O KARATÊ E O DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DE 6 A 10 ANOS

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O KARATÊ E O DESENVOLVIMENTO MOTOR EM CRIANÇAS DE 6 A 10 ANOS
ROLIM, Andrei de Souza¹
RU 1122441 SOBRENOME, Nome do professororientador ²
RESUMO
O karatê de alguns anos para cá vem se tornando uma das artes marciais mais praticadas, não por “modinha” como costumamos dizer, mas sim por ser uma arte que agrega conhecimentos para a vida. Muito se ouvia falar, entre os anos 80 e 90 de que o karatê era apenas troca de socos e chutes, mas na verdade essa visão foi passada por maus professores que despertavam o espírito de raiva e agressividade dos alunos, mas para alguns praticantes esta nobre arte traz uma paz de espírito. O presente trabalho tem como objetivo geral investigar acerca da importância do profissional de Educação Física com conhecimento em karatê para ajudar no desenvolvimento motor das crianças na faixa etária em questão e como objetivos espcíficos descrever os benefícios do karatê no desenvolvimento motor das crianças, usando como atividade física para a saúde e qualidade de vida, verificar a atuação do profissional de Educação Física mesmo que não seja exigido formação para atuar nesta área e discutir sobre o papel da tecnologia na atuação do profissional de Educação Física no cenário atual.
Palavras-chave: Desenvolvimento motor. Esporte. Karatê. 
1 INTRODUÇÃO
Sabemos que o desenvolvimento motor das crianças é muito importante para o seu crescimento e aprendizagem e nada melhor que um esporte para ajudar no refinamento dos movimentos. O Karatê é uma arte milenar que tem histórico de trabalhar partes do corpo que ajudam no seu fortalecimento e refinamento de movimentos com mãos, braços, cabeça, tórax, quadril e pernas e sem falar no controle dos movimentos do aparelho respiratório, de acordo com (Funakoshi,1975) em seu livro “ Karatê-do: meu modo de vida” fala que o verdadeiro karateca não prática o karatê somente dentro do dojo (local de treino), mas em todas suas atitudes do dia a dia, tendo sempre cortesia, respeito, dedicação e disciplina, e nos dias de hoje em que as crianças não tem um convívio social como as crianças dos anos 80 e 90, onde brincar até tarde na rua era uma coisa comum e segura, e hoje devido a criminalidade o que mais vemos é crianças grudadas em um smartphone, tablet, computador ou televisão, o que faz com que elas percam algumas habilidades motoras as quais são muito importantes para o seu crescimento.
De acordo com Newell (1991), a aprendizagem motora é a ciência que aborda a capacidade de adquirir e/ou aprimorar as habilidades motoras. Trata-se do processo ou conjunto de processos que aumenta a coordenação entre as funções percepção e ação. E diante disso o karatê com todo o seu processo de desenvolvimento motor pode ajudar muito não só as crianças, mas também os adultos que têm alguma limitação.
O Karate-Do é uma prática complementar desportiva e de formação cultural, baseada em defesa pessoal e evolução interior, vindos de Okinawa em meados do século XVIII e do Japão a partir do início do século XX. Karate quer dizer “mãos vazias", é uma arte altamente científica. É utilizado todas as partes do corpo para fins de auto-defesa e o grande objetivo do karate é a perfeição do caráter, através de um árduo treinamento e uma rigorosa disciplina do corpo e da mente. O cultor de Karatê-Do, chama-se karate-ka e ele utiliza as mãos, os braços, as pernas, os pés, enfim, qualquer parte do corpo, como armas.
Junior (2003), explica que existem informações sobre as origens do Karatê-Dô, documentadas, mas que em sua maioria resumem-se em mitos e relatos romanceados, nada de comprovação formal, mas podem ser pesquisadas através dos séculos, chegando até o Japão moderno, via Okinawa, promovido na China e provavelmente na Índia, a partir do IV e V século antes de Cristo. 
