, em que o aluno é sujeito do processo educativo. Deste 
modo, faz-se necessário que o docente se preocupe com a observação 
dos progressos dos alunos, os conceitos que têm de determinados 
assuntos e as articulações que fazem no decorrer das aulas, reelaborando 
seus conhecimentos e adquirindo outros. 
Avaliar em Arte, segundo os PCNs (2006), constitui uma situação de 
aprendizagem na qual o estudante pode perceber aquilo que aprendeu, 
retrabalhar conteúdos, e o professor pode verificar como ensinou e o que 
seus alunos vieram a aprender. 
Deste modo, a avaliação no processo de ensino e de aprendizagem 
pode ser considerada como um momento importantíssimo, tanto para o 
professor quanto para o aluno, uma vez que ambos fazem parte desse 
processo interagindo entre si, diariamente na escola.
A Arte trabalha com sentimentos, emoções, sensações. Nesse 
sentido, não podemos avaliar um aluno julgando uma opinião sua, mas 
avaliá-lo por sua disponibilidade de participar e de contribuir com a aula 
de Arte e com o grupo a que ele pertence. 
Avaliar em Arte também é verificar que conhecimentos podem 
acrescentar valores ao aluno, trazendo mudanças, tanto afetivas, 
cognitivas, relacionais ou como as relacionadas à valorização da vida, do 
patrimônio, da cultura e da própria Arte.
Ao avaliar o aluno, o professor deve estar atento à trajetória de vida 
de cada aluno, e a participação e ao interesse de cada um. É necessário 
também que o aluno tenha consciência do resultado que o professor 
espera dele no final do processo. 
A avaliação das atividades artísticas é complexa, principalmente, 
quando se refere ao estabelecimento de critérios para expressão de 
julgamentos sobre a produção estética e expressiva de outrem. Por isso, 
consideramos importante buscar subsídios para avaliação nos documentos 
Metodologia do Ensino da Arte
26
oficiais que norteiam a disciplina e educação, pois, no decorrer dos quatro 
anos do Ensino Fundamental, espera-se que os alunos vão adquirindo, de 
forma progressiva, competências de sensibilidade e de cognição em Arte. 
Nas próximas linhas, traremos um resumo das orientações estabelecidas 
pelos PCNs de Artes (1997). 
SAIBA MAIS:
Amplie seus conhecimentos sobre os PCNs de Arte, 
acessando o vídeo “Resumo PCN de Arte”, disponível em: < 
https://bit.ly/37vmTWz>. Acesso em: 25 mar., 2020. 
Artes visuais
Vejamos abaixo de acordo com Cumming (1996):
 • Criação de formas artísticas demonstrando algum tipo de capacidade 
ou de habilidade. Com esse critério, pretende-se avaliar se o aluno 
produz formas bi ou tridimensionais, desenvolvendo um processo de 
criação individual ou coletiva;
 • Estabelecimento de relações do trabalho de Arte produzido por si 
com o de outras pessoas sem discriminações estéticas, artísticas, 
étnicas e de gênero. Com esse critério, pretende-se avaliar se o aluno 
identifica o valor e gosto e argumentar a respeito deles em relação às 
imagens produzidas por ele ou pelos colegas;
 • Identificação de alguns elementos da linguagem visual que se 
encontram em múltiplas realidades. Busca-se avaliar se o aluno 
reconhece os elementos da linguagem visual; 
 • Reconhecimento e apreciação de vários trabalhos e objetos de arte 
por meio das próprias emoções, reflexões e conhecimentos. Com 
esse critério, busca-se avaliar se o aluno tem condições de apreciar, 
com curiosidade e respeito,trabalhos e objetos de arte, bem como 
de relacionar com suas próprias produções ou de outrem;
Metodologia do Ensino da Arte
27
 • Valorização das fontes de documentação, preservação e o acervo da 
produção artística. Pretende-se avaliar se o aluno valoriza, respeita e 
reconhece o direito à preservação da própria cultura e das demais. 
Música
 • Interpretação, improviso e composição demonstrando alguma 
capacidade ou habilidade. Pretende-se avaliar se o aluno cria e 
interpreta com musicalidade, desenvolvendo a percepção musical, 
a imaginação e a relação entre emoções e ideias musicais em 
produções com a voz, com o corpo, com os diversos materiais 
sonoros e instrumentos;
 • Reconhecimento e apreciação dos seus trabalhos musicais, de 
colegas e de músicos por meio das próprias reflexões, emoções e 
conhecimentos, sem preconceitos estéticos, artísticos, étnicos e de 
gênero. Assim, busca-se avaliar se o aluno identifica e discute com 
discernimento sobre valorização, valoração e gosto nas produções 
musicais e se percebe nelas relações com os elementos da linguagem 
musical;
 • Compreensão da música como produto cultural, histórico e evolutivo, 
bem como sua articulação com as histórias do mundo, analisando 
as funções, valores e finalidades que foram atribuídas a ela por 
diferentes povos e épocas. Desse modo, pretende-se avaliar se o 
aluno relaciona estilos, movimentos artísticos, períodos, músicos e 
respectivas produções com o contexto histórico, social e geográfico;
 • Reconhecimento e valorização do desenvolvimento pessoal em 
música nas atividades de produção e apreciação, assim como na 
elaboração de conhecimentos sobre a música entendida como um 
produto da cultura e da história. Com isso, buscar-se avaliar se o 
aluno valoriza o caminho de seu desenvolvimento. 
Metodologia do Ensino da Arte
28
Teatro
 • Estar habilitado para se expressar na linguagem dramática. Avaliar 
se o aluno desenvolve capacidades de atenção, concentração, 
observação, se enfrenta as situações que surgem nos jogos 
dramatizados e se articula o discurso falado e o escrito – a expressão 
do corpo;
 • Compreender o teatro como uma ação realizada coletivamente. 
Assim, isso permite avaliar se o aluno sabe se organizar e interagir em 
grupo, ampliando as suas capacidades de socializar, de ver e de ouvir, 
em processo de interação com seus colegas, bem como quanto à 
capacidade que tem de se expressar.