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais:
[...] o trabalho de Educação Física é de grande importância, possibilita os alunos terem desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e também de participar de atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com a finalidade de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções. Fundamenta-se nas concepções do corpo e do movimento, quer dizer, a natureza do trabalho desenvolvido nesta área tem uma relação com a compreensão que se tem desses dois conceitos. (BRASIL, 1998)
O presente trabalho tem como objetivo geral investigar acerca da importância do profissional de Educação Física com conhecimento em karatê para ajudar no desenvolvimento motor das crianças na faixa etária em questão e como objetivos espcíficos descrever os benefícios do karatê no desenvolvimento motor das crianças, usando como atividade física para a saúde e qualidade de vida, verificar a atuação do profissional de Educação Física mesmo que não seja exigido formação para atuar nesta área e discutir sobre o papel da tecnologia na atuação do profissional de Educação Física no cenário atual.
2 A ORIGEM DAS ARTES MARCIAIS, HISTÓRIA DO KARATÊ E O DESENVOLVIMENTO MOTOR DOS PRATICANTES
2.1 ORIGEM DAS ARTES MARCIAIS
As artes marciais, tem sua origem nos países do oriente, acredita-se que muito antes da invenção da escrita, muitos indícios apontam que boa parte das técnicas de ataque e defesa tiveram sua origem dos movimentos dos animais, que vieram a ser aperfeiçoados pelos povos durante as guerras. A origem do termo “Artes Marciais” alguns anos sempre achei que o termo vinha dos exércitos, mas ao decorrer dos anos dedicados ao karatê e tendo muitos contatos com professores com mais experiência e em um treino ouvi que o termo tem uma referência as artes de guerra e luta do Deus greco-romano Marte, Deus da guerra, de acordo com esta mitologia as artes marciais eram ensinadas pelo Deus aos homens, portanto podemos dizer que artes marciais ou militares são as práticas utilizadas pelos exércitos no desenvolvimento de treinamento e habilidade para o uso em guerras não importando a origem do povo que a criou. Hoje o termo artes marciais é todo o sistema de combate, seja ele com ou sem armas tradicionais, de origem oriental ou ocidental.
Alguns povos tiveram sua contribuição para origem das artes marciais, os que mais se destacaram nesta história foram os gregos, indianos, chineses e por fim os japoneses que por sua vez mesmo sendo um povo mais conservador, acabou por expandir suas artes marciais para o resto do mundo.
Já dizia (Funakoshi) no Niju Kun “no início seus movimentos são artificiais, mas com a evolução tornam-se naturais.” É desta forma que sabemos o quanto o karatê ajuda no desenvolvimento motor não só das crianças, mas também de todas as pessoas sejam elas de qualquer idade. Crianças de 6 a 10 anos segundo (ARANHA, 2006, p. 37) citando “é no período verbal que a motricidade vai se aperfeiçoando, resultando numa complexidade inigualável.” FREIRE (2003) e “No treinamento de karatê é desenvolvida força, resistência, velocidade, agilidade, lateralidade, concentração, coordenação motora, através da prática de kihon que posteriormente será utilizado no kata e kumite, e completando seu raciocínio quando praticamos kata regularmente obtêm-se um desenvolvimento equilibrado do corpo.” (CRUZ, 1994). 
De acordo com LAGO e CAMPOS (2019, p.6) os benefícios do karatê “melhora a concentração; melhora o equilíbrio nervoso; desenvolve a flexibilidade e a coordenação; contribui para que a criança tenha uma postura corporal adequada; desenvolve a auto confiança e o sentimento de segurança; desenvolve os aspectos motores, cognitivos e afetivos; desenvolve a coordenação motora, a lateralidade e a orientação espaço temporal e equilíbrio; promove a disciplina, dando a criança, noção de limite e compreensão de respeito para com os outros; promove o desenvolvimento de sentimentos como amizade, companheirismo e paciência; auxilia no crescimento.” (LIMA,2014). Isso tudo contribui para que as crianças se tornem adultos melhores, mas o fundamental é que isso mexe com a estrutura física delas tirando-as da sua zona de conforto.
O karatê não é apenas socos e chutescomo alguns pais ou pessoas pensam, por trás desta nobre arte temos valores que se colocarmos em prática em nossas vidas, acaba por nos tornarmos pessoas melhores, não pelo fato de estarmos aprendendo um meio de defesa pessoal, mas sim pela rica quantidade de partes do nosso corpo com as quais ele mexe e isso é tão importante para o desenvolvimento das crianças.
2.2 A HISTÓRIA DO KARATÊ
O Karatê tem sua origem ao sul do Japão no arquipélago de Riu-Kyu, na ilha de Okinawa que ao final da dinastia Ming passou a ser efetivamente dominada pelo Japão, e o imperador proibiu o uso de armas para evitar a reação do povo nativo. Sob pressão militar a população buscou nos utensílios de uso cotidiano e no próprio corpo os meios de defesa (Nakayama, 1987). Surgindo assim os primeiros indícios de artes marciais, no início chamado de “Tode”, forma primitiva do karatê que era influenciado principalmente pelas artes de lutas vindas da China.
As artes marciais no século XX deixou de ser “luta de sobrevivência” e começou a ser ensinado como “educação física com fundamentação espiritual”, então o karatê deixou de ser ensinado de modo secreto. Em 1916 mestre Funakoshi fez a primeira apresentação pública fora de Okinawa. Segundo (Nakayama, 1987) mestre Funakoshi é considerado o pai do karatê moderno, por ter aperfeiçoado técnicas e sua filosofia. Viajando por todo Japão, Funakoshi foi convidado a lecionar em universidades, com isso o karatê foi submetido a pesquisas científicas o que ajudou a aprimorar técnicas e criando métodos de treinamento sistemático.
Logo após a segunda guerra mundial, a emigração japonesa e o grande interesse do exército em aprender karatê, ajudou muito a difundir a arte pelos continentes. E graças a isso o karatê é a arte marcial mais praticada no mundo. 
Nos tempos em que o karatê foi difundido, os residentes de Okinawa usavam o esporte para aprender a se defender, mas os treinos tinham que acontecer em um período em que não tivesse ninguém fora, ou seja, à noite e escondido nas florestas, para que os chineses não ficassem sabendo como era eficiente o sistema de defesa pessoal. Em Okinawa, foram criados diversos estilos de karatê, e hoje em dia existem mais de 60 estilos. Funakoshi foi nomeado como o pai do karatê moderno e criador do estilo shotokan, foi ele quem levou o karatê de Okinawa para o Japão.
Segundo Arakaki (1978, p.35):
“Apesar de o karatê-do shotokan ser defesa pessoal e esporte e estar baseado na junção das três atividades que são o kihon, o kata e o kumitê para otimizar o lutador, existe outro conteúdo que é muito importante: o aspecto espiritual para desenvolver o carateca harmoniosamente, a mente e o físico.
	O Karatê deve começar da mesma maneira como deve terminar, com respeito (REI), mas o significado da palavra japonesa vai muito além do respeito e também há um sentido de auto-estima e um dos fundamentos do karatê diz que “Não existe primeiro golpe no karatê”, ou seja, “Uma espada nunca deve ser desembainhada de maneira descuidada ou imprudente” – uma regra de suma importância de um Samurai. Existem outros fundamentos criados por Funakoshi, como “O karatê permanece do lado da justiça”; “Primeiro conheça a si mesmo, depois conheça os outros”; “O pensamento acima da técnica”, dentre outros fundamentos desenvolvidos por Funakoshi.
	Para Junior (2003), o Karatê-do veio para o Brasil em meados de 1908, e baseia-se no treinamento repetido de movimentos de pés e mãos, tudo em sincronia com o equilíbrio do corpo buscando o aumento do autocontrole físico e mental. Conforme Viana e Lovisolo (2009), essa arte ensina o praticante a tirar dos treinamentos benefícios espirituais e também físicos, porque o esporte causa dentro da filosofia "mens sana in corpore sano" (mente sã em corpo são).
	Os ensinamento do Karatê vem de Gishin Funakoshi, e é configurado, conforme Ferreira e Andrade (2005) em:o karatê inicia e termina com respeito ao local de treino, ao mestre e aos praticantes, no karatê não existe golpe de ataque(agressão), o karatê leva em conta o caminho da razão, conheça a si próprio antes de conhecer os outros, aprenda a lapidar o espírito, depois a técnica, evite o descontrole do equilíbrio mental, suas falhas surgem na acomodação mental e física, o karatê não se limita apenas ao dojo; a essência do karatê descobre-se no decorrer da vida, dará frutos quando associado à vida cotidiana, o karatê é igual à água quente, se não receber calor constantemente, ele esfria, não pense em vencer, mas não pense em derrota, mude a posição conforme o tipo de adversário, imagine que seus membros são espadas, por que o homem que sai do seu portão, existem milhões de adversários, no início seus movimentos são artificiais, mas com a evolução tornam-se naturais, a prática dos fundamentos deve ser correta, enquanto em uso, torna-se diferente, domínio do seu corpo na coordenação, na força, na velocidade, e elasticidade, estudar, criar e aperfeiçoar constantemente.