Dança
 • Compreensão da estrutura e do funcionamento do corpo e dos 
elementos que compõem seus movimentos. Com esse critério, 
pretende-se avaliar se o aluno reconhece o funcionamento de seu 
corpo no movimento, se demonstra segurança ao se movimentar e se 
desenvolve pesquisa para uso do corpo no espaço;
 • Interesse pela dança como uma atividade coletiva. Isso possibilita avaliar 
se o aluno desenvolve-se na criação em grupo de forma solidária, se 
é capaz de improvisar e criar sequências de movimentação em grupo, 
se realiza interações com os colegas respeitando as qualidades 
individuais de movimento, de modo a cooperar com aqueles que têm 
dificuldades; se aceita as diferenças, valoriza o trabalho em grupo e 
se empenha na obtenção de resultados de movimentação harmônica;
 • Compreensão e apreciação das diversas danças como manifestações 
culturais. Esse critério pretende avaliar se o aluno é capaz de observar 
e avaliar as diversas danças presentes tanto na sua região como em 
outras culturas, em diferentes épocas. 
Metodologia do Ensino da Arte
29
Formas de avaliação 
Há várias formas de avaliar o aluno, porém na área de Arte existe 
uma forma se evidencia: avaliar por meio de um portfólio. Ele é um 
instrumento que compreende o conjunto de trabalhos realizados pelos 
alunos durante um determinado período, série ou disciplina. Seus 
benefícios para avaliação não são automáticos, como também não 
dependem dos portfólios em si, mas do que os alunos aprendem ao criá-
lo e ao alimentá-lo.
O portfólio é uma ferramenta avaliativa promissora que poderá, sem 
dúvida, inspirar outras possibilidades, além das abordadas ao longo desse 
texto, pois a avaliação é um processo que precisa ser constantemente 
refinado. 
Esse instrumento possibilita ao professor considerar os trabalhos 
dos alunos de forma processual, atribuindo, inclusive, uma certa 
autonomia ao aluno, que escolherá os melhores trabalhos para alimentar 
seu portfólio.
Autoavaliação
Em Arte, o docente deve avaliar mais os processos criativos dos 
alunos e nem tanto os resultados. Por isso, a avaliação feita pelo próprio 
aluno sobre si torna-se um importante instrumento.
Com a autoavaliação realizada pelo aluno, os professores têm ideia 
de como o aluno percebeu-se durante as aulas, e esses dados podem ser 
de extrema validade para uma avaliação em que o professor vai expressar 
em conceitos ou notas.
O exercício da autoavaliação é, antes de tudo, o primeiro passo para 
o processo de aprendizagem, pois o aluno, enquanto se avalia, também 
aprende. É de extrema importância que o aluno avalie também a turma em 
que se insere e que seja capaz de expressar essa visão da aprendizagem 
Metodologia do Ensino da Arte
30
e analisar o comportamento de todos: esses trabalhos são dados valiosos 
para a avaliação final do professor.
A autoavaliação do próprio professor, do mesmo modo, é 
muito importante, pois diagnosticar a si mesmo implica compreender 
os parâmetros a que se está sujeito, de modo a verificar o próprio 
desempenho e, com base nisso, propor metas para superar e sanar 
dificuldades, podendo, com isso, realizar um balanceamento dos acertos 
e equívocos que marcaram o ano letivo.
É importante, também, que o professor tenha sensibilidade em 
organizar a autoavaliação de forma contextualizada em relação ao nível 
de aprendizagem dos alunos. Em níveis de ensino não alfabetizados ou 
pré-alfabetizados, essa autoavaliação deverá prever manifestações de 
forma oral. Pode-se realizar um trabalho, um desenho, uma pintura etc. 
que expresse como a criança se sente em relação àquilo que aprendeu 
em Arte. Porém, de alguma forma, isso deverá ser sistematizado. 
Em níveis de ensino que já passaram pelo processo de alfabetização, 
é interessante que o professor solicite alguma forma de escrita e que, 
antes, estabeleça com seus alunos quais critérios pretenderá avaliar. O 
momento de sistematização dessas avaliações também é de fundamental 
importância no processo, uma vez que a leitura e a fala podem 
causar diferentes impressões no leitor/ ouvinte quando consideradas 
separadamente. 
O professor deve estar ciente de que os pontos positivos e negativos 
apresentados pelos alunos não são somente sua responsabilidade, mas 
que o papel docente dentro da sala de aula é essencial para que cada 
aluno, consideradas suas particularidades, desenvolva seu potencial. Para 
isso, o docente deve “treinar” seu ouvido para as críticas também. 
É muito importante, além disso, ter em mente de que a avaliação e 
a autoavaliação não são processos fechados em si, que darão conta do 
“todo”, nem da parte do aluno, nem da parte do professor, muito menos da 
parte da escola. Por isso, esses elementos devem estar permanentemente 
associados às aulas, nem sempre com trabalhos e tarefas todo dia, mas 
Metodologia do Ensino da Arte
31
com observações, anotações, diagnósticos e feedbacks da parte do 
professor.
Ter um caderno ou outro aparelho que possibilite anotar suas 
observações é importante para o professor no momento em que realizará 
sua avaliação. Da mesma forma, é importante – não só na disciplina de 
Arte, mas em todas – que o professor, sempre que sentir dificuldades em 
relação a alguma situação, busque auxílio pedagógico e especializado. 
A avaliação, quer em Arte ou em outra disciplina, é um exercício 
conjunto, dependente de uma série de fatores, que nem sempre produz 
as respostas prontas ou aquelas que esperamos. Lidar com isso de 
modoflexível é o primeiro passo para que se produza diagnósticos de 
aprendizagem mais abrangentes. 
RESUMINDO:
Neste capítulo, você aprendeu que:
A organização dos conteúdos de Arte não é rígida, porém, é 
necessário que o aluno vá evoluindo em seu desenvolvimento, 
especialmente no 1º e nos 2º ciclos do Ensino Fundamental;
A avaliação em Arte deve olhar não apenas para o que o 
aluno produziu de forma pontual, mas para aquilo que ele 
está sendo capaz de produzir, ou ainda, para como ele tem se 
relacionado com o componente curricular de Arte. Diversas 
são as competências que podem ser observadas e avaliadas 
pelo professor;
O portfólio, como um conjunto de trabalhos que vai sendo 
organizado pelos alunos e pelo professor ao longo de um 
período letivo, é uma das ferramentas mais interessantes para 
se avaliar o componente curricular de Arte;
A autoavaliação é outro instrumento extremamente 
importante, pois considera as potencialidades e limites do 
aluno, do contexto de aprendizagem, do professor e também 
da escola. 