	Os fundamentos da união das artes marciais (Budô), são na base do respeito ao próximo e a cortesia e que devem acompanhar os praticantes de Karatê em todos os momentos da vida, de sua caminhada, como por exemplo: em casa, na academia, no seu trabalho, na escola. Para Barreira e Massimi (2006), não existe a vaidade e o capricho na vida de um praticante, devem ser evitados, em todos os momentos por onde andar, no dia a dia, mas devem saber ouvir as críticas construtivas e seguir os bons conselhos, ser humilde, ter a autocrítica e devem ser constantes na sua conduta diária, jamais ser arrogante e ficar se exibindo, pois isso são coisas dos pobres de espírito. 
De acordo com Junior (2003), as técnicas do karatê se baseiam em golpes com as mãos fechadas (socos) e golpes com a mão aberta, e com as pernas (chutes e joelhadas), assim como as técnicas de defesa, nas quais também são utilizadas mãos e pernas na expectativa de bloquear ou desviar golpes dos adversários, são praticadas por meio de duas estratégias de ensino, que são o Ippon Kumite(defesa e ataque em apenas um golpe) e Gohon Kumite(ataque e defesa em cinco passos).
Conforme os ensinamentos de Funakoshi apud Ferreira e Andrade (2005), uma aula de karatê tem suas diretrizes: uma aula tradicional de karatê se inicia com saudação ao mestre (Funakoshi) e ao dojô (local de treinamento) usando a expressão japonesa “SHOMEN NI REI” e os demais respondem com a expressão “OSS” ao sensei(professor) usando a expressão japonesa “SENSEI NI REI” e os demais respondem com a expressão “OSS”, e por último aos demais praticantes “OTAGAI NI REI” e os mesmos respondem com a expressão “OSS”. É iniciado o taiso, cuja tradução seria “ginástica” e é o aquecimento nas aulas de lutas orientais, envolvendo exercícios de alongamentos e outros de caráter geral, como abdominais e flexões. Logo após, é realizado o kihon que por sua vez entendemos que é uma preparação do corpo e mente para realização de katas. A pergunta que sempre nos fazem por que hoje não teve kumite(luta) no nosso entendimento o kihon e o kata mexem com uns grupos musculares diferentes do kumite aonde no kihon e kata precisamos deles mais fortes e no kumite precisamos deles mais leves e soltos, sem falar que nossa mente e espírito estariam preparados para o que podemos dizer uma meditação. Para finalizar a aula o sensei coloca todos em forma sentam-se em seiza (sentar ajoelhado, sobre os calcanhares) e inicia-se o Mukuso meditação para compreensão de tudo que foi passado em aula e também para esquecimento dos problemas do mundo exterior para retornar à realidade, voltando mais bem preparado para as atividades cotidianas. Após o Mukuso é feita a mesma saudação do início.
Conforme Ferreira e Andrade (2005), o kihon pode ser compreendido como um dos principais fundamentos do karatê, assim como o controle de corpo, o manejo de bola, o passe, o drible e a finalização são para os jogos esportivos coletivos. Não há dúvidas de que o kata e o kumitê são a essência do karatê, sem estes a modalidade não existiria, assim como sem jogo não existiriamos esportes coletivos.
Em uma aula comum de karatê, os alunos sendo eles crianças é realizada uma brincadeira como forma de preparação da musculatura, e sendo eles adultos realizam o “taiso”, logo realizamos o kihon que serve de preparação para a realização do kata. Por educação e respeito devem chamar o professor de sensei, procurar não conversar para o andamento da aula, e deve incorporar-se outros elementos: as crianças devem ter turmas exclusivas, e não podem ser misturadas com os adultos, para que as linguagens não se misturem. Isso para que os interesses e aspirações dos dois grupos pudessem ser respeitado, no taiso, entrariam diversas brincadeiras: pega-pega, morto-vivo, polícia e ladrão, futebol e queimada, são as mais pedidas; para Junior (2003) apud Ferreira e Andrade (2005), as alterações nas normas são feitas ou novas brincadeiras se seguem para aproximar as atividades gerais do karatê, existem algumas variações nas brincadeiras como morto-vivo em japonês, pois os alunos devem estar habituados com as palavras em japonês, idioma valorizado durante todo período do aluno com a modalidade.
Ainda para o mesmo autor, no morto vivo, usamos as palavras hajime e yame, deitamos ou sentamos, a inserção do idioma japonês também pode ser feita por meio do jogo de queimada, no qual o aluno que for queimado deve falar o nome de algum golpe ou parte do corpo usado no karatê para ser salvo. Isso pode ser feito com o futebol: o time que levar um gol deve mostrar ou falar um golpe, ou mostrar uma sequência de golpes, etc.
Conforme Sá (2002), brincadeiras populares são incluídas, mas são adaptadas para aproximá-las do karatê, como no samurais e ninjas, permitindo explorar pontos da história do Japão e do karatê, aliados às atividades gerais e específicas, são trabalhados os tradicionais, como kata, kihon e kumitê e que são facilitadas tanto pelas experiências motoras vivenciadas nas outras atividades como pelo aprendizado do significado dos nomes dos golpes em japonês por meio das brincadeiras.
O professor/sensei, atua como mediador das práticas e o respeito à hierarquia/graduação é construído, não é imposto, sendo permitida inclusive a participação dos alunos na construção das aulas, trazendo sugestões de novas atividades, a proximidade entre professor e aluno facilita o trato de questões socioeducativas, permitindo ao professor incluir todos os alunos e compreender suas necessidades, uma vez que lhes é dada a palavra.
2.3 DESENVOLVIMENTO MOTOR DOS PRATICANTES
No Karatê, as crianças não devem ser cobradas, como se fossem adultos, pois eles têm um processo de desenvolvimento motor, intelectual e psíquico. É comum outros profissionais de outras áreas indicarem o karatê e segundo Sá (2002), crianças indicadas por psicólogos aparecem na academia com bastante frequência, crianças e adolescentes tratados por motivos de distúrbios psíquicos relacionados a ou acanhamento extremo, crianças com deficiências de postura de coluna (cifose: curvatura anormal da coluna vertebral na altura da cervical com tendência para a frente; lordose: curvatura anormal com convexidade para adiante da coluna vertebral, principalmente na parte lombar com tendências para dentro) são indicadas para o treinamento de karatê.
Pessoas com deficiências motoras, também são indicados para essa prática, pois é riquíssimo em estímulos que agem diretamente na área motora, uma das características principais são os movimentos que exigem uma coordenação motora alternada, ele força os lobos cerebrais alternadamente, pois sabemos que o lado direito do nosso corpo é comandado pela área esquerda de nosso cérebro, e consequentemente o esquerdo do corpo, pelo direito do cérebro. Conforme Sá (2002), a aprendizagem ocorre em três domínios do comportamento humano, o cognitivo, o afetivo e o motor e se tem a necessidade de compreender tais domínios a fim de direcionar para os alunos o que se deseja ensinar.
Ainda para o mesmo autor, o comportamento do domínio cognitivo está diretamente estruturado nas atividades intelectuais, onde operações mentais geram informações e tomadas de decisão. No que se refere ao domínio afetivo, surgem cinco categorias: prestar atenção, responder, valorizar, organizar, caracterizar valores. No domínio motor, a base é o movimento e ao componente cognitivo, apresenta a seguinte classificação: estimulação sensorial, predisposição, resposta dirigida, mecanismo, resposta complexa manifesta, adaptação.
A aplicação do Karatê para o desenvolvimento humano, contribui para a formação integral, fazendo com que as crianças e adolescentes sejam capazes de compreender a sua realidade, de serem mais participativos na sociedade como cidadãos, de contribuírem com ideias e ações para a transformação da própria vida e a de sua comunidade.
Brasil (1998), no que tange aos valores, as atividades esportivas permitem um intenso trabalho, uma vez que o esporte oferece ricas oportunidades para a sua expressão, nas atividades esportivas o respeito, a solidariedade, a cooperação, a sinceridade, o senso de justiça, a responsabilidade pessoal e coletiva (ou seus opostos) podem ser expressos e identificados. São os valores que orientam o modo de agir e as nossas escolhas entre ser ou não ser, daí a necessidade da mediação do educador no sentido de orientar o trabalho educativo pelos valores humanos pautados na ética. 