Metodologia do Ensino da Arte
32
Docência da disciplina “Arte”
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
retomar alguns pressupostos básicos da docência, assim 
como alguns elementos importantes para se pensar à 
docência em Arte. Conhecer a natureza dos gêneros literários, 
e como eles constituem os gêneros textuais considerados 
como pertencentes à linguagem literária será fundamental 
para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Figura 3
Fonte: Pixabay
Sociedade do futuro ou do presente?
O tempo em que vivemos pode ser qualificado como esquisito. 
Talvez, não haja melhor definição para caracterizá-lo. Isso porque com 
tanta coisa mudando de forma tão rápida, temos dois caminhos a serem 
Metodologia do Ensino da Arte
33
tomados. Ou lideramos as mudanças, aceitando-as como inevitáveis, ou 
seremos arrastados por elas, ficando completamente fora. Trata-se de um 
desafio e de uma questão de sobrevivência na contemporaneidade. 
Segundo Fedrizzi (2017), isso acontece, especialmente, porque 
vivemos durante bastante tempo precisando apenas de habilidades 
genéricas, para profissões que mudavam muito pouco. E esse fato ocorreu 
durante praticamente toda, ou boa parte da história da humanidade. Nos 
últimos séculos, porém, cada geração viu profissões desaparecerem 
e novas surgirem. As máquinas – oriundas das revoluções industriais 
e tecnológicas – foram automatizando a manufatura cada vez mais 
rapidamente. E todas as funções repetitivas foram passando para as mãos 
de robôs e de computadores. 
Com toda essa mudança, obviamente, o ensino não ficaria para trás 
e, embora as transformações nessa área pareçam – por vezes – ser mais 
demoradas, o fato é que elas, cedo ou tarde, vêm para ficar.
O que ocorre com nossos alunos e com as pessoas é que todos nós 
nos tornamos produtores de informação e de conhecimento. O mundo 
passou a ser feito por usuários, por muita gente e não apenas por um 
seleto e escasso grupo, vinculados a instituições e a veículos tradicionais. 
Atualmente, todo mundo produz, quer conversar, dialogar, interagir, 
debater, trocar, compartilhar, informar e ser informado. Os discentes, 
nesse contexto, deixaram de ser alunos passivos e passaram a se tornar 
criativos, muito ativos e criadores quase natos.
Hoje, a cada minuto, milhões de e-mails são enviados no 
mundo todo. O Google é a ferramenta de pesquisa mais potente no 
que diz respeito a consultas globais. O número de páginas da internet, 
independente do conteúdo que apresentam, é quase infinito. Além 
disso, há os milhares de blogues, vlogues, perfis de Faceboook, Twitter 
e Instagram, além das postagens no Youtube e no WhatsApp, para 
citar algumas ferramentas de comunicação. Com essa quantidade de 
Metodologia do Ensino da Arte
34
informação circulando, sua atualização, obsolência e desatualização 
ocorre quase que simultaneamente. 
Agora, caro aluno, imagine toda essa riqueza de informação e de 
troca de conhecimentos na nossa vida e na vida de nossos alunos. É 
certo que, nesse caldeirão de informações, um novo tipo de gente surge 
em nossas salas de aula. E os professores que estão nesse espaço ou 
ocupando cargos de direção escolar se deparam com essa realidade 
todos os dias. 
Simultaneamente, a máquina pública está se tornando cada vez mais 
obsoleta e emperrada, cheia de burocracias desnecessárias e centrada 
em si mesma, quase impossibilitada de se recriar. Nossa legislação está 
desatualizada, e primeiro, as coisas acontecem para, muitas vezes depois, 
existir uma lei que as regulamente. A emergência de aplicativos como o 
Uber e o Ifood, por exemplo, nos mostram isso claramente. E, a cada dia, 
surgem novos modelos e ações que “facilitam nossa vida”, que mudam 
nosso jeito de viver, conviver e interagir com o mundo que nos cerca. 
O mundo está cada vez mais difícil de ser regrado. É muito mais 
disruptivo. Por conta disso, terminamos formando gente para ir embora, 
em busca de mais oportunidades. 
Percebe-se, no dia a dia, que as pessoas estão muito aceleradas, 
buscando informações no mundo inteiro, querendo inovar e, muitas 
vezes, a comunidade não está respondendo a isso. Como resultado, os 
mais empreendedores, inquietos e criativos vão embora. E nos tornamos 
exportadores de talentos, pois muita gente com boa formação, que 
estudou nas melhores escolas e universidades do país, já foi para outras 
terras.
A adaptação ao mundo, seja ele chamado de moderno, pós-
moderno, líquido ou contemporâneo, está cada vez mais difícil, pois suas 
mudanças são muito velozes. E isso impacta diretamente na sala de aula, 
já que, mesmo que seu layout não tenha sido tão afetado, ainda assim a 
Metodologia do Ensino da Arte
35
configuração da escola por meio dos sujeitos que a procuram está em 
constante mudança. 
Além disso tudo, do excesso de informações, temos a falta de 
oportunidades e a violência. E com isso, temos testemunhado um número 
grande de pessoas que buscam uma vida mais tranquila e menos violenta 
fora do país. 
Isso tudo se torna um grande desafio para a educação, que é 
onde tudo começa. Como formar pessoas para que tenham interesse 
em permanecer, em produzir para essa comunidade, fortalecendo a 
sociedade, a pesquisa e a política nacional?
É bastante difícil desempenhar a posição e o papel de educador 
hoje, pela necessidade – principalmente – de ter que lidar com alunos 
que praticamente já nascem com o tablet ou com o celular na mão, e que 
chegam às salas de aula encharcados de informação. E, ainda por cima, 
com pais muitas vezes omissos e infantilizados, que não têm autoridade 
sobre seus filhos, não sabem dar-lhes limites nem os estimular no que 
sambem e gostam de fazer, delegando toda árdua tarefa de ensinar 
somente aos professores. 
Diante disso, podemos nos perguntar: como segurar essa “onda”? 
Como manter o interesse do aluno dentro da sala de aula? Quais carreiras 
existirão no futuro e quais tecnologias estarão disponíveis daqui a cinco 
ou dez anos? No mundo onde os ciclos estão se acelerando, quais 
habilidades temos que ensinar às próximas gerações?
Pensamos que muitos dos currículos atuais não estão preparando 
seus alunos para inovações tecnológicas e comunicacionais, para a 
volatilidade dos mercados e para as incertezas do século XXI. Para tentar 
atender a isso, algumas escolas estão ensinando codificação e outras 
habilidades. Mas a tecnologia muda tão rapidamente que essas novas 
Metodologia do Ensino da Arte
36
habilidades talvez não sejam mais relevantes para quando esses alunos 
estiverem na idade adulta e entrarem no mercado de trabalho. 
Nesse mundo hiper conectado de hoje, precisamos de “resolvedores 
de problemas”, pensadores que sejam criativos e que estejam adaptados 
às mudanças que vêm pela frente. E, se formos ver, o modelo educacional 
como qual trabalhamos é um modelo criado muitos séculos atrás, para 
momentos de mercados estáveis, que cada vez mais deixam de existir. 
O fazer arte como um exercício de experimentação
Diante de todo esse cenário de mudanças, é importante que não 
apenas os alunos/ filhos, mas que os professores/ pais se reeduquem. 
Quando dizem para seus filhos, por exemplo, que “acabou uma 
brincadeira”, que estarão sinalizando? Pior ainda: quando dizem “não faz 
arte, meu filho”, o que ensinam sobre criatividade a arte?
Não fazer arte, num sentido mais amplo, é não experimentar, 
não brincar. As pessoas estão tendo seu desenvolvimento artístico 
muitas vezes podado desde a infância, perdendo a espontaneidade e a 
capacidade de experimentação e de criação. Depois, quando grandes, 
as empresas precisam fornecer-lhes cursos de criatividade, porque não 
possuem vidas criativas. 
A arte, nesse contexto de mudanças, ou melhor, o ensino da Arte, 
é um elemento indispensável para preparar e desenvolver competências 
e habilidades necessárias para o exercício criativo e também para o 
enfrentamento das mudanças que ocorrem no mundo de forma cada vez 
mais veloz. 
Não podemos, como professores, deixar que nossos alunos 
percam a “veia criativa”, que deixem de buscar soluções inusitadas para 
os desafios cotidianos. 
Com isso, é também bom para todos que o perfil do professor 
também mude. Não basta ser apaixonado por ensinar; é preciso ter certo 
grau de inquietude, de modo a romper com a noção de que a docência 
Metodologia do Ensino da Arte
37
seja um sacerdócio, mas algo em movimento, atendo às transformações 
sociais. 
Na mesma lógica de necessidade de mudança, estão os alunos 
que só querem saber o que vai cair nas avaliações. Esse tipo de aluno não 
está interessado em aprender, mas em passar na avaliação. Se estamos 
interessados em fazer escolas para ter uma grande procura e notas boas 
nos sistemas de avaliação em larga escala, algo está errado. 
Nosso papel como professores é desenvolver pessoas para se 
responsabilizarem por si mesmas, pelo seu próprio conhecimento e 
desenvolvimento, atuando de forma criativa e, mesmo que grandes 
conhecedoras das ditas ciências exatas, ainda assim capazes de criar, de 
humanizar e de serem humanizadas. 
O professor e o ensino da Arte
Uma das tarefas principais do professor que ensina Arte é 
instrumentalizar o aluno no domínio de diferentes linguagens artísticas, 
por meio de informações, do estudo e da análise da construção do 
conhecimento.
O docente necessita compreender que ele é o mediador das 
experiências existentes entre o educando e sua realidade e que pode 
contribuir no processo sutil de desenvolvimento da percepção.
Portanto, é necessário que o educador que ensina Arte tenha 
conhecimento e vivência em Arte. 
Nesse sentido, talvez o melhor mestre não seja somente aquele 
que impõe, que se afirmar como uma espécie de dominador do espaço 
mental, porém, ao contrário disso, aquele que se torna aluno de seu próprio 
aluno, que se esforça para acordar uma consciência ainda ignorante de si 
mesmo e de guiar seu desenvolvimento no sentido que melhor lhe convir.
É importante que os educadores acreditem na individualidade e no 
poder de cada ser humano; no poder criativo e na necessidade vital que 
temos de nos expressar.
Metodologia do Ensino da Arte
38
Para que o professor possa conduzir com eficiência e com segurança 
o processo de expressão dos alunos, é primordial que ele próprio passa 
também por esse mesmo processo, descobrindo e exercitando suas 
potencialidades expressivas. Isso significa que é fundamental o seu 
constante aperfeiçoamento artístico. 
Cabe ainda ao processor a escolha de métodos e recursos didáticos 
que considerar mais adequados para apresentar as informações, zelando 
sempre pela necessidade de introduzir formas artísticas, por que ensinar 
Arte com Arte é um dos melhores caminhos. 
A Arte propõe ao homem momentos de descoberta e de sensações 
fantásticas, pois trabalha com a sensibilidade humana.
Um ensino de forma criadora, que favoreça a integração entre a 
aprendizagem técnica e estética dos alunos poderá contribuir para o 
exercício conjunto complementar de razão e de sonho, de modo a tornar 
o conhecer um exercício de maravilhar-se, brincar com o desconhecido, 
arriscar hipóteses ousadas, trabalhar, esforçar-se e alegrar-se com 
descobertas. 