O professor de karatê, precisa conhecer a criança ou o adolescente, nas fases motoras, é preciso observar seu comportamento antes, durante e depois dos treinos. Para que as competências, habilidades, atitudes e valores desejados, sejam desenvolvidos é necessário contar com educadores comprometidos, competentes, que compreendam muito bem a importância do seu papel na vida dos sujeitos com os quais trabalham.
Medina (2002) explica que o comportamento do domínio cognitivo está diretamente estruturado nas atividades intelectuais e sua característica está relacionada naquilo que o organismo faz com as informações de que dispõe. Tais operações mentais, como a descoberta, ou reconhecimento de informações (cognição), retenção, armazenamento de informações (memória), geração de informações a partir de certos dados e tomadas de decisão ou “feitura” de julgamento acerca da informação, são componentes integrais do domínio cognitivo.
Para Junior (2003), a base do domínio motor é o movimento, também denominado como domínio psicomotor, por estar diretamente relacionado com o envolvimento de um componente mental ou cognitivo na maioria das habilidades motoras, como por exemplo: realizar um determinado movimento no kata, fazer uma defesa de um golpe do adversário e contra-atacar no mesmo momento, etc.
Gilford (1958 apud Sá, 2002), fez uma classificação bem sistemática das capacidades motoras e às enumerou em seis fatores, velocidade, força, impulsão (à medida que movimentos são iniciados de posições estacionárias), precisão, flexibilidade e coordenação.
Todos os esportes são de grande importância, para a saúde das crianças e adolescentes, em si trabalha de modo a beneficiar as crianças, influencia o desenvolvimento emocional, mental e intelectual, considerando e tomando por base diversos estudos relacionados à saúde das crianças, que o esporte age de forma completa, trazendo benefícios e o karatê, além de proporcionar grandes benefícios, também trabalha a disciplina, melhora o comportamento, fazendo com que a criança ou adolescente seja mais sociável e amigo.
Vários benefícios o Karatê proporciona, como: melhora a concentração, o equilíbrio nervoso, desenvolve a flexibilidade e a coordenação, ajuda a criança ter uma boa postura, desenvolve a auto confiança e sentimento de segurança. Conforme Lima (2014), desenvolve os aspectos motores, cognitivos e afetivos; desenvolve a coordenação motora, a lateralidade e a orientação de espaço temporal e equilíbrio, promove a disciplina, dando à criança noção de limite e compreensão de respeito para com os outros, promove o desenvolvimento de sentimentos como amizade, companheirismo e paciência e auxilia no crescimento.Ainda o karatê ajuda no tratamento por conta da hiperatividade, para crianças inquietas, agressivas e com falta de limites, ajuda na concentração em sala de aula. É frequente a reclamação dos professores das escolas quanto à falta de concentração dos alunos nas aulas, que acaba prejudicando-os e atrapalhando-os no desempenho escolar. Estudos ligados à psicologia e à pedagogia comprovam que o karatê tem grande influência para ajudar no desenvolvimento dessas crianças que sentem dificuldade para se concentrar nas suas atividades diárias. 
Freinet (2017), destaca que as lutas devem fazer parte da vida das crianças e adolescentes e também nas aulas de educação física em escolas, porque o karatê proporciona para o ser humano qualidades como coordenação, motivação, autocontrole, concentração, atividade anaeróbica e aeróbica, durante as quais o aluno aprenderá alguns códigos de honra baseados na razão, no caráter, no esforço, evitando a violência e mantendo o respeito ao próximo, ainda a psicomotricidade é a ciência do Homem em movimento, das relações consigo e com o mundo, com o corpo, através do corpo e de sua corporeidade.
Quando o esporte é praticado de forma correta, o desenvolvimento ocorre de forma adequada, há uma participação do amadurecimento neural, ósseo, muscular e o crescimento físico junto ao intelectual que, segundo estudos, ocorrem a partir dos 7 anos de idade, também há um refinamento da integração perceptivo-motora com o desenvolvimento do processo intelectual propriamente dito. Para Alves (2007), a psicomotricidade é a integração psiquismomotricidade, sendo a motricidade definida como o resultado da ação do sistema nervoso sobre a musculatura e o psiquismo como o conjunto de sensações, percepções, imagens, pensamentos e afeto. Portanto, a função psicomotora é a unidade onde se integram a incitação, a preparação, a organização temporal, a memória, a motivação, a atenção, entre outras (GONÇALVES, 2004). As crianças vão conquistar aos poucos sua autonomia e independência de acordo com o processo de maturação segundo a justificativa de Piaget, e a atividade motora desempenha um papel importantíssimo na vida intelectual. 