Assim, esse é o momento em que o professor precisa ser um 
sujeito que envolve o aluno com esse fascínio que a Arte contém, mas 
essa não é uma tarefa fácil. O professor enquanto cidadão – sujeito que 
participa da sociedade – possui sua própria identidade. Porém, enquanto 
professor, o sujeito deve refletir sobre suas experiências, sua inserção 
em um determinado momento histórico e social e, indispensavelmente, 
deve manter uma atitude de revisão e de análise de sua própria história de 
vida de forma constante para, como profissional, apresentar uma prática 
pedagógica que seja interessante, atual e coerente com as necessidades 
e propostas da educação contemporânea. 
Por sua vez, é importante que o aluno também seja um sujeito 
integrado à sociedade, a qual possui uma identidade cultural com 
Metodologia do Ensino da Arte
39
conhecimentos não sistematizados, mas que precisam e devem ser 
respeitados e valorizados no ambiente escolar.
Em sala de aula, professor e aluno podem apreender a interagir 
permanentemente com a realidade que os cercam, definindo alternativas 
para novas questões. Cabe ao professor, cada vez mais, reelaborar e 
redimensionar os conhecimentos, buscando soluções de trabalho que 
garantam melhores resultados no processo de ensino e de aprendizagem.
Não há professor ideal, mas o professor mais coerente com 
seu tempo é aquele profissional que está em constante estudo, que é 
preocupado com as mudanças na sociedade, aquele que acredita em 
transformações, que é estimulador que respeita e que valoriza o processo 
criativo do aluno, ou seja, sua cultura. 
Dificuldades enfrentadas pelo professor de 
Arte 
Enquanto docentes, podemos nos deparar com desafios, tais como: 
a falta de recursos, como audiovisual, livros, imagens e outros; alunos sem 
materiais (próprios); falta de lugar adequado para desenvolver música, 
teatro e dança; a indisciplina; a autocrítica dos alunos e a carga horária da 
disciplina.
Para o ensino de Arte, é importante um espaço diferenciado, com 
materiais, imagens e instrumentos adequados, o que requer qualidade 
para que a disciplina não se forme apenas mais uma atividade informativa 
e desconectada da vida do aluno. Devemos gerar signos e também 
significados destinados para crianças e adolescentes que não possuem 
acesso à arte e à cultura. 
É importante também pensar que nem sempre o aluno chegará na 
escola com o repertório cultural que o professor esperava que ele tivesse. 
No entanto, cabe lembrar que a escola, como espaço onde também 
se produz e se reproduz arte, deve incentivar que o aluno amplie seu 
Metodologia do Ensino da Arte
40
repertório artístico e cultural, lançando mão de todos os recursos possíveis 
que a escola disponibiliza.
A Arte está em todo lugar. Cabe ao professor “abrir os olhos” dos 
alunos para que esses se percebam como apreciadores e também como 
produtores de obras de arte. 
Caso a escola não tenha condições materiais para organizar saídas 
pedagógicas a espaços que contêm obras de arte para que os alunos as 
apreciem, isso não impede que o professor realize atividades nas quais 
essas obras, mesmo que virtualmente, sejam apresentadas. 
E também, dentro desse contexto, é necessário que os alunos 
não conheçam as obras somente para copiá-las ou mesmo, apenas por 
conhecê-las. Quando mais desenvolvida for a competência de interação 
com as obras, melhor será o desenvolvimento de sua criatividade e de 
sua humanidade artística, de forma que a produção artística desse aluno 
poderá aparecerem diferentes contextos e situações. 
Além disso, é importante lembrar que, se a escola não vai até a 
Arte, a Arte pode vir até a escola, por meio do trabalho do professor, 
da ampliação do repertório artístico dos alunos e da organização de 
trabalhos que tornem as produções dos alunos verdadeiras obras de arte. 
Exposições e mostras de trabalhos são bons exemplos disso.
Por fim, ensinar Arte na escola não é uma tarefa fácil, pois requer o 
preparo do professor de forma constante e o enfrentamento de diversos 
desafios. No entanto, o professor de Arte, se estiver interessado em ensinar, 
e seu aluno em aprender, logo perceberão quão ricos artisticamente 
podem ser os espaços que nos cercam, pois a Arte, conforme já dissemos 
em outros momentos, está em todo lugar.
Outro elemento importante para o ensino de arte é a habilidade do 
professor em trabalhar de forma integrada e interdisciplinar com outras 
áreas de conhecimento. Praticamente, todos os campos de saber podem 
Metodologia do Ensino da Arte
41
ser representados ou relacionados com a Arte, o que possibilita trabalhar 
de diferentes formas e com diferentes linguagens.
A história, por exemplo, é um campo riquíssimo, no qual muitos 
elementos artísticos podem ser explorados, tais como: pintura rupestre, 
arte egípcia, arte grega, arte gótica, arte contemporânea, etc.
A literatura, ou a língua portuguesa, podem servir subsídios para 
o trabalho artístico através das obras literárias, que podem contribuir 
significativamente para a construção e constituição de releituras, 
adaptações e outros elementos que dialoguem com as obras.
O campo da educação física, por meio do movimento e do 
conhecimento corporal, pode ser útil para o desenvolvimento do teatro, 
da dança e da própria música, uma vez que o acompanhamento do ritmo 
com o corpo, a expressividade e o “falar” por meio do corpo podem ser 
explorados nas duas áreas.
Da mesma forma, áreas exatas, como ciências e matemática 
podem auxiliar o desenvolvimento artístico, fornecendo noções de formas 
geométricas, por exemplo, de diversidade de cores e de seres, dentre 
outros elementos. 
Para a ampliação do repertório artístico dos alunos, toda 
interdisciplinaridade é sempre bem-vinda. Por isso, é importante que o 
professor de Arte abandone a ideia de trabalhar isoladamente, ou ainda, 
de que só nas aulas de Arte se aprende Arte. Seus movimentos e esforços 
devem ser com o objetivo de despertar nos alunos o gosto estético, 
ampliar seu repertório artístico e permitir que vejam o mundo também 
sob outra perspectiva: a artística. 
Metodologia do Ensino da Arte
42
RESUMINDO:
 Neste capítulo, você aprendeu que:
A sociedade contemporânea passa por constantes mudanças. 
E diante disso, o desafio da escola é o que ensinar e como 
ensinar, haja vista que as tecnologias estão cada vez mais 
banais;
A arte, nesse contexto de mudanças pelas quais a sociedade 
passa, por servir como estimuladora da criatividade e da 
agilidade, competências tão apreciadas em nosso tempo;
O professor, no processo de ensino de Arte, deve ser um 
constante aprendiz; deve viver a Arte que ensina, e deve 
buscar respeitar o repertório artístico dos alunos, porém, 
oferecendo oportunidades de ampliação desse repertório.
Metodologia do Ensino da Arte
43
A arte como produto da cultura e da 
diversidade
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
os elementos básicos que caracterizam e constituem o 
conceito de cultura e de diversidade, em sua relação com o 
ensino de Arte. Como um estudante do curso de Pedagogia, 
é importante que você os conheça, para que sua análise 
e trabalho com obras de arte se torne mais abrangente, 
fundamentada e profissional. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Figura 4
Fonte: Pixabay
O que é diversidade?
O termo “diversidade” está relacionado à qualidade daquilo que 
é diverso, diferente e variado, ou da variedade. Se fizermos uma busca 
em dicionários, encontraremos essa palavra relacionada a um conjunto 
variado, ou ainda, à multiplicidade, ao desacordo, à contradição, à 
oposição. Quando relacionada à ecologia, diversidade relaciona-se 
Metodologia do Ensino da Arte
44
ao índice que leva em conta a equitabilidade e a abundância de uma 
comunidade.
O termo “equitabilidade” descreve a proporção dos indivíduos de 
cada uma das espécies presentes em uma comunidade em relação 
ao total de indivíduos dessa mesma comunidade. Designa também 
uniformidade.
Para as ciências sociais diversidade encontra correspondência com 
as palavras “alteridade”, diferença” e dessemelhança”. Vejamos, a seguir, o 
que cada uma delas representa.
A palavra “diversidade” é mais genérica que as três demais e 
pode estar relacionada a cada uma delas em separado, ou as três 
simultaneamente. 
Toda alteridade, diferença ou dessemelhança pode, outrossim, 
indicar a simples distinção numérica que se tem quando duas coisas não 
diferem em nada exceto por serem numericamente diferentes. Nesse 
sentido, a diversidade é a negação da identidade. A seguir, a partir de 
Michaliszyn (2008), tentaremos abordar os três conceitos do qual a noção 
de diversidade se aproxima.
 • Por “alteridade”, um conceito mais restrito que o de diversidade, 
entendemos o sentimento de um indivíduo em ser outro, ou melhor, 
de colocar-se ou de constituir-se como o outro. Através desse 
sentimento, conseguimos perceber o outro, o diferente, sem segregá-
lo pelas características que nos diferenciam. 
 • A “diferença” é a determinação da alteridade. Uma vez que a alteridade 
não implica necessariamente uma determinação, a diferença traz 
consigo a determinação. Podemos dizer, por exemplo, que João e 
Pedro são indivíduos pertencentes à espécie humana e, uma vez 
que passaram pelos mesmos processos que os inseriram nos grupos 
sociais, são agora chamados de seres humanos. Como João e Pedro 
vivem no Brasil, são brasileiros e essa característica os assemelha, os 
identifica. Por outro lado, João possui descendência alemã, e Pedro, 
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descendência africana. Assim, embora João e Pedro sejam indivíduos 
da espécie humana, seres humanos que adquiriram valores culturais 
próprios de seus grupos e são considerados cidadãos brasileiros, 
João e Pedro representam etnias diferentes, cujas características 
– diferenças – são expressas não somente no campo dos valores 
culturais, mas em características físicas pertinentes às suas 
descendências. 
 • A dessemelhança, por sai vez, se caracteriza pelas marcas que 
visivelmente tornam os seres diferentes, sejam elas marcas físicas ou 
culturais.
A construção da diversidade sociocultural 
na sociedade
O que se torna evidente na contemporaneidade é que vivemos num 
modelo social que se prevalece pelas diferenças, admite a alteridade, mas 
acentua a dessemelhança e, consequentemente, evidencia a diversidade.
Em consequência desse tipo de comportamento social, somos, 
em determinados momentos, vítimas da diversidade e, em outros, dela 
fazemos uso para reafirmar nossa própria identidade. Por esses motivos, 
é extremamente importante entendermos como a sociedade constrói 
a diversidade. Para isso, é necessário revisitarmos e compreendermos 
melhor o que se caracteriza como diversidade cultural.
O que é cultura?
Podemos entender a cultura de diferentes maneiras. Uma delas é 
a definição de que a cultura é um processo através do qual o homem dá 
sentido a si e a todas as coisas que o cercam: a natureza e o outro com o 
qual convive. A cultura não possui conteúdo em si mesma, sendo produto 
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exclusivo da condição humana. O homem, portanto, é tanto produtor 
quanto produzido pela cultura. 
A cultura nos acompanha desde o surgimento dos primeiros 
agrupamentos humanos e é uma das principais responsáveis pela 
sobrevivência de nossa espécie.
A sobrevivência da espécie humana,espécie que talvez não possua 
mais do que 150 mil anos, e descende de um grupo que viveu na África, se 
deve à capacidade por ele desenvolvida de criar símbolos, de simbolizar 
situações de seu cotidiano. Em seguida, esse grupo foi capaz de criar 
ferramentas, simplificando as formas destinadas à obtenção de alimentos. 
Criou seu próprio sistema comunicativo, aprimorou a linguagem e, por 
necessidade de melhor determinar as estratégias para sua sobrevivência 
e convivência com os demais membros de seu grupo, estabeleceu regras 
sociais e de sociabilidade.
Esses laços de solidariedade construídos contribuíram para o 
estabelecimento de vínculos entre os integrantes do grupo. A união e a 
consequente organização tornaram possível a elaboração de estratégias 
para sua defesa em relação a outros indivíduos, mais fortes, mais velozes, 
porém, sem os traços que determinam a cultura humana. 
Através da noção de cultura, podemos perceber que os seres 
humanos se diferenciam dos demais animais pela função simbólica, ou 
melhor, pelo conjunto de sistemas simbólicos que determinam nossas 
identidades como atores sociais e como integrantes de grupos sociais 
distintos. Tal conjunto de sistemas simbólicos é responsável tanto pelo 
estabelecimento da comunicação no interior dos agrupamentos sociais 
quanto pela definição da forma como os indivíduos relacionam-se entre si 
e também com a natureza, explorando-a em nome de sua sobrevivência 
e do desenvolvimento de seu grupo.