O esporte praticado pelo menos três vezes na semana, com duração de uma hora, ajuda no aumento do gasto calórico, pois melhora a capacidade aeróbica, desenvolve a massa muscular e dos estímulos ao sistema neuropsicomotor, pois nos primeiros momentos da vida das crianças, o esporte é fundamental para o crescimento ósseo e o amadurecimento biológico. Mas também o esporte praticado em excesso, sem períodos de descanso, traz problemas para o organismo, como a diminuição ou interrupção do crescimento, cansaço, desânimo, sistema imunológico debilitado e o aparecimento de lesões. 
O primeiro contato que a criança tem com o mundo acontece pelo movimento que proporciona ao homem desenvolver a parte física, motora, intelectual e afetiva, o que resultará pontos positivos para toda a vida. Pode ser pela fala, gestos, olhares, movimentos e linguagem verbal e corporal, fará com que a interação com o meio social e seu mundo melhorem. 
Segundo Le Boulch (1988, p.322), a educação psicomotora estaria na base da educação primária e leva a criança a ter consciência de seu corpo, o que previne inadaptações difíceis de corrigir quando já estruturadas. Os exercícios do karatê estão ancorados nos princípios fundamentais, com o objetivo de desenvolver as capacidades motoras da criança, visando à eficiência e à adequação dos diferentes níveis de habilidades, respeitando a personalidade e a individualidade. 
O equilíbrio, a coordenação motora fina e o ritmo são outros assuntos abordados dentro da psicomotricidade. Sendo o equilíbrio a capacidade de assumir e manter posições corporais contra a força da gravidade. A coordenação motora fina caracteriza-se pelo emprego coordenado de pequenos músculos. E o ritmo está relacionado à noção de ordem.
3 METODOLOGIA
O presente estudo teve como objetivo geral investigar acerca da importância do profissional de Educação Física com conhecimento em karatê para ajudar no desenvolvimento motor das crianças na faixa etária em questão e como objetivos espcíficos descrever os benefícios do karatê no desenvolvimento motor das crianças, usando como atividade física para a saúde e qualidade de vida, verificar a atuação do profissional de Educação Física mesmo que não seja exigido formação para atuar nesta área e discutir sobre o papel da tecnologia na atuação do profissional de Educação Física no cenário atual. Para desenvolver a presente pesquisa recorreu-se a fontes bibliográficas da base de dados eletrônicos e de livros de autores reconhecidos na área. Em um primeiro momento foi feita a identificação e localização das fontes (artigos, livros etc.), e após efetuado os registros dos dados coletados.
Os termos chave utilizados na pesquisa das fontes foram: Karatê, sensei, educação física e exercício físico. Os termos foram aplicados de forma individual e em combinações. Os textos acessados foram selecionados segundo a relevância e qualidade, considerando os objetivos propostos. As obras foram selecionadas por meios da leitura sistemática, e após a leitura, procedeu-se a identificação das principais citações que trouxeram relevância para o estudo proposto, e optou-se pela busca das principais obras dos autores mais citados nos artigos selecionados, para a conclusão da pesquisa.
Os dados foram coletados em obras específicas referente aos temas abordados no trabalho, definidos em projeto, tais como: a importância do Karatê, para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Cada tema foi pesquisado em autores específicos e os dados selecionados de forma isolada. Após a coleta dos dados passou-se a dissertação do artigo, de forma que as informações ficassem interligadas a fim de chegar a demonstração de como esse esporte atua na concentração, na hiperatividade, desenvolvimento motor das crianças e adolescentes.
Segundo Pádua (2018, p. 47) a pesquisa bibliográfica é fundamentada nos conhecimentos de biblioteconomia, documentação e bibliografia; sua finalidade é colocar o pesquisador em contato com o que já se produziu e registrou a respeito do tema de pesquisa”.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O karatê tem vários benefícios como vimos na pesquisa, ele socializa a criança e adolescente porque visa principalmente a formação do caráter do aprendiz. A prática do Karatê na infância e na adolescência ainda favorece o desenvolvimento da autoconfiança, também as habilidades necessárias ao processo de socialização. 