Fazem parte desse conjunto de sistemas simbólicos a linguagem, as 
relações de parentesco, a religião e a crença no sagrado, os mitos, a arte, 
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a economia, dentre outros elementos responsáveis pelo estabelecimento 
da comunicação humana nos diferentes níveis.
Nossa relação de humanidade, nos é dada a partir da capacidade 
que temos, desde o nosso nascimento, de nos comunicarmos com 
nossos iguais e com eles nos relacionarmos e estabelecermos relações, 
necessárias à convivência em sociedade.
Essa capacidade comunicativa desenvolve-se a partir da articulação 
da língua, pois, através da fala, aprimoramos a capacidade de nos 
comunicarmos. 
O desenvolvimento e a evolução da linguagem oral podem 
ser considerados como os princípios responsáveis pelo aumento das 
atividades corporativas e pelo desenvolvimento dos núcleos familiares e 
de comunidades.
No momento de nosso nascimento, imediatamente somos 
apresentados a uma sociedade, cujos valores, regras, sistemas de 
significados – ou seja, a cultura – foram previamente estabelecidos e 
construídos por outros.
Desde os primeiros instantes de nossa existência, vamos assimilando 
um conjunto de informações simbólicas e de experiências que nos vão 
sendo transmitidas pelo grupo social ao qual nos somamos e que foram 
por eles construídas e vividas ao longo de muitas e muitas gerações. 
Ao mesmo tempo em que assimilamos as informações culturais 
de nosso grupo social, também as processamos, acrescentando novos 
dados e eliminando outros. 
Nossa vivência e a experimentação de novas situações nos permite 
descobrir, inventar, reconstruir o conjunto de informações que recebemos. 
Dito de outra forma, a cultura pode ser entendida como um 
conjunto de princípios explícitos e implícitos herdados por indivíduos 
que são membros de uma dada sociedade. Tais princípios mostram aos 
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indivíduos como ver o mundo, como vivenciá-lo emocionalmente e como 
se comportar em relação às outras pessoas, às forças sobrenaturais ou 
aos deuses e também ao ambiente natural. Essa cultura também permite 
aos indivíduos constituírem um meio de transmissão de suas diretrizes 
para a geração seguinte mediante o uso dos símbolos, da linguagem, da 
arte e dos rituais. Em certa medida, podemos dizer que a cultura pode ser 
vista como uma espécie de “lente” herdada para que o indivíduo perceba 
e entenda o seu mundo e para que aprenda a viver nele. 
Por isso, crescer em determinada sociedade é uma forma de 
enculturação pela qual o indivíduo, aos poucos, adquire a sua “lente”. 
Sem essa percepção de mundo, tanto a coesão quanto a continuidade de 
qualquer grupo humano seriam impossíveis. 
Por isso, podemos dizer que somos produto e também produtores 
de cultura. Somos por ela construídos e contribuímos para sua construção 
e reformulação.
Nossa capacidade de simbolização e criação cultural nos permite 
constituir uma característica bastante extraordinária: pensar no que 
não está diante dos nossos olhos. Essa capacidade de abstração e 
transcendência permitiu que superaremos as limitações impostas pela 
natureza.
Com isso, conquistamos o planeta e colocamos as demais espécies 
sob nosso domínio. Somos capazes de elaborar uma vestimenta para 
nos proteger do frio e, assim, embora sem um organismo adaptado para 
tanto, sobrevivemos em regiões árticas. Somos capazes de criar aviões e 
submarinos e, sem asas ou nadadeiras, avançarmos por ares e por mares. 
Podemos dizer, inclusive, que a cultura nos torna os mais poderosos do 
planeta. 
Regras culturais
Como vimos anteriormente, o comportamento social é o resultado 
da maneira pela qual os seres humanos se organizam, através do 
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estabelecimento de regras de conduta e de valores. São as relações 
culturais que estabelecemos entre nós que norteiam a construção da vida 
social, econômica e política.
Os modos de pensar, agir, sentir de todo ser humano, assim como 
os meios que procuramos para garantir nossa sobrevivência através de 
nossa ação sobre a natureza (trabalho) são por nós apreendidos por meio 
das experiências e das relações que nos são impostas ao longo de nossa 
vivência em sociedade.
Para que o viver e o conviver em sociedade sejam possíveis, os 
grupos sociais estabelecem para si um conjunto de regras, que são 
aceitas coletivamente. Essas regras delimitam nossos pensamentos, 
nossas ações e determinam nossos “modelos” de vida. 
Em um sentido mais amplo, as culturas podem ser vistas como 
linguagens, cuja característica é permitir que se produzam sentido e ordem 
à atuação dos seres humanos e à realidade que eles produzem para si, 
estando na base da ordenação da subjetividade humana, das relações 
entre os indivíduos e do mundo que constroem ou experimentam. 
Enquanto linguagens, as culturas têm uma gramaticalidade, uma 
estrutura responsável pelo sentido presente nas manifestações humanas 
e, portanto, se constituem como campos fundados por regras. Sendo 
assim, as regras têm uma função simbólica que vai além da coerção. Elas 
permitem a produção de sentido. 
Uma vez que não há sociedades sem regras sociais estabelecidas, 
podemos dizer que ela, a regra, é produto e princípio de uma cultura. 
Assim, se nos primeiros momentos de nossa vida agimos exclusivamente 
por instinto ao nos relacionarmos com nossos “iguais”, ou melhor, com 
outros seres humanos, com eles aprendemos cultura e, automaticamente, 
incorporamos regras e padrões de viver socialmente. 
Pensamentos, ações, emoções, não são – deste modo – formas 
inatas ou biologicamente herdadas, mas o resultado de experiências e 
relações impostas pelo outro no decorrer de nossa inserção social. Logo, 
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essas emoções, valores construídos, juízos morais, éticos, religiosos, são 
determinados culturalmente por regras que seguimos e construímos.