O karatê se apresenta para o aluno como um meio canalizador dos sentimentos hostis para fins úteis, evidenciando o instinto de vida, do qual o aprendiz se livra dos impulsos agressivos, lançando-os no ambiente de forma construtiva e valorizada. A relevância desse estudo é mostrar a importância do karatê na vida das crianças e adolescentes, por meio de uma pesquisa bibliográfica, os benefícios que os alunos possam obter com a prática do karatê, melhorando o autocontrole, a concentração, a coordenação e a motivação de crianças e adolescentes. 
A história toda com as artes marciais vem desde pequeno, logo depois de assistir um filme na “sessão da tarde” nos anos 90, as cenas despertaram uma vontade de querer fazer a mesma coisa que os atores, mas por tempos tentei procurar uma arte marcial que me trouxesse o mesmo conhecimento e destreza que os atores daquele filme. Tentei várias artes marciais, mas acabei não me encontrando em nenhuma até que o karatê entrou em minha vida e tudo mudou.
No decorrer dos anos dedicados ao karatê, aprendendo tantas coisas com meu sensei (professor), ou em cursos com outros professores ou até mesmos atletas, muito se falava em movimentação e desenvolvimento motor. Quando atingi uma graduação, que poderia ser senpai (aluno antigo/aluno graduado/auxiliar do sensei), comecei auxiliando meu sensei/professor em algumas aulas para crianças, mas nunca consegui me ver como um professor, pois achava que ser uma faixa preta era algo muito além do que eu pensava,foi ai que lembrei daquele filme, daquela tarde, daquele sonho que tinha.
Devido a muito empenho e dedicação acabei assumindo uma turma com 30 (trinta) crianças, e percebi que tudo aquilo que aprendi com o sensei (professor) começava a fazer sentido, meu olhar para as crianças analisando uma a uma e comparando, me martelava na cabeça as palavras coordenação motora e movimentação. Foi então que ao iniciar a faculdade de educação física vieram as matérias falando do movimento, coordenação motora, fisiologia do exercício. Mas foi lendo os materiais e pesquisando que veio o desenvolvimento motor, que me fez ligar estas palavras aos meus alunos, e se pesquisarmos os benefícios do karatê lá estará “ajuda no desenvolvimento motor”, o que veio reforçar o que sempre digo “que o karatê é muito mais do que chutes e socos “. Por trás de toda arte marcial tem todo um estudo do movimento do nosso corpo e para as crianças isso vem a ser muito importante para o seu desenvolvimento.
Por fim, recomendo que outros estudos sejam realizados para aprofundar conhecimentos dentro da área do ensino do karatê, demonstrando os benefícios que o esporte proporciona às crianças. Mais pesquisam podem evidenciar ainda mais os benefícios da prática esportiva para o desenvolvimento psicomotor e para a concentração dos karatecas.
Conclui-se que o Karatê além da formação do caráter, contribui para a socialização dos seus praticantes oportunizando assim melhor convivência entre eles dentro e fora da academia. Com base nas evidências apresentadas nesta pesquisa bibliográfica, pode-se concluir a importância do karatê para o desenvolvimento psicomotor e concentração de crianças que, segundo estudos, são capazes de transformar a vida intelectual e ajudar na saúde psicossial.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Fábio Porto. KARATÊ E O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE 7 A 12 ANOS. Monografia (Graduação). Faculdade de Educação Física. Pontifícia Universidade Católica de Campinas
BARREIRA, C.R.A.; MASSIMI, M. A Moralidade e a Atitude Mental no karate-do no Pensamento de GichinFunakoshi. Memorandum, 2006.R G nível em: <
http://www.fafich.ufmg.br/memorandum/a11/barreiramassimi03.htm >. Acesso em: 11 fev. 2021
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais primeiro e segundo ciclos do Ensino Fundamental Brasília:MEC/SEF, 1998.
FERREIRA, Elias dos Santos; ANDRADE, Alcilene Lopes de Amorim. A Contribuição do Karatê para o Processo de Socialização de alunos de 09 a 16 anos (2005). Disponível em: https://revistas.unipacto.com.br/storage/publicacoes/2015/a_contribuicao_do_karate_para_o_processo_de_socializacao_de_alunos_de_09_a_16_anos_19.pdf Acesso em: 24 fev. 2021
FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro. São Paulo: Scipione, 1989.
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