Nesse sentido, essa “ordem”, que é humana por definição, tem 
por princípio e fundamento as regras que produzimos e sobre as quais 
alicerçaram a possibilidade de sermos humanos. 
Sem as regras, seríamos incapazes de produzir ordem e sentido 
para nossos pensamentos e ações e, consequentemente, para a realidade 
que vivemos e produzimos. 
Observemos, por exemplo, o teatro de marionetes. Vemos as 
marionetes dançando no palco minúsculo, movendo-se de um para outro 
lado levados pelos cordões, seguindo as marcações deseus papéis. 
Aprendemos a compreender a lógica desse teatro e nos encontramos 
nele. Localizamo-nos na sociedade e assim reconhecemos a nossa 
própria posição, determinada por fios sutis. Por um momento, podemos 
realmente nos vermos como fantoches. Porém, de repente percebemos 
a diferença decisiva entre o teatro de bonecos e nosso próprio drama. Ao 
contrário dos bonecos, temos a responsabilidade de interromper nossos 
movimentos, olhando para o alto e divisando o mecanismo que nos 
moveu. Tal ato constitui o primeiro passo para a liberdade. 
EXPLICANDO MELHOR:
A cultura é o processo pelo qual o homem dá sentido a si e a 
todas as coisas que o cercam: a natureza e o outro. Não possui 
conteúdo em si mesma e é um produto exclusivo da condição 
humana, pois o homem é seu produtor e, por ela, é produzido.
O mundo cultural é um sistema de significados (linguagens, arte, 
parentesco, religião, mito, arte, economia) estabelecidos pelo grupo 
social do qual fazemos parte. Ao nascermos iniciamos um processo de 
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assimilação, onde aprendemos, a partir da linguagem, um conjunto de 
informações simbólicas construídas ao longo de várias gerações.
Cada grupo social estabelece para si um conjunto de regras 
responsáveis por delimitar os pensamentos, as ações e por determinar 
“modos” de vida. Nossas emoções, valores construídos, juízos morais, 
éticos e religiosos são determinados culturalmente por todas as regras 
que seguimos e construímos. 
Sem as regras, seríamos incapazes de produzir ordem e sentido 
para nossas ações e pensamentos e, consequentemente, para a realidade 
que vivemos e produzimos. Sem elas, não seríamos a espécie humana. 
Nesse contexto, podemos dizer que a cultura perpassa a 
humanidade e nos torna seres humanos, fazendo com que partilhemos 
de determinadas regras de uso comum, que além de constituírem nossas 
identidades, nos marcam como membros de umas determinada cultura 
e não de outra. 
A Arte como um produto da diversidade e 
da cultura
Se a cultura é o que nos torna humanos, a Arte, por sua vez, nos faz 
“deixarmos nossa marca” no mundo, tornamo-nos imortais como espécie 
e diferentes dos animais. 
Como uma linguagem produzida por signos e carregada de sentidos, 
a Arte é uma forma de manifestar os anseios e sentimentos humanos, um 
modo de universalizar determinadas relações e pontos de vista. 
Assim, a Arte pode ser considerada como um produto da diversidade 
porque é plural, porque está em todo lugar e porque assume as mais 
determinadas formas.
A diversidade se constitui na Arte, que busca representar diferentes 
traços humanos, diferentes formas de ver e de interagir com o mundo.
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A cultura, por sua vez, é o grande “guarda-chuva” que sustenta a 
Arte, pois sem ela, a produção humana não teria sentido. 
É a cultura que cria condições de possibilidade para que se produza 
a arte de diferentes maneiras, para que se ouse, para que se busque 
novas técnicas e mestres.
Com isso, pensamos que tanto a diversidade como a cultura, dentro 
da sala de aula de Arte, devem ser consideradas. Primeiramente, desde o 
primeiro contato com os alunos, é importante que o professor vá traçando 
os perfis dos alunos, avaliando em que medida sua turma/ suas turmas/ 
sua escola assumem um caráter de precariedade e de exclusão social. 
A cultura e a diversidade, aliadas à Arte, nos ensinam que é 
necessário aguçar a percepção em relação às diferenças e às relações de 
poder que nos cercam.
Por isso, ao ensinar Arte em sala de aula, o professor deve propor 
atividades que conversem com a cultura da comunidade, considerando 
que essa cultura é formada pela diversidade, sendo constituída como 
plural. 
Valorizar as potencialidades de cada cultura, considerando sua 
multiplicidade, pode ser um bom passo para resgatar o criar o interesse 
pela escola, pelas artes e pelos estudos. 
Da mesma forma, quando falamos sobre diversidade na Arte, 
estamos defendendo a pluralidade de técnicas, de representações e 
também de estilos. 
Somente assim será possível trabalhar a disciplina de modo 
democrático, inclusivo e preocupado com o presente e o futuro.
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RESUMINDO:
 Neste capítulo, você aprendeu que:
A arte é fruto da cultura e da diversidade; A cultura é aquilo 
que nos torna humanos; é o que construímos e o que nos 
constrói; é a atribuição de valores e de regras estabelecidas 
por uma grande comunidade, passadas por muitas e muitas 
gerações; A diversidade é um conceito ancorado na noção de 
diferença, na qual a marca principal não é o que se tem em 
comum, mas o que se acha que não se tem. 
Caro estudante:
Chegamos ao final desta unidade. É importante que você revise 
este material, tome nota de suas principais aprendizagens 
e principais dúvidas, busque nas indicações de pesquisa 
leituras e vídeos que podem contribuir muito nessa etapa! 
Além disso, ao término desta unidade, você encontrará as 
principais referências bibliográficas utilizadas na elaboração 
dessa obra, que podem ser consultadas. Não desanime nas 
dificuldades de estudo, mas faça com que essas dificuldades 
de hoje venham ajudá-lo a se tornar um estudante e um 
profissional melhor amanhã!
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REFERÊNCIAS
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a aprendizagem. 2015. Disponível em:< https://www.youtube.com/
watch?v=lhN70AWMWJo> Acesso em: 24 mar. de 2020. 
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Éderson da Cruz
Metodologia do Ensino da 
Arte

